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ocorria. Citem-se a Formação Econômica <strong>da</strong><br />
<strong>América</strong> <strong>Latina</strong> (1969), de Celso Furtado, a<br />
História Contemporânea <strong>da</strong> <strong>América</strong> <strong>Latina</strong>, do<br />
argentino Tulio Halperín Donghi (1967)<br />
e Capitalismo Dependente e Classes Sociais na<br />
<strong>América</strong> <strong>Latina</strong> (1973), de Florestan Fernandes.<br />
Na esteira dessas obras, editaramse<br />
estudos como <strong>América</strong> <strong>Latina</strong>: As Ci<strong>da</strong>des<br />
e as Ideias, do argentino José Luís Romero<br />
(1976), todos hoje considerados clássicos e<br />
referenciais, de leitura obrigatória.<br />
Especialista na história ibero-americana,<br />
Stanley J. Stein é autor de algumas<br />
obras marcantes para a compreensão <strong>da</strong><br />
história do Brasil. Tal é o caso de Vassouras,<br />
um município brasileiro do café, 1850-1900,<br />
publicado originalmente em 1957, depois<br />
republicado por Caio Prado Júnior na<br />
Editora Brasiliense com o título Grandeza e<br />
Decadência do Café, e novamente republicado<br />
em 1990 pela Editora Nova Fronteira,<br />
com o título original. É também autor de<br />
Origens e Evolução <strong>da</strong> Indústria Têxtil no Brasil<br />
(1850-1950), editado também em 1957<br />
pela Harvard University Press. Esteve no<br />
Brasil nos anos 19<strong>40</strong>.<br />
Foi em São Paulo, nos jardins <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong>de Mackenzie, que conheceu<br />
Barbara, que se tornaria sua mulher, além<br />
de notável bibliotecária universitária,<br />
mais tarde responsável pela importante<br />
Firestone Library, de Princeton. Não foram<br />
poucos os brazilianists que lhes devem<br />
auxílio e orientação, como Kenneth<br />
Maxwell, Warren Dean, Richard Graham<br />
e Stuart B. Schwartz.<br />
A obra do harvardiano Stein, entretanto,<br />
se destaca, pois seu estudo sobre<br />
Vassouras representou um modelo para<br />
numerosos estudos e monografias bem<br />
calibra<strong>da</strong>s que se seguiram (algumas sob<br />
sua orientação) de comuni<strong>da</strong>des urbanorurais,<br />
naquele período crucial de transição<br />
para o capitalismo industrial. Rigor metodológico<br />
e visão sistêmica se combinaram<br />
nessa obra de modo exemplar, mostrando<br />
as especifici<strong>da</strong>des sócio-econômicas e culturais<br />
latu sensu no Vale do Paraíba, ante-<br />
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sala <strong>da</strong> urbanização e <strong>da</strong> industrialização<br />
de São Paulo.<br />
Nessa perspectiva é que Stanley<br />
e Barbara foram buscar, já maduros, o<br />
sentido <strong>da</strong> História <strong>da</strong> <strong>América</strong> <strong>Latina</strong>,<br />
tema deste pequeno livro sobre a herança<br />
colonial, preocupados com as persistências<br />
de estruturas sócio-econômicas<br />
coloniais e imperiais que sempre impediram<br />
o desenvolvimento. Desenvolvimento<br />
é uma <strong>da</strong>s palavras-chave do<br />
ensaio, embora, para os autores, o traço<br />
marcante seja a dependência econômica.<br />
As “heranças” é que definiriam nosso<br />
“subdesenvolvimento ou atraso em<br />
face <strong>da</strong>s nações do Atlântico Norte”.<br />
Sobrevoando a história destas <strong>América</strong>s<br />
latino-americanas, os autores começam<br />
por examinar a história europeia em<br />
suas conexões econômicas e políticas com<br />
este subcontinente, no período de 1550<br />
a 1700, analisando as relações entre socie<strong>da</strong>de<br />
e Estado. Em segui<strong>da</strong>, focalizam<br />
a questão <strong>da</strong> internacionalização e seus<br />
efeitos nas colônias ibéricas <strong>da</strong> <strong>América</strong>,<br />
abrangendo os séculos XVIII e XIX. Utilizam,<br />
mas também aprimoram, o conceito<br />
de neocolonialismo, em suas dimensões<br />
política e social, detectando inquietante<br />
harmonia entre os dois níveis. Apresentam<br />
ao leitor os movimentos de independência<br />
política e os conflitos que se traduziam em<br />
insurreições, levantes e tumultos, detendose,<br />
no caso do Brasil, no movimento abolicionista.<br />
Porém, fazem notar que “a estabili<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong>s instituições básicas <strong>da</strong> <strong>América</strong><br />
<strong>Latina</strong> ao longo do século XIX não entra<br />
em contradição com a observação quanto<br />
ao caráter volátil, impredizível e disruptivo<br />
<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de política”. A atuali<strong>da</strong>de dos<br />
problemas diagnosticados e esmiuçados<br />
é chocante, ao constatarem que eventuais<br />
conflitos expressam a existência de “facções<br />
dentro <strong>da</strong> elite, uma excrescência <strong>da</strong><br />
herança colonial <strong>da</strong>s oligarquias regionais e<br />
interesses familiares.”<br />
A conclusão, após examinarem as<br />
principais correntes atuantes na <strong>América</strong>