Páginas - ed. 118 - Novembro 06.p65 - Arquidiocese de Florianópolis

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12 - Novembro de 2006 Pe. Lúcio fala de sua Missão em Guiné-Bissau Durante o 15º Congresso Eucarístico Nacional, Pe. Lúcio Espíndola dos Santos, de nossa Arquidiocese, recebeu a Bênção do Missionário para representar o Brasil na Diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau, África. O envio foi realizado durante a celebração do dia 20 de maio, no Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, e foi proferido pelo nosso arcebispo Dom Murilo Krieger. Estando há cinco meses na diocese africana, que tem como bispo o brasileiro Dom Pedro Zilli, Pe. Lúcio passa suas primeiras impressões e experiências de como encontrou a comunidade missionária. “Pretendo manter a Arquidiocese de Florianópolis sempre atualizada sobre esta missão, que é de toda a Arquidiocese”, disse. Um aprendizado Estou aqui em Guiné Bissau como enviado da Igreja de Florianópolis. Associei-me ao Pontifício Instituto das Missões Exteriores – PIME, que me está introduzindo no trabalho. Tem sido um grande presente a acolhida que o PIME nos tem dado, com sua experiência e estrutura. Neste primeiro momento, estou tomando conhecimento da realidade em que me encontro. Tenho contacto com os vários missionários e missionárias aqui em Guine Bissau. Aos poucos vou descobrindo a forma de ser missionário em uma nova realidade. Também, estando distante da terra natal, e em uma sociedade de minoria cristã, tenho feito uma experiência muito bonita de Deus. Temos aqui um bom número de missionárias religiosas brasileiras. Elas fazem um trabalho muito significativo de testemunho cristão, catequese e serviço social, sobretudo na saúde e na educação. Em Bafatá chegou, para trabalhar dois anos, uma missionária leiga, provinda de Maringá, PR. Antes dela estivera uma outra missionária, e para o próximo ano já está prevista a vinda de mais uma missionária leiga. Já existe um clero nativo Na Guiné Bissau já existe um bom número de Padres guineenses, surgidos todos nestes últimos anos. Impressiona observar que a maioria destes Padres provêem de famílias de religião tradicional africana, portanto não cristãs. Muitos deles entraram em contato com os padres por razão de serviço e só então é que conheceram o cristianismo, foram batizados, e foram despertados na vocação sacerdotal. Dentre estes padres nativos, o primeiro foi ordenado em 1982, e hoje é o bispo de Bissau, Dom José Câmnate. Sua família permanece de religião tradicional africana. É bom destacar que a primeira diocese do país foi criada em 1977, não havendo, então, nenhum Padre nativo. Bafatá foi a segunda e última diocese, fundada em 2001, onde estou. A pastoral e os batizados É muito importante a visita às famílias, mesmo não cristãs. Dáse muito valor à pastoral da saúde, da criança e à criação de escolas. A catequese se faz com pessoas de todas as idades, em especial com adultos. A catequese de um adulto, para o batismo, leva pelo menos cinco anos. Uma realidade muito particular da Guiné Bissau é que a maioria dos cristãos é formada por jovens. O país de Guiné-bissau Natureza: Guiné Bissau, região de floresta úmida, limita com Crismandos, ao fundo, sendo conduzidos à celebração através de um ritual local Divulgação/JA o oceano Atlântico e está próxima do deserto do Saara. Tem muito verde e muita água. Favorável à agricultura e à fruticultura, com um mar apropriado à pesca. A sua fauna é rica. Na cadeia biológica, o animal de grande porte mais conhecido é o hipopótamo, que vive na costa do mar, tendose adaptado à água salgada. Mas o ser mais temido é o pernilongo, devido à malária e ao incômodo de sua insistente presença. Economia: O país não tem uma rede permanente de eletricidade. Onde existe a luz elétrica, ela serve mais para iluminação. É comum ver pequenos geradores elétricos trabalhando em frente às casas de comércio. A exportação do país depende, 90%, da exportação da castanha do caju, que, neste ano, quase não houve. Já foi exportadora de arroz, mas agora o está importando. Afinal, vive na dependência da ajuda internacional. A sua posição no índice de desenvolvimento humano ocupa o lugar dos países mais pobres do mundo: é a de 172° lugar, sobre 177 países. A causa mais próxima desta situação desoladora é a destruição causada pela guerra de independência de Portugal, concluída em 1974, os golpes militares, a guerra de 1995 e a falta de organização do governo. Educação: Além da escola pública e das escolas privadas, há as escolas de auto-gestão em que participam a comunidade, a Igreja e o governo. O índice de analfabetismo é muito grande. O Ministério da Educação, no ano passado, reconhecia que 63,4 % da população era analfabeta. Os salários são baixos. No dia 15 de agosto passado, um grupo grande de professores contratados fez uma manifestação por estar sem pagamento há 9 e 14 meses. A Igreja tem uma grande presença na criação de escolas. Atualmente, com 79 escolas, atende 16 mil alunos, somando as escolas da Igreja e as escolas mistas. Um trabalho missionário muito freqüente, quando se chega a uma nova comunidade do interior, é o início de uma escola de auto-gestão, em que a comunidade constrói um prédio simples, a Igreja administra, e o governo assume o professor que a comunidade lhe apresenta, o qual é , tradicionalmente, um homem. É raro ver uma mulher professora. Saúde: O sistema de saúde não é melhor do que o escolar. Poucos hospitais, poucos médicos, baixos salários, falta de medicamento, hospitais sem equipa- Pe. Lúcio interage com a comunidade de Bafatá buscando conhecer mais desse povo sofrido com uma história semelhante a nossa mento. Um médico do governo recebe o equivalente a pouco mais do que um salário mínimo do Brasil. O índice de mortalidade infantil é de 107 por mil. A Igreja promove a pastoral da criança e a pastoral da saúde. Há várias iniciativas na área das clínicas e hospitais por parte das Missões. O hospital de referência nacional no tratamento da Hanseníase e do HIV é da missão franciscana de Cumura, que é mantido por benfeitores italianos. O povo de Guiné Bissau: O povo é acolhedor e de convivência pacífica. É formado por trinta e seis etnias, cada uma com sua língua própria. As religiões convivem pacificamente, sendo a maioria muçulmana e de religião tradicional africana (animista). Em todo o país fala-se em 10 ou 13% de cristãos, sendo que na diocese de Bafatá os cristãos somam 7%. A média de vida é de 47 anos. A comida básica é o arroz. Diante de toda a insegurança e o so- Dom Pedro Carlos Zilli, bispo da Diocese de Bafatá, em Guiné Bissau, na África, encaminhou correspondência a Dom Murilo Krieger agradecendo os recursos do 15º Congresso Eucarístico Nacional encaminhados àquela diocese. Parte das coletas das três celebrações realizadas no Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, foram destinadas à Guiné Bissau. A diocese recebeu, no total US$ 10 mil (dez mil dólares). Na carta, Dom Zilli diz que o dinheiro “vai permitir que se concretize, aqui na África, a fé e a caridade dos congressistas e, mui especialmente, da Arquidiocese de Divulgação/JA frimento em que o povo vive, chama a atenção o índice de suicídio: índice zero. Isso nos faz perceber a força interior e espiritual do povo de Guiné-Bissau. Afinal A presença da arquidiocese de Florianópolis na África está sendo uma oportunidade de também podermos ver além-oceano, e amar concretamente um povo que nos é familiar por motivos históricos. Acredito que este gesto missionário da Arquidiocese de Florianópolis fará com que nos descubramos ainda mais. Com ele, poderemos perceber outras forças que temos em nossas comunidades e que, para desabrocharem, necessitam destes desafios que o novo nos traz. A vida é assim. DIOCESE DE BAFATÁ: Caixa Postal 385 - Bissau, Guiné Bissau. Fone: 00 245 411507; 00245 661 2742 E-mail: domzilli @yahoo.com.br Bispo de Guiné Bissau agradece recursos do 15º CEN Florianópolis, que tão bem celebrou o 15º Congresso Eucarístico Nacional e que já se faz presente entre nós através do Pe. Lúcio Espíndola Santos e da Irmã Elisabete Ana Rodrigues, de Palhoça, Missionária da Imaculada (PIME).” Segundo o bispo, o dinheiro da coleta do 15º Congresso Eucarístico Nacional do Brasil será usado na promoção social, na formação e no seminário. “A fim de que nossos benfeitores possam celebrar conosco os frutos desta partilha, enviaremos dados mais concretos logo que tivermos aplicado esta expressiva partilha”, acrescentou Dom Zilli.

MISSÃO Jovens de Madri evangelizando Jovens Como já aconteceu em Roma, na diocese do Papa, agora são os jovens de Madri- Espanha, que, atendendo ao seu Cardeal, se lançam à Missão. Objetivo da Missão: “Anunciar e propor Jesus Cristo a todos os jovens em Madri, especialmente aos mais afastados da fé e da comunidade eclesial, para que se encontrem com Ele, dando uma resposta de fé, livre e responsável”. O Coordenador da Juventude da Arquidiocese afirmou: “Cada dia é mais urgente que a Igreja saia ao encontro dos jovens em suas diversas situações, tanto de integração social como de exclusão. Por isso, temos certeza de que a Missão jovem para Madri será uma rica vivência para os jovens católicos, pois, embora encontrando dificuldades no anúncio do Evangelho a seus conterrâneos, eles ficarão enriquecidos sentindo-se testemunhas e apóstolos de Jesus”. Seis de cada dez jovens de Madri afirmam crerem em Deus, Jovens de Madri, na Espanha, motivados para o trabalho missionário embora só dois se considerem católicos praticantes. Constatouse também que a cada dez jovens, ao menos um jamais ouviu falar de Deus, nem em família nem entre seus amigos, colegas de estudo ou de trabalho. Num mundo cada vez mais quebrado e egoísta – afirma a coordena- ção da Missão – é preciso que os jovens transbordem em “fantasia e criatividade” pastoral, saindo da rotina e do cansaço para o mundo, como sal e luz, dando provas convincentes de sua fé no “Deus Amor” e acreditando que ele é verdadeiramente “o Caminho, a Verdade e a Vida”. Diálogo: a melhor atitude contra o fundamentalismo Numa entrevista, Souad Sbai, presidente da Confederação das Comunidades Marroquinas na Itália e diretora da revista «Al Maghrebiya», afirmou que a educação, a difusão da liberdade, da razão e, sobretudo, o acesso das mulheres à escola, serão a arma melhor para lidar com os fundamenta-listas. Falando do encontro que Bento XVI teve com representações muçulmanas, Sbai Coral Santa Cecília da Catedral: 56 anos No dia 22-11, quarta-feira, às 20.30h, no Centro Cultural da Catedral (antigo Cine Ritz), o Coral Santa Cecília realizará o Concerto do seu 56º aniversário. Como de costume, o Concerto se desenvolverá em duas partes: a primeira, a capela, e a segunda, com acompanhamento de Orquestra. A segunda parte será um tributo ao compositor musical mais querido da história, Mozart, neste ano em que o mundo inteiro comemora o 250º aniversário de seu nascimento. Do programa consta, além da “Missa dos pardais” e do “Te Deum em Dó Maior”, que fazem parte do repertório do Coral, também, a “Ladainha de Nossa Senhora em Si bemol”. Esta, em primeira audição aqui em Florianópolis. No fim da primeira parte será lançado o “Hino do Centenário de criação da diocese de Florianópolis”, de autoria do regente, Pe. Ney. Com a “Oração do Centenário”, de Dom Murilo, o Hino quer contribuir para a mentalização do sentido das comemorações que se estenderão ao longo do ano de 2008. considerou que o discurso do Papa, voltando a propor o caminho do diálogo inter-religioso, recordando o direito à reciprocidade, «respondeu às polêmicas”. «Foi um encontro histórico, declarou Sbai. Por outro lado, nunca duvidamos de suas palavras. Os desgostos ou reações violentas foram suscitados por um mal-entendido, mas também pelos extremistas que esperavam a oportunidade para atacar o Papa e criar mal-estar entre a comunidade islâmica moderada.» «Não temos de cair no erro dos extremistas que não querem o diálogo, acrescenta. O diálogo entre islã, judaísmo e cristianismo é antigo, existe há séculos e deve continuar. É preciso isolar os extremistas e, com calma, surgirão personagens que podem consolidar um islã moderado e positivo.» Divulgação/JA NOTÍCIAS DO COMIDI Se a missão é a razão de ser da Igreja, o Outubro Missionário não pode se reduzir a uma coleta no dia das Missões. Graças a Deus, um bom número de paróquias de nossa Arquidiocese vem aproveitando mais do mês das Missões para uma maior cons-cientização missionária de seus fiéis, promovendo encontros sobre o tema da Campanha Missionária, vigílias missionárias, terços missionários e fundando grupos de Infância e adolescentes missionários. Particularmente interessantes são as semanas missionárias Novembro de 2006 -13 O COMIDI agradece e parabeniza U C A F que estão sendo realizadas, de forma criativa, em algumas de nossas paróquias. Citamos, entre elas, as paróquias do Espírito Santo – Camboriú; Nossa Senhora de Fátima – Estreito; São Francisco de Assis – Aririú; São Vicente – Itajaí, etc. Louvor todo especial merece a Paróquia de Itapema que, anualmente, no mês Missionário, vem realizando as Missões Populares numa de suas comunidades. Este ano aconteceu na comunidade de São João Batista, no Sertão do Trombudo. Foi algo maravilhoso: um exemplo a ser imitado. Telefones dos responsáveis do COMIDI Coordenador: Seminarista Sílvio (48)3234-4443 Secretaria: Olindamir (48)3324-0970 Infância Missionária – Miriângela (48) 3222-9572 Adolescentes Missionários: Tina (47)3241-2230 (tarde) Missões Populares: Darcy (47) 3368-4844 – 9977-3820 Missão na Bahia: Domingos (48) 3246-2298 Vocação Missionária: Pe. Vicente (48) 3222-9572 Pe. Paulo de Coppi, diretor do Jornal Missão Jovem www.missaojovem.com.br - (48) 3222-9572 Salesianos celebram 50 anos da sua presença em Itajaí Nos dias 13 e 14 de outubro de 2006 celebraram-se os 50 anos da presença dos Salesianos em Itajaí. A data foi comemorada através de um Simpósio de Educação Salesiana, que reuniu educadores dos colégios e obras sociais de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Realizado no Colégio Salesiano, em Itajaí, o evento contou com a participação de 370 educadores das obras salesianas da Região Sul. Durante os dois dias, eles participaram de palestras, celebrações e apresentações artísticas e culturais. As palestras abordaram temas relacionados à educação, expostos pela antropóloga e psicóloga doutora Elvira Souza Lima e pela doutora Kátia Smole, coordenadora pedagógica da Rede Salesiana de Escolas. O encerramento das come- morações foi realizado no sábado, às 17h45min, com a celebração eucarística alusiva aos 50 anos presidida pelo nosso Arcebispo Dom Murilo Krieger. Em seguida, houve o lançamento do livro com a história dos Salesianos em Itajaí e um Jantar Comemorativo, onde foram homenageadas pessoas e entidades que contribuíram para a história do Colégio e do Parque. Os salesianos estão presentes em Itajaí desde 1956, quando fundaram o Colégio Salesiano. Mais tarde, em 1961, foi criado o Parque Dom Bosco, instituição que atende mais de 400 crianças e adolescentes de comunidades empobrecidas de Itajaí, as quais recebem reforço escolar, cursos profissionalizantes e oficinas. Em 1968, a comunidade virou a paróquia São João Dom Bosco e desde então é administrada pela congregação. M OLÉGIO 100 NOS NA RENTE

12<br />

- <strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> 2006<br />

Pe. Lúcio fala <strong>de</strong> sua Missão em Guiné-Bissau<br />

Durante o 15º Congresso<br />

Eucarístico Nacional, Pe. Lúcio<br />

Espíndola dos Santos, <strong>de</strong> nossa<br />

<strong>Arquidiocese</strong>, recebeu a Bênção<br />

do Missionário para representar<br />

o Brasil na Diocese <strong>de</strong> Bafatá,<br />

na Guiné-Bissau, África. O envio<br />

foi realizado durante a celebração<br />

do dia 20 <strong>de</strong> maio, no Estádio<br />

Orlando Scarpelli, em <strong>Florianópolis</strong>,<br />

e foi proferido pelo nosso<br />

arcebispo Dom Murilo Krieger.<br />

Estando há cinco meses na<br />

diocese africana, que tem como<br />

bispo o brasileiro Dom P<strong>ed</strong>ro<br />

Zilli, Pe. Lúcio passa suas primeiras<br />

impressões e experiências<br />

<strong>de</strong> como encontrou a comunida<strong>de</strong><br />

missionária. “Pretendo<br />

manter a <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Florianópolis</strong> sempre atualizada<br />

sobre esta missão, que é <strong>de</strong><br />

toda a <strong>Arquidiocese</strong>”, disse.<br />

Um aprendizado<br />

Estou aqui em Guiné Bissau<br />

como enviado da Igreja <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong>.<br />

Associei-me ao Pontifício<br />

Instituto das Missões Exteriores<br />

– PIME, que me está introduzindo<br />

no trabalho. Tem sido um gran<strong>de</strong><br />

presente a acolhida que o<br />

PIME nos tem dado, com sua<br />

experiência e estrutura.<br />

Neste primeiro momento, estou<br />

tomando conhecimento da<br />

realida<strong>de</strong> em que me encontro.<br />

Tenho contacto com os vários<br />

missionários e missionárias aqui<br />

em Guine Bissau. Aos poucos vou<br />

<strong>de</strong>scobrindo a forma <strong>de</strong> ser missionário<br />

em uma nova realida<strong>de</strong>.<br />

Também, estando distante da terra<br />

natal, e em uma soci<strong>ed</strong>a<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

minoria cristã, tenho feito uma<br />

experiência muito bonita <strong>de</strong> Deus.<br />

Temos aqui um bom número<br />

<strong>de</strong> missionárias religiosas brasileiras.<br />

Elas fazem um trabalho<br />

muito significativo <strong>de</strong> testemunho<br />

cristão, catequese e serviço<br />

social, sobretudo na saú<strong>de</strong> e<br />

na <strong>ed</strong>ucação. Em Bafatá chegou,<br />

para trabalhar dois anos,<br />

uma missionária leiga, provinda<br />

<strong>de</strong> Maringá, PR. Antes <strong>de</strong>la estivera<br />

uma outra missionária, e<br />

para o próximo ano já está prevista<br />

a vinda <strong>de</strong> mais uma<br />

missionária leiga.<br />

Já existe um clero nativo<br />

Na Guiné Bissau já existe um<br />

bom número <strong>de</strong> Padres guineenses,<br />

surgidos todos nestes últimos<br />

anos. Impressiona observar<br />

que a maioria <strong>de</strong>stes Padres<br />

provêem <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> religião<br />

tradicional africana, portanto não<br />

cristãs. Muitos <strong>de</strong>les entraram<br />

em contato com os padres por<br />

razão <strong>de</strong> serviço e só então é que<br />

conheceram o cristianismo, foram<br />

batizados, e foram <strong>de</strong>spertados<br />

na vocação sacerdotal.<br />

Dentre estes padres nativos,<br />

o primeiro foi or<strong>de</strong>nado em 1982,<br />

e hoje é o bispo <strong>de</strong> Bissau, Dom<br />

José Câmnate. Sua família permanece<br />

<strong>de</strong> religião tradicional<br />

africana. É bom <strong>de</strong>stacar que a<br />

primeira diocese do país foi criada<br />

em 1977, não havendo, então,<br />

nenhum Padre nativo. Bafatá foi<br />

a segunda e última diocese, fundada<br />

em 2001, on<strong>de</strong> estou.<br />

A pastoral e os batizados<br />

É muito importante a visita às<br />

famílias, mesmo não cristãs. Dáse<br />

muito valor à pastoral da saú<strong>de</strong>,<br />

da criança e à criação <strong>de</strong> escolas.<br />

A catequese se faz com<br />

pessoas <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s, em<br />

especial com adultos. A catequese<br />

<strong>de</strong> um adulto, para o batismo,<br />

leva pelo menos cinco anos. Uma<br />

realida<strong>de</strong> muito particular da<br />

Guiné Bissau é que a maioria dos<br />

cristãos é formada por jovens.<br />

O país <strong>de</strong> Guiné-bissau<br />

Natureza: Guiné Bissau, região<br />

<strong>de</strong> floresta úmida, limita com<br />

Crismandos, ao fundo, sendo conduzidos à celebração através <strong>de</strong> um ritual local<br />

Divulgação/JA<br />

o oceano Atlântico e está próxima<br />

do <strong>de</strong>serto do Saara. Tem<br />

muito ver<strong>de</strong> e muita água. Favorável<br />

à agricultura e à fruticultura,<br />

com um mar apropriado à pesca.<br />

A sua fauna é rica. Na ca<strong>de</strong>ia biológica,<br />

o animal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte<br />

mais conhecido é o hipopótamo,<br />

que vive na costa do mar, tendose<br />

adaptado à água salgada. Mas<br />

o ser mais temido é o pernilongo,<br />

<strong>de</strong>vido à malária e ao incômodo<br />

<strong>de</strong> sua insistente presença.<br />

Economia: O país não tem<br />

uma r<strong>ed</strong>e permanente <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>.<br />

On<strong>de</strong> existe a luz elétrica,<br />

ela serve mais para iluminação.<br />

É comum ver pequenos geradores<br />

elétricos trabalhando em<br />

frente às casas <strong>de</strong> comércio. A<br />

exportação do país <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>,<br />

90%, da exportação da castanha<br />

do caju, que, neste ano, quase<br />

não houve. Já foi exportadora <strong>de</strong><br />

arroz, mas agora o está importando.<br />

Afinal, vive na <strong>de</strong>pendência<br />

da ajuda internacional.<br />

A sua posição no índice <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento humano ocupa<br />

o lugar dos países mais pobres<br />

do mundo: é a <strong>de</strong> 172° lugar, sobre<br />

177 países. A causa mais próxima<br />

<strong>de</strong>sta situação <strong>de</strong>soladora<br />

é a <strong>de</strong>struição causada pela guerra<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Portugal,<br />

concluída em 1974, os golpes<br />

militares, a guerra <strong>de</strong> 1995 e a<br />

falta <strong>de</strong> organização do governo.<br />

Educação: Além da escola<br />

pública e das escolas privadas, há<br />

as escolas <strong>de</strong> auto-gestão em que<br />

participam a comunida<strong>de</strong>, a Igreja<br />

e o governo. O índice <strong>de</strong> analfabetismo<br />

é muito gran<strong>de</strong>. O Ministério<br />

da Educação, no ano passado,<br />

reconhecia que 63,4 % da<br />

população era analfabeta. Os salários<br />

são baixos. No dia 15 <strong>de</strong><br />

agosto passado, um grupo gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> professores contratados fez<br />

uma manifestação por estar sem<br />

pagamento há 9 e 14 meses. A<br />

Igreja tem uma gran<strong>de</strong> presença<br />

na criação <strong>de</strong> escolas. Atualmente,<br />

com 79 escolas, aten<strong>de</strong> 16 mil<br />

alunos, somando as escolas da<br />

Igreja e as escolas mistas.<br />

Um trabalho missionário muito<br />

freqüente, quando se chega a<br />

uma nova comunida<strong>de</strong> do interior,<br />

é o início <strong>de</strong> uma escola <strong>de</strong><br />

auto-gestão, em que a comunida<strong>de</strong><br />

constrói um prédio simples,<br />

a Igreja administra, e o governo<br />

assume o professor que a comunida<strong>de</strong><br />

lhe apresenta, o qual é ,<br />

tradicionalmente, um homem. É<br />

raro ver uma mulher professora.<br />

Saú<strong>de</strong>: O sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

não é melhor do que o escolar.<br />

Poucos hospitais, poucos médicos,<br />

baixos salários, falta <strong>de</strong> m<strong>ed</strong>icamento,<br />

hospitais sem equipa-<br />

Pe. Lúcio interage com a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bafatá buscando conhecer<br />

mais <strong>de</strong>sse povo sofrido com uma história semelhante a nossa<br />

mento. Um médico do governo<br />

recebe o equivalente a pouco mais<br />

do que um salário mínimo do Brasil.<br />

O índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil<br />

é <strong>de</strong> 107 por mil. A Igreja promove<br />

a pastoral da criança e a<br />

pastoral da saú<strong>de</strong>. Há várias iniciativas<br />

na área das clínicas e hospitais<br />

por parte das Missões. O<br />

hospital <strong>de</strong> referência nacional no<br />

tratamento da Hanseníase e do<br />

HIV é da missão franciscana <strong>de</strong><br />

Cumura, que é mantido por benfeitores<br />

italianos.<br />

O povo <strong>de</strong> Guiné Bissau: O<br />

povo é acolh<strong>ed</strong>or e <strong>de</strong> convivência<br />

pacífica. É formado por trinta<br />

e seis etnias, cada uma com sua<br />

língua própria. As religiões convivem<br />

pacificamente, sendo a maioria<br />

muçulmana e <strong>de</strong> religião tradicional<br />

africana (animista). Em<br />

todo o país fala-se em 10 ou 13%<br />

<strong>de</strong> cristãos, sendo que na diocese<br />

<strong>de</strong> Bafatá os cristãos somam 7%.<br />

A média <strong>de</strong> vida é <strong>de</strong> 47 anos.<br />

A comida básica é o arroz. Diante<br />

<strong>de</strong> toda a insegurança e o so-<br />

Dom P<strong>ed</strong>ro Carlos Zilli, bispo<br />

da Diocese <strong>de</strong> Bafatá, em<br />

Guiné Bissau, na África, encaminhou<br />

correspondência a Dom<br />

Murilo Krieger agra<strong>de</strong>cendo os<br />

recursos do 15º Congresso<br />

Eucarístico Nacional encaminhados<br />

àquela diocese. Parte<br />

das coletas das três celebrações<br />

realizadas no Estádio Orlando<br />

Scarpelli, em <strong>Florianópolis</strong>, foram<br />

<strong>de</strong>stinadas à Guiné Bissau. A<br />

diocese recebeu, no total US$<br />

10 mil (<strong>de</strong>z mil dólares).<br />

Na carta, Dom Zilli diz que o<br />

dinheiro “vai permitir que se concretize,<br />

aqui na África, a fé e a carida<strong>de</strong><br />

dos congressistas e, mui<br />

especialmente, da <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong><br />

Divulgação/JA<br />

frimento em que o povo vive, chama<br />

a atenção o índice <strong>de</strong> suicídio:<br />

índice zero. Isso nos faz perceber<br />

a força interior e espiritual<br />

do povo <strong>de</strong> Guiné-Bissau.<br />

Afinal<br />

A presença da arquidiocese <strong>de</strong><br />

<strong>Florianópolis</strong> na África está sendo<br />

uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> também po<strong>de</strong>rmos<br />

ver além-oceano, e amar<br />

concretamente um povo que nos<br />

é familiar por motivos históricos.<br />

Acr<strong>ed</strong>ito que este gesto missionário<br />

da <strong>Arquidiocese</strong> <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong><br />

fará com que nos <strong>de</strong>scubramos ainda<br />

mais. Com ele, po<strong>de</strong>remos perceber<br />

outras forças que temos em<br />

nossas comunida<strong>de</strong>s e que, para<br />

<strong>de</strong>sabrocharem, necessitam <strong>de</strong>stes<br />

<strong>de</strong>safios que o novo nos traz.<br />

A vida é assim.<br />

DIOCESE DE BAFATÁ: Caixa<br />

Postal 385 - Bissau, Guiné<br />

Bissau. Fone: 00 245 411507;<br />

00245 661 2742 E-mail: domzilli<br />

@yahoo.com.br<br />

Bispo <strong>de</strong> Guiné Bissau<br />

agra<strong>de</strong>ce recursos do 15º CEN<br />

<strong>Florianópolis</strong>, que tão bem celebrou<br />

o 15º Congresso Eucarístico<br />

Nacional e que já se faz presente<br />

entre nós através do Pe. Lúcio<br />

Espíndola Santos e da Irmã Elisabete<br />

Ana Rodrigues, <strong>de</strong> Palhoça,<br />

Missionária da Imaculada (PIME).”<br />

Segundo o bispo, o dinheiro<br />

da coleta do 15º Congresso<br />

Eucarístico Nacional do Brasil<br />

será usado na promoção social,<br />

na formação e no seminário.<br />

“A fim <strong>de</strong> que nossos benfeitores<br />

possam celebrar conosco<br />

os frutos <strong>de</strong>sta partilha, enviaremos<br />

dados mais concretos<br />

logo que tivermos aplicado esta<br />

expressiva partilha”, acrescentou<br />

Dom Zilli.

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