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Edição 40 - Memorial da América Latina

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gélia, são apresenta<strong>da</strong>s por Oriana Fallaci,<br />

jornalista e escritora italiana faleci<strong>da</strong> em<br />

2006, como exemplo de uma estratégia de<br />

expansionismo islâmico que já leva várias<br />

déca<strong>da</strong>s. Fallaci adquiriu notorie<strong>da</strong>de nos<br />

anos 1960 por seus artigos críticos <strong>da</strong> intervenção<br />

dos Estados Unidos no Vietnã,<br />

passando a adotar nos últimos anos <strong>da</strong><br />

sua vi<strong>da</strong> uma postura militante a favor <strong>da</strong><br />

política de George W. Bush no Oriente<br />

Médio, expondo os medos que acossam<br />

parte importante <strong>da</strong>s elites do Ocidente<br />

com a emergência de fun<strong>da</strong>mentalismos<br />

associados aos ressentimentos dos “perdedores”<br />

<strong>da</strong> nova ordem global.<br />

No caso do Islã, Fallaci denuncia<br />

um projeto que combina a violência<br />

política por meio do terrorismo, <strong>da</strong> migração<br />

e <strong>da</strong> expansão demográfica. Essa<br />

última dimensão, que exemplifica com<br />

<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> ONU que mostram uma taxa<br />

de crescimento anual <strong>da</strong>s populações<br />

de origem muçulmana entre 4,6 e 6,4%,<br />

contra 1,4% <strong>da</strong>s de origem cristã, contribui<br />

com o contingente de massa de uma<br />

“guerra que se faz roubando um país<br />

dos seus ci<strong>da</strong>dãos”. O elemento de vanguar<strong>da</strong><br />

seriam as ações afirmativas dos<br />

líderes religiosos em favor de direitos especiais<br />

que legalizem a prática de hábitos<br />

culturais <strong>da</strong>s suas comuni<strong>da</strong>des, ain<strong>da</strong><br />

que se contraponham às leis do país anfitrião,<br />

como as que tratam <strong>da</strong> igual<strong>da</strong>de<br />

dos sexos, a monogamia e a formação<br />

religiosa nas escolas. Para a autora, tornou-se<br />

claro que o ocidente enfrenta um<br />

novo desafio, que não vem <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong>,<br />

mas de uma direita que floresce nos países<br />

mais retrógrados do mundo:<br />

“Fora a <strong>América</strong> <strong>Latina</strong>, onde a<br />

civilização ocidental é um sonho nunca<br />

realizado, ou nem sequer perseguido, esses<br />

países são todos países do Oriente<br />

Médio e do Extremo Oriente e <strong>da</strong> África.<br />

Países muçulmanos. Países subjugados<br />

por séculos e séculos pelo Islã. A<br />

Direita ruim, reacionária, obtusa, feu<strong>da</strong>l<br />

hoje se encontra somente no Islã. É o<br />

60<br />

Islã”, registrou a jornalista em seu livro<br />

La Fuerza de la Razón.<br />

Transpondo essa concepção para o<br />

cenário estadunidense, o cientista político<br />

Samuel Huntington, falecido em 2008,<br />

considera o crescimento <strong>da</strong> população de<br />

origem hispânica uma <strong>da</strong>s ameaças à continui<strong>da</strong>de<br />

cultural dos Estados Unidos<br />

como nação, expondo uma <strong>da</strong>s faces domésticas<br />

do “choque de civilizações”, sua<br />

famosa tese que atribui a esse fator a principal<br />

fonte de conflito na ordem mundial<br />

pós-Guerra Fria.<br />

Desde uma perspectiva oposta,<br />

Jorge Ramos, jornalista mexicano radicado<br />

nos Estados Unidos, considera<br />

que a transformação que a On<strong>da</strong> <strong>Latina</strong><br />

está trazendo para a socie<strong>da</strong>de e a política<br />

nacional deve avançar na direção de<br />

uma agen<strong>da</strong> própria capaz de promover<br />

a identi<strong>da</strong>de e os interesses <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des<br />

de origem hispânica. Não se trata<br />

de separatismo na linha de “uma nação<br />

dentro de outra nação”, mas de afirmar<br />

a legitimi<strong>da</strong>de e a riqueza <strong>da</strong> diferença<br />

como uma “parte desse país”, como ele<br />

destacou em seu livro La Ola <strong>Latina</strong>.<br />

A agen<strong>da</strong> para as comuni<strong>da</strong>des latinas<br />

pensa<strong>da</strong> por Ramos apresenta dez<br />

recomen<strong>da</strong>ções: ampliar a representação<br />

política; promover a reforma migratória<br />

e a legalização dos imigrantes indocumentados;<br />

apoiar a educação bilíngue<br />

inglês-espanhol; combater a pobreza<br />

e melhorar as condições de trabalho e<br />

saúde; enfrentar a desistência escolar;<br />

melhorar a segurança combatendo o crime,<br />

especialmente <strong>da</strong>s gangues; se aliar<br />

a outras minorias para enfrentar problemas<br />

como o racismo, a discriminação e<br />

a dupla identi<strong>da</strong>de; transformar a <strong>América</strong><br />

<strong>Latina</strong> em priori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> política<br />

externa dos Estados Unidos; estimular<br />

o interesse dos latinos de se tornarem<br />

ci<strong>da</strong>dãos e assim poder exercer direitos<br />

civis como votar; valorizar e promover<br />

o conhecimento e a compreensão do caráter<br />

peculiar <strong>da</strong> experiência histórica e

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