Edição 40 - Memorial da América Latina

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13.04.2013 Views

6 ECONOMIA DO MICROCRÉDITO À MACROINCLUSÃO Quais são as vias possíveis? Claudia Forte Muito se tem discutido acerca das microfinanças no país. A bem da verdade, desde a implantação do Comunidade Solidária em 1995, os programas de inclusão social e econômica parecem ser pauta constante dos planos de governo. Uma boa parte das discussões sobre microfinanças dá-se no universo do microcrédito, que muitas vezes tem em seu conceito uma concepção equivocada. Há muito, um professor indiano, Muhamad Yunus, implementou na Índia o Banco dos Pobres – o Grameen Bank – e a experiência foi tão bem-sucedida que, dentre outros feitos, culminou com o seu presidente, o então professor, vencendo o prêmio Nobel da Paz em 2006. O sucesso desta experiência que soma mais de 3 milhões de clientes ativos, de uma esmagadora clientela feminina promovendo e incentivando o comportamento empreendedor, passou a ser

FOTO: REPRODUÇÃO Muhammad Yunus, professor e banqueiro de Bangladesh, é o idealizador de experiência pioneira com microcrédito. replicado nos mais diferentes pontos do planeta, e, finalmente, podemos tecer algumas considerações sobre estes programas. A primeira delas é sobre seu verdadeiro impacto e sua capacidade de promover a mudança social nas famílias atendidas. Experiências observadas in loco em toda América Latina revelam como a capacidade distributiva de recursos, outorgada pelo crédito, e a vontade de inovar e de incluir o outro, seu vizinho, amigo ou familiar, no processo de inclusão e desenvolvimento do negócio, mostram que além de autonomia o crédito gera liberdade e nas palavras de Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia, a liberdade de participar do intercâmbio econômico tem um papel básico na vida social. Outra perspectiva importante para reflexão da eficácia dos programas de microcrédito é que eles precisam ser destinados a um público cuja pobreza é vista não apenas como um medidor de renda, e sim como privação de sua capacidade. Para sua eficácia, os programas de microcrédito precisam ser amparados 7

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ECONOMIA<br />

DO MICROCRÉDITO À<br />

MACROINCLUSÃO<br />

Quais são as vias possíveis?<br />

Claudia Forte<br />

Muito se tem discutido acerca <strong>da</strong>s microfinanças<br />

no país. A bem <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, desde<br />

a implantação do Comuni<strong>da</strong>de Solidária<br />

em 1995, os programas de inclusão social<br />

e econômica parecem ser pauta constante<br />

dos planos de governo. Uma boa parte <strong>da</strong>s<br />

discussões sobre microfinanças dá-se no universo do microcrédito,<br />

que muitas vezes tem em seu conceito uma concepção equivoca<strong>da</strong>.<br />

Há muito, um professor indiano, Muhamad Yunus, implementou<br />

na Índia o Banco dos Pobres – o Grameen Bank – e a experiência<br />

foi tão bem-sucedi<strong>da</strong> que, dentre outros feitos, culminou com o seu<br />

presidente, o então professor, vencendo o prêmio Nobel <strong>da</strong> Paz em<br />

2006. O sucesso desta experiência que soma mais de 3 milhões de<br />

clientes ativos, de uma esmagadora clientela feminina promovendo<br />

e incentivando o comportamento empreendedor, passou a ser

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