Edição 40 - Memorial da América Latina

FOTOS: REPRODUÇÃO
que políticas públicas (e já avançamos
significativamente neste setor: em 2003
o Bacen publicou a lei N. 10.735, lei
da exigibilidade, que obriga os bancos
comerciais a recolherem até 2% de seu
faturamento e destinar a operações de
microcrédito, ou então serem sancionados
e pagar multa), precisamos de
vontade política e a capacidade executora
da força privada. Um bom caminho
é o claro papel que cada um exerce
neste quinhão de terras: o Estado induz
e regula, e o mercado distribui e
financia. Neste modelo parecem estar
mais bem contempladas as diferenças e
peculiaridades que cada região merece
para que sejam realmente programas
que incluam e não que somente assistam,
de modo passivo. Um programa
de microcrédito eficaz transforma pessoas
em situação de privação em em-
preendedores; saem da condição de
passividade para serem agentes de sua
condição de mudança. O microcrédito
não é a panaceia para todos os males,
mas em se tratando de Brasil poderíamos
fazer melhor uso desta poderosa
ferramenta de inclusão, e trazer 40 milhões
de pessoas para uma vida mais
cidadã, com CPF, conta bancária, um
pouco de dinheiro e muitas perspectivas
de um futuro melhor; assim caminhamos
rumo ao êxodo do microcosmo
para o macroplanetário, nas palavras de
Edgar Morin, um dos principais pensadores
contemporâneos.
Claudia Forte é professora e pesquisadora na
área de administração e relações internacionais,
e assessora para Assuntos Interinstitucionais e
Internacionais da Universidade Mackenzie.
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Um programa eficaz
transforma pessoas em
situação de privação, em
empreendedores.