Nota do Director - Sapo
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A TORGA está aí!<br />
<strong>Nota</strong> <strong>do</strong> <strong>Director</strong><br />
Após alguns meses de interregno, surge uma nova revista que se pretende inova<strong>do</strong>ra e<br />
atraente, sem que todavia tenha havi<strong>do</strong> uma ruptura com o que de melhor vinha de trás.<br />
Ela é produto de uma profunda mudança a diversos níveis: imagem, estrutura organizacional<br />
e conteú<strong>do</strong>s.<br />
Seria espúrio enunciar detalhadamente o que mu<strong>do</strong>u no BI, visto que o leitor cotejan<strong>do</strong> este<br />
com publicações anteriores, rapidamente se aperceberá da metamorfose operada.<br />
Devo acrescentar que toda a equipa se sente orgulhosa desta edição. Foi com esforço e<br />
perseverança que alcançámos os objectivos inicialmente giza<strong>do</strong>s.<br />
Qual é então agora o caminho a trilhar?<br />
Penso que só pode ser o de uma cada vez maior exigência quanto ao formato, interesse e<br />
rigor da informação.<br />
A exigência partirá sempre <strong>do</strong> núcleo da TORGA, mas deve igualmente ser um ponto de<br />
honra para os seus muitos colabora<strong>do</strong>res. De facto, foi gratificante constatar que tanto os<br />
professores, como os alunos <strong>do</strong> ISMT, colaboraram afincadamente neste número. O<br />
envolvimento pleno <strong>do</strong>s protagonistas maiores desta instituição significa que este projecto<br />
é hoje de to<strong>do</strong>s nós.<br />
Mas é imperioso que o rigor económico acompanhe as características meritórias da nossa<br />
revista. Julgo por isso, que "Há vida para além <strong>do</strong> défice", para parafrasear Jorge Sampaio,<br />
pese embora utilize a afirmação em senti<strong>do</strong> inverso: a TORGA deverá, de um mo<strong>do</strong> gradual,<br />
autonomizar-se financeiramente e assim, deixar de ser apenas uma fonte de despesa,<br />
para passar a constituir uma actividade lucrativa. Pugnar pela autonomia financeira é lutar<br />
pela sobrevivência dura<strong>do</strong>ura da TORGA e em simultâneo, impormo-nos patamares de<br />
qualidade que atrairão os patrocina<strong>do</strong>res.<br />
Este será pois o próximo desígnio da Direcção da TORGA.<br />
Há muito que quem administra e representa ao mais alto nível o ISMT defende que as<br />
unidades estratégicas de negócio de uma instituição académica, pública ou privada, têm<br />
que, em quaisquer circunstâncias, captar receitas que excedam os seus custos, porque<br />
esta é a única forma de, a longo prazo, garantir uma crescente qualidade de ensino e um<br />
melhor serviço presta<strong>do</strong> à nossa comunidade.<br />
É pois também esta a nossa estratégia.<br />
O grande destaque da TORGA é a entrevista à Dr.ª Maria José Nogueira Pinto, que, pela<br />
sua extensão, relevância e temáticas distintas abordadas, foi dividida em quatro partes. As<br />
restantes três sairão em números posteriores.<br />
Em consonância com o que atrás foi escrito, a ex-prove<strong>do</strong>ra da SCML demonstra que é<br />
perfeitamente compatível conjugar fins sociais com excedentes financeiros e ir, concomitantemente,<br />
alargan<strong>do</strong> o raio de intervenção na comunidade.<br />
O tema <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> número da TORGA girará em torno <strong>do</strong>s jovens com sucesso nas mais<br />
variadas áreas e profissões. Quero apelar então a to<strong>do</strong>s os nossos leitores que enviem sugestões<br />
ao cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> Dr. Fernan<strong>do</strong> Teófilo: info@ismt.pt<br />
Por fim, é justo enaltecer a Direcção <strong>do</strong> ISMT pelo apoio inequívoco que senti desde que<br />
tomei posse.<br />
Henrique Amaral Dias<br />
torga 1
Editorial<br />
FICHA TÉCNICA<br />
<strong>Director</strong><br />
Henrique Amaral Dias<br />
Edição<br />
Fernan<strong>do</strong> Teófilo<br />
Redacção<br />
Andrea Marques<br />
Coordenação de Informação<br />
Ana Cristina Abreu<br />
Design e Composição<br />
id3a<br />
Impressão<br />
FIG - Fotocomp. e Ind. Gráficas<br />
Tiragem<br />
3000 exemplares<br />
Propriedade<br />
Instituto Superior Miguel Torga<br />
Coimbra<br />
As opiniões expressas nos artigos<br />
publica<strong>do</strong>s nesta revista são da<br />
inteira responsabilidade <strong>do</strong>s seus<br />
autores.<br />
Foi com dupla satisfação que aceitei o convite <strong>do</strong> Dr. Henrique Amaral Dias, para integrar<br />
a equipa <strong>do</strong> Boletim Informativo <strong>do</strong> Instituto Superior Miguel Torga. Em primeiro lugar<br />
porque este convite se inseriu num contexto de grande renovação <strong>do</strong> Boletim e em segun<strong>do</strong><br />
lugar porque esta é também uma forma de complementar o esforço de comunicação <strong>do</strong><br />
ISMT. Hoje, posso ainda acrescentar uma terceira satisfação: a de poder trabalhar com um<br />
grupo de pessoas que primam pela qualidade <strong>do</strong> seu trabalho, pela dedicação à instituição<br />
e pela disponibilidade permanente.<br />
35 será o número que fixará na história <strong>do</strong> Boletim Informativo <strong>do</strong> ISMT o momento de<br />
grande revolução: tornar o nosso instrumento de informação interna numa revista cada vez<br />
melhor em qualidade e maior em audiência. Queremos ultrapassar os nossos muros e ir ao<br />
encontro da comunidade em que nos inserimos. Queremos ser um espelho da nossa qualidade,<br />
mas igualmente um olhar atento sobre o mun<strong>do</strong> que nos interpela. Para o conseguirmos<br />
partimos de <strong>do</strong>is vectores: a renovação gráfica e a reestruturação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s.<br />
Estamos orgulhosos <strong>do</strong> novo grafismo, que nos coloca, neste campo, ao nível <strong>do</strong> mais<br />
profissional que podemos encontrar nas bancas, e <strong>do</strong> impacto provoca<strong>do</strong> pela nova estrutura<br />
de conteú<strong>do</strong>s. Consequência da nossa decisão em escolhermos para cada edição um<br />
tema principal, trata<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> várias perspectivas, a nova revista conseguiu movimentar<br />
muitos professores e alunos, como provam os artigos “Ser Solidário”. Mas queremos ainda<br />
maior e melhor participação. Esta revista está aberta a to<strong>do</strong>s os textos de qualidade. Façanos<br />
chegar as vossas propostas.<br />
Não posso terminar estas palavras sem deixar uma nota de elogio, sem rodeios, ao Prof.<br />
Dr. Carlos Amaral Dias, pelo esforço que a sua Direcção desenvolveu e que tornou possível<br />
este o novo patamar de qualidade, mas também pela visão estratégica que possui e que<br />
tem vin<strong>do</strong> a transformar o Instituto Superior Miguel Torga numa das instituições de ensino<br />
superior melhor preparada para os novos desafios deste sector.<br />
Capa: R. Magritte “Hegel’s Holiday”<br />
01<br />
02<br />
05<br />
06<br />
11<br />
<strong>Nota</strong> <strong>do</strong> <strong>Director</strong><br />
Henrique Amaral Dias<br />
Editorial<br />
Fernan<strong>do</strong> Teófilo<br />
Aconteceu<br />
Fotojornalismo e Cartonismo<br />
25 de Abril<br />
A Revolução <strong>do</strong>s Cravos e os Media<br />
Carlos Amaral Dias<br />
Scripta Varia - Exposição Bibliográfica<br />
Fernan<strong>do</strong> Teófilo
38 14 35<br />
Maria José Nogueira Pinto<br />
Grande Entrevista<br />
16<br />
17<br />
18<br />
19<br />
21<br />
Sem Esquecer a Cidadania<br />
Jacqueline Marques<br />
Reflectir a Solidariedade<br />
Rosa da Primavera<br />
Estava um dia Soalheiro<br />
Ana Galhar<strong>do</strong><br />
Altruísmo Informático?<br />
Joana Urbano<br />
Oportunismo ou Oportunidade<br />
Artur Carvalho<br />
Ser Solidário<br />
Tema de Capa<br />
22<br />
24<br />
30<br />
52<br />
61<br />
Solidariedade na Internet<br />
Francisco Amaral<br />
Sumário<br />
Redes Sociais e Actidade Economica<br />
Henrique Amaral Dias<br />
Reportagem<br />
Andrea Marques<br />
História Breve da União Europeia<br />
Victorino Vieira Dias<br />
AE - ISMT<br />
Notícias Reportagem Entrevista<br />
Desenhos Famosos<br />
Solidariedade
Aconteceu<br />
NOTÍCIAS DO ISMT<br />
Página <strong>do</strong> Gabinete de Relações<br />
Internacionais no site <strong>do</strong> ISMT<br />
O Gabinete de Relações Internacionais<br />
<strong>do</strong> I.S.M.T. tem uma página<br />
online que pode ser consultada no endereço:<br />
http://gri.ismt.pt. A página<br />
contém informações pertinentes sobre<br />
cooperação, intercâmbio e mobilidade<br />
de alunos, <strong>do</strong>centes e investiga<strong>do</strong>res<br />
com instituições académicas internacionais,<br />
bem como notícias, sobretu<strong>do</strong><br />
de novas iniciativas no âmbito<br />
das relações académico-científicas<br />
internacionais.<br />
Bolsas de Estu<strong>do</strong> 2006 para estrangeiros<br />
<strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> México<br />
O Governo <strong>do</strong> México, através <strong>do</strong><br />
Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,<br />
abriu no passa<strong>do</strong> dia 10 de Janeiro a<br />
Convocatória de Bolsas de Estu<strong>do</strong><br />
2006 para estrangeiros, que inclui cursos<br />
de pós-graduação, investigação<br />
e outros programas de estu<strong>do</strong>, no<br />
âmbito <strong>do</strong> Programa de Cooperação<br />
Educacional, Cultural e Científica entre<br />
o México e Portugal para 2002-2004.<br />
As candidaturas deverão ser apresentadas<br />
no Instituto Camões <strong>do</strong><br />
Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros.<br />
Informações relativas às universidades<br />
e programas de estu<strong>do</strong> encontram-se<br />
à disposição <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s<br />
nesta Embaixada, no site:<br />
http://becas.sre.gob.mx, bem como<br />
4 torga<br />
na pagina web: www.sre.gob.mx/portugal/,<br />
nesta última na secção "Convocatórias".<br />
Contacto <strong>do</strong> Instituto Camões:<br />
Instituto Camões - Divisão de Intercâmbio<br />
e Programas de Apoio.<br />
Rua Rodrigues Sampaio,113.<br />
1150-279 LISBOA.<br />
Tel: 351-21 310 9100<br />
Fax: 351-21 310 9101.<br />
Correio electrónico: dipa@institutocamoes.pt<br />
Alunos <strong>do</strong> ISMT na PUC (Brasil)<br />
No passa<strong>do</strong> dia 18 de Fevereiro, <strong>do</strong>is<br />
alunos <strong>do</strong> 3º ano da Licenciatura em<br />
Informática de Gestão - Filipe Sá e<br />
João Venda - partiram para o Rio de<br />
Janeiro, Brasil, onde vão frequentar o<br />
2º semestre na prestigiada Pontifícia<br />
Universidade Católica (PUC).<br />
Bolsas de estágio na UNESCO<br />
A UNESCO está a promover Bolsas de<br />
Estágio individuais, que decorrem em<br />
contexto institucional com uma duração<br />
de 1 e 4 meses, para estudantes<br />
de diversas áreas científicas e investiga<strong>do</strong>res.<br />
Dependen<strong>do</strong> das qualificações<br />
<strong>do</strong> estagiário, este poderá<br />
desempenhar funções relacionadas<br />
com as actividades estratégicas da<br />
Organização ou funções administrativas<br />
ou técnicas.<br />
Esta iniciativa tem como objectivo<br />
potenciar o desenvolvimento da experiência<br />
de trabalho numa organização<br />
internacional, que se relacione com a<br />
área de formação <strong>do</strong> estagiário e seja<br />
simultaneamente um suplemento aos<br />
estu<strong>do</strong>s. O referi<strong>do</strong> estágio possibilita,<br />
ainda, uma oportunidade de trabalhar<br />
no ambiente multicultural de uma organização<br />
intergovernamental.<br />
Para mais informações pode consultar<br />
o portal da UNESCO:<br />
http://portal.unesco.org.<br />
Dra. Sónia Simões
FOTOJORNALISMO E CARTOONISMO:<br />
QUE FUTURO?<br />
O Instituto Superior Miguel Torga<br />
(ISMT) organizou o I Encontro de<br />
Comunicação e Criatividade, na Casa<br />
Municipal da Cultura, no passa<strong>do</strong> dia<br />
6 de Abril. Em debate estiveram os<br />
temas: o Fotojornalismo, o Cartoonismo<br />
e a Publicidade, como elementos<br />
criativos influentes na comunicação. O<br />
evento reuniu nomes como Carlos<br />
Amaral Dias, director <strong>do</strong> ISMT, a dupla<br />
de cartoonistas António e Cid e o fotojornalista<br />
Manuel Correia. A moderação<br />
esteve a cargo de Carlos Magno.<br />
Durante a tarde, foram apresenta<strong>do</strong>s<br />
78 anúncios publicitários, no âmbito<br />
<strong>do</strong> Festival Internacional da Publicidade<br />
"Publi…For<strong>do</strong>c 2005".<br />
O encontro teve início,<br />
da melhor forma<br />
possível, com o discurso<br />
<strong>do</strong> Prof. Drº<br />
Carlos Amaral Dias,<br />
que centran<strong>do</strong>-se<br />
no tema deste Encontro<br />
começou por<br />
afirmar que "A verdadeira<br />
criatividade<br />
não está em aceitar<br />
ideias novas mas<br />
sim em escapar de<br />
ideias antigas".<br />
Acrescentou ainda,<br />
que "A boa comunicação<br />
gera dúvidas<br />
e cria sempre um<br />
mal-entendi<strong>do</strong>". Quase no fim <strong>do</strong> seu<br />
discurso, fez um apelo aos jovens para<br />
não se sentirem normopatas e serem<br />
criativos em tu<strong>do</strong> que fazem.<br />
Logo após uma pequena pausa, o<br />
debate regressou com Manuel Correia,<br />
fotojornalista e <strong>do</strong>cente no ISMT, que<br />
iniciou o seu discurso dizen<strong>do</strong> que<br />
"Não sou um homem da palavra mas<br />
um homem da imagem". Fez alusão<br />
de que o ISMT é a única instituição em<br />
Coimbra que tem a cadeira de fotojornalismo,<br />
dan<strong>do</strong> ênfase à importância<br />
da mesma dizen<strong>do</strong> que o fotojornalismo<br />
tem a função de informar a partir<br />
de fotografias.<br />
Para o fotojornalismo crescer em<br />
Portugal, Manuel Correia, afirmou que<br />
se deve insistir na formação académica,<br />
ou seja, que as licenciaturas<br />
devem ser mais prestigiadas e mais<br />
reconhecidas nesta área, que os jornais<br />
sofrem uma expansão se houver<br />
um fotojornalista e, por fim, que o<br />
Esta<strong>do</strong> deve investir mais nesta área,<br />
até porque, citan<strong>do</strong> John Robert, fotojornalista,<br />
"Um olhar de um fotojornalista,<br />
nunca é um olhar perdi<strong>do</strong>".<br />
Terminou o seu discurso aconselhan<strong>do</strong><br />
os futuros fotojornalistas "Agarrem as<br />
oportunidades que vos oferecem com<br />
garra pois não há lugar para to<strong>do</strong>s mas<br />
há para alguns, os melhores!".<br />
Carlos Magno, modera<strong>do</strong>r deste Encontro,<br />
não escondeu a sua emoção e<br />
Aconteceu<br />
Da esquerda para a direita: Augusto Cid, Manuel Correia, Carlos Magno e António<br />
admiração ao apresentar António e<br />
Cid, os cartoonistas convida<strong>do</strong>s. Afirman<strong>do</strong><br />
mesmo "Compro o Expresso<br />
para ver o cartoon <strong>do</strong> António" e ainda<br />
relembrou quan<strong>do</strong> Cid retratava Pinto<br />
Balsemão sem olhos.<br />
António e Cid, foram os grandes retratistas<br />
<strong>do</strong>s últimos sete meses e fizeram<br />
um filme em livro "O Fenómeno",<br />
que é uma crítica ao "reina<strong>do</strong>" de<br />
Santana Lopes.<br />
Cid, não demonstrou grandes expectativas<br />
em relação ao futuro de novos<br />
cartoonistas até porque "O risco<br />
<strong>do</strong> cartoonista é o da sobrevivência,<br />
tem que se ter outra profissão!" e firmou<br />
também que a televisão deveria<br />
fazer mais alusão a esta área.<br />
António concor<strong>do</strong>u com Cid: "Há<br />
espaço e bons novos cartoonistas,<br />
não há é investimento por parte <strong>do</strong>s<br />
jornais" e ainda "Jovens com talento<br />
vão ser confronta<strong>do</strong>s com constrangimentos<br />
organizacionais".<br />
Na sua opinião, um cartoon editorial<br />
deve ser um bom desenho e uma boa<br />
análise <strong>do</strong> facto e por fim, deve provocar<br />
sentimento (um sorriso). O debate<br />
terminou com a participação da plateia<br />
o que tornou ainda mais interessante<br />
este I Encontro.<br />
Depois da pausa para o almoço, seguiu-se<br />
a apresentação de 78 anúncios<br />
de publicidade organiza<strong>do</strong>s pelo<br />
festival Publi…For<strong>do</strong>c 2005.<br />
Mónica Sofia Lopes<br />
Andreia Carvalho<br />
2º ano, Ciências da Informação<br />
torga 5
Aconteceu<br />
25 de Abril e a Comunicação Social<br />
A Revolução <strong>do</strong>s Cravos e os Media<br />
"PONTO DE ENCONTRO DOS NOSSOS DESENCONTROS"<br />
No dia 13 de Abril <strong>do</strong> ano a decorrer,<br />
teve lugar na Casa da Cultura em<br />
Coimbra, o Colóquio sobre o 25 de<br />
Abril de 1974 e a Comunicação Social,<br />
organiza<strong>do</strong> pelo Instituto Superior<br />
Miguel Torga em conjunto com quatro<br />
alunos <strong>do</strong> terceiro ano de Ciências de<br />
Informação.<br />
Este evento pôde contar com a presença<br />
<strong>do</strong> director <strong>do</strong> Instituto, Prof. Dr.<br />
Amaral Dias, os Jornalistas Dr. João<br />
Paulo Diniz e Dr. Carlos Magno e com<br />
a Presidente da Direcção <strong>do</strong> Colégio<br />
Moderno e Presidente da Fundação<br />
Pró Dignitate a Dr.ª Maria de Jesus<br />
Barroso. Por motivos profissionais Dr.<br />
Mário Soares não pode comparecer,<br />
(devi<strong>do</strong> à sua estadia em Istambul).<br />
Inician<strong>do</strong> esta palestra, o Dr. Carlos<br />
Magno, tentou partilhar a sua vivência<br />
durante o 25 de Abril,"Dia mais feliz da<br />
minha vida…transforma-nos em revolucionários<br />
para toda a vida…" de certo<br />
mo<strong>do</strong>, alertan<strong>do</strong> a juventude de<br />
hoje para a importância e simbologia<br />
que este dia inesquecível teve nas<br />
6 torga<br />
suas vidas e as mudanças que causou<br />
na sociedade em que vivemos. "Celebro<br />
o 25 de Abril to<strong>do</strong>s os dias desde<br />
há trinta anos…", esta citação revela<br />
de facto que este dia de viragem na<br />
vida política portuguesa constitui um<br />
alivio de quem nela nasceu e nela<br />
cres-ceu…"ambiente asfixiante em<br />
que vivemos…"<br />
"Não acredito que se possa celebrar<br />
e comemorar o 25 de Abril sem uma<br />
boa refrega verbal", ten<strong>do</strong> em conta o<br />
mo<strong>do</strong> como este golpe de esta<strong>do</strong><br />
ocorreu, em parte divulga<strong>do</strong> pela<br />
rádio"…o 25 de Abril é essencialmente<br />
o dia da Rádio…", onde Dr. João Paulo<br />
Diniz teve um papel relevante. Carlos<br />
Magno por sua vez afirma que o Dr.<br />
Mário Soares ao pronunciar que<br />
actualmente se não nos encontrassemos<br />
na União Europeia, já teríamos de<br />
certo sofri<strong>do</strong> um golpe de esta<strong>do</strong>. Ao<br />
declarar publicamente esta frase Mário<br />
Soares intencionalmente queria revelar<br />
que hoje em dia as revoluções e reivindicações<br />
são elaboradas, por palavras<br />
e divulga<strong>do</strong>s pelos meios de comunicação,<br />
não sen<strong>do</strong> necessário o recurso<br />
a armas, porque a oratória constitui<br />
em si uma força de oposição.<br />
"Queremos mentiras novas…", uma<br />
citação considerada a mais revolucionária<br />
<strong>do</strong>s nossos dias, efectuada por<br />
estudantes universitários que, na opinião<br />
deste interlocutor, foi a melhor<br />
desde a Revolução <strong>do</strong>s Cravos, na<br />
medida que possuía a poesia divulgada<br />
nesta altura como por exemplo:"Viva<br />
isto, seja lá o que for…".<br />
Por sua vez, o Dr. Carlos Encarnação,<br />
presidente da Câmara Municipal de<br />
Coimbra (C.M.C), que também interviu<br />
neste colóquio, partilhou a sua experiência<br />
como militar nesta revolução,<br />
"Queremos mentiras novas…"<br />
ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> na sua humilde opinião uma<br />
das épocas mais ricas da sua vida. Na<br />
sua opinião o 25 de Abril tem uma simbologia<br />
especial, na medida que lhe<br />
ensinou que"… não há nenhuma verdade<br />
oficial, não há nenhum patrono de<br />
individualidade, mas há uma liberdade<br />
para além <strong>do</strong>s patronos".<br />
"A universidade era um obstáculo à<br />
difusão <strong>do</strong>s saberes…havia acontecimentos<br />
e momentos que não podiam<br />
ser estuda<strong>do</strong>s…", ao termos conheci-
mento de citações como esta, que na<br />
realidade ocorreram na nossa história<br />
podemos analisar que esta época foi<br />
um entrave ao desenvolvimento social<br />
e histórico, quer na vida <strong>do</strong>s portugueses,<br />
quer na <strong>do</strong>s outros povos que se<br />
encontravam em pressão comunista<br />
por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Prof. Dr.<br />
José Henrique Dias, durante este perío<strong>do</strong><br />
até o direito de pensar lhes era obstruí<strong>do</strong>"…quan<strong>do</strong><br />
dizíamos "pensei", os<br />
professores perguntavam, quem lhe<br />
tinha da<strong>do</strong> o direito de pensar…".<br />
O Dr. João Paulo Diniz, também<br />
expôs a sua participação, essencial<br />
nesta revolução, contan<strong>do</strong> em parte o<br />
papel que teve de desempenhar para<br />
que este acontecimento se pudesse<br />
realizar. De acor<strong>do</strong> com o regime de<br />
decadência em que Portugal se encontrava,<br />
a Rádio permaneceu como o<br />
único meio de divulgação das intenções<br />
<strong>do</strong> Movimento das Forças<br />
Armadas (MFA), através de senhas<br />
com códigos musicais de conhecimento<br />
exclusivo destes. O 25 de Abril<br />
de 1974, não foi única e exclusivamente<br />
a primeira tentativa de derrubar<br />
o poder instituí<strong>do</strong>. No dia 16 de Março<br />
<strong>do</strong> mesmo ano, ocorreu uma tentativa<br />
para tal fim, esta já pode contar com a<br />
presença de militares que se encontravam<br />
envolvi<strong>do</strong>s no MFA, que de<br />
livre e espontânea vontade saíram <strong>do</strong><br />
quartel das Caldas da Rainha, em<br />
direcção a Lisboa. A falta de organização<br />
levou a que esta tentativa fosse<br />
em vão, ten<strong>do</strong> como fim a prisão de<br />
alguns <strong>do</strong>s organiza<strong>do</strong>res.<br />
Por sua vez no dia 22 de Abril <strong>do</strong><br />
mesmo ano, Dr. João Paulo Diniz,<br />
encontrava-se na estação de Rádio<br />
<strong>do</strong>s Emissores Associa<strong>do</strong>s de Lisboa,<br />
quan<strong>do</strong> foi aborda<strong>do</strong> por José Costa<br />
Martins, fazen<strong>do</strong>-se passar por seu<br />
amigo. Este oficial da Força Aérea<br />
marcou um lugar de encontro no<br />
Apollo 70 - actual centro comercial -<br />
onde pediu suporte para divulgar na<br />
rádio as senhas necessárias para o início<br />
<strong>do</strong> movimento.<br />
Dr. João Paulo Diniz, sempre reticente,<br />
começou a desconfiar que este<br />
pudesse ser um oficial da PIDE (Policia<br />
Internacional e de Defesa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>),<br />
a partir <strong>do</strong> momento em que este lhe<br />
pediu para passar uma das músicas<br />
censuradas - "Grân<strong>do</strong>la Vila Morena"<br />
de Zeca Afonso, o jornalista propôs<br />
que em vez desta se colocasse no ar a<br />
música - "Depois <strong>do</strong> Adeus", de Paulo<br />
de Carvalho - apresentada no festival<br />
Aconteceu<br />
Da esquerda para a direita: João Paulo Diniz, Maria de Jesus Barroso, Carlos Amaral Dias, Carlos Magno<br />
da Canção, chegan<strong>do</strong> ao consenso<br />
que esta passaria às 22:55, <strong>do</strong> dia 24<br />
de Abril de 1974, no programa priva<strong>do</strong>,<br />
Limite da Rádio Renascença. Por volta<br />
das 04:00 da manhã, foi emiti<strong>do</strong> um<br />
comunica<strong>do</strong> "…daqui Forças Armadas…"<br />
interrompen<strong>do</strong> assim a emissão<br />
com a noticia <strong>do</strong> Golpe de Esta<strong>do</strong>.<br />
Segun<strong>do</strong> o director <strong>do</strong> Instituto<br />
Superior Miguel Torga, Prof. Dr. Amaral<br />
Dias, "até ao dia 27 de Abril, não se<br />
passa nada … passa-se que há um<br />
golpe militar … não é inician<strong>do</strong> nenhum<br />
poder politico…", não estava presente<br />
no país durante este movimento que<br />
mu<strong>do</strong>u a nossa sociedade, pois encon-<br />
A nossa juventude hoje em dia sabe mais de futebol <strong>do</strong> que<br />
quem foram os grandes luta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> 25 de Abril<br />
trava-se em Angola, como Médico<br />
Militar, embora em 1969 e em 1970 se<br />
encontrasse preso por questões politicas.<br />
Por sua vez é relevante que este<br />
acontecimento realmente ocorreu apenas<br />
porque o programa no qual a senha<br />
musical foi transmitida, era de cariz priva<strong>do</strong>,<br />
tal como o instituto que dirige, o<br />
que explica que nós estudantes<br />
podemos fazer a diferença, caso esta<br />
seja necessária.<br />
Por sua vez Carlos Magno suportou<br />
esta opinião <strong>do</strong> director, porque para<br />
torga 7
Aconteceu<br />
O Presidente da Câmara Municipal de Coimbra não faltou ao encontro.<br />
si a Rádio Renascença transformou<br />
um Golpe de Esta<strong>do</strong> numa Revolução,<br />
para os Capitães de Abril.<br />
Ainda existe algum Salazarismo na<br />
nossa sociedade, mas a responsabilidade<br />
é <strong>do</strong>s professores e <strong>do</strong>s pais, por<br />
outro la<strong>do</strong> a nossa juventude hoje em<br />
dia sabe mais de futebol, por exemplo,<br />
<strong>do</strong> que quem foram os grandes luta<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong> 25 de Abril, segun<strong>do</strong> a Dr.<br />
Maria Barroso, que nesta altura era<br />
aluna de teatro. Em relação ao 25 de<br />
Abril, confessa "A minha vida é insignificante<br />
ao pé de outras…", o que nos<br />
permite perceber que muitos sacrifícios<br />
foram feitos pelos Capitães de<br />
Abril, para que hoje possamos usufruir<br />
<strong>do</strong> governo que nos lidera - a<br />
Democracia.<br />
Dr. Maria Barroso, na Revolução <strong>do</strong>s<br />
Cravos encontrava-se em Bonn, na<br />
Alemanha, com o mari<strong>do</strong>, o Dr. Mário<br />
Soares, exila<strong>do</strong> de França.<br />
"Ambiente de Claustrofobia", é a expressão<br />
que mais caracteriza o sentimento<br />
que se vivia durante o governo<br />
fascista, segun<strong>do</strong> o Dr. Carlos Magno,<br />
o que fez surgir “slogans” como acima<br />
referi, sen<strong>do</strong> esta a forma mais original<br />
de expressar as vivências e revindicações<br />
<strong>do</strong> povo, embora de certo mo<strong>do</strong><br />
anónimas, por causa das represálias<br />
que poderiam sentir.<br />
8 torga<br />
Em suma, a lição que podemos retirar<br />
destes depoimentos vivi<strong>do</strong>s pela<br />
nossa população é de que " A Democracia<br />
tem muitas coisas que tem de<br />
ser corrigidas, mas não a deixem<br />
ferir…" nós temos a liberdade de expressão<br />
em nosso poder somente temos<br />
que saber dar-lhe o uso devi<strong>do</strong>.<br />
Anabela Pato<br />
Andreia Morga<strong>do</strong><br />
André Ventura<br />
Ana Rita Silva<br />
3º ano, Ciências da Informação<br />
UM CONGRESSO SUI<br />
GENERIS<br />
Um grupo de alunas <strong>do</strong> 3º ano de<br />
Ciências de Informação organizou, no<br />
passa<strong>do</strong> mês de Janeiro um congresso<br />
fictício intitula<strong>do</strong>: I Congresso<br />
sobre a Questão Social 25 <strong>do</strong> Abril. O<br />
projecto foi realiza<strong>do</strong> pelas alunas<br />
Carla Guarda<strong>do</strong>, Carmen Palhinha,<br />
Albertina Sebastião e Maria <strong>do</strong> Céu<br />
Fânzeres, e insere-se no âmbito da<br />
disciplina de Organização de Serviços<br />
de Documentação e Arquivo, leccionada<br />
no 1º semestre, pela <strong>do</strong>cente Dr.ª<br />
Maria Assunção Pinto.<br />
A proposta tinha como objectivo<br />
que os alunos realizassem um trabalho<br />
de pesquisa, que deveria ser elabora<strong>do</strong><br />
em grupo e defendi<strong>do</strong> oralmente,<br />
sobre a temática "Conhecer o 25 de<br />
Abril". A escolha <strong>do</strong> tema teve como<br />
intuito sensibilizar os alunos para<br />
aquele que foi um importante marco<br />
histórico da sociedade portuguesa,<br />
bem como orientá-los na realização de<br />
um trabalho de investigação. A coordenação<br />
esteve a cargo da <strong>do</strong>cente da<br />
disciplina.<br />
Este tema subdividiu-se, ainda, em<br />
vários sub temas <strong>do</strong> qual se destaca<br />
"Liberdade - Transformação de
Mentalidades operadas pelo 25 de<br />
Abril", por abranger to<strong>do</strong>s os outros e<br />
por ter ti<strong>do</strong> uma apresentação oral sob<br />
a forma de um congresso ficcional, o<br />
que foi uma ideia muito invulgar e original.<br />
"A escolha deste sub tema foi motivada<br />
pelo facto de anteriormente<br />
nunca termos ti<strong>do</strong> a oportunidade de<br />
estudar aprofundadamente a questão<br />
social <strong>do</strong> pós 25 de Abril, o que considerávamos<br />
ser bastante interessante,<br />
pois somos os descendentes<br />
directos desta revolução, na medida<br />
em que tivemos o seu proveito imediato.<br />
O consenso geral <strong>do</strong> nosso grupo é<br />
que a liberdade foi uma das maiores<br />
conquistas da 'Revolução <strong>do</strong>s Cravos'."<br />
(in, "Liberdade - Transformação<br />
de Mentalidades operadas pelo 25 de<br />
Abril", p.7).<br />
Numa perspectiva sumária o trabalho<br />
escrito, - que obteve a melhor classificação<br />
(18 valores), consiste numa<br />
breve reflexão sobre o 25 Abril, o seu<br />
enquadramento histórico, uma análise<br />
sobre Portugal no Esta<strong>do</strong> Novo, os antecedentes<br />
<strong>do</strong> 25 de Abril, uma descrição<br />
pormenorizada <strong>do</strong> desenrolar<br />
<strong>do</strong>s acontecimentos no dia da revolução.<br />
A investigação incide, essencialmente,<br />
sobre as mudanças realizadas<br />
em Portugal pelo 25 de Abril,<br />
realçan<strong>do</strong> as que tiveram mais impacto<br />
- a descolonização; actividade<br />
sindical; transformação de um país<br />
ruraliza<strong>do</strong> num país em processo de<br />
expansão industrial que se prepara<br />
para CEE, actualmente União Europeia;<br />
as alterações demográficas e<br />
consequente mobilização da população;<br />
o ordenamento <strong>do</strong> território; a<br />
renovação de preocupações e políticas<br />
ambientais; as novas práticas culturais,<br />
a privatização da cultura e a<br />
evolução cultural e das mentalidades<br />
da sociedade pós 25 de Abril.<br />
Para realizar este trabalho, o grupo<br />
de alunas utilizou como técnicas de<br />
recolha de da<strong>do</strong>s a pesquisa <strong>do</strong>cumental<br />
no Centro de Documentação<br />
25 de Abril, na Biblioteca da Faculdade<br />
de Economia da Universidade de<br />
Coimbra, na Sede <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista,<br />
no espólio pessoal, em várias<br />
revistas da época e actuais que relatam<br />
e ilustram os acontecimentos e<br />
em vários sites alusivos ao tema disponíveis<br />
na Internet. Foi utilizada ainda<br />
outra forma de investigação: uma entrevista<br />
a uma testemunha de to<strong>do</strong> o<br />
processo de descolonização D. Rosa<br />
Ramísio Oliveira - nascida em Oliveira<br />
<strong>do</strong> Bairro, em 1938, modista de profissão.<br />
D. Rosa foi para Angola (bairro <strong>do</strong><br />
Balanca) com 15 anos de idade, por lá<br />
Da esquerda para a direita<br />
Carla Guarda<strong>do</strong>, Maria <strong>do</strong><br />
Céu, Rosa Oliveira,<br />
Albertina Sebastião e<br />
Carmen Palhinha<br />
Aconteceu<br />
casou e foi mãe de 4 filhos. Enviuvou<br />
precocemente aos 29 anos de idade e<br />
regressou a Portugal a 9 de Setembro<br />
de 1975.<br />
Na conclusão <strong>do</strong> trabalho escrito,<br />
este grupo de alunas reservou um espaço<br />
para dar a sua opinião crítica<br />
sobre a importância deste projecto de<br />
pesquisa no seu percurso académico:<br />
"O trabalho de investigação revelou-se<br />
bastante enriquece<strong>do</strong>r <strong>do</strong> ponto de<br />
vista cultural, aju<strong>do</strong>u-nos a compreender<br />
a importância prática de valores<br />
humanos no processo de produção<br />
científica, tais como a humildade intelectual,<br />
a auto - competitividade, curiosidade<br />
e espírito de inter - ajuda e<br />
cooperação. A realização deste trabalho<br />
servirá, com toda a certeza, para<br />
que no futuro possamos facilmente<br />
identificar os recursos necessários e<br />
aplicar as estratégias ao planeamento<br />
de um trabalho de investigação, sugeri<strong>do</strong>s<br />
pela nossa coordena<strong>do</strong>ra (Dr.ª<br />
Assunção Pinto), a outros trabalhos<br />
semelhantes ou mesmo a teses de<br />
mestra<strong>do</strong>, pós - graduação ou até de<br />
<strong>do</strong>utoramento. As estratégias mais<br />
difíceis de concretizar foram, sem<br />
sombra de dúvida, a gestão <strong>do</strong> tempo,<br />
que foi melhoran<strong>do</strong> consideravelmente,<br />
ao longo da execução <strong>do</strong> trabalho;<br />
e o estabelecimento de critérios de<br />
torga 9
Aconteceu<br />
selecção de informação para evitar situações<br />
de sobre, sub e pseu<strong>do</strong> - informação.<br />
Todavia, importa referir a<br />
importante ajuda dada pela nossa<br />
coordena<strong>do</strong>ra, nas aulas gentilmente<br />
cedidas para a orientação geral <strong>do</strong> trabalho,<br />
que inevitavelmente, passou<br />
pelo apoio na triagem <strong>do</strong> material e<br />
pela sugestão de outro tipo de material<br />
a utilizar e de possíveis locais de<br />
pesquisa".<br />
Apesar de o grupo estar satisfeito<br />
com o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> projecto escrito,<br />
havia ainda que pensar na melhor<br />
maneira de defender oralmente o trabalho<br />
de meses de pesquisa, dan<strong>do</strong> o<br />
mesmo relevo a todas as suas autoras<br />
e sem que a apresentação se tornasse<br />
maça<strong>do</strong>ra, ou se resumisse às formas<br />
mais tradicionais como o uso de acetatos<br />
ou diapositivos. Assim, numa<br />
das inúmeras reuniões de grupo surgiu<br />
a ideia de fazer uma apresentação oral<br />
sob a forma de um congresso fictício<br />
onde o material a expor surgiria de<br />
uma forma muito natural, enquadra<strong>do</strong><br />
no contexto de debate sobre a<br />
"Questão Social <strong>do</strong> 25 de Abril",<br />
seguin<strong>do</strong> o modelo e estrutura <strong>do</strong> VIII<br />
congresso Luso - Afro - Brasileiro de<br />
Ciências Sociais, intitula<strong>do</strong> "A questão<br />
Social <strong>do</strong> Novo Milénio" realiza<strong>do</strong> em<br />
Coimbra em Setembro de 2004 (onde<br />
um <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong> grupo tinha si<strong>do</strong><br />
congressista). A ideia começou a tomar<br />
forma à medida que o guião e o<br />
programa foram elabora<strong>do</strong>s, pois<br />
neles constavam as "falas" e as profissões<br />
fictícias das protagonistas. Para<br />
melhor ilustrar o que aconteceu no dia<br />
27 de Janeiro de 2005 cita-se mais à<br />
direita o programa:<br />
Toda a apresentação foi cuida<strong>do</strong>samente<br />
ensaiada para que nenhum pormenor<br />
fosse descura<strong>do</strong>, tais como o<br />
cenário, os porta nomes, as garrafas<br />
de água, os crachás, o cartaz informativo,<br />
o arranjo de cravos, os timings<br />
das intervenções e muitos outros!<br />
O grupo quis ir ainda mais longe e foi,<br />
então, com o intuito de corresponder<br />
10 torga<br />
às expectativas da sua coordena<strong>do</strong>ra,<br />
que era o de publicar os melhores<br />
trabalhos, que resolveu pedir autorização<br />
à Mestre Sofia Figueire<strong>do</strong>, Presidente<br />
<strong>do</strong> Conselho Pedagógico e<br />
<strong>Director</strong>a Executiva <strong>do</strong> Curso de<br />
Licenciatura em Ciências da Informação,<br />
para filmar esta apresentação,<br />
a qual, não só concor<strong>do</strong>u, como<br />
tomou, de imediato, todas as medidas<br />
necessárias para atender a este pedi<strong>do</strong>.<br />
Após a apresentação oral <strong>do</strong> trabalho<br />
e mediante o entusiasmo da Dr.ª<br />
Assunção este grupo de alunas contactou<br />
com a Dr.ª Inês Amaral, <strong>do</strong>cente<br />
<strong>do</strong> ISMT e directora <strong>do</strong> Webjornal,<br />
a qual demonstrou interesse em<br />
publicar o trabalho em versão electrónica,<br />
na secção da Webteca (Biblioteca<br />
Online de investigação académica),<br />
que em breve irá conter trabalhos<br />
realiza<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>centes e alunos de<br />
to<strong>do</strong>s os cursos lecciona<strong>do</strong>s no ISMT.<br />
A Webteca é apenas um <strong>do</strong>s projectos<br />
<strong>do</strong> Ciberlab, laboratório de comunicação<br />
online (disponível em http://<br />
www.ciberlab.net). O ciberlab engloba,<br />
ainda, o Webjornal (a funcionar regularmente<br />
em http://webjornal.ciberlab.net),<br />
a Webtv, a Webrádio, Revista<br />
Interacções e Boletim Informativo<br />
(projecto em fase de estu<strong>do</strong> e concepção<br />
técnica).<br />
Esta iniciativa rompeu com os méto<strong>do</strong>s<br />
tradicionais de defesa oral de trabalhos,<br />
mostran<strong>do</strong> que também é possível<br />
ter bons resulta<strong>do</strong>s alian<strong>do</strong> uma<br />
produção intelectual teórica qualificada<br />
ao espírito criativo.<br />
Carla Guarda<strong>do</strong><br />
Albertina Sebastião<br />
3º ano de Ciências de Informação<br />
Programa <strong>do</strong>: I Congresso sobre a Questão<br />
Social 25 <strong>do</strong> Abril (Congresso fictício)<br />
27 de Janeiro de 2005, quinta feira<br />
11.00h A descolonização em Portugal. Maria <strong>do</strong><br />
céu (Jornalista RTP)<br />
11.05h Debate<br />
11.10h Portugal rural e sua evolução demográfica,<br />
no pós 25 de Abril. Carmen Palhinha (Prof. de<br />
História da Universidade de Coimbra e investiga<strong>do</strong>ra<br />
<strong>do</strong> tema 25 de Abri)<br />
11.15h Debate<br />
11.20h - 11.30h<br />
1. A Acção sindical em Portugal - A<br />
Movimentação Social depois da Revolução<br />
2. As conquistas da política ambiental depois <strong>do</strong><br />
25 de Abril<br />
Maria Albertina (Dirigente sindical e membro da<br />
Associação Nacional de Conservação da<br />
Natureza/ Quercus)<br />
11. 30h Debate<br />
11.35h - 11.45h<br />
1. As práticas culturais<br />
2. A evolução cultural e das mentalidades da<br />
sociedade portuguesa pós - 25 de Abril<br />
Carla Guarda<strong>do</strong> (Socióloga e investiga<strong>do</strong>ra da<br />
sociedade pós 25 de Abril na Faculdade de<br />
Economia da Universidade de Coimbra)<br />
11.45h Debate<br />
11.50h Entrevista colectiva a Dª. Rosa Oliveira<br />
(vítima da descolonização <strong>do</strong> 25 de Abril)
Em 1º plano Carlos Amaral Dias, em 2º plano Ana Cristina Abreu<br />
AMARAL DIAS - SCRIPTA VARIA<br />
Ler Amaral Dias implica que aceitemos que a análise nos inicia num jogo de linguagem<br />
que é também, na sua dimensão terapêutica, uma forma de vida. Há<br />
neste processo uma deslocação por vezes tão insólita que não podemos deixar<br />
de sorrir perante o mo<strong>do</strong> como se dá o salto <strong>do</strong> idioma político para o idioma<br />
analítico. (...) Mas de tais coerências não interessa pedir contas se nestes gestos<br />
interpretativos sempre arrisca<strong>do</strong>s entendemos melhor o que paralisa e o que, no<br />
cinzento neurótico <strong>do</strong> quotidiano, nos reconforta e euforiza. O livro de Amaral<br />
Dias tem este tónus que nos contagia e que nos faz pôr de la<strong>do</strong> eventuais discordâncias<br />
de pormenor. Lê-lo e prolongá-lo em nós pode ser uma experiência<br />
única no quadro <strong>do</strong> pensamento português. E o que está em jogo não são apenas<br />
as ideias ou a cena política mas a possibilidade que nos é dada de vivermos<br />
mais, de uma forma mais livre, mais passional e intensa.<br />
Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> Coelho (Um Psicanalista no Expresso <strong>do</strong> Ocidente, Temas & Debates, 2003)<br />
A exposição "AMARAL DIAS - SCRIPTA VARIA" foi inaugurada no passa<strong>do</strong> dia<br />
20 de Abril na Biblioteca <strong>do</strong> ISMT. A "casa" estava cheia para homenagear o autor.<br />
A ideia de organizar uma Exposição Bibliográfica partiu de uma base muito simples<br />
que é a intervenção cultural e pedagógica que uma biblioteca universitária<br />
pode e deve ter junto da comunidade estudantil e <strong>do</strong>cente. É uma mais valia para<br />
um aluno poder ver de uma só vez, num só local e disposta de forma organizada<br />
(seja de forma cronológica, ou temática, ou ainda na reunião de nichos de interesse<br />
que as obras apresentem) a produção científica de um investiga<strong>do</strong>r, que neste<br />
caso, mas só por acaso, é <strong>Director</strong> <strong>do</strong> ISMT, explicou a Dr.ª Ana Cristina Abreu,<br />
responsável pela Biblioteca e pela organização da exposição.<br />
Desde que começou a ser pensada até à sua inauguração passaram vários<br />
meses de intenso trabalho, dedicação e algumas tentativas falhadas na reunião da<br />
obra completa <strong>do</strong> autor. A Dr.ª Ana Cristina Abreu explicou como correu to<strong>do</strong> este<br />
processo. O tempo que mediou a concepção da ideia e a sua concretização foi de<br />
seis meses. Surge, em Outubro de 2004, a ideia de se produzir algum evento na<br />
Biblioteca e organiza<strong>do</strong> pela Biblioteca, pois até ali não tinha havi<strong>do</strong> nenhuma<br />
Aconteceu<br />
Perfil <strong>do</strong> Autor:<br />
Carlos Augusto Amaral Dias nasceu<br />
em Coimbra em 1947.<br />
Estu<strong>do</strong>u Medicina, ten<strong>do</strong> sempre<br />
como objectivo a vertente da<br />
Psiquiatria.<br />
É Professor Agrega<strong>do</strong> em Psicologia<br />
e em Medicina, grau académico<br />
mais alto da carreira universitária.<br />
É membro de várias associações de<br />
Psicanálise nacionais e estrangeiras.<br />
Exerce Psiquiatria e é <strong>Director</strong> <strong>do</strong><br />
Instituto Superior Miguel Torga.<br />
O seu mestre de eleição FREUD.<br />
Escreve uma Crónica no<br />
INDEPENDENTE e no DIÁRIO DE<br />
COIMBRA, e faz o Programa de<br />
Rádio "Alma Nostra" e também uma<br />
Crónica, na ANTENA I.<br />
Autor de uma vasta obra que se<br />
estende pelas áreas da Psicanálise,<br />
da Psiquiatria, da<br />
Toxicodependência, da Cultura e <strong>do</strong><br />
Quotidiano.<br />
torga 11
Aconteceu<br />
iniciativa por parte desse serviço, e<br />
pensámos que chegara a hora de darmos<br />
"um ar da nossa graça".<br />
Tentou-se por várias formas reunir a<br />
obra completa <strong>do</strong> autor, mas foram<br />
sain<strong>do</strong> logradas as tentativas, nomeadamente<br />
um empréstimo solicita<strong>do</strong> à<br />
Biblioteca Nacional detentora de um<br />
número razoável de artigos em revistas,<br />
e pelo orçamento exorbitante<br />
12 torga<br />
apresenta<strong>do</strong> para o empréstimo das<br />
obras, que melhor será dizer "aluguer",<br />
não foi de to<strong>do</strong> possível essa aquisição.<br />
Outra tentativa falhada, foi a<br />
aquisição através da compra de obras,<br />
mas muitas delas estão com as edições<br />
esgotadas.<br />
To<strong>do</strong> este processo com incertezas<br />
quanto à reunião <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumental,<br />
foi a razão <strong>do</strong> adiamento da<br />
Exposição, inicialmente agendada<br />
para o mês de Janeiro de 2005.<br />
Amaral Dias justificou de per si a<br />
escolha para a Exposição. A Biblioteca<br />
precisava de um autor com um conjunto<br />
de publicações que constituísse<br />
um fun<strong>do</strong> interessante, actual e científico<br />
para expor, e esse facto alia<strong>do</strong> à<br />
figura pública que ele próprio é, construída<br />
com o trabalho que desempenha<br />
enquanto psicanalista e cidadão<br />
crítico, apostámos em como seria uma<br />
óptima escolha, afirmou a Dr. a Ana<br />
Cristina Abreu.<br />
Outro aspecto de extrema importância<br />
a referir, é o espírito de equipa que<br />
algumas pessoas possuem nesta instituição<br />
e que não olharam a meios para<br />
solucionar problemas e contornar dificuldades,<br />
de mo<strong>do</strong> a levar a bom<br />
porto a iniciativa. É nesse espírito de<br />
"Vestir a Camisola" que muitas pessoas<br />
trabalham no ISMT. E, enquanto<br />
Organiza<strong>do</strong>res, isso agra<strong>do</strong>u-nos<br />
imenso, concluiu.<br />
Andrea Marques<br />
Filipe Casaleiro (Fotos)
Mestra<strong>do</strong>s<br />
Através da Escola Superior de Altos Estu<strong>do</strong>s, o ISMT oferece também a possibilidade<br />
de progredir na sua carreira profissional e académica ao escolher um<br />
<strong>do</strong>s cursos de Mestra<strong>do</strong> que lecciona:<br />
O Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico visa a formação pós-graduada de<br />
profissionais que trabalham no âmbito da Saúde Mental, promoven<strong>do</strong> uma estrutura<br />
teórica de referência e simultaneamente uma orientação para os problemas<br />
e tácticas ajustadas que devem ser a<strong>do</strong>ptadas. É objectivo específico <strong>do</strong><br />
Mestra<strong>do</strong> fomentar competências técnicas de intervenção grupal e individual no<br />
âmbito <strong>do</strong> aconselhamento dinâmico.<br />
O Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais visa a formação pós-graduada de<br />
profissionais que, trabalhan<strong>do</strong> no âmbito da Acção Social, intervêm na interface<br />
família/sistemas sociais.<br />
O Mestra<strong>do</strong> em Serviço Social tem como principais objectivos: qualificar e<br />
capacitar, no âmbito da pós-graduação para a investigação, a intervenção<br />
profissional e a <strong>do</strong>cência em Serviço Social; desenvolver a capacidade de estu<strong>do</strong><br />
e investigação no que respeita aos conhecimentos e acções desenvolvi<strong>do</strong>s<br />
pelo Serviço Social face às exigências emergentes da sociedade e às políticas<br />
sociais e aos seus impactes sobre a população; desenvolver a capacidade crítica<br />
e criativa da prática profissional, aliada à investigação tendente à elaboração<br />
de propostas alternativas e propiciar condições para o debate e a produção <strong>do</strong><br />
conhecimento em Serviço Social.<br />
O Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da Saúde visa a formação pós-graduada de<br />
profissionais que trabalham no âmbito da Saúde. Tem si<strong>do</strong> um curso muito<br />
procura<strong>do</strong> por profissionais a trabalhar em diversos sectores da saúde que<br />
entender ter aqui não só uma oportunidade de evolução pessoal e académica,<br />
mas também um impulso na sua capacidade de progressão na carreira.<br />
O Mestra<strong>do</strong> em Toxicodependência e Patologias Psicossociais pretende oferecer<br />
formação específica individualizada aos profissionais licencia<strong>do</strong>s que desenvolvam,<br />
ou venham a desenvolver actividades no âmbito da Toxicodependência<br />
e Patologias Psicossociais. É objectivo específico <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> desenvolver<br />
competências para a aplicação de técnicas de intervenção individual e grupal na<br />
área das toxicodependências e das patologias psicossociais.
SER SOLIDÁRIO
Ser Solidário<br />
SEM ESQUECER A CIDADANIA<br />
A Solidariedade é uma característica<br />
que deveria ser intrínseca a qualquer<br />
ser Humano. Ser Solidário com o familiar,<br />
o amigo, o vizinho, o transeunte, o<br />
outro (mesmo que esteja longe) deveria<br />
ser uma atitude presente no nosso<br />
quotidiano. No entanto, essa solidariedade<br />
não poderá sobrepor-se a cidadania,<br />
não poderá ser um substituto<br />
<strong>do</strong>s direitos sociais nem desresponsabilizar<br />
os Esta<strong>do</strong>s no desenvolvimento<br />
das diferentes medidas de politicas<br />
sociais….<br />
A Lei de Bases <strong>do</strong> sistema de<br />
Segurança Social (Lei n.º 32/2002) consagra<br />
que "to<strong>do</strong>s têm direito à segurança<br />
social" (art.2º). Apresentan<strong>do</strong> os<br />
diversos objectivos <strong>do</strong> sistema <strong>do</strong>s<br />
quais destaco a alinha d): "proteger as<br />
pessoas que se encontrem em situação<br />
de falta ou diminuição de meios de subsistência"<br />
(art.4º). Para a concretização<br />
<strong>do</strong>s seus objectivos a segurança social<br />
subdivide-se em vários sistemas. Ao<br />
Sistema de Acção Social compete-lhe<br />
a "prevenção e reparação de situações<br />
de carência e desigualdade socioeconómica,<br />
de dependência, de disfunção,<br />
exclusão ou vulnerabilidade<br />
sociais, bem como a integração e promoção<br />
comunitária das pessoas<br />
e o desenvolvi-<br />
mento das respectivas<br />
capacidades", deverá ainda<br />
"assegurar especial protecção aos grupos<br />
mais vulneráveis, (…), bem como a<br />
outras pessoas em situação de carência<br />
económica ou social, disfunção ou marginalização<br />
social (…)" (artº 84º). Ainda<br />
no que diz respeito as medidas de<br />
combate a pobreza e exclusão social<br />
16 torga<br />
gostaria de destacar o RSI: uma<br />
prestação pecuniária e um programa de<br />
inserção que pretendem "conferir às<br />
pessoas e aos seus agrega<strong>do</strong>s familiares<br />
apoios adapta<strong>do</strong>s à sua situação<br />
pessoal, que contribuam para a satisfação<br />
das suas necessidades essenciais<br />
e que favoreçam a sua progressiva<br />
inserção laboral, social e comunitária"<br />
(Lei n.º 13/2003).<br />
Pelo exposto, poderá considerar-se<br />
que sempre que exista um individuo e/<br />
ou família numa situação de precariedade<br />
sócio-económica as instituições/organizações<br />
responsáveis deverão<br />
accionar os mecanismos para<br />
pôr em pratica as medidas necessárias<br />
para reparar e/ou resolver essa<br />
mesma situação. Apesar disso, frequentemente<br />
os diversos meios de<br />
comunicação apresentam situações<br />
de famílias a viver sem as condições<br />
mínimas (básicas) de subsistência,<br />
muitas vezes em condições sub-humanas.<br />
Nestas situações apela-se a<br />
solidariedade <strong>do</strong>s cidadãos que, regra<br />
geral, prontamente respondem oferen<strong>do</strong><br />
(muitas vezes com<br />
esforço) alimentos,<br />
brinque<strong>do</strong>s,<br />
cobertores, etc.<br />
Esta solução apresenta-se<br />
para a família em situação de precariedade<br />
como a "bóia de salvação",<br />
já que por algum tempo poderão fazer<br />
face as suas necessidades diárias,<br />
mas não resolve o problema. Trata-se<br />
de uma resposta de curta duração que<br />
não deverá ser apresentada como<br />
sen<strong>do</strong> a solução necessária mas apenas<br />
como o primeiro passo para to<strong>do</strong>s<br />
exigir-mos que o Esta<strong>do</strong> cumpra as<br />
suas obrigações, quer de forma direc-<br />
ta, quer através das diversas instituições<br />
privadas sem fins lucrativos que<br />
com ele efectuam acor<strong>do</strong>s de cooperação.<br />
Embora os bens ofereci<strong>do</strong>s<br />
pelos cidadãos sejam de facto importantes<br />
nessas situações a acção de<br />
cada um não pode ficar pela dádiva,<br />
sob o risco da solidariedade servir de<br />
"almofada" para as falhas (graves) na<br />
concretização <strong>do</strong>s direitos sociais e<br />
como desculpa para os diversos governos<br />
manterem a acção social como<br />
uma resposta pontual e precária, com<br />
uma função residual. Esta atitude permite<br />
ao Esta<strong>do</strong> demitir-se <strong>do</strong> atendimento<br />
à população em situação de<br />
vulnerabilidade o que perpetua (e<br />
acentua) os processos de exclusão<br />
social.<br />
Pela centralidade que o Assistente<br />
Social assume no desenvolvimento da<br />
Acção Social e <strong>do</strong> RSI e pelo facto de<br />
comummente se associar<br />
o Serviço Social a<br />
ideia de missão solidária<br />
não<br />
poderia<br />
deixar de aqui<br />
expor que considero que o<br />
Assistente Social deverá ser tão<br />
solidário como qualquer outro cidadão,<br />
ou seja, não se trata de um profissional<br />
cuja capacidade dependa da<br />
sua bondade. Exige-se que este profissional<br />
desenvolva acções com um<br />
cariz educativo, comunitário e promocional<br />
com o objectivo da efectivação<br />
prática da cidadania, o que só conseguirá<br />
se possuir um conjunto de conhecimentos<br />
teóricos e técnico-operativos.<br />
Conhecimentos que lhe permitem,<br />
quer a operacionalização de uma<br />
série de estratégias de intervenção<br />
para o desenvolvimento das medidas
de politica social, quer a capacidade<br />
de propor e implementar adequadas e<br />
novas medidas de acção. Se acrescentarmos<br />
o facto de a acção social<br />
integrar formas de regulação social,<br />
bem como permitir espaços de exercício<br />
de poder por parte <strong>do</strong> técnico<br />
(como sejam na responsabilidade<br />
quase única que o assistente social<br />
assume na triagem da população,<br />
nos apoios a prestar, na manutenção<br />
da intervenção, etc) então torna-se<br />
essencial uma formação de base<br />
capaz de dar a estes profissionais a<br />
capacidade de compreensão das<br />
diversas relações de poder e um<br />
"instrumental operativo para captar<br />
as relações e elaborar estratégias<br />
que constituem o campo de uma<br />
profissão de intervenção social na<br />
constante relação teoria / pratica"<br />
(Faleiros, 1999:41)<br />
Em Portugal os constrangimentosfinanceiros,<br />
as alterações no<br />
sistema de segurança<br />
social ten<strong>do</strong> em<br />
conta orientações politica e não<br />
a lógica <strong>do</strong> sistema, a incongruências<br />
<strong>do</strong>s diplomas legais na<br />
área da acção social, tem afasta<strong>do</strong><br />
a acção social <strong>do</strong> seu enquadramento<br />
na área <strong>do</strong>s direitos sociais.<br />
Cada vez mais a "precariedade e provisoriedade<br />
das suas resposta acentua-se<br />
parecen<strong>do</strong> terem subjacentes<br />
mais uma lógica da <strong>do</strong>ação <strong>do</strong> que de<br />
direito" (Rodrigues; Figueira, 2003: 25).<br />
Cabe, assim, a cada um de nós, e em<br />
especial aos profissionais da área social,<br />
ser solidário mas uma solidariedade<br />
responsável que não substitua os direitos<br />
sociais que não permita a desresponsabilização<br />
e demissão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
Jacqueline Marques<br />
Gramaticalmente,<br />
a palavra solidariedade<br />
é classificada<br />
como um substantivo,<br />
e substantivos<br />
servem para indicar<br />
os seres, os conceitos<br />
e os actos. Daí,<br />
que a solidariedade<br />
possa ser entendida<br />
como uma atitude, uma<br />
formulação de princípios<br />
ou padrões de conduta<br />
nortea<strong>do</strong>res da convivência<br />
social.<br />
Apreender a solidariedade<br />
obriga a olhar o mun<strong>do</strong> que<br />
nos rodeia de forma reflexiva,<br />
para assumirmos as<br />
identidades e as diferenças,<br />
a pluralidade de pertença<br />
e o senti<strong>do</strong> de uma<br />
participação social efectiva.<br />
Nesse âmbito, a solidariedade<br />
é um exercício de educação,<br />
formação e reflexão<br />
crítica permanente. Ser solidário<br />
implica, por isso, ser responsável.<br />
A solidariedade pode ocorrer num<br />
acto de participação altruísta, mas a<br />
sua efectiva concretização, como<br />
valor ético de excelência, protagonizase<br />
na arena <strong>do</strong>s direitos e da cidadania.<br />
Nesse senti<strong>do</strong> ganha especial<br />
relevo a noção de dever de solidariedade,<br />
à qual subjaz a possibilidade de<br />
tornar as trocas e cooperações interpessoais,<br />
factores de ampliação de<br />
direitos.<br />
Ao valorizar a nossa responsabilidade<br />
para com os outros, a solidariedade<br />
pode constituir-se em ligação estável<br />
e imprescindível entre a autonomia da<br />
esfera individual e a liberdade efectiva<br />
da participação humana.<br />
A solidariedade só deixará de ser um<br />
REFLECTIR A SOLIDARIEDADE<br />
COMO UM VALOR ÉTICO<br />
Ser Solidário<br />
"sonho", um desejo que se quer ver<br />
concretiza<strong>do</strong>, se forem criadas condições<br />
objectivas para o seu exercício. E<br />
esse desiderato, implica o cruzamento<br />
efectivo com os factores críticos,<br />
sócio-económicos e culturais, que<br />
potenciam ou restringem o seu exercício,<br />
sob pena <strong>do</strong> comodismo autista<br />
destruir a capacidade cívica da participação<br />
humana.<br />
Educar para a solidariedade é fundamentar<br />
os valores sociais que permitam<br />
agir em prol <strong>do</strong> comum e <strong>do</strong> diferente,<br />
num contexto mais amplo de<br />
justiça social, equidade e cidadania.<br />
A solidariedade é um <strong>do</strong>s caminhos<br />
para a partilha, uma forma de relação<br />
social, provavelmente, a que mais gera<br />
valores e amplia a liberdade humana.<br />
Por isso, promover a solidariedade implica<br />
que a tarefa educativa fundamental<br />
seja educar para a liberdade.<br />
Assim, poderemos de facto ultrapassar<br />
as contradições ainda presentes<br />
na nossa sociedade, fazen<strong>do</strong>nos<br />
mais humanos, mais justos, mais<br />
solidários e mais livres, se atingirmos o<br />
<strong>do</strong>mínio da reflexão consciente sobre<br />
os valores que pairam no nosso quotidiano.<br />
Estou certa de que o valor ético da<br />
solidariedade é aquele que nos fornece<br />
a força para a superação da maioria<br />
<strong>do</strong>s problemas relaciona<strong>do</strong>s com a defesa<br />
<strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong> homem, e, nesse<br />
senti<strong>do</strong>, devemos a to<strong>do</strong> momento repeti-lo<br />
e reiterá-lo para que possamos<br />
superar os ímpetos bárbaros e individualistas<br />
tantas vezes presentes na<br />
forma de vida hodierna.<br />
Rosa da Primavera<br />
torga 17
Ser Solidário<br />
Num cenário de pós-modernidade, caracteriza<strong>do</strong>, de acor<strong>do</strong> com<br />
Gergen (1991), por uma multifrenia, multivocalidade, multiculturalidade<br />
e processos acelera<strong>do</strong>s de transformação, a necessidade de construir<br />
múltiplas versões da realidade assume-se como um imperativo.<br />
Neste senti<strong>do</strong>, este pequeno texto não possui qualquer pretensão de<br />
encerrar uma realidade singular e objectiva, externa a quem dedilha o<br />
tecla<strong>do</strong>. Surge sim como a construção da significação da experiência<br />
através <strong>do</strong> discurso narrativo.<br />
Estava um dia soalheiro, as pombas<br />
iam e vinham na Praça 8 de Maio, antigo<br />
Largo de Sansão. Porque será que<br />
lhe mudaram o nome? Se calhar porque<br />
algo de muito importante aconteceu<br />
num qualquer 8 de Maio e era preciso<br />
assinalar a data. Para o efeito não<br />
é relevante. Tinha acaba<strong>do</strong> de saborear<br />
um café na Esplanada <strong>do</strong> Café<br />
Santa Cruz. Um <strong>do</strong>s poucos que se<br />
mantém em Coimbra. Uma Coimbra de<br />
tertúlias, de tardes de estu<strong>do</strong> no fumo<br />
<strong>do</strong>s cafés. Está um pouco diferente e<br />
não pensem que é sau<strong>do</strong>sismo. Não, é<br />
apenas a constatação da constante<br />
mudança, cada vez mais acelerada e<br />
que por vezes nos tolhe o pensamento,<br />
nos empurra para um dia-a-dia com<br />
agendas apinhadas. As palavras são<br />
mesmo como as cerejas. Tinha acaba<strong>do</strong><br />
de saborear um café no Santa Cruz<br />
e dirigia-me para a Praça da República.<br />
Era um <strong>do</strong>s raros dias em que não<br />
tinha pressa. É curioso como nestes o<br />
tempo escorre mais devagar, como se<br />
se espraiasse para nos deixar apreciar<br />
a coreografia <strong>do</strong> vento, as vozes das<br />
pessoas, o sabor <strong>do</strong>s colori<strong>do</strong>s<br />
18 torga<br />
urbanos. Não me recor<strong>do</strong> em que pensava<br />
no momento, provavelmente<br />
aproveitava para espreitar os topos<br />
<strong>do</strong>s edifícios. Quan<strong>do</strong> tenho tempo,<br />
entretenho-me com esta descoberta<br />
de nichos, azulejos e detalhes arquitectónicos<br />
que não sei apelidar. A dada<br />
altura, uma voz macia e cheia, de<br />
quem teria uma vida para contar, trazme<br />
de novo para o bulício e diz-me: "A<br />
menina desculpe, mas será que me<br />
podia ajudar e pôr-me estas gotas nos<br />
olhos? Sabe, é para as cataratas! O<br />
senhor <strong>do</strong>utor diz que as gotas as<br />
afastam e na minha idade, ficar cega é<br />
morrer." Confesso que a princípio senti<br />
alguma perplexidade, nunca me tinham<br />
feito semelhante pedi<strong>do</strong>, mas ao<br />
mesmo tempo não hesitei. Tratava-se<br />
afinal de um gesto simples, premir um<br />
pequeno frasco e deixar verter uma<br />
gota. Em contrapartida, o "Obrigada,<br />
menina! Vá com Deus!" foi muito mais<br />
que um simples obrigada.<br />
O outro, apesar de externo a nós,<br />
permite-nos o ser. Apenas somos na<br />
relação com os outros. É esta que nos<br />
confere uma identidade, una e única,<br />
são os outros da nossa vida que nos<br />
tocam por dentro, que nos fazem sentir<br />
e nós precisamos de sentir. Assim,<br />
também nós somos o outro de alguém<br />
e esta partilha, esta complementaridade<br />
é de um valor incalculável, confere-nos<br />
um sal<strong>do</strong> milionário no banco<br />
das emoções.<br />
Ao olhar em re<strong>do</strong>r, é por vezes difícil<br />
parar e reflectir qual poderá ser o<br />
nosso contributo, mas um minuto apenas<br />
pode bastar para ser solidário,<br />
depende de como construímos a ideia<br />
de solidariedade.<br />
Ser solidário pode ser um "Bom Dia"<br />
nas escadas <strong>do</strong> prédio, pode ser ouvir<br />
um amigo, pode ser separar as embalagens<br />
e contribuir para melhorar a<br />
qualidade <strong>do</strong> ambiente… Pode ser<br />
participar numa campanha de angariação<br />
de fun<strong>do</strong>s, deixar uma sugestão na<br />
caixinha <strong>do</strong> Centro de Saúde… Pode<br />
ser partir para um país em guerra ou<br />
vítima de uma catástrofe natural…<br />
É verdade que existem discrepâncias,<br />
temos solidão, pobreza, violência,<br />
mas também temos amor, compreensão,<br />
tolerância e, sobretu<strong>do</strong>,<br />
temos a capacidade de dar. Afinal os<br />
afectos não custam dinheiro e são no<br />
fun<strong>do</strong> a nossa forma de nos comprometermos<br />
com as pessoas. Além<br />
disso, têm esta extraordinária característica<br />
de reciprocidade. Quem os recebe,<br />
multiplica-os e dá novos.<br />
Antes de vos deixar, (esperan<strong>do</strong> que<br />
estas parcas palavras ecoem por algum<br />
tempo e façam nascer outras),<br />
não resisto a partilhar convosco um<br />
pequeno poema com que Mia Couto<br />
nos presenteia no seu livro "A Chuva<br />
Pasmada":<br />
Ante o frio,<br />
faz com o coração<br />
o contrário <strong>do</strong> que fazes com o corpo:<br />
despe-o.<br />
quanto mais nu,<br />
mais ele encontrará o único agasalho possível<br />
- um outro coração.<br />
Ana Galhar<strong>do</strong>
SOFTWARE OPEN SOURCE ALTRUÍSMO INFORMÁTICO?<br />
O open source é um conceito muito<br />
conheci<strong>do</strong> nos meios académico e de<br />
investigação e desenvolvimento (I&D),<br />
desde há longo tempo. Departamentos<br />
universitários das áreas das ciências<br />
computacionais e de comunicação<br />
de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> não hesitam em<br />
escolher sistemas abertos e gratuitos<br />
(sen<strong>do</strong> os sistemas Linux e FreeBSD<br />
muito representativos nesta área)<br />
como base <strong>do</strong> seu trabalho de estu<strong>do</strong>,<br />
investigação e desenvolvimento, atenden<strong>do</strong><br />
às características únicas de<br />
disponibilidade e de maturidade destes<br />
sistemas. Sem limitações, podem<br />
analisar ao pormenor o esqueleto <strong>do</strong>s<br />
sistemas operativos e de programas<br />
aplicacionais; detectar pontos de potencial<br />
melhoria; especificar e sugerir<br />
alterações ou acréscimos às funcionalidades<br />
existentes (patches); participar<br />
em listas de discussão electrónicas;<br />
integrar equipas de desenvolvimento<br />
distribuídas pelo globo; participar em<br />
conferências de especialidade; e, não<br />
menos importante, dar visibilidade ao<br />
projecto, ao grupo de investigação, ao<br />
departamento e à universidade ou<br />
instituição de I&D.<br />
Assim sen<strong>do</strong>, uma das<br />
grandes contribuições para a<br />
causa <strong>do</strong> open source é o<br />
meio académico. Atrevernos-emos<br />
a pensar que é<br />
uma troca justa a que se dá<br />
neste meio. O open source permite,<br />
muitas vezes, o primeiro contacto <strong>do</strong>s<br />
estudantes com o interior <strong>do</strong>s sistemas<br />
operativos e das aplicações, e<br />
pode ser a única maneira de um laboratório<br />
poder prosseguir os seus projectos<br />
com custos reduzi<strong>do</strong>s, atenden<strong>do</strong><br />
a que sistemas operativos, compila<strong>do</strong>res,<br />
ferramentas de geração e<br />
monitorização de tráfego, motores de<br />
bases de da<strong>do</strong>s, editores de texto,<br />
servi<strong>do</strong>res web, e um infindável rol de<br />
mecanismos e aplicações open source<br />
estão disponíveis à distância de um<br />
clique, através de um <strong>do</strong>wnload gratuito.<br />
O meio académico retribui com o<br />
avanço de novos algoritmos e de<br />
novas tecnologias, resulta<strong>do</strong>, muitas<br />
vezes, <strong>do</strong> entusiástico altruísmo de<br />
muitos investiga<strong>do</strong>res e chefes de<br />
departamento que dedicam todas as<br />
suas energias à causa nobre de contribuir<br />
para um mun<strong>do</strong> melhor, outras<br />
vezes, "apenas" <strong>do</strong> profissionalismo e<br />
da excelência de unidades de investigação<br />
espalhadas pelo mun<strong>do</strong>.<br />
Exemplos não faltam, poden<strong>do</strong> ser<br />
destaca<strong>do</strong>s os projectos GNU e X11<br />
<strong>do</strong> MIT, o sistema FreeBSD da<br />
Universidade de Berkeley e o sistema<br />
Linux, inicia<strong>do</strong> na Universidade de<br />
Helsínquia.<br />
Não completamente desligada <strong>do</strong><br />
meio académico, surge a segunda<br />
vaga de contribuintes para a causa <strong>do</strong><br />
open source, os apaixona<strong>do</strong>s pela<br />
programação, geeks, hackers, ou<br />
fanáticos pela informática. Frequentemente,<br />
são estudantes de universidades<br />
tecnológicas ou jovens funcionários<br />
de empresas e instituições com<br />
vertente de I&D, que, nas horas vagas,<br />
se dedicam de corpo e alma a esquartejar<br />
o código de aplicações e sistemas,<br />
conhecen<strong>do</strong> os sistemas operativos<br />
e as aplicações como ninguém, e<br />
desenvolven<strong>do</strong> novos algoritmos e<br />
"patches" ao sistema. São, normalmente,<br />
estas pessoas que respondem<br />
Ser Solidário<br />
nas listas temáticas electrónicas, e<br />
normalmente fazem-no de forma sistemática<br />
e de forma desinteressada.<br />
São as almas das listas. Formam os<br />
novatos na área, dão formação gratuita,<br />
muitas vezes, a técnicos e quadros<br />
de empresas comerciais que utilizam o<br />
open source nos produtos proprietários<br />
que desenvolvem e comercializam.<br />
A haver altruísmo informático no<br />
open source, penso que será neste grupo<br />
de contribuintes. Altruísmo no senti<strong>do</strong><br />
em que não esperam receber nada<br />
em troca <strong>do</strong> seu trabalho intelectual, a<br />
não ser, talvez, o reconhecimento da<br />
comunidade, a satisfação de verem o<br />
seu trabalho imediatamente aplica<strong>do</strong> e<br />
dissemina<strong>do</strong> por milhões de utiliza<strong>do</strong>res,<br />
e a satisfação de se sentirem uma<br />
parte importante da engrenagem que é<br />
a construção colectiva <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
open source. Uma pequena parte<br />
destes altruistas cibernáuticos acabam<br />
por ser recompensa<strong>do</strong>s mais<br />
tarde, graças à visibilidade que obtiveram<br />
por mérito próprio, sen<strong>do</strong> convida<strong>do</strong>s<br />
a apresentar workshops em<br />
conferências de topo, ou mesmo convida<strong>do</strong>s<br />
a ocupar cargos em empresas<br />
tecnológicas ou instituições<br />
de I&D.<br />
Mas a atractividade <strong>do</strong><br />
open source desperta interesses<br />
muito para além <strong>do</strong>s<br />
fanáticos da programação e<br />
da comunidade académica e de I&D.<br />
Na realidade, o open source é hoje<br />
muito atractivo para as empresas que<br />
desenvolvem negócio na área das<br />
novas tecnologias. E as razões são<br />
muitas. Para as empresas que desenvolvem<br />
produtos de software ten<strong>do</strong> por<br />
base sistemas abertos, a maturidade<br />
destes sistemas, a disponibilidade<br />
imediata <strong>do</strong> código e, sobretu<strong>do</strong>, o<br />
extenso suporte da comunidade de<br />
desenvolvimento são factores importantes<br />
que permitem encurtar a fase de<br />
desenvolvimento <strong>do</strong>s novos produtos<br />
e o time-to-market associa<strong>do</strong>, e que<br />
limitam o custo total de desenvolvimento.Este<br />
é certamente um modelo<br />
torga 19
Ser Solidário<br />
apetecível, mesmo no caso em que os<br />
produtos desenvolvi<strong>do</strong>s são distribuí<strong>do</strong>s<br />
segun<strong>do</strong> a licença open source<br />
GPL (General Public License), da<br />
GNU, que obriga à disponibilização<br />
<strong>do</strong> código produzi<strong>do</strong> pela empresa,<br />
juntamente com a versão executável<br />
<strong>do</strong> software comercializa<strong>do</strong>. De facto,<br />
as empresas têm sabi<strong>do</strong> adaptar os<br />
seus modelos de negócio a esta realidade,<br />
apostan<strong>do</strong> fortemente na venda<br />
de serviços paralelos, que incluem a<br />
<strong>do</strong>cumentação, a configuração <strong>do</strong>s<br />
sistemas, a formação e a assistência<br />
técnica a clientes. Como exemplo, este<br />
modelo é actualmente aplica<strong>do</strong> em<br />
algumas das distribuições de Linux<br />
mais representativas, como é o caso<br />
da RedHat e da SuSe.<br />
Tal como acontece na comunidade<br />
académica, também no caso das empresas<br />
tecnológicas se assiste a uma<br />
troca mais ou menos equilibrada entre<br />
o que a empresa recebe da comunidade<br />
open source - código aberto, gratuito<br />
e com uma maturidade sustentada<br />
por milhares de programa<strong>do</strong>res de<br />
software espalha<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong>, já<br />
não falan<strong>do</strong> na assistência técnica<br />
qualificada e no trabalho intelectual a<br />
custo zero - e o que a empresa oferece<br />
a esta mesma comunidade, que pode<br />
ser contabiliza<strong>do</strong> em termos <strong>do</strong> aperfeiçoamento<br />
de algoritmos, sistemas e<br />
aplicações, e no desenvolvimento de<br />
novas funcionalidades normalmente<br />
integradas nos produtos comerciais<br />
que as empresas desenvolvem.<br />
Também não pode deixar de ser referi<strong>do</strong><br />
o papel fundamental que algumas<br />
empresas, tais como a Sun, a Hewlett<br />
Packard e a RedHat, assumem no<br />
desenvolvimento de grandes projectos<br />
open source, onde o projecto Gnome<br />
(interface gráfica para o Linux) é apenas<br />
um exemplo.<br />
O altruísmo na construção de software<br />
aberto é um tema recorrente, que<br />
suscita as mais diversas opiniões de<br />
teor filosófico, social e político na comunidade<br />
informática. Umas mais extremadas,<br />
como a <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s puritanos<br />
<strong>do</strong> software gratuito - aqueles<br />
20 torga<br />
para os quais o desenvolvimento <strong>do</strong><br />
software deve ter como única e possível<br />
filosofia a partilha e a solidariedade,<br />
recusan<strong>do</strong> qualquer utilização<br />
de software com fins comerciais [1] . No<br />
entanto, parece hoje óbvio que, mais<br />
<strong>do</strong> que louvar ou condenar as atitudes<br />
das pessoas individuais e das empresas<br />
perante a utilização <strong>do</strong> software<br />
aberto, interessa realçar a importância<br />
que este assume actualmente. Tal parece<br />
ser também a opinião de Linus<br />
Torvalds, o finlandês que desenvolveu<br />
a primeira versão <strong>do</strong> kernel <strong>do</strong> Linux<br />
no âmbito <strong>do</strong> seu projecto de licenciatura<br />
na Universidade de Helsínquia,<br />
em 1991, quan<strong>do</strong> diz: "[ainda] não sou<br />
muito filosófico relativamente ao open<br />
source. (...) tenho uma forte convicção<br />
que a cooperação e a partilha aberta<br />
de conhecimento acabam por resultar<br />
num melhor desenvolvimento".<br />
Joana Urbano<br />
joanaurbano@ismt.pt<br />
[1] Refira-se que, para esta<br />
comunidade, existe uma<br />
linha divisória clara entre<br />
o conceito de software<br />
gratuito (free software),<br />
deriva<strong>do</strong> da Free Software<br />
Foundation, e o conceito<br />
de software aberto (open<br />
source), <strong>do</strong> qual o sistema<br />
Linux é um importante<br />
representante.
MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E<br />
SOLIDARIEDADE: ENTRE O OPORTUNISMO E A<br />
OPORTUNIDADE DE MELHOR CIDADANIA<br />
João tem sete anos e vive numa aldeia<br />
isolada de Trás-os-Montes. É pastor,<br />
não vai à escola e o maior sonho que<br />
tem é ir ver o Benfica no estádio da<br />
Luz. Conheça a vida deste menino e<br />
como a X-TV fez com que a fantasia se<br />
tornasse realidade". Não terá si<strong>do</strong><br />
exactamente assim, mas não andava<br />
longe disto o que há algum tempo se<br />
pode assistir num telejornal de uma<br />
das televisões portuguesas. É o exemplo<br />
acaba<strong>do</strong> da caridadezinha interesseira<br />
e inconsequente, disfarçada de<br />
acto solidário. O miú<strong>do</strong> viu o<br />
Mantorras, o canal conquistou boa audiência<br />
com o pungente enre<strong>do</strong>, e o<br />
bom telespecta<strong>do</strong>r, emociona<strong>do</strong>, foi<br />
para a cama mais em paz com o mun<strong>do</strong>.<br />
O miú<strong>do</strong> teve os seus quinze minutos<br />
de fama, mas volta para as cabras,<br />
para o frio e para longe <strong>do</strong>s livros - com<br />
sorte, talvez o Benfica tenha ganho.<br />
Este é, na minha opinião, o tipo de<br />
"solidariedade" mais abjecto pratica<strong>do</strong><br />
por alguma comunicação social. Outro<br />
exemplo é o de programas que tentam<br />
dar uma resposta - "boa samaritana"<br />
- à necessidade de tratamento de<br />
determinada pessoa: "Gertrudes tem<br />
vinte e sete anos, mas uma estranha<br />
<strong>do</strong>ença faz com que pareça ter cinquenta.<br />
Na emissão de hoje vamos<br />
tentar arranjar uma clínica que a trate<br />
de graça". E claro que conseguem,<br />
porque já está tu<strong>do</strong> combina<strong>do</strong>.<br />
Gertrudes é só a idiota útil de serviço,<br />
nada mais.<br />
Estes são, obviamente, os casos<br />
mais pornográficos de oportunismo<br />
<strong>do</strong>s media a pretexto <strong>do</strong> "ser solidário".<br />
E a falta de gosto e decoro é<br />
tão clara, que torna dispensáveis<br />
quaisquer argumentos extra para justificar<br />
por eles o mais claro desprezo.<br />
Mas, ainda que claramente noutra<br />
latitude de decência, a prática da solidariedade<br />
pelos meios de comunicação<br />
social merece outro tipo de reflexões.<br />
Desde logo, porque implicam<br />
sempre uma troca, uma expectativa de<br />
retorno, de benefício. Na maior parte<br />
<strong>do</strong>s casos, e no mínimo, os media não<br />
deixam de fazer gala <strong>do</strong> acto solidário,<br />
não perdem a oportunidade de sublinhar<br />
a boa ín<strong>do</strong>le que reconhecem a si<br />
próprios por divulgar ou promover<br />
determinada acção com esse cariz.<br />
Ora, como diz o dita<strong>do</strong> - por acaso<br />
Ser Solidário<br />
sobre a caridade, mas vai dar ao<br />
mesmo - a solidariedade não se apregoa,<br />
pratica-se.<br />
Noutros casos, são os próprios<br />
meios de comunicação social que lideram,<br />
são eles os cria<strong>do</strong>res, os<br />
"<strong>do</strong>nos" (ou quase) da iniciativa- a gala<br />
da televisão Y em prol disto e daquilo,<br />
o bonequinho que traz sempre uma fitinha<br />
com o logotipo da rádio X, etc. É<br />
a solidariedade transformada em espectáculo<br />
de variedades, ou em hino,<br />
que até nem tem mal, antes méritos,<br />
mas dura muito pouco.<br />
Mais interessante que esses fogachos<br />
de boa vontade, seria que os<br />
media, e principalmente os de serviço<br />
público, promovessem de forma permanente<br />
uma cultura e uma pedagogia<br />
de solidariedade junto <strong>do</strong>s seus<br />
públicos. E nessa estratégia, a informação,<br />
o jornalismo, podem desempenhar<br />
um papel crucial. Porque, enquanto<br />
media<strong>do</strong>r entre a realidade e<br />
os cidadãos, é o jornalismo quem escolhe<br />
e hierarquiza o que há-de ser<br />
notícia, e, dessa forma, não se perderá<br />
na espuma <strong>do</strong>s dias. Não se está aqui<br />
a defender que o jornalista se transforme<br />
em missionário. Antes que execute<br />
o seu trabalho, e que, sem cedências<br />
no que toca às regras da profissão,<br />
questione, provoque, chame a<br />
atenção e, porque não, incomode<br />
quem lê, vê ou escuta sobre as injustiças,<br />
o sofrimento, e a crueldade que<br />
afectam tanta gente, por toda a parte.<br />
Serão assim muito maiores a probabilidades<br />
de cada um ser um "Ser<br />
Solidário" por convicção, por formação,<br />
em suma, porque é assim que<br />
to<strong>do</strong>s os dias sentiremos que somos<br />
mais gente. E quan<strong>do</strong> assim for, talvez<br />
nos preocupemos em saber o que é<br />
feito <strong>do</strong> João, e de to<strong>do</strong>s como ele. Já<br />
vai à escola? Ou terá si<strong>do</strong> a viagem à<br />
Luz o último e "solidário" sonho a que<br />
teve direito?<br />
Artur Carvalho<br />
torga 21
Ser Solidário<br />
SOLIDARIEDADE ATRAVÉS DA<br />
INTERNET<br />
À medida que a rede (Web) se estende,<br />
as possibilidades de actuação aumentam.<br />
Se no início apenas os académicos<br />
se entreajudavam, agora, a chegada<br />
da Internet a milhões de utiliza<strong>do</strong>res<br />
lançou-a para as preferências<br />
de quem quer ser solidário.<br />
Talvez a primeira acção de solidariedade<br />
com base na Internet, com impacto<br />
mundial, tenha si<strong>do</strong> apenas há<br />
dez anos. Os estudantes da Universidade<br />
de Belgra<strong>do</strong> barricaram-se numa<br />
espécie de "bunker" instala<strong>do</strong> na<br />
Faculdade de Filosofia. Com ligação<br />
ao mun<strong>do</strong> através da net, conseguiram<br />
contactos primeiro com outras<br />
Universidades e depois com um vasto<br />
número de pessoas solidárias com a<br />
sua luta. Na época, o regime de<br />
Milosevic tentava impedir que o novo<br />
presidente eleito para o município da<br />
cidade tomasse posse. Das intermináveis<br />
manifestações ao som de<br />
apitos, deram conta as televisões, mas<br />
a intervenção directa de protesto por<br />
parte de cidadãos de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>,<br />
chegou em mensagens de apoio por<br />
parte de personalidades de renome<br />
internacional que utilizaram a rede<br />
para fazer chegar o seu protesto.<br />
O caso das nigerianas condenadas<br />
à morte por suposto adultério, provocou<br />
outro <strong>do</strong>s grandes movimentos de<br />
solidariedade através da Internet. A<br />
pressão internacional exercida com o<br />
recurso à nova tecnologia foi igualmente<br />
utilizada no processo de autodeterminação<br />
de Timor-Leste. Milhares<br />
de e-mails entupiram a caixa de<br />
correio electrónico da Casa Branca,<br />
enquanto que outros tantos eram simplesmente<br />
devolvi<strong>do</strong>s pelo Palácio<br />
presidencial in<strong>do</strong>nésio.<br />
É certo que a Internet, especialmente<br />
22 torga<br />
com o recurso ao correio<br />
electrónico, passou a servir<br />
as mais diversas, e por<br />
vezes pouco credíveis, formas<br />
de solidariedade.<br />
Pedi<strong>do</strong>s de ajuda falsos passaram<br />
a fazer parte <strong>do</strong> quotidiano<br />
de quem utiliza a grande<br />
rede. Mas as potencialidades desta<br />
nova forma de comunicação, são<br />
demasiadamente poderosas para<br />
que não seja aproveitada. Em<br />
Portugal, as mais credíveis parecem<br />
ser as petições electrónicas. E têm<br />
existi<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s os gostos e em<br />
todas as áreas, incluin<strong>do</strong> a Comunicação<br />
Social. Acredita-se que a PT<br />
Multimédia não tenha encerra<strong>do</strong> a TSF<br />
online, muito por culpa de uma enorme<br />
pressão através da Internet que alastrou<br />
ao Parlamento.<br />
Não haven<strong>do</strong> fronteiras para a Internet,<br />
mesmo assim existe uma organização<br />
que se designa "Internautas<br />
sem Fronteiras". A ideia não é, no<br />
entanto, ultrapassar os limites geográficos,<br />
mas romper as barreiras das<br />
relações humanas, sobretu<strong>do</strong> a indiferença.<br />
Apenas um exemplo entre<br />
muitos. Procurar incentivar e articular<br />
relações de solidariedade através da<br />
Internet. Sempre que houver uma necessidade<br />
urgente, membros da Rede<br />
podem enviar alertas através de canais<br />
de IRC, um <strong>do</strong>s mais comuns serviços<br />
utiliza<strong>do</strong>s pelos internautas para<br />
conversas virtuais em tempo real, e<br />
assim obterem ajuda de pessoas que<br />
estejam ligadas em diferentes países.<br />
Inspirada no espírito <strong>do</strong>s radioama<strong>do</strong>res,<br />
que costumavam desempenhar<br />
esse mesmo papel, a organização optou<br />
por utilizar o potencial da Internet,<br />
devi<strong>do</strong> à sua agilidade e ao seu carácter<br />
universal. A ferramenta, o IRC, foi<br />
escolhida por ser um sistema aberto,<br />
simples, que permite guardar um registo<br />
das conversas e moderar a participação<br />
<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>res, de mo<strong>do</strong> a<br />
evitar o uso indevi<strong>do</strong>. Quem estiver<br />
interessa<strong>do</strong> em fazer parte da rede,<br />
pode inscrever-se no site http://<br />
www.internautessansfrontieres.org/<br />
desde que tenha pelo menos 18 anos.<br />
Uma vez inscrito, bastará entrar na<br />
rede IRC e aceder ao canal de urgências<br />
da organização para participar.<br />
O seu cria<strong>do</strong>r, Georges Go<strong>do</strong>y, classifica<br />
a iniciativa, romanticamente,<br />
como o "velho sonho de unir to<strong>do</strong>s os<br />
homens e todas as mulheres de boa<br />
vontade no mun<strong>do</strong>, sem depender de<br />
governos, religiões, políticas, raças ou<br />
bandeiras".<br />
Francisco Amaral
UMA ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES SOLIDÁRIA…<br />
Ao sabermos o tema desta edição a<br />
Associação de Estudantes <strong>do</strong> Instituto<br />
Superior Miguel Torga não quis ficar à<br />
margem e também decidiu escrever<br />
um texto relativo a esta temática.<br />
Desde a sua fundação esta Associação<br />
sempre teve um forte cariz solidário,<br />
em muito influencia<strong>do</strong> pela Licenciatura<br />
em Serviço Social leccionada<br />
no Instituto Superior Miguel Torga.<br />
Ao longo da sua existência têm si<strong>do</strong><br />
várias as iniciativas desenvolvidas<br />
neste campo. Desde recolhas de alimentos,<br />
vestuário, passan<strong>do</strong> pela<br />
organização de marchas de solidariedade<br />
e de recolha de fun<strong>do</strong>s para serem<br />
utiliza<strong>do</strong>s em causas nobres,<br />
como foi a última organizada em favor<br />
das vítimas <strong>do</strong> recente tsunami na Ásia<br />
até à organização de seminários e colóquios<br />
de debate e sensibilização.<br />
Estamos certos e acreditamos que<br />
ser solidário não custa, tu<strong>do</strong> depende<br />
da maneira como lidamos com os outros,<br />
porque muitas vezes sentimo-nos<br />
desgraça<strong>do</strong>s por não ter sapatos até<br />
ao dia em que nos cruzamos com alguém<br />
que não tem pernas.<br />
Vivemos num mun<strong>do</strong> consumista e<br />
sempre de olho na carteira, porque<br />
olhamos tanto para nós próprios que<br />
nos esquecemos <strong>do</strong>s que nos rodeiam.<br />
E então encarnamos uma destas<br />
pessoas da história das responsabilidades:<br />
Era uma vez um grupo de pessoas que<br />
se chamavam:<br />
NINGUÉM,<br />
ALGUÉM,<br />
QUALQUER UM,<br />
TODA A GENTE.<br />
Havia uma tarefa muito importante a<br />
realizar e<br />
TODA A GENTE tinha a certeza de que<br />
ALGUÉM a faria, QUALQUER UM a<br />
poderia ter feito,<br />
Mas NINGUÉM tomou conta dela.<br />
ALGUÉM ficou furioso,<br />
Porque se tratava de uma tarefa que<br />
cabia a TODA A GENTE.<br />
CADA UM pensou que QUALQUER<br />
UM poderia fazê-la, mas NINGUÉM<br />
pensou que TODA A GENTE, se esqueceria<br />
de a fazer.<br />
O resulta<strong>do</strong> é que CADA UM acusou<br />
ALGUÉM, da<strong>do</strong> que ninguém fez o<br />
que QUALQUER UM poderia ter feito.<br />
Autor: NINGUÉM, i rede, nº. 14.<br />
Dizem que o sonho comanda a vida e<br />
que a vida é feita da mesma substância<br />
de que são feitos os sonhos,<br />
então não te parece que se consegues<br />
sonhar também consegues viver e<br />
tornar essa vida mais completa ajudan<strong>do</strong><br />
os outros?<br />
Tu<strong>do</strong> depende de nós, vamos dar as<br />
mãos e tornar os nossos mun<strong>do</strong>s<br />
utópicos em mun<strong>do</strong>s realistas férteis<br />
de entreajuda.<br />
AE - ISMT<br />
Ser Solidário<br />
torga 23
Ser Solidário<br />
24 torga<br />
[1] Granovetter, Mark. 2005.<br />
"The Impact of Social Structure<br />
on Economic Outcomes."<br />
Journal of Economic Perspectives.<br />
19:1, pp. 33-50.<br />
[2] Alguns conceitos são necessários<br />
para operacionalizar<br />
este princípio. Entre eles estão<br />
os seguintes: Grafo - conjunto<br />
de no<strong>do</strong>s e arcos; e Rede -<br />
grafo com valores associa<strong>do</strong>s<br />
aos arcos. Assim, uma rede<br />
com n no<strong>do</strong>s pode ter um<br />
máximo de arcos que<br />
liguem os no<strong>do</strong>s. Consequentemente,<br />
a rede tem densidade<br />
máxima quan<strong>do</strong> tem arcos.<br />
Os valores associa<strong>do</strong>s aos<br />
arcos, que podemos pensar<br />
como a quantidade de informação<br />
por unidade de tempo<br />
que é transmitida de no<strong>do</strong> a<br />
no<strong>do</strong>, assumem uma natureza<br />
determinística ou estocástica.<br />
[3] Por free-riding, entende-se o<br />
comportamento oportunístico<br />
de indivíduos que beneficiam<br />
de um bem público, semipúblico<br />
ou de mérito coloca<strong>do</strong><br />
à disposição pela colectividade<br />
(Esta<strong>do</strong>, sociedade ou comunidade),<br />
sem comparticiparem<br />
nos custos globais a eles inerentes.<br />
Um exemplo óbvio é o<br />
de um indivíduo que pertence e<br />
beneficia <strong>do</strong> Serviço Nacional<br />
de Saúde e que não paga<br />
impostos, apesar de auferir<br />
rendimentos eleva<strong>do</strong>s.<br />
REDES SOCIAIS E A ACTIVIDADE ECONÓMICA<br />
Este texto escora-se num artigo Mark<br />
Granovetter [1] e, enquanto tal, tem um<br />
escopo didáctico e expositivo.<br />
As redes sociais têm um impacto<br />
relevante na actividade económica.<br />
Intuitivamente sabemos que é assim.<br />
Todavia, a influência da estrutura social<br />
na economia é geralmente assumida<br />
como residual, ou seja, os economistas<br />
não a incorporam como<br />
variável independente autónoma nos<br />
seus principais modelos macroeconómicos.<br />
Deste mo<strong>do</strong>, a análise económica<br />
mainstream tende a descurar aspectos<br />
sociológicos que, como veremos<br />
adiante, são significativos no que concerne<br />
ao funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
de trabalho, formação de preços, produtividade<br />
e inovação.<br />
Ainda que sem qualquer pretensão<br />
académica, faremos algumas observações<br />
avulsas sobre os princípios<br />
nucleares, que moldam a relação entre<br />
as redes sociais e o produto da actividade<br />
económica, e suas implicações<br />
gerais, com a realidade económicosocial<br />
portuguesa.<br />
Em primeiro lugar, as redes sociais<br />
afectam a economia por três vias principais:<br />
1ª - Fazem variar o fluxo e a qualidade<br />
da informação - os indivíduos<br />
tendem a atribuir maior importância à<br />
informação disponibilizada através<br />
<strong>do</strong>s seus contactos pessoais;<br />
2ª - Constituem um meio eficaz de<br />
recompensa e castigo, visto que estas<br />
reacções são amplificadas quan<strong>do</strong><br />
provenientes de pessoas que conhecemos<br />
e estimamos;<br />
3ª - Geram confiança nos outros, i.e.<br />
acredita-se que os outros agirão correctamente<br />
(<strong>do</strong> the right thing), apesar<br />
de uma tendência evidente em senti<strong>do</strong><br />
contrário, como será explica<strong>do</strong>.<br />
São quatro os princípios nucleares:<br />
1. Normas e Densidade de Rede:<br />
quanto mais densa for uma rede<br />
social, mais bem definidas, firmemente<br />
mantidas e impostas serão as normas<br />
[2] . Em princípio, quanto mais coesa<br />
e densa for uma rede, mais eficiente<br />
será a acção colectiva que vise<br />
a resolução <strong>do</strong> free-riding [3] . Ao invés,<br />
e dadas as restrições cognitivas,<br />
espaciais e temporais de um ser
humano, quanto mais numeroso for<br />
um grupo, menor será a sua capacidade<br />
de fixar e impor normas;<br />
2. A Força das Ligações Fracas: um<br />
maior volume de informação pertinente<br />
flui para os indivíduos através de<br />
laços fracos, da<strong>do</strong> que aqueles que<br />
nos estão mais próximos tendem a<br />
movimentar-se no mesmo círculo<br />
social, enquanto aqueles com quem<br />
apenas mantemos algum contacto<br />
conseguem obter informação que<br />
constitui para nós uma novidade. Isto<br />
tem implicações económicas de<br />
monta, tais como encontrar um novo<br />
emprego ou obter um serviço escasso.<br />
Ligações fracas entre grupos com<br />
subredes densas determinam uma<br />
maior difusão em larga escala da informação<br />
e, talvez ainda mais importante,<br />
desempenham um papel fundamental<br />
na transmissão de informações<br />
únicas e não redundantes;<br />
3. A Importância das Desconexões<br />
Estruturais: os que se ligam a diversas<br />
subredes, cujo caminho entre elas é<br />
longo, ou quan<strong>do</strong> constituem o único<br />
no<strong>do</strong> pelo qual passa informação ou<br />
outro género de recursos para o<br />
grupo/subrede social a que pertencem,<br />
possuem uma vantagem estratégica<br />
que lhes permite explorar as<br />
desconexões estruturais na rede<br />
social;<br />
4. A Interligação Entre as Acções<br />
Económicas e Não-Económicas: uma<br />
quota-parte não despicienda da nossa<br />
vida social gira em torno de um eixo<br />
não económico. Logo, esse tipo de<br />
A análise económica mainstream tende a descurar aspectos<br />
sociológicos<br />
actividade afecta os custos e as técnicas<br />
disponíveis para a actividade económica:<br />
as decisões tomadas estritamente<br />
nesse âmbito estão relacionadas<br />
ou dependem <strong>do</strong> comportamento<br />
das instituições que não têm processos,<br />
objectivos e conteú<strong>do</strong> económicos<br />
- redes sociais, cultura, política e<br />
religião. Podemos ilustrar este princípio<br />
referin<strong>do</strong> a cultura da corrupção<br />
(rent seeking) e os laços de parentesco<br />
e amizade no recrutamento de trabalha<strong>do</strong>res<br />
(potencia<strong>do</strong>res de eficiência<br />
Ser Solidário<br />
económica - ideia oposta à <strong>do</strong> senso<br />
comum - a "cunha").<br />
Vejamos com maior detalhe as implicações<br />
destes princípios.<br />
Relativamente ao merca<strong>do</strong> de trabalho:<br />
a interdependência entre carreiras<br />
profissionais e redes leva-nos a<br />
pensar numa urna pertença de cada<br />
elemento/no<strong>do</strong> onde existem bolas<br />
vermelhas (contactos com informação<br />
relevante para quem procura emprego)<br />
e brancas (to<strong>do</strong>s os outros). Numa<br />
primeira análise, é evidente que quanto<br />
maior a proporção de bolas vermelhas,<br />
maior é a probabilidade de encontrar<br />
um novo emprego ou enveredar<br />
por uma carreira profissional diferente.<br />
Uma vez alcança<strong>do</strong> um destes<br />
objectivos, o indivíduo estabelece novos<br />
contactos, e partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> segun<strong>do</strong><br />
e terceiro princípios nucleares, aumenta<br />
a proporção de bolas vermelhas na<br />
sua urna. Mas, a mais interessante e<br />
complexa indução é a de que os próprios<br />
contactos que se vão estabelecen<strong>do</strong><br />
usufruem, por interacção, de<br />
um aumento da sua proporção de<br />
bolas vermelhas, o que os torna ainda,<br />
para o sujeito em causa, uma melhor<br />
torga 25
Ser Solidário<br />
fonte de informação, i.e. quan<strong>do</strong> a mobilidade<br />
resulta das ligações em rede,<br />
ela faz variar a estrutura da própria<br />
rede, que por sua vez terá um impacto<br />
futuro nos padrões de mobilidade.<br />
Relativamente à formação <strong>do</strong>s<br />
preços: as relações pessoais e de confiança<br />
e o status que elas conferem<br />
entre compra<strong>do</strong>r e vende<strong>do</strong>r ou entre<br />
agentes económicos conluia<strong>do</strong>s têm<br />
um impacto negativo na flexibilidade<br />
económica <strong>do</strong> sistema, ou seja, são<br />
dissuasivas de decisões económicas<br />
unicamente baseadas na teoria neoclássica<br />
que explica a formação <strong>do</strong>s<br />
preços.<br />
Relativamente à Produtividade e<br />
26 torga<br />
Cumprimento de Normas: a posição<br />
social que alguém ocupa num grupo<br />
pode ter uma influência decisiva na sua<br />
produtividade, visto que: existe um<br />
espectro amplo de tarefas que só<br />
podem ser executadas em estreita<br />
colaboração com terceiros; e muito <strong>do</strong><br />
trabalho é demasia<strong>do</strong> complexo e subtil<br />
para ser executa<strong>do</strong> através de um<br />
mero cumprimento formal de normas<br />
("by the book"). As regras informais, os<br />
sistemas de controlo e lealdade dentro<br />
<strong>do</strong> grupo, a cultura grupal e os seus<br />
rituais estabelecem limites à produtividade<br />
de um elemento, bem como à<br />
maximização <strong>do</strong> lucro de uma firma.<br />
Relativamente à Inovação: o mo<strong>do</strong><br />
como determina<strong>do</strong>s produtos, ideias<br />
ou serviços são difundi<strong>do</strong>s numa rede<br />
social depende da aceitação social <strong>do</strong>s<br />
mesmos. O caso <strong>do</strong> seguro de vida,<br />
por exemplo: a partir <strong>do</strong> momento em<br />
que a indústria segura<strong>do</strong>ra conseguiu o<br />
apoio <strong>do</strong>s representantes da Igreja<br />
(garantir segurança à família após a<br />
morte é um dever sagra<strong>do</strong>), transformou<br />
um produto, a priori macabro,<br />
num elemento simbólico de afecto.<br />
Determinadas inovações financeiras<br />
têm sucesso ou falham porque as subredes<br />
sociais/grupos são densas e suficientemente<br />
poderosas - num extremo<br />
temos o Chicago Board of Options<br />
Exchange, no outro as "junk bonds".<br />
O tema de capa da TORGA - "Ser<br />
Solidário" - pode ser claramente<br />
inseri<strong>do</strong> neste contexto. Aquilo que<br />
designamos como solidariedade pode<br />
ser analisa<strong>do</strong> e operacionaliza<strong>do</strong> à luz<br />
<strong>do</strong>s princípios enuncia<strong>do</strong>s e melhor<br />
compreendi<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s exemplos<br />
forneci<strong>do</strong>s. A osmose entre redes sociais,<br />
que englobam esse conceito<br />
chapéu que é a solidariedade, e a<br />
economia não pode ser ignorada<br />
quan<strong>do</strong> se estudam fenómenos como<br />
a pobreza, a exclusão, o desemprego<br />
e o acesso à informação.<br />
Seria ainda importante investigar por<br />
que razão em Portugal existe uma perversão<br />
tão grosseira <strong>do</strong>s princípios<br />
que gera um free-riding transversal e<br />
maciço, uma cultura generalizada de<br />
corrupção (rent seeking), uma reduzida<br />
mobilidade social e profissional e uma<br />
baixa produtividade, apesar de numa<br />
primeira análise existir uma rede social<br />
densa e coesa, que os poderia evitar<br />
de mo<strong>do</strong> eficiente.<br />
Henrique Amaral Dias
CC - Licença para Copiar<br />
A creative commons Licence<br />
E se de repente pudesse copiar música,<br />
textos ou fotografias de outras pessoas<br />
sem que isso constituísse um<br />
crime? Graças a muitos autores, que<br />
estão a publicar as suas obras com<br />
licenças que atribuem ao utiliza<strong>do</strong>r o<br />
direito de copiar e usar, isso já é possível.<br />
Em alguns casos a licença vai tão<br />
longe que autoriza mesmo a cópia para<br />
distribuição comercial. Já imaginou,<br />
por exemplo, editar e vender livros<br />
escritos por outra pessoa, sem qualquer<br />
pedi<strong>do</strong> de autorização ao autor?<br />
Na origem destas licenças para<br />
copiar e distribuir está a Creative<br />
Commons, uma entidade surgida nos<br />
EUA em 2001 com o propósito de<br />
implementar diversos tipos de licenças<br />
que facilitassem o uso e livre distribuição<br />
da propriedade intelectual. Neste<br />
momento tem milhares de segui<strong>do</strong>res<br />
por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> Portugal,<br />
onde já há quem trabalhe para que em<br />
breve as licenças Creative Commons<br />
possam ter um interlocutor váli<strong>do</strong> no<br />
nosso país.<br />
Originalmente inspirada pelo movimento<br />
de software livre (a este<br />
propósito veja o artigo da Eng.ª Joana<br />
Urbano nesta edição), as licenças da<br />
Creative Commons são a<strong>do</strong>ptadas por<br />
organizações diversas e presentes em<br />
quase to<strong>do</strong> o espectro cultural. Um<br />
<strong>do</strong>s exemplos mais recentes trata-se<br />
da "Open Democracy", uma revista<br />
on-line sobre assuntos de politica<br />
internacional, no seu senti<strong>do</strong> mais<br />
amplo, que passou agora a permitir<br />
cópia e distribuição da maioria <strong>do</strong>s<br />
seus artigos.<br />
No mun<strong>do</strong> universitário temos alguns<br />
exemplos notáveis. É o caso <strong>do</strong>s<br />
"cursos abertos" <strong>do</strong> Massachussets<br />
Institute of Technology (MIT), que<br />
disponibilizam, gratuitamente, centenas<br />
de cursos e textos universitários<br />
das mais diversas áreas <strong>do</strong> saber.<br />
Este foi o primeiro de muitos<br />
textos que queremos publicar<br />
na Torga sobre estas temáticas<br />
relacionadas com o<br />
livre acesso á propriedade<br />
intelectual. Pretendemos<br />
deste mo<strong>do</strong> abrir novos<br />
horizontes aos nossos<br />
leitores quan<strong>do</strong> buscam<br />
conteú<strong>do</strong>s de<br />
qualidade e de acesso<br />
livre legal.<br />
Fernan<strong>do</strong> Teófilo<br />
Adicionar aos Favoritos:<br />
http://creativecommons.org/<br />
http://opendemocracy.net<br />
http://ocw.mit.edu<br />
Lance Livre
Licenciaturas<br />
LICENCIATURAS<br />
O Instituto Superior Miguel<br />
Torga (ISMT), uma das mais<br />
antigas Instituições Universitárias<br />
de Ensino Superior<br />
Priva<strong>do</strong> em Portugal, ministra<br />
actualmente cinco Licenciaturas:<br />
Serviço Social,<br />
Ciências da Informação,<br />
Informática de Gestão, Psicologia<br />
e Multimédia.<br />
28 torga<br />
SERVIÇO SOCIAL<br />
Há mais de 65 Anos a ensinar<br />
Serviço Social.<br />
Presente desde as origens<br />
<strong>do</strong> ISMT em 1937,<br />
com as vantagens que esta<br />
longa experiência garante, a<br />
Licenciatura em Serviço<br />
Social está estruturada por<br />
um plano de estu<strong>do</strong>s que<br />
visa contribuir para a construção<br />
de uma identidade<br />
profissional através de uma<br />
sólida formação e qualificação<br />
teórica, que desenvolva<br />
nos alunos a capacidade<br />
para compreender e desenvolver<br />
as competências da<br />
intervenção, da planificação,<br />
da avaliação e da<br />
investigação no Serviço Social.<br />
As saídas profissionais<br />
para licencia<strong>do</strong>s em Serviço<br />
Social são muito variadas:<br />
Segurança Social, Saúde,<br />
Autarquias Locais, Justiça,<br />
Intervenção Psicoterapêutica<br />
e Psicossocial, Trabalho<br />
e Educação (permite Habilitação<br />
própria para a <strong>do</strong>cência<br />
- Grupo 19 <strong>do</strong> Secundário.<br />
Um <strong>do</strong>s aspectos<br />
mais reconheci<strong>do</strong>s pelos<br />
alunos de Serviço Social <strong>do</strong><br />
ISMT é a formação pré-profissional<br />
que obtêm através<br />
<strong>do</strong> estágio anual, com supervisão,<br />
a que se alia uma<br />
prática de investigação,<br />
intensifican<strong>do</strong> as relações<br />
entre a Escola, a realidade<br />
social e institucional<br />
CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO<br />
TV - Rádio - Imprensa - Ciberjornalismo<br />
- Fotojornalismo<br />
Saber com Experiência<br />
A Licenciatura em Ciências<br />
da Informação assenta<br />
num carácter de especificidade<br />
exigi<strong>do</strong> ao profissional<br />
de Comunicação Social.<br />
Esta Licenciatura é por isso<br />
incisiva na área da comunicação<br />
social, nas suas quatro<br />
manifestações mediáticas:<br />
a imprensa, a rádio, a<br />
televisão e o Ciberjornalismo;<br />
não descuran<strong>do</strong> outras<br />
vertentes, nomeadamente, o<br />
fotojornalismo, a produção e<br />
a realização televisiva.<br />
Este curso pretende responder<br />
à evolução que o<br />
merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s media tem<br />
sofri<strong>do</strong>, aos avanços técnicos<br />
e científicos, bem como<br />
às necessidades de homogeneização<br />
<strong>do</strong> ensino na<br />
Comunidade Europeia. Os<br />
principais <strong>do</strong>mínios desta<br />
licenciatura são a Comunicação<br />
e a Informação e as<br />
Novas Tecnologias, enquadradas<br />
por outras disciplinas<br />
<strong>do</strong> foro <strong>do</strong> Direito e das<br />
Ciências Sociais, com<br />
vista ao bom entendimento<br />
das envolventes económicas,<br />
sociais e jurídicas, imprescindíveis<br />
ao profissional<br />
da comunicação.<br />
A elevada qualidade académica<br />
e profissional <strong>do</strong><br />
corpo <strong>do</strong>cente, com ligações<br />
directas às televisões,<br />
rádios e jornais presentes<br />
em Coimbra e a existência<br />
de estúdios de rádio, de<br />
televisão e de fotografia,<br />
equipa<strong>do</strong>s com a mais moderna<br />
tecnologia, permitem<br />
atingir uma sólida formação.<br />
As saídas profissionais<br />
nesta área são: TV, Rádio,<br />
Imprensa, Informação Online,<br />
Fotojornalismo, Produção<br />
e Realização, Gabinetes<br />
de Comunicação e Imagem,<br />
Assessoria de Imprensa, Empresas<br />
produtoras de Audiovisuais<br />
e de Escrita Criativa.
INFORMÁTICA DE GESTÃO<br />
As Tecnologias de Informação<br />
ao serviço das Empresas<br />
A informática tem vin<strong>do</strong> a<br />
constituir, ao longo <strong>do</strong>s<br />
anos uma ferramenta chave<br />
de apoio à gestão das organizações.<br />
Inicialmente dedicada<br />
quase exclusivamente<br />
ao processamento de da<strong>do</strong>s,<br />
passou entretanto a<br />
assumir a importância cada<br />
vez mais crítica no apoio à<br />
decisão. Mais recentemente<br />
transformou-se, também,<br />
numa componente indissociável<br />
<strong>do</strong>s próprios processos<br />
de decisão estratégica<br />
e de planeamento das organizações.<br />
Foi no reconhecimento<br />
destes desafios que<br />
foi concebida a licenciatura<br />
em Informática de Gestão.<br />
As saídas profissionais <strong>do</strong>s<br />
futuros licencia<strong>do</strong>s situamse<br />
em to<strong>do</strong>s os sectores de<br />
actividade onde se pretenda<br />
elevada competência na<br />
conjugação <strong>do</strong>s saberes de<br />
Informática e de Gestão,<br />
com destaque para as empresas<br />
industriais e de serviços<br />
bem como para a administração<br />
pública. Os<br />
alunos de Informática de<br />
Gestão têm ao seu dispor<br />
um laboratório de Informática<br />
equipada com o mais<br />
recente hardware e software,<br />
com acesso à Internet<br />
em Banda Larga. As Saídas<br />
Profissionais são amplas:<br />
Desenvolvimento de aplicações<br />
de software, planeamento<br />
e integração de sistemas<br />
de informação, desenvolvimento<br />
de sistemas<br />
de apoio à decisão e de<br />
gestão de departamentos<br />
de informática.<br />
PSICOLOGIA<br />
Aprender com Quem Sabe<br />
Fazer<br />
Para quem procura uma<br />
alternativa de qualidade em<br />
Coimbra, a Licenciatura em<br />
Psicologia no Instituto Superior<br />
Miguel Torga (ISMT) é<br />
a opção. Ten<strong>do</strong> por objectivo<br />
a promoção de quadros<br />
<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s conhecimentos<br />
necessários a uma análise,<br />
a uma interpretação e a<br />
uma perspectiva tão específicas<br />
quanto globalizantes<br />
da realidade <strong>do</strong> século XXI,<br />
nas suas múltiplas necessidades<br />
e desafios, o curso<br />
de Psicologia <strong>do</strong> ISMT é um<br />
<strong>do</strong>s mais procura<strong>do</strong>s pelos<br />
jovens que terminam o 12º<br />
ano. Procura-se que os licencia<strong>do</strong>s<br />
em Psicologia <strong>do</strong><br />
ISMT aprendam os méto<strong>do</strong>s<br />
de investigação e intervenção<br />
psicológica e tenham<br />
competências para o<br />
desempenho de funções<br />
quer na carreira de Psicologia<br />
propriamente dita, quer<br />
nos quadros superiores da<br />
Administração Pública, empresas,<br />
comunicação social<br />
e ensino. As saídas profissionais<br />
para os licencia<strong>do</strong>s<br />
nesta área são: Hospitais,<br />
Centros de Saúde, Escolas,<br />
Administração Pública, Organizações<br />
não Governamentais,<br />
Ensino, entre outras.<br />
MULTIMEDIA<br />
Internet - Web design - Imagem<br />
e Som<br />
Preparar os alunos para liderarem<br />
projectos de Comunicação<br />
Digital, este o grande<br />
objectivo da Licenciatura<br />
em Multimédia.<br />
Abrangen<strong>do</strong> as áreas da<br />
Criação, Produção, Design,<br />
Comunicação e Edição de<br />
materiais multimédia, este<br />
curso tem si<strong>do</strong> cada vez<br />
mais procura<strong>do</strong> por alunos<br />
que já perceberam que o seu<br />
futuro passa pelos conteú<strong>do</strong>s<br />
e pelas interfaces digitais,<br />
nomeadamente para os<br />
novos suportes de comunicações<br />
móveis. As saídas<br />
profissionais para futuros<br />
licencia<strong>do</strong>s em Multimédia<br />
são: Design e Multimédia,<br />
Projectos Internet, Produção<br />
e Edição de Imagem, Agências<br />
de Publicidade, Produtoras<br />
de Vídeo, Meios de<br />
Comunicação Social, Editoras,<br />
Administração Pública,<br />
Instituições de Ensino.<br />
Licenciaturas<br />
CANDIDATURAS 2005/2006<br />
Perío<strong>do</strong> de Candidatura –<br />
13 de Junho a 5 de Agosto<br />
de 2005<br />
Afixação das listas de candidatos<br />
admiti<strong>do</strong>s e rejeita<strong>do</strong>s – 10<br />
de Agosto de 2005<br />
Perío<strong>do</strong> de reclamações –<br />
11 e 12 de Agosto 2005<br />
Matrículas – 16 de Agosto a<br />
31 de Agosto 2005<br />
Para acesso aos cursos de<br />
Licenciatura deste Instituto<br />
a classificação mínima exigida<br />
nas Provas de Ingresso<br />
é de 95 pontos, numa escala<br />
de 0 a 200.<br />
Em relação à fórmula de cálculo<br />
da nota de candidatura,<br />
os pesos a atribuir às notas<br />
de conclusão <strong>do</strong> ensino secundário<br />
e da prova de ingresso<br />
são os seguintes:<br />
50% - Secundário<br />
50% - Prova de ingresso<br />
Para obter todas as informações<br />
sobre como se<br />
candidatar a um <strong>do</strong>s cursos<br />
de Licenciatura utilize um<br />
<strong>do</strong>s seguintes meios:<br />
Website: www.ismt.pt<br />
Email: ismt@ismt.pt<br />
Telefones: 239 488 030 ou<br />
239 824 557<br />
O Instituto Superior Miguel<br />
Torga tem a sua sede no<br />
Largo Cruz de Celas nº 1<br />
em Coimbra.<br />
torga 29
Reportagem<br />
DAR DE SI<br />
Porque não permitir que uma pessoa possa enxergar, se já não vamos<br />
mais utilizar o órgão quan<strong>do</strong> falecemos? Porque não dar o direito a<br />
alguém de poder ver como a vida é bela? Poder viver. Poder continuar<br />
a caminhada que o da<strong>do</strong>r não pôde. Graças ao transplante de córnea<br />
eu posso dizer que sou uma pessoa feliz e que acredita no ser<br />
humano, pois graças à pessoa que <strong>do</strong>ou a córnea, eu pude voltar a<br />
enxergar. (...) Hoje voltei a ser alegre. Este é um pequeno excerto de<br />
um depoimento de um cidadão brasileiro que foi transplanta<strong>do</strong>. É um<br />
depoimento que mostra a nobreza de um acto tão simples e tão questiona<strong>do</strong><br />
hoje em dia. Isto é Solidariedade.<br />
A palavra solidariedade está intrinsecamente<br />
ligada a actos nobres de ajuda<br />
ao próximo. A <strong>do</strong>ação de órgãos<br />
faz parte de uma atitude solidária que<br />
pode contribuir para melhorar ou até<br />
salvar a vida de outra pessoa.<br />
Num artigo publica<strong>do</strong> na revista O<br />
Restaura<strong>do</strong>r o Padre Valdeci Nunes<br />
de Oliveira escreveu: <strong>do</strong>ar um órgão<br />
<strong>do</strong> corpo com o fim de salvar uma<br />
vida, principalmente quan<strong>do</strong> o da<strong>do</strong>r<br />
não mais precisará dele, não contraria<br />
de nenhum mo<strong>do</strong> a <strong>do</strong>utrina cristã, inclusive<br />
porque to<strong>do</strong>s os componentes<br />
<strong>do</strong> nosso organismo só nos são de<br />
alguma valia enquanto estivermos<br />
vivos, ou como diriam outros, nos limites<br />
desta dimensão. Após a nossa<br />
morte, to<strong>do</strong>s eles se tornam inúteis.<br />
30 torga<br />
João Paulo II esteve presente no<br />
Congresso Internacional sobre Transplantes<br />
de Órgãos e deu também o<br />
seu parecer sobre a <strong>do</strong>ação de órgãos:<br />
a decisão de oferecer, sem recompensa,<br />
uma parte <strong>do</strong> próprio corpo,<br />
em benefício da saúde e <strong>do</strong> bem estar<br />
de outra pessoa, porque precisamente<br />
este acto demonstra a nobreza <strong>do</strong><br />
gesto, que se poderá configurar como<br />
um autêntico acto de amor.<br />
São estes actos de amor e solidariedade<br />
humana que explicam a decisão<br />
<strong>do</strong> Prof. Hoyer, um cirurgião que decidiu<br />
<strong>do</strong>ar um <strong>do</strong>s seus rins a uma pessoa<br />
que nem sequer conhecia, como<br />
nos contou o Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota,<br />
<strong>Director</strong> <strong>do</strong> Serviço de Urologia <strong>do</strong>s<br />
Hospitais da Universidade de Coimbra:<br />
Em Julho de 1996 um cirurgião de<br />
transplantação da Alemanha, sentin<strong>do</strong><br />
pena de alguns <strong>do</strong>entes que esperavam<br />
por órgãos de cadáver, decidiu<br />
dar um <strong>do</strong>s seus rins a um <strong>do</strong>ente que<br />
ele não conhecia. Foi transplanta<strong>do</strong> na<br />
Universidade de Munique pelo Dr.<br />
Walter Land. Hoje o Professor Hoyer<br />
sente-se orgulhoso <strong>do</strong> seu acto humanitário<br />
e tenta encorajar outras pessoas<br />
a fazer o mesmo.<br />
Num artigo a que deu o nome de<br />
"Transplantação Renal: Uma história<br />
de sucesso" o Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota<br />
A decisão de oferecer, sem recompensa, uma parte <strong>do</strong> próprio<br />
corpo, em benefício da saúde e <strong>do</strong> bem estar de outra pessoa,<br />
poderá configurar como um autêntico acto de amor.<br />
João Paulo II<br />
começa por explicar que a transplantação<br />
de órgãos constitui sem dúvida<br />
um <strong>do</strong>s principais progressos da Medicina<br />
nos últimos cinquenta anos, ten<strong>do</strong><br />
representa<strong>do</strong> uma profunda transformação<br />
para milhares de <strong>do</strong>entes e<br />
para a comunidade médica. O trans-
plante renal e o transplante hepático<br />
podem ser considera<strong>do</strong>s como exemplos<br />
máximos <strong>do</strong> sucesso da medicina<br />
de transplantação, mas existem outros<br />
teci<strong>do</strong>s ou órgãos que podem ser<br />
transplanta<strong>do</strong>s com extraordinários<br />
benefícios para os <strong>do</strong>entes, como é o<br />
caso da medula óssea, córnea, intestinos,<br />
coração e pâncreas.<br />
Sen<strong>do</strong> histórias repletas de actos<br />
heróicos, o carácter humanitário <strong>do</strong><br />
médico é fundamental. O médico tem<br />
que ter aquilo que se chama a humani-<br />
zação da Medicina. O médico tem que<br />
lidar com o <strong>do</strong>ente saben<strong>do</strong> que está a<br />
lidar com um ser humano, com todas<br />
as suas carências, com todas as suas<br />
fragilidades, com todas as suas preocupações.<br />
O médico tem que dar-lhe a<br />
tal palavra de esperança. A esperança<br />
é meio caminho anda<strong>do</strong> para a cura,<br />
explicou.<br />
O <strong>do</strong>ente sente-se muitas vezes fragiliza<strong>do</strong><br />
e perde a tal esperança, como<br />
Miguel Torga tão bem descreveu enquanto<br />
relatava a sua própria experiência:<br />
"o indivíduo sente-se apenas um<br />
manequim <strong>do</strong>ri<strong>do</strong> que mãos estranhas<br />
ou familiares manobram com a <strong>do</strong>çura<br />
de uma paciência exausta. Um manequim<br />
que geme, que abre e fecha os<br />
olhos, que toca campainhas, mas que<br />
tem a sua realidade fisiológica longe de<br />
si, reduzida a gráficos e a tabelas. De<br />
um ser afirmativo e faceta<strong>do</strong> resta uma<br />
passividade amorfa, almofada entre<br />
almofadas, onde espetam agulhas ritualmente.<br />
E, embora, pareça estranho,<br />
o que nestas ocasiões mais se deseja<br />
não é melhorar. É simplesmente, ascender<br />
de farrapo humano a pessoa." Este<br />
sentimento <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente é o sentimento<br />
que os médicos devem ter presentes,<br />
afirmou o Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota.<br />
Mas não é só a solidariedade, o<br />
amor e o carácter humanitário. Há<br />
muitos problemas que estão liga<strong>do</strong>s à<br />
<strong>do</strong>ação e transplante de órgãos. Um<br />
deles é a legislação que se aplica aos<br />
da<strong>do</strong>res vivos. A nossa lei só permite,<br />
neste momento, que os da<strong>do</strong>res vivos<br />
sejam parentes consanguíneos até ao<br />
3º grau. Se, por exemplo, a mulher quiser<br />
dar um rim ao mari<strong>do</strong> ou vice-versa<br />
não é possível perante a nossa lei. O<br />
que já é uma prática nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s e em muitos outros países,<br />
A transplantação de órgãos constitui sem dúvida um <strong>do</strong>s principais<br />
progressos da Medicina, ten<strong>do</strong> representa<strong>do</strong> uma profunda<br />
transformação para milhares de <strong>do</strong>entes e para a comunidade<br />
médica.<br />
Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota<br />
aqui ainda não é possível. Aqui só com<br />
parentesco consanguíneo. A lei inicialmente<br />
teve estas restrições com me<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> comércio de órgãos. O comércio<br />
de órgãos é uma prática que, infelizmente,<br />
existe nos países subdesenvolvi<strong>do</strong>s.<br />
Ainda em Fevereiro vinha um<br />
artigo no jornal inglês The Guardian<br />
que relatava "turistas de transplante<br />
vão para o Paquistão onde compram<br />
os rins baratos" e tinha um fotografia<br />
de um paquistanês a mostrar a cicatriz<br />
de lhe terem tira<strong>do</strong> o rim. E compram<br />
isto por 1000 euros. Isto nunca existiu<br />
em Portugal, nem creio que nos países<br />
mais desenvolvi<strong>do</strong>s, Europa Ocidental<br />
ou nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Em Portugal<br />
então é muito difícil porque é um pais<br />
pequeno e tu<strong>do</strong> se sabia. Não há razão<br />
nenhuma para impedir que pessoas<br />
tão chegadas emocionalmente, como<br />
é o caso de um casal, se possam ajudar<br />
um ao outro, afirmou.<br />
Se, por um la<strong>do</strong> há um apelo ao princípio<br />
da solidariedade social para<br />
Reportagem<br />
defender que, em caso de óbito, as<br />
pessoas devem ser consideradas da<strong>do</strong>ras,<br />
por outro la<strong>do</strong>, defende-se que a<br />
<strong>do</strong>ação deve ser voluntária e individual.<br />
Em alguns países postula-se o consentimento<br />
presumi<strong>do</strong> para a <strong>do</strong>ação,<br />
como é o caso de Portugal. A lei de<br />
colheita de órgãos de cadáver é uma<br />
lei muito permissiva, é uma lei boa. Não<br />
é o da<strong>do</strong>r que voluntariamente se vai<br />
inscrever dizen<strong>do</strong> que dá os seus<br />
órgãos. A lei é que tem um pequeno<br />
artifício que diz que quem não se inscrever<br />
como não da<strong>do</strong>r é da<strong>do</strong>r. Não<br />
são as pessoas que se vão inscrever<br />
como da<strong>do</strong>ras e isto tem a ver, obviamente,<br />
com a própria compreensão de<br />
um problema. Se não fosse assim muitos<br />
casos se perdiam. Quan<strong>do</strong> esta lei<br />
foi implementada houve de facto algumas<br />
pessoas que se inscreveram como<br />
não da<strong>do</strong>ras, mas é um número insignificante<br />
que não tem expressão, explicou<br />
o <strong>Director</strong> de Urologia <strong>do</strong>s HUC.<br />
A falta de órgãos constitui, actualmente,<br />
um <strong>do</strong>s principais problemas<br />
para a transplantação. A xenotransplantação<br />
e a clonagem apresentamse<br />
como hipóteses para a resolução<br />
deste problema, mas por outro la<strong>do</strong><br />
levantam alguns problemas éticos e<br />
científicos. Eu creio que a xenotrans-<br />
Não há razão nenhuma para impedir que pessoas tão chegadas<br />
emocionalmente, como é o caso de um casal, se possam ajudar<br />
um ao outro.<br />
Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota<br />
plantação não vai ter grande futuro.<br />
Não tem presente, nem tem futuro. A<br />
xenotransplantação levanta problemas<br />
muito complexos de ordem científica,<br />
nomeadamente, a transmissão de<br />
<strong>do</strong>enças de animais para os seres<br />
humanos, que a tornam inviável. Não é<br />
por aí que a falta de órgãos vai ser resolvida.<br />
Quanto aos problemas éticos<br />
é evidente que tínhamos que considerar<br />
a circunstância de, eticamente, ser<br />
aceitável ou não estar a matar animais<br />
para tirar órgãos para os seres huma-<br />
torga 31
Reportagem<br />
nos. Afinal de contas, a natureza vive<br />
de um equilíbrio ecológico que implica<br />
que to<strong>do</strong>s os seres vivos tenham direito<br />
à vida. Em relação à clonagem humana<br />
a questão que se coloca aqui é<br />
uma questão que tem a ver com uma<br />
situação que, sob o ponto de vista<br />
ético é inaceitável. Agora, clonar teci<strong>do</strong>s<br />
ou vir a clonar órgãos, penso que<br />
isso no futuro poderá ser viável. Penso<br />
Clonar teci<strong>do</strong>s ou vir a<br />
clonar órgãos, penso que é<br />
uma boa via para resolver<br />
o problema da falta de<br />
órgãos.<br />
que é uma boa via para resolver o<br />
problema da falta de órgãos, explicou<br />
o Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota.<br />
Ao possibilitar a substituição de um<br />
órgão <strong>do</strong>ente ou em risco de falhar, a<br />
transplantação foi um incrível avanço<br />
da Medicina. Libertar um <strong>do</strong>ente, que<br />
tem que se submeter a diálise, de<br />
todas as complicações que daí possam<br />
advir, por exemplo: risco de infecções,<br />
fadiga, risco de intoxicação com<br />
os materiais de tratamento é dar-lhe<br />
nova vida com uma qualidade até aí<br />
impossível.<br />
Criteriosamente selecciona<strong>do</strong>s os<br />
da<strong>do</strong>res e sempre bem vigia<strong>do</strong>s os<br />
transplanta<strong>do</strong>s, os riscos de rejeição<br />
são hoje mínimos, mas ainda existem.<br />
Progressivamente, com a evolução<br />
significativa têm-se atingi<strong>do</strong> enormes<br />
taxas de êxito.<br />
32 torga<br />
Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota<br />
Andrea Marques<br />
Filipe Casaleiro (Fotos)<br />
UM BANCO EM CONTA<br />
"Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente que lhe assegure<br />
e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à<br />
alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e<br />
ainda aos serviços sociais necessários". Ten<strong>do</strong> como princípio este<br />
excerto <strong>do</strong> artigo 25º da Declaração Universal <strong>do</strong>s Direitos <strong>do</strong> Homem,<br />
os Bancos Alimentares Contra a Fome são uma resposta necessária,<br />
mas provisória, até que o homem se consiga restabelecer e manter um<br />
nível de vida que lhe permita o bem-estar.<br />
A ideia que deu origem à criação <strong>do</strong><br />
Banco Alimentar contra a Fome surgiu<br />
em 1966 nos EUA quan<strong>do</strong> um núcleo<br />
de pessoas viu que uma quantidade<br />
enorme de alimentos se desperdiçavam<br />
e que, ao serem aproveita<strong>do</strong>s, poderiam<br />
alimentar pessoas com fome.<br />
Este é o principio<br />
básico <strong>do</strong> Banco Alimentar:<br />
a luta contra<br />
o desperdício, afirmou<br />
o Eng. Azeve<strong>do</strong><br />
Gomes, responsável<br />
pelo Banco Alimentar de Coimbra. A<br />
filosofia da instituição assenta no<br />
princípio que, destruir os alimentos<br />
excedentários custa mais caro <strong>do</strong> que<br />
<strong>do</strong>á-los.<br />
O Banco Alimentar assume a forma<br />
de Instituição Particular de Solidariedade<br />
Social, que tem por missão<br />
minorar a fome <strong>do</strong>s mais desfavoreci<strong>do</strong>s<br />
estabelecen<strong>do</strong> uma ponte entre a<br />
generosidade de quem pode e quer e<br />
a necessidade de quem precisa. O<br />
Banco Alimentar propõe-se a: lutar<br />
contra o desperdício de alimentos,<br />
partilhá-los com quem tem fome e fomentar<br />
a solidarie-<br />
dade entre os homens.<br />
Para além de<br />
vivermos essa luta<br />
contra o desperdí-<br />
Eng. Azeve<strong>do</strong> Gomes<br />
cio, como não chega,<br />
fazemos 2 campanhas por ano:<br />
uma em Dezembro e outra em Maio<br />
que funcionam às portas <strong>do</strong>s grandes<br />
supermerca<strong>do</strong>s. Na última campanha<br />
que fizemos, em Dezembro de 2004,<br />
angariámos mais de 60 toneladas de<br />
alimentos. Também temos muitos<br />
<strong>do</strong>nativos de empresas ligadas ao<br />
O principio básico <strong>do</strong><br />
Banco Alimentar é a luta<br />
contra o desperdício.
amo alimentar que nos dão excedentes,<br />
explicou o Eng. Azeve<strong>do</strong><br />
Gomes. É durante estas alturas que a<br />
acção <strong>do</strong> Banco Alimentar ganha mais<br />
visibilidade, mas este trabalho de solidariedade<br />
social continua ao longo <strong>do</strong><br />
ano. Tem si<strong>do</strong> fácil sensibilizar as pessoas<br />
para o voluntaria<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong><br />
nestas campanhas. Fora das campanhas<br />
é um pouco mais difícil porque o<br />
Na última campanha que<br />
fizemos, em Dezembro de<br />
2004, angariámos mais de<br />
60 toneladas de alimentos.<br />
Eng. Azeve<strong>do</strong> Gomes<br />
Banco está um pouco longe de<br />
Coimbra e torna-se complica<strong>do</strong> por<br />
causa das deslocações. Em Lisboa,<br />
por exemplo, que é o maior Banco <strong>do</strong><br />
país, tem mais de 20 voluntários a trabalhar<br />
diariamente, afirmou o Eng.<br />
Gomes Azeve<strong>do</strong>.<br />
O mo<strong>do</strong> de funcionamento desta<br />
instituição articula-se em torno de 3<br />
eixos: a recolha de alimentos; o armazenamento<br />
e a distribuição. Nós não<br />
entregamos alimentos a famílias nem a<br />
pessoas. Entregamos tu<strong>do</strong> a instituições<br />
porque pretendemos controlar<br />
um pouco para sabermos a quem os<br />
alimentos são entregues, concluiu.<br />
Andrea Marques<br />
MISSÃO SRI LANKA<br />
O Sri Lanka foi um <strong>do</strong>s países mais<br />
afecta<strong>do</strong>s pelo maremoto que atingiu<br />
o sudeste asiático no dia 26 de<br />
Dezembro. Foi declara<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de<br />
Emergência e pedida ajuda internacional.<br />
A Assistência Médica Internacional<br />
(AMI) decidiu desencadear uma<br />
operação de emergência nesse país. O<br />
Dr. José Luís Nobre, administra<strong>do</strong>r da<br />
AMI, fez parte da primeira equipa que<br />
no dia 29 de Dezembro já estava no<br />
terreno para prestar auxílio.<br />
O cenário era dantesco. Foi com<br />
esta frase que o Dr. José Luís Nobre<br />
descreveu a situação que se vivia no<br />
Sri Lanka nos dias seguintes ao tsunami.<br />
Continuou: Eu estou na AMI há 14<br />
anos e já fiz mais de 80 missões. Tenho<br />
feito todas as missões da AMI desde<br />
que entrei. Pensava que já tinha visto<br />
tu<strong>do</strong> e até dizia: “não sei o que é que<br />
mais me vai impressionar”, mas depois<br />
de ver o que aquela onda fez...nada é<br />
pareci<strong>do</strong>. Eu estive no genocídio no<br />
Ruanda, em cenários de guerra, no<br />
furacão Mitch nas Honduras, no terramoto<br />
em El Salva<strong>do</strong>r... nada é pareci<strong>do</strong>.<br />
Todas estas destruições são muito<br />
locais, mas aquela onda destruiu tu<strong>do</strong>.<br />
Reportagem<br />
O trabalho da equipa médica nos<br />
primeiros dias resumiu-se essencialmente<br />
à realização de curativos.<br />
Inicialmente constituída por 9 pessoas,<br />
a primeira missão da equipa foi<br />
de emergência pura. Apercebemo-nos<br />
que as pessoas ficavam admiradas ao<br />
saber o que é que nós estávamos ali a<br />
fazer mas, emergência é mesmo isso;<br />
é estar lá ao mesmo tempo que as<br />
pessoas, se chegarmos um mês depois<br />
já não vale a pena. Nesse primeiro<br />
mês tratámos <strong>do</strong> campo de desloca<strong>do</strong>s,<br />
construímos latrinas, tratámos <strong>do</strong><br />
problema da água, da comida e da<br />
parte médica - continuou José Nobre.<br />
Reduzida para 5 pessoas no segun<strong>do</strong><br />
mês a equipa foi-se adaptan<strong>do</strong> à<br />
situação, continuou a fazer as habituais<br />
consultas no perío<strong>do</strong> da manhã<br />
dentro <strong>do</strong> campo reservan<strong>do</strong> a tarde<br />
para percorrer toda a periferia. Este<br />
trabalho é feito durante to<strong>do</strong>s os dias<br />
da semana excepto sába<strong>do</strong> à tarde<br />
que é para repor os medicamentos na<br />
nossa farmácia, fazer um trabalho logístico.<br />
Domingo só passou a ser o dia<br />
de descanso da equipa depois <strong>do</strong>s<br />
primeiros 40 dias. Antes disso, nunca<br />
houve um dia de descanso, não havia<br />
torga 33
Reportagem<br />
repouso. Passámos de uma situação<br />
de extrema emergência para uma situação<br />
já mais regular, referiu o entrevista<strong>do</strong>.<br />
A AMI faz uma média de 100<br />
consultas por dia, se contarmos 25<br />
dias, sem os <strong>do</strong>mingos, faz uma média<br />
de 2500 pessoas por mês que são<br />
tratadas por nós.<br />
Neste momento, a par da assistência<br />
médica, o desenvolvimento tornase<br />
a principal prioridade da AMI. Esta<br />
equipa tem investi<strong>do</strong> em projectos e já<br />
financiou 10 projectos, de entre os<br />
quais se destacam: o material para<br />
identificação de cadáveres, a construção<br />
de latrinas e um tanque de<br />
água. Depois a nossa prioridade passou<br />
para os órfãos. Nós actualmente<br />
temos a nosso cargo 3 orfanatos completos,<br />
1 de 200 pessoas, 1 de 125<br />
pessoas e outro de 50 pessoas. Nestes<br />
orfanatos, nós contribuímos com tu<strong>do</strong>,<br />
desde o pagamento <strong>do</strong> professor à<br />
comida, roupa, calça<strong>do</strong>, parte médica.<br />
Estes orfanatos vão estar inteiramente<br />
suporta<strong>do</strong>s pela AMI por um perío<strong>do</strong><br />
34 torga<br />
de 3 anos. Os projectos já estão aprova<strong>do</strong>s<br />
e também decidimos avançar<br />
com a construção de raiz de um <strong>do</strong>s<br />
orfanatos.<br />
Todas as televisões mostraram as<br />
mesmas imagens, vezes sem conta, a<br />
to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. Ao Sri Lanka iam chegan<strong>do</strong><br />
cada vez mais jornalistas, cada<br />
vez havia mais fotografias, mais<br />
vídeos, muitos deles até ama<strong>do</strong>res de<br />
pessoas que gozavam ali as suas<br />
férias de Natal.<br />
O drama foi tão grande que implicou<br />
que toda a comunidade jornalística<br />
internacional estivesse durante muito<br />
tempo a explorar o mesmo assunto. E<br />
isso repetiu-se cá em Portugal. Foram<br />
imagens chocantes que se viram e que<br />
ainda se continuam a ver. São imagens<br />
que marcam e eu penso que foi daí<br />
que veio essa onda de solidariedade,<br />
muito tempo a passar imagens idênticas<br />
de tragédia. As pessoas ficaram<br />
com me<strong>do</strong> porque perceberam que<br />
podiam ser atingidas; independentemente<br />
de guerras, epidemias, de<br />
calamidades. Uma onda destas podia<br />
matar toda a gente e aí o me<strong>do</strong> funcionou<br />
e a solidariedade avançou. Nós<br />
nunca tivemos uma ajuda tão grande<br />
como estamos a ter agora. Pensávamos<br />
ficar 6 meses e, de um momento<br />
para o outro verificamos que, graças<br />
à ajuda que temos ti<strong>do</strong>, podemos ficar<br />
por 3 a 5 anos.<br />
A sensibilização é a grande preocupação<br />
da AMI uma vez que a cultura<br />
<strong>do</strong> voluntaria<strong>do</strong> ainda é muito insipiente<br />
em Portugal, concluiu.<br />
Actualmente, há empresas que ajudam<br />
permitin<strong>do</strong> que os seus trabalha<strong>do</strong>res<br />
troquem algumas horas de trabalho<br />
por acções de voluntaria<strong>do</strong>.<br />
Andrea Marques
CEM GESTOS DE SOLIDARIEDADE<br />
E se de repente um simples traço<br />
no papel ligasse D. Duarte Pio a<br />
Eusébio, Belmiro de Azeve<strong>do</strong> a<br />
Pedro Abrunhosa, Bagão Félix a<br />
António Capucho, Maria Barroso<br />
a Marina Mota?! 100 Gestos de<br />
Solidariedade foi a iniciativa que<br />
juntou 100 figuras públicas a<br />
fazer um desenho, por uma obra.<br />
Desenho de Belmiro de Azeve<strong>do</strong><br />
Desenho de José Hermano Saraiva<br />
Reportagem<br />
A iniciativa foi levada a cabo pelo Centro Comunitário da<br />
Paróquia de Carcavelos (CCPC), em colaboração com a<br />
Câmara Municipal de Cascais, que decidiram lançar um<br />
desafio a 100 figuras públicas: desenhar a solidariedade.<br />
Um traço solidário feito desenho ou palavras une a boa<br />
vontade das 100 figuras públicas que aceitaram o nosso<br />
desafio. Juntamos à curiosidade <strong>do</strong> esboço de cada um, a<br />
necessidade de levarmos ainda mais longe o nosso apelo,<br />
explicou Jorge Dias, contabilista <strong>do</strong> Centro e autor da ideia.<br />
O objectivo é continuar a obra que vimos realizan<strong>do</strong> há<br />
mais de vinte anos. O CCPC existe desde 1981. Há 24 anos<br />
que tentamos fazer obra pelos que a sociedade aceita que<br />
vivam à margem - uns porque são mais velhos <strong>do</strong> que aqueles<br />
a quem são dadas oportunidades; outros porque a vida<br />
deixou <strong>do</strong>entes de vícios; outros ainda por integrarem a<br />
massa <strong>do</strong>s mais pobres <strong>do</strong>s pobres, continuou.<br />
Entre Maio e Junho, os 100 desenhos estiveram expostos,<br />
primeiro no Centro Cultural de Cascais e depois no<br />
Oeiras Parque.<br />
O objectivo foi angariar fun<strong>do</strong>s para a construção de um<br />
novo edifício de apoio à comunidade da zona.<br />
Andrea Marques<br />
torga 35
Reportagem<br />
"CONFIDENCIALIDADE<br />
GARANTIDA"<br />
Com 8 anos de existência, o<br />
Gabinete de Apoio Psicossocial<br />
(GAP), <strong>do</strong> Instituto Superior<br />
Miguel Torga, excedeu as suas<br />
expectativas iniciais. Com um<br />
vasto leque de projectos, que<br />
pretendem abranger as mais<br />
diversas situações que afectam a<br />
comunidade estudantil <strong>do</strong> ISMT,<br />
conseguiu-se dar resposta às<br />
necessidades de to<strong>do</strong>s os que o<br />
procuram.<br />
Informações sobre o GAP:<br />
Atendimento Pessoal<br />
Rua Oliveira Matos, n.º17<br />
3000 Coimbra<br />
Segunda a Quinta,das 10hrs às 12:30<br />
e das 14:30 às 17:30<br />
Equipa Técnica<br />
Psicólogas:<br />
Dr.ª Marina Cunha;<br />
Dr.ª Ana Galhar<strong>do</strong>;<br />
Dr.ª Teresa Carvalho;<br />
Dr.ª Rita Santos.<br />
Assistente Social:<br />
Dr.ª Ilda Car<strong>do</strong>so.<br />
36 torga<br />
O GAP, inseri<strong>do</strong> no Centro de Estu<strong>do</strong>s<br />
Psicossociais (CEPS), foi cria<strong>do</strong> com o<br />
intuito de apoiar o bem-estar psicológico<br />
e o desenvolvimento pessoal <strong>do</strong>s<br />
estudantes ao longo <strong>do</strong> seu percurso<br />
escolar.<br />
Segun<strong>do</strong> a Dr.ª Ana Galhar<strong>do</strong>, o gabinete<br />
tem projectos em vigor que<br />
intervêm a nível de estratégias educativas<br />
(no que refere aos méto<strong>do</strong>s de<br />
estu<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s e à ansiedade característica<br />
<strong>do</strong>s momentos de avaliação),<br />
a nível da prevenção primária nas mais<br />
diversas dependências (drogas ilícitas,<br />
álcool...) e também na prevenção das<br />
DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis).<br />
Psica-te (www.psica-te.com), um<br />
<strong>do</strong>s principais projectos, é uma página<br />
que faculta aos alunos um aconselhamento<br />
online e, como afirmou Ana<br />
Galhar<strong>do</strong>, "presta um serviço onde podem<br />
colocar dúvidas, de uma forma<br />
anónima."<br />
Brevemente, haverá a possibilidade<br />
de aceder ao Psica-te <strong>do</strong> mesmo<br />
mo<strong>do</strong> que se acede à página individual<br />
de cada estudante <strong>do</strong> ISMT. Esta<br />
possibilidade visa atingir a principal<br />
população alvo <strong>do</strong> GAP, os alunos <strong>do</strong><br />
ISMT. Devi<strong>do</strong> à constante actualização<br />
<strong>do</strong> Psica-te, novos conteú<strong>do</strong>s farão<br />
parte integrante <strong>do</strong> projecto, incluin<strong>do</strong><br />
um novo "botão" interactivo, "Mito<br />
Manias". O "Mito Manias" visa desmantelar<br />
alguns mitos relaciona<strong>do</strong>s<br />
com os vários temas que dizem<br />
respeito ao consumo de drogas, à alimentação<br />
(distúrbios alimentares), à<br />
sexualidade, entre outros. Tem como<br />
objectivo esclarecer algumas ideias<br />
erradas sobre varia<strong>do</strong>s temas.<br />
Para divulgar estes projectos vão<br />
ser lança<strong>do</strong>s flyers e cartazes para que<br />
os alunos tomem conhecimento da<br />
sua existência. Porém, esta não pode<br />
ser uma divulgação maciva porque haveria<br />
dificuldade, por parte da equipa<br />
que constitui o GAP (ver caixa em<br />
anexo), em dar resposta à procura.<br />
Apesar da ligação com o ISMT, a<br />
equipa técnica não tem acesso à identidade<br />
<strong>do</strong>s alunos que acedem ao<br />
Psica-te, "a confidencialidade está<br />
seguramente garantida" - salienta Ana<br />
Galhar<strong>do</strong>.<br />
Raquel Neto<br />
Andreia Amaral<br />
2º ano Ciências da Informação
Assessoria de Formação Permanente<br />
Aprender Sempre<br />
O ISMT é uma instituição de ensino<br />
superior universitária que possui uma<br />
vertente especializada no desenvolvimento<br />
e promoção de formação sob a<br />
forma de Cursos de Formação, Workshops,<br />
Congressos, Encontros e Seminários.<br />
A implementação de uma<br />
vertente desta natureza no ISMT<br />
reveste-se de uma dupla importância<br />
da<strong>do</strong> que o aspecto formativo permite<br />
aprofundar conhecimentos e contribuir<br />
para a valorização das capacidades e<br />
competências profissionais, contribuir<br />
para o desenvolvimento <strong>do</strong> Instituto,<br />
da<strong>do</strong> que este adquire capacidade de<br />
esbater a distanciação entre a formação<br />
académica e as novas exigências<br />
impostas pelo merca<strong>do</strong> de trabalho,<br />
responden<strong>do</strong>, assim, às necessidades<br />
de formação <strong>do</strong>s que já exercem uma<br />
actividade profissional como também<br />
daqueles que estão em formação.<br />
Cabe à Assessoria de Formação<br />
Permanente <strong>do</strong> ISMT a coordenação e<br />
dinamização <strong>do</strong>s Cursos de Formação<br />
Permanente dirigi<strong>do</strong>s quer a profissionais<br />
(Assistentes Sociais, Psicólogos,<br />
Médicos, Enfermeiros, Terapeutas,<br />
Professores, Educa<strong>do</strong>res, Técnicos de<br />
Reabilitação e Reinserção, Gestores<br />
de Recursos Humanos e Forma<strong>do</strong>res)<br />
quer a finalistas das Licenciaturas,<br />
Mestran<strong>do</strong>s e Doutoran<strong>do</strong>s.<br />
O ISMT está acredita<strong>do</strong> como entidade<br />
forma<strong>do</strong>ra pelo INOFOR, nos <strong>do</strong>mínios<br />
da concepção, organização,<br />
promoção e desenvolvimento de acções<br />
de formação (processo n.º 1757/<br />
Despacho n.º 16 364/2000 <strong>do</strong> Senhor<br />
Secretário de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Trabalho e<br />
Formação, de 24 de Julho, Diário da<br />
República, 2ª série, de 10 de Agosto<br />
de 2000).<br />
Cursos já Agenda<strong>do</strong>s:<br />
Curso Início<br />
Educação Especial 1 de Outubro de 2005<br />
Lei de Protecção de Crianças e<br />
Jovens em Risco e o Regime Jurídico<br />
da A<strong>do</strong>pção<br />
Avaliação de Desempenho como<br />
Ferramenta de Gestão<br />
Constituição de Pessoas Colectivas<br />
Sem Fins Lucrativos<br />
5 de Novembro de 2005<br />
5 de Novembro de 2005<br />
1 de Outubro de 2005<br />
Gestão <strong>do</strong> Stress 1 de Outubro de 2005<br />
Comunicação e Marketing Estratégico/Marketing<br />
Público e Social<br />
5 de Novembro de 2005<br />
Relações Interpessoais e Gestão de<br />
Conflitos<br />
Jogos Dramáticos e Técnicas<br />
Expressivas<br />
17 de Setembro de 2005<br />
8 de Outubro de 2005<br />
Assessoria<br />
torga 37
Grande Entrevista<br />
PARTE I - A MISERICÓRDIA DE LISBOA<br />
Torga - A Misericórdia de Lisboa é<br />
uma instituição com mais de 500 anos<br />
de história. Quais foram as grandes<br />
transformações que ocorreram na<br />
Santa Casa ao longo <strong>do</strong> tempo?<br />
Maria José Nogueira Pinto - M.J.N.P.<br />
- A Misericórdia é uma instituição que<br />
desde sempre esteve ligada, curiosamente,<br />
àquilo a que podemos chamar<br />
as políticas sociais públicas, ou seja,<br />
que ao longo da Monarquia, da<br />
República, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo e mesmo<br />
logo no Pós 25 de Abril, a Misericórdia<br />
foi sempre chamada como o "motor"<br />
para essas políticas públicas, o que é<br />
uma questão interessante. Por um<br />
la<strong>do</strong>, é uma instituição que nasce num<br />
espírito caritativo com um modelo<br />
muito original que era o modelo italiano<br />
e que foi trazi<strong>do</strong> para Portugal por<br />
José Miguel Contreiras, confessor da<br />
Rainha D. Leonor e que depois ela<br />
desenvolve mas, sempre com uma lig-<br />
40 torga<br />
ação muito forte ao Esta<strong>do</strong>. Embora<br />
fosse a primeira Misericórdia, como<br />
sabe as Misericórdias são privadas e<br />
os prove<strong>do</strong>res são escolhi<strong>do</strong>s entre os<br />
irmãos, esta teve sempre essa ligação<br />
muito particular ao Esta<strong>do</strong>. Na área da<br />
saúde, o Hospital de To<strong>do</strong>s-os-Santos,<br />
por exemplo. Na área das crianças a<br />
Roda, e, dela também nasce a<br />
primeira ideia de alimentar os que têm<br />
fome... Depois <strong>do</strong> 25 de Abril, curiosamente,<br />
também interveio nas primeiras<br />
políticas públicas de ín<strong>do</strong>le social que,<br />
como sabe, foram mais intensamente<br />
desenvolvidas no Pós 25 de Abril.<br />
Portanto, penso que ela não só acompanhou<br />
todas as transformações<br />
como foi chamada a ser interventora<br />
directa nessas transformações.<br />
Torga - Foi-se conseguin<strong>do</strong> adaptar às<br />
realidades sociais e políticas?<br />
M.J.N.P - Sim. É uma Casa muito<br />
resiliente. Aliás, eu penso que é a<br />
única instituição, à excepção da Igreja<br />
mas a Igreja é uma instituição muito<br />
mais complexa, que está operante há<br />
506 anos. Isso só se justifica se, efectivamente,<br />
for uma instituição muito<br />
prospectiva, isto é, com uma noção<br />
clara da realidade e uma percepção<br />
aguda daquilo que vai acontecer ou<br />
mudar. Isto explica o facto da Misericórdia<br />
estar como está, como continua<br />
implantada no terreno, ou seja, na<br />
primeira linha e, portanto, em contacto<br />
directo com as pessoas. Ten<strong>do</strong> centenas<br />
de técnicos no terreno, faz com<br />
que ela antecipe as questões.<br />
Torga - Quais são as grandes áreas<br />
que a Santa Casa abrange?<br />
M.J.N.P. - Todas. Desde, na área da<br />
saúde, hospitais importantes como é o<br />
Hospital de Santana e o Hospital de<br />
Alcoitão, mas igualmente uma saúde
mais comunitária, mais preventiva,<br />
mais saúde pública, como são as<br />
unidades locais de saúde, incluin<strong>do</strong><br />
também os <strong>do</strong>entes de SIDA - a misericórdia<br />
é a única instituição que neste<br />
momento faz apoio <strong>do</strong>miciliário em<br />
grande escala aos <strong>do</strong>entes de sida,<br />
são 1500 diários. Nestas novas terapêuticas<br />
muito complicadas, em que<br />
eles precisam de um grande acompanhamento,<br />
também temos um serviço<br />
só para isso. Temos também a única<br />
coisa que penso que existe em<br />
Portugal, que abrimos há um ano, que<br />
é um estabelecimento onde as mães<br />
<strong>do</strong>entes podem ficar com os seus filhos,<br />
não é preciso separar as mães<br />
<strong>do</strong>s filhos. Isto, por exemplo, na área<br />
da sida. Mas estamos também na toxicodependência,<br />
estamos nos emigrantes,<br />
estamos nas minorias étnicas,<br />
depois estamos com as famílias, estamos<br />
na formação profissional, estamos<br />
na certificação e validação de<br />
competências. Estamos no pré-escolar,<br />
estamos nas crianças privadas <strong>do</strong><br />
meio familiar que estão entregues à<br />
tutela. Estamos com as formas de<br />
pobreza tradicionais, continuamos a<br />
dar de comer a quem tem fome, continuamos<br />
a vestir os nus... mas estamos<br />
também com as novas formas de<br />
exclusão, que já não são novas, já são<br />
velhas, porque já têm 20 anos e estamos<br />
agora muito preocupa<strong>do</strong>s com a<br />
questão <strong>do</strong> envelhecimento porque é<br />
o grande problema que Portugal tem<br />
pela frente é a falta de resposta para a<br />
3ª, 4ª, 5ª Idade. Não existem equipamentos,<br />
não existem respostas. Há<br />
uma grande confusão entre a intervenção<br />
da saúde e a intervenção da<br />
solidariedade. Portanto, os <strong>do</strong>is Ministérios<br />
não se entendem sobre quem<br />
tem que intervir ou se pode intervir e<br />
deve intervir conjuntamente. Portanto<br />
nós priorizámos porque nós aqui temos<br />
os três sistemas. Temos educação<br />
e formação, acção social e<br />
saúde e pensamos que é interessante<br />
conseguir integrar os três sistemas,<br />
Grande Entrevista<br />
torga 41
Grande Entrevista<br />
mini-sistemas, que temos aqui, neste<br />
microcosmos, e tentar a intervenção<br />
com os sistemas integra<strong>do</strong>s. Portanto,<br />
os i<strong>do</strong>sos, que são neste momento a<br />
nossa grande preocupação, o apoio<br />
<strong>do</strong>miciliário, os lares, os centros de<br />
dia. Temos os deficientes profun<strong>do</strong>s<br />
também.<br />
Vamos agora entrar numa área que<br />
nos é muito cara, que é Obra de<br />
Misericórdia importantíssima, que está<br />
aban<strong>do</strong>nada penso que há mais de<br />
100 anos nesta Casa. São os reclusos.<br />
Vamos começar a preparar a saída<br />
<strong>do</strong>s reclusos <strong>do</strong> Concelho de Lisboa e<br />
fazer a sua inserção.<br />
Torga - É fácil sensibilizar as pessoas<br />
para o voluntaria<strong>do</strong> social?<br />
M.J.N.P. - Eu dir-lhe-ia que é fácil<br />
demais e por isso perigoso. Eu acho<br />
que as pessoas despertaram em<br />
Portugal para o voluntaria<strong>do</strong>. O volun-<br />
42 torga<br />
taria<strong>do</strong> em saúde tem muita tradição,<br />
mas o voluntaria<strong>do</strong> social não tinha. O<br />
voluntaria<strong>do</strong> das empresas também<br />
não tinha e, portanto, talvez também<br />
em função <strong>do</strong> que foi o Ano Internacional<br />
<strong>do</strong> Voluntaria<strong>do</strong> houve um despertar<br />
das pessoas para essa realidade.<br />
Mas as instituições não estão preparadas<br />
para integrarem esse voluntaria<strong>do</strong><br />
de forma eficiente. Portanto,<br />
nós aqui temos ti<strong>do</strong> um caminho um<br />
bocadinho diferente, ou seja, como a<br />
oferta é muito grande o problema não<br />
se coloca <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s voluntários,<br />
coloca-se <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da nossa capacidade<br />
de os absorver de forma a que<br />
eles também se sintam compensa<strong>do</strong>s<br />
moralmente e emocionalmente. Estamos<br />
a chamá-los para projectos concretos.<br />
Há tanta coisa aqui para fazer,<br />
que as pessoas devem poder escolher<br />
se querem trabalhar com i<strong>do</strong>sos, se<br />
querem trabalhar com crianças, se<br />
querem trabalhar com deficientes, se<br />
querem trabalhar com <strong>do</strong>entes de sida<br />
e então vão para projectos concretos.<br />
A ideia de aceitar inscrições a eito de<br />
voluntários, como se tem feito em<br />
tanto la<strong>do</strong> e aqui também se fazia,<br />
parece-me negativa. As pessoas depois<br />
não são chamadas, vêem passar<br />
os meses, ficam bastante indignadas,<br />
o que é legítimo, e dizem: "então eu<br />
ofereci-me e ninguém me quer? Como<br />
é que isto é?".<br />
Penso que aqui tinha que se fazer,<br />
no geral não só na Misericórdia, uma<br />
articulação diferente com o voluntaria<strong>do</strong>.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, hoje em dia eu<br />
acho que há muita exploração pelos<br />
media <strong>do</strong>s sentimentos das pessoas,<br />
que é uma coisa muito negativa que<br />
assistimos to<strong>do</strong>s os dias e, portanto,<br />
os media de vez em quan<strong>do</strong> lançam<br />
uns temas que suscitam nas pessoas<br />
sentimentos muito exacerba<strong>do</strong>s mas
que se apagam rapidamente. As pessoas<br />
são levadas para uma emoção,<br />
vão a correr inscrever-se, querem todas<br />
ajudar, passa<strong>do</strong> <strong>do</strong>is meses já não<br />
comparecem, já não cumprem, portanto<br />
é isso que se tem que ver. O voluntaria<strong>do</strong><br />
tem que ser profissionaliza<strong>do</strong><br />
nesse senti<strong>do</strong> porque quem assume<br />
uma obrigação deve cumpri-la<br />
durante um tempo longo. Por exemplo,<br />
com as crianças não se podem ter<br />
voluntários que acompanhem as crianças<br />
e que estejam sempre a mudar<br />
porque estas crianças são crianças<br />
que já tiveram muitas percas e muitas<br />
rupturas e, portanto, não interessa ver<br />
hoje a D. Joana e amanhã a D. Maria.<br />
Se alguém quer vir tem que vir e assumir<br />
essa responsabilidade que vem.<br />
Para virem de vez em quan<strong>do</strong> acho<br />
que são dispensáveis porque isso não<br />
é verdadeiramente voluntaria<strong>do</strong>. Voluntaria<strong>do</strong>,<br />
nos países onde funciona<br />
bem, as pessoas de facto são permanentes.<br />
Asseguram serviços como se<br />
fossem profissionais. Os museus em<br />
Washington, quase to<strong>do</strong>s, funcionam<br />
com voluntários. Os voluntários estão<br />
lá para abrir o museu, para vender os<br />
bilhetes, para acompanhar as pessoas.<br />
Não faltam porque se faltarem o<br />
museu fecha. Eu acho que tem que<br />
haver um senti<strong>do</strong> de muito maior<br />
responsabilidade por parte de voluntários,<br />
por parte das instituições tem<br />
que haver um espírito muito mais<br />
pragmático de os encaixar e não esta<br />
coisa de dizer "quantos voluntários<br />
temos nós cá? 400." Depois, vai-se a<br />
ver e é um ficheiro meio-morto. Mas,<br />
nesse senti<strong>do</strong> só assinalar que fizemos,<br />
primeiro um projecto, hoje já é<br />
um programa, que se chama "Mais<br />
voluntaria<strong>do</strong>, menos solidão", exactamente<br />
vira<strong>do</strong> para os i<strong>do</strong>sos isola<strong>do</strong>s,<br />
que é a nossa preocupação maior<br />
porque são os i<strong>do</strong>sos que, muitos deles<br />
têm recursos mas não têm ninguém<br />
e, portanto, é um trabalho que o<br />
voluntaria<strong>do</strong> pode fazer facilmente, é a<br />
companhia. É companhia, são afectos,<br />
são coisas que não requerem grandes<br />
técnicas e estamos a fazê-lo com a<br />
Cruz Vermelha, com o Coração Amarelo,<br />
com as Juntas de Freguesia e<br />
com as Paróquias nas zonas mais envelhecidas<br />
da cidade.<br />
Torga - Lemos recentemente no Diário<br />
Económico uma entrevista em que<br />
afirma que gostaria de fazer da Santa<br />
Casa a mais importante organização<br />
de Economia Social em Portugal e<br />
apostar também na sua internacionalização.<br />
O que é que há a fazer neste<br />
senti<strong>do</strong>?<br />
M.J.N.P. - Eu penso que esta Casa,<br />
pela sua dimensão e pelos seus recursos,<br />
pelo facto de ter a concessão <strong>do</strong>s<br />
jogos sociais, embora a Misericórdia<br />
Grande Entrevista<br />
só fique com 24% das receitas, os<br />
76% vão para o Esta<strong>do</strong>. Portanto, a<br />
Misericórdia é hoje uma fonte de receita<br />
importante para o Esta<strong>do</strong> mas, também<br />
é uma Casa que arrecada 24%<br />
destas receitas e quan<strong>do</strong> as receitas<br />
A misericórdia é a única instituição que neste momento faz apoio<br />
<strong>do</strong>miciliário em grande escala aos <strong>do</strong>entes de sida.<br />
sobem como subiram nesta nossa<br />
gestão, são receitas significativas. A<br />
Casa tem um arcaboiço, uma envergadura,<br />
tem recursos humanos, tem<br />
recursos financeiros e tem uma marca<br />
muito valiosa. Aliás quan<strong>do</strong> chegámos<br />
cá a Casa estava falida. A única coisa<br />
que nós tínhamos era a marca, como a<br />
Coca-Cola. Isto é uma marca como a<br />
Coca-Cola, dá muito dinheiro e então<br />
das portas que se nos abriram, mesmo<br />
internacionalmente, foi por causa da<br />
marca. É curioso que acho, <strong>do</strong> que eu<br />
conheço da Misericórdia, já por cá<br />
passei, que nenhuma Mesa explorou,<br />
no melhor senti<strong>do</strong> da palavra, esta<br />
marca. A Casa estava muito acabrunhada<br />
e, no entanto, não há razão para<br />
isso porque a Casa tem aqui um activo<br />
muitíssimo grande que estica e<br />
pode esticar ainda muito mais.<br />
Pensamos que podemos ser o motor<br />
exactamente por termos aqui estas<br />
características, podemos e devemos<br />
ser o motor da Economia Social em<br />
Portugal e que isso passaria por uma<br />
segunda fase, se essa segunda fase<br />
se proporcionar. Se se proporcionar<br />
um segun<strong>do</strong> mandato não deve ser<br />
em nada igual ao primeiro porque não<br />
vale a pena ficar para fazer o mesmo.<br />
O que havia a fazer no primeiro<br />
mandato está praticamente feito. No<br />
segun<strong>do</strong> então valeria a pena dar<br />
estes saltos qualitativos. Eu acho que<br />
o sector social está desagrega<strong>do</strong>, ou<br />
seja, a relação que o sector social tem<br />
com o Esta<strong>do</strong> é uma relação assim<br />
como temos esta<strong>do</strong> a discutir. O que<br />
deveria de ser refocalizada e penso<br />
que a Misericórdia tem condições para<br />
torga 43
Grande Entrevista<br />
liderar esse processo se acaso a<br />
Economia Social o quiser. Tinha possibilidade<br />
de, conjuntamente com outras<br />
Misericórdias, o que já à cabeça<br />
daria uma fatia muito significativa<br />
desta Economia Social e outras entidades,<br />
avançar.<br />
Eu acho que se o nosso atraso nos<br />
pode beneficiar nalguma coisa é não<br />
termos que inventar nada. É só olhar<br />
para aquilo que foi feito e fazer.<br />
Portanto, neste momento, nós temos<br />
parceiros internacionais na disposição<br />
de nos passarem também o know how<br />
que era necessário. Isto também implicaria<br />
a criação de um instrumento<br />
financeiro forte. Aqui abrem-se perspectivas,<br />
julgo eu, muito interessantes.<br />
Por outro la<strong>do</strong> isso levaria à tal<br />
internacionalização.<br />
A Misericórdia não está assentada<br />
em nenhum fórum internacional, o que<br />
é verdadeiramente lamentável. Excepto<br />
nos jogos, onde não só voltou a estar<br />
sentada como neste momento está<br />
sentada em posição de liderança.<br />
Posso dizer que em relação ao Euro<br />
Milhões, sen<strong>do</strong> nós um <strong>do</strong>s países<br />
mais pequenos desse grupo de países,<br />
nós lideramos as vendas neste<br />
momento. Como aquilo que conta é o<br />
que se vende, nós lideramos o grupo.<br />
E, neste momento, tu<strong>do</strong> está prepara<strong>do</strong><br />
para ocuparmos a Presidência das<br />
Internacionais.<br />
Torga - Qual é o balanço que faz <strong>do</strong><br />
seu mandato?<br />
M.J.N.P. - É muito positivo e vou-lhe<br />
dizer porquê. Porque quan<strong>do</strong> nós aqui<br />
chegámos a ideia que tínhamos, de<br />
acor<strong>do</strong> com os <strong>do</strong>cumentos que nos<br />
tinham si<strong>do</strong> forneci<strong>do</strong>s desta Casa,<br />
era uma ideia muito diferente daquilo<br />
que viemos a encontrar. Prova evidente<br />
que os relatórios, os planos de<br />
actividade, tu<strong>do</strong> isso pode ser feito de<br />
muitas maneiras. Eu costumo sempre<br />
dizer que as estatísticas e os números<br />
são uma nova forma de mentir. Aquilo<br />
tu<strong>do</strong> que nós tínhamos visto não era<br />
assim.<br />
Quan<strong>do</strong> chegámos cá, para posição<br />
legal era obrigatório fechar as contas<br />
da gerência anterior e mandá-las ao Tribunal<br />
de Contas e, foi nesse momento<br />
Isto é uma marca como a Coca-Cola, dá muito dinheiro.<br />
44 torga<br />
de fechar as contas que verificámos o<br />
Esta<strong>do</strong> em que a Casa estava.<br />
Reunimos nesta sala colocan<strong>do</strong> a<br />
primeira hipótese que era irmos embora<br />
15 dias depois daqui entrarmos.<br />
Considerámos que não era justo vir<br />
para uma Casa que estava falida, desorganizada,<br />
desestruturada. To<strong>do</strong>s<br />
nós tínhamos vin<strong>do</strong> de sítios onde<br />
estávamos a desenvolver trabalhos<br />
com gosto, to<strong>do</strong>s nós tínhamos vin<strong>do</strong><br />
ganhar menos mas não nos importávamos<br />
porque vínhamos fazer uma<br />
coisa grande e, portanto, boa.<br />
Naquela situação muito caricata parecia-nos<br />
impossível fazer fosse o que<br />
fosse, portanto, a primeira coisa que<br />
foi colocada em cima da mesa foi<br />
irmos embora. A segunda foi aquilo a<br />
que chamámos Plano A e a terceira o<br />
Plano B. Consistia então no seguinte:<br />
nós não tínhamos ainda o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
jogos feito, a percepção que tínhamos<br />
destas receitas era muito aleatório, tí-<br />
nhamos a percepção que conseguíamos<br />
num curto espaço de tempo<br />
aumentar as receitas. Tínhamos um<br />
aumento muito grande da procura porque<br />
estávamos já a entrar numa grande<br />
crise social e, portanto, a nossa<br />
procura ia aumentar. Íamos ser obri-<br />
ga<strong>do</strong>s a diminuir a oferta, o que era<br />
uma coisa violentíssima porque nós<br />
não tínhamos ti<strong>do</strong> culpa nenhuma e a<br />
opção final foi muito complicada, foi<br />
um fio de navalha porque foi assim:<br />
conseguimos não despedir, quem saiu<br />
daqui além das pessoas que se reformaram,<br />
accionamos os mecanismos<br />
to<strong>do</strong>s de reforma, saíram as pessoas<br />
que tinham contrato a termo, mas isso<br />
é uma mera expectativa não é um direito,<br />
um contrato a termo tem um prazo.<br />
Negociei com os sindicatos as pessoas<br />
ficarem para ver se conseguíamos<br />
aumentar as receitas. Aumentan<strong>do</strong><br />
as receitas, aumentaríamos a<br />
actividade e reabsorvíamos as pessoas.<br />
Conseguimos neste perío<strong>do</strong> de<br />
tempo aumentar as receitas, projectar<br />
o aumento e a diversificação da actividade,<br />
sem receitas ainda, não despedin<strong>do</strong>.<br />
Aumentámos a actividade<br />
logo em 2003.<br />
Em 2003 fizemos grandes investimentos<br />
para preparar um 2004 rico<br />
que não sabíamos se ia acontecer. As<br />
receitas cresceram efectivamente e<br />
em 2004 foi possível dar a volta.<br />
Se me perguntar se estamos orgulhosos?<br />
Muito, muito. Foi um trabalho<br />
em todas as vertentes, ou seja, na<br />
receita mas, a receita como instrumental<br />
na acção social porque conseguimos<br />
aumentar a resposta mas,<br />
sobretu<strong>do</strong> conseguimos rever completamente<br />
o conceito de acção social e<br />
de saúde, dentro desta Casa, viran<strong>do</strong>-<br />
Eu acho que esta tem que ser uma instituição sempre muito<br />
responsabilizada, quer pelo Esta<strong>do</strong>, quer pela Economia Social,<br />
quer pelos cidadãos porque têm recursos, têm capacidades,<br />
têm meios que não têm as outras.<br />
a de um assistencialismo e de uma<br />
fragmentação de programas que o governo<br />
tinha atira<strong>do</strong> para cá que não se<br />
percebia nada e coisas que não eram<br />
avaliadas e que não tinha eficácia nenhuma<br />
para aquilo a que chamamos<br />
devolver às pessoas as capacidades
possíveis para as tornarem autónomas.<br />
Portanto, os <strong>do</strong>is objectivos<br />
estratégicos traça<strong>do</strong>s depois da<br />
reunião de grande desânimo, de ir embora,<br />
ficar, Plano A, Plano B, só saíram<br />
<strong>do</strong>is objectivos estratégicos. O primeiro<br />
era quebrar a reprodução geracional<br />
da pobreza; o segun<strong>do</strong> era<br />
tornar sustentável a Santa Casa da<br />
Misericórdia de Lisboa. Eu penso que<br />
neste momento os programas mais<br />
significativos de intervenção da Misericórdia<br />
de Lisboa no terreno já são<br />
direccionadas para quebrar, não é a<br />
reprodução geracional da pobreza, já<br />
não são para dar peixe, já são para<br />
ensinar a pescar. Aqueles que já estão<br />
em marcha, que já estão no terreno e<br />
que vão ser o futuro, claramente. A<br />
linha <strong>do</strong> envelhecimento está a ser<br />
cumprida porque o Euro Milhões foi<br />
lança<strong>do</strong> no final <strong>do</strong> ano passa<strong>do</strong>.<br />
Eu quan<strong>do</strong> digo isto as pessoas julgam<br />
que eu estou a brincar mas não<br />
estou. Estou a falar muito a sério. Eu<br />
acho que houve uma mão muito<br />
materna de Nossa Senhora da Misericórdia,<br />
muito materna. Posso lhe dar<br />
um exemplo: nos primeiros 6 meses,<br />
em 2002, com os jogos em quebra,<br />
sem dinheiro para os salários, um<br />
cenário perfeitamente dantesco, nós<br />
tivemos a maior sucessão de jackpots<br />
de sempre, que não tem nada a ver<br />
com o nosso trabalho, nós tínhamos<br />
acaba<strong>do</strong> de chegar. Mas, a sucessão<br />
de jackpots criou uma dinâmica para<br />
tu<strong>do</strong> o resto que se seguiu. Nós entrámos<br />
no Euro Milhões e tivemos <strong>do</strong>is<br />
prémios <strong>do</strong> Euro Milhões em Portugal.<br />
É claro que nós, lideran<strong>do</strong> muitas semanas<br />
as vendas, temos mais probabilidade<br />
de ter aqui o prémio, mas quer<br />
dizer, os 48 milhões de euros foi o maior<br />
prémio desde sempre atribuí<strong>do</strong> em<br />
to<strong>do</strong>s os países, saiu a Portugal. Tu<strong>do</strong><br />
isto são coisas que já escapam <strong>do</strong>s<br />
estu<strong>do</strong>s e das políticas. Do meu ponto<br />
de vista é claramente a mão materna<br />
da Nossa Senhora.<br />
As pessoas reagiram primeiro com<br />
surpresa, com me<strong>do</strong> e com receio a<br />
esta mudança, quer na área da receita<br />
quer no património. É preciso ver que<br />
o património tem que ser uma grande<br />
fonte de receita desta Casa. Quan<strong>do</strong><br />
aqui chegámos o património mais velho<br />
dava prejuízo. É claro que é um<br />
processo muito lento, mas está<br />
encaminha<strong>do</strong>. Eu acho que nunca<br />
mais voltamos a ter um património que<br />
dá prejuízo, nunca mais voltamos a ter<br />
uns jogos trata<strong>do</strong>s de forma arcaica e<br />
penso que hoje o grande corpo de técnicos<br />
que cuidam da acção social e da<br />
saúde interiorizaram que o trabalho de<br />
quebrar esta reprodução, este ciclo de<br />
reprodução geracional da pobreza é<br />
que é o trabalho nobre.<br />
Em suma, já nos podíamos ir embora.<br />
Eu avalio o meu trabalho e no dia<br />
em que eu não fizer falta, nem a equipa<br />
que eu trouxe comigo...<br />
Torga - Não considera a hipótese de<br />
ficar mais três anos?<br />
M.J.N.P. - Se assim for já não é para<br />
isto. É claro que isto tem que ser mais<br />
sedimenta<strong>do</strong> mas agora era realmente<br />
para pegarmos no sector social e sermos<br />
o motor, não é sermos <strong>do</strong>nos <strong>do</strong><br />
sector social, é pôr ao serviço <strong>do</strong> sector<br />
social a que nós pertencemos as<br />
capacidades que a Misericórdia de<br />
Lisboa tem que lhe dão mais responsabilidades.<br />
Eu acho que esta tem que<br />
ser uma instituição sempre muito responsabilizada,<br />
quer pelo Esta<strong>do</strong>, quer<br />
pela Economia Social, quer pelos cidadãos<br />
porque têm recursos, têm capacidades,<br />
têm meios que não têm as<br />
outras, portanto tem que ser responsabilizada.<br />
Gostaríamos que houvesse,<br />
em relação a nós, à Misericórdia,<br />
uma postura de exigência.<br />
Então aqui cabia, claramente, criar as<br />
condições de relançamento <strong>do</strong> sector<br />
da Economia Social em Portugal;<br />
cabia a internacionalização da Santa<br />
Casa também nesse senti<strong>do</strong>; cabia<br />
tornar toda a acção social neste<br />
empowerment, ou seja, sermos a pro-<br />
Grande Entrevista<br />
veta onde, eventualmente, o governo<br />
poderia testar modelos novos de intervenção<br />
social que são necessários. A<br />
linha <strong>do</strong> envelhecimento tem que ser<br />
muito bem feita porque ela depois poderá<br />
ser replicada pelo Esta<strong>do</strong> por<br />
outros la<strong>do</strong>s, portanto, compete-nos a<br />
nós investir e gastar o dinheiro que é<br />
necessário para uma linha <strong>do</strong> envelhecimento<br />
muito bem feita. Era: excelência,<br />
qualidade, exigência, rigor, inovação.<br />
Era tu<strong>do</strong> sobre nós que nós<br />
aguentávamos bem. Esse desafio<br />
acho que nós aceitamos. Se não for<br />
esse desafio não tem interesse. Eu<br />
nunca fiz 2 comissões de serviço<br />
seguidas porque ao fim de um tempo<br />
acho que as coisas estão entregues.<br />
Exactamente porque também quan<strong>do</strong><br />
chegámos não tínhamos onde cair<br />
mortos, porque a Casa estava falida,<br />
concorremos aos Fun<strong>do</strong>s Comunitários.<br />
To<strong>do</strong>s os nossos projectos foram<br />
aprova<strong>do</strong>s.<br />
torga 45
Grande Entrevista<br />
Torga - E o dinheiro chegou sempre a<br />
horas?<br />
M.J.N.P. - Sim, chegou. Depois prosseguimos<br />
não tanto porque precisamos<br />
de dinheiro mas pelo grau de<br />
exigência que estes projectos põem<br />
sobre as instituições porque queremos<br />
essa exigência.<br />
To<strong>do</strong>s os programas novos que temos,<br />
por exemplo o www.saude.jovem<br />
que é exactamente um empowerment.<br />
O que é que nós fizemos? Criámos um<br />
interface saúde/acção social só para<br />
a<strong>do</strong>lescentes, que é um grupo de risco,<br />
e, esse começou por ser um projecto,<br />
já é um programa. Nós temos o<br />
ISCTE a fazer a avaliação e temos a<br />
Gulbenkian como parceiro. Nós fomos<br />
procurar entidades muito boas para se<br />
associarem a nós, para termos essa<br />
exigência sempre sobre nós, e, entidades<br />
muito credíveis para nos avaliarem<br />
constantemente. Tu<strong>do</strong> o que nós<br />
fazemos tem avaliação.<br />
Torga - Há falta de uma entidade regula<strong>do</strong>ra<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>...<br />
M.J.N.P. - Nós autoregulamo-nos,<br />
exactamente. Significa que nunca<br />
mais se vai poder fantasiar sobre o<br />
que fazemos. Nunca mais ninguém<br />
que queira ser Prove<strong>do</strong>r desta Casa<br />
vai ter que ler relatórios e contas e<br />
planos de actividades falsos. Toda a<br />
gente vai ler coisas que são tal e<br />
qual... para o bem e para o mal.<br />
Também tivemos muitas surpresas<br />
desagradáveis. A questão <strong>do</strong>s menores,<br />
a questão <strong>do</strong>s menores em risco,<br />
a questão <strong>do</strong>s menores institucionaliza<strong>do</strong>s<br />
entregues à minha tutela...<br />
Havia vários caminhos. Por exemplo,<br />
a Casa Pia juntou um grupo de<br />
sábios muito respeita<strong>do</strong>, nós chamámos<br />
a Dartington. Os países desenvolvi<strong>do</strong>s<br />
estão cheios de crianças<br />
aban<strong>do</strong>nadas porque o aban<strong>do</strong>no, o<br />
46 torga<br />
novo aban<strong>do</strong>no, é fruto exactamente<br />
<strong>do</strong> desenvolvimento. São os pais toxicodependentes,<br />
são os países migratórios,<br />
é a mobilidade das pessoas,<br />
são as minorias étnicas... O que é que<br />
acontece? Tu<strong>do</strong> isso já está trata<strong>do</strong>.<br />
Toda a gente já sabe, noutros la<strong>do</strong>s,<br />
qual é o modelo ideal de instituição,<br />
toda a gente já sabe que, o que é importante<br />
é trabalhar as famílias porque<br />
por serem pobres não significa que<br />
não sejam boas. O problema é quan<strong>do</strong><br />
elas são toxicodependentes, quan<strong>do</strong><br />
elas são débeis mentais, quan<strong>do</strong> elas<br />
estão perío<strong>do</strong>s muito grandes de reclusão<br />
em estabelecimentos prisionais.<br />
Mas, é o trabalho com as famílias,<br />
é a criança institucionalizada, é o<br />
centro de acolhimento. O centro de<br />
acolhimento como placa giratória onde<br />
se põe uma criança que depois é,<br />
provavelmente, encaminhada para a<br />
a<strong>do</strong>pção, tem regras.<br />
Eu nunca fiz 2 comissões de serviço seguidas porque ao fim de<br />
um tempo acho que as coisas estão entregues<br />
Torga - Se pudesse resumir a missão<br />
da Santa Casa numa só frase, ou<br />
numa palavra...<br />
M.J.N.P. - Eu acho que são as Obras<br />
de Misericórdia. Isto é também uma<br />
das grandes vantagens desta Casa, é<br />
ter uma missão. Quan<strong>do</strong> nós falámos<br />
em redefinir a missão era, pegan<strong>do</strong><br />
nas Obras de Misericórdia, projectálas<br />
para o século XXI. Elas estão perfeitamente<br />
actuais e o que esta Casa<br />
tem que fazer é as Obras de Misericórdia<br />
Espirituais e Materiais. Isso<br />
também é muito interessante porque<br />
nós vamos ter, ouvi dizer, vamos a<br />
curto prazo ter problemas com a<br />
inspecção da Segurança Social por<br />
causa de eu ter assumi<strong>do</strong> claramente<br />
a missão, a matriz que está nesta<br />
Casa, que está nos seus estatutos, um<br />
decreto-lei aprova<strong>do</strong> pelo Governo.<br />
Nós temos a obrigação das Obras da<br />
Misericórdia Espirituais quer os inspec-<br />
tores da Segurança Social gostem<br />
quer não. É exactamente isso que<br />
estamos a fazer. As crianças têm uma<br />
assistência espiritual, pode ser a religião<br />
católica ou outra. Não são obrigadas,<br />
a partir de uma certa idade,<br />
mas até uma certa idade eu faço com<br />
eles exactamente o que fiz com os<br />
meus filhos, e, não farei nada diferente.<br />
Portanto, a ideia é que nós temos aqui<br />
um ser humano integral e temos que<br />
cuidar dele integralmente e a espiritualidade<br />
é fundamental ao crescimento<br />
<strong>do</strong> ser humano. É isso que o distingue<br />
de um cão... Eu aqui não tenho cães<br />
nem gatos, tenho seres humanos.<br />
Torga - Como afirmam Hermann<br />
Broch e Hannah Arendt o absoluto<br />
relativismo de valores leva ao absoluto<br />
mal... Quer comentar?<br />
M.J.N.P. - Pois leva. Eu não quis para<br />
os meus filhos não o posso querer<br />
para estas crianças que estão<br />
entregues à minha tutela. As Obras de<br />
Misericórdia Espirituais e Materiais são<br />
a missão desta Casa. No século XXI o<br />
que é que isso quer dizer? Por exemplo,<br />
visitar os presos transformou-se<br />
no protocolo que vamos agora assinar<br />
com o Instituto de Reinserção Social e<br />
a Direcção Geral <strong>do</strong>s Serviços Prisionais.<br />
Os emigrantes, dar guarida aos<br />
peregrinos, são os novos peregrinos<br />
<strong>do</strong> século XXI. Eu não posso dizer esta<br />
Obra de Misericórdia dar guarida aos<br />
peregrinos já não me serve porque eu<br />
não sei onde estão os peregrinos.<br />
Tenho que olhar à minha volta e vejoos<br />
chegar. São os emigrantes.<br />
Século XXI, esta Casa é <strong>do</strong> século<br />
XXI e estes meninos no século XXI,<br />
tu<strong>do</strong> no século XXI.<br />
Henrique Amaral Dias<br />
Andrea Marques<br />
Filipe Casaleiro (fotos)
Grava<strong>do</strong> ao vivo em Coimbra no<br />
Instituto Superior Miguel Torga<br />
Carlos Amaral Dias e Carlos Magno<br />
Convida<strong>do</strong>s Especiais:<br />
Prof. Alfre<strong>do</strong> Mota (Médico e Professor<br />
de Urologia)<br />
Dr. João Filipe Macha<strong>do</strong> (Economista)<br />
Dr. João Serpa Oliva (Médico Ortopedista)<br />
Dr. Joaquim Mira (Médico Oftalmologista)<br />
O Público. O Priva<strong>do</strong>.<br />
A Saúde e o Ensino.<br />
Frases que ficaram no ouvi<strong>do</strong>:<br />
CAD: Há em Jerusalém 485 pessoas<br />
que se apresentam como o Messias.<br />
CAD: O Mito Sebástico repete-se nas<br />
presidenciais.<br />
CAD: Somos ainda o país das térmites.<br />
Formiguinhas atrás da formiga<br />
rainha que é o Esta<strong>do</strong>.<br />
AM: O Priva<strong>do</strong> completa o Público. A<br />
Medicina é uma Arte. O <strong>do</strong>ente considerava<br />
o médico como confidente<br />
amigo. Hoje há uma relação apenas<br />
utente/fornece<strong>do</strong>r. Esta é uma relação<br />
inquinada. O serviço público dá uma<br />
resposta fria. Pelo contrário o Priva<strong>do</strong><br />
mente a relação afectiva com o<br />
<strong>do</strong>ente.<br />
JSO: O Messias da saúde ainda está<br />
por aparecer.<br />
JSO: Os médicos deviam reformar-se<br />
mais ce<strong>do</strong>. É uma actividade de grande<br />
cansaço.<br />
JSO: Qualquer profissional de saúde<br />
deveria receber o salário mínimo<br />
nacional, no início da sua carreira.<br />
JM: 5 % <strong>do</strong>s portugueses são diabéticos.<br />
Uma das maiores causas de<br />
cegueira. A informação e prevenção<br />
são fundamentais.<br />
CAD: A Educação para a Saúde é<br />
necessária desde muito ce<strong>do</strong>.<br />
Alma Nostra<br />
CM: Tantos alertas não tiram efeito à<br />
mensagem? Não Será necessário<br />
mudar a linguagem?<br />
CAD: A questão é como conceber<br />
campanhas criativas na educação<br />
para a saúde.<br />
AM: Nós não temos a idade <strong>do</strong>s nossos<br />
cabelos. Nós temos a idade das<br />
nossas artérias. Deveríamos mostrar e<br />
comparar as artérias de um fuma<strong>do</strong>r e<br />
de um não fuma<strong>do</strong>r.<br />
JFM: As pessoas devem ter liberdade<br />
de escolha entre o priva<strong>do</strong> e o público.<br />
AM: Os <strong>do</strong>entes deveriam saber quanto<br />
custam realmente os cuida<strong>do</strong>s que<br />
lhe são presta<strong>do</strong>s no serviço nacional<br />
de saúde.<br />
CM: O discurso público da saúde passou<br />
da validade. Há que inovar.<br />
torga 47
Foreign Affairs<br />
Neste número escolhemos o editorial <strong>do</strong> director <strong>do</strong> Le Monde, Jean-Marie Colombani,<br />
sobre o não francês à Constituição europeia. Ainda na ressaca <strong>do</strong> referen<strong>do</strong>, achamos que<br />
é de salientar nesta secção um ponto de vista lúci<strong>do</strong> sobre o que está em causa. E o que<br />
tem esta<strong>do</strong> em causa é menos a Europa <strong>do</strong> que as questões internas económicas e políticas.<br />
Todavia, saibamos reconhecer que a utopia da Europa como panaceia está hoje posta<br />
radicalmente em causa.<br />
Malgré tout, está prova<strong>do</strong> que o arbítrio referendário pode ser perverso e pernicioso<br />
quan<strong>do</strong> manipula<strong>do</strong> demagogicamente por aqueles que procuram recolher dividen<strong>do</strong>s<br />
políticos internos, fragilizan<strong>do</strong> uma ideia da Europa, talvez ultrapassada, que tem vin<strong>do</strong> a<br />
ser laboriosamente erigida desde o fim da II Guerra Mundial. Que seja uma certa esquerda,<br />
dita democrática e progressista, a contribuir decisivamente para este desiderato é surpreendente,<br />
trágico ou irónico, consoante a perspectiva e o humor <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r.<br />
O mais curioso é verificar que o não desta(s) esquerda(s) tem como único fito substantivo<br />
"ferir" o poder interno vigente. Ainda se lembram <strong>do</strong> "Eles mentem!"? Como sintetiza<br />
Colombani: "Tel était, en effet, le message du non. Peu importaient les motifs, pourvu que<br />
l'on vote non."<br />
Não queren<strong>do</strong> também nós ser exegetas ou recomendar aos nossos leitores, como<br />
alguns tão pressurosamente sugerem, uma exegese da Constituição europeia, deixamos<br />
ficar o endereço <strong>do</strong> site onde poderão ler e analisar em noites brancas o Trata<strong>do</strong> da<br />
Constituição Europeia:<br />
http://europa.eu.int/eur-lex/lex/JOHtml.<strong>do</strong>?uri=OJ:C:2004:310:SOM:PT:HTML<br />
Bons sonhos…<br />
EDITORIAL - 31-05-2005<br />
L'IMPASSE<br />
JEAN-MARIE COLOMBANI<br />
"Personne ne prétendra que les Français se sont livrés à<br />
un pur exercice d'exégèse et qu'ils se sont prononcés<br />
pour ou contre le traité constitutionnel en raison de tel ou<br />
tel de ses 448 articles."<br />
Franc et massif, comme aurait dit de Gaulle, le non français<br />
à la Constitution européenne n'est pas un accident. Il a été<br />
émis au terme d'un débat comme il y en a eu peu dans l'histoire<br />
de ce pays. Interrogés sur un texte, de nombreux<br />
citoyens ont pris connaissance de ses principaux articles et<br />
des commentaires opposés qu'en faisaient les promoteurs<br />
du oui et ceux du non. Personne ne prétendra que les<br />
Français se sont livrés à un pur exercice d'exégèse et qu'ils<br />
se sont prononcés pour ou contre le traité constitutionnel en<br />
raison de tel ou tel de ses 448 articles.<br />
Une Constitution est en effet un contrat passé entre les<br />
citoyens. Comme tout contrat, les termes dans lesquels il<br />
est rédigé ont moins d'importance que l'attrait de ce qu'il<br />
promet. Le rejet du traité constitutionnel révèle, d'abord,<br />
qu'une majorité de Français n'a pas, ou n'a plus, envie de<br />
48 torga<br />
Henrique Amaral Dias<br />
l'Europe. Au point d'avoir pris le risque, et de devoir<br />
assumer désormais d'avoir affaibli la position et les capacités<br />
de la France en Europe. "On a tous une bonne raison de<br />
voter non", avait dit Philippe de Villiers, <strong>do</strong>nnant ainsi un<br />
parfait exemple de cynisme dans la démagogie. Tel était, en<br />
effet, le message du non. Peu importaient les motifs, pourvu<br />
que l'on vote non.<br />
Dans ce scrutin, organisé par un homme qui risque désormais<br />
de passer à la postérité comme le Docteur Folamour<br />
de la politique, usant contre lui-même à quelques années<br />
d'intervalle, de la dissolution et du référendum, l'enjeu concernait<br />
en premier lieu une idée. Une idée à abattre. Les tenants<br />
du non voulaient en effet en finir avec ce qu'ils considèrent<br />
comme le mythe européen. Par nationalisme, par<br />
xénophobie, par <strong>do</strong>gmatisme ou par nostalgie, ils voulaient<br />
se débarrasser de cette Europe qui barre l'horizon, qui<br />
dérange les habitudes, qui impose des changements.<br />
D'autres, qui n'étaient pas anti-européens, se sont laissé<br />
convaincre qu'on pouvait dire non à "cette Europe-là" pour<br />
en obtenir une autre.<br />
La vérité est que la seule Europe possible est celle que les<br />
Européens sont prêts à faire ensemble. Il est à craindre qu'il<br />
n'en reste plus grand-chose aujourd'hui. L'Europe est une<br />
construction fragile, <strong>do</strong>nt on va peut-être s'apercevoir -<br />
mais trop tard - qu'elle est réversible, alors même qu'une
part des partisans du non - les plus jeunes - la considère<br />
comme un acquis. Elle est en permanence un compromis<br />
fragile. La France vient de rompre celui-ci, et prend le risque<br />
de voir progressivement détricoter une Europe malmenée<br />
par l'appel d'air nationaliste et protectionniste que le non<br />
français peut provoquer.<br />
Le non est aussi la victoire d'une protestation tous<br />
azimuts. Comme si nous devions vivre désormais dans une<br />
démocratie du mécontentement généralisé. Au cœur de<br />
celui-ci prend place le niveau - insupportable - du chômage.<br />
Alors que son niveau relève bien davantage d'une plus ou<br />
moins mauvaise alchimie nationale, le chômage a aussi<br />
constitué un reproche adressé à l'Europe. Peu importe que<br />
le marché unique, le tarif extérieur commun, la libéralisation<br />
des échanges et, dans leurs limites, les politiques communes<br />
aient permis de créer ou de sauvegarder des millions<br />
d'emplois. Le fait est que le chômage est plus élevé, en<br />
moyenne, dans l'Union européenne qu'aux Etats-Unis et<br />
que l'élargissement a accru la concurrence.<br />
Mais la vérité est, aussi, que les salariés venus d'autres<br />
pays européens sont présents, en France, dans des<br />
secteurs où la main-d'œuvre manque, comme le bâtiment<br />
ou l'hôtellerie-restauration. Les délocalisations n'en sont<br />
pas moins réelles. Tous les jours, ou presque, des entreprises<br />
ferment ou réduisent le nombre de leurs salariés et s'installent<br />
ailleurs, le plus souvent hors d'Europe. Tous les<br />
jours, aussi, des entreprises se créent ou recrutent, mais<br />
pas dans les mêmes catégories d'emplois. Pour ceux qui<br />
sont victimes de ces mouvements, la réalité est terrible.<br />
L'Union européenne n'y est pas pour grand-chose. La compétition<br />
internationale est une <strong>do</strong>nnée <strong>do</strong>nt aucun pays ne<br />
peut s'abstraire, sauf à faire le choix de l'immobilisme et de<br />
la pauvreté. Et l'on ne voit pas par quel tour de passe-passe<br />
le fait de leur avoir dit non pourrait inciter nos partenaires à<br />
se lancer, comme l'a demandé un Henri Emmanuelli, dans<br />
un vaste plan anti-chômage qui supposerait, au préalable,<br />
un pas de plus vers une intégration que nous venons précisément<br />
de refuser. Première impasse.<br />
ENVIE D'EN DÉCOUDRE.<br />
Les pays riches - la Grande-Bretagne, les pays scandinaves<br />
l'ont montré - peuvent agir sur leurs marchés du travail;<br />
ils peuvent faire reculer le chômage en améliorant le<br />
coût et la qualité du travail. Mais - deuxième impasse - que<br />
retenir des différentes protestations, voire de l'envie d'en<br />
découdre exprimée par les vainqueurs du 29 mai?<br />
Comment faire le tri? Auquel de ses porte-parole - Le Pen,<br />
de Villiers, Fabius, Besancenot - faut-il accorder le plus de<br />
Foreign Affairs<br />
crédit? Faut-il considérer, avec Nicolas Sarkozy, que la victoire<br />
du non impose des réformes "vigoureuses", que l'on ne<br />
pourra sauver le "modèle social" français en le réformant en<br />
profondeur? Ou faut-il n'avoir pour seul mot d'ordre que le<br />
statu quo, puisque la crainte du changement est, elle aussi,<br />
au cœur du non? Et quelle partie du message faire prévaloir,<br />
au chapitre de l'identité française: celui des souverainistes,<br />
ou celui des socialistes?<br />
Faute d'entreprendre les efforts nécessaires pour ajuster<br />
la demande et l'offre d'emplois, le risque est en tous cas de<br />
continuer de susciter des réactions hostiles envers les<br />
étrangers. Il y a vingt ans, l'extrême droite affirmait que la<br />
cause du chômage était l'immigration maghrébine.<br />
Aujourd'hui, c'est du "plombier polonais" que viendrait tout<br />
le mal. Mais le pelé, le galeux n'est pas seulement à l'Est. Il<br />
est aussi au Sud. Le président d'Attac, organisation qui a<br />
milité intensivement pour le non, a présenté, dans ces<br />
colonnes, l'Espagne, le Portugal et la Grèce comme un<br />
groupe de pays "sous perfusion permanente de fonds<br />
européens" et qui, pour cette raison "acceptent toutes les<br />
directives qui passent dans la crainte de perdre leurs<br />
financements". A de tels propos, on mesure la ferveur<br />
européenne et internationaliste des tenants du non "de<br />
gauche".<br />
Celle-ci n'a sans <strong>do</strong>ute pas encore pris la mesure -<br />
troisième impasse - de l'onde de choc: la gauche est, en<br />
effet, plus que la droite, atteinte par la victoire du non. Car<br />
le référendum s'est joué dans ses rangs. Pour tous ceux qui,<br />
au Parti socialiste, mais aussi au Parti communiste et même<br />
à l'extrême gauche, s'étaient convertis à la réalité<br />
européenne, c'est une grave régression. Le débat sur la<br />
Constitution a fait de l'Union européenne la ligne de partage<br />
entre les "sociaux-libéraux" et les "anticapitalistes", les<br />
réformistes et les partisans d'une "rupture". Alors qu'un<br />
accord existait à gauche, depuis François Mitterrand, pour<br />
considérer l'Europe comme un nouvel espace politique à<br />
investir et pour tenter de renforcer sa dimension politique,<br />
justement, afin de contre-balancer le pouvoir économique,<br />
le refus du projet constitutionnel a rejeté la critique sociale<br />
de l'Union du côté de la crispation nationaliste.<br />
Quoi qu'ils en disent, en effet, les anti-européens de<br />
gauche n'ont pas seulement additionné leurs voix avec<br />
celles de Jean-Marie Le Pen et Philippe de Villiers. Ils ont<br />
mêlé leurs voix. Et certains arguments ont circulé, de la<br />
droite nationaliste à la gauche radicale. La gauche française<br />
court <strong>do</strong>nc le risque d'être paralysée par cette "fracture<br />
européenne" comme elle l'a été, dans les années 1950 à<br />
1980, par la question soviétique. Ou comme la gauche bri-<br />
torga 49
Foreign Affairs<br />
tannique quand il s'est trouvé une majorité, au Parti travailliste,<br />
pour porter à sa tête l'anti-européen et neutraliste<br />
Michael Foot, en 1980. Le Labour a mis dix-sept ans à<br />
retrouver le chemin du pouvoir sous la direction de Tony<br />
Blair.<br />
FIN D'UN CONSENSUS<br />
La droite a pour elle d'avoir été suivie par 80 % de son<br />
électorat, qui a voté oui comme l'y invitaient ses chefs.<br />
Jacques Chirac n'a pas mis son mandat en jeu. La majorité<br />
parlementaire n'est pas ébranlée par le résultat du scrutin. Il<br />
n'y a <strong>do</strong>nc pas de raison d'attendre ou de demander le<br />
départ du chef de l'Etat, comme l'ont fait Le Pen et de<br />
Villiers. Le changement de gouvernement procurera au<br />
président et à son camp le répit nécessaire pour tenter de<br />
prendre un nouveau départ. Reste l'essentiel: quelle politique<br />
pour répondre au non exprimé par les Français? De<br />
quelque manière que l'on interprète la vague protestataire,<br />
elle signifie que le système français - exception ou modèle,<br />
comme on voudra - ne marche pas. Il est plus que temps<br />
d'en prendre acte et d'y porter remède.<br />
Si l'on veut trouver du mérite à ce triste non, alors il faut<br />
dater du 29 mai 2005 la fin d'un consensus français attaché<br />
à ce que rien ne change. Cesser de se bercer de l'illusion<br />
d'un idéal français, que l'Union européenne aurait le grand<br />
tort de ne pas a<strong>do</strong>pter, voilà à quoi nous invitent ce référendum<br />
et le débat qui l'a précédé. Essayons d'éviter, comme<br />
certains nous le suggèrent déjà, un repli sur une conception<br />
étroite de "l'intérêt national". Faisons, sans complaisance et<br />
sans aveuglement, l'inventaire de ce qui ne va pas, de ce<br />
qui ne va plus, de ce que les Français n'acceptent plus ou<br />
ne devraient plus tolérer, et explorons les voies qui permettraient<br />
au pays de retrouver son chemin, de re<strong>do</strong>nner confiance<br />
à ces classes moyennes qui ont l'impression de perdre<br />
pied. Et souhaitons que le changement re<strong>do</strong>nne à la<br />
majorité des Français le désir de l'Europe.<br />
50 torga
Suscitou-me estas breves linhas uma<br />
capa da revista "Visão" [Nº 582, 29 de Abril<br />
de 2004], a que tive acesso na nossa<br />
Biblioteca, com o título "Estrelas na<br />
Escola".<br />
Os mais desatentos poderiam pensar<br />
tratar-se de uma questão de estu<strong>do</strong><br />
de Astronomia, mas não é de nada<br />
disso que se trata.<br />
Poderia ser também uma referência<br />
aos jovens em idade escolar que demonstram<br />
aptidões encorajáveis para<br />
a arte, ciência, desporto, actividades<br />
culturais ou intervenção comunitária,<br />
apenas para dar alguns exemplos.<br />
Não!... O que o artigo aborda é o<br />
que tristemente mais condiciona e<br />
motiva os jovens inseri<strong>do</strong>s no sistema<br />
escolar em que se habituam a conviver:<br />
o sucesso social a qualquer preço.<br />
A dimensão social, claro está, é relegada<br />
a uma mera função de aplauso<br />
<strong>do</strong>s candidatos a "estrelas".<br />
O que está em causa é ser conheci<strong>do</strong>,<br />
respeita<strong>do</strong> e até, eventualmente,<br />
temi<strong>do</strong> pelos colegas. A ostentação de<br />
roupas de marca ou telemóveis topo<br />
de gama, navalhas ou bastões de<br />
basebol, é um passo nesse senti<strong>do</strong>.<br />
Mas não é só o que conta... A cor e<br />
o formato <strong>do</strong>s cabelos são essenciais,<br />
a possibilidade de sair regularmente à<br />
noite com à vontade é causa de enorme<br />
respeito e, está bom de ver, as raparigas<br />
a que um rapaz conseguiu dar<br />
a volta, ou os rapazes a que uma rapariga<br />
conseguiu dar a volta, são sucesso<br />
garanti<strong>do</strong>.<br />
Sinal visível de sucesso é, sem dúvida,<br />
posto tu<strong>do</strong> isto, o número de conheci<strong>do</strong>s<br />
que rodeiam cada jovem<br />
estudante e, mais ainda, o número<br />
daqueles que gostariam de se dar com<br />
ele (ou ela) e ser como ele (ou ela). Os<br />
"gangs", nas várias acepções da palavra,<br />
tornam-se incontornáveis.<br />
Naturalmente, a questão de base é a<br />
função educativa e a forma como se<br />
Visão Pessoal<br />
ESTRELAS NA ESCOLA A UTOPIA DA<br />
SOLIDARIEDADE E O<br />
estão a educar os futuros homens e<br />
mulheres, em casa e fora dela.<br />
Quem primeiro tem culpas no cartório<br />
são os adultos por eles responsáveis,<br />
que se vão demitin<strong>do</strong> progressivamente<br />
das suas funções.<br />
Infelizmente, a repressão <strong>do</strong>s jovens<br />
é muito mais considerada que o<br />
acompanhamento efectivo destes e o<br />
resulta<strong>do</strong> é os pais saberem cada vez<br />
menos da vida e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seus<br />
próprios filhos.<br />
Poderia invocar-se uma onda favorável<br />
a todas as manifestações de individualismo,<br />
mesmo dentro da família,<br />
mas não me parece desculpa suficiente.<br />
Não pode haver desculpabilização<br />
por aí.<br />
Dito isto, embora o quadro actual<br />
deva justificar algum pessimismo, há<br />
que salvaguardar que ainda existem<br />
adultos que não se limitam a deixar os<br />
filhos (e alunos) entregues a si próprios<br />
e à espécie de lei da selva pressionante<br />
que <strong>do</strong>mina os recreios das<br />
escolas e outros espaços públicos.<br />
É preciso é que a sociedade, nas<br />
suas diversas subestruturas, apoie os<br />
adultos e os jovens que procuram<br />
mais que vaidadesinhas satisfeitas,<br />
projectos unipessoais, imposições violentas<br />
ou o esquecimento das pressões<br />
quotidianas através <strong>do</strong> álcool e<br />
<strong>do</strong>s narcóticos.<br />
Tu<strong>do</strong> isto passa por uma visão global<br />
que vá além <strong>do</strong> facilitismo <strong>do</strong>s<br />
desenrasques imediatos, olhan<strong>do</strong> as<br />
coisas a médio e longo prazo, como é<br />
lógico quan<strong>do</strong> se trata de jovens,<br />
quan<strong>do</strong> se trata <strong>do</strong> futuro.<br />
Afonso Madeira<br />
25 DE ABRIL<br />
Uma das razões porque segui o Curso<br />
de Ciências Documentais foi, sem dúvida,<br />
o valor que <strong>do</strong>u àquilo que me dá<br />
a memória, escrita, audiovisual ou...<br />
vivida.<br />
Passa<strong>do</strong> mais um aniversário sobre<br />
o 25 de Abril de 1974, sobre o primeiro<br />
1º de Maio comemora<strong>do</strong> em Portugal<br />
e sobre o início <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> PREC<br />
(Processo Revolucionário em Curso),<br />
sei que, pelo meio de muitas desilusões,<br />
nos trouxeram mais democracia,<br />
uma nova Constituição, eleições livres<br />
e directas, uma assembleia parlamentar<br />
representativa, a liberalização <strong>do</strong>s<br />
parti<strong>do</strong>s políticos, liberdade de expressão,<br />
religiosa, etc.<br />
Porém, sinto falta de tu<strong>do</strong> o que ficou<br />
por cumprir. Entristece-me pensar que<br />
o 25 de Abril foi, em grande parte, uma<br />
utopia, um sonho grande demais para<br />
se realizar plenamente e que, além<br />
disso, cada vez está mais distante.<br />
Mesmo assim, não quero sequer<br />
resistir ao meu la<strong>do</strong> mais romântico,<br />
que vive cheio de saudades desses<br />
primeiros anos Pós-25 de Abril em<br />
que, pelo menos, ainda se sonhava.<br />
Mais <strong>do</strong> que tu<strong>do</strong> o que me vem à<br />
memória desses tempos, recor<strong>do</strong> a<br />
esperança na cara das pessoas, alimentada<br />
pela boa vontade e o idealismo<br />
de to<strong>do</strong>s.<br />
As pessoas pouco faziam de prático<br />
e consequente, a economia e as finanças<br />
não foram bem orientadas, mas as<br />
pessoas passavam horas nas ruas a<br />
falar umas com as outras sobre as suas<br />
ideias para construir um Mun<strong>do</strong> melhor.<br />
Isto tem certamente algum valor. As<br />
pessoas discutiam e dialogavam, não<br />
estavam fechadas sobre si e... tinham<br />
esperança em algo maior e melhor.<br />
A alegria sentia-se nas ruas, nas<br />
manifestações públicas de afeição,<br />
torga 51
Visão Pessoal<br />
numa vida sem rotinas, na partilha das<br />
coisas.<br />
Havia uma ética substancial por trás<br />
de tu<strong>do</strong>, que tocava toda a miríade de<br />
possíveis soluções para o Mun<strong>do</strong> e,<br />
porque não dizê-lo, tocava também o<br />
dia-a-dia.<br />
Apesar de todas as ideias revolucionárias,<br />
o país vivia sem a criminalidade<br />
que hoje conhecemos, até<br />
porque o coração das pessoas estava<br />
disponível para fazer sacrifícios pessoais<br />
pelo colectivo, solidária e fraternalmente.<br />
Havia muito desemprego, havia inflação<br />
... mas também existiam expectativas<br />
que hoje parecem perdidas e<br />
tinham-se amizades que davam um<br />
apoio que agora é raro encontrar.<br />
Chamem-me romântico se quiserem...<br />
não é ofensa.<br />
52 torga<br />
Afonso Madeira<br />
HISTÓRIA BREVE DA UNIÃO EUROPEIA<br />
A União Europeia é constituída, actualmente,<br />
por 25 Esta<strong>do</strong>s-membros.<br />
Perspectivam-se, num horizonte próximo<br />
a adesão da Roménia e da Bulgária<br />
(2007), o início <strong>do</strong> processo de negociações<br />
com vista à adesão (em 2015?)<br />
da Turquia, e a Croácia também já solicitou<br />
a adesão.<br />
Agrupan<strong>do</strong> as três organizações comunitárias<br />
(CECA, CEE e EURATOM),<br />
criadas, respectivamente, em 1951 e<br />
1957, pela aprovação <strong>do</strong>s Trata<strong>do</strong>s de<br />
Paris e de Roma, a UE é uma organização<br />
internacional de integração, diferencian<strong>do</strong>-se<br />
das organizações de<br />
cooperação pelo carácter supranacional<br />
<strong>do</strong>s actos jurídicos a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s<br />
pelas suas Instituições.<br />
Os Trata<strong>do</strong>s de Paris e de Roma<br />
definiram os seguintes objectivos gerais:<br />
desenvolvimento económico e<br />
social, aumento <strong>do</strong> nível de vida e melhoria<br />
das condições de trabalho, e<br />
união cada vez mais estreita entre os<br />
povos europeus.<br />
A estrutura orgânica da UE, os objectivos<br />
e actividades que prossegue<br />
decorrem <strong>do</strong> conjunto de princípios e<br />
regras consubstanciadas nos trata<strong>do</strong>s<br />
originários supracita<strong>do</strong>s, e nos seguintes<br />
Trata<strong>do</strong>s complementares: Acto<br />
Único Europeu, de 28.02.1986, Trata<strong>do</strong><br />
de Maastricht, de 10.12.1991, Trata<strong>do</strong><br />
de Amesterdão, de 1997 e Trata<strong>do</strong><br />
de Nice de 2001.<br />
Finalmente, acaba de ser aprovada<br />
a Constituição Europeia, na Cimeira de<br />
Bruxelas, de 18.06.2004, e que foi assinada<br />
em Roma no dia 29 de Outubro<br />
<strong>do</strong> ano transacto. Aguarda-se, agora,<br />
no prazo de 2 anos, o processo de ratificação,<br />
por referen<strong>do</strong> ou aprovação<br />
<strong>do</strong>s Parlamentos, consoante as respectivas<br />
Constituições <strong>do</strong>s EM.<br />
A UE foi-se construin<strong>do</strong>, progressivamente,<br />
desde 1951, ora alargan<strong>do</strong> o<br />
seu espaço geográfico, ora amplian<strong>do</strong><br />
a sua intervenção aos mais diversos<br />
<strong>do</strong>mínios de actividade.<br />
Trata-se de uma organização internacional<br />
(regional) complexa, que pode<br />
ser equacionada em quatro dimensões:<br />
geográfica e humana, económica,<br />
social e política.
Actualmente, a UE compreende mais<br />
de 450 milhões de cidadãos europeus<br />
(mais <strong>do</strong> que a população <strong>do</strong>s EUA e<br />
<strong>do</strong> Japão juntas), apenas superada pela<br />
China e pela Índia - 1295 milhões e<br />
1057 milhões de pessoas, respectivamente.<br />
A UE com os seus actuais 25 EM,<br />
constitui, portanto, um <strong>do</strong>s maiores<br />
espaços populacionais <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.<br />
Uma em cada 14 pessoas vive hoje na<br />
zona comunitária. Para este aumento<br />
contribuiu não só uma ligeira subida<br />
da taxa da natalidade (1,48% contra<br />
1,38% <strong>do</strong> Japão, mas abaixo <strong>do</strong>s<br />
2,07% <strong>do</strong>s EUA), mas, sobretu<strong>do</strong>, os<br />
fluxos migratórios. Assim, em 2003, a<br />
população <strong>do</strong>s 25 Esta<strong>do</strong>s-membros<br />
aumentou 1,9 milhões de pessoas.<br />
Pode, pois, concluir-se que a dimensão<br />
geográfica e humana da UE está<br />
em expansão permanente: 6, 9, 10, 12,<br />
15, e, desde 01.05.2004, 25 Países.<br />
Quanto à sua dimensão económica,<br />
a UE já representa o maior espaço<br />
comercial <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>, embora, a nível<br />
<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s-membros, sejam grandes<br />
as diferenças, tanto no que respeita à<br />
estrutura da população activa e à repartição<br />
<strong>do</strong> PIB por sectores de actividade,<br />
como no que concerne à produtividade<br />
da mão-de-obra em cada um<br />
<strong>do</strong>s sectores.<br />
Mas a importância da UE mão resulta<br />
apenas <strong>do</strong> seu potencial económico<br />
e <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> seu comércio neste<br />
Mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong>. Decorre, também,<br />
da sua dimensão social e das características<br />
que lhe são inerentes, como<br />
sejam o volume da população activa,<br />
as despesas com a protecção social e<br />
com a educação, as condições da<br />
prestação <strong>do</strong> trabalho, os índices de<br />
nível de vida e das condições de saúde,<br />
a qualidade <strong>do</strong> ambiente, etc. Em<br />
síntese, a UE é detentora de um património<br />
inalienável, construí<strong>do</strong> após a II<br />
Guerra Mundial: o modelo social<br />
europeu.<br />
Assim, o nível médio das despesas<br />
com a protecção social atinge uma<br />
percentagem <strong>do</strong> PIB, que quase duplica<br />
a <strong>do</strong>s EUA, e que é mais <strong>do</strong> <strong>do</strong>bro<br />
da <strong>do</strong> Japão.<br />
A conjugação <strong>do</strong>s diversos indica<strong>do</strong>res<br />
sociais e de nível de vida<br />
mostra-nos, por um la<strong>do</strong>, que o conjunto<br />
da UE constitui um espaço com<br />
uma significativa dimensão social e,<br />
por outro la<strong>do</strong>, que existe entre os<br />
seus membros uma acentuada diferenciação<br />
social e de nível de vida.<br />
A UE tem, também, uma dimensão<br />
política extremamente relevante na<br />
nova ordem mundial, sobretu<strong>do</strong> após<br />
a adesão <strong>do</strong>s Países da Europa<br />
Central e Oriental.<br />
Com efeito, uma parte significativa<br />
<strong>do</strong>s países da UE pertence à União da<br />
Europa Ocidental (UEO), à NATO, ao<br />
Conselho da Europa, à Conferência de<br />
Segurança e Cooperação Europeia<br />
(CSCE) e, obviamente à Organização<br />
Visão Pessoal<br />
das Nações Unidas (ONU) e às suas<br />
organizações especializadas. Por outro<br />
la<strong>do</strong>, no Conselho de Segurança<br />
da ONU, <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s-membros da<br />
UE - a França e o Reino Uni<strong>do</strong> - usufruem<br />
<strong>do</strong> direito de veto, juntamente<br />
com os EUA, a Rússia e a China, <strong>do</strong><br />
qual são membros permanentes. No<br />
entanto, está em curso a reforma das<br />
Nações Unidas no contexto da nova<br />
ordem mundial, em que sobressaem, a<br />
emergência de novas potências mundiais<br />
como a Índia e o Brasil, mas também<br />
a hirperpotência <strong>do</strong>s EUA (após a<br />
queda <strong>do</strong> muro de Berlim e a consequente<br />
dissolução da URSS e <strong>do</strong><br />
Comecon) e o terrorismo à escala<br />
planetária.<br />
Na actual fase da sua evolução, e,<br />
em particular, com a aprovação da<br />
Constituição Europeia, a UE caminha,<br />
progressivamente, para uma união<br />
política (sem questionar, agora, se se<br />
trata da aproximação a um Esta<strong>do</strong><br />
Federal ou a uma confederação de<br />
Esta<strong>do</strong>s).<br />
No actual quadro comunitário, os<br />
Esta<strong>do</strong>s-membros conservam parte<br />
das suas prerrogativas soberanas<br />
externas, mas já diluíram nas políticas<br />
comunitárias algumas das suas prerrogativas<br />
soberanas internas.<br />
Em suma, o processo de formação<br />
da Europa Comunitária foi-se desenvolven<strong>do</strong><br />
ao longo de muitos anos sob<br />
a influência das ideias e projectos de<br />
políticos, filósofos, sociólogos e economistas,<br />
e encontrou, no perío<strong>do</strong> subsequente<br />
ao termo da II Guerra Mundial,<br />
as condições políticas, económicas,<br />
sociais e militares propícias ao seu<br />
desenvolvimento e consolidação.<br />
Vitorino Vieira Dias<br />
torga 53
Visão Pessoal<br />
A CONSTANTE PERMANÊNCIA DO NADA<br />
Para reflectir:<br />
Nas ruas, nas ruelas,<br />
Nos becos ou papelões,<br />
Debaixo de um jornal.<br />
São cada vez mais pessoas,<br />
Mais olhares vazios,<br />
Ausência de tu<strong>do</strong>,<br />
A constante permanência <strong>do</strong> nada.<br />
Mão estendida.<br />
Perderam tu<strong>do</strong>,<br />
A começar pela esperança.<br />
No âmbito da disciplina de Supervisão<br />
em Serviço Social, <strong>do</strong> terceiro ano <strong>do</strong><br />
Curso de Serviço Social <strong>do</strong> Instituto<br />
Superior Miguel Torga, foi realiza<strong>do</strong> um<br />
estágio de observação subordina<strong>do</strong><br />
ao tema "A Constante Permanência <strong>do</strong><br />
Nada". Propus-me a acompanhar uma<br />
Equipa que nas longas noites deste<br />
rigoroso Inverno percorre as escuras<br />
ruas de Coimbra que servem de cama<br />
para muitos Sem Abrigo, fornecen<strong>do</strong>lhes<br />
agasalhos, café quente, bolos e a<br />
possibilidade de pernoitar num abrigo,<br />
caso queiram. Esta equipa resulta de<br />
um trabalho em rede entre várias instituições<br />
ligadas à problemática <strong>do</strong>s<br />
Sem Abrigo nomeadamente a AMI,<br />
Integrar, Casa Abrigo Padre Américo,<br />
Cáritas, Departamento da Acção<br />
Social da Câmara, Associação das<br />
Cozinhas Económicas e Segurança<br />
Social.<br />
Este foi um trabalho de observação<br />
participante, a partir <strong>do</strong> terreno, local<br />
privilegia<strong>do</strong> na recolha de informação<br />
e que teve como objectivo conhecer o<br />
número de população sem abrigo, saber<br />
onde pernoitam, perceber a motivação<br />
daqueles que se dedicam a esta<br />
causa, porque o fazem, e como o fazem;<br />
havia também a curiosidade de<br />
saber que tipo de relação se estabelece<br />
entre a população sem abrigo e<br />
os técnicos que lhes dão apoio e<br />
sobretu<strong>do</strong> a necessidade pessoal de<br />
contactar com uma realidade que<br />
durante o dia nos escapa e por vezes<br />
ignoramos, conhecer objectivamente<br />
54 torga<br />
as necessidades mais prementes destes<br />
indivíduos, quais os seus me<strong>do</strong>s e<br />
poder fazer parte, ainda que por pouco<br />
tempo, de um projecto tão nobre e<br />
ainda tão pouco divulga<strong>do</strong> e apoia<strong>do</strong>.<br />
Este tema é muito delica<strong>do</strong> mas<br />
também muito aliciante e foram as<br />
"não condições de vida" que estas<br />
pessoas têm que me motivaram a tirar<br />
este Curso e a provar a quem diz "lixo<br />
deste não faz cá falta" que nenhum ser<br />
humano é lixo e que devidamente<br />
apoia<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s são pessoas produtivas<br />
e importantes para o desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> país. Este estágio de observação<br />
decorreu no dia 6 de Janeiro de<br />
2005 entre as 21 horas e as 2 da madrugada.<br />
Partimos da Avenida Sá da<br />
Bandeira, <strong>do</strong> antigo Quartel <strong>do</strong>s Bombeiros<br />
Sapa<strong>do</strong>res de Coimbra, cujo<br />
rés-<strong>do</strong>-chão foi aproveita<strong>do</strong> pala Câmara<br />
Municipal de Coimbra como<br />
local de acolhimento para os Sem<br />
Abrigo. Este espaço contém 6 beliches<br />
e 12 camas, número bastante reduzi<strong>do</strong><br />
para fazer face às necessidades<br />
desta população alvo. A nossa<br />
primeira paragem foi nas Faculdades<br />
de Química, mais propriamente no<br />
espaço semi-coberto entre as duas<br />
faculdades. A segunda paragem efectuou-se<br />
na rua Fernão Magalhães,<br />
seguin<strong>do</strong> depois para a Rua <strong>do</strong>s<br />
Oleiros, a Estação Velha e finalmente<br />
a zona adjacente ao edifício da Segurança<br />
Social. Os Sem Abrigo que<br />
pernoitam no edifício cedi<strong>do</strong> pela<br />
Câmara só podem ser manda<strong>do</strong>s para<br />
lá pelas instituições às quais recorrem<br />
ou pela Emergência Social e só são<br />
aceites depois de terem preenchi<strong>do</strong><br />
um pedi<strong>do</strong> de vaga ten<strong>do</strong> que entrar<br />
obrigatoriamente até às 22horas. A<br />
ideia inicial deste projecto era reservar<br />
algumas vagas para os indivíduos que<br />
fossem encontra<strong>do</strong>s durante a noite<br />
pela equipa, no entanto, quan<strong>do</strong> lá<br />
cheguei, onze das <strong>do</strong>ze camas já<br />
estavam ocupadas.<br />
Às 22.30h iniciámos a nossa viagem,<br />
numa carrinha da Cáritas, levan<strong>do</strong><br />
termos de café quente e uma caixa<br />
de bolos gentilmente cedida pela Pastelaria<br />
Vénus, que oferece duas vezes<br />
por semana, nos outros cinco dias os<br />
bolos são ofereci<strong>do</strong>s pela Pastelaria<br />
Vasco da Gama. Nas Faculdades de<br />
Química, nossa primeira paragem,<br />
éramos aguarda<strong>do</strong>s por um indivíduo<br />
de nacionalidade iraquiana e <strong>do</strong>is de<br />
nacionalidade portuguesa, um <strong>do</strong>s<br />
quais com 57 anos. O mais i<strong>do</strong>so <strong>do</strong>s<br />
três havia si<strong>do</strong> recolhi<strong>do</strong> pelos outros<br />
<strong>do</strong>is, que o colocaram a <strong>do</strong>rmir no<br />
meio de ambos porque se encontrava<br />
<strong>do</strong>ente. Apenas um deles tinha um<br />
pequeno colchão, os outros <strong>do</strong>is <strong>do</strong>rmiam<br />
em cima de um cobertor <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>.<br />
Depois de comeram e beberem<br />
ficámos um pouco à conversa e quan<strong>do</strong><br />
convidámos um deles a ocupar a<br />
cama livre to<strong>do</strong>s recusaram; no entanto,<br />
os colegas <strong>do</strong> senhor mais i<strong>do</strong>so
insistiram com ele para que fosse connosco.<br />
Ele alegou que não ia porque<br />
havia lá muitos ucranianos e tinha<br />
me<strong>do</strong> deles além <strong>do</strong> que não queria<br />
aban<strong>do</strong>nar os amigos que tão bem o<br />
tinham recolhi<strong>do</strong>. Não insistimos e deixámos<br />
com eles quatro cobertores.<br />
Uns metros mais à frente, estava um<br />
africano de 54 Anos protegi<strong>do</strong> por um<br />
muro de caixotes de papelão e envolto<br />
em cobertores. Este indivíduo aguardava<br />
a nossa chegada mais pela companhia<br />
<strong>do</strong> que pela comida, já que não<br />
quis comer. Encontrava-se muito debilita<strong>do</strong><br />
e <strong>do</strong>ente mas acompanha<strong>do</strong><br />
medicamente; recusou cobertores tal<br />
como a cama livre e guar<strong>do</strong>u os bolos<br />
para o dia seguinte.<br />
Seguimos para a Estação Velha<br />
onde nessa noite não se encontrava<br />
ninguém a <strong>do</strong>rmir e de seguida fomos<br />
para a Av. Fernão de Magalhães, onde<br />
há <strong>do</strong>ze anos pernoita um indivíduo a<br />
quem os lojistas e mora<strong>do</strong>res da zona<br />
dão comida e roupa. Encontrava-se a<br />
<strong>do</strong>rmir tão profundamente que não<br />
conseguimos acordá-lo. Seguimos até<br />
à Rua <strong>do</strong>s Oleiros onde normalmente<br />
<strong>do</strong>rme um outro indivíduo, mas aí<br />
demorámos pouco tempo, pois este<br />
não gosta de ser incomoda<strong>do</strong>; também<br />
ele recusou abrigo naquela noite<br />
terrivelmente fria. A última paragem foi<br />
na periferia da Segurança Social, onde<br />
encontrámos um sem abrigo deita<strong>do</strong><br />
debaixo da ponte que faz ligação à<br />
ponte <strong>do</strong> Açude, numa das extremidades<br />
com aproximadamente um metro<br />
de altura o que nos obrigou a entrar<br />
<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s. Esta foi a situação que mais<br />
me chocou, pois este indivíduo <strong>do</strong>rmia<br />
só sobre um papelão, em cima de um<br />
chão com muitas pedras e com um<br />
único cobertor a tapá-lo. Ficámos a<br />
saber que é um ex-combatente colonial<br />
com visível trauma pós-guerra,<br />
não paran<strong>do</strong> de dizer que o seu melhor<br />
amigo e irmão de armas lhe tinha<br />
morri<strong>do</strong> nos braços sem que nada pudesse<br />
fazer e por isso merecia sofrer.<br />
Este homem de 56 anos não quer<br />
aban<strong>do</strong>nar a rua e pede para o deixarmos<br />
ali, mas confessa choran<strong>do</strong>, que<br />
já tinha ouvi<strong>do</strong> falar da equipa de rua,<br />
esperan<strong>do</strong> que um dia chegasse até<br />
ele. Bebeu 3 copos de café quente,<br />
pois assumiu que estava gela<strong>do</strong>, e deixámos<br />
com ele os últimos seis bolos e<br />
os últimos três cobertores. Colocámos<br />
um deles <strong>do</strong>bra<strong>do</strong> no chão para fazer<br />
de cama e os outros para se tapar.<br />
Este homem continuava a chorar mas<br />
agora de agradecimento. As Técnicas<br />
<strong>do</strong> Sol Nascente combinaram encontrarem-se<br />
com ele no dia seguinte<br />
para irem à Segurança Social tratar <strong>do</strong><br />
pedi<strong>do</strong> de Rendimento Mínimo Garanti<strong>do</strong>.<br />
To<strong>do</strong>s estes indivíduos recorrem<br />
à AMI para tomar banho e mudar de<br />
roupa pelo menos duas vezes por<br />
semana e to<strong>do</strong>s tem uma carta da<br />
Segurança Social para poder almoçar<br />
e jantar nas cozinhas económicas.<br />
Aquela noite, talvez por ter si<strong>do</strong> a<br />
primeira, não sei bem, vai permanecer<br />
na minha memória durante muito<br />
tempo, como sen<strong>do</strong> aquela em que eu<br />
me senti verdadeiramente impotente e<br />
consciente de que a boa vontade não<br />
chega para mudar as coisas, e que<br />
existem coisas bem mais importantes<br />
<strong>do</strong> que o conforto <strong>do</strong> lar para nos fazer<br />
sentir bem. Estes sete homens demonstraram<br />
que, apesar de terem<br />
como suas apenas as pedras da calçada<br />
e uma mão cheia de nada, ainda<br />
conseguem rir, dar valor à amizade e<br />
ter esperança. No entanto, só depois<br />
tive plena consciência da dura realidade<br />
com a qual tinha contacta<strong>do</strong>,<br />
como se tivesse ti<strong>do</strong> um pesadelo e<br />
acorda<strong>do</strong> de repente. O dia seguinte<br />
foi para mim muito complica<strong>do</strong>, chorei<br />
muito e recusei-me a sentir frio e a<br />
comer, porque só me apetecia gritar<br />
de raiva e obrigar os nossos governantes<br />
a tirar a cabeça debaixo da<br />
areia e a olhar com olhos de ver o que<br />
se passa nas noites escuras e frias das<br />
nossas cidades. Esta gente existe,<br />
merece respeito, não são animais a<br />
Visão Pessoal<br />
quem se dá uma migalha de pão<br />
quan<strong>do</strong> há sobras. Continuo a pensar<br />
que se pode mudar algo, e sei que a<br />
perseverança é um forte alia<strong>do</strong>, mas<br />
descobri nesta noite que é possível<br />
tornar invisível qualquer coisa e desde<br />
que as consideremos indesejáveis elas<br />
deixam de existir.<br />
Quan<strong>do</strong> se fala de injustiças sociais<br />
to<strong>do</strong>s apontam o de<strong>do</strong> ao sistema,<br />
porque é mais fácil culpar os outros <strong>do</strong><br />
que ver onde nós próprios errámos.<br />
Também eu, quan<strong>do</strong> me propus realizar<br />
este trabalho, fiz alguns julgamentos<br />
erra<strong>do</strong>s acerca da motivação e actuação<br />
<strong>do</strong>s técnicos liga<strong>do</strong>s à área social.<br />
Encontrei, no entanto, um grupo<br />
de pessoas dispostas a dar muito <strong>do</strong><br />
seu tempo a esta causa trabalhan<strong>do</strong><br />
com escassos recursos financeiros e<br />
humanos, mesmo saben<strong>do</strong> que o seu<br />
trabalho não é devidamente reconheci<strong>do</strong>.<br />
A aceitação da minha presença<br />
nesta equipa não podia ter si<strong>do</strong> mais<br />
positiva. Houve a preocupação de me<br />
informarem de to<strong>do</strong>s os objectivos<br />
deste novo projecto de parceria, de me<br />
mostrarem como funciona o trabalho<br />
em rede e de me explicarem quais os<br />
méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s. Da mesma forma<br />
quiseram saber quais as minhas motivações<br />
para os acompanhar e receavam<br />
uma possível emotividade excessiva<br />
e negativa, o que não aconteceu.<br />
Também no contacto com os Sem<br />
Abrigo notei uma relação de respeito e<br />
de solidariedade, mas essencialmente<br />
de cumplicidade e de não julgamento,<br />
facto que me fez aban<strong>do</strong>nar as ideias<br />
preconcebidas e erradas acerca <strong>do</strong><br />
que é o verdadeiro trabalho social.<br />
Maria Fernanda C.F.M. Garri<strong>do</strong><br />
3ª Ano de Serviço Social<br />
torga 55
Publicações<br />
56 torga<br />
MONTEIRO, Rosa<br />
O Que Dizem as Mães<br />
Quarteto, 2005<br />
RUSSEL, Stuart<br />
NORVIG, Peter<br />
Inteligência Artificial<br />
Campus, 2004<br />
BRYMAN, Alan<br />
The Disneyization of Society<br />
Sage, 2004<br />
Algumas das publicações que deram entrada<br />
na Biblioteca <strong>do</strong> ISMT<br />
" Ao contrário <strong>do</strong> que o título pode sugerir, este livro não<br />
fala apenas de mulheres ou da maternidade. Nele encontramos<br />
pistas para perspectivar o futuro das relações conjugais<br />
e da família, o futuro <strong>do</strong> emprego feminino e masculino<br />
e, arriscaria mesmo, o futuro da espécie humana. No<br />
centro de todas elas encontramos a maternidade, que,<br />
finalmente, tem vin<strong>do</strong> a suscitar um interesse crescente,<br />
visível em vários campos. (…) Hoje, a grande questão existencial<br />
de muitas mulheres reside em encontrar um mo<strong>do</strong><br />
de se realizarem como indivíduos sem que para tal tenham<br />
que renunciar a serem mães."<br />
"O livro também apresenta uma clareza jamais vista na apresentação<br />
<strong>do</strong>s conceitos e cobre, com grande abrangência,<br />
boa profundidade e alto grau de clareza, as principais áreas<br />
e aplicações da IA, apresentan<strong>do</strong> ainda referências históricas<br />
e bibliográficas extensas, que poderão servir de referência<br />
para qualquer pessoa que queira se aprofundar ainda mais<br />
nos tópicos aqui trata<strong>do</strong>s. Com certeza este é um clássico da<br />
computação que continuará atualiza<strong>do</strong> por muitos anos."<br />
"A Disneyzação da sociedade" defende que o mun<strong>do</strong> actual<br />
cada vez mostra mais as características <strong>do</strong>s parques da<br />
Disney. (…) Este é um trabalho revela<strong>do</strong>r na área da sociologia<br />
da cultura e da sociedade moderna e deveria ser li<strong>do</strong> por<br />
to<strong>do</strong>s os alunos de sociologia e estu<strong>do</strong>s culturais."
"O primeiro capítulo de Duarte Araújo é uma visão geral da<br />
evolução da psicologia <strong>do</strong> desporto internacional, com<br />
destaque para a que teve lugar em Portugal, seguin<strong>do</strong>-se um<br />
estu<strong>do</strong> de Mário Godinho na âmbito da aprendizagem motora,<br />
uma reflexão de Américo Baptista sobre os processos<br />
emocionais no desporto e um texto de José Carlos Leitão em<br />
torno das questões psicológicas associadas ao desporto de<br />
aventura. (…) A última sequência de textos centra-se nos<br />
aspectos mais relaciona<strong>do</strong>s com a psicologia <strong>do</strong> treino em<br />
que o rendimento desportivo é associa<strong>do</strong> à visualização<br />
como forma de treino mental, no capítulo de José Alves e aos<br />
factores personalísticos, por Milagros Esquerro."<br />
"Este livro corresponde a uma tentativa de problematização<br />
da relação escola-família em Portugal, cruzan<strong>do</strong> uma<br />
reflexão teórica e conceptual e uma pesquisa sócio-histórica<br />
sobre a emergência e desenvolvimento da participação<br />
parental no nosso país com um estu<strong>do</strong> etnográfico, conduzi<strong>do</strong><br />
ao longo de mais de <strong>do</strong>is anos de trabalho de campo, em<br />
três comunidades educativas <strong>do</strong> 1º ciclo no centro-litoral <strong>do</strong><br />
país."<br />
"Este livro centra-se nas famílias com elementos i<strong>do</strong>sos, nas<br />
interacções que emergem no seu interior, nas satisfações e<br />
nas dificuldades que enfrentam. Analisa a família como um<br />
lugar de cuida<strong>do</strong>s aos i<strong>do</strong>sos em que o recurso a apoios<br />
institucionais surge, em geral, como derradeira opção para<br />
suprir necessidades de cuida<strong>do</strong>s que a família, por algum<br />
motivo, não tem disponibilidade para providenciar."<br />
SERPA, Sidónio<br />
ARAÚJO, Duarte<br />
Psicologia <strong>do</strong> Desporto<br />
e <strong>do</strong> Exercício: compreensão<br />
e aplicações<br />
Faculdade de Motricidade<br />
Humana, 2002<br />
SILVA, Pedro<br />
Escola-Família, Uma Relação<br />
Armadilhada: interculturalidade<br />
e relações<br />
de poder<br />
Afrontamento, 2003<br />
SOUSA, Liliana<br />
FIGUEIREDO, Daniela<br />
CERQUEIRA, Margarida<br />
Envelhecer em Família:<br />
os cuida<strong>do</strong>s familiares na<br />
velhice<br />
Âmbar, 2004<br />
Publicações<br />
torga 57
Mestra<strong>do</strong>s<br />
58 torga<br />
EM PREPARAÇÃO<br />
Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />
de Cristina Maria Rodrigues<br />
Silva Ventura, intitula<strong>do</strong> "Estratégias<br />
de Coping em Famílias com Crianças<br />
Autistas".<br />
Mestra<strong>do</strong> em Toxicodependência e<br />
Patologias Psicossociais, de Sandra<br />
La Salete Campos Abrantes, intitula<strong>do</strong><br />
"(Tóxico)Dependência: à descoberta<br />
<strong>do</strong> impacto da heroínodependência<br />
no stress parental".<br />
Mestra<strong>do</strong> em Toxicodependência e<br />
Patologias Psicossociais, de Carlos<br />
Lopes Car<strong>do</strong>so, intitula<strong>do</strong> "Imagem<br />
Corporal e Depressão na Infância:<br />
contributo para a avaliação de uma<br />
escala de avaliação da imagem."<br />
Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico,<br />
de Paula Sofia Coelho Paiva,<br />
intitula<strong>do</strong> "Dificuldades de Aprendizagem<br />
e o Perío<strong>do</strong> de Latência".<br />
Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico,<br />
de Liliana Filipa Gonçalves<br />
Moreira Pinto, intitula<strong>do</strong> "O Sentimento<br />
de Culpa e o Seu Papel no Processo<br />
Psicoterapêutico".<br />
Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico,<br />
de Anabela Ponces Ferret de<br />
Almeida Correia, intitula<strong>do</strong> "Avaliação<br />
<strong>do</strong> Serviço <strong>do</strong> Centro de Atendimento<br />
a Jovens de Coimbra - CAJ".<br />
Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da Saúde,<br />
de Sónia Catarina Lopes Marques,<br />
intitula<strong>do</strong> "A Sobrecarga <strong>do</strong>s Cuida<strong>do</strong>res<br />
de Doentes Com AVC."<br />
Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />
de Ana Cristina da Silva Costa,<br />
versan<strong>do</strong> sobre o tema da relação<br />
entre a hiperactividade e a (im)possibiblidade<br />
de brincar.<br />
Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico,<br />
de Ana Sofia Noronha, versan<strong>do</strong><br />
sobre o tema da baixa satisfação profissional<br />
ao burnout em trabalha<strong>do</strong>res<br />
autárquicos.<br />
Mestra<strong>do</strong> em Serviço Social, de Paula<br />
Manuela Almeida Marques Henriques,<br />
versan<strong>do</strong> sobre o tema <strong>do</strong> Serviço<br />
Social nos municípios <strong>do</strong> distrito de<br />
Viseu.<br />
Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />
de Ana Luísa E. C. Nogueira <strong>do</strong>s<br />
Santos, versan<strong>do</strong> sobre o tema da<br />
prestação de cuida<strong>do</strong>s a crianças:<br />
diferenciação segun<strong>do</strong> o género <strong>do</strong><br />
progenitor.<br />
Mestra<strong>do</strong> em Acompanhamento Dinâmico,<br />
de Cláudia Maria de Jesus<br />
Margaça, versan<strong>do</strong> sobre o tema <strong>do</strong><br />
impacto das situações de <strong>do</strong>ença<br />
grave, crónica e incapacitante nos<br />
profissionais de saúde.<br />
Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />
de Susana Baptista de Oliveira,<br />
versan<strong>do</strong> sobre o tema da união de<br />
facto e expectativas diferenciadas<br />
segun<strong>do</strong> o género.<br />
Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da Saúde,<br />
de Ana Isabel Casca Jesus Carlos<br />
Ferreira, versan<strong>do</strong> sobre o tema da<br />
paramiloi<strong>do</strong>se.
CONCLUIDOS<br />
ANABELA JESUS DUARTE<br />
ESCARABELO CÂNDIDO<br />
Em 31 de Janeiro de 2005, concluiu o<br />
Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da Saúde,<br />
com a Tese intitulada "Interacção<br />
Enfermeiro/Doente: acontecimentos<br />
marcantes na vida <strong>do</strong>s enfermeiros e<br />
seu significa<strong>do</strong> na construção da identidade<br />
profissional". O Júri, constituí<strong>do</strong><br />
pelos Professores Doutores António<br />
Proença da Cunha (ISMT), Wilson<br />
Pinto de Abreu (ESEAGP) e Pedro<br />
Zany Caldeira (U.Lusíada), classificou<br />
a prova com Muito Bom.<br />
RUI MANUEL NUNES LADEIRA<br />
Em 2 de Fevereiro de 2005, concluiu o<br />
Mestra<strong>do</strong> em Toxicodependências e<br />
Patologias Psicossociais, com a Tese<br />
intitulada "Os A<strong>do</strong>lescentes e o Consumo<br />
de Substâncias Lícitas e Ilícitas:<br />
prazer /desprazer: propensão para o<br />
risco". O Júri, constituí<strong>do</strong> pelos Professores<br />
Doutores António Proença da<br />
Cunha (ISMT), Carlos Amaral Dias<br />
(ISMT), Sandra Oliveira (ISMT), Wilma<br />
Diniz Car<strong>do</strong>so (UCDB) e René Tápia<br />
Ormazabal (ISMT), classificou a prova<br />
com Muito Bom.<br />
ANA MARGARIDA LOUREIRO<br />
FERREIRA<br />
Em 9 de Março de 2005, concluiu o<br />
Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />
com a Tese intitulada "A Feminização<br />
na Prestação de Cuida<strong>do</strong>s a<br />
Familiares I<strong>do</strong>sos: uma análise das implicações<br />
na vida da mulher cuida<strong>do</strong>ra".<br />
O Júri, constituí<strong>do</strong> pelos Professores<br />
Doutores António Proença da<br />
Cunha (ISMT), Maria Natália Ramos<br />
(UA), Susana Vicente Ramos (ISMT),<br />
Maria João Costa Pereira (ISMT) e<br />
Luísa Gaspar Pimentel (ISBB), classificou<br />
a prova com Muito Bom.<br />
ISAURA MARIA DE ALMEIDA<br />
MARQUES<br />
Em 26 de Janeiro de 2005, concluiu o<br />
Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da<br />
Saúde, com a Tese intitulada "Atitudes<br />
<strong>do</strong>s Enfermeiros Face aos I<strong>do</strong>sos". O<br />
Júri, constituí<strong>do</strong> pelos Professores<br />
Doutores António Proença da Cunha<br />
(ISMT), Maria João Costa Pereira<br />
(ISMT), René Tápia Ormazabal (ISMT),<br />
Carlos Alberto Afonso (ISMT) e Sandra<br />
Oliveira, classificou a prova com Bom.<br />
RAQUEL MARIA SEABRA NUNES<br />
Em 26 de Janeiro de 2005, concluiu o<br />
Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas<br />
Sociais, com a Tese intitulada "Homens<br />
Temporariamente Sós: estratégias<br />
utilizadas pelos homens no perío<strong>do</strong><br />
pós-divórcio". O Júri, constituí<strong>do</strong><br />
pelos Professores Doutores António<br />
Proença da Cunha (ISMT), Maria João<br />
da Costa Pereira (ISMT) e Maria<br />
Natália Ramos (U. Aberta), classificou<br />
a prova com Muito Bom.<br />
SÓNIA MARIA MARTINS DOS<br />
SANTOS<br />
Em 19 de Março de 2005, concluiu o<br />
Mestra<strong>do</strong> em Serviço Social, com a<br />
Tese intitulada "A Inserção <strong>do</strong> Serviço<br />
Social e Seu Significa<strong>do</strong> nos Serviços<br />
de Psicologia e Orientação <strong>do</strong> Ministério<br />
da Educação na Década de 90".<br />
O Júri, constituí<strong>do</strong> pelos Professores<br />
Doutores António Proença da Cunha<br />
(ISMT), Alcina Castro Martins (ISMT) e<br />
Myriam Veras Baptista (PUC-SP-<br />
Brasil), classificou a prova com Muito<br />
Bom.<br />
Mestra<strong>do</strong>s<br />
torga 59
Protocolos<br />
60 torga<br />
ACORDO DE COOPERAÇÃO<br />
FAC. DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E<br />
TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ<br />
E<br />
INSTITUTO SUPERIOR MIGUEL TORGA<br />
Foi celebra<strong>do</strong> um Acor<strong>do</strong> de Cooperação entre FSCHT-Piauí e<br />
o Instituto Superior Miguel Torga, em Teresina, no dia 14 de<br />
Janeiro de 2005.<br />
As duas instituições comprometem-se a promover a recíproca<br />
colaboração no que diz respeito à realização de:<br />
-intercâmbio de pesquisa<strong>do</strong>res e de professores, envolven<strong>do</strong><br />
actividades e projectos e m conjunto de ensino e pesquisa;<br />
-intercâmbio de estudantes de graduação e de pós-graduação;<br />
-organização de cursos, conferências, seminários e outras<br />
actividades de carácter académico e científico, defini<strong>do</strong>s de<br />
comum acor<strong>do</strong>;<br />
-intercâmbio de informação e publicações pertinentes para os<br />
objectivos estabeleci<strong>do</strong>s.<br />
PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO<br />
FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINIS-<br />
TÉRIO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO SUL<br />
E<br />
INSTITUTO SUPERIOR MIGUEL TORGA<br />
Em 22 de Fevereiro de 2005, foi celebra<strong>do</strong> um acor<strong>do</strong> de cooperação,<br />
em Porto Alegre, no qual as duas instituições se<br />
comprometem em promover:<br />
-intercâmbio de <strong>do</strong>centes, ao nível <strong>do</strong>s cursos de licenciatura,<br />
pós-graduação, mestra<strong>do</strong> e outros;<br />
-organização conjunta de cursos, nomeadamente, cursos de<br />
formação permanente, cursos de pós-graduação, mestra<strong>do</strong> e<br />
outros, em áreas de formação consideradas prioritárias pelas<br />
instituições;<br />
-na área da investigação, as duas entidades pretendem colaborar<br />
em projectos de investigação, em termos a definir para<br />
cada projecto específico;<br />
-a cooperação estabelecida por este protocolo poderá abranger<br />
ainda a colaboração na organização de conferências, seminários<br />
e outros eventos similares.
TOMADA DE POSSE<br />
DOS CORPOS GEREN-<br />
TES DA AEISMT<br />
A AEISMT realizou no dia 2 de Março<br />
de 2005, a Tomada de posse <strong>do</strong>s Corpos<br />
Gerentes da AEISMT, convi<strong>do</strong>u<br />
to<strong>do</strong>s os Docentes, Discentes e Funcionários<br />
a estarem presentes, os<br />
quais aderiram em bom número.<br />
Na hora <strong>do</strong>s discursos Nuno Lourenço,<br />
o presidente cessante, lembrou o trabalho<br />
realiza<strong>do</strong> e deixou o desafio para<br />
a direcção que o sucede de continuar a<br />
lutar e a defender os interesses de to<strong>do</strong>s<br />
os alunos <strong>do</strong> ISMT.<br />
O Presidente <strong>do</strong> ISMT, Professor<br />
Doutor Carlos Amaral Dias e a Presidente<br />
<strong>do</strong> Conselho Pedagógico <strong>do</strong><br />
ISMT, Dra. Sofia Figueire<strong>do</strong>, lembraram<br />
a importância de uma Associação<br />
activa, criativa e dinâmica, para elevar<br />
cada vez mais o nome da instituição a<br />
que pertencemos.<br />
Bruno Cordeiro o recente, eleito,<br />
Presidente da Direcção da AEISMT,<br />
depois de ter fala<strong>do</strong> sobre os núcleos<br />
e sobre os projectos para o mandato<br />
que se inicia, deixou a to<strong>do</strong>s a promessa<br />
de que ele e to<strong>do</strong>s os elementos<br />
da Lista A, só teriam um objectivo.<br />
Trabalhar. Continuan<strong>do</strong> o bom trabalho<br />
inicia<strong>do</strong> pela Direcção anterior, de<br />
uma forma discreta e sempre com o<br />
objectivo de chamar to<strong>do</strong>s os alunos<br />
para a Associação, para participarem<br />
na construção de uma Associação<br />
unida, porque a Associação não se<br />
resume a uma lista, mas a to<strong>do</strong>s os<br />
alunos <strong>do</strong> ISMT.<br />
A Associação és Tu….<br />
No fim seguiu-se um pequeno<br />
lanche ofereci<strong>do</strong> pela AEISMT, segui<strong>do</strong><br />
de uma brilhante actuação da Tuna<br />
Real Torga.<br />
O PROGRAMA<br />
Dotar a Associação de um horário de<br />
funcionamento, ten<strong>do</strong> em conta os<br />
Trabalha<strong>do</strong>res Estudantes;<br />
Apoio a projectos realiza<strong>do</strong>s pelos<br />
Alunos, através de apoio humano,<br />
logístico e/ou material;<br />
Protocolos com instituições e empresas<br />
para possibilitar cursos complementares,<br />
Voluntaria<strong>do</strong> e Formação<br />
aos alunos;<br />
Criação de uma publicação, com informações<br />
sobre: Conselho Directivo,<br />
C. Pedagógico, C. Consultivo, Assem-<br />
bleia de Representantes e Associação<br />
de Estudantes;<br />
Exigir um acréscimo da qualidade de<br />
ensino e garantir a sua manutenção:<br />
"Os alunos <strong>do</strong> ISMT pagam para aprender,<br />
mas não compram as notas";<br />
Apoio ao Núcleo de Cultura, visan<strong>do</strong><br />
entre outros objectivos, a dinamização<br />
da Tuna Real Torga;<br />
Dinamização da Associação de<br />
Estudantes, promoven<strong>do</strong> a criação de<br />
uma sala de Internet e de uma sala de<br />
estu<strong>do</strong> nesse espaço;<br />
Criação <strong>do</strong> núcleo de Apoio ao Trabalha<strong>do</strong>r<br />
Estudante, com principal<br />
intuito de salvaguardar os seus direitos;<br />
Criação de uma página on-line -<br />
www.aeismt, para que possas contactar-nos<br />
e visitar-nos sempre que queiras<br />
e onde estiveres;<br />
Organização da I Noite de Gala<br />
Miguel Torga;<br />
Realização regular de inquéritos aos<br />
alunos para avaliar as necessidades,<br />
críticas e sugestões <strong>do</strong>s mesmos;<br />
Fundação de uma Associação de<br />
Antigos Alunos Do ISMT;<br />
Celebração <strong>do</strong> dia Nacional de<br />
Estudante;<br />
Organização de Eventos vários de<br />
carácter Lúdico, Desportivo, Cultural e<br />
Social;<br />
Regulamentação da Praxe através da<br />
criação de um conselho de Veteranos;<br />
Apoio a Instituições de carácter Social<br />
e recolhas de Solidariedade para<br />
varia<strong>do</strong>s fins;<br />
Apoiar e dinamizar os 16 núcleos da<br />
AEISMT: Núcleo de Conselho de Vete-<br />
torga 61<br />
AE
AE<br />
ranos; Núcleo de Baile de Finalistas;<br />
Núcleo de Política Educativa; Núcleo<br />
de Apoio aos Estudantes de Serviço<br />
Social; Núcleo de Apoio aos Estudantes<br />
de Ciências da Informação; Núcleo<br />
de Apoio aos Estudantes de Psicologia;<br />
Núcleo de Apoio aos Estudantes<br />
de Informática de Gestão; Núcleo de<br />
Apoio aos Estudantes de Multimédia;<br />
Núcleo de Internet e Jornalismo; Núcleo<br />
de Desporto; Núcleo Cultural; Núcleo<br />
de criação da Associação de Antigos<br />
Alunos <strong>do</strong> ISMT; Núcleo de Projectos<br />
e Voluntaria<strong>do</strong>; Núcleo de Apoio<br />
às Comissões de Curso; Núcleo de<br />
Marketing e Publicidade; Núcleo de<br />
Apoio aos Trabalha<strong>do</strong>res Estudantes.<br />
E TUDO MAIS QUE NOS AJUDES A<br />
FAZER…<br />
PROTOCOLOS…<br />
A pensar em ti a tua Associação de<br />
Estudantes assinou três protocolos e<br />
já se encontram em discussão outros.<br />
O primeiro com a Fundação Serralves,<br />
ao abrigo <strong>do</strong> qual to<strong>do</strong>s os alunos<br />
<strong>do</strong> ISMT têm acesso gratuito às actividades<br />
levadas a cabo pela Fundação.<br />
O segun<strong>do</strong> com A Escola de Linguagem<br />
Gestual, Mãos que Falam, onde<br />
os alunos <strong>do</strong> ISMT beneficiarão de um<br />
desconto de 50% na matricula.<br />
O terceiro com a loja da Associação<br />
Académica de Coimbra, onde to<strong>do</strong>s<br />
os caloiros <strong>do</strong> ISMT que lá comprarem<br />
o seu Traje Académico receberão de<br />
oferta uma pasta académica.<br />
Para mais informações ou para beneficiares<br />
destes protocolos dirige-te à<br />
tua Associação.<br />
62 torga<br />
BREVES… NÚCLEO DE PROJEC-<br />
TOS E VOLUNTARIADO<br />
Novo horário de funcionamento da<br />
AEISMT - A partir <strong>do</strong> dia 2 de Março a<br />
AEISMT tem um novo horário de funcionamento.<br />
De Segunda a Sexta-feira<br />
das 10h ás 18h. Em caso de por algum<br />
motivo se encontrar encerrada durante<br />
este perío<strong>do</strong> contacta:<br />
Bruno Cordeiro - 965879664.<br />
Desporto - A AEISMT está a elaborar<br />
um plano de actividades desportivas<br />
para que tu possas usufruir. Neste momento<br />
vai já iniciar-se o VII Torneio de<br />
Futsal Masculino e o II Torneio de Futsal<br />
Feminino.<br />
Reciclagem - Um grupo de alunos<br />
<strong>do</strong> 3º ano de Serviço Social, está a<br />
levar a cabo uma iniciativa que pretende<br />
incentivar e consciencializar os<br />
alunos <strong>do</strong> ISMT, para a importância da<br />
reciclagem.<br />
Deste mo<strong>do</strong> foram distribuí<strong>do</strong>s pelo<br />
ISMT vários ecopontos. A AEISMT também<br />
se associou a esta iniciativa e tu….<br />
Blog - A AEISMT já tem um blog<br />
onde podes colocar os teus textos e<br />
comentar muitos outros. Aqui fica a<br />
morada: http://aeismt.blogs.sapo.pt/.<br />
Aproveitamos para te avisar que a<br />
nossa página de Internet já se encontra<br />
em construção.<br />
DA AEISMT<br />
O Núcleo de Projectos e Voluntaria<strong>do</strong><br />
da AEISMT está neste momento em<br />
mãos com <strong>do</strong>is ambiciosos projectos.<br />
O primeiro trata-se de um Seminário<br />
intitula<strong>do</strong> "Para lá da inocência" que<br />
abordará a temática <strong>do</strong>s maus-tratos<br />
infantis. Realizar-se-á nos dias 28 e 29<br />
<strong>do</strong> mês de Abril, na Casa Municipal da<br />
Cultura e tem por objectivos informar,<br />
consciencializar e alertar a população<br />
para este problema, que não se deve<br />
esconder ou camuflar como se fosse<br />
um tabu. Assuntos como estes devem<br />
ser fala<strong>do</strong>s, discuti<strong>do</strong>s, resolvi<strong>do</strong>s no<br />
interior de cada um, para que se porventura<br />
nos depararmos com um caso<br />
enquadra<strong>do</strong> nos maus-tratos, o possamos,<br />
da melhor forma, compreender<br />
e resolver, como profissionais, mas essencialmente<br />
como Seres Humanos.<br />
Para este seminário convidámos um<br />
leque multidisciplinar de profissionais,<br />
para que possamos ter um quadro<br />
mais acaba<strong>do</strong> de tu<strong>do</strong> aquilo que<br />
envolve os maus-tratos, visto a realidade<br />
não ser una e os problemas sociais<br />
se revestirem de muitas e diferentes<br />
perspectivas. Serão <strong>do</strong>ze convida<strong>do</strong>s,<br />
alguns bem conheci<strong>do</strong>s e que<br />
irão partilhar connosco conhecimentos,<br />
estratégias de vida, experiências<br />
profissionais… por isso, em nome <strong>do</strong><br />
Núcleo, dirijo-vos um convite para que<br />
estejam presentes. São estas pequenas<br />
coisas que nos fazem aprender<br />
um bocadinho mais, que nos enriquecem<br />
profissional e pessoalmente.<br />
O segun<strong>do</strong> projecto é uma publicação<br />
única, intitulada "Limiar da<br />
(in)diferença", e que trata a realidade<br />
<strong>do</strong> preconceito nos seus vários ângulos:<br />
preconceito racial, étnico e cultural;<br />
preconceito sexual; preconceito<br />
económico; preconceito religioso….<br />
Este projecto está ainda numa fase
embrionária, iniciaram-se apenas os<br />
primeiros contactos com algumas<br />
personalidades com conhecimentos<br />
nesta área.<br />
Mas o Núcleo gostaria de contar<br />
contigo. Tu podes escrever um <strong>do</strong>s artigos!<br />
As temáticas são: Toxicodependência,<br />
prostituição, obesidade, semabrigo,<br />
ex - reclusos, delinquência e<br />
alcoolismo.<br />
E se tu tiveres um projecto vem ter<br />
connosco!<br />
Qualquer informação vai à tua<br />
Associação de Estudantes.<br />
Gisa Barata<br />
COLÓQUIO "ANSIEDA-<br />
DE E DEPRESSÃO"<br />
O grupo de estagiárias <strong>do</strong> 3º ano da<br />
Licenciatura de Psicologia <strong>do</strong> ISMT, no<br />
serviço de Psiquiatria Mulheres <strong>do</strong>s<br />
HUC, Andreia Rigueiro; Daniela Roda;<br />
Patrícia Fernandes; Estão a organizar<br />
um colóquio com o apoio da AEISMT, a<br />
realizar no dia 27 de Abril no auditório<br />
<strong>do</strong> Instituto Português da Juventude<br />
de Coimbra, entre as 14:30h e as 18h.<br />
Este colóquio aborda a problemática<br />
da Ansiedade e da Depressão e tem<br />
como principais ora<strong>do</strong>res o Professor<br />
Doutor Pio Abreu (Psiquiatra e <strong>Director</strong><br />
<strong>do</strong> Serviço de Psiquiatria Mulheres <strong>do</strong>s<br />
HUC), o Professor Doutor Jorge Caia<strong>do</strong><br />
Gomes (Psicólogo Clínico e Docente <strong>do</strong><br />
ISMT), a Dra. Ana Galhar<strong>do</strong> (Psicóloga<br />
Clínica e Docente <strong>do</strong> ISMT) e a Dra. Ilda<br />
Massano Car<strong>do</strong>so (Assistente Social e<br />
Docente <strong>do</strong> ISMT).<br />
A AEISMT, aproveita para te pedir<br />
que caso tenhas, um projecto ou uma<br />
simples ideia, que a tragas até nós,<br />
porque juntos vamos concretizá-la.<br />
A Tuna Real Torga deslocou-se a França<br />
para a sua primeira actuação fora <strong>do</strong><br />
país. O convite foi-lhe endereça<strong>do</strong> pela<br />
"Amicale Culturelle Franco-Portugaise<br />
intercommunale de Viroflay", que pediu<br />
a contribuição da Tuna para a animação<br />
da sua Semana Cultural.<br />
O programa da Semana Cultural foi<br />
bastante diversifica<strong>do</strong>: além da presença<br />
da Tuna e <strong>do</strong> Grupo de Fa<strong>do</strong>s<br />
"Saudade Coimbrã" da Associação de<br />
Fa<strong>do</strong>s de Coimbra (2 e 3 de Abril), decorreu<br />
uma exposição intitulada "Palavras<br />
da Terra" na Sala Camões (2 a 10<br />
de Abril), além de duas conferências, a<br />
primeira ten<strong>do</strong> como objectivo incentivar<br />
a participação cívica da Comunidade<br />
Portuguesa (6 de Abril) e a segunda<br />
intitulada "A Gastronomia Portuguesa"<br />
(7 de Abril). Por ultimo, no dia<br />
10 marcou presença o "jovem e talentoso<br />
fadista" como nos foi descrito,<br />
Jorge Batista, de Carcavelos.<br />
Fomos marcadamente bem recebi<strong>do</strong>s:<br />
com delicadeza, simpatia e uma<br />
gastronomia de "perder a cabeça".<br />
O primeiro sitio que visitamos foi a<br />
Sala Camões, onde decorria como já<br />
foi referi<strong>do</strong> a exposição "Palavras da<br />
Terra", que consistia nisso mesmo…<br />
Grande Entrevista<br />
VIAGEM A FRANÇA DA TUNA REAL TORGA<br />
em pequenos/grandes fragmentos<br />
deste pais que aquelas pessoas, a<br />
muitos quilómetros e a muitas horas<br />
daqui, guardam no peito com saudade,<br />
com sonho, talvez com utopia.<br />
Fragmentos de Portugal em forma de<br />
tapetes de Arraiolos, de serviços da<br />
Vista Alegre, de pratos e azulejos pinta<strong>do</strong>s<br />
à mão, de posters das regiões<br />
portuguesas….<br />
Foi na sala referida que se deu a<br />
abertura da Semana Cultural e também<br />
foi ai que a Tuna cantou pela primeira<br />
vez para o público emigrante.<br />
Em seguida dirigimo-nos para a Sala<br />
Dunoyer de Segonzac para a actuação<br />
da Tuna. Esta interpretou os temas:<br />
"Adeus, ò Vila de Fornos"; "Traçadinho";<br />
"O segre<strong>do</strong>", "Romagem à lapa", "Estudantina<br />
Portuguesa", "À meia-noite ao<br />
luar" e "Madalena". É de referir que<br />
alguns destes temas são originais da<br />
Tuna Real Torga e outros denotam a<br />
preocupação que a Tuna teve em recuperar<br />
músicas de outros tempos. A sala<br />
aplaudiu sempre e deu mostras de grande<br />
contentamento pelo espectáculo<br />
apresenta<strong>do</strong>.<br />
O Presidente da Associação de Estudantes<br />
foi convida<strong>do</strong> a discursar. O<br />
Bruno referiu o orgulho que to<strong>do</strong>s temos<br />
torga 63
AE<br />
em envergar a capa negra de estudantes<br />
e em dar a conhecer um pouco<br />
de Coimbra, um pouco mais de<br />
Portugal. Agradeceu o convite, falou<br />
<strong>do</strong> sonho da constituição desta tuna<br />
que temos vin<strong>do</strong> a acompanhar, a ver<br />
crescer e amadurecer e a ganhar uma<br />
grande qualidade. Felicitou as pessoas<br />
que tornaram isso possível e deu<br />
triplamente os parabéns à tuna: pela<br />
qualidade, por esta primeira internacionalização<br />
e porque está quase a<br />
fazer um ano de vida.<br />
O que o Bruno, o que eu, o que to<strong>do</strong>s<br />
desejamos é que este sonho nunca<br />
acabe.<br />
Em seguida actuaram o Grupo de<br />
Fa<strong>do</strong>s "Saudade Coimbrã" da Associação<br />
de Fa<strong>do</strong>s de Coimbra. O último<br />
fa<strong>do</strong>, sobejamente conheci<strong>do</strong> "Coimbra<br />
tem mais encanto na hora da despedida"uniu<br />
em palco o grupo acima<br />
referi<strong>do</strong> e a Tuna. Foi um momento<br />
deveras arrepiante e comovente.<br />
No dia três de Abril houve novas actuações<br />
da Tuna e <strong>do</strong> grupo de Fa<strong>do</strong>s,<br />
para uma sala ainda mais cheia que no<br />
dia anterior e que aplaudiu incessantemente<br />
o talento demonstra<strong>do</strong> por<br />
estes <strong>do</strong>is grupos de cantores "desta<br />
terra Lusitana".<br />
Entre a comunidade e o nosso grupo<br />
houve muita comunicação, falou-se <strong>do</strong><br />
64 torga<br />
esta<strong>do</strong> de Portugal, falou-se de<br />
Viroflay e toda a comunidade mostrou<br />
grande interesse em perceber a<br />
tradição académica: o porquê <strong>do</strong> uso<br />
<strong>do</strong> traje, qual o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s símbolos<br />
na capa, como se fazem as praxes,<br />
para que serve a colher, a moca e a<br />
tesoura, quais são os costumes nas<br />
serenatas….<br />
A viagem deu-nos também a possibilidade<br />
de ver um bocadinho de Paris e<br />
daquela região Francesa: visita a paris.<br />
Foi um pouco cansativo mas o grupo<br />
mostrou ser forte e uni<strong>do</strong>, a diversão<br />
foi constante e tive muito orgulho<br />
em estar com eles nesta aventura!<br />
A Sr.ª Helena Neves, presidente da<br />
Amicale Culturelle franco-portugaise<br />
intercommunale de Viroflay, que já representa<br />
a comunidade portuguesa há<br />
18 anos, disse-me estar muito contente<br />
com a actuação da tuna, referiu<br />
que to<strong>do</strong>s tinham fica<strong>do</strong> muito satisfeitos<br />
e que lhes trouxemos "saudades<br />
de Portugal".<br />
Por último achei pertinente fazer uma<br />
curta entrevista ao Ricar<strong>do</strong> Santos<br />
Silva, como representante da Tuna:<br />
O que significou para ti esta viagem?<br />
Foi muito enriquece<strong>do</strong>r. Houve coisas<br />
que foram sentidas hoje e que<br />
nunca o tinham si<strong>do</strong>. Até os caloiros<br />
ficaram comovi<strong>do</strong>s. Sentimos que<br />
fomos aprecia<strong>do</strong>s e isso dá-nos força<br />
para continuar o projecto.<br />
Como descreves a Tuna Real Torga<br />
neste momento?<br />
È um recém-nasci<strong>do</strong> frágil, no entanto,<br />
é um ser Humano puro, porque<br />
acredita num sentimento muito bonito<br />
que é o amor por Coimbra.<br />
Quais são as suas grandes dificuldades?<br />
Neste momento a Tuna atingiu o<br />
pico, não pode fazer nada de melhor.<br />
São necessárias aulas. As pessoas<br />
que fazem música fazem-no de uma<br />
forma intuitiva, autodidacta, mas são<br />
necessárias aulas de guitarra e viola<br />
para que se possa progredir.<br />
O publico "francês" aderiu muito<br />
bem, para a Tuna isso é obviamente<br />
motivo de orgulho, no fun<strong>do</strong> o feedback<br />
da realização <strong>do</strong> sonho, não é<br />
assim?<br />
A tuna superou as expectativas.<br />
Mostramos segurança em palco e isso<br />
alastrou-se a quem não a tinha. Há<br />
sede de palco, mas há quem não<br />
tenha o à vontade… De qualquer<br />
forma o bicho da música está no interior<br />
e quan<strong>do</strong> estamos no palco em<br />
contacto com as pessoas ganhamos<br />
ainda mais força. Os membros da<br />
Tuna têm a força de alterar as coisas<br />
negativas. Estou muito orgulhoso!<br />
Como elemento da Tuna Real Torga<br />
e <strong>do</strong> Grupo de Fa<strong>do</strong>s "Saudade<br />
Coimbrã", achas que a ligação criada<br />
com estas actuações poderá de algum<br />
mo<strong>do</strong> ser frutífera?<br />
Em relação a isso só posso dizer que<br />
os meus colegas <strong>do</strong> Grupo de Fa<strong>do</strong>s<br />
a<strong>do</strong>raram este trabalho com a Tuna.<br />
Neste momento o que é que pedirias<br />
para a Tuna? Já referiste as aulas….<br />
Pediria um reconhecimento mais<br />
efectivo por parte da direcção <strong>do</strong><br />
Instituto.
A Tuna já recomeçou as suas actuações<br />
em Portugal e no dia 16 de Abril<br />
actuou em Soure na Noite de Fa<strong>do</strong>s,<br />
aceitan<strong>do</strong> o convite da Carla Madeira,<br />
membro da Associação Cultural de<br />
Pouca Pena (Soure).<br />
Já se encontra marca<strong>do</strong> também um<br />
outro espectáculo a realizar em<br />
Condeixa no dia 23 de Abril.<br />
Bruno Manuel Dionísio Cordeiro<br />
4º Ano de Serviço Social<br />
Gisa Barata<br />
PERGUNTAS AO NOVO<br />
PRESIDENTE DA AEISMT<br />
1 - Porque se Candidatou?<br />
Os motivos que me levaram a candidatar<br />
foram vários.<br />
Em primeiro lugar, porque me consegui<br />
rodear de um grupo de alunos<br />
motiva<strong>do</strong>s, criativos, interessa<strong>do</strong>s e<br />
acima de tu<strong>do</strong> com muita vontade de<br />
trabalhar.<br />
Em segun<strong>do</strong> lugar, porque já fazia<br />
parte da AEISMT desde o meu primeiro<br />
ano e senti que estava prepara<strong>do</strong><br />
para dar este passo de uma forma<br />
consciente e responsável.<br />
Em terceiro lugar, porque vivo os problemas<br />
<strong>do</strong>s meus colegas de uma<br />
forma muito intensa e por partilhar um<br />
pouco o espírito <strong>do</strong>s Escuteiros, que<br />
consiste em: "Deixar as coisas um<br />
pouco melhor <strong>do</strong> que as encontrei."<br />
Por fim também pelas minhas características<br />
pessoais que se baseiam na<br />
honestidade, responsabilidade, exigência,<br />
calma, senti<strong>do</strong> de humor e<br />
acima de tu<strong>do</strong> muita determinação.<br />
2 - Quais são as promessas que quer<br />
cumprir?<br />
Todas. Quem me conhece sabe que eu<br />
não sou pessoa de prometer e depois<br />
não cumprir. Na nossa candidatura<br />
elaboramos um conjunto de actividades,<br />
propostas e medidas, que<br />
resultaram de contactos feitos previamente,<br />
de forma a criarmos um plano<br />
cujos objectivos são:<br />
Dotar a Associação de um horário de<br />
funcionamento, especialmente para<br />
abarcar com as necessidades <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res<br />
Estudantes;<br />
Apoio aos projectos realiza<strong>do</strong>s pelos<br />
Alunos, através de apoio a nível <strong>do</strong>s<br />
recursos humanos, logísticos e/ou<br />
material;<br />
Dinamização da Associação de Estudantes,<br />
promoven<strong>do</strong> a criação de uma<br />
sala de Internet e de uma sala de estu<strong>do</strong><br />
nesse espaço;<br />
Criação de uma página on-line -<br />
www.aeismt, para que os alunos nos<br />
possam contactar e visitar sempre que<br />
quiserem e onde estiverem;<br />
Organização da I Noite de Gala Miguel<br />
Torga;<br />
Fundação de uma Associação de<br />
Antigos Alunos <strong>do</strong> ISMT;<br />
Para desenvolver estes projectos contamos<br />
com a colaboração de to<strong>do</strong>s os<br />
alunos <strong>do</strong> ISMT, já que o nosso principal<br />
principio é que a Associação é de<br />
to<strong>do</strong>s e para to<strong>do</strong>s.<br />
3 - Quais as actividades que os<br />
alunos mais procuram hoje na<br />
AEISMT?<br />
As actividades que os alunos mais<br />
procuram hoje na Associação, são essencialmente<br />
o uso das nossas instalações,<br />
para a realização de trabalhos,<br />
consulta da Internet, estu<strong>do</strong>, reuniões,<br />
obter informações, inscrição nos seminários<br />
que a Associação organiza/<br />
apoia.<br />
Procuram igualmente a AE para pedirem<br />
ajuda para os seus trabalhos e<br />
para fazerem sugestões e reclamações.<br />
4 - Como vê o seu futuro profissional?<br />
Eu tenho uma opinião que pode não<br />
ser consensual, mas é a que eu defen<strong>do</strong>.<br />
Um bom profissional que trabalha<br />
com gosto, que tem criatividade, que<br />
se entrega de corpo e alma ao que faz<br />
pode encarar o futuro profissional de<br />
uma forma risonha.<br />
No entanto não posso deixar de ver<br />
que a situação económica <strong>do</strong> país não<br />
está fácil, mas também tenho a certeza<br />
de que melhores tempos virão.<br />
5 - Mensagem para os Alunos que<br />
virão a entrar no ano 2005/2006?<br />
A to<strong>do</strong>s os alunos que entrarem no<br />
ano próximo ano lectivo desejo em<br />
primeiro lugar os parabéns por terem<br />
ingressa<strong>do</strong> no Ensino Superior e em<br />
especial por terem escolhi<strong>do</strong> o<br />
Instituto Superior Miguel Torga.<br />
Ao terem escolhi<strong>do</strong> este Instituto e<br />
esta cidade irão ter a oportunidade de<br />
ter uma vida social e académica inesquecível.<br />
Em meu nome pessoal enquanto<br />
Presidente da Direcção da AEISMT<br />
quero garantir-lhes que faremos tu<strong>do</strong> o<br />
que estiver ao nosso alcance para os<br />
ajudar naquilo que precisarem, para<br />
defender e reivindicar os seus direitos<br />
e acima de tu<strong>do</strong> para facilitar a sua<br />
inserção nesta grande família que é o<br />
ISMT e que é Coimbra.<br />
torga 65<br />
AE
Viagem<br />
VIAGENS DESCUBRA VOCÊ MESMO<br />
A estrada serpenteia por entre campos<br />
semea<strong>do</strong>s ou em pousio, por vinhas,<br />
olivais, campos enquadra<strong>do</strong>s por muros<br />
de pedras, quais casinhas de<br />
bonecas da minha infância.<br />
Sente-se o cheiro da terra, das ervas,<br />
o som <strong>do</strong>s grilos em tarde de Verão.<br />
Pequenos grupos de cabras espalham-se<br />
por estes pra<strong>do</strong>s, vigia<strong>do</strong>s<br />
apenas pelo velho Constantino guarda<strong>do</strong>r<br />
de sonhos (e das cabras). Ele<br />
próprio fará o queijo com o leite ordenha<strong>do</strong><br />
pela manhã ce<strong>do</strong>. Ele próprio o<br />
dará a vender a gente como eu que o<br />
procura com apetite guloso. O queijo<br />
come-se fresco ou cura<strong>do</strong> e é difícil<br />
não gostar <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is.<br />
O meu espírito andarilho faz-me<br />
subir ao alto da serra, onde me deixo<br />
inebriar pela vertigem da distância. O<br />
vale é uma paleta de cores, verde escuro,<br />
verde seco, amarelos <strong>do</strong>s malmequeres<br />
<strong>do</strong> campo, roxo da alfazema,<br />
branco das camomilas. O vento<br />
traz os sons <strong>do</strong>s arbustos, pequenos<br />
mas resistentes às destemperadas<br />
noites da serra. O milhafre faz um voo<br />
rasante numa das encostas e eu deixo-me<br />
levar nas suas asas.<br />
66 torga<br />
Ao fun<strong>do</strong>, em dias claros de sol e<br />
céu, pressente-se o mar, mas desde o<br />
Olimpo em que me encontro até à<br />
linha <strong>do</strong> horizonte, os montes e os vales<br />
enleiam-se num <strong>do</strong>ce abraço.<br />
Gira o velame de um moinho perdi<strong>do</strong><br />
entre o nada, não se importan<strong>do</strong><br />
com a presença <strong>do</strong>s olhos curiosos<br />
das crianças da cidade. Como se faz a<br />
farinha? Como se chamam as pedras<br />
re<strong>do</strong>ndas que esmagam o milho? -<br />
indagam os seres pequeninos.<br />
O moleiro responde a to<strong>do</strong>s com peculiar<br />
bondade na voz. Já pouco espera<br />
da vida, e ela sempre lhe deu tanto.<br />
Mesmo quan<strong>do</strong> carregava o Jerico<br />
com os sacos <strong>do</strong> milho, e debaixo das<br />
estrelas da noite, subia a serra para<br />
aproveitar o despertar <strong>do</strong> vento. Mesmo<br />
assim, acreditava na vida. Hoje,<br />
tem para si a leveza <strong>do</strong>s dias e não<br />
sente a passagem <strong>do</strong> tempo. Hoje, o<br />
tempo parou, algures.<br />
Indicações:<br />
1 - acesso a partir de Coimbra pela<br />
EN 1, direcção Condeixa-a-Nova<br />
2 - em Condeixa, seguir a indicação<br />
de Penela EN 347<br />
3 - a meio <strong>do</strong> percurso entre Condeixa<br />
e Penela cortar à direita na indicação<br />
de Rabaçal.<br />
4 - no centro da aldeia seguir indicação<br />
da Serra de S. Janeanes
BERTOLT BRECHT (1898-1956)<br />
Nasceu em Augsburg, Alemanha e<br />
licenciou-se em Medicina em 1917.<br />
Ce<strong>do</strong> conheceu o gosto pelo teatro.<br />
Começou a escrever os seus textos<br />
(poesia, peças de teatro) manifestan<strong>do</strong><br />
a sua rebeldia contra os padrões<br />
da arte e da vida burguesa corroídas<br />
pela Primeira Guerra Mundial.<br />
Obras mais marcantes:<br />
1928 - "Ópera <strong>do</strong>s Três Vinténs"<br />
1939 - "Mãe Coragem e Seus Filhos"<br />
1947 - Suma Teatral "Pequeno Organon"<br />
QUANDO VIERAM<br />
BERTOLT BRECHT<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra os negros,<br />
eu não era negro e não fiz nada.<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra os homossexuais,<br />
eu não era homossexual e não fiz nada.<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra as mulheres,<br />
eu não era mulher e não fiz nada.<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra os desdenta<strong>do</strong>s,<br />
eu não era desdenta<strong>do</strong> e não fiz nada.<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra os analfabetos,<br />
eu não era analfabeto e não fiz nada.<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra os pobres,<br />
eu não era pobre e não fiz nada.<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra os cegos,<br />
eu não era cego e não fiz nada.<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra os aleija<strong>do</strong>s,<br />
eu não era aleija<strong>do</strong> e não fiz nada.<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra os outros,<br />
o assunto não me dizia respeito e não<br />
fiz nada.<br />
Quan<strong>do</strong> vieram contra mim,<br />
ninguém me defendeu.<br />
Página Literária<br />
ESTA TARDE, UM NADA<br />
PASSA NO AR<br />
RAINER MARIA RILKE<br />
Esta tarde, um nada passa no ar<br />
que me faz baixar a cabeça;<br />
quereríamos rezar pelos prisioneiros,<br />
pela sua vida suspensa.<br />
E ficamos a cismar nas vidas que não<br />
atam, nem desatam...<br />
Na vida que não se inclina para a<br />
morte,<br />
e de onde o futuro se ausentou;<br />
em que é preciso ser inutilmente forte,<br />
e triste, inutilmente.<br />
Em que to<strong>do</strong>s os dias são espezinha<strong>do</strong>s<br />
no mesmo lugar,<br />
em que todas as noites descem ao<br />
abismo,<br />
em que a consciência da cena fulgor<br />
da infância<br />
tão profundamente se distancia<br />
que o nosso coração apaga<strong>do</strong> não pode<br />
conceber uma criança.<br />
Não é que a vida seja hostil;<br />
É que se lhe mente -<br />
Isola<strong>do</strong>s no bloco de um destino imóvel.<br />
torga 67
Agenda<br />
AVEIRO<br />
Exposição "Os Genes e a Alimentação"<br />
Fábrica de Ciência Viva<br />
Até 31 de Julho<br />
BRAGA<br />
FISICUM 2005<br />
Ano Internacional da Física - 2005<br />
Até 31 de Dezembro<br />
Universidade <strong>do</strong> Minho<br />
4ª Conferência Internacional Sobre<br />
História da Contabilidade<br />
Escola de Economia e Gestão<br />
Universidade <strong>do</strong> Minho<br />
7 a 9 de Setembro<br />
II Curso de Verão <strong>do</strong> NIPE-Dynamic<br />
Panel Data Analysis<br />
Escola de Economia e Gestão<br />
Universidade o Minho<br />
30 de Junho a 1 de Julho<br />
II Seminário Internacional de Educação<br />
Física, Lazer e Saúde: novos<br />
modelos de análise e intervenção<br />
U.M.-Inst. de Estu<strong>do</strong>s da Criança<br />
1 de Junho a 3 de Julho<br />
COIMBRA<br />
XVIII FORUM INTERNACIONAL DE<br />
NEGÓCIOS<br />
De 6 a 9 de Julho<br />
Temáticas:<br />
1-A gestão <strong>do</strong> conhecimento e as redes<br />
de cooperação tecnológica<br />
2-A gestão de áreas metropolitanas<br />
COLECÇÃO LOUZÃ HENRIQUES<br />
Galeria <strong>do</strong> Turismo<br />
até 30 de Setembro<br />
PASSEAR NA HISTÓRIA<br />
Percursos direcciona<strong>do</strong>s à comunidade<br />
escolar<br />
68 torga<br />
Terças e quintas feiras de 4 de Janeiro<br />
a 30 de Junho e de 1 de Setembro a<br />
20 de Dezembro<br />
PASSEIOS DE COIMBRA NAS FRE-<br />
GUESIAS<br />
De Janeiro a Dezembro no 4º Domingo<br />
de cada mês<br />
EXPOSIÇÃO ITENERANTE DE PIN-<br />
TURA DE ANA ROSMANINHO<br />
Integrada nas comemorações <strong>do</strong> ano<br />
de Bocage<br />
Apresentação em Outubro<br />
FARO<br />
"CAMINHOS DO ALGARVE ROM-<br />
ANO"<br />
Exposição permanente<br />
Museu Municipal de Faro<br />
"ESPELHO DA IDENTIDADE CULTU-<br />
RAL: USOS E COSTUMES"<br />
Exposição permanente<br />
Museu Regional <strong>do</strong> Algarve<br />
LISBOA<br />
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBEN-<br />
KIAN<br />
Energia e Ambiente num Mun<strong>do</strong> com<br />
Muita Gente (Manuel Collares Pereira -<br />
INETI)<br />
14 de Setembro<br />
Histórias da Luz e da matéria (Ana<br />
Maria Eiró-UNL)<br />
Exposição Bibliográfica Documental<br />
"Antero de Quental"<br />
Palácio <strong>do</strong>s Coruchéus<br />
Até 31 de Dezembro<br />
Exposição "Voa Portugal 1945/2005.<br />
60 Anos na Rota <strong>do</strong> Futuro"<br />
Museu da Cidade<br />
Até 8 de Agosto<br />
Exposição Permanente "Século XX<br />
Português: Os Caminhos da Democracia<br />
João Soares / Mário Soares<br />
Casa-Museu João Soares<br />
VI Simpósio de Comportamento<br />
Organizacional<br />
Faculdade de Psic.Ciênc. Educação<br />
Universidade de Lisboa<br />
28,29 e 30 de Setembro<br />
PORTO<br />
FUNDAÇÃO DE SERRALVES<br />
Exposição "Far Cry"<br />
Até 10 de Julho<br />
Exposição de Gregor Schneider<br />
Até 10 de Julho<br />
SANTARÉM<br />
Biblioteca Municipal Braamcamp<br />
Freire<br />
Actividades:<br />
Escritor na Biblioteca<br />
A Minha Vida Dava Um Livro<br />
Poesia na Biblioteca<br />
Todas as quintas- feiras<br />
VIANA DO CASTELO<br />
Expo/Ferira <strong>do</strong> Livro e da Lusofonia<br />
de V. Castelo<br />
9 a 24 de Julho<br />
Festival de Jazz na Praça da Erva<br />
26 a 30 de Julho<br />
Festival Internacional de Música<br />
Clássica<br />
2 a 13 de Agosto