a odisseia de ulysses pernambucano: dos primórdios ao ... - FPS

família de alunos que se encontravam em dificuldades de aprendizagem, ou outros
problemas, abrindo assim a possibilidade de uma intervenção adequadamente nos
mesmos. Essa ação das visitadoras se dava nas escolas primárias que ficavam nas
adjacências da Escola Normal e que serviam de estágio prático às formandas. É
interessante observar, também, que posteriormente Ulysses expandiria essa ideia das
visitadoras sociais, para os serviços de atendimento aos enfermos mentais, no contexto
das amplas reformas que o mesmo desenvolveria na década de 30.
Em 1928, Ulysses Pernambucano seria nomeado diretor, agora do Ginásio
Pernambucano. Lá, igualmente ficou conhecido e reconhecido por ter sido um reformador,
um homem afeito às ideias e às práticas pedagógicas modernizantes. Alguém que
merecidamente recebia a denominação de educador, conforme atesta Anita Paes Barreto
em seu artigo “Ulysses Pernambucano, educador”, ao descrever sua atuação como
professor na Escola Normal:
“Sua maneira de ensinar fugia ao padrão convencional dos demais docentes. Não se
limitava à transmissão dos conhecimentos. Valorizava-os com suas observações pessoais,
colocação de novos problemas, dialogando com as alunas, despertando interesse e entusiasmo
generalizado pela Psicologia. Sua escolha como paraninfo da turma, no final de 1924, foi o
resultado de sua prática pedagógica, de seu relacionamento com as alunas, democrático, sem
deixar de ser exigente.”
Avesso ao tradicionalismo enfadonho e pouco eficaz nas salas de aula,
naturalmente o vanguardista professor Ulysses Pernambucano não iria agradar a todos,
sendo que seria por motivos como esses, que haveria de colecionar cada vez mais
desafetos, principalmente entre os setores mais conservadores das estruturas sociais da
região.
Foi por esse tempo que o prof. Ulysses transforma em ações o seu interesse
voltado para uma educação destinada às crianças “anormais” – termo da época que
corresponderia às atuais denominadas crianças excepcionais. Já tendo apresentado sua
tese “Classificação das crianças anormais”, quando concorrera a cargo na Escola Normal
em 1918, Ulysses ainda havia realizado mais pesquisas e estudos sobre o tema, como a
identificação de crianças com grandes déficits de aprendizagem entre os escolares das
redes de ensino. Em 27 de Janeiro de 1925, o governador acata a proposta de Ulysses –
e se iniciaria então a construção dessa pioneiríssima, inovadora, primeira escola do
gênero no país. Daí, então, inicia-se uma fase de recrutamento e treinamento de pessoal
especializado, bem como de levantamento de estudos para um correto implante de infraestrutura
e metodologia adequados. Durante um período inicial, contudo, tal escola não
consegue entrar em funcionamento; e a ideia da abertura dessa escola para crianças
excepcionais permaneceria ativa no mestre Ulysses. Somente em 1941, entretanto, é que
a “Escola Especial Aires Gama” entraria em funcionamento, entretanto sem sua
supervisão direta, posto que na época já era considerado um “subversivo”, e impedido de
chefiar quaisquer cargos públicos. Atualmente a escola se chama, com a merecida
homenagem prestada, “Escola Especial Ulisses Pernambucano”.
Tendo atuado em diversos segmentos acadêmicos e institucionais na década de
1920 e se destacado em cada um deles, aponta-se como de suas principais realizações
nesse período, entretanto, a criação do Instituto de Psicologia, em 1925 – primeira
entidade desse tipo no país. Lembrar que a profissão de psicólogo só iria se regulamentar
bem mais tarde, no ano de 1962. Ao Instituto pode-se atribuir diversas realizações: foi
através dele que se desenvolveram vários estudos sobre psicopedagogia infantil, passouse
a ter produções científicas contínuas em diversas áreas da psicologia, e se passou a