Páginas - ed. 118 - Novembro 06.p65 - Arquidiocese de Florianópolis

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4- Novembro de 2006 As últimas eleições, tanto no primeiro como no segundo turno, puseram de realce a questão da verdade. Os candidatos foram acusados de mentira; a imprensa selecionou, na ótica de seus interesses e ideologias, o que queria publicar; os partidos esconderam suas mazelas passadas, seus atos de corrupção. Todo mundo quis posar de ético, verdadeiro e justo. Uma análise mais aguçada do fenômeno nos ajuda a perceber como é difícil para o ser humano ver os seus erros, reconhecer os seus pecados, admitir a sua culpa. No capítulo 3 do livro do Gênesis é relatada, em forma de poesia e mito, essa dificuldade. Quando Deus pergunta a Adão porque ele se envergonhava de sua nudez e se ele havia comido do fruto proibido, este se desculpa, culpando sua companheira Eva. Perguntada sobre sua falta, Eva por sua vez também se desculpa, culpando a serpente (Gn 3,8-13). Com isso, a Palavra de Deus nos ensina que, infelizmente, por causa do vírus do pecado, desde as origens temos dificuldade em assumir os próprios erros e facilitar o acesso à verdade. O EVANGELHO DA VERDADE A palavra verdade aparece 220 vezes na Bíblia. Mais da metade, ou seja, 135 vezes, no Novo Testamento. Ela aparece 43 vezes nos evangelhos, quase sempre na boca de Jesus. Dessas 43 vezes, 33 estão no Evangelho segundo João, onde Jesus se declara como Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6). Em seu ministério público, Jesus de Nazaré nos ensinou muitas coisas sobre a verdade: não devemos temer a verdade, pois ela nos libertará (Jo 8,32); quem age conforme à verdade, se aproxima da luz (Jo 3,21); aquele que está com a verdade, ouve a voz de Deus (Jo 18,37). Jesus põe a verdade no centro de sua missão: ele deu testemunho da verdade (Jo 5,33); veio dizer a verdade que ouviu junto de Deus (Jo 8,40); veio ao mundo para dar testemunho da verdade (Jo 18,37). Nos tempos atuais, há muita gente que não consegue equilibrar misericórdia com verdade, amor com justiça. Ao insistir na importância da misericórdia e do amor, deixa-se de lado, ou esconde-se, ou mascara-se a verdade e a justiça. Muita gente acha que, para a Igreja ser mais bondosa e acolhedora, ou até para ser mais simpática, deveria esconder a verdade. Questões morais, como aborto, eutanásia, relações pré-matrimoniais, TEMA DO MÊS COMUNICAÇÃO DA VERDADE A comunicação da verdade é uma forma de caridade. homossexualismo e masturbação, etc., deveriam ser deixadas de lado, para que a Igreja pudesse conquistar mais pessoas. Questões sacramentais ou canô-nicas, como o divórcio, a comunhão eucarística para casais em segunda união, casamento dos padres, etc. deveriam ser facilitadas, para que a Igreja tivesse um rosto mais atraente. O fato é que a verdade dói. Por isso muita gente prefere deixá-la de lado. Na pretensão de ser caridoso, joga-se de lado a verdade, a profecia, a ética. No entanto, para sermos fiéis ao Evangelho de Cristo, é preciso ter em conta que a verdade é uma forma de caridade. O ANÚNCIO DA VERDADE Por ocasião das celebrações do novo milênio, o papa João Paulo II quis pedir perdão pelos pecados passados da Igreja. Muita gente, de dentro e de fora da Igreja, elogiou este gesto evangélico. Houve também aqueles que o contestaram, com receio de a Igreja ser mal interpretada, como se estivesse oferecendo mu- nição aos seus opositores. Houve também aqueles que o exageraram, no sentido de ver somente o pecado em todo o passado da Igreja. A reflexão feita pelo então cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI, chamou a atenção para a verdade: não podemos nos arvorar em juízes das gerações passadas; não podemos nos eximir de reconhecer os pecados atuais; não devemos ver pecado em tudo; e, sobretudo, a confissão dos pecados nos deve levar à confissão das graças e bens que Deus realizou no passado da Igreja, através de muitos fiéis que foram realmente santos. Em síntese, a verdade deve ser exposta na sua totalidade: no reconhecimento dos erros e na exaltação das virtudes. A verdade não deve ser temida. Ao contrário, deve ser permanentemente buscada. Porque nela se encontra a salvação. Quem não reconhece seu erro e não admite sua culpa, não abre o coração e o caminho para a conversão e a cura. Por outro lado, quem reconhece que todas as obras boas têm seu fundamento em Deus, Divulgação/JA abre-se para a ação transformadora do Espírito divino. UM JORNAL DE VERDADE A comemoração do décimo aniversário do Jornal da Arquidiocese é uma oportunidade para confessarmos nossas falhas. A primeira delas é que a Arquidiocese investe mensalmente uma quantia considerável para a edição do seu jornal, enquanto muitas paróquias e comunidades não se preocupam em divulgá-lo, em entregálo aos fiéis no final das missas. Pilhas de jornal são simplesmente largadas no lixo. Há também muitos fiéis que não se encorajam de levar mais exemplares e entregá-los a seus parentes e vizinhos. É de se perguntar quantos exemplares de nosso jornal são realmente lidos. Parece que se trata de esforço e gasto, em muitos casos, desperdiçados! Outra sombra que pesa sobre nós é a dificuldade que temos para reconhecer nossos limites na área propriamente jornalística. Ainda não aprendemos a nos comunicar de modo moderno. Não conseguimos inovar. Não investimos maciçamente na formação de comunicadores. Nem para a área da imprensa escrita, muitos menos para o rádio e a televisão. Parece que temos medo dos meios de comunicação! Deve-se, porém, exaltar nossas qualidades. A primeira delas é a nossa persistência: nesses dez anos, o jornal foi entregue fielmente às paróquias no início de cada mês. Fomos fiéis à verdade. Foram mostradas muitas faces obscuras de nossa Igreja: crises, sobressaltos, amarguras, retrocessos, inseguranças. Mas também foram comunicadas muitas luzes: grandes eventos, comemorações e celebrações; projetos de evangelização; ordenações episcopais, presbiterais e diaconais; profissões religiosas; criação de paróquias; dados históricos e pastorais de paróquias, etc. Uma importante virtude a ser exaltada é, ainda, a que fazem algumas paróquias: logo que recebem o jornal, começam a distribuí-lo entre os dizimistas da paróquia, anexando alguma mensagem ou comunicação paroquial. Há também grupos de jovens que têm como missão mensal distribuir o jornal nas casas da comunidade. Há fiéis que levam alguns exemplares a mais para distribuí-los entre vizinhos, nos seus grupos bíblicos de reflexão, nas reuniões de seus movimentos. Que os próximos dez anos sejam frutuosos! Pe. Vitor Galdino Feller Professor de Teologia e Diretor do ITESC

Novembro de 2006 -5 Comissão organiza centenário de criação da diocese A Comissão ampliada que prepara a celebração do centenário da diocese de Florianópolis realizou sua primeira reunião no dia 26 de outubro. Durante o encontro, foram aprovados o tema e lema do centenário, o hino, a oração e a formação de quatro comissões pastorais. A próxima reunião será no dia 30 de novembro, às 19h30min, no auditório da Cúria Metropolitana, em Florianópolis. Durante o encontro foi definido que a celebração do centenário terá início no dia 19 de março de 2008, na celebração da Missa do Crisma, em Itajaí, na noite da quarta-feira santa. O encerramento será em Florianópolis no dia 23 de novembro, Festa de Cristo Rei e última semana do ano litúrgico, na grande Concentração Arquidiocesana. A arrancada inicial para a celebração do centenário foi dada no dia 17 de maio, na abertura do Lucernário do 15º Congresso Eucarístico Nacional. Até agora foram realizadas cinco reuniões: quatro reuniões da equipe central; e uma da equipe ampliada. A equipe central foi escolhida através na Reunião Geral do Clero, que apontou nomes. Dentre esses, o Secretariado Arquidiocesano de Pastoral definiu as quatro pessoas que a compõem; outras quatro foram convidadas posteriormente. Para a equipe ampliada, foram convocadas algumas pessoas apontadas na Reunião Geral do Clero, representantes comarcais escolhidos nas reuniões das comarcas, além de especialistas em várias áreas, formando uma equipe de 27 pessoas. “Procuramos formar uma equipe mais ampla possível para favorecer uma maior participação de toda a igreja arquidiocesana”, disse Pe. Sérgio Maykot, coordenador da equipe de preparação do centenário. PONTOS JÁ DEFINIDOS O Centenário terá como “Serão realizados eventos para favorecer a participação dos movimentos e Pastorais” Em entrevista ao Jornal da Arquidiocese, Pe. Sérgio Maykot, coordenador da equipe de preparação do centenário de criação da Arquidiocese, fala da do que haverá durante o ano do centenário, as diferenças entre a organização do centenário e do CEN-2006, e que a sua organização não envolverá grandes custos para a comunidade. JA – A celebração do centenário inicia em março e vai até novembro. O que haverá nesse período? Pe. Sérgio – A celebração do centenário terá início no dia 19 de março de 2008, em Itajaí, em local a ser definido, e vai até o dia 23 de novembro, em uma grande concentração arquidiocesana, em Florianópolis. Entre uma e outra data, haverá uma série de eventos a serem programados. A idéia é que sejam realizados eventos a nível diocesano, comarcal, paroquial, e de movimentos e pastorais. Nosso objetivo é que, a partir do textobase, os movimentos e pastorais tenham conteúdo para refletir sobre o centenário durante todo o ano. JA - O senhor participou da organização do 15º CEN. Qual a diferença entre organizar o CEN e o Centenário? Pe. Sérgio – São muitas as diferenças. Em primeiro lugar o 15º CEN se concentrava em alguns dias e em alguns locais específicos, enquanto o centenário será praticamente durante todo o ano de 2008 e envolverá todas as paróquias e comunidades da Arquidiocese durante todo o período da sua realização. O CEN era um acontecimento nacional, enquanto o centenário envolve a Arquidiocese e, em conseqüência, todo o Estado. É uma organização um pouco mais complexa por ser todo o ano, mas mais simples porque não necessita de uma estrutura tão grande, e economicamente não vai requerer tantos gastos. JA – Então o centenário não envolverá grandes gastos? Pe. Sérgio – Não. O centenário, apesar de ser o ano inteiro, será bem mais barato porque sairá de iniciativas das comunidades. Certamente envolverá algum custo para material e divulgação, mas uma despesa mínima em relação ao 15º CEN. Reunião da Comissão Ampliada, no auditório da Cúria, definiu pontos importantes para a celebração do centenário de criação da diocese de Florianópolis, em 2008 tema “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo”, e lema “De graça recebestes, de graça dai!”. O tema é o mesmo adotado para a V Conferência Geral Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM), que será realizado em maio de 2007, em Apa- recida-SP, com a presença do Papa Bento XVI. A oração do Centenário foi redigida pelo nosso arcebispo, Dom Murilo, e o hino composto pelo Pe. Ney Brasil Pereira. “Definimos o hino e a oração oficiais do centenário, mas nada Foto JA impede que as comunidades criem outros hinos e orações. Elas também poderão ser acolhidas pela comissão”, disse Pe. Sérgio. Durante o encontro, foi aprovada a criação de quatro comissões pastorais e alguns nomes que farão parte delas: Comissão Histórica e Cultural; Comissão Pastoral; Comissão Litúrgica; e Comissão Bíblico-Teológica. Com o andamento dos trabalhos, outras comissões poderão ser criadas. Os participantes da equipe ampliada, ouviram a leitura da proposta de “Justificativa Teológica”, para a celebração do centenário. O texto, redigido por pelo Pe. Vitor Feller, contempla o que havia sido discutido na Comissão Central e fala do que queremos para o centenário. Ele foi dividido em três pontos: memória do passado, consciência do presente e esperança no futuro. O documento será o ponto de partida para a criação do textobase do centenário. CENTENÁRIO DA CRIAÇÃO DA DIOCESE DE FLORIANÓPOLIS, 1908-2008 HINO DO CENTENÁRIO letra e música: Pe. Ney Brasil Refrão: De graça recebestes, de graça dai! De graça recebestes, de graça dai! (Mt 10,8) 1. Discípulos e missionários / de Jesus Cristo, 4. O bem que nós realizamos / foi pura graça: fiéis ao Evangelho, seguindo sua Cruz! são obras que o Senhor preparou para nós! (cf Ef 2,8-10) Cem anos já foram passados / que a diocese Queremos acolher a todos / em torno à Mesa, criada por Pio Décimo, foi dom de Deus! e continuar clamando: Ele está entre nós! 2. Em Santa Catarina a Igreja / cresceu, deu frutos: 5. Maria, Mãe de Deus e nossa, / Mãe do Desterro, de uma só diocese, agora são dez! conosco ela caminhe e nos mostre Jesus! Com júbilo nós celebramos / o centenário E Catarina, a Padroeira, / Virgem e Mártir, regado pelo suor, pela fé, pelo amor! alcance-nos coragem, firmeza na fé! 3. Aos bispos que aqui trabalharam / padres, diáconos, 6. Queremos, Pai, ser vosso povo, / Igreja santa, a eles nosso preito de amor, gratidão. Sinal do vosso amor, comunhão e missão! Aos religiosos, religiosas, / leigos e leigas, O nosso ouvido está atento / à voz do Espírito. a todos a memória do imenso labor! O Espírito que fala às Igrejas, nos diz: (cf Ap 2,7) Bendito sejais, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, porque em vossa infinita bondade nos dais a graça de celebrar o centenário de criação da nossa diocese. Somos agradecidos pela fidelidade dos que nos antecederam, pelos bispos que aqui trabalharam, pelos padres e diáconos que vos serviram, pelos leigos e leigas que aqui viveram sua fé pelos religiosos e religiosas que testemunharam o Reino futuro. Os dons recebidos nos fazem lembrar a advertência de vosso Filho: “De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8). ORAÇÃO DO CENTENÁRIO Dom Murilo S.R. Krieger Como discípulos e missionários de Jesus Cristo, desejamos reconhecer sua presença na Palavra e na Fração do Pão e, com alegria, continuar proclamando: Ele está no meio de nós! Queremos, Pai, fazer vossa vontade, sendo Povo Santo, Igreja diocesana, sinal do vosso amor na comunhão e na missão. Na caminhada para vós, anima-nos a intercessão da Mãe de vosso Filho, Nossa Senhora do Desterro. A vós, Pai, com o Filho e o Espírito Santo, honra e glória, louvor e gratidão, pelos séculos sem fim. Amém!

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<strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> 2006<br />

As últimas eleições, tanto no primeiro<br />

como no segundo turno,<br />

puseram <strong>de</strong> realce a questão<br />

da verda<strong>de</strong>. Os candidatos foram<br />

acusados <strong>de</strong> mentira; a imprensa<br />

selecionou, na ótica <strong>de</strong> seus interesses<br />

e i<strong>de</strong>ologias, o que queria publicar;<br />

os partidos escon<strong>de</strong>ram suas<br />

mazelas passadas, seus atos <strong>de</strong><br />

corrupção. Todo mundo quis posar<br />

<strong>de</strong> ético, verda<strong>de</strong>iro e justo. Uma<br />

análise mais aguçada do fenômeno<br />

nos ajuda a perceber como é difícil<br />

para o ser humano ver os seus erros,<br />

reconhecer os seus pecados,<br />

admitir a sua culpa.<br />

No capítulo 3 do livro do Gênesis<br />

é relatada, em forma <strong>de</strong> poesia e<br />

mito, essa dificulda<strong>de</strong>. Quando Deus<br />

pergunta a Adão porque ele se envergonhava<br />

<strong>de</strong> sua nu<strong>de</strong>z e se ele<br />

havia comido do fruto proibido, este<br />

se <strong>de</strong>sculpa, culpando sua companheira<br />

Eva. Perguntada sobre sua<br />

falta, Eva por sua vez também se<br />

<strong>de</strong>sculpa, culpando a serpente (Gn<br />

3,8-13). Com isso, a Palavra <strong>de</strong> Deus<br />

nos ensina que, infelizmente, por<br />

causa do vírus do pecado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as<br />

origens temos dificulda<strong>de</strong> em assumir<br />

os próprios erros e facilitar o<br />

acesso à verda<strong>de</strong>.<br />

O EVANGELHO DA VERDADE<br />

A palavra verda<strong>de</strong> aparece 220<br />

vezes na Bíblia. Mais da meta<strong>de</strong>, ou<br />

seja, 135 vezes, no Novo Testamento.<br />

Ela aparece 43 vezes nos evangelhos,<br />

quase sempre na boca <strong>de</strong><br />

Jesus. Dessas 43 vezes, 33 estão<br />

no Evangelho segundo João, on<strong>de</strong><br />

Jesus se <strong>de</strong>clara como Caminho,<br />

Verda<strong>de</strong> e Vida (Jo 14,6). Em seu<br />

ministério público, Jesus <strong>de</strong> Nazaré<br />

nos ensinou muitas coisas sobre a<br />

verda<strong>de</strong>: não <strong>de</strong>vemos temer a verda<strong>de</strong>,<br />

pois ela nos libertará (Jo 8,32);<br />

quem age conforme à verda<strong>de</strong>, se<br />

aproxima da luz (Jo 3,21); aquele<br />

que está com a verda<strong>de</strong>, ouve a voz<br />

<strong>de</strong> Deus (Jo 18,37). Jesus põe a<br />

verda<strong>de</strong> no centro <strong>de</strong> sua missão:<br />

ele <strong>de</strong>u testemunho da verda<strong>de</strong> (Jo<br />

5,33); veio dizer a verda<strong>de</strong> que ouviu<br />

junto <strong>de</strong> Deus (Jo 8,40); veio ao<br />

mundo para dar testemunho da verda<strong>de</strong><br />

(Jo 18,37).<br />

Nos tempos atuais, há muita gente<br />

que não consegue equilibrar misericórdia<br />

com verda<strong>de</strong>, amor com justiça.<br />

Ao insistir na importância da misericórdia<br />

e do amor, <strong>de</strong>ixa-se <strong>de</strong> lado,<br />

ou escon<strong>de</strong>-se, ou mascara-se a verda<strong>de</strong><br />

e a justiça. Muita gente acha que,<br />

para a Igreja ser mais bondosa e acolh<strong>ed</strong>ora,<br />

ou até para ser mais simpática,<br />

<strong>de</strong>veria escon<strong>de</strong>r a verda<strong>de</strong>.<br />

Questões morais, como aborto, eutanásia,<br />

relações pré-matrimoniais,<br />

TEMA DO MÊS<br />

COMUNICAÇÃO<br />

DA VERDADE<br />

A comunicação da verda<strong>de</strong><br />

é uma forma <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>.<br />

homossexualismo e masturbação,<br />

etc., <strong>de</strong>veriam ser <strong>de</strong>ixadas <strong>de</strong> lado,<br />

para que a Igreja pu<strong>de</strong>sse conquistar<br />

mais pessoas. Questões sacramentais<br />

ou canô-nicas, como o divórcio,<br />

a comunhão eucarística para casais<br />

em segunda união, casamento dos<br />

padres, etc. <strong>de</strong>veriam ser facilitadas,<br />

para que a Igreja tivesse um rosto<br />

mais atraente.<br />

O fato é que a verda<strong>de</strong> dói. Por<br />

isso muita gente prefere <strong>de</strong>ixá-la <strong>de</strong><br />

lado. Na pretensão <strong>de</strong> ser caridoso,<br />

joga-se <strong>de</strong> lado a verda<strong>de</strong>, a profecia,<br />

a ética. No entanto, para sermos<br />

fiéis ao Evangelho <strong>de</strong> Cristo, é preciso<br />

ter em conta que a verda<strong>de</strong> é<br />

uma forma <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>.<br />

O ANÚNCIO DA VERDADE<br />

Por ocasião das celebrações do<br />

novo milênio, o papa João Paulo II<br />

quis p<strong>ed</strong>ir perdão pelos pecados passados<br />

da Igreja. Muita gente, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

e <strong>de</strong> fora da Igreja, elogiou este<br />

gesto evangélico. Houve também<br />

aqueles que o contestaram, com receio<br />

<strong>de</strong> a Igreja ser mal interpretada,<br />

como se estivesse oferecendo mu-<br />

nição aos seus opositores. Houve<br />

também aqueles que o exageraram,<br />

no sentido <strong>de</strong> ver somente o pecado<br />

em todo o passado da Igreja.<br />

A reflexão feita pelo então car<strong>de</strong>al<br />

Joseph Ratzinger, hoje papa Bento<br />

XVI, chamou a atenção para a verda<strong>de</strong>:<br />

não po<strong>de</strong>mos nos arvorar em<br />

juízes das gerações passadas; não<br />

po<strong>de</strong>mos nos eximir <strong>de</strong> reconhecer<br />

os pecados atuais; não <strong>de</strong>vemos ver<br />

pecado em tudo; e, sobretudo, a confissão<br />

dos pecados nos <strong>de</strong>ve levar à<br />

confissão das graças e bens que<br />

Deus realizou no passado da Igreja,<br />

através <strong>de</strong> muitos fiéis que foram realmente<br />

santos. Em síntese, a verda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve ser exposta na sua totalida<strong>de</strong>:<br />

no reconhecimento dos erros<br />

e na exaltação das virtu<strong>de</strong>s. A verda<strong>de</strong><br />

não <strong>de</strong>ve ser temida. Ao contrário,<br />

<strong>de</strong>ve ser permanentemente buscada.<br />

Porque nela se encontra a salvação.<br />

Quem não reconhece seu<br />

erro e não admite sua culpa, não<br />

abre o coração e o caminho para a<br />

conversão e a cura. Por outro lado,<br />

quem reconhece que todas as obras<br />

boas têm seu fundamento em Deus,<br />

Divulgação/JA<br />

abre-se para a ação transformadora<br />

do Espírito divino.<br />

UM JORNAL DE VERDADE<br />

A comemoração do décimo aniversário<br />

do Jornal da <strong>Arquidiocese</strong> é uma<br />

oportunida<strong>de</strong> para confessarmos<br />

nossas falhas. A primeira <strong>de</strong>las é que<br />

a <strong>Arquidiocese</strong> investe mensalmente<br />

uma quantia consi<strong>de</strong>rável para a <strong>ed</strong>ição<br />

do seu jornal, enquanto muitas<br />

paróquias e comunida<strong>de</strong>s não se preocupam<br />

em divulgá-lo, em entregálo<br />

aos fiéis no final das missas. Pilhas<br />

<strong>de</strong> jornal são simplesmente largadas<br />

no lixo. Há também muitos fiéis<br />

que não se encorajam <strong>de</strong> levar<br />

mais exemplares e entregá-los a<br />

seus parentes e vizinhos. É <strong>de</strong> se<br />

perguntar quantos exemplares <strong>de</strong><br />

nosso jornal são realmente lidos. Parece<br />

que se trata <strong>de</strong> esforço e gasto,<br />

em muitos casos, <strong>de</strong>sperdiçados!<br />

Outra sombra que pesa sobre nós<br />

é a dificulda<strong>de</strong> que temos para reconhecer<br />

nossos limites na área propriamente<br />

jornalística. Ainda não apren<strong>de</strong>mos<br />

a nos comunicar <strong>de</strong> modo mo<strong>de</strong>rno.<br />

Não conseguimos inovar. Não investimos<br />

maciçamente na formação <strong>de</strong><br />

comunicadores. Nem para a área da<br />

imprensa escrita, muitos menos para<br />

o rádio e a televisão. Parece que temos<br />

m<strong>ed</strong>o dos meios <strong>de</strong> comunicação!<br />

Deve-se, porém, exaltar nossas<br />

qualida<strong>de</strong>s. A primeira <strong>de</strong>las é a nossa<br />

persistência: nesses <strong>de</strong>z anos, o<br />

jornal foi entregue fielmente às paróquias<br />

no início <strong>de</strong> cada mês. Fomos<br />

fiéis à verda<strong>de</strong>. Foram mostradas<br />

muitas faces obscuras <strong>de</strong> nossa Igreja:<br />

crises, sobressaltos, amarguras,<br />

retrocessos, inseguranças. Mas também<br />

foram comunicadas muitas luzes:<br />

gran<strong>de</strong>s eventos, comemorações e<br />

celebrações; projetos <strong>de</strong> evangelização;<br />

or<strong>de</strong>nações episcopais, presbiterais<br />

e diaconais; profissões religiosas;<br />

criação <strong>de</strong> paróquias; dados históricos<br />

e pastorais <strong>de</strong> paróquias, etc.<br />

Uma importante virtu<strong>de</strong> a ser exaltada<br />

é, ainda, a que fazem algumas<br />

paróquias: logo que recebem o jornal,<br />

começam a distribuí-lo entre os dizimistas<br />

da paróquia, anexando alguma<br />

mensagem ou comunicação paroquial.<br />

Há também grupos <strong>de</strong> jovens que<br />

têm como missão mensal distribuir o<br />

jornal nas casas da comunida<strong>de</strong>. Há<br />

fiéis que levam alguns exemplares a<br />

mais para distribuí-los entre vizinhos,<br />

nos seus grupos bíblicos <strong>de</strong> reflexão,<br />

nas reuniões <strong>de</strong> seus movimentos.<br />

Que os próximos <strong>de</strong>z anos sejam<br />

frutuosos!<br />

Pe. Vitor Galdino Feller<br />

Professor <strong>de</strong> Teologia<br />

e Diretor do ITESC

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