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Carlos Fernando de Quadros - XI Encontro Estadual de História ...

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asileiros possuem outros exemplos revolucionários (bastante diversos) em que se espelharem, filhos <strong>de</strong><br />

uma nova conjuntura, talvez mais alinhados com a esperada revolução a ocorrer no Brasil. Segue <strong>de</strong>poimento<br />

<strong>de</strong> Goren<strong>de</strong>r:<br />

E, além disso, havia a influência da Revolução Cubana e da Revolução Chinesa, que tinham sido vitoriosas<br />

pelas armas. A Revolução Cubana foi vitoriosa em 1959 e o golpe ocorreu em 1964 (cinco anos <strong>de</strong>pois); a<br />

Revolução Chinesa foi muito antes... Tanto que naquela época, o PCdoB mandava seus estudantes estudarem<br />

na China, <strong>de</strong>pois eles voltavam com as idéias chinesas na cabeça. Mais adiante, Cuba passou também a<br />

acolher brasileiros que iam fazer curso <strong>de</strong> guerrilha lá e <strong>de</strong>pois voltavam ao Brasil...muitos morreram nessa<br />

volta. 3<br />

As revoluções sacudiam áreas periféricas <strong>de</strong> diferentes lugares do globo, países<br />

eram <strong>de</strong>scolonizados na África e o Brasil (bem como o resto da América Latina) era<br />

assolado pela Ditadura. Este quadro político influencia na revisão <strong>de</strong> teses consolidadas<br />

sobre o passado. Novas interpretações, para melhor compreen<strong>de</strong>r este novo cenário, são<br />

necessárias. É em tal contexto que surge a já bastante citada obra <strong>de</strong> Goren<strong>de</strong>r.<br />

O escravismo colonial grangeará seguidores e críticos, bem como o tema da<br />

escravidão será revisitado por aqueles que não possuem diálogo com tal obra. E, em<br />

novos estudos do mesmo fenômeno, modificações <strong>de</strong> abordagem po<strong>de</strong>m ser percebidas,<br />

resultado <strong>de</strong> modificações teórico-metodológicas e <strong>de</strong> novas <strong>de</strong>mandas políticas, um<br />

novo contexto que colocará perguntas diferentes das que acompanhavam Jacob Goren<strong>de</strong>r<br />

quando <strong>de</strong> seus estudo. Nosso foco, neste momento, se dará com dois autores, estudiosos<br />

da escravidão que produzem trabalhos acadêmicos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> fôlego na década <strong>de</strong> 1980,<br />

período conhecido por gran<strong>de</strong> avanço no estudo da história das relações <strong>de</strong> trabalho.<br />

Nos referimos aqui à Sílvia Lara e Sidney Chalhoub, os quais são motivos <strong>de</strong> atenção<br />

pois entram em confronto direto com Goren<strong>de</strong>r tanto em suas produções historiográficas<br />

quanto em páginas <strong>de</strong> jornal, sendo um bom exemplo para estudarmos as mudanças que<br />

o conhecimento histórico sofre, as suas condicionantes e as implicações políticas <strong>de</strong>stas.<br />

Vamos então conhecê-los.<br />

Lara foi graduada (1977) e doutora em <strong>História</strong> pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP),<br />

sob a orientação <strong>de</strong> <strong>Fernando</strong> Novais. Sua tese <strong>de</strong> doutoramento, intitulada “Campos da<br />

violência: estudo sobre a relação senhor-escravo na capitania do Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1750-<br />

1808”, foi <strong>de</strong>fendida no ano <strong>de</strong> 1986 e publicada dois anos <strong>de</strong>pois.<br />

Que questionamentos a historiadora realizou neste seu trabalho?<br />

Em <strong>de</strong>poimento gravado em ví<strong>de</strong>o, ela lembra que o enfoque marxista era importante na<br />

universida<strong>de</strong> nesse momento (por volta <strong>de</strong> 1974-1975) e, como aluna <strong>de</strong> <strong>História</strong> Mo<strong>de</strong>rna,<br />

<strong>de</strong>parou-se com as relações entre a servidão e as guerras <strong>de</strong> religião e daí perguntou-se<br />

porque a escravidão, sendo um trabalho compulsório, não provocara algo semelhante.<br />

Sua formação vinha da bibliografia clássica sobre o tema; a violência do senhor era vista<br />

como castigo, mas a violência do escravo era crime, o “ato humano” único seu, segundo<br />

3 I<strong>de</strong>m.<br />

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