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Edição 40 - Memorial da América Latina

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FOTO: REPRODUÇÃO<br />

foi alvo <strong>da</strong> cobiça <strong>da</strong>s coroas espanhola e<br />

portuguesa, que ain<strong>da</strong> no início do século<br />

16 passaram a enviar missões exploratórias<br />

em sua busca. Os espanhóis conseguiram<br />

achá-las primeiro, ain<strong>da</strong> no século<br />

XVI, sobretudo nos Andes, em grande<br />

abundância. Se esses metais preciosos<br />

proporcionavam a riqueza e o poderio do<br />

império espanhol de Felipe II, a sua extração<br />

transformava a vi<strong>da</strong> de muitos índios<br />

andinos em ver<strong>da</strong>deiro inferno.<br />

Eles eram obrigados a trabalhar de<br />

forma compulsória 16 horas por dia nas<br />

minas, sob o olhar vigilante dos capatazes.<br />

Quantos deles morreram de modo<br />

trágico nas tão fala<strong>da</strong>s minas de Potosí<br />

(Bolívia) durante o período colonial? As<br />

estimativas variam grandemente: de alguns<br />

milhares a milhões. Hoje, parece ser<br />

mais crível que essa cifra esteja em torno<br />

de 15.000, no período compreendido entre<br />

1545 a 1625, época áurea <strong>da</strong> extração<br />

<strong>da</strong> prata na região. As mortes aconteciam<br />

não só por causa dos frequentes desabamentos<br />

e explosões, mas também pelas<br />

inúmeras rebeliões e sublevações sufoca<strong>da</strong>s<br />

a ferro e a fogo, sem nenhuma clemência.<br />

Na<strong>da</strong> havia de glamour na vi<strong>da</strong><br />

dos mineiros, só risco de vi<strong>da</strong> e as condições<br />

desumanas de trabalho. Porém, o<br />

fascínio do inusitado e do perplexo perdido<br />

na escuridão <strong>da</strong>s galerias subterrâneas<br />

continuava a sobreviver entre os leigos.<br />

Muitos de nossos países, como<br />

Brasil, Peru, Chile, Venezuela, Bolívia,<br />

México têm suas economias fortemente<br />

liga<strong>da</strong>s à extração mineral. No Chile<br />

temos a maior mina a céu aberto do<br />

mundo, a mina de cobre de Chuquicamata,<br />

a Venezuela é o 7º maior produtor<br />

de petróleo, e, entre as maiores reserva<br />

de ferro e de alumínio do planeta, estão<br />

as jazi<strong>da</strong>s do Brasil, que dentro em breve<br />

deverá se tornar, com o petróleo do<br />

pré-sal, um dos maiores produtores deste<br />

importante bem mineral. A Bolívia é famosa<br />

pelas suas minas de estanho, o Peru<br />

pelas reservas em prata e o México por<br />

suas reservas em ouro e prata. As pedras<br />

preciosas e semipreciosas também mostram<br />

importância econômica para países<br />

<strong>da</strong> <strong>América</strong> <strong>Latina</strong>, como, por exemplo,<br />

as esmeral<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Colômbia, diamante,<br />

topázio, turmalina, água marinha, ametista<br />

do Brasil, opala do México.<br />

O trabalho duro e de alto risco,<br />

os acidentes com mortes, a entra<strong>da</strong> no<br />

interior <strong>da</strong> Terra em busca de riquezas,<br />

as condições por vezes sub-humanas<br />

<strong>da</strong> rotina mineira, tudo isso desperta<br />

nas pessoas fascínio e pavor, provocado<br />

pelo desconhecido e pelo perigo. Esse<br />

fato tem levado dezenas de escritores e<br />

cineastas a dedicar livros e filmes sobre<br />

essa ativi<strong>da</strong>de, quase sempre explorando<br />

acidentes e desgraças, dramatizando as<br />

ocorrências que na maioria <strong>da</strong>s vezes refletem<br />

a dura reali<strong>da</strong>de vivi<strong>da</strong> no interior<br />

<strong>da</strong>s minas. Entretanto, não é apenas no<br />

imaginário <strong>da</strong> população que isso acontece.<br />

A própria história se torna repositório<br />

desse fascínio, pavor e necessi<strong>da</strong>de.<br />

Adolpho José Melfi é doutor em geociências e<br />

professor titular <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo;<br />

Shozo Motoyama é doutor em História Social e<br />

professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo.<br />

41<br />

Trabalho duro<br />

e acidentes com<br />

mortes, é assim a<br />

entra<strong>da</strong> no interior<br />

<strong>da</strong> Terra em busca<br />

de riquezas.

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