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Nota do Director - Sapo

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A TORGA está aí!<br />

<strong>Nota</strong> <strong>do</strong> <strong>Director</strong><br />

Após alguns meses de interregno, surge uma nova revista que se pretende inova<strong>do</strong>ra e<br />

atraente, sem que todavia tenha havi<strong>do</strong> uma ruptura com o que de melhor vinha de trás.<br />

Ela é produto de uma profunda mudança a diversos níveis: imagem, estrutura organizacional<br />

e conteú<strong>do</strong>s.<br />

Seria espúrio enunciar detalhadamente o que mu<strong>do</strong>u no BI, visto que o leitor cotejan<strong>do</strong> este<br />

com publicações anteriores, rapidamente se aperceberá da metamorfose operada.<br />

Devo acrescentar que toda a equipa se sente orgulhosa desta edição. Foi com esforço e<br />

perseverança que alcançámos os objectivos inicialmente giza<strong>do</strong>s.<br />

Qual é então agora o caminho a trilhar?<br />

Penso que só pode ser o de uma cada vez maior exigência quanto ao formato, interesse e<br />

rigor da informação.<br />

A exigência partirá sempre <strong>do</strong> núcleo da TORGA, mas deve igualmente ser um ponto de<br />

honra para os seus muitos colabora<strong>do</strong>res. De facto, foi gratificante constatar que tanto os<br />

professores, como os alunos <strong>do</strong> ISMT, colaboraram afincadamente neste número. O<br />

envolvimento pleno <strong>do</strong>s protagonistas maiores desta instituição significa que este projecto<br />

é hoje de to<strong>do</strong>s nós.<br />

Mas é imperioso que o rigor económico acompanhe as características meritórias da nossa<br />

revista. Julgo por isso, que "Há vida para além <strong>do</strong> défice", para parafrasear Jorge Sampaio,<br />

pese embora utilize a afirmação em senti<strong>do</strong> inverso: a TORGA deverá, de um mo<strong>do</strong> gradual,<br />

autonomizar-se financeiramente e assim, deixar de ser apenas uma fonte de despesa,<br />

para passar a constituir uma actividade lucrativa. Pugnar pela autonomia financeira é lutar<br />

pela sobrevivência dura<strong>do</strong>ura da TORGA e em simultâneo, impormo-nos patamares de<br />

qualidade que atrairão os patrocina<strong>do</strong>res.<br />

Este será pois o próximo desígnio da Direcção da TORGA.<br />

Há muito que quem administra e representa ao mais alto nível o ISMT defende que as<br />

unidades estratégicas de negócio de uma instituição académica, pública ou privada, têm<br />

que, em quaisquer circunstâncias, captar receitas que excedam os seus custos, porque<br />

esta é a única forma de, a longo prazo, garantir uma crescente qualidade de ensino e um<br />

melhor serviço presta<strong>do</strong> à nossa comunidade.<br />

É pois também esta a nossa estratégia.<br />

O grande destaque da TORGA é a entrevista à Dr.ª Maria José Nogueira Pinto, que, pela<br />

sua extensão, relevância e temáticas distintas abordadas, foi dividida em quatro partes. As<br />

restantes três sairão em números posteriores.<br />

Em consonância com o que atrás foi escrito, a ex-prove<strong>do</strong>ra da SCML demonstra que é<br />

perfeitamente compatível conjugar fins sociais com excedentes financeiros e ir, concomitantemente,<br />

alargan<strong>do</strong> o raio de intervenção na comunidade.<br />

O tema <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> número da TORGA girará em torno <strong>do</strong>s jovens com sucesso nas mais<br />

variadas áreas e profissões. Quero apelar então a to<strong>do</strong>s os nossos leitores que enviem sugestões<br />

ao cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> Dr. Fernan<strong>do</strong> Teófilo: info@ismt.pt<br />

Por fim, é justo enaltecer a Direcção <strong>do</strong> ISMT pelo apoio inequívoco que senti desde que<br />

tomei posse.<br />

Henrique Amaral Dias<br />

torga 1


Editorial<br />

FICHA TÉCNICA<br />

<strong>Director</strong><br />

Henrique Amaral Dias<br />

Edição<br />

Fernan<strong>do</strong> Teófilo<br />

Redacção<br />

Andrea Marques<br />

Coordenação de Informação<br />

Ana Cristina Abreu<br />

Design e Composição<br />

id3a<br />

Impressão<br />

FIG - Fotocomp. e Ind. Gráficas<br />

Tiragem<br />

3000 exemplares<br />

Propriedade<br />

Instituto Superior Miguel Torga<br />

Coimbra<br />

As opiniões expressas nos artigos<br />

publica<strong>do</strong>s nesta revista são da<br />

inteira responsabilidade <strong>do</strong>s seus<br />

autores.<br />

Foi com dupla satisfação que aceitei o convite <strong>do</strong> Dr. Henrique Amaral Dias, para integrar<br />

a equipa <strong>do</strong> Boletim Informativo <strong>do</strong> Instituto Superior Miguel Torga. Em primeiro lugar<br />

porque este convite se inseriu num contexto de grande renovação <strong>do</strong> Boletim e em segun<strong>do</strong><br />

lugar porque esta é também uma forma de complementar o esforço de comunicação <strong>do</strong><br />

ISMT. Hoje, posso ainda acrescentar uma terceira satisfação: a de poder trabalhar com um<br />

grupo de pessoas que primam pela qualidade <strong>do</strong> seu trabalho, pela dedicação à instituição<br />

e pela disponibilidade permanente.<br />

35 será o número que fixará na história <strong>do</strong> Boletim Informativo <strong>do</strong> ISMT o momento de<br />

grande revolução: tornar o nosso instrumento de informação interna numa revista cada vez<br />

melhor em qualidade e maior em audiência. Queremos ultrapassar os nossos muros e ir ao<br />

encontro da comunidade em que nos inserimos. Queremos ser um espelho da nossa qualidade,<br />

mas igualmente um olhar atento sobre o mun<strong>do</strong> que nos interpela. Para o conseguirmos<br />

partimos de <strong>do</strong>is vectores: a renovação gráfica e a reestruturação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s.<br />

Estamos orgulhosos <strong>do</strong> novo grafismo, que nos coloca, neste campo, ao nível <strong>do</strong> mais<br />

profissional que podemos encontrar nas bancas, e <strong>do</strong> impacto provoca<strong>do</strong> pela nova estrutura<br />

de conteú<strong>do</strong>s. Consequência da nossa decisão em escolhermos para cada edição um<br />

tema principal, trata<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> várias perspectivas, a nova revista conseguiu movimentar<br />

muitos professores e alunos, como provam os artigos “Ser Solidário”. Mas queremos ainda<br />

maior e melhor participação. Esta revista está aberta a to<strong>do</strong>s os textos de qualidade. Façanos<br />

chegar as vossas propostas.<br />

Não posso terminar estas palavras sem deixar uma nota de elogio, sem rodeios, ao Prof.<br />

Dr. Carlos Amaral Dias, pelo esforço que a sua Direcção desenvolveu e que tornou possível<br />

este o novo patamar de qualidade, mas também pela visão estratégica que possui e que<br />

tem vin<strong>do</strong> a transformar o Instituto Superior Miguel Torga numa das instituições de ensino<br />

superior melhor preparada para os novos desafios deste sector.<br />

Capa: R. Magritte “Hegel’s Holiday”<br />

01<br />

02<br />

05<br />

06<br />

11<br />

<strong>Nota</strong> <strong>do</strong> <strong>Director</strong><br />

Henrique Amaral Dias<br />

Editorial<br />

Fernan<strong>do</strong> Teófilo<br />

Aconteceu<br />

Fotojornalismo e Cartonismo<br />

25 de Abril<br />

A Revolução <strong>do</strong>s Cravos e os Media<br />

Carlos Amaral Dias<br />

Scripta Varia - Exposição Bibliográfica<br />

Fernan<strong>do</strong> Teófilo


38 14 35<br />

Maria José Nogueira Pinto<br />

Grande Entrevista<br />

16<br />

17<br />

18<br />

19<br />

21<br />

Sem Esquecer a Cidadania<br />

Jacqueline Marques<br />

Reflectir a Solidariedade<br />

Rosa da Primavera<br />

Estava um dia Soalheiro<br />

Ana Galhar<strong>do</strong><br />

Altruísmo Informático?<br />

Joana Urbano<br />

Oportunismo ou Oportunidade<br />

Artur Carvalho<br />

Ser Solidário<br />

Tema de Capa<br />

22<br />

24<br />

30<br />

52<br />

61<br />

Solidariedade na Internet<br />

Francisco Amaral<br />

Sumário<br />

Redes Sociais e Actidade Economica<br />

Henrique Amaral Dias<br />

Reportagem<br />

Andrea Marques<br />

História Breve da União Europeia<br />

Victorino Vieira Dias<br />

AE - ISMT<br />

Notícias Reportagem Entrevista<br />

Desenhos Famosos<br />

Solidariedade


Aconteceu<br />

NOTÍCIAS DO ISMT<br />

Página <strong>do</strong> Gabinete de Relações<br />

Internacionais no site <strong>do</strong> ISMT<br />

O Gabinete de Relações Internacionais<br />

<strong>do</strong> I.S.M.T. tem uma página<br />

online que pode ser consultada no endereço:<br />

http://gri.ismt.pt. A página<br />

contém informações pertinentes sobre<br />

cooperação, intercâmbio e mobilidade<br />

de alunos, <strong>do</strong>centes e investiga<strong>do</strong>res<br />

com instituições académicas internacionais,<br />

bem como notícias, sobretu<strong>do</strong><br />

de novas iniciativas no âmbito<br />

das relações académico-científicas<br />

internacionais.<br />

Bolsas de Estu<strong>do</strong> 2006 para estrangeiros<br />

<strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> México<br />

O Governo <strong>do</strong> México, através <strong>do</strong><br />

Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros,<br />

abriu no passa<strong>do</strong> dia 10 de Janeiro a<br />

Convocatória de Bolsas de Estu<strong>do</strong><br />

2006 para estrangeiros, que inclui cursos<br />

de pós-graduação, investigação<br />

e outros programas de estu<strong>do</strong>, no<br />

âmbito <strong>do</strong> Programa de Cooperação<br />

Educacional, Cultural e Científica entre<br />

o México e Portugal para 2002-2004.<br />

As candidaturas deverão ser apresentadas<br />

no Instituto Camões <strong>do</strong><br />

Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros.<br />

Informações relativas às universidades<br />

e programas de estu<strong>do</strong> encontram-se<br />

à disposição <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s<br />

nesta Embaixada, no site:<br />

http://becas.sre.gob.mx, bem como<br />

4 torga<br />

na pagina web: www.sre.gob.mx/portugal/,<br />

nesta última na secção "Convocatórias".<br />

Contacto <strong>do</strong> Instituto Camões:<br />

Instituto Camões - Divisão de Intercâmbio<br />

e Programas de Apoio.<br />

Rua Rodrigues Sampaio,113.<br />

1150-279 LISBOA.<br />

Tel: 351-21 310 9100<br />

Fax: 351-21 310 9101.<br />

Correio electrónico: dipa@institutocamoes.pt<br />

Alunos <strong>do</strong> ISMT na PUC (Brasil)<br />

No passa<strong>do</strong> dia 18 de Fevereiro, <strong>do</strong>is<br />

alunos <strong>do</strong> 3º ano da Licenciatura em<br />

Informática de Gestão - Filipe Sá e<br />

João Venda - partiram para o Rio de<br />

Janeiro, Brasil, onde vão frequentar o<br />

2º semestre na prestigiada Pontifícia<br />

Universidade Católica (PUC).<br />

Bolsas de estágio na UNESCO<br />

A UNESCO está a promover Bolsas de<br />

Estágio individuais, que decorrem em<br />

contexto institucional com uma duração<br />

de 1 e 4 meses, para estudantes<br />

de diversas áreas científicas e investiga<strong>do</strong>res.<br />

Dependen<strong>do</strong> das qualificações<br />

<strong>do</strong> estagiário, este poderá<br />

desempenhar funções relacionadas<br />

com as actividades estratégicas da<br />

Organização ou funções administrativas<br />

ou técnicas.<br />

Esta iniciativa tem como objectivo<br />

potenciar o desenvolvimento da experiência<br />

de trabalho numa organização<br />

internacional, que se relacione com a<br />

área de formação <strong>do</strong> estagiário e seja<br />

simultaneamente um suplemento aos<br />

estu<strong>do</strong>s. O referi<strong>do</strong> estágio possibilita,<br />

ainda, uma oportunidade de trabalhar<br />

no ambiente multicultural de uma organização<br />

intergovernamental.<br />

Para mais informações pode consultar<br />

o portal da UNESCO:<br />

http://portal.unesco.org.<br />

Dra. Sónia Simões


FOTOJORNALISMO E CARTOONISMO:<br />

QUE FUTURO?<br />

O Instituto Superior Miguel Torga<br />

(ISMT) organizou o I Encontro de<br />

Comunicação e Criatividade, na Casa<br />

Municipal da Cultura, no passa<strong>do</strong> dia<br />

6 de Abril. Em debate estiveram os<br />

temas: o Fotojornalismo, o Cartoonismo<br />

e a Publicidade, como elementos<br />

criativos influentes na comunicação. O<br />

evento reuniu nomes como Carlos<br />

Amaral Dias, director <strong>do</strong> ISMT, a dupla<br />

de cartoonistas António e Cid e o fotojornalista<br />

Manuel Correia. A moderação<br />

esteve a cargo de Carlos Magno.<br />

Durante a tarde, foram apresenta<strong>do</strong>s<br />

78 anúncios publicitários, no âmbito<br />

<strong>do</strong> Festival Internacional da Publicidade<br />

"Publi…For<strong>do</strong>c 2005".<br />

O encontro teve início,<br />

da melhor forma<br />

possível, com o discurso<br />

<strong>do</strong> Prof. Drº<br />

Carlos Amaral Dias,<br />

que centran<strong>do</strong>-se<br />

no tema deste Encontro<br />

começou por<br />

afirmar que "A verdadeira<br />

criatividade<br />

não está em aceitar<br />

ideias novas mas<br />

sim em escapar de<br />

ideias antigas".<br />

Acrescentou ainda,<br />

que "A boa comunicação<br />

gera dúvidas<br />

e cria sempre um<br />

mal-entendi<strong>do</strong>". Quase no fim <strong>do</strong> seu<br />

discurso, fez um apelo aos jovens para<br />

não se sentirem normopatas e serem<br />

criativos em tu<strong>do</strong> que fazem.<br />

Logo após uma pequena pausa, o<br />

debate regressou com Manuel Correia,<br />

fotojornalista e <strong>do</strong>cente no ISMT, que<br />

iniciou o seu discurso dizen<strong>do</strong> que<br />

"Não sou um homem da palavra mas<br />

um homem da imagem". Fez alusão<br />

de que o ISMT é a única instituição em<br />

Coimbra que tem a cadeira de fotojornalismo,<br />

dan<strong>do</strong> ênfase à importância<br />

da mesma dizen<strong>do</strong> que o fotojornalismo<br />

tem a função de informar a partir<br />

de fotografias.<br />

Para o fotojornalismo crescer em<br />

Portugal, Manuel Correia, afirmou que<br />

se deve insistir na formação académica,<br />

ou seja, que as licenciaturas<br />

devem ser mais prestigiadas e mais<br />

reconhecidas nesta área, que os jornais<br />

sofrem uma expansão se houver<br />

um fotojornalista e, por fim, que o<br />

Esta<strong>do</strong> deve investir mais nesta área,<br />

até porque, citan<strong>do</strong> John Robert, fotojornalista,<br />

"Um olhar de um fotojornalista,<br />

nunca é um olhar perdi<strong>do</strong>".<br />

Terminou o seu discurso aconselhan<strong>do</strong><br />

os futuros fotojornalistas "Agarrem as<br />

oportunidades que vos oferecem com<br />

garra pois não há lugar para to<strong>do</strong>s mas<br />

há para alguns, os melhores!".<br />

Carlos Magno, modera<strong>do</strong>r deste Encontro,<br />

não escondeu a sua emoção e<br />

Aconteceu<br />

Da esquerda para a direita: Augusto Cid, Manuel Correia, Carlos Magno e António<br />

admiração ao apresentar António e<br />

Cid, os cartoonistas convida<strong>do</strong>s. Afirman<strong>do</strong><br />

mesmo "Compro o Expresso<br />

para ver o cartoon <strong>do</strong> António" e ainda<br />

relembrou quan<strong>do</strong> Cid retratava Pinto<br />

Balsemão sem olhos.<br />

António e Cid, foram os grandes retratistas<br />

<strong>do</strong>s últimos sete meses e fizeram<br />

um filme em livro "O Fenómeno",<br />

que é uma crítica ao "reina<strong>do</strong>" de<br />

Santana Lopes.<br />

Cid, não demonstrou grandes expectativas<br />

em relação ao futuro de novos<br />

cartoonistas até porque "O risco<br />

<strong>do</strong> cartoonista é o da sobrevivência,<br />

tem que se ter outra profissão!" e firmou<br />

também que a televisão deveria<br />

fazer mais alusão a esta área.<br />

António concor<strong>do</strong>u com Cid: "Há<br />

espaço e bons novos cartoonistas,<br />

não há é investimento por parte <strong>do</strong>s<br />

jornais" e ainda "Jovens com talento<br />

vão ser confronta<strong>do</strong>s com constrangimentos<br />

organizacionais".<br />

Na sua opinião, um cartoon editorial<br />

deve ser um bom desenho e uma boa<br />

análise <strong>do</strong> facto e por fim, deve provocar<br />

sentimento (um sorriso). O debate<br />

terminou com a participação da plateia<br />

o que tornou ainda mais interessante<br />

este I Encontro.<br />

Depois da pausa para o almoço, seguiu-se<br />

a apresentação de 78 anúncios<br />

de publicidade organiza<strong>do</strong>s pelo<br />

festival Publi…For<strong>do</strong>c 2005.<br />

Mónica Sofia Lopes<br />

Andreia Carvalho<br />

2º ano, Ciências da Informação<br />

torga 5


Aconteceu<br />

25 de Abril e a Comunicação Social<br />

A Revolução <strong>do</strong>s Cravos e os Media<br />

"PONTO DE ENCONTRO DOS NOSSOS DESENCONTROS"<br />

No dia 13 de Abril <strong>do</strong> ano a decorrer,<br />

teve lugar na Casa da Cultura em<br />

Coimbra, o Colóquio sobre o 25 de<br />

Abril de 1974 e a Comunicação Social,<br />

organiza<strong>do</strong> pelo Instituto Superior<br />

Miguel Torga em conjunto com quatro<br />

alunos <strong>do</strong> terceiro ano de Ciências de<br />

Informação.<br />

Este evento pôde contar com a presença<br />

<strong>do</strong> director <strong>do</strong> Instituto, Prof. Dr.<br />

Amaral Dias, os Jornalistas Dr. João<br />

Paulo Diniz e Dr. Carlos Magno e com<br />

a Presidente da Direcção <strong>do</strong> Colégio<br />

Moderno e Presidente da Fundação<br />

Pró Dignitate a Dr.ª Maria de Jesus<br />

Barroso. Por motivos profissionais Dr.<br />

Mário Soares não pode comparecer,<br />

(devi<strong>do</strong> à sua estadia em Istambul).<br />

Inician<strong>do</strong> esta palestra, o Dr. Carlos<br />

Magno, tentou partilhar a sua vivência<br />

durante o 25 de Abril,"Dia mais feliz da<br />

minha vida…transforma-nos em revolucionários<br />

para toda a vida…" de certo<br />

mo<strong>do</strong>, alertan<strong>do</strong> a juventude de<br />

hoje para a importância e simbologia<br />

que este dia inesquecível teve nas<br />

6 torga<br />

suas vidas e as mudanças que causou<br />

na sociedade em que vivemos. "Celebro<br />

o 25 de Abril to<strong>do</strong>s os dias desde<br />

há trinta anos…", esta citação revela<br />

de facto que este dia de viragem na<br />

vida política portuguesa constitui um<br />

alivio de quem nela nasceu e nela<br />

cres-ceu…"ambiente asfixiante em<br />

que vivemos…"<br />

"Não acredito que se possa celebrar<br />

e comemorar o 25 de Abril sem uma<br />

boa refrega verbal", ten<strong>do</strong> em conta o<br />

mo<strong>do</strong> como este golpe de esta<strong>do</strong><br />

ocorreu, em parte divulga<strong>do</strong> pela<br />

rádio"…o 25 de Abril é essencialmente<br />

o dia da Rádio…", onde Dr. João Paulo<br />

Diniz teve um papel relevante. Carlos<br />

Magno por sua vez afirma que o Dr.<br />

Mário Soares ao pronunciar que<br />

actualmente se não nos encontrassemos<br />

na União Europeia, já teríamos de<br />

certo sofri<strong>do</strong> um golpe de esta<strong>do</strong>. Ao<br />

declarar publicamente esta frase Mário<br />

Soares intencionalmente queria revelar<br />

que hoje em dia as revoluções e reivindicações<br />

são elaboradas, por palavras<br />

e divulga<strong>do</strong>s pelos meios de comunicação,<br />

não sen<strong>do</strong> necessário o recurso<br />

a armas, porque a oratória constitui<br />

em si uma força de oposição.<br />

"Queremos mentiras novas…", uma<br />

citação considerada a mais revolucionária<br />

<strong>do</strong>s nossos dias, efectuada por<br />

estudantes universitários que, na opinião<br />

deste interlocutor, foi a melhor<br />

desde a Revolução <strong>do</strong>s Cravos, na<br />

medida que possuía a poesia divulgada<br />

nesta altura como por exemplo:"Viva<br />

isto, seja lá o que for…".<br />

Por sua vez, o Dr. Carlos Encarnação,<br />

presidente da Câmara Municipal de<br />

Coimbra (C.M.C), que também interviu<br />

neste colóquio, partilhou a sua experiência<br />

como militar nesta revolução,<br />

"Queremos mentiras novas…"<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> na sua humilde opinião uma<br />

das épocas mais ricas da sua vida. Na<br />

sua opinião o 25 de Abril tem uma simbologia<br />

especial, na medida que lhe<br />

ensinou que"… não há nenhuma verdade<br />

oficial, não há nenhum patrono de<br />

individualidade, mas há uma liberdade<br />

para além <strong>do</strong>s patronos".<br />

"A universidade era um obstáculo à<br />

difusão <strong>do</strong>s saberes…havia acontecimentos<br />

e momentos que não podiam<br />

ser estuda<strong>do</strong>s…", ao termos conheci-


mento de citações como esta, que na<br />

realidade ocorreram na nossa história<br />

podemos analisar que esta época foi<br />

um entrave ao desenvolvimento social<br />

e histórico, quer na vida <strong>do</strong>s portugueses,<br />

quer na <strong>do</strong>s outros povos que se<br />

encontravam em pressão comunista<br />

por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Prof. Dr.<br />

José Henrique Dias, durante este perío<strong>do</strong><br />

até o direito de pensar lhes era obstruí<strong>do</strong>"…quan<strong>do</strong><br />

dizíamos "pensei", os<br />

professores perguntavam, quem lhe<br />

tinha da<strong>do</strong> o direito de pensar…".<br />

O Dr. João Paulo Diniz, também<br />

expôs a sua participação, essencial<br />

nesta revolução, contan<strong>do</strong> em parte o<br />

papel que teve de desempenhar para<br />

que este acontecimento se pudesse<br />

realizar. De acor<strong>do</strong> com o regime de<br />

decadência em que Portugal se encontrava,<br />

a Rádio permaneceu como o<br />

único meio de divulgação das intenções<br />

<strong>do</strong> Movimento das Forças<br />

Armadas (MFA), através de senhas<br />

com códigos musicais de conhecimento<br />

exclusivo destes. O 25 de Abril<br />

de 1974, não foi única e exclusivamente<br />

a primeira tentativa de derrubar<br />

o poder instituí<strong>do</strong>. No dia 16 de Março<br />

<strong>do</strong> mesmo ano, ocorreu uma tentativa<br />

para tal fim, esta já pode contar com a<br />

presença de militares que se encontravam<br />

envolvi<strong>do</strong>s no MFA, que de<br />

livre e espontânea vontade saíram <strong>do</strong><br />

quartel das Caldas da Rainha, em<br />

direcção a Lisboa. A falta de organização<br />

levou a que esta tentativa fosse<br />

em vão, ten<strong>do</strong> como fim a prisão de<br />

alguns <strong>do</strong>s organiza<strong>do</strong>res.<br />

Por sua vez no dia 22 de Abril <strong>do</strong><br />

mesmo ano, Dr. João Paulo Diniz,<br />

encontrava-se na estação de Rádio<br />

<strong>do</strong>s Emissores Associa<strong>do</strong>s de Lisboa,<br />

quan<strong>do</strong> foi aborda<strong>do</strong> por José Costa<br />

Martins, fazen<strong>do</strong>-se passar por seu<br />

amigo. Este oficial da Força Aérea<br />

marcou um lugar de encontro no<br />

Apollo 70 - actual centro comercial -<br />

onde pediu suporte para divulgar na<br />

rádio as senhas necessárias para o início<br />

<strong>do</strong> movimento.<br />

Dr. João Paulo Diniz, sempre reticente,<br />

começou a desconfiar que este<br />

pudesse ser um oficial da PIDE (Policia<br />

Internacional e de Defesa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>),<br />

a partir <strong>do</strong> momento em que este lhe<br />

pediu para passar uma das músicas<br />

censuradas - "Grân<strong>do</strong>la Vila Morena"<br />

de Zeca Afonso, o jornalista propôs<br />

que em vez desta se colocasse no ar a<br />

música - "Depois <strong>do</strong> Adeus", de Paulo<br />

de Carvalho - apresentada no festival<br />

Aconteceu<br />

Da esquerda para a direita: João Paulo Diniz, Maria de Jesus Barroso, Carlos Amaral Dias, Carlos Magno<br />

da Canção, chegan<strong>do</strong> ao consenso<br />

que esta passaria às 22:55, <strong>do</strong> dia 24<br />

de Abril de 1974, no programa priva<strong>do</strong>,<br />

Limite da Rádio Renascença. Por volta<br />

das 04:00 da manhã, foi emiti<strong>do</strong> um<br />

comunica<strong>do</strong> "…daqui Forças Armadas…"<br />

interrompen<strong>do</strong> assim a emissão<br />

com a noticia <strong>do</strong> Golpe de Esta<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> o director <strong>do</strong> Instituto<br />

Superior Miguel Torga, Prof. Dr. Amaral<br />

Dias, "até ao dia 27 de Abril, não se<br />

passa nada … passa-se que há um<br />

golpe militar … não é inician<strong>do</strong> nenhum<br />

poder politico…", não estava presente<br />

no país durante este movimento que<br />

mu<strong>do</strong>u a nossa sociedade, pois encon-<br />

A nossa juventude hoje em dia sabe mais de futebol <strong>do</strong> que<br />

quem foram os grandes luta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> 25 de Abril<br />

trava-se em Angola, como Médico<br />

Militar, embora em 1969 e em 1970 se<br />

encontrasse preso por questões politicas.<br />

Por sua vez é relevante que este<br />

acontecimento realmente ocorreu apenas<br />

porque o programa no qual a senha<br />

musical foi transmitida, era de cariz priva<strong>do</strong>,<br />

tal como o instituto que dirige, o<br />

que explica que nós estudantes<br />

podemos fazer a diferença, caso esta<br />

seja necessária.<br />

Por sua vez Carlos Magno suportou<br />

esta opinião <strong>do</strong> director, porque para<br />

torga 7


Aconteceu<br />

O Presidente da Câmara Municipal de Coimbra não faltou ao encontro.<br />

si a Rádio Renascença transformou<br />

um Golpe de Esta<strong>do</strong> numa Revolução,<br />

para os Capitães de Abril.<br />

Ainda existe algum Salazarismo na<br />

nossa sociedade, mas a responsabilidade<br />

é <strong>do</strong>s professores e <strong>do</strong>s pais, por<br />

outro la<strong>do</strong> a nossa juventude hoje em<br />

dia sabe mais de futebol, por exemplo,<br />

<strong>do</strong> que quem foram os grandes luta<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> 25 de Abril, segun<strong>do</strong> a Dr.<br />

Maria Barroso, que nesta altura era<br />

aluna de teatro. Em relação ao 25 de<br />

Abril, confessa "A minha vida é insignificante<br />

ao pé de outras…", o que nos<br />

permite perceber que muitos sacrifícios<br />

foram feitos pelos Capitães de<br />

Abril, para que hoje possamos usufruir<br />

<strong>do</strong> governo que nos lidera - a<br />

Democracia.<br />

Dr. Maria Barroso, na Revolução <strong>do</strong>s<br />

Cravos encontrava-se em Bonn, na<br />

Alemanha, com o mari<strong>do</strong>, o Dr. Mário<br />

Soares, exila<strong>do</strong> de França.<br />

"Ambiente de Claustrofobia", é a expressão<br />

que mais caracteriza o sentimento<br />

que se vivia durante o governo<br />

fascista, segun<strong>do</strong> o Dr. Carlos Magno,<br />

o que fez surgir “slogans” como acima<br />

referi, sen<strong>do</strong> esta a forma mais original<br />

de expressar as vivências e revindicações<br />

<strong>do</strong> povo, embora de certo mo<strong>do</strong><br />

anónimas, por causa das represálias<br />

que poderiam sentir.<br />

8 torga<br />

Em suma, a lição que podemos retirar<br />

destes depoimentos vivi<strong>do</strong>s pela<br />

nossa população é de que " A Democracia<br />

tem muitas coisas que tem de<br />

ser corrigidas, mas não a deixem<br />

ferir…" nós temos a liberdade de expressão<br />

em nosso poder somente temos<br />

que saber dar-lhe o uso devi<strong>do</strong>.<br />

Anabela Pato<br />

Andreia Morga<strong>do</strong><br />

André Ventura<br />

Ana Rita Silva<br />

3º ano, Ciências da Informação<br />

UM CONGRESSO SUI<br />

GENERIS<br />

Um grupo de alunas <strong>do</strong> 3º ano de<br />

Ciências de Informação organizou, no<br />

passa<strong>do</strong> mês de Janeiro um congresso<br />

fictício intitula<strong>do</strong>: I Congresso<br />

sobre a Questão Social 25 <strong>do</strong> Abril. O<br />

projecto foi realiza<strong>do</strong> pelas alunas<br />

Carla Guarda<strong>do</strong>, Carmen Palhinha,<br />

Albertina Sebastião e Maria <strong>do</strong> Céu<br />

Fânzeres, e insere-se no âmbito da<br />

disciplina de Organização de Serviços<br />

de Documentação e Arquivo, leccionada<br />

no 1º semestre, pela <strong>do</strong>cente Dr.ª<br />

Maria Assunção Pinto.<br />

A proposta tinha como objectivo<br />

que os alunos realizassem um trabalho<br />

de pesquisa, que deveria ser elabora<strong>do</strong><br />

em grupo e defendi<strong>do</strong> oralmente,<br />

sobre a temática "Conhecer o 25 de<br />

Abril". A escolha <strong>do</strong> tema teve como<br />

intuito sensibilizar os alunos para<br />

aquele que foi um importante marco<br />

histórico da sociedade portuguesa,<br />

bem como orientá-los na realização de<br />

um trabalho de investigação. A coordenação<br />

esteve a cargo da <strong>do</strong>cente da<br />

disciplina.<br />

Este tema subdividiu-se, ainda, em<br />

vários sub temas <strong>do</strong> qual se destaca<br />

"Liberdade - Transformação de


Mentalidades operadas pelo 25 de<br />

Abril", por abranger to<strong>do</strong>s os outros e<br />

por ter ti<strong>do</strong> uma apresentação oral sob<br />

a forma de um congresso ficcional, o<br />

que foi uma ideia muito invulgar e original.<br />

"A escolha deste sub tema foi motivada<br />

pelo facto de anteriormente<br />

nunca termos ti<strong>do</strong> a oportunidade de<br />

estudar aprofundadamente a questão<br />

social <strong>do</strong> pós 25 de Abril, o que considerávamos<br />

ser bastante interessante,<br />

pois somos os descendentes<br />

directos desta revolução, na medida<br />

em que tivemos o seu proveito imediato.<br />

O consenso geral <strong>do</strong> nosso grupo é<br />

que a liberdade foi uma das maiores<br />

conquistas da 'Revolução <strong>do</strong>s Cravos'."<br />

(in, "Liberdade - Transformação<br />

de Mentalidades operadas pelo 25 de<br />

Abril", p.7).<br />

Numa perspectiva sumária o trabalho<br />

escrito, - que obteve a melhor classificação<br />

(18 valores), consiste numa<br />

breve reflexão sobre o 25 Abril, o seu<br />

enquadramento histórico, uma análise<br />

sobre Portugal no Esta<strong>do</strong> Novo, os antecedentes<br />

<strong>do</strong> 25 de Abril, uma descrição<br />

pormenorizada <strong>do</strong> desenrolar<br />

<strong>do</strong>s acontecimentos no dia da revolução.<br />

A investigação incide, essencialmente,<br />

sobre as mudanças realizadas<br />

em Portugal pelo 25 de Abril,<br />

realçan<strong>do</strong> as que tiveram mais impacto<br />

- a descolonização; actividade<br />

sindical; transformação de um país<br />

ruraliza<strong>do</strong> num país em processo de<br />

expansão industrial que se prepara<br />

para CEE, actualmente União Europeia;<br />

as alterações demográficas e<br />

consequente mobilização da população;<br />

o ordenamento <strong>do</strong> território; a<br />

renovação de preocupações e políticas<br />

ambientais; as novas práticas culturais,<br />

a privatização da cultura e a<br />

evolução cultural e das mentalidades<br />

da sociedade pós 25 de Abril.<br />

Para realizar este trabalho, o grupo<br />

de alunas utilizou como técnicas de<br />

recolha de da<strong>do</strong>s a pesquisa <strong>do</strong>cumental<br />

no Centro de Documentação<br />

25 de Abril, na Biblioteca da Faculdade<br />

de Economia da Universidade de<br />

Coimbra, na Sede <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista,<br />

no espólio pessoal, em várias<br />

revistas da época e actuais que relatam<br />

e ilustram os acontecimentos e<br />

em vários sites alusivos ao tema disponíveis<br />

na Internet. Foi utilizada ainda<br />

outra forma de investigação: uma entrevista<br />

a uma testemunha de to<strong>do</strong> o<br />

processo de descolonização D. Rosa<br />

Ramísio Oliveira - nascida em Oliveira<br />

<strong>do</strong> Bairro, em 1938, modista de profissão.<br />

D. Rosa foi para Angola (bairro <strong>do</strong><br />

Balanca) com 15 anos de idade, por lá<br />

Da esquerda para a direita<br />

Carla Guarda<strong>do</strong>, Maria <strong>do</strong><br />

Céu, Rosa Oliveira,<br />

Albertina Sebastião e<br />

Carmen Palhinha<br />

Aconteceu<br />

casou e foi mãe de 4 filhos. Enviuvou<br />

precocemente aos 29 anos de idade e<br />

regressou a Portugal a 9 de Setembro<br />

de 1975.<br />

Na conclusão <strong>do</strong> trabalho escrito,<br />

este grupo de alunas reservou um espaço<br />

para dar a sua opinião crítica<br />

sobre a importância deste projecto de<br />

pesquisa no seu percurso académico:<br />

"O trabalho de investigação revelou-se<br />

bastante enriquece<strong>do</strong>r <strong>do</strong> ponto de<br />

vista cultural, aju<strong>do</strong>u-nos a compreender<br />

a importância prática de valores<br />

humanos no processo de produção<br />

científica, tais como a humildade intelectual,<br />

a auto - competitividade, curiosidade<br />

e espírito de inter - ajuda e<br />

cooperação. A realização deste trabalho<br />

servirá, com toda a certeza, para<br />

que no futuro possamos facilmente<br />

identificar os recursos necessários e<br />

aplicar as estratégias ao planeamento<br />

de um trabalho de investigação, sugeri<strong>do</strong>s<br />

pela nossa coordena<strong>do</strong>ra (Dr.ª<br />

Assunção Pinto), a outros trabalhos<br />

semelhantes ou mesmo a teses de<br />

mestra<strong>do</strong>, pós - graduação ou até de<br />

<strong>do</strong>utoramento. As estratégias mais<br />

difíceis de concretizar foram, sem<br />

sombra de dúvida, a gestão <strong>do</strong> tempo,<br />

que foi melhoran<strong>do</strong> consideravelmente,<br />

ao longo da execução <strong>do</strong> trabalho;<br />

e o estabelecimento de critérios de<br />

torga 9


Aconteceu<br />

selecção de informação para evitar situações<br />

de sobre, sub e pseu<strong>do</strong> - informação.<br />

Todavia, importa referir a<br />

importante ajuda dada pela nossa<br />

coordena<strong>do</strong>ra, nas aulas gentilmente<br />

cedidas para a orientação geral <strong>do</strong> trabalho,<br />

que inevitavelmente, passou<br />

pelo apoio na triagem <strong>do</strong> material e<br />

pela sugestão de outro tipo de material<br />

a utilizar e de possíveis locais de<br />

pesquisa".<br />

Apesar de o grupo estar satisfeito<br />

com o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> projecto escrito,<br />

havia ainda que pensar na melhor<br />

maneira de defender oralmente o trabalho<br />

de meses de pesquisa, dan<strong>do</strong> o<br />

mesmo relevo a todas as suas autoras<br />

e sem que a apresentação se tornasse<br />

maça<strong>do</strong>ra, ou se resumisse às formas<br />

mais tradicionais como o uso de acetatos<br />

ou diapositivos. Assim, numa<br />

das inúmeras reuniões de grupo surgiu<br />

a ideia de fazer uma apresentação oral<br />

sob a forma de um congresso fictício<br />

onde o material a expor surgiria de<br />

uma forma muito natural, enquadra<strong>do</strong><br />

no contexto de debate sobre a<br />

"Questão Social <strong>do</strong> 25 de Abril",<br />

seguin<strong>do</strong> o modelo e estrutura <strong>do</strong> VIII<br />

congresso Luso - Afro - Brasileiro de<br />

Ciências Sociais, intitula<strong>do</strong> "A questão<br />

Social <strong>do</strong> Novo Milénio" realiza<strong>do</strong> em<br />

Coimbra em Setembro de 2004 (onde<br />

um <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong> grupo tinha si<strong>do</strong><br />

congressista). A ideia começou a tomar<br />

forma à medida que o guião e o<br />

programa foram elabora<strong>do</strong>s, pois<br />

neles constavam as "falas" e as profissões<br />

fictícias das protagonistas. Para<br />

melhor ilustrar o que aconteceu no dia<br />

27 de Janeiro de 2005 cita-se mais à<br />

direita o programa:<br />

Toda a apresentação foi cuida<strong>do</strong>samente<br />

ensaiada para que nenhum pormenor<br />

fosse descura<strong>do</strong>, tais como o<br />

cenário, os porta nomes, as garrafas<br />

de água, os crachás, o cartaz informativo,<br />

o arranjo de cravos, os timings<br />

das intervenções e muitos outros!<br />

O grupo quis ir ainda mais longe e foi,<br />

então, com o intuito de corresponder<br />

10 torga<br />

às expectativas da sua coordena<strong>do</strong>ra,<br />

que era o de publicar os melhores<br />

trabalhos, que resolveu pedir autorização<br />

à Mestre Sofia Figueire<strong>do</strong>, Presidente<br />

<strong>do</strong> Conselho Pedagógico e<br />

<strong>Director</strong>a Executiva <strong>do</strong> Curso de<br />

Licenciatura em Ciências da Informação,<br />

para filmar esta apresentação,<br />

a qual, não só concor<strong>do</strong>u, como<br />

tomou, de imediato, todas as medidas<br />

necessárias para atender a este pedi<strong>do</strong>.<br />

Após a apresentação oral <strong>do</strong> trabalho<br />

e mediante o entusiasmo da Dr.ª<br />

Assunção este grupo de alunas contactou<br />

com a Dr.ª Inês Amaral, <strong>do</strong>cente<br />

<strong>do</strong> ISMT e directora <strong>do</strong> Webjornal,<br />

a qual demonstrou interesse em<br />

publicar o trabalho em versão electrónica,<br />

na secção da Webteca (Biblioteca<br />

Online de investigação académica),<br />

que em breve irá conter trabalhos<br />

realiza<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>centes e alunos de<br />

to<strong>do</strong>s os cursos lecciona<strong>do</strong>s no ISMT.<br />

A Webteca é apenas um <strong>do</strong>s projectos<br />

<strong>do</strong> Ciberlab, laboratório de comunicação<br />

online (disponível em http://<br />

www.ciberlab.net). O ciberlab engloba,<br />

ainda, o Webjornal (a funcionar regularmente<br />

em http://webjornal.ciberlab.net),<br />

a Webtv, a Webrádio, Revista<br />

Interacções e Boletim Informativo<br />

(projecto em fase de estu<strong>do</strong> e concepção<br />

técnica).<br />

Esta iniciativa rompeu com os méto<strong>do</strong>s<br />

tradicionais de defesa oral de trabalhos,<br />

mostran<strong>do</strong> que também é possível<br />

ter bons resulta<strong>do</strong>s alian<strong>do</strong> uma<br />

produção intelectual teórica qualificada<br />

ao espírito criativo.<br />

Carla Guarda<strong>do</strong><br />

Albertina Sebastião<br />

3º ano de Ciências de Informação<br />

Programa <strong>do</strong>: I Congresso sobre a Questão<br />

Social 25 <strong>do</strong> Abril (Congresso fictício)<br />

27 de Janeiro de 2005, quinta feira<br />

11.00h A descolonização em Portugal. Maria <strong>do</strong><br />

céu (Jornalista RTP)<br />

11.05h Debate<br />

11.10h Portugal rural e sua evolução demográfica,<br />

no pós 25 de Abril. Carmen Palhinha (Prof. de<br />

História da Universidade de Coimbra e investiga<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> tema 25 de Abri)<br />

11.15h Debate<br />

11.20h - 11.30h<br />

1. A Acção sindical em Portugal - A<br />

Movimentação Social depois da Revolução<br />

2. As conquistas da política ambiental depois <strong>do</strong><br />

25 de Abril<br />

Maria Albertina (Dirigente sindical e membro da<br />

Associação Nacional de Conservação da<br />

Natureza/ Quercus)<br />

11. 30h Debate<br />

11.35h - 11.45h<br />

1. As práticas culturais<br />

2. A evolução cultural e das mentalidades da<br />

sociedade portuguesa pós - 25 de Abril<br />

Carla Guarda<strong>do</strong> (Socióloga e investiga<strong>do</strong>ra da<br />

sociedade pós 25 de Abril na Faculdade de<br />

Economia da Universidade de Coimbra)<br />

11.45h Debate<br />

11.50h Entrevista colectiva a Dª. Rosa Oliveira<br />

(vítima da descolonização <strong>do</strong> 25 de Abril)


Em 1º plano Carlos Amaral Dias, em 2º plano Ana Cristina Abreu<br />

AMARAL DIAS - SCRIPTA VARIA<br />

Ler Amaral Dias implica que aceitemos que a análise nos inicia num jogo de linguagem<br />

que é também, na sua dimensão terapêutica, uma forma de vida. Há<br />

neste processo uma deslocação por vezes tão insólita que não podemos deixar<br />

de sorrir perante o mo<strong>do</strong> como se dá o salto <strong>do</strong> idioma político para o idioma<br />

analítico. (...) Mas de tais coerências não interessa pedir contas se nestes gestos<br />

interpretativos sempre arrisca<strong>do</strong>s entendemos melhor o que paralisa e o que, no<br />

cinzento neurótico <strong>do</strong> quotidiano, nos reconforta e euforiza. O livro de Amaral<br />

Dias tem este tónus que nos contagia e que nos faz pôr de la<strong>do</strong> eventuais discordâncias<br />

de pormenor. Lê-lo e prolongá-lo em nós pode ser uma experiência<br />

única no quadro <strong>do</strong> pensamento português. E o que está em jogo não são apenas<br />

as ideias ou a cena política mas a possibilidade que nos é dada de vivermos<br />

mais, de uma forma mais livre, mais passional e intensa.<br />

Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> Coelho (Um Psicanalista no Expresso <strong>do</strong> Ocidente, Temas & Debates, 2003)<br />

A exposição "AMARAL DIAS - SCRIPTA VARIA" foi inaugurada no passa<strong>do</strong> dia<br />

20 de Abril na Biblioteca <strong>do</strong> ISMT. A "casa" estava cheia para homenagear o autor.<br />

A ideia de organizar uma Exposição Bibliográfica partiu de uma base muito simples<br />

que é a intervenção cultural e pedagógica que uma biblioteca universitária<br />

pode e deve ter junto da comunidade estudantil e <strong>do</strong>cente. É uma mais valia para<br />

um aluno poder ver de uma só vez, num só local e disposta de forma organizada<br />

(seja de forma cronológica, ou temática, ou ainda na reunião de nichos de interesse<br />

que as obras apresentem) a produção científica de um investiga<strong>do</strong>r, que neste<br />

caso, mas só por acaso, é <strong>Director</strong> <strong>do</strong> ISMT, explicou a Dr.ª Ana Cristina Abreu,<br />

responsável pela Biblioteca e pela organização da exposição.<br />

Desde que começou a ser pensada até à sua inauguração passaram vários<br />

meses de intenso trabalho, dedicação e algumas tentativas falhadas na reunião da<br />

obra completa <strong>do</strong> autor. A Dr.ª Ana Cristina Abreu explicou como correu to<strong>do</strong> este<br />

processo. O tempo que mediou a concepção da ideia e a sua concretização foi de<br />

seis meses. Surge, em Outubro de 2004, a ideia de se produzir algum evento na<br />

Biblioteca e organiza<strong>do</strong> pela Biblioteca, pois até ali não tinha havi<strong>do</strong> nenhuma<br />

Aconteceu<br />

Perfil <strong>do</strong> Autor:<br />

Carlos Augusto Amaral Dias nasceu<br />

em Coimbra em 1947.<br />

Estu<strong>do</strong>u Medicina, ten<strong>do</strong> sempre<br />

como objectivo a vertente da<br />

Psiquiatria.<br />

É Professor Agrega<strong>do</strong> em Psicologia<br />

e em Medicina, grau académico<br />

mais alto da carreira universitária.<br />

É membro de várias associações de<br />

Psicanálise nacionais e estrangeiras.<br />

Exerce Psiquiatria e é <strong>Director</strong> <strong>do</strong><br />

Instituto Superior Miguel Torga.<br />

O seu mestre de eleição FREUD.<br />

Escreve uma Crónica no<br />

INDEPENDENTE e no DIÁRIO DE<br />

COIMBRA, e faz o Programa de<br />

Rádio "Alma Nostra" e também uma<br />

Crónica, na ANTENA I.<br />

Autor de uma vasta obra que se<br />

estende pelas áreas da Psicanálise,<br />

da Psiquiatria, da<br />

Toxicodependência, da Cultura e <strong>do</strong><br />

Quotidiano.<br />

torga 11


Aconteceu<br />

iniciativa por parte desse serviço, e<br />

pensámos que chegara a hora de darmos<br />

"um ar da nossa graça".<br />

Tentou-se por várias formas reunir a<br />

obra completa <strong>do</strong> autor, mas foram<br />

sain<strong>do</strong> logradas as tentativas, nomeadamente<br />

um empréstimo solicita<strong>do</strong> à<br />

Biblioteca Nacional detentora de um<br />

número razoável de artigos em revistas,<br />

e pelo orçamento exorbitante<br />

12 torga<br />

apresenta<strong>do</strong> para o empréstimo das<br />

obras, que melhor será dizer "aluguer",<br />

não foi de to<strong>do</strong> possível essa aquisição.<br />

Outra tentativa falhada, foi a<br />

aquisição através da compra de obras,<br />

mas muitas delas estão com as edições<br />

esgotadas.<br />

To<strong>do</strong> este processo com incertezas<br />

quanto à reunião <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumental,<br />

foi a razão <strong>do</strong> adiamento da<br />

Exposição, inicialmente agendada<br />

para o mês de Janeiro de 2005.<br />

Amaral Dias justificou de per si a<br />

escolha para a Exposição. A Biblioteca<br />

precisava de um autor com um conjunto<br />

de publicações que constituísse<br />

um fun<strong>do</strong> interessante, actual e científico<br />

para expor, e esse facto alia<strong>do</strong> à<br />

figura pública que ele próprio é, construída<br />

com o trabalho que desempenha<br />

enquanto psicanalista e cidadão<br />

crítico, apostámos em como seria uma<br />

óptima escolha, afirmou a Dr. a Ana<br />

Cristina Abreu.<br />

Outro aspecto de extrema importância<br />

a referir, é o espírito de equipa que<br />

algumas pessoas possuem nesta instituição<br />

e que não olharam a meios para<br />

solucionar problemas e contornar dificuldades,<br />

de mo<strong>do</strong> a levar a bom<br />

porto a iniciativa. É nesse espírito de<br />

"Vestir a Camisola" que muitas pessoas<br />

trabalham no ISMT. E, enquanto<br />

Organiza<strong>do</strong>res, isso agra<strong>do</strong>u-nos<br />

imenso, concluiu.<br />

Andrea Marques<br />

Filipe Casaleiro (Fotos)


Mestra<strong>do</strong>s<br />

Através da Escola Superior de Altos Estu<strong>do</strong>s, o ISMT oferece também a possibilidade<br />

de progredir na sua carreira profissional e académica ao escolher um<br />

<strong>do</strong>s cursos de Mestra<strong>do</strong> que lecciona:<br />

O Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico visa a formação pós-graduada de<br />

profissionais que trabalham no âmbito da Saúde Mental, promoven<strong>do</strong> uma estrutura<br />

teórica de referência e simultaneamente uma orientação para os problemas<br />

e tácticas ajustadas que devem ser a<strong>do</strong>ptadas. É objectivo específico <strong>do</strong><br />

Mestra<strong>do</strong> fomentar competências técnicas de intervenção grupal e individual no<br />

âmbito <strong>do</strong> aconselhamento dinâmico.<br />

O Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais visa a formação pós-graduada de<br />

profissionais que, trabalhan<strong>do</strong> no âmbito da Acção Social, intervêm na interface<br />

família/sistemas sociais.<br />

O Mestra<strong>do</strong> em Serviço Social tem como principais objectivos: qualificar e<br />

capacitar, no âmbito da pós-graduação para a investigação, a intervenção<br />

profissional e a <strong>do</strong>cência em Serviço Social; desenvolver a capacidade de estu<strong>do</strong><br />

e investigação no que respeita aos conhecimentos e acções desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

pelo Serviço Social face às exigências emergentes da sociedade e às políticas<br />

sociais e aos seus impactes sobre a população; desenvolver a capacidade crítica<br />

e criativa da prática profissional, aliada à investigação tendente à elaboração<br />

de propostas alternativas e propiciar condições para o debate e a produção <strong>do</strong><br />

conhecimento em Serviço Social.<br />

O Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da Saúde visa a formação pós-graduada de<br />

profissionais que trabalham no âmbito da Saúde. Tem si<strong>do</strong> um curso muito<br />

procura<strong>do</strong> por profissionais a trabalhar em diversos sectores da saúde que<br />

entender ter aqui não só uma oportunidade de evolução pessoal e académica,<br />

mas também um impulso na sua capacidade de progressão na carreira.<br />

O Mestra<strong>do</strong> em Toxicodependência e Patologias Psicossociais pretende oferecer<br />

formação específica individualizada aos profissionais licencia<strong>do</strong>s que desenvolvam,<br />

ou venham a desenvolver actividades no âmbito da Toxicodependência<br />

e Patologias Psicossociais. É objectivo específico <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> desenvolver<br />

competências para a aplicação de técnicas de intervenção individual e grupal na<br />

área das toxicodependências e das patologias psicossociais.


SER SOLIDÁRIO


Ser Solidário<br />

SEM ESQUECER A CIDADANIA<br />

A Solidariedade é uma característica<br />

que deveria ser intrínseca a qualquer<br />

ser Humano. Ser Solidário com o familiar,<br />

o amigo, o vizinho, o transeunte, o<br />

outro (mesmo que esteja longe) deveria<br />

ser uma atitude presente no nosso<br />

quotidiano. No entanto, essa solidariedade<br />

não poderá sobrepor-se a cidadania,<br />

não poderá ser um substituto<br />

<strong>do</strong>s direitos sociais nem desresponsabilizar<br />

os Esta<strong>do</strong>s no desenvolvimento<br />

das diferentes medidas de politicas<br />

sociais….<br />

A Lei de Bases <strong>do</strong> sistema de<br />

Segurança Social (Lei n.º 32/2002) consagra<br />

que "to<strong>do</strong>s têm direito à segurança<br />

social" (art.2º). Apresentan<strong>do</strong> os<br />

diversos objectivos <strong>do</strong> sistema <strong>do</strong>s<br />

quais destaco a alinha d): "proteger as<br />

pessoas que se encontrem em situação<br />

de falta ou diminuição de meios de subsistência"<br />

(art.4º). Para a concretização<br />

<strong>do</strong>s seus objectivos a segurança social<br />

subdivide-se em vários sistemas. Ao<br />

Sistema de Acção Social compete-lhe<br />

a "prevenção e reparação de situações<br />

de carência e desigualdade socioeconómica,<br />

de dependência, de disfunção,<br />

exclusão ou vulnerabilidade<br />

sociais, bem como a integração e promoção<br />

comunitária das pessoas<br />

e o desenvolvi-<br />

mento das respectivas<br />

capacidades", deverá ainda<br />

"assegurar especial protecção aos grupos<br />

mais vulneráveis, (…), bem como a<br />

outras pessoas em situação de carência<br />

económica ou social, disfunção ou marginalização<br />

social (…)" (artº 84º). Ainda<br />

no que diz respeito as medidas de<br />

combate a pobreza e exclusão social<br />

16 torga<br />

gostaria de destacar o RSI: uma<br />

prestação pecuniária e um programa de<br />

inserção que pretendem "conferir às<br />

pessoas e aos seus agrega<strong>do</strong>s familiares<br />

apoios adapta<strong>do</strong>s à sua situação<br />

pessoal, que contribuam para a satisfação<br />

das suas necessidades essenciais<br />

e que favoreçam a sua progressiva<br />

inserção laboral, social e comunitária"<br />

(Lei n.º 13/2003).<br />

Pelo exposto, poderá considerar-se<br />

que sempre que exista um individuo e/<br />

ou família numa situação de precariedade<br />

sócio-económica as instituições/organizações<br />

responsáveis deverão<br />

accionar os mecanismos para<br />

pôr em pratica as medidas necessárias<br />

para reparar e/ou resolver essa<br />

mesma situação. Apesar disso, frequentemente<br />

os diversos meios de<br />

comunicação apresentam situações<br />

de famílias a viver sem as condições<br />

mínimas (básicas) de subsistência,<br />

muitas vezes em condições sub-humanas.<br />

Nestas situações apela-se a<br />

solidariedade <strong>do</strong>s cidadãos que, regra<br />

geral, prontamente respondem oferen<strong>do</strong><br />

(muitas vezes com<br />

esforço) alimentos,<br />

brinque<strong>do</strong>s,<br />

cobertores, etc.<br />

Esta solução apresenta-se<br />

para a família em situação de precariedade<br />

como a "bóia de salvação",<br />

já que por algum tempo poderão fazer<br />

face as suas necessidades diárias,<br />

mas não resolve o problema. Trata-se<br />

de uma resposta de curta duração que<br />

não deverá ser apresentada como<br />

sen<strong>do</strong> a solução necessária mas apenas<br />

como o primeiro passo para to<strong>do</strong>s<br />

exigir-mos que o Esta<strong>do</strong> cumpra as<br />

suas obrigações, quer de forma direc-<br />

ta, quer através das diversas instituições<br />

privadas sem fins lucrativos que<br />

com ele efectuam acor<strong>do</strong>s de cooperação.<br />

Embora os bens ofereci<strong>do</strong>s<br />

pelos cidadãos sejam de facto importantes<br />

nessas situações a acção de<br />

cada um não pode ficar pela dádiva,<br />

sob o risco da solidariedade servir de<br />

"almofada" para as falhas (graves) na<br />

concretização <strong>do</strong>s direitos sociais e<br />

como desculpa para os diversos governos<br />

manterem a acção social como<br />

uma resposta pontual e precária, com<br />

uma função residual. Esta atitude permite<br />

ao Esta<strong>do</strong> demitir-se <strong>do</strong> atendimento<br />

à população em situação de<br />

vulnerabilidade o que perpetua (e<br />

acentua) os processos de exclusão<br />

social.<br />

Pela centralidade que o Assistente<br />

Social assume no desenvolvimento da<br />

Acção Social e <strong>do</strong> RSI e pelo facto de<br />

comummente se associar<br />

o Serviço Social a<br />

ideia de missão solidária<br />

não<br />

poderia<br />

deixar de aqui<br />

expor que considero que o<br />

Assistente Social deverá ser tão<br />

solidário como qualquer outro cidadão,<br />

ou seja, não se trata de um profissional<br />

cuja capacidade dependa da<br />

sua bondade. Exige-se que este profissional<br />

desenvolva acções com um<br />

cariz educativo, comunitário e promocional<br />

com o objectivo da efectivação<br />

prática da cidadania, o que só conseguirá<br />

se possuir um conjunto de conhecimentos<br />

teóricos e técnico-operativos.<br />

Conhecimentos que lhe permitem,<br />

quer a operacionalização de uma<br />

série de estratégias de intervenção<br />

para o desenvolvimento das medidas


de politica social, quer a capacidade<br />

de propor e implementar adequadas e<br />

novas medidas de acção. Se acrescentarmos<br />

o facto de a acção social<br />

integrar formas de regulação social,<br />

bem como permitir espaços de exercício<br />

de poder por parte <strong>do</strong> técnico<br />

(como sejam na responsabilidade<br />

quase única que o assistente social<br />

assume na triagem da população,<br />

nos apoios a prestar, na manutenção<br />

da intervenção, etc) então torna-se<br />

essencial uma formação de base<br />

capaz de dar a estes profissionais a<br />

capacidade de compreensão das<br />

diversas relações de poder e um<br />

"instrumental operativo para captar<br />

as relações e elaborar estratégias<br />

que constituem o campo de uma<br />

profissão de intervenção social na<br />

constante relação teoria / pratica"<br />

(Faleiros, 1999:41)<br />

Em Portugal os constrangimentosfinanceiros,<br />

as alterações no<br />

sistema de segurança<br />

social ten<strong>do</strong> em<br />

conta orientações politica e não<br />

a lógica <strong>do</strong> sistema, a incongruências<br />

<strong>do</strong>s diplomas legais na<br />

área da acção social, tem afasta<strong>do</strong><br />

a acção social <strong>do</strong> seu enquadramento<br />

na área <strong>do</strong>s direitos sociais.<br />

Cada vez mais a "precariedade e provisoriedade<br />

das suas resposta acentua-se<br />

parecen<strong>do</strong> terem subjacentes<br />

mais uma lógica da <strong>do</strong>ação <strong>do</strong> que de<br />

direito" (Rodrigues; Figueira, 2003: 25).<br />

Cabe, assim, a cada um de nós, e em<br />

especial aos profissionais da área social,<br />

ser solidário mas uma solidariedade<br />

responsável que não substitua os direitos<br />

sociais que não permita a desresponsabilização<br />

e demissão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Jacqueline Marques<br />

Gramaticalmente,<br />

a palavra solidariedade<br />

é classificada<br />

como um substantivo,<br />

e substantivos<br />

servem para indicar<br />

os seres, os conceitos<br />

e os actos. Daí,<br />

que a solidariedade<br />

possa ser entendida<br />

como uma atitude, uma<br />

formulação de princípios<br />

ou padrões de conduta<br />

nortea<strong>do</strong>res da convivência<br />

social.<br />

Apreender a solidariedade<br />

obriga a olhar o mun<strong>do</strong> que<br />

nos rodeia de forma reflexiva,<br />

para assumirmos as<br />

identidades e as diferenças,<br />

a pluralidade de pertença<br />

e o senti<strong>do</strong> de uma<br />

participação social efectiva.<br />

Nesse âmbito, a solidariedade<br />

é um exercício de educação,<br />

formação e reflexão<br />

crítica permanente. Ser solidário<br />

implica, por isso, ser responsável.<br />

A solidariedade pode ocorrer num<br />

acto de participação altruísta, mas a<br />

sua efectiva concretização, como<br />

valor ético de excelência, protagonizase<br />

na arena <strong>do</strong>s direitos e da cidadania.<br />

Nesse senti<strong>do</strong> ganha especial<br />

relevo a noção de dever de solidariedade,<br />

à qual subjaz a possibilidade de<br />

tornar as trocas e cooperações interpessoais,<br />

factores de ampliação de<br />

direitos.<br />

Ao valorizar a nossa responsabilidade<br />

para com os outros, a solidariedade<br />

pode constituir-se em ligação estável<br />

e imprescindível entre a autonomia da<br />

esfera individual e a liberdade efectiva<br />

da participação humana.<br />

A solidariedade só deixará de ser um<br />

REFLECTIR A SOLIDARIEDADE<br />

COMO UM VALOR ÉTICO<br />

Ser Solidário<br />

"sonho", um desejo que se quer ver<br />

concretiza<strong>do</strong>, se forem criadas condições<br />

objectivas para o seu exercício. E<br />

esse desiderato, implica o cruzamento<br />

efectivo com os factores críticos,<br />

sócio-económicos e culturais, que<br />

potenciam ou restringem o seu exercício,<br />

sob pena <strong>do</strong> comodismo autista<br />

destruir a capacidade cívica da participação<br />

humana.<br />

Educar para a solidariedade é fundamentar<br />

os valores sociais que permitam<br />

agir em prol <strong>do</strong> comum e <strong>do</strong> diferente,<br />

num contexto mais amplo de<br />

justiça social, equidade e cidadania.<br />

A solidariedade é um <strong>do</strong>s caminhos<br />

para a partilha, uma forma de relação<br />

social, provavelmente, a que mais gera<br />

valores e amplia a liberdade humana.<br />

Por isso, promover a solidariedade implica<br />

que a tarefa educativa fundamental<br />

seja educar para a liberdade.<br />

Assim, poderemos de facto ultrapassar<br />

as contradições ainda presentes<br />

na nossa sociedade, fazen<strong>do</strong>nos<br />

mais humanos, mais justos, mais<br />

solidários e mais livres, se atingirmos o<br />

<strong>do</strong>mínio da reflexão consciente sobre<br />

os valores que pairam no nosso quotidiano.<br />

Estou certa de que o valor ético da<br />

solidariedade é aquele que nos fornece<br />

a força para a superação da maioria<br />

<strong>do</strong>s problemas relaciona<strong>do</strong>s com a defesa<br />

<strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong> homem, e, nesse<br />

senti<strong>do</strong>, devemos a to<strong>do</strong> momento repeti-lo<br />

e reiterá-lo para que possamos<br />

superar os ímpetos bárbaros e individualistas<br />

tantas vezes presentes na<br />

forma de vida hodierna.<br />

Rosa da Primavera<br />

torga 17


Ser Solidário<br />

Num cenário de pós-modernidade, caracteriza<strong>do</strong>, de acor<strong>do</strong> com<br />

Gergen (1991), por uma multifrenia, multivocalidade, multiculturalidade<br />

e processos acelera<strong>do</strong>s de transformação, a necessidade de construir<br />

múltiplas versões da realidade assume-se como um imperativo.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, este pequeno texto não possui qualquer pretensão de<br />

encerrar uma realidade singular e objectiva, externa a quem dedilha o<br />

tecla<strong>do</strong>. Surge sim como a construção da significação da experiência<br />

através <strong>do</strong> discurso narrativo.<br />

Estava um dia soalheiro, as pombas<br />

iam e vinham na Praça 8 de Maio, antigo<br />

Largo de Sansão. Porque será que<br />

lhe mudaram o nome? Se calhar porque<br />

algo de muito importante aconteceu<br />

num qualquer 8 de Maio e era preciso<br />

assinalar a data. Para o efeito não<br />

é relevante. Tinha acaba<strong>do</strong> de saborear<br />

um café na Esplanada <strong>do</strong> Café<br />

Santa Cruz. Um <strong>do</strong>s poucos que se<br />

mantém em Coimbra. Uma Coimbra de<br />

tertúlias, de tardes de estu<strong>do</strong> no fumo<br />

<strong>do</strong>s cafés. Está um pouco diferente e<br />

não pensem que é sau<strong>do</strong>sismo. Não, é<br />

apenas a constatação da constante<br />

mudança, cada vez mais acelerada e<br />

que por vezes nos tolhe o pensamento,<br />

nos empurra para um dia-a-dia com<br />

agendas apinhadas. As palavras são<br />

mesmo como as cerejas. Tinha acaba<strong>do</strong><br />

de saborear um café no Santa Cruz<br />

e dirigia-me para a Praça da República.<br />

Era um <strong>do</strong>s raros dias em que não<br />

tinha pressa. É curioso como nestes o<br />

tempo escorre mais devagar, como se<br />

se espraiasse para nos deixar apreciar<br />

a coreografia <strong>do</strong> vento, as vozes das<br />

pessoas, o sabor <strong>do</strong>s colori<strong>do</strong>s<br />

18 torga<br />

urbanos. Não me recor<strong>do</strong> em que pensava<br />

no momento, provavelmente<br />

aproveitava para espreitar os topos<br />

<strong>do</strong>s edifícios. Quan<strong>do</strong> tenho tempo,<br />

entretenho-me com esta descoberta<br />

de nichos, azulejos e detalhes arquitectónicos<br />

que não sei apelidar. A dada<br />

altura, uma voz macia e cheia, de<br />

quem teria uma vida para contar, trazme<br />

de novo para o bulício e diz-me: "A<br />

menina desculpe, mas será que me<br />

podia ajudar e pôr-me estas gotas nos<br />

olhos? Sabe, é para as cataratas! O<br />

senhor <strong>do</strong>utor diz que as gotas as<br />

afastam e na minha idade, ficar cega é<br />

morrer." Confesso que a princípio senti<br />

alguma perplexidade, nunca me tinham<br />

feito semelhante pedi<strong>do</strong>, mas ao<br />

mesmo tempo não hesitei. Tratava-se<br />

afinal de um gesto simples, premir um<br />

pequeno frasco e deixar verter uma<br />

gota. Em contrapartida, o "Obrigada,<br />

menina! Vá com Deus!" foi muito mais<br />

que um simples obrigada.<br />

O outro, apesar de externo a nós,<br />

permite-nos o ser. Apenas somos na<br />

relação com os outros. É esta que nos<br />

confere uma identidade, una e única,<br />

são os outros da nossa vida que nos<br />

tocam por dentro, que nos fazem sentir<br />

e nós precisamos de sentir. Assim,<br />

também nós somos o outro de alguém<br />

e esta partilha, esta complementaridade<br />

é de um valor incalculável, confere-nos<br />

um sal<strong>do</strong> milionário no banco<br />

das emoções.<br />

Ao olhar em re<strong>do</strong>r, é por vezes difícil<br />

parar e reflectir qual poderá ser o<br />

nosso contributo, mas um minuto apenas<br />

pode bastar para ser solidário,<br />

depende de como construímos a ideia<br />

de solidariedade.<br />

Ser solidário pode ser um "Bom Dia"<br />

nas escadas <strong>do</strong> prédio, pode ser ouvir<br />

um amigo, pode ser separar as embalagens<br />

e contribuir para melhorar a<br />

qualidade <strong>do</strong> ambiente… Pode ser<br />

participar numa campanha de angariação<br />

de fun<strong>do</strong>s, deixar uma sugestão na<br />

caixinha <strong>do</strong> Centro de Saúde… Pode<br />

ser partir para um país em guerra ou<br />

vítima de uma catástrofe natural…<br />

É verdade que existem discrepâncias,<br />

temos solidão, pobreza, violência,<br />

mas também temos amor, compreensão,<br />

tolerância e, sobretu<strong>do</strong>,<br />

temos a capacidade de dar. Afinal os<br />

afectos não custam dinheiro e são no<br />

fun<strong>do</strong> a nossa forma de nos comprometermos<br />

com as pessoas. Além<br />

disso, têm esta extraordinária característica<br />

de reciprocidade. Quem os recebe,<br />

multiplica-os e dá novos.<br />

Antes de vos deixar, (esperan<strong>do</strong> que<br />

estas parcas palavras ecoem por algum<br />

tempo e façam nascer outras),<br />

não resisto a partilhar convosco um<br />

pequeno poema com que Mia Couto<br />

nos presenteia no seu livro "A Chuva<br />

Pasmada":<br />

Ante o frio,<br />

faz com o coração<br />

o contrário <strong>do</strong> que fazes com o corpo:<br />

despe-o.<br />

quanto mais nu,<br />

mais ele encontrará o único agasalho possível<br />

- um outro coração.<br />

Ana Galhar<strong>do</strong>


SOFTWARE OPEN SOURCE ALTRUÍSMO INFORMÁTICO?<br />

O open source é um conceito muito<br />

conheci<strong>do</strong> nos meios académico e de<br />

investigação e desenvolvimento (I&D),<br />

desde há longo tempo. Departamentos<br />

universitários das áreas das ciências<br />

computacionais e de comunicação<br />

de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> não hesitam em<br />

escolher sistemas abertos e gratuitos<br />

(sen<strong>do</strong> os sistemas Linux e FreeBSD<br />

muito representativos nesta área)<br />

como base <strong>do</strong> seu trabalho de estu<strong>do</strong>,<br />

investigação e desenvolvimento, atenden<strong>do</strong><br />

às características únicas de<br />

disponibilidade e de maturidade destes<br />

sistemas. Sem limitações, podem<br />

analisar ao pormenor o esqueleto <strong>do</strong>s<br />

sistemas operativos e de programas<br />

aplicacionais; detectar pontos de potencial<br />

melhoria; especificar e sugerir<br />

alterações ou acréscimos às funcionalidades<br />

existentes (patches); participar<br />

em listas de discussão electrónicas;<br />

integrar equipas de desenvolvimento<br />

distribuídas pelo globo; participar em<br />

conferências de especialidade; e, não<br />

menos importante, dar visibilidade ao<br />

projecto, ao grupo de investigação, ao<br />

departamento e à universidade ou<br />

instituição de I&D.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, uma das<br />

grandes contribuições para a<br />

causa <strong>do</strong> open source é o<br />

meio académico. Atrevernos-emos<br />

a pensar que é<br />

uma troca justa a que se dá<br />

neste meio. O open source permite,<br />

muitas vezes, o primeiro contacto <strong>do</strong>s<br />

estudantes com o interior <strong>do</strong>s sistemas<br />

operativos e das aplicações, e<br />

pode ser a única maneira de um laboratório<br />

poder prosseguir os seus projectos<br />

com custos reduzi<strong>do</strong>s, atenden<strong>do</strong><br />

a que sistemas operativos, compila<strong>do</strong>res,<br />

ferramentas de geração e<br />

monitorização de tráfego, motores de<br />

bases de da<strong>do</strong>s, editores de texto,<br />

servi<strong>do</strong>res web, e um infindável rol de<br />

mecanismos e aplicações open source<br />

estão disponíveis à distância de um<br />

clique, através de um <strong>do</strong>wnload gratuito.<br />

O meio académico retribui com o<br />

avanço de novos algoritmos e de<br />

novas tecnologias, resulta<strong>do</strong>, muitas<br />

vezes, <strong>do</strong> entusiástico altruísmo de<br />

muitos investiga<strong>do</strong>res e chefes de<br />

departamento que dedicam todas as<br />

suas energias à causa nobre de contribuir<br />

para um mun<strong>do</strong> melhor, outras<br />

vezes, "apenas" <strong>do</strong> profissionalismo e<br />

da excelência de unidades de investigação<br />

espalhadas pelo mun<strong>do</strong>.<br />

Exemplos não faltam, poden<strong>do</strong> ser<br />

destaca<strong>do</strong>s os projectos GNU e X11<br />

<strong>do</strong> MIT, o sistema FreeBSD da<br />

Universidade de Berkeley e o sistema<br />

Linux, inicia<strong>do</strong> na Universidade de<br />

Helsínquia.<br />

Não completamente desligada <strong>do</strong><br />

meio académico, surge a segunda<br />

vaga de contribuintes para a causa <strong>do</strong><br />

open source, os apaixona<strong>do</strong>s pela<br />

programação, geeks, hackers, ou<br />

fanáticos pela informática. Frequentemente,<br />

são estudantes de universidades<br />

tecnológicas ou jovens funcionários<br />

de empresas e instituições com<br />

vertente de I&D, que, nas horas vagas,<br />

se dedicam de corpo e alma a esquartejar<br />

o código de aplicações e sistemas,<br />

conhecen<strong>do</strong> os sistemas operativos<br />

e as aplicações como ninguém, e<br />

desenvolven<strong>do</strong> novos algoritmos e<br />

"patches" ao sistema. São, normalmente,<br />

estas pessoas que respondem<br />

Ser Solidário<br />

nas listas temáticas electrónicas, e<br />

normalmente fazem-no de forma sistemática<br />

e de forma desinteressada.<br />

São as almas das listas. Formam os<br />

novatos na área, dão formação gratuita,<br />

muitas vezes, a técnicos e quadros<br />

de empresas comerciais que utilizam o<br />

open source nos produtos proprietários<br />

que desenvolvem e comercializam.<br />

A haver altruísmo informático no<br />

open source, penso que será neste grupo<br />

de contribuintes. Altruísmo no senti<strong>do</strong><br />

em que não esperam receber nada<br />

em troca <strong>do</strong> seu trabalho intelectual, a<br />

não ser, talvez, o reconhecimento da<br />

comunidade, a satisfação de verem o<br />

seu trabalho imediatamente aplica<strong>do</strong> e<br />

dissemina<strong>do</strong> por milhões de utiliza<strong>do</strong>res,<br />

e a satisfação de se sentirem uma<br />

parte importante da engrenagem que é<br />

a construção colectiva <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

open source. Uma pequena parte<br />

destes altruistas cibernáuticos acabam<br />

por ser recompensa<strong>do</strong>s mais<br />

tarde, graças à visibilidade que obtiveram<br />

por mérito próprio, sen<strong>do</strong> convida<strong>do</strong>s<br />

a apresentar workshops em<br />

conferências de topo, ou mesmo convida<strong>do</strong>s<br />

a ocupar cargos em empresas<br />

tecnológicas ou instituições<br />

de I&D.<br />

Mas a atractividade <strong>do</strong><br />

open source desperta interesses<br />

muito para além <strong>do</strong>s<br />

fanáticos da programação e<br />

da comunidade académica e de I&D.<br />

Na realidade, o open source é hoje<br />

muito atractivo para as empresas que<br />

desenvolvem negócio na área das<br />

novas tecnologias. E as razões são<br />

muitas. Para as empresas que desenvolvem<br />

produtos de software ten<strong>do</strong> por<br />

base sistemas abertos, a maturidade<br />

destes sistemas, a disponibilidade<br />

imediata <strong>do</strong> código e, sobretu<strong>do</strong>, o<br />

extenso suporte da comunidade de<br />

desenvolvimento são factores importantes<br />

que permitem encurtar a fase de<br />

desenvolvimento <strong>do</strong>s novos produtos<br />

e o time-to-market associa<strong>do</strong>, e que<br />

limitam o custo total de desenvolvimento.Este<br />

é certamente um modelo<br />

torga 19


Ser Solidário<br />

apetecível, mesmo no caso em que os<br />

produtos desenvolvi<strong>do</strong>s são distribuí<strong>do</strong>s<br />

segun<strong>do</strong> a licença open source<br />

GPL (General Public License), da<br />

GNU, que obriga à disponibilização<br />

<strong>do</strong> código produzi<strong>do</strong> pela empresa,<br />

juntamente com a versão executável<br />

<strong>do</strong> software comercializa<strong>do</strong>. De facto,<br />

as empresas têm sabi<strong>do</strong> adaptar os<br />

seus modelos de negócio a esta realidade,<br />

apostan<strong>do</strong> fortemente na venda<br />

de serviços paralelos, que incluem a<br />

<strong>do</strong>cumentação, a configuração <strong>do</strong>s<br />

sistemas, a formação e a assistência<br />

técnica a clientes. Como exemplo, este<br />

modelo é actualmente aplica<strong>do</strong> em<br />

algumas das distribuições de Linux<br />

mais representativas, como é o caso<br />

da RedHat e da SuSe.<br />

Tal como acontece na comunidade<br />

académica, também no caso das empresas<br />

tecnológicas se assiste a uma<br />

troca mais ou menos equilibrada entre<br />

o que a empresa recebe da comunidade<br />

open source - código aberto, gratuito<br />

e com uma maturidade sustentada<br />

por milhares de programa<strong>do</strong>res de<br />

software espalha<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong>, já<br />

não falan<strong>do</strong> na assistência técnica<br />

qualificada e no trabalho intelectual a<br />

custo zero - e o que a empresa oferece<br />

a esta mesma comunidade, que pode<br />

ser contabiliza<strong>do</strong> em termos <strong>do</strong> aperfeiçoamento<br />

de algoritmos, sistemas e<br />

aplicações, e no desenvolvimento de<br />

novas funcionalidades normalmente<br />

integradas nos produtos comerciais<br />

que as empresas desenvolvem.<br />

Também não pode deixar de ser referi<strong>do</strong><br />

o papel fundamental que algumas<br />

empresas, tais como a Sun, a Hewlett<br />

Packard e a RedHat, assumem no<br />

desenvolvimento de grandes projectos<br />

open source, onde o projecto Gnome<br />

(interface gráfica para o Linux) é apenas<br />

um exemplo.<br />

O altruísmo na construção de software<br />

aberto é um tema recorrente, que<br />

suscita as mais diversas opiniões de<br />

teor filosófico, social e político na comunidade<br />

informática. Umas mais extremadas,<br />

como a <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s puritanos<br />

<strong>do</strong> software gratuito - aqueles<br />

20 torga<br />

para os quais o desenvolvimento <strong>do</strong><br />

software deve ter como única e possível<br />

filosofia a partilha e a solidariedade,<br />

recusan<strong>do</strong> qualquer utilização<br />

de software com fins comerciais [1] . No<br />

entanto, parece hoje óbvio que, mais<br />

<strong>do</strong> que louvar ou condenar as atitudes<br />

das pessoas individuais e das empresas<br />

perante a utilização <strong>do</strong> software<br />

aberto, interessa realçar a importância<br />

que este assume actualmente. Tal parece<br />

ser também a opinião de Linus<br />

Torvalds, o finlandês que desenvolveu<br />

a primeira versão <strong>do</strong> kernel <strong>do</strong> Linux<br />

no âmbito <strong>do</strong> seu projecto de licenciatura<br />

na Universidade de Helsínquia,<br />

em 1991, quan<strong>do</strong> diz: "[ainda] não sou<br />

muito filosófico relativamente ao open<br />

source. (...) tenho uma forte convicção<br />

que a cooperação e a partilha aberta<br />

de conhecimento acabam por resultar<br />

num melhor desenvolvimento".<br />

Joana Urbano<br />

joanaurbano@ismt.pt<br />

[1] Refira-se que, para esta<br />

comunidade, existe uma<br />

linha divisória clara entre<br />

o conceito de software<br />

gratuito (free software),<br />

deriva<strong>do</strong> da Free Software<br />

Foundation, e o conceito<br />

de software aberto (open<br />

source), <strong>do</strong> qual o sistema<br />

Linux é um importante<br />

representante.


MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E<br />

SOLIDARIEDADE: ENTRE O OPORTUNISMO E A<br />

OPORTUNIDADE DE MELHOR CIDADANIA<br />

João tem sete anos e vive numa aldeia<br />

isolada de Trás-os-Montes. É pastor,<br />

não vai à escola e o maior sonho que<br />

tem é ir ver o Benfica no estádio da<br />

Luz. Conheça a vida deste menino e<br />

como a X-TV fez com que a fantasia se<br />

tornasse realidade". Não terá si<strong>do</strong><br />

exactamente assim, mas não andava<br />

longe disto o que há algum tempo se<br />

pode assistir num telejornal de uma<br />

das televisões portuguesas. É o exemplo<br />

acaba<strong>do</strong> da caridadezinha interesseira<br />

e inconsequente, disfarçada de<br />

acto solidário. O miú<strong>do</strong> viu o<br />

Mantorras, o canal conquistou boa audiência<br />

com o pungente enre<strong>do</strong>, e o<br />

bom telespecta<strong>do</strong>r, emociona<strong>do</strong>, foi<br />

para a cama mais em paz com o mun<strong>do</strong>.<br />

O miú<strong>do</strong> teve os seus quinze minutos<br />

de fama, mas volta para as cabras,<br />

para o frio e para longe <strong>do</strong>s livros - com<br />

sorte, talvez o Benfica tenha ganho.<br />

Este é, na minha opinião, o tipo de<br />

"solidariedade" mais abjecto pratica<strong>do</strong><br />

por alguma comunicação social. Outro<br />

exemplo é o de programas que tentam<br />

dar uma resposta - "boa samaritana"<br />

- à necessidade de tratamento de<br />

determinada pessoa: "Gertrudes tem<br />

vinte e sete anos, mas uma estranha<br />

<strong>do</strong>ença faz com que pareça ter cinquenta.<br />

Na emissão de hoje vamos<br />

tentar arranjar uma clínica que a trate<br />

de graça". E claro que conseguem,<br />

porque já está tu<strong>do</strong> combina<strong>do</strong>.<br />

Gertrudes é só a idiota útil de serviço,<br />

nada mais.<br />

Estes são, obviamente, os casos<br />

mais pornográficos de oportunismo<br />

<strong>do</strong>s media a pretexto <strong>do</strong> "ser solidário".<br />

E a falta de gosto e decoro é<br />

tão clara, que torna dispensáveis<br />

quaisquer argumentos extra para justificar<br />

por eles o mais claro desprezo.<br />

Mas, ainda que claramente noutra<br />

latitude de decência, a prática da solidariedade<br />

pelos meios de comunicação<br />

social merece outro tipo de reflexões.<br />

Desde logo, porque implicam<br />

sempre uma troca, uma expectativa de<br />

retorno, de benefício. Na maior parte<br />

<strong>do</strong>s casos, e no mínimo, os media não<br />

deixam de fazer gala <strong>do</strong> acto solidário,<br />

não perdem a oportunidade de sublinhar<br />

a boa ín<strong>do</strong>le que reconhecem a si<br />

próprios por divulgar ou promover<br />

determinada acção com esse cariz.<br />

Ora, como diz o dita<strong>do</strong> - por acaso<br />

Ser Solidário<br />

sobre a caridade, mas vai dar ao<br />

mesmo - a solidariedade não se apregoa,<br />

pratica-se.<br />

Noutros casos, são os próprios<br />

meios de comunicação social que lideram,<br />

são eles os cria<strong>do</strong>res, os<br />

"<strong>do</strong>nos" (ou quase) da iniciativa- a gala<br />

da televisão Y em prol disto e daquilo,<br />

o bonequinho que traz sempre uma fitinha<br />

com o logotipo da rádio X, etc. É<br />

a solidariedade transformada em espectáculo<br />

de variedades, ou em hino,<br />

que até nem tem mal, antes méritos,<br />

mas dura muito pouco.<br />

Mais interessante que esses fogachos<br />

de boa vontade, seria que os<br />

media, e principalmente os de serviço<br />

público, promovessem de forma permanente<br />

uma cultura e uma pedagogia<br />

de solidariedade junto <strong>do</strong>s seus<br />

públicos. E nessa estratégia, a informação,<br />

o jornalismo, podem desempenhar<br />

um papel crucial. Porque, enquanto<br />

media<strong>do</strong>r entre a realidade e<br />

os cidadãos, é o jornalismo quem escolhe<br />

e hierarquiza o que há-de ser<br />

notícia, e, dessa forma, não se perderá<br />

na espuma <strong>do</strong>s dias. Não se está aqui<br />

a defender que o jornalista se transforme<br />

em missionário. Antes que execute<br />

o seu trabalho, e que, sem cedências<br />

no que toca às regras da profissão,<br />

questione, provoque, chame a<br />

atenção e, porque não, incomode<br />

quem lê, vê ou escuta sobre as injustiças,<br />

o sofrimento, e a crueldade que<br />

afectam tanta gente, por toda a parte.<br />

Serão assim muito maiores a probabilidades<br />

de cada um ser um "Ser<br />

Solidário" por convicção, por formação,<br />

em suma, porque é assim que<br />

to<strong>do</strong>s os dias sentiremos que somos<br />

mais gente. E quan<strong>do</strong> assim for, talvez<br />

nos preocupemos em saber o que é<br />

feito <strong>do</strong> João, e de to<strong>do</strong>s como ele. Já<br />

vai à escola? Ou terá si<strong>do</strong> a viagem à<br />

Luz o último e "solidário" sonho a que<br />

teve direito?<br />

Artur Carvalho<br />

torga 21


Ser Solidário<br />

SOLIDARIEDADE ATRAVÉS DA<br />

INTERNET<br />

À medida que a rede (Web) se estende,<br />

as possibilidades de actuação aumentam.<br />

Se no início apenas os académicos<br />

se entreajudavam, agora, a chegada<br />

da Internet a milhões de utiliza<strong>do</strong>res<br />

lançou-a para as preferências<br />

de quem quer ser solidário.<br />

Talvez a primeira acção de solidariedade<br />

com base na Internet, com impacto<br />

mundial, tenha si<strong>do</strong> apenas há<br />

dez anos. Os estudantes da Universidade<br />

de Belgra<strong>do</strong> barricaram-se numa<br />

espécie de "bunker" instala<strong>do</strong> na<br />

Faculdade de Filosofia. Com ligação<br />

ao mun<strong>do</strong> através da net, conseguiram<br />

contactos primeiro com outras<br />

Universidades e depois com um vasto<br />

número de pessoas solidárias com a<br />

sua luta. Na época, o regime de<br />

Milosevic tentava impedir que o novo<br />

presidente eleito para o município da<br />

cidade tomasse posse. Das intermináveis<br />

manifestações ao som de<br />

apitos, deram conta as televisões, mas<br />

a intervenção directa de protesto por<br />

parte de cidadãos de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>,<br />

chegou em mensagens de apoio por<br />

parte de personalidades de renome<br />

internacional que utilizaram a rede<br />

para fazer chegar o seu protesto.<br />

O caso das nigerianas condenadas<br />

à morte por suposto adultério, provocou<br />

outro <strong>do</strong>s grandes movimentos de<br />

solidariedade através da Internet. A<br />

pressão internacional exercida com o<br />

recurso à nova tecnologia foi igualmente<br />

utilizada no processo de autodeterminação<br />

de Timor-Leste. Milhares<br />

de e-mails entupiram a caixa de<br />

correio electrónico da Casa Branca,<br />

enquanto que outros tantos eram simplesmente<br />

devolvi<strong>do</strong>s pelo Palácio<br />

presidencial in<strong>do</strong>nésio.<br />

É certo que a Internet, especialmente<br />

22 torga<br />

com o recurso ao correio<br />

electrónico, passou a servir<br />

as mais diversas, e por<br />

vezes pouco credíveis, formas<br />

de solidariedade.<br />

Pedi<strong>do</strong>s de ajuda falsos passaram<br />

a fazer parte <strong>do</strong> quotidiano<br />

de quem utiliza a grande<br />

rede. Mas as potencialidades desta<br />

nova forma de comunicação, são<br />

demasiadamente poderosas para<br />

que não seja aproveitada. Em<br />

Portugal, as mais credíveis parecem<br />

ser as petições electrónicas. E têm<br />

existi<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s os gostos e em<br />

todas as áreas, incluin<strong>do</strong> a Comunicação<br />

Social. Acredita-se que a PT<br />

Multimédia não tenha encerra<strong>do</strong> a TSF<br />

online, muito por culpa de uma enorme<br />

pressão através da Internet que alastrou<br />

ao Parlamento.<br />

Não haven<strong>do</strong> fronteiras para a Internet,<br />

mesmo assim existe uma organização<br />

que se designa "Internautas<br />

sem Fronteiras". A ideia não é, no<br />

entanto, ultrapassar os limites geográficos,<br />

mas romper as barreiras das<br />

relações humanas, sobretu<strong>do</strong> a indiferença.<br />

Apenas um exemplo entre<br />

muitos. Procurar incentivar e articular<br />

relações de solidariedade através da<br />

Internet. Sempre que houver uma necessidade<br />

urgente, membros da Rede<br />

podem enviar alertas através de canais<br />

de IRC, um <strong>do</strong>s mais comuns serviços<br />

utiliza<strong>do</strong>s pelos internautas para<br />

conversas virtuais em tempo real, e<br />

assim obterem ajuda de pessoas que<br />

estejam ligadas em diferentes países.<br />

Inspirada no espírito <strong>do</strong>s radioama<strong>do</strong>res,<br />

que costumavam desempenhar<br />

esse mesmo papel, a organização optou<br />

por utilizar o potencial da Internet,<br />

devi<strong>do</strong> à sua agilidade e ao seu carácter<br />

universal. A ferramenta, o IRC, foi<br />

escolhida por ser um sistema aberto,<br />

simples, que permite guardar um registo<br />

das conversas e moderar a participação<br />

<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>res, de mo<strong>do</strong> a<br />

evitar o uso indevi<strong>do</strong>. Quem estiver<br />

interessa<strong>do</strong> em fazer parte da rede,<br />

pode inscrever-se no site http://<br />

www.internautessansfrontieres.org/<br />

desde que tenha pelo menos 18 anos.<br />

Uma vez inscrito, bastará entrar na<br />

rede IRC e aceder ao canal de urgências<br />

da organização para participar.<br />

O seu cria<strong>do</strong>r, Georges Go<strong>do</strong>y, classifica<br />

a iniciativa, romanticamente,<br />

como o "velho sonho de unir to<strong>do</strong>s os<br />

homens e todas as mulheres de boa<br />

vontade no mun<strong>do</strong>, sem depender de<br />

governos, religiões, políticas, raças ou<br />

bandeiras".<br />

Francisco Amaral


UMA ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES SOLIDÁRIA…<br />

Ao sabermos o tema desta edição a<br />

Associação de Estudantes <strong>do</strong> Instituto<br />

Superior Miguel Torga não quis ficar à<br />

margem e também decidiu escrever<br />

um texto relativo a esta temática.<br />

Desde a sua fundação esta Associação<br />

sempre teve um forte cariz solidário,<br />

em muito influencia<strong>do</strong> pela Licenciatura<br />

em Serviço Social leccionada<br />

no Instituto Superior Miguel Torga.<br />

Ao longo da sua existência têm si<strong>do</strong><br />

várias as iniciativas desenvolvidas<br />

neste campo. Desde recolhas de alimentos,<br />

vestuário, passan<strong>do</strong> pela<br />

organização de marchas de solidariedade<br />

e de recolha de fun<strong>do</strong>s para serem<br />

utiliza<strong>do</strong>s em causas nobres,<br />

como foi a última organizada em favor<br />

das vítimas <strong>do</strong> recente tsunami na Ásia<br />

até à organização de seminários e colóquios<br />

de debate e sensibilização.<br />

Estamos certos e acreditamos que<br />

ser solidário não custa, tu<strong>do</strong> depende<br />

da maneira como lidamos com os outros,<br />

porque muitas vezes sentimo-nos<br />

desgraça<strong>do</strong>s por não ter sapatos até<br />

ao dia em que nos cruzamos com alguém<br />

que não tem pernas.<br />

Vivemos num mun<strong>do</strong> consumista e<br />

sempre de olho na carteira, porque<br />

olhamos tanto para nós próprios que<br />

nos esquecemos <strong>do</strong>s que nos rodeiam.<br />

E então encarnamos uma destas<br />

pessoas da história das responsabilidades:<br />

Era uma vez um grupo de pessoas que<br />

se chamavam:<br />

NINGUÉM,<br />

ALGUÉM,<br />

QUALQUER UM,<br />

TODA A GENTE.<br />

Havia uma tarefa muito importante a<br />

realizar e<br />

TODA A GENTE tinha a certeza de que<br />

ALGUÉM a faria, QUALQUER UM a<br />

poderia ter feito,<br />

Mas NINGUÉM tomou conta dela.<br />

ALGUÉM ficou furioso,<br />

Porque se tratava de uma tarefa que<br />

cabia a TODA A GENTE.<br />

CADA UM pensou que QUALQUER<br />

UM poderia fazê-la, mas NINGUÉM<br />

pensou que TODA A GENTE, se esqueceria<br />

de a fazer.<br />

O resulta<strong>do</strong> é que CADA UM acusou<br />

ALGUÉM, da<strong>do</strong> que ninguém fez o<br />

que QUALQUER UM poderia ter feito.<br />

Autor: NINGUÉM, i rede, nº. 14.<br />

Dizem que o sonho comanda a vida e<br />

que a vida é feita da mesma substância<br />

de que são feitos os sonhos,<br />

então não te parece que se consegues<br />

sonhar também consegues viver e<br />

tornar essa vida mais completa ajudan<strong>do</strong><br />

os outros?<br />

Tu<strong>do</strong> depende de nós, vamos dar as<br />

mãos e tornar os nossos mun<strong>do</strong>s<br />

utópicos em mun<strong>do</strong>s realistas férteis<br />

de entreajuda.<br />

AE - ISMT<br />

Ser Solidário<br />

torga 23


Ser Solidário<br />

24 torga<br />

[1] Granovetter, Mark. 2005.<br />

"The Impact of Social Structure<br />

on Economic Outcomes."<br />

Journal of Economic Perspectives.<br />

19:1, pp. 33-50.<br />

[2] Alguns conceitos são necessários<br />

para operacionalizar<br />

este princípio. Entre eles estão<br />

os seguintes: Grafo - conjunto<br />

de no<strong>do</strong>s e arcos; e Rede -<br />

grafo com valores associa<strong>do</strong>s<br />

aos arcos. Assim, uma rede<br />

com n no<strong>do</strong>s pode ter um<br />

máximo de arcos que<br />

liguem os no<strong>do</strong>s. Consequentemente,<br />

a rede tem densidade<br />

máxima quan<strong>do</strong> tem arcos.<br />

Os valores associa<strong>do</strong>s aos<br />

arcos, que podemos pensar<br />

como a quantidade de informação<br />

por unidade de tempo<br />

que é transmitida de no<strong>do</strong> a<br />

no<strong>do</strong>, assumem uma natureza<br />

determinística ou estocástica.<br />

[3] Por free-riding, entende-se o<br />

comportamento oportunístico<br />

de indivíduos que beneficiam<br />

de um bem público, semipúblico<br />

ou de mérito coloca<strong>do</strong><br />

à disposição pela colectividade<br />

(Esta<strong>do</strong>, sociedade ou comunidade),<br />

sem comparticiparem<br />

nos custos globais a eles inerentes.<br />

Um exemplo óbvio é o<br />

de um indivíduo que pertence e<br />

beneficia <strong>do</strong> Serviço Nacional<br />

de Saúde e que não paga<br />

impostos, apesar de auferir<br />

rendimentos eleva<strong>do</strong>s.<br />

REDES SOCIAIS E A ACTIVIDADE ECONÓMICA<br />

Este texto escora-se num artigo Mark<br />

Granovetter [1] e, enquanto tal, tem um<br />

escopo didáctico e expositivo.<br />

As redes sociais têm um impacto<br />

relevante na actividade económica.<br />

Intuitivamente sabemos que é assim.<br />

Todavia, a influência da estrutura social<br />

na economia é geralmente assumida<br />

como residual, ou seja, os economistas<br />

não a incorporam como<br />

variável independente autónoma nos<br />

seus principais modelos macroeconómicos.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, a análise económica<br />

mainstream tende a descurar aspectos<br />

sociológicos que, como veremos<br />

adiante, são significativos no que concerne<br />

ao funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

de trabalho, formação de preços, produtividade<br />

e inovação.<br />

Ainda que sem qualquer pretensão<br />

académica, faremos algumas observações<br />

avulsas sobre os princípios<br />

nucleares, que moldam a relação entre<br />

as redes sociais e o produto da actividade<br />

económica, e suas implicações<br />

gerais, com a realidade económicosocial<br />

portuguesa.<br />

Em primeiro lugar, as redes sociais<br />

afectam a economia por três vias principais:<br />

1ª - Fazem variar o fluxo e a qualidade<br />

da informação - os indivíduos<br />

tendem a atribuir maior importância à<br />

informação disponibilizada através<br />

<strong>do</strong>s seus contactos pessoais;<br />

2ª - Constituem um meio eficaz de<br />

recompensa e castigo, visto que estas<br />

reacções são amplificadas quan<strong>do</strong><br />

provenientes de pessoas que conhecemos<br />

e estimamos;<br />

3ª - Geram confiança nos outros, i.e.<br />

acredita-se que os outros agirão correctamente<br />

(<strong>do</strong> the right thing), apesar<br />

de uma tendência evidente em senti<strong>do</strong><br />

contrário, como será explica<strong>do</strong>.<br />

São quatro os princípios nucleares:<br />

1. Normas e Densidade de Rede:<br />

quanto mais densa for uma rede<br />

social, mais bem definidas, firmemente<br />

mantidas e impostas serão as normas<br />

[2] . Em princípio, quanto mais coesa<br />

e densa for uma rede, mais eficiente<br />

será a acção colectiva que vise<br />

a resolução <strong>do</strong> free-riding [3] . Ao invés,<br />

e dadas as restrições cognitivas,<br />

espaciais e temporais de um ser


humano, quanto mais numeroso for<br />

um grupo, menor será a sua capacidade<br />

de fixar e impor normas;<br />

2. A Força das Ligações Fracas: um<br />

maior volume de informação pertinente<br />

flui para os indivíduos através de<br />

laços fracos, da<strong>do</strong> que aqueles que<br />

nos estão mais próximos tendem a<br />

movimentar-se no mesmo círculo<br />

social, enquanto aqueles com quem<br />

apenas mantemos algum contacto<br />

conseguem obter informação que<br />

constitui para nós uma novidade. Isto<br />

tem implicações económicas de<br />

monta, tais como encontrar um novo<br />

emprego ou obter um serviço escasso.<br />

Ligações fracas entre grupos com<br />

subredes densas determinam uma<br />

maior difusão em larga escala da informação<br />

e, talvez ainda mais importante,<br />

desempenham um papel fundamental<br />

na transmissão de informações<br />

únicas e não redundantes;<br />

3. A Importância das Desconexões<br />

Estruturais: os que se ligam a diversas<br />

subredes, cujo caminho entre elas é<br />

longo, ou quan<strong>do</strong> constituem o único<br />

no<strong>do</strong> pelo qual passa informação ou<br />

outro género de recursos para o<br />

grupo/subrede social a que pertencem,<br />

possuem uma vantagem estratégica<br />

que lhes permite explorar as<br />

desconexões estruturais na rede<br />

social;<br />

4. A Interligação Entre as Acções<br />

Económicas e Não-Económicas: uma<br />

quota-parte não despicienda da nossa<br />

vida social gira em torno de um eixo<br />

não económico. Logo, esse tipo de<br />

A análise económica mainstream tende a descurar aspectos<br />

sociológicos<br />

actividade afecta os custos e as técnicas<br />

disponíveis para a actividade económica:<br />

as decisões tomadas estritamente<br />

nesse âmbito estão relacionadas<br />

ou dependem <strong>do</strong> comportamento<br />

das instituições que não têm processos,<br />

objectivos e conteú<strong>do</strong> económicos<br />

- redes sociais, cultura, política e<br />

religião. Podemos ilustrar este princípio<br />

referin<strong>do</strong> a cultura da corrupção<br />

(rent seeking) e os laços de parentesco<br />

e amizade no recrutamento de trabalha<strong>do</strong>res<br />

(potencia<strong>do</strong>res de eficiência<br />

Ser Solidário<br />

económica - ideia oposta à <strong>do</strong> senso<br />

comum - a "cunha").<br />

Vejamos com maior detalhe as implicações<br />

destes princípios.<br />

Relativamente ao merca<strong>do</strong> de trabalho:<br />

a interdependência entre carreiras<br />

profissionais e redes leva-nos a<br />

pensar numa urna pertença de cada<br />

elemento/no<strong>do</strong> onde existem bolas<br />

vermelhas (contactos com informação<br />

relevante para quem procura emprego)<br />

e brancas (to<strong>do</strong>s os outros). Numa<br />

primeira análise, é evidente que quanto<br />

maior a proporção de bolas vermelhas,<br />

maior é a probabilidade de encontrar<br />

um novo emprego ou enveredar<br />

por uma carreira profissional diferente.<br />

Uma vez alcança<strong>do</strong> um destes<br />

objectivos, o indivíduo estabelece novos<br />

contactos, e partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> segun<strong>do</strong><br />

e terceiro princípios nucleares, aumenta<br />

a proporção de bolas vermelhas na<br />

sua urna. Mas, a mais interessante e<br />

complexa indução é a de que os próprios<br />

contactos que se vão estabelecen<strong>do</strong><br />

usufruem, por interacção, de<br />

um aumento da sua proporção de<br />

bolas vermelhas, o que os torna ainda,<br />

para o sujeito em causa, uma melhor<br />

torga 25


Ser Solidário<br />

fonte de informação, i.e. quan<strong>do</strong> a mobilidade<br />

resulta das ligações em rede,<br />

ela faz variar a estrutura da própria<br />

rede, que por sua vez terá um impacto<br />

futuro nos padrões de mobilidade.<br />

Relativamente à formação <strong>do</strong>s<br />

preços: as relações pessoais e de confiança<br />

e o status que elas conferem<br />

entre compra<strong>do</strong>r e vende<strong>do</strong>r ou entre<br />

agentes económicos conluia<strong>do</strong>s têm<br />

um impacto negativo na flexibilidade<br />

económica <strong>do</strong> sistema, ou seja, são<br />

dissuasivas de decisões económicas<br />

unicamente baseadas na teoria neoclássica<br />

que explica a formação <strong>do</strong>s<br />

preços.<br />

Relativamente à Produtividade e<br />

26 torga<br />

Cumprimento de Normas: a posição<br />

social que alguém ocupa num grupo<br />

pode ter uma influência decisiva na sua<br />

produtividade, visto que: existe um<br />

espectro amplo de tarefas que só<br />

podem ser executadas em estreita<br />

colaboração com terceiros; e muito <strong>do</strong><br />

trabalho é demasia<strong>do</strong> complexo e subtil<br />

para ser executa<strong>do</strong> através de um<br />

mero cumprimento formal de normas<br />

("by the book"). As regras informais, os<br />

sistemas de controlo e lealdade dentro<br />

<strong>do</strong> grupo, a cultura grupal e os seus<br />

rituais estabelecem limites à produtividade<br />

de um elemento, bem como à<br />

maximização <strong>do</strong> lucro de uma firma.<br />

Relativamente à Inovação: o mo<strong>do</strong><br />

como determina<strong>do</strong>s produtos, ideias<br />

ou serviços são difundi<strong>do</strong>s numa rede<br />

social depende da aceitação social <strong>do</strong>s<br />

mesmos. O caso <strong>do</strong> seguro de vida,<br />

por exemplo: a partir <strong>do</strong> momento em<br />

que a indústria segura<strong>do</strong>ra conseguiu o<br />

apoio <strong>do</strong>s representantes da Igreja<br />

(garantir segurança à família após a<br />

morte é um dever sagra<strong>do</strong>), transformou<br />

um produto, a priori macabro,<br />

num elemento simbólico de afecto.<br />

Determinadas inovações financeiras<br />

têm sucesso ou falham porque as subredes<br />

sociais/grupos são densas e suficientemente<br />

poderosas - num extremo<br />

temos o Chicago Board of Options<br />

Exchange, no outro as "junk bonds".<br />

O tema de capa da TORGA - "Ser<br />

Solidário" - pode ser claramente<br />

inseri<strong>do</strong> neste contexto. Aquilo que<br />

designamos como solidariedade pode<br />

ser analisa<strong>do</strong> e operacionaliza<strong>do</strong> à luz<br />

<strong>do</strong>s princípios enuncia<strong>do</strong>s e melhor<br />

compreendi<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s exemplos<br />

forneci<strong>do</strong>s. A osmose entre redes sociais,<br />

que englobam esse conceito<br />

chapéu que é a solidariedade, e a<br />

economia não pode ser ignorada<br />

quan<strong>do</strong> se estudam fenómenos como<br />

a pobreza, a exclusão, o desemprego<br />

e o acesso à informação.<br />

Seria ainda importante investigar por<br />

que razão em Portugal existe uma perversão<br />

tão grosseira <strong>do</strong>s princípios<br />

que gera um free-riding transversal e<br />

maciço, uma cultura generalizada de<br />

corrupção (rent seeking), uma reduzida<br />

mobilidade social e profissional e uma<br />

baixa produtividade, apesar de numa<br />

primeira análise existir uma rede social<br />

densa e coesa, que os poderia evitar<br />

de mo<strong>do</strong> eficiente.<br />

Henrique Amaral Dias


CC - Licença para Copiar<br />

A creative commons Licence<br />

E se de repente pudesse copiar música,<br />

textos ou fotografias de outras pessoas<br />

sem que isso constituísse um<br />

crime? Graças a muitos autores, que<br />

estão a publicar as suas obras com<br />

licenças que atribuem ao utiliza<strong>do</strong>r o<br />

direito de copiar e usar, isso já é possível.<br />

Em alguns casos a licença vai tão<br />

longe que autoriza mesmo a cópia para<br />

distribuição comercial. Já imaginou,<br />

por exemplo, editar e vender livros<br />

escritos por outra pessoa, sem qualquer<br />

pedi<strong>do</strong> de autorização ao autor?<br />

Na origem destas licenças para<br />

copiar e distribuir está a Creative<br />

Commons, uma entidade surgida nos<br />

EUA em 2001 com o propósito de<br />

implementar diversos tipos de licenças<br />

que facilitassem o uso e livre distribuição<br />

da propriedade intelectual. Neste<br />

momento tem milhares de segui<strong>do</strong>res<br />

por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> Portugal,<br />

onde já há quem trabalhe para que em<br />

breve as licenças Creative Commons<br />

possam ter um interlocutor váli<strong>do</strong> no<br />

nosso país.<br />

Originalmente inspirada pelo movimento<br />

de software livre (a este<br />

propósito veja o artigo da Eng.ª Joana<br />

Urbano nesta edição), as licenças da<br />

Creative Commons são a<strong>do</strong>ptadas por<br />

organizações diversas e presentes em<br />

quase to<strong>do</strong> o espectro cultural. Um<br />

<strong>do</strong>s exemplos mais recentes trata-se<br />

da "Open Democracy", uma revista<br />

on-line sobre assuntos de politica<br />

internacional, no seu senti<strong>do</strong> mais<br />

amplo, que passou agora a permitir<br />

cópia e distribuição da maioria <strong>do</strong>s<br />

seus artigos.<br />

No mun<strong>do</strong> universitário temos alguns<br />

exemplos notáveis. É o caso <strong>do</strong>s<br />

"cursos abertos" <strong>do</strong> Massachussets<br />

Institute of Technology (MIT), que<br />

disponibilizam, gratuitamente, centenas<br />

de cursos e textos universitários<br />

das mais diversas áreas <strong>do</strong> saber.<br />

Este foi o primeiro de muitos<br />

textos que queremos publicar<br />

na Torga sobre estas temáticas<br />

relacionadas com o<br />

livre acesso á propriedade<br />

intelectual. Pretendemos<br />

deste mo<strong>do</strong> abrir novos<br />

horizontes aos nossos<br />

leitores quan<strong>do</strong> buscam<br />

conteú<strong>do</strong>s de<br />

qualidade e de acesso<br />

livre legal.<br />

Fernan<strong>do</strong> Teófilo<br />

Adicionar aos Favoritos:<br />

http://creativecommons.org/<br />

http://opendemocracy.net<br />

http://ocw.mit.edu<br />

Lance Livre


Licenciaturas<br />

LICENCIATURAS<br />

O Instituto Superior Miguel<br />

Torga (ISMT), uma das mais<br />

antigas Instituições Universitárias<br />

de Ensino Superior<br />

Priva<strong>do</strong> em Portugal, ministra<br />

actualmente cinco Licenciaturas:<br />

Serviço Social,<br />

Ciências da Informação,<br />

Informática de Gestão, Psicologia<br />

e Multimédia.<br />

28 torga<br />

SERVIÇO SOCIAL<br />

Há mais de 65 Anos a ensinar<br />

Serviço Social.<br />

Presente desde as origens<br />

<strong>do</strong> ISMT em 1937,<br />

com as vantagens que esta<br />

longa experiência garante, a<br />

Licenciatura em Serviço<br />

Social está estruturada por<br />

um plano de estu<strong>do</strong>s que<br />

visa contribuir para a construção<br />

de uma identidade<br />

profissional através de uma<br />

sólida formação e qualificação<br />

teórica, que desenvolva<br />

nos alunos a capacidade<br />

para compreender e desenvolver<br />

as competências da<br />

intervenção, da planificação,<br />

da avaliação e da<br />

investigação no Serviço Social.<br />

As saídas profissionais<br />

para licencia<strong>do</strong>s em Serviço<br />

Social são muito variadas:<br />

Segurança Social, Saúde,<br />

Autarquias Locais, Justiça,<br />

Intervenção Psicoterapêutica<br />

e Psicossocial, Trabalho<br />

e Educação (permite Habilitação<br />

própria para a <strong>do</strong>cência<br />

- Grupo 19 <strong>do</strong> Secundário.<br />

Um <strong>do</strong>s aspectos<br />

mais reconheci<strong>do</strong>s pelos<br />

alunos de Serviço Social <strong>do</strong><br />

ISMT é a formação pré-profissional<br />

que obtêm através<br />

<strong>do</strong> estágio anual, com supervisão,<br />

a que se alia uma<br />

prática de investigação,<br />

intensifican<strong>do</strong> as relações<br />

entre a Escola, a realidade<br />

social e institucional<br />

CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO<br />

TV - Rádio - Imprensa - Ciberjornalismo<br />

- Fotojornalismo<br />

Saber com Experiência<br />

A Licenciatura em Ciências<br />

da Informação assenta<br />

num carácter de especificidade<br />

exigi<strong>do</strong> ao profissional<br />

de Comunicação Social.<br />

Esta Licenciatura é por isso<br />

incisiva na área da comunicação<br />

social, nas suas quatro<br />

manifestações mediáticas:<br />

a imprensa, a rádio, a<br />

televisão e o Ciberjornalismo;<br />

não descuran<strong>do</strong> outras<br />

vertentes, nomeadamente, o<br />

fotojornalismo, a produção e<br />

a realização televisiva.<br />

Este curso pretende responder<br />

à evolução que o<br />

merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s media tem<br />

sofri<strong>do</strong>, aos avanços técnicos<br />

e científicos, bem como<br />

às necessidades de homogeneização<br />

<strong>do</strong> ensino na<br />

Comunidade Europeia. Os<br />

principais <strong>do</strong>mínios desta<br />

licenciatura são a Comunicação<br />

e a Informação e as<br />

Novas Tecnologias, enquadradas<br />

por outras disciplinas<br />

<strong>do</strong> foro <strong>do</strong> Direito e das<br />

Ciências Sociais, com<br />

vista ao bom entendimento<br />

das envolventes económicas,<br />

sociais e jurídicas, imprescindíveis<br />

ao profissional<br />

da comunicação.<br />

A elevada qualidade académica<br />

e profissional <strong>do</strong><br />

corpo <strong>do</strong>cente, com ligações<br />

directas às televisões,<br />

rádios e jornais presentes<br />

em Coimbra e a existência<br />

de estúdios de rádio, de<br />

televisão e de fotografia,<br />

equipa<strong>do</strong>s com a mais moderna<br />

tecnologia, permitem<br />

atingir uma sólida formação.<br />

As saídas profissionais<br />

nesta área são: TV, Rádio,<br />

Imprensa, Informação Online,<br />

Fotojornalismo, Produção<br />

e Realização, Gabinetes<br />

de Comunicação e Imagem,<br />

Assessoria de Imprensa, Empresas<br />

produtoras de Audiovisuais<br />

e de Escrita Criativa.


INFORMÁTICA DE GESTÃO<br />

As Tecnologias de Informação<br />

ao serviço das Empresas<br />

A informática tem vin<strong>do</strong> a<br />

constituir, ao longo <strong>do</strong>s<br />

anos uma ferramenta chave<br />

de apoio à gestão das organizações.<br />

Inicialmente dedicada<br />

quase exclusivamente<br />

ao processamento de da<strong>do</strong>s,<br />

passou entretanto a<br />

assumir a importância cada<br />

vez mais crítica no apoio à<br />

decisão. Mais recentemente<br />

transformou-se, também,<br />

numa componente indissociável<br />

<strong>do</strong>s próprios processos<br />

de decisão estratégica<br />

e de planeamento das organizações.<br />

Foi no reconhecimento<br />

destes desafios que<br />

foi concebida a licenciatura<br />

em Informática de Gestão.<br />

As saídas profissionais <strong>do</strong>s<br />

futuros licencia<strong>do</strong>s situamse<br />

em to<strong>do</strong>s os sectores de<br />

actividade onde se pretenda<br />

elevada competência na<br />

conjugação <strong>do</strong>s saberes de<br />

Informática e de Gestão,<br />

com destaque para as empresas<br />

industriais e de serviços<br />

bem como para a administração<br />

pública. Os<br />

alunos de Informática de<br />

Gestão têm ao seu dispor<br />

um laboratório de Informática<br />

equipada com o mais<br />

recente hardware e software,<br />

com acesso à Internet<br />

em Banda Larga. As Saídas<br />

Profissionais são amplas:<br />

Desenvolvimento de aplicações<br />

de software, planeamento<br />

e integração de sistemas<br />

de informação, desenvolvimento<br />

de sistemas<br />

de apoio à decisão e de<br />

gestão de departamentos<br />

de informática.<br />

PSICOLOGIA<br />

Aprender com Quem Sabe<br />

Fazer<br />

Para quem procura uma<br />

alternativa de qualidade em<br />

Coimbra, a Licenciatura em<br />

Psicologia no Instituto Superior<br />

Miguel Torga (ISMT) é<br />

a opção. Ten<strong>do</strong> por objectivo<br />

a promoção de quadros<br />

<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s conhecimentos<br />

necessários a uma análise,<br />

a uma interpretação e a<br />

uma perspectiva tão específicas<br />

quanto globalizantes<br />

da realidade <strong>do</strong> século XXI,<br />

nas suas múltiplas necessidades<br />

e desafios, o curso<br />

de Psicologia <strong>do</strong> ISMT é um<br />

<strong>do</strong>s mais procura<strong>do</strong>s pelos<br />

jovens que terminam o 12º<br />

ano. Procura-se que os licencia<strong>do</strong>s<br />

em Psicologia <strong>do</strong><br />

ISMT aprendam os méto<strong>do</strong>s<br />

de investigação e intervenção<br />

psicológica e tenham<br />

competências para o<br />

desempenho de funções<br />

quer na carreira de Psicologia<br />

propriamente dita, quer<br />

nos quadros superiores da<br />

Administração Pública, empresas,<br />

comunicação social<br />

e ensino. As saídas profissionais<br />

para os licencia<strong>do</strong>s<br />

nesta área são: Hospitais,<br />

Centros de Saúde, Escolas,<br />

Administração Pública, Organizações<br />

não Governamentais,<br />

Ensino, entre outras.<br />

MULTIMEDIA<br />

Internet - Web design - Imagem<br />

e Som<br />

Preparar os alunos para liderarem<br />

projectos de Comunicação<br />

Digital, este o grande<br />

objectivo da Licenciatura<br />

em Multimédia.<br />

Abrangen<strong>do</strong> as áreas da<br />

Criação, Produção, Design,<br />

Comunicação e Edição de<br />

materiais multimédia, este<br />

curso tem si<strong>do</strong> cada vez<br />

mais procura<strong>do</strong> por alunos<br />

que já perceberam que o seu<br />

futuro passa pelos conteú<strong>do</strong>s<br />

e pelas interfaces digitais,<br />

nomeadamente para os<br />

novos suportes de comunicações<br />

móveis. As saídas<br />

profissionais para futuros<br />

licencia<strong>do</strong>s em Multimédia<br />

são: Design e Multimédia,<br />

Projectos Internet, Produção<br />

e Edição de Imagem, Agências<br />

de Publicidade, Produtoras<br />

de Vídeo, Meios de<br />

Comunicação Social, Editoras,<br />

Administração Pública,<br />

Instituições de Ensino.<br />

Licenciaturas<br />

CANDIDATURAS 2005/2006<br />

Perío<strong>do</strong> de Candidatura –<br />

13 de Junho a 5 de Agosto<br />

de 2005<br />

Afixação das listas de candidatos<br />

admiti<strong>do</strong>s e rejeita<strong>do</strong>s – 10<br />

de Agosto de 2005<br />

Perío<strong>do</strong> de reclamações –<br />

11 e 12 de Agosto 2005<br />

Matrículas – 16 de Agosto a<br />

31 de Agosto 2005<br />

Para acesso aos cursos de<br />

Licenciatura deste Instituto<br />

a classificação mínima exigida<br />

nas Provas de Ingresso<br />

é de 95 pontos, numa escala<br />

de 0 a 200.<br />

Em relação à fórmula de cálculo<br />

da nota de candidatura,<br />

os pesos a atribuir às notas<br />

de conclusão <strong>do</strong> ensino secundário<br />

e da prova de ingresso<br />

são os seguintes:<br />

50% - Secundário<br />

50% - Prova de ingresso<br />

Para obter todas as informações<br />

sobre como se<br />

candidatar a um <strong>do</strong>s cursos<br />

de Licenciatura utilize um<br />

<strong>do</strong>s seguintes meios:<br />

Website: www.ismt.pt<br />

Email: ismt@ismt.pt<br />

Telefones: 239 488 030 ou<br />

239 824 557<br />

O Instituto Superior Miguel<br />

Torga tem a sua sede no<br />

Largo Cruz de Celas nº 1<br />

em Coimbra.<br />

torga 29


Reportagem<br />

DAR DE SI<br />

Porque não permitir que uma pessoa possa enxergar, se já não vamos<br />

mais utilizar o órgão quan<strong>do</strong> falecemos? Porque não dar o direito a<br />

alguém de poder ver como a vida é bela? Poder viver. Poder continuar<br />

a caminhada que o da<strong>do</strong>r não pôde. Graças ao transplante de córnea<br />

eu posso dizer que sou uma pessoa feliz e que acredita no ser<br />

humano, pois graças à pessoa que <strong>do</strong>ou a córnea, eu pude voltar a<br />

enxergar. (...) Hoje voltei a ser alegre. Este é um pequeno excerto de<br />

um depoimento de um cidadão brasileiro que foi transplanta<strong>do</strong>. É um<br />

depoimento que mostra a nobreza de um acto tão simples e tão questiona<strong>do</strong><br />

hoje em dia. Isto é Solidariedade.<br />

A palavra solidariedade está intrinsecamente<br />

ligada a actos nobres de ajuda<br />

ao próximo. A <strong>do</strong>ação de órgãos<br />

faz parte de uma atitude solidária que<br />

pode contribuir para melhorar ou até<br />

salvar a vida de outra pessoa.<br />

Num artigo publica<strong>do</strong> na revista O<br />

Restaura<strong>do</strong>r o Padre Valdeci Nunes<br />

de Oliveira escreveu: <strong>do</strong>ar um órgão<br />

<strong>do</strong> corpo com o fim de salvar uma<br />

vida, principalmente quan<strong>do</strong> o da<strong>do</strong>r<br />

não mais precisará dele, não contraria<br />

de nenhum mo<strong>do</strong> a <strong>do</strong>utrina cristã, inclusive<br />

porque to<strong>do</strong>s os componentes<br />

<strong>do</strong> nosso organismo só nos são de<br />

alguma valia enquanto estivermos<br />

vivos, ou como diriam outros, nos limites<br />

desta dimensão. Após a nossa<br />

morte, to<strong>do</strong>s eles se tornam inúteis.<br />

30 torga<br />

João Paulo II esteve presente no<br />

Congresso Internacional sobre Transplantes<br />

de Órgãos e deu também o<br />

seu parecer sobre a <strong>do</strong>ação de órgãos:<br />

a decisão de oferecer, sem recompensa,<br />

uma parte <strong>do</strong> próprio corpo,<br />

em benefício da saúde e <strong>do</strong> bem estar<br />

de outra pessoa, porque precisamente<br />

este acto demonstra a nobreza <strong>do</strong><br />

gesto, que se poderá configurar como<br />

um autêntico acto de amor.<br />

São estes actos de amor e solidariedade<br />

humana que explicam a decisão<br />

<strong>do</strong> Prof. Hoyer, um cirurgião que decidiu<br />

<strong>do</strong>ar um <strong>do</strong>s seus rins a uma pessoa<br />

que nem sequer conhecia, como<br />

nos contou o Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota,<br />

<strong>Director</strong> <strong>do</strong> Serviço de Urologia <strong>do</strong>s<br />

Hospitais da Universidade de Coimbra:<br />

Em Julho de 1996 um cirurgião de<br />

transplantação da Alemanha, sentin<strong>do</strong><br />

pena de alguns <strong>do</strong>entes que esperavam<br />

por órgãos de cadáver, decidiu<br />

dar um <strong>do</strong>s seus rins a um <strong>do</strong>ente que<br />

ele não conhecia. Foi transplanta<strong>do</strong> na<br />

Universidade de Munique pelo Dr.<br />

Walter Land. Hoje o Professor Hoyer<br />

sente-se orgulhoso <strong>do</strong> seu acto humanitário<br />

e tenta encorajar outras pessoas<br />

a fazer o mesmo.<br />

Num artigo a que deu o nome de<br />

"Transplantação Renal: Uma história<br />

de sucesso" o Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota<br />

A decisão de oferecer, sem recompensa, uma parte <strong>do</strong> próprio<br />

corpo, em benefício da saúde e <strong>do</strong> bem estar de outra pessoa,<br />

poderá configurar como um autêntico acto de amor.<br />

João Paulo II<br />

começa por explicar que a transplantação<br />

de órgãos constitui sem dúvida<br />

um <strong>do</strong>s principais progressos da Medicina<br />

nos últimos cinquenta anos, ten<strong>do</strong><br />

representa<strong>do</strong> uma profunda transformação<br />

para milhares de <strong>do</strong>entes e<br />

para a comunidade médica. O trans-


plante renal e o transplante hepático<br />

podem ser considera<strong>do</strong>s como exemplos<br />

máximos <strong>do</strong> sucesso da medicina<br />

de transplantação, mas existem outros<br />

teci<strong>do</strong>s ou órgãos que podem ser<br />

transplanta<strong>do</strong>s com extraordinários<br />

benefícios para os <strong>do</strong>entes, como é o<br />

caso da medula óssea, córnea, intestinos,<br />

coração e pâncreas.<br />

Sen<strong>do</strong> histórias repletas de actos<br />

heróicos, o carácter humanitário <strong>do</strong><br />

médico é fundamental. O médico tem<br />

que ter aquilo que se chama a humani-<br />

zação da Medicina. O médico tem que<br />

lidar com o <strong>do</strong>ente saben<strong>do</strong> que está a<br />

lidar com um ser humano, com todas<br />

as suas carências, com todas as suas<br />

fragilidades, com todas as suas preocupações.<br />

O médico tem que dar-lhe a<br />

tal palavra de esperança. A esperança<br />

é meio caminho anda<strong>do</strong> para a cura,<br />

explicou.<br />

O <strong>do</strong>ente sente-se muitas vezes fragiliza<strong>do</strong><br />

e perde a tal esperança, como<br />

Miguel Torga tão bem descreveu enquanto<br />

relatava a sua própria experiência:<br />

"o indivíduo sente-se apenas um<br />

manequim <strong>do</strong>ri<strong>do</strong> que mãos estranhas<br />

ou familiares manobram com a <strong>do</strong>çura<br />

de uma paciência exausta. Um manequim<br />

que geme, que abre e fecha os<br />

olhos, que toca campainhas, mas que<br />

tem a sua realidade fisiológica longe de<br />

si, reduzida a gráficos e a tabelas. De<br />

um ser afirmativo e faceta<strong>do</strong> resta uma<br />

passividade amorfa, almofada entre<br />

almofadas, onde espetam agulhas ritualmente.<br />

E, embora, pareça estranho,<br />

o que nestas ocasiões mais se deseja<br />

não é melhorar. É simplesmente, ascender<br />

de farrapo humano a pessoa." Este<br />

sentimento <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente é o sentimento<br />

que os médicos devem ter presentes,<br />

afirmou o Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota.<br />

Mas não é só a solidariedade, o<br />

amor e o carácter humanitário. Há<br />

muitos problemas que estão liga<strong>do</strong>s à<br />

<strong>do</strong>ação e transplante de órgãos. Um<br />

deles é a legislação que se aplica aos<br />

da<strong>do</strong>res vivos. A nossa lei só permite,<br />

neste momento, que os da<strong>do</strong>res vivos<br />

sejam parentes consanguíneos até ao<br />

3º grau. Se, por exemplo, a mulher quiser<br />

dar um rim ao mari<strong>do</strong> ou vice-versa<br />

não é possível perante a nossa lei. O<br />

que já é uma prática nos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s e em muitos outros países,<br />

A transplantação de órgãos constitui sem dúvida um <strong>do</strong>s principais<br />

progressos da Medicina, ten<strong>do</strong> representa<strong>do</strong> uma profunda<br />

transformação para milhares de <strong>do</strong>entes e para a comunidade<br />

médica.<br />

Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota<br />

aqui ainda não é possível. Aqui só com<br />

parentesco consanguíneo. A lei inicialmente<br />

teve estas restrições com me<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> comércio de órgãos. O comércio<br />

de órgãos é uma prática que, infelizmente,<br />

existe nos países subdesenvolvi<strong>do</strong>s.<br />

Ainda em Fevereiro vinha um<br />

artigo no jornal inglês The Guardian<br />

que relatava "turistas de transplante<br />

vão para o Paquistão onde compram<br />

os rins baratos" e tinha um fotografia<br />

de um paquistanês a mostrar a cicatriz<br />

de lhe terem tira<strong>do</strong> o rim. E compram<br />

isto por 1000 euros. Isto nunca existiu<br />

em Portugal, nem creio que nos países<br />

mais desenvolvi<strong>do</strong>s, Europa Ocidental<br />

ou nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Em Portugal<br />

então é muito difícil porque é um pais<br />

pequeno e tu<strong>do</strong> se sabia. Não há razão<br />

nenhuma para impedir que pessoas<br />

tão chegadas emocionalmente, como<br />

é o caso de um casal, se possam ajudar<br />

um ao outro, afirmou.<br />

Se, por um la<strong>do</strong> há um apelo ao princípio<br />

da solidariedade social para<br />

Reportagem<br />

defender que, em caso de óbito, as<br />

pessoas devem ser consideradas da<strong>do</strong>ras,<br />

por outro la<strong>do</strong>, defende-se que a<br />

<strong>do</strong>ação deve ser voluntária e individual.<br />

Em alguns países postula-se o consentimento<br />

presumi<strong>do</strong> para a <strong>do</strong>ação,<br />

como é o caso de Portugal. A lei de<br />

colheita de órgãos de cadáver é uma<br />

lei muito permissiva, é uma lei boa. Não<br />

é o da<strong>do</strong>r que voluntariamente se vai<br />

inscrever dizen<strong>do</strong> que dá os seus<br />

órgãos. A lei é que tem um pequeno<br />

artifício que diz que quem não se inscrever<br />

como não da<strong>do</strong>r é da<strong>do</strong>r. Não<br />

são as pessoas que se vão inscrever<br />

como da<strong>do</strong>ras e isto tem a ver, obviamente,<br />

com a própria compreensão de<br />

um problema. Se não fosse assim muitos<br />

casos se perdiam. Quan<strong>do</strong> esta lei<br />

foi implementada houve de facto algumas<br />

pessoas que se inscreveram como<br />

não da<strong>do</strong>ras, mas é um número insignificante<br />

que não tem expressão, explicou<br />

o <strong>Director</strong> de Urologia <strong>do</strong>s HUC.<br />

A falta de órgãos constitui, actualmente,<br />

um <strong>do</strong>s principais problemas<br />

para a transplantação. A xenotransplantação<br />

e a clonagem apresentamse<br />

como hipóteses para a resolução<br />

deste problema, mas por outro la<strong>do</strong><br />

levantam alguns problemas éticos e<br />

científicos. Eu creio que a xenotrans-<br />

Não há razão nenhuma para impedir que pessoas tão chegadas<br />

emocionalmente, como é o caso de um casal, se possam ajudar<br />

um ao outro.<br />

Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota<br />

plantação não vai ter grande futuro.<br />

Não tem presente, nem tem futuro. A<br />

xenotransplantação levanta problemas<br />

muito complexos de ordem científica,<br />

nomeadamente, a transmissão de<br />

<strong>do</strong>enças de animais para os seres<br />

humanos, que a tornam inviável. Não é<br />

por aí que a falta de órgãos vai ser resolvida.<br />

Quanto aos problemas éticos<br />

é evidente que tínhamos que considerar<br />

a circunstância de, eticamente, ser<br />

aceitável ou não estar a matar animais<br />

para tirar órgãos para os seres huma-<br />

torga 31


Reportagem<br />

nos. Afinal de contas, a natureza vive<br />

de um equilíbrio ecológico que implica<br />

que to<strong>do</strong>s os seres vivos tenham direito<br />

à vida. Em relação à clonagem humana<br />

a questão que se coloca aqui é<br />

uma questão que tem a ver com uma<br />

situação que, sob o ponto de vista<br />

ético é inaceitável. Agora, clonar teci<strong>do</strong>s<br />

ou vir a clonar órgãos, penso que<br />

isso no futuro poderá ser viável. Penso<br />

Clonar teci<strong>do</strong>s ou vir a<br />

clonar órgãos, penso que é<br />

uma boa via para resolver<br />

o problema da falta de<br />

órgãos.<br />

que é uma boa via para resolver o<br />

problema da falta de órgãos, explicou<br />

o Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota.<br />

Ao possibilitar a substituição de um<br />

órgão <strong>do</strong>ente ou em risco de falhar, a<br />

transplantação foi um incrível avanço<br />

da Medicina. Libertar um <strong>do</strong>ente, que<br />

tem que se submeter a diálise, de<br />

todas as complicações que daí possam<br />

advir, por exemplo: risco de infecções,<br />

fadiga, risco de intoxicação com<br />

os materiais de tratamento é dar-lhe<br />

nova vida com uma qualidade até aí<br />

impossível.<br />

Criteriosamente selecciona<strong>do</strong>s os<br />

da<strong>do</strong>res e sempre bem vigia<strong>do</strong>s os<br />

transplanta<strong>do</strong>s, os riscos de rejeição<br />

são hoje mínimos, mas ainda existem.<br />

Progressivamente, com a evolução<br />

significativa têm-se atingi<strong>do</strong> enormes<br />

taxas de êxito.<br />

32 torga<br />

Prof. Dr. Alfre<strong>do</strong> Mota<br />

Andrea Marques<br />

Filipe Casaleiro (Fotos)<br />

UM BANCO EM CONTA<br />

"Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente que lhe assegure<br />

e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à<br />

alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e<br />

ainda aos serviços sociais necessários". Ten<strong>do</strong> como princípio este<br />

excerto <strong>do</strong> artigo 25º da Declaração Universal <strong>do</strong>s Direitos <strong>do</strong> Homem,<br />

os Bancos Alimentares Contra a Fome são uma resposta necessária,<br />

mas provisória, até que o homem se consiga restabelecer e manter um<br />

nível de vida que lhe permita o bem-estar.<br />

A ideia que deu origem à criação <strong>do</strong><br />

Banco Alimentar contra a Fome surgiu<br />

em 1966 nos EUA quan<strong>do</strong> um núcleo<br />

de pessoas viu que uma quantidade<br />

enorme de alimentos se desperdiçavam<br />

e que, ao serem aproveita<strong>do</strong>s, poderiam<br />

alimentar pessoas com fome.<br />

Este é o principio<br />

básico <strong>do</strong> Banco Alimentar:<br />

a luta contra<br />

o desperdício, afirmou<br />

o Eng. Azeve<strong>do</strong><br />

Gomes, responsável<br />

pelo Banco Alimentar de Coimbra. A<br />

filosofia da instituição assenta no<br />

princípio que, destruir os alimentos<br />

excedentários custa mais caro <strong>do</strong> que<br />

<strong>do</strong>á-los.<br />

O Banco Alimentar assume a forma<br />

de Instituição Particular de Solidariedade<br />

Social, que tem por missão<br />

minorar a fome <strong>do</strong>s mais desfavoreci<strong>do</strong>s<br />

estabelecen<strong>do</strong> uma ponte entre a<br />

generosidade de quem pode e quer e<br />

a necessidade de quem precisa. O<br />

Banco Alimentar propõe-se a: lutar<br />

contra o desperdício de alimentos,<br />

partilhá-los com quem tem fome e fomentar<br />

a solidarie-<br />

dade entre os homens.<br />

Para além de<br />

vivermos essa luta<br />

contra o desperdí-<br />

Eng. Azeve<strong>do</strong> Gomes<br />

cio, como não chega,<br />

fazemos 2 campanhas por ano:<br />

uma em Dezembro e outra em Maio<br />

que funcionam às portas <strong>do</strong>s grandes<br />

supermerca<strong>do</strong>s. Na última campanha<br />

que fizemos, em Dezembro de 2004,<br />

angariámos mais de 60 toneladas de<br />

alimentos. Também temos muitos<br />

<strong>do</strong>nativos de empresas ligadas ao<br />

O principio básico <strong>do</strong><br />

Banco Alimentar é a luta<br />

contra o desperdício.


amo alimentar que nos dão excedentes,<br />

explicou o Eng. Azeve<strong>do</strong><br />

Gomes. É durante estas alturas que a<br />

acção <strong>do</strong> Banco Alimentar ganha mais<br />

visibilidade, mas este trabalho de solidariedade<br />

social continua ao longo <strong>do</strong><br />

ano. Tem si<strong>do</strong> fácil sensibilizar as pessoas<br />

para o voluntaria<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong><br />

nestas campanhas. Fora das campanhas<br />

é um pouco mais difícil porque o<br />

Na última campanha que<br />

fizemos, em Dezembro de<br />

2004, angariámos mais de<br />

60 toneladas de alimentos.<br />

Eng. Azeve<strong>do</strong> Gomes<br />

Banco está um pouco longe de<br />

Coimbra e torna-se complica<strong>do</strong> por<br />

causa das deslocações. Em Lisboa,<br />

por exemplo, que é o maior Banco <strong>do</strong><br />

país, tem mais de 20 voluntários a trabalhar<br />

diariamente, afirmou o Eng.<br />

Gomes Azeve<strong>do</strong>.<br />

O mo<strong>do</strong> de funcionamento desta<br />

instituição articula-se em torno de 3<br />

eixos: a recolha de alimentos; o armazenamento<br />

e a distribuição. Nós não<br />

entregamos alimentos a famílias nem a<br />

pessoas. Entregamos tu<strong>do</strong> a instituições<br />

porque pretendemos controlar<br />

um pouco para sabermos a quem os<br />

alimentos são entregues, concluiu.<br />

Andrea Marques<br />

MISSÃO SRI LANKA<br />

O Sri Lanka foi um <strong>do</strong>s países mais<br />

afecta<strong>do</strong>s pelo maremoto que atingiu<br />

o sudeste asiático no dia 26 de<br />

Dezembro. Foi declara<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de<br />

Emergência e pedida ajuda internacional.<br />

A Assistência Médica Internacional<br />

(AMI) decidiu desencadear uma<br />

operação de emergência nesse país. O<br />

Dr. José Luís Nobre, administra<strong>do</strong>r da<br />

AMI, fez parte da primeira equipa que<br />

no dia 29 de Dezembro já estava no<br />

terreno para prestar auxílio.<br />

O cenário era dantesco. Foi com<br />

esta frase que o Dr. José Luís Nobre<br />

descreveu a situação que se vivia no<br />

Sri Lanka nos dias seguintes ao tsunami.<br />

Continuou: Eu estou na AMI há 14<br />

anos e já fiz mais de 80 missões. Tenho<br />

feito todas as missões da AMI desde<br />

que entrei. Pensava que já tinha visto<br />

tu<strong>do</strong> e até dizia: “não sei o que é que<br />

mais me vai impressionar”, mas depois<br />

de ver o que aquela onda fez...nada é<br />

pareci<strong>do</strong>. Eu estive no genocídio no<br />

Ruanda, em cenários de guerra, no<br />

furacão Mitch nas Honduras, no terramoto<br />

em El Salva<strong>do</strong>r... nada é pareci<strong>do</strong>.<br />

Todas estas destruições são muito<br />

locais, mas aquela onda destruiu tu<strong>do</strong>.<br />

Reportagem<br />

O trabalho da equipa médica nos<br />

primeiros dias resumiu-se essencialmente<br />

à realização de curativos.<br />

Inicialmente constituída por 9 pessoas,<br />

a primeira missão da equipa foi<br />

de emergência pura. Apercebemo-nos<br />

que as pessoas ficavam admiradas ao<br />

saber o que é que nós estávamos ali a<br />

fazer mas, emergência é mesmo isso;<br />

é estar lá ao mesmo tempo que as<br />

pessoas, se chegarmos um mês depois<br />

já não vale a pena. Nesse primeiro<br />

mês tratámos <strong>do</strong> campo de desloca<strong>do</strong>s,<br />

construímos latrinas, tratámos <strong>do</strong><br />

problema da água, da comida e da<br />

parte médica - continuou José Nobre.<br />

Reduzida para 5 pessoas no segun<strong>do</strong><br />

mês a equipa foi-se adaptan<strong>do</strong> à<br />

situação, continuou a fazer as habituais<br />

consultas no perío<strong>do</strong> da manhã<br />

dentro <strong>do</strong> campo reservan<strong>do</strong> a tarde<br />

para percorrer toda a periferia. Este<br />

trabalho é feito durante to<strong>do</strong>s os dias<br />

da semana excepto sába<strong>do</strong> à tarde<br />

que é para repor os medicamentos na<br />

nossa farmácia, fazer um trabalho logístico.<br />

Domingo só passou a ser o dia<br />

de descanso da equipa depois <strong>do</strong>s<br />

primeiros 40 dias. Antes disso, nunca<br />

houve um dia de descanso, não havia<br />

torga 33


Reportagem<br />

repouso. Passámos de uma situação<br />

de extrema emergência para uma situação<br />

já mais regular, referiu o entrevista<strong>do</strong>.<br />

A AMI faz uma média de 100<br />

consultas por dia, se contarmos 25<br />

dias, sem os <strong>do</strong>mingos, faz uma média<br />

de 2500 pessoas por mês que são<br />

tratadas por nós.<br />

Neste momento, a par da assistência<br />

médica, o desenvolvimento tornase<br />

a principal prioridade da AMI. Esta<br />

equipa tem investi<strong>do</strong> em projectos e já<br />

financiou 10 projectos, de entre os<br />

quais se destacam: o material para<br />

identificação de cadáveres, a construção<br />

de latrinas e um tanque de<br />

água. Depois a nossa prioridade passou<br />

para os órfãos. Nós actualmente<br />

temos a nosso cargo 3 orfanatos completos,<br />

1 de 200 pessoas, 1 de 125<br />

pessoas e outro de 50 pessoas. Nestes<br />

orfanatos, nós contribuímos com tu<strong>do</strong>,<br />

desde o pagamento <strong>do</strong> professor à<br />

comida, roupa, calça<strong>do</strong>, parte médica.<br />

Estes orfanatos vão estar inteiramente<br />

suporta<strong>do</strong>s pela AMI por um perío<strong>do</strong><br />

34 torga<br />

de 3 anos. Os projectos já estão aprova<strong>do</strong>s<br />

e também decidimos avançar<br />

com a construção de raiz de um <strong>do</strong>s<br />

orfanatos.<br />

Todas as televisões mostraram as<br />

mesmas imagens, vezes sem conta, a<br />

to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. Ao Sri Lanka iam chegan<strong>do</strong><br />

cada vez mais jornalistas, cada<br />

vez havia mais fotografias, mais<br />

vídeos, muitos deles até ama<strong>do</strong>res de<br />

pessoas que gozavam ali as suas<br />

férias de Natal.<br />

O drama foi tão grande que implicou<br />

que toda a comunidade jornalística<br />

internacional estivesse durante muito<br />

tempo a explorar o mesmo assunto. E<br />

isso repetiu-se cá em Portugal. Foram<br />

imagens chocantes que se viram e que<br />

ainda se continuam a ver. São imagens<br />

que marcam e eu penso que foi daí<br />

que veio essa onda de solidariedade,<br />

muito tempo a passar imagens idênticas<br />

de tragédia. As pessoas ficaram<br />

com me<strong>do</strong> porque perceberam que<br />

podiam ser atingidas; independentemente<br />

de guerras, epidemias, de<br />

calamidades. Uma onda destas podia<br />

matar toda a gente e aí o me<strong>do</strong> funcionou<br />

e a solidariedade avançou. Nós<br />

nunca tivemos uma ajuda tão grande<br />

como estamos a ter agora. Pensávamos<br />

ficar 6 meses e, de um momento<br />

para o outro verificamos que, graças<br />

à ajuda que temos ti<strong>do</strong>, podemos ficar<br />

por 3 a 5 anos.<br />

A sensibilização é a grande preocupação<br />

da AMI uma vez que a cultura<br />

<strong>do</strong> voluntaria<strong>do</strong> ainda é muito insipiente<br />

em Portugal, concluiu.<br />

Actualmente, há empresas que ajudam<br />

permitin<strong>do</strong> que os seus trabalha<strong>do</strong>res<br />

troquem algumas horas de trabalho<br />

por acções de voluntaria<strong>do</strong>.<br />

Andrea Marques


CEM GESTOS DE SOLIDARIEDADE<br />

E se de repente um simples traço<br />

no papel ligasse D. Duarte Pio a<br />

Eusébio, Belmiro de Azeve<strong>do</strong> a<br />

Pedro Abrunhosa, Bagão Félix a<br />

António Capucho, Maria Barroso<br />

a Marina Mota?! 100 Gestos de<br />

Solidariedade foi a iniciativa que<br />

juntou 100 figuras públicas a<br />

fazer um desenho, por uma obra.<br />

Desenho de Belmiro de Azeve<strong>do</strong><br />

Desenho de José Hermano Saraiva<br />

Reportagem<br />

A iniciativa foi levada a cabo pelo Centro Comunitário da<br />

Paróquia de Carcavelos (CCPC), em colaboração com a<br />

Câmara Municipal de Cascais, que decidiram lançar um<br />

desafio a 100 figuras públicas: desenhar a solidariedade.<br />

Um traço solidário feito desenho ou palavras une a boa<br />

vontade das 100 figuras públicas que aceitaram o nosso<br />

desafio. Juntamos à curiosidade <strong>do</strong> esboço de cada um, a<br />

necessidade de levarmos ainda mais longe o nosso apelo,<br />

explicou Jorge Dias, contabilista <strong>do</strong> Centro e autor da ideia.<br />

O objectivo é continuar a obra que vimos realizan<strong>do</strong> há<br />

mais de vinte anos. O CCPC existe desde 1981. Há 24 anos<br />

que tentamos fazer obra pelos que a sociedade aceita que<br />

vivam à margem - uns porque são mais velhos <strong>do</strong> que aqueles<br />

a quem são dadas oportunidades; outros porque a vida<br />

deixou <strong>do</strong>entes de vícios; outros ainda por integrarem a<br />

massa <strong>do</strong>s mais pobres <strong>do</strong>s pobres, continuou.<br />

Entre Maio e Junho, os 100 desenhos estiveram expostos,<br />

primeiro no Centro Cultural de Cascais e depois no<br />

Oeiras Parque.<br />

O objectivo foi angariar fun<strong>do</strong>s para a construção de um<br />

novo edifício de apoio à comunidade da zona.<br />

Andrea Marques<br />

torga 35


Reportagem<br />

"CONFIDENCIALIDADE<br />

GARANTIDA"<br />

Com 8 anos de existência, o<br />

Gabinete de Apoio Psicossocial<br />

(GAP), <strong>do</strong> Instituto Superior<br />

Miguel Torga, excedeu as suas<br />

expectativas iniciais. Com um<br />

vasto leque de projectos, que<br />

pretendem abranger as mais<br />

diversas situações que afectam a<br />

comunidade estudantil <strong>do</strong> ISMT,<br />

conseguiu-se dar resposta às<br />

necessidades de to<strong>do</strong>s os que o<br />

procuram.<br />

Informações sobre o GAP:<br />

Atendimento Pessoal<br />

Rua Oliveira Matos, n.º17<br />

3000 Coimbra<br />

Segunda a Quinta,das 10hrs às 12:30<br />

e das 14:30 às 17:30<br />

Equipa Técnica<br />

Psicólogas:<br />

Dr.ª Marina Cunha;<br />

Dr.ª Ana Galhar<strong>do</strong>;<br />

Dr.ª Teresa Carvalho;<br />

Dr.ª Rita Santos.<br />

Assistente Social:<br />

Dr.ª Ilda Car<strong>do</strong>so.<br />

36 torga<br />

O GAP, inseri<strong>do</strong> no Centro de Estu<strong>do</strong>s<br />

Psicossociais (CEPS), foi cria<strong>do</strong> com o<br />

intuito de apoiar o bem-estar psicológico<br />

e o desenvolvimento pessoal <strong>do</strong>s<br />

estudantes ao longo <strong>do</strong> seu percurso<br />

escolar.<br />

Segun<strong>do</strong> a Dr.ª Ana Galhar<strong>do</strong>, o gabinete<br />

tem projectos em vigor que<br />

intervêm a nível de estratégias educativas<br />

(no que refere aos méto<strong>do</strong>s de<br />

estu<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s e à ansiedade característica<br />

<strong>do</strong>s momentos de avaliação),<br />

a nível da prevenção primária nas mais<br />

diversas dependências (drogas ilícitas,<br />

álcool...) e também na prevenção das<br />

DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis).<br />

Psica-te (www.psica-te.com), um<br />

<strong>do</strong>s principais projectos, é uma página<br />

que faculta aos alunos um aconselhamento<br />

online e, como afirmou Ana<br />

Galhar<strong>do</strong>, "presta um serviço onde podem<br />

colocar dúvidas, de uma forma<br />

anónima."<br />

Brevemente, haverá a possibilidade<br />

de aceder ao Psica-te <strong>do</strong> mesmo<br />

mo<strong>do</strong> que se acede à página individual<br />

de cada estudante <strong>do</strong> ISMT. Esta<br />

possibilidade visa atingir a principal<br />

população alvo <strong>do</strong> GAP, os alunos <strong>do</strong><br />

ISMT. Devi<strong>do</strong> à constante actualização<br />

<strong>do</strong> Psica-te, novos conteú<strong>do</strong>s farão<br />

parte integrante <strong>do</strong> projecto, incluin<strong>do</strong><br />

um novo "botão" interactivo, "Mito<br />

Manias". O "Mito Manias" visa desmantelar<br />

alguns mitos relaciona<strong>do</strong>s<br />

com os vários temas que dizem<br />

respeito ao consumo de drogas, à alimentação<br />

(distúrbios alimentares), à<br />

sexualidade, entre outros. Tem como<br />

objectivo esclarecer algumas ideias<br />

erradas sobre varia<strong>do</strong>s temas.<br />

Para divulgar estes projectos vão<br />

ser lança<strong>do</strong>s flyers e cartazes para que<br />

os alunos tomem conhecimento da<br />

sua existência. Porém, esta não pode<br />

ser uma divulgação maciva porque haveria<br />

dificuldade, por parte da equipa<br />

que constitui o GAP (ver caixa em<br />

anexo), em dar resposta à procura.<br />

Apesar da ligação com o ISMT, a<br />

equipa técnica não tem acesso à identidade<br />

<strong>do</strong>s alunos que acedem ao<br />

Psica-te, "a confidencialidade está<br />

seguramente garantida" - salienta Ana<br />

Galhar<strong>do</strong>.<br />

Raquel Neto<br />

Andreia Amaral<br />

2º ano Ciências da Informação


Assessoria de Formação Permanente<br />

Aprender Sempre<br />

O ISMT é uma instituição de ensino<br />

superior universitária que possui uma<br />

vertente especializada no desenvolvimento<br />

e promoção de formação sob a<br />

forma de Cursos de Formação, Workshops,<br />

Congressos, Encontros e Seminários.<br />

A implementação de uma<br />

vertente desta natureza no ISMT<br />

reveste-se de uma dupla importância<br />

da<strong>do</strong> que o aspecto formativo permite<br />

aprofundar conhecimentos e contribuir<br />

para a valorização das capacidades e<br />

competências profissionais, contribuir<br />

para o desenvolvimento <strong>do</strong> Instituto,<br />

da<strong>do</strong> que este adquire capacidade de<br />

esbater a distanciação entre a formação<br />

académica e as novas exigências<br />

impostas pelo merca<strong>do</strong> de trabalho,<br />

responden<strong>do</strong>, assim, às necessidades<br />

de formação <strong>do</strong>s que já exercem uma<br />

actividade profissional como também<br />

daqueles que estão em formação.<br />

Cabe à Assessoria de Formação<br />

Permanente <strong>do</strong> ISMT a coordenação e<br />

dinamização <strong>do</strong>s Cursos de Formação<br />

Permanente dirigi<strong>do</strong>s quer a profissionais<br />

(Assistentes Sociais, Psicólogos,<br />

Médicos, Enfermeiros, Terapeutas,<br />

Professores, Educa<strong>do</strong>res, Técnicos de<br />

Reabilitação e Reinserção, Gestores<br />

de Recursos Humanos e Forma<strong>do</strong>res)<br />

quer a finalistas das Licenciaturas,<br />

Mestran<strong>do</strong>s e Doutoran<strong>do</strong>s.<br />

O ISMT está acredita<strong>do</strong> como entidade<br />

forma<strong>do</strong>ra pelo INOFOR, nos <strong>do</strong>mínios<br />

da concepção, organização,<br />

promoção e desenvolvimento de acções<br />

de formação (processo n.º 1757/<br />

Despacho n.º 16 364/2000 <strong>do</strong> Senhor<br />

Secretário de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Trabalho e<br />

Formação, de 24 de Julho, Diário da<br />

República, 2ª série, de 10 de Agosto<br />

de 2000).<br />

Cursos já Agenda<strong>do</strong>s:<br />

Curso Início<br />

Educação Especial 1 de Outubro de 2005<br />

Lei de Protecção de Crianças e<br />

Jovens em Risco e o Regime Jurídico<br />

da A<strong>do</strong>pção<br />

Avaliação de Desempenho como<br />

Ferramenta de Gestão<br />

Constituição de Pessoas Colectivas<br />

Sem Fins Lucrativos<br />

5 de Novembro de 2005<br />

5 de Novembro de 2005<br />

1 de Outubro de 2005<br />

Gestão <strong>do</strong> Stress 1 de Outubro de 2005<br />

Comunicação e Marketing Estratégico/Marketing<br />

Público e Social<br />

5 de Novembro de 2005<br />

Relações Interpessoais e Gestão de<br />

Conflitos<br />

Jogos Dramáticos e Técnicas<br />

Expressivas<br />

17 de Setembro de 2005<br />

8 de Outubro de 2005<br />

Assessoria<br />

torga 37


Grande Entrevista<br />

PARTE I - A MISERICÓRDIA DE LISBOA<br />

Torga - A Misericórdia de Lisboa é<br />

uma instituição com mais de 500 anos<br />

de história. Quais foram as grandes<br />

transformações que ocorreram na<br />

Santa Casa ao longo <strong>do</strong> tempo?<br />

Maria José Nogueira Pinto - M.J.N.P.<br />

- A Misericórdia é uma instituição que<br />

desde sempre esteve ligada, curiosamente,<br />

àquilo a que podemos chamar<br />

as políticas sociais públicas, ou seja,<br />

que ao longo da Monarquia, da<br />

República, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo e mesmo<br />

logo no Pós 25 de Abril, a Misericórdia<br />

foi sempre chamada como o "motor"<br />

para essas políticas públicas, o que é<br />

uma questão interessante. Por um<br />

la<strong>do</strong>, é uma instituição que nasce num<br />

espírito caritativo com um modelo<br />

muito original que era o modelo italiano<br />

e que foi trazi<strong>do</strong> para Portugal por<br />

José Miguel Contreiras, confessor da<br />

Rainha D. Leonor e que depois ela<br />

desenvolve mas, sempre com uma lig-<br />

40 torga<br />

ação muito forte ao Esta<strong>do</strong>. Embora<br />

fosse a primeira Misericórdia, como<br />

sabe as Misericórdias são privadas e<br />

os prove<strong>do</strong>res são escolhi<strong>do</strong>s entre os<br />

irmãos, esta teve sempre essa ligação<br />

muito particular ao Esta<strong>do</strong>. Na área da<br />

saúde, o Hospital de To<strong>do</strong>s-os-Santos,<br />

por exemplo. Na área das crianças a<br />

Roda, e, dela também nasce a<br />

primeira ideia de alimentar os que têm<br />

fome... Depois <strong>do</strong> 25 de Abril, curiosamente,<br />

também interveio nas primeiras<br />

políticas públicas de ín<strong>do</strong>le social que,<br />

como sabe, foram mais intensamente<br />

desenvolvidas no Pós 25 de Abril.<br />

Portanto, penso que ela não só acompanhou<br />

todas as transformações<br />

como foi chamada a ser interventora<br />

directa nessas transformações.<br />

Torga - Foi-se conseguin<strong>do</strong> adaptar às<br />

realidades sociais e políticas?<br />

M.J.N.P - Sim. É uma Casa muito<br />

resiliente. Aliás, eu penso que é a<br />

única instituição, à excepção da Igreja<br />

mas a Igreja é uma instituição muito<br />

mais complexa, que está operante há<br />

506 anos. Isso só se justifica se, efectivamente,<br />

for uma instituição muito<br />

prospectiva, isto é, com uma noção<br />

clara da realidade e uma percepção<br />

aguda daquilo que vai acontecer ou<br />

mudar. Isto explica o facto da Misericórdia<br />

estar como está, como continua<br />

implantada no terreno, ou seja, na<br />

primeira linha e, portanto, em contacto<br />

directo com as pessoas. Ten<strong>do</strong> centenas<br />

de técnicos no terreno, faz com<br />

que ela antecipe as questões.<br />

Torga - Quais são as grandes áreas<br />

que a Santa Casa abrange?<br />

M.J.N.P. - Todas. Desde, na área da<br />

saúde, hospitais importantes como é o<br />

Hospital de Santana e o Hospital de<br />

Alcoitão, mas igualmente uma saúde


mais comunitária, mais preventiva,<br />

mais saúde pública, como são as<br />

unidades locais de saúde, incluin<strong>do</strong><br />

também os <strong>do</strong>entes de SIDA - a misericórdia<br />

é a única instituição que neste<br />

momento faz apoio <strong>do</strong>miciliário em<br />

grande escala aos <strong>do</strong>entes de sida,<br />

são 1500 diários. Nestas novas terapêuticas<br />

muito complicadas, em que<br />

eles precisam de um grande acompanhamento,<br />

também temos um serviço<br />

só para isso. Temos também a única<br />

coisa que penso que existe em<br />

Portugal, que abrimos há um ano, que<br />

é um estabelecimento onde as mães<br />

<strong>do</strong>entes podem ficar com os seus filhos,<br />

não é preciso separar as mães<br />

<strong>do</strong>s filhos. Isto, por exemplo, na área<br />

da sida. Mas estamos também na toxicodependência,<br />

estamos nos emigrantes,<br />

estamos nas minorias étnicas,<br />

depois estamos com as famílias, estamos<br />

na formação profissional, estamos<br />

na certificação e validação de<br />

competências. Estamos no pré-escolar,<br />

estamos nas crianças privadas <strong>do</strong><br />

meio familiar que estão entregues à<br />

tutela. Estamos com as formas de<br />

pobreza tradicionais, continuamos a<br />

dar de comer a quem tem fome, continuamos<br />

a vestir os nus... mas estamos<br />

também com as novas formas de<br />

exclusão, que já não são novas, já são<br />

velhas, porque já têm 20 anos e estamos<br />

agora muito preocupa<strong>do</strong>s com a<br />

questão <strong>do</strong> envelhecimento porque é<br />

o grande problema que Portugal tem<br />

pela frente é a falta de resposta para a<br />

3ª, 4ª, 5ª Idade. Não existem equipamentos,<br />

não existem respostas. Há<br />

uma grande confusão entre a intervenção<br />

da saúde e a intervenção da<br />

solidariedade. Portanto, os <strong>do</strong>is Ministérios<br />

não se entendem sobre quem<br />

tem que intervir ou se pode intervir e<br />

deve intervir conjuntamente. Portanto<br />

nós priorizámos porque nós aqui temos<br />

os três sistemas. Temos educação<br />

e formação, acção social e<br />

saúde e pensamos que é interessante<br />

conseguir integrar os três sistemas,<br />

Grande Entrevista<br />

torga 41


Grande Entrevista<br />

mini-sistemas, que temos aqui, neste<br />

microcosmos, e tentar a intervenção<br />

com os sistemas integra<strong>do</strong>s. Portanto,<br />

os i<strong>do</strong>sos, que são neste momento a<br />

nossa grande preocupação, o apoio<br />

<strong>do</strong>miciliário, os lares, os centros de<br />

dia. Temos os deficientes profun<strong>do</strong>s<br />

também.<br />

Vamos agora entrar numa área que<br />

nos é muito cara, que é Obra de<br />

Misericórdia importantíssima, que está<br />

aban<strong>do</strong>nada penso que há mais de<br />

100 anos nesta Casa. São os reclusos.<br />

Vamos começar a preparar a saída<br />

<strong>do</strong>s reclusos <strong>do</strong> Concelho de Lisboa e<br />

fazer a sua inserção.<br />

Torga - É fácil sensibilizar as pessoas<br />

para o voluntaria<strong>do</strong> social?<br />

M.J.N.P. - Eu dir-lhe-ia que é fácil<br />

demais e por isso perigoso. Eu acho<br />

que as pessoas despertaram em<br />

Portugal para o voluntaria<strong>do</strong>. O volun-<br />

42 torga<br />

taria<strong>do</strong> em saúde tem muita tradição,<br />

mas o voluntaria<strong>do</strong> social não tinha. O<br />

voluntaria<strong>do</strong> das empresas também<br />

não tinha e, portanto, talvez também<br />

em função <strong>do</strong> que foi o Ano Internacional<br />

<strong>do</strong> Voluntaria<strong>do</strong> houve um despertar<br />

das pessoas para essa realidade.<br />

Mas as instituições não estão preparadas<br />

para integrarem esse voluntaria<strong>do</strong><br />

de forma eficiente. Portanto,<br />

nós aqui temos ti<strong>do</strong> um caminho um<br />

bocadinho diferente, ou seja, como a<br />

oferta é muito grande o problema não<br />

se coloca <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s voluntários,<br />

coloca-se <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da nossa capacidade<br />

de os absorver de forma a que<br />

eles também se sintam compensa<strong>do</strong>s<br />

moralmente e emocionalmente. Estamos<br />

a chamá-los para projectos concretos.<br />

Há tanta coisa aqui para fazer,<br />

que as pessoas devem poder escolher<br />

se querem trabalhar com i<strong>do</strong>sos, se<br />

querem trabalhar com crianças, se<br />

querem trabalhar com deficientes, se<br />

querem trabalhar com <strong>do</strong>entes de sida<br />

e então vão para projectos concretos.<br />

A ideia de aceitar inscrições a eito de<br />

voluntários, como se tem feito em<br />

tanto la<strong>do</strong> e aqui também se fazia,<br />

parece-me negativa. As pessoas depois<br />

não são chamadas, vêem passar<br />

os meses, ficam bastante indignadas,<br />

o que é legítimo, e dizem: "então eu<br />

ofereci-me e ninguém me quer? Como<br />

é que isto é?".<br />

Penso que aqui tinha que se fazer,<br />

no geral não só na Misericórdia, uma<br />

articulação diferente com o voluntaria<strong>do</strong>.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, hoje em dia eu<br />

acho que há muita exploração pelos<br />

media <strong>do</strong>s sentimentos das pessoas,<br />

que é uma coisa muito negativa que<br />

assistimos to<strong>do</strong>s os dias e, portanto,<br />

os media de vez em quan<strong>do</strong> lançam<br />

uns temas que suscitam nas pessoas<br />

sentimentos muito exacerba<strong>do</strong>s mas


que se apagam rapidamente. As pessoas<br />

são levadas para uma emoção,<br />

vão a correr inscrever-se, querem todas<br />

ajudar, passa<strong>do</strong> <strong>do</strong>is meses já não<br />

comparecem, já não cumprem, portanto<br />

é isso que se tem que ver. O voluntaria<strong>do</strong><br />

tem que ser profissionaliza<strong>do</strong><br />

nesse senti<strong>do</strong> porque quem assume<br />

uma obrigação deve cumpri-la<br />

durante um tempo longo. Por exemplo,<br />

com as crianças não se podem ter<br />

voluntários que acompanhem as crianças<br />

e que estejam sempre a mudar<br />

porque estas crianças são crianças<br />

que já tiveram muitas percas e muitas<br />

rupturas e, portanto, não interessa ver<br />

hoje a D. Joana e amanhã a D. Maria.<br />

Se alguém quer vir tem que vir e assumir<br />

essa responsabilidade que vem.<br />

Para virem de vez em quan<strong>do</strong> acho<br />

que são dispensáveis porque isso não<br />

é verdadeiramente voluntaria<strong>do</strong>. Voluntaria<strong>do</strong>,<br />

nos países onde funciona<br />

bem, as pessoas de facto são permanentes.<br />

Asseguram serviços como se<br />

fossem profissionais. Os museus em<br />

Washington, quase to<strong>do</strong>s, funcionam<br />

com voluntários. Os voluntários estão<br />

lá para abrir o museu, para vender os<br />

bilhetes, para acompanhar as pessoas.<br />

Não faltam porque se faltarem o<br />

museu fecha. Eu acho que tem que<br />

haver um senti<strong>do</strong> de muito maior<br />

responsabilidade por parte de voluntários,<br />

por parte das instituições tem<br />

que haver um espírito muito mais<br />

pragmático de os encaixar e não esta<br />

coisa de dizer "quantos voluntários<br />

temos nós cá? 400." Depois, vai-se a<br />

ver e é um ficheiro meio-morto. Mas,<br />

nesse senti<strong>do</strong> só assinalar que fizemos,<br />

primeiro um projecto, hoje já é<br />

um programa, que se chama "Mais<br />

voluntaria<strong>do</strong>, menos solidão", exactamente<br />

vira<strong>do</strong> para os i<strong>do</strong>sos isola<strong>do</strong>s,<br />

que é a nossa preocupação maior<br />

porque são os i<strong>do</strong>sos que, muitos deles<br />

têm recursos mas não têm ninguém<br />

e, portanto, é um trabalho que o<br />

voluntaria<strong>do</strong> pode fazer facilmente, é a<br />

companhia. É companhia, são afectos,<br />

são coisas que não requerem grandes<br />

técnicas e estamos a fazê-lo com a<br />

Cruz Vermelha, com o Coração Amarelo,<br />

com as Juntas de Freguesia e<br />

com as Paróquias nas zonas mais envelhecidas<br />

da cidade.<br />

Torga - Lemos recentemente no Diário<br />

Económico uma entrevista em que<br />

afirma que gostaria de fazer da Santa<br />

Casa a mais importante organização<br />

de Economia Social em Portugal e<br />

apostar também na sua internacionalização.<br />

O que é que há a fazer neste<br />

senti<strong>do</strong>?<br />

M.J.N.P. - Eu penso que esta Casa,<br />

pela sua dimensão e pelos seus recursos,<br />

pelo facto de ter a concessão <strong>do</strong>s<br />

jogos sociais, embora a Misericórdia<br />

Grande Entrevista<br />

só fique com 24% das receitas, os<br />

76% vão para o Esta<strong>do</strong>. Portanto, a<br />

Misericórdia é hoje uma fonte de receita<br />

importante para o Esta<strong>do</strong> mas, também<br />

é uma Casa que arrecada 24%<br />

destas receitas e quan<strong>do</strong> as receitas<br />

A misericórdia é a única instituição que neste momento faz apoio<br />

<strong>do</strong>miciliário em grande escala aos <strong>do</strong>entes de sida.<br />

sobem como subiram nesta nossa<br />

gestão, são receitas significativas. A<br />

Casa tem um arcaboiço, uma envergadura,<br />

tem recursos humanos, tem<br />

recursos financeiros e tem uma marca<br />

muito valiosa. Aliás quan<strong>do</strong> chegámos<br />

cá a Casa estava falida. A única coisa<br />

que nós tínhamos era a marca, como a<br />

Coca-Cola. Isto é uma marca como a<br />

Coca-Cola, dá muito dinheiro e então<br />

das portas que se nos abriram, mesmo<br />

internacionalmente, foi por causa da<br />

marca. É curioso que acho, <strong>do</strong> que eu<br />

conheço da Misericórdia, já por cá<br />

passei, que nenhuma Mesa explorou,<br />

no melhor senti<strong>do</strong> da palavra, esta<br />

marca. A Casa estava muito acabrunhada<br />

e, no entanto, não há razão para<br />

isso porque a Casa tem aqui um activo<br />

muitíssimo grande que estica e<br />

pode esticar ainda muito mais.<br />

Pensamos que podemos ser o motor<br />

exactamente por termos aqui estas<br />

características, podemos e devemos<br />

ser o motor da Economia Social em<br />

Portugal e que isso passaria por uma<br />

segunda fase, se essa segunda fase<br />

se proporcionar. Se se proporcionar<br />

um segun<strong>do</strong> mandato não deve ser<br />

em nada igual ao primeiro porque não<br />

vale a pena ficar para fazer o mesmo.<br />

O que havia a fazer no primeiro<br />

mandato está praticamente feito. No<br />

segun<strong>do</strong> então valeria a pena dar<br />

estes saltos qualitativos. Eu acho que<br />

o sector social está desagrega<strong>do</strong>, ou<br />

seja, a relação que o sector social tem<br />

com o Esta<strong>do</strong> é uma relação assim<br />

como temos esta<strong>do</strong> a discutir. O que<br />

deveria de ser refocalizada e penso<br />

que a Misericórdia tem condições para<br />

torga 43


Grande Entrevista<br />

liderar esse processo se acaso a<br />

Economia Social o quiser. Tinha possibilidade<br />

de, conjuntamente com outras<br />

Misericórdias, o que já à cabeça<br />

daria uma fatia muito significativa<br />

desta Economia Social e outras entidades,<br />

avançar.<br />

Eu acho que se o nosso atraso nos<br />

pode beneficiar nalguma coisa é não<br />

termos que inventar nada. É só olhar<br />

para aquilo que foi feito e fazer.<br />

Portanto, neste momento, nós temos<br />

parceiros internacionais na disposição<br />

de nos passarem também o know how<br />

que era necessário. Isto também implicaria<br />

a criação de um instrumento<br />

financeiro forte. Aqui abrem-se perspectivas,<br />

julgo eu, muito interessantes.<br />

Por outro la<strong>do</strong> isso levaria à tal<br />

internacionalização.<br />

A Misericórdia não está assentada<br />

em nenhum fórum internacional, o que<br />

é verdadeiramente lamentável. Excepto<br />

nos jogos, onde não só voltou a estar<br />

sentada como neste momento está<br />

sentada em posição de liderança.<br />

Posso dizer que em relação ao Euro<br />

Milhões, sen<strong>do</strong> nós um <strong>do</strong>s países<br />

mais pequenos desse grupo de países,<br />

nós lideramos as vendas neste<br />

momento. Como aquilo que conta é o<br />

que se vende, nós lideramos o grupo.<br />

E, neste momento, tu<strong>do</strong> está prepara<strong>do</strong><br />

para ocuparmos a Presidência das<br />

Internacionais.<br />

Torga - Qual é o balanço que faz <strong>do</strong><br />

seu mandato?<br />

M.J.N.P. - É muito positivo e vou-lhe<br />

dizer porquê. Porque quan<strong>do</strong> nós aqui<br />

chegámos a ideia que tínhamos, de<br />

acor<strong>do</strong> com os <strong>do</strong>cumentos que nos<br />

tinham si<strong>do</strong> forneci<strong>do</strong>s desta Casa,<br />

era uma ideia muito diferente daquilo<br />

que viemos a encontrar. Prova evidente<br />

que os relatórios, os planos de<br />

actividade, tu<strong>do</strong> isso pode ser feito de<br />

muitas maneiras. Eu costumo sempre<br />

dizer que as estatísticas e os números<br />

são uma nova forma de mentir. Aquilo<br />

tu<strong>do</strong> que nós tínhamos visto não era<br />

assim.<br />

Quan<strong>do</strong> chegámos cá, para posição<br />

legal era obrigatório fechar as contas<br />

da gerência anterior e mandá-las ao Tribunal<br />

de Contas e, foi nesse momento<br />

Isto é uma marca como a Coca-Cola, dá muito dinheiro.<br />

44 torga<br />

de fechar as contas que verificámos o<br />

Esta<strong>do</strong> em que a Casa estava.<br />

Reunimos nesta sala colocan<strong>do</strong> a<br />

primeira hipótese que era irmos embora<br />

15 dias depois daqui entrarmos.<br />

Considerámos que não era justo vir<br />

para uma Casa que estava falida, desorganizada,<br />

desestruturada. To<strong>do</strong>s<br />

nós tínhamos vin<strong>do</strong> de sítios onde<br />

estávamos a desenvolver trabalhos<br />

com gosto, to<strong>do</strong>s nós tínhamos vin<strong>do</strong><br />

ganhar menos mas não nos importávamos<br />

porque vínhamos fazer uma<br />

coisa grande e, portanto, boa.<br />

Naquela situação muito caricata parecia-nos<br />

impossível fazer fosse o que<br />

fosse, portanto, a primeira coisa que<br />

foi colocada em cima da mesa foi<br />

irmos embora. A segunda foi aquilo a<br />

que chamámos Plano A e a terceira o<br />

Plano B. Consistia então no seguinte:<br />

nós não tínhamos ainda o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

jogos feito, a percepção que tínhamos<br />

destas receitas era muito aleatório, tí-<br />

nhamos a percepção que conseguíamos<br />

num curto espaço de tempo<br />

aumentar as receitas. Tínhamos um<br />

aumento muito grande da procura porque<br />

estávamos já a entrar numa grande<br />

crise social e, portanto, a nossa<br />

procura ia aumentar. Íamos ser obri-<br />

ga<strong>do</strong>s a diminuir a oferta, o que era<br />

uma coisa violentíssima porque nós<br />

não tínhamos ti<strong>do</strong> culpa nenhuma e a<br />

opção final foi muito complicada, foi<br />

um fio de navalha porque foi assim:<br />

conseguimos não despedir, quem saiu<br />

daqui além das pessoas que se reformaram,<br />

accionamos os mecanismos<br />

to<strong>do</strong>s de reforma, saíram as pessoas<br />

que tinham contrato a termo, mas isso<br />

é uma mera expectativa não é um direito,<br />

um contrato a termo tem um prazo.<br />

Negociei com os sindicatos as pessoas<br />

ficarem para ver se conseguíamos<br />

aumentar as receitas. Aumentan<strong>do</strong><br />

as receitas, aumentaríamos a<br />

actividade e reabsorvíamos as pessoas.<br />

Conseguimos neste perío<strong>do</strong> de<br />

tempo aumentar as receitas, projectar<br />

o aumento e a diversificação da actividade,<br />

sem receitas ainda, não despedin<strong>do</strong>.<br />

Aumentámos a actividade<br />

logo em 2003.<br />

Em 2003 fizemos grandes investimentos<br />

para preparar um 2004 rico<br />

que não sabíamos se ia acontecer. As<br />

receitas cresceram efectivamente e<br />

em 2004 foi possível dar a volta.<br />

Se me perguntar se estamos orgulhosos?<br />

Muito, muito. Foi um trabalho<br />

em todas as vertentes, ou seja, na<br />

receita mas, a receita como instrumental<br />

na acção social porque conseguimos<br />

aumentar a resposta mas,<br />

sobretu<strong>do</strong> conseguimos rever completamente<br />

o conceito de acção social e<br />

de saúde, dentro desta Casa, viran<strong>do</strong>-<br />

Eu acho que esta tem que ser uma instituição sempre muito<br />

responsabilizada, quer pelo Esta<strong>do</strong>, quer pela Economia Social,<br />

quer pelos cidadãos porque têm recursos, têm capacidades,<br />

têm meios que não têm as outras.<br />

a de um assistencialismo e de uma<br />

fragmentação de programas que o governo<br />

tinha atira<strong>do</strong> para cá que não se<br />

percebia nada e coisas que não eram<br />

avaliadas e que não tinha eficácia nenhuma<br />

para aquilo a que chamamos<br />

devolver às pessoas as capacidades


possíveis para as tornarem autónomas.<br />

Portanto, os <strong>do</strong>is objectivos<br />

estratégicos traça<strong>do</strong>s depois da<br />

reunião de grande desânimo, de ir embora,<br />

ficar, Plano A, Plano B, só saíram<br />

<strong>do</strong>is objectivos estratégicos. O primeiro<br />

era quebrar a reprodução geracional<br />

da pobreza; o segun<strong>do</strong> era<br />

tornar sustentável a Santa Casa da<br />

Misericórdia de Lisboa. Eu penso que<br />

neste momento os programas mais<br />

significativos de intervenção da Misericórdia<br />

de Lisboa no terreno já são<br />

direccionadas para quebrar, não é a<br />

reprodução geracional da pobreza, já<br />

não são para dar peixe, já são para<br />

ensinar a pescar. Aqueles que já estão<br />

em marcha, que já estão no terreno e<br />

que vão ser o futuro, claramente. A<br />

linha <strong>do</strong> envelhecimento está a ser<br />

cumprida porque o Euro Milhões foi<br />

lança<strong>do</strong> no final <strong>do</strong> ano passa<strong>do</strong>.<br />

Eu quan<strong>do</strong> digo isto as pessoas julgam<br />

que eu estou a brincar mas não<br />

estou. Estou a falar muito a sério. Eu<br />

acho que houve uma mão muito<br />

materna de Nossa Senhora da Misericórdia,<br />

muito materna. Posso lhe dar<br />

um exemplo: nos primeiros 6 meses,<br />

em 2002, com os jogos em quebra,<br />

sem dinheiro para os salários, um<br />

cenário perfeitamente dantesco, nós<br />

tivemos a maior sucessão de jackpots<br />

de sempre, que não tem nada a ver<br />

com o nosso trabalho, nós tínhamos<br />

acaba<strong>do</strong> de chegar. Mas, a sucessão<br />

de jackpots criou uma dinâmica para<br />

tu<strong>do</strong> o resto que se seguiu. Nós entrámos<br />

no Euro Milhões e tivemos <strong>do</strong>is<br />

prémios <strong>do</strong> Euro Milhões em Portugal.<br />

É claro que nós, lideran<strong>do</strong> muitas semanas<br />

as vendas, temos mais probabilidade<br />

de ter aqui o prémio, mas quer<br />

dizer, os 48 milhões de euros foi o maior<br />

prémio desde sempre atribuí<strong>do</strong> em<br />

to<strong>do</strong>s os países, saiu a Portugal. Tu<strong>do</strong><br />

isto são coisas que já escapam <strong>do</strong>s<br />

estu<strong>do</strong>s e das políticas. Do meu ponto<br />

de vista é claramente a mão materna<br />

da Nossa Senhora.<br />

As pessoas reagiram primeiro com<br />

surpresa, com me<strong>do</strong> e com receio a<br />

esta mudança, quer na área da receita<br />

quer no património. É preciso ver que<br />

o património tem que ser uma grande<br />

fonte de receita desta Casa. Quan<strong>do</strong><br />

aqui chegámos o património mais velho<br />

dava prejuízo. É claro que é um<br />

processo muito lento, mas está<br />

encaminha<strong>do</strong>. Eu acho que nunca<br />

mais voltamos a ter um património que<br />

dá prejuízo, nunca mais voltamos a ter<br />

uns jogos trata<strong>do</strong>s de forma arcaica e<br />

penso que hoje o grande corpo de técnicos<br />

que cuidam da acção social e da<br />

saúde interiorizaram que o trabalho de<br />

quebrar esta reprodução, este ciclo de<br />

reprodução geracional da pobreza é<br />

que é o trabalho nobre.<br />

Em suma, já nos podíamos ir embora.<br />

Eu avalio o meu trabalho e no dia<br />

em que eu não fizer falta, nem a equipa<br />

que eu trouxe comigo...<br />

Torga - Não considera a hipótese de<br />

ficar mais três anos?<br />

M.J.N.P. - Se assim for já não é para<br />

isto. É claro que isto tem que ser mais<br />

sedimenta<strong>do</strong> mas agora era realmente<br />

para pegarmos no sector social e sermos<br />

o motor, não é sermos <strong>do</strong>nos <strong>do</strong><br />

sector social, é pôr ao serviço <strong>do</strong> sector<br />

social a que nós pertencemos as<br />

capacidades que a Misericórdia de<br />

Lisboa tem que lhe dão mais responsabilidades.<br />

Eu acho que esta tem que<br />

ser uma instituição sempre muito responsabilizada,<br />

quer pelo Esta<strong>do</strong>, quer<br />

pela Economia Social, quer pelos cidadãos<br />

porque têm recursos, têm capacidades,<br />

têm meios que não têm as<br />

outras, portanto tem que ser responsabilizada.<br />

Gostaríamos que houvesse,<br />

em relação a nós, à Misericórdia,<br />

uma postura de exigência.<br />

Então aqui cabia, claramente, criar as<br />

condições de relançamento <strong>do</strong> sector<br />

da Economia Social em Portugal;<br />

cabia a internacionalização da Santa<br />

Casa também nesse senti<strong>do</strong>; cabia<br />

tornar toda a acção social neste<br />

empowerment, ou seja, sermos a pro-<br />

Grande Entrevista<br />

veta onde, eventualmente, o governo<br />

poderia testar modelos novos de intervenção<br />

social que são necessários. A<br />

linha <strong>do</strong> envelhecimento tem que ser<br />

muito bem feita porque ela depois poderá<br />

ser replicada pelo Esta<strong>do</strong> por<br />

outros la<strong>do</strong>s, portanto, compete-nos a<br />

nós investir e gastar o dinheiro que é<br />

necessário para uma linha <strong>do</strong> envelhecimento<br />

muito bem feita. Era: excelência,<br />

qualidade, exigência, rigor, inovação.<br />

Era tu<strong>do</strong> sobre nós que nós<br />

aguentávamos bem. Esse desafio<br />

acho que nós aceitamos. Se não for<br />

esse desafio não tem interesse. Eu<br />

nunca fiz 2 comissões de serviço<br />

seguidas porque ao fim de um tempo<br />

acho que as coisas estão entregues.<br />

Exactamente porque também quan<strong>do</strong><br />

chegámos não tínhamos onde cair<br />

mortos, porque a Casa estava falida,<br />

concorremos aos Fun<strong>do</strong>s Comunitários.<br />

To<strong>do</strong>s os nossos projectos foram<br />

aprova<strong>do</strong>s.<br />

torga 45


Grande Entrevista<br />

Torga - E o dinheiro chegou sempre a<br />

horas?<br />

M.J.N.P. - Sim, chegou. Depois prosseguimos<br />

não tanto porque precisamos<br />

de dinheiro mas pelo grau de<br />

exigência que estes projectos põem<br />

sobre as instituições porque queremos<br />

essa exigência.<br />

To<strong>do</strong>s os programas novos que temos,<br />

por exemplo o www.saude.jovem<br />

que é exactamente um empowerment.<br />

O que é que nós fizemos? Criámos um<br />

interface saúde/acção social só para<br />

a<strong>do</strong>lescentes, que é um grupo de risco,<br />

e, esse começou por ser um projecto,<br />

já é um programa. Nós temos o<br />

ISCTE a fazer a avaliação e temos a<br />

Gulbenkian como parceiro. Nós fomos<br />

procurar entidades muito boas para se<br />

associarem a nós, para termos essa<br />

exigência sempre sobre nós, e, entidades<br />

muito credíveis para nos avaliarem<br />

constantemente. Tu<strong>do</strong> o que nós<br />

fazemos tem avaliação.<br />

Torga - Há falta de uma entidade regula<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>...<br />

M.J.N.P. - Nós autoregulamo-nos,<br />

exactamente. Significa que nunca<br />

mais se vai poder fantasiar sobre o<br />

que fazemos. Nunca mais ninguém<br />

que queira ser Prove<strong>do</strong>r desta Casa<br />

vai ter que ler relatórios e contas e<br />

planos de actividades falsos. Toda a<br />

gente vai ler coisas que são tal e<br />

qual... para o bem e para o mal.<br />

Também tivemos muitas surpresas<br />

desagradáveis. A questão <strong>do</strong>s menores,<br />

a questão <strong>do</strong>s menores em risco,<br />

a questão <strong>do</strong>s menores institucionaliza<strong>do</strong>s<br />

entregues à minha tutela...<br />

Havia vários caminhos. Por exemplo,<br />

a Casa Pia juntou um grupo de<br />

sábios muito respeita<strong>do</strong>, nós chamámos<br />

a Dartington. Os países desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

estão cheios de crianças<br />

aban<strong>do</strong>nadas porque o aban<strong>do</strong>no, o<br />

46 torga<br />

novo aban<strong>do</strong>no, é fruto exactamente<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento. São os pais toxicodependentes,<br />

são os países migratórios,<br />

é a mobilidade das pessoas,<br />

são as minorias étnicas... O que é que<br />

acontece? Tu<strong>do</strong> isso já está trata<strong>do</strong>.<br />

Toda a gente já sabe, noutros la<strong>do</strong>s,<br />

qual é o modelo ideal de instituição,<br />

toda a gente já sabe que, o que é importante<br />

é trabalhar as famílias porque<br />

por serem pobres não significa que<br />

não sejam boas. O problema é quan<strong>do</strong><br />

elas são toxicodependentes, quan<strong>do</strong><br />

elas são débeis mentais, quan<strong>do</strong> elas<br />

estão perío<strong>do</strong>s muito grandes de reclusão<br />

em estabelecimentos prisionais.<br />

Mas, é o trabalho com as famílias,<br />

é a criança institucionalizada, é o<br />

centro de acolhimento. O centro de<br />

acolhimento como placa giratória onde<br />

se põe uma criança que depois é,<br />

provavelmente, encaminhada para a<br />

a<strong>do</strong>pção, tem regras.<br />

Eu nunca fiz 2 comissões de serviço seguidas porque ao fim de<br />

um tempo acho que as coisas estão entregues<br />

Torga - Se pudesse resumir a missão<br />

da Santa Casa numa só frase, ou<br />

numa palavra...<br />

M.J.N.P. - Eu acho que são as Obras<br />

de Misericórdia. Isto é também uma<br />

das grandes vantagens desta Casa, é<br />

ter uma missão. Quan<strong>do</strong> nós falámos<br />

em redefinir a missão era, pegan<strong>do</strong><br />

nas Obras de Misericórdia, projectálas<br />

para o século XXI. Elas estão perfeitamente<br />

actuais e o que esta Casa<br />

tem que fazer é as Obras de Misericórdia<br />

Espirituais e Materiais. Isso<br />

também é muito interessante porque<br />

nós vamos ter, ouvi dizer, vamos a<br />

curto prazo ter problemas com a<br />

inspecção da Segurança Social por<br />

causa de eu ter assumi<strong>do</strong> claramente<br />

a missão, a matriz que está nesta<br />

Casa, que está nos seus estatutos, um<br />

decreto-lei aprova<strong>do</strong> pelo Governo.<br />

Nós temos a obrigação das Obras da<br />

Misericórdia Espirituais quer os inspec-<br />

tores da Segurança Social gostem<br />

quer não. É exactamente isso que<br />

estamos a fazer. As crianças têm uma<br />

assistência espiritual, pode ser a religião<br />

católica ou outra. Não são obrigadas,<br />

a partir de uma certa idade,<br />

mas até uma certa idade eu faço com<br />

eles exactamente o que fiz com os<br />

meus filhos, e, não farei nada diferente.<br />

Portanto, a ideia é que nós temos aqui<br />

um ser humano integral e temos que<br />

cuidar dele integralmente e a espiritualidade<br />

é fundamental ao crescimento<br />

<strong>do</strong> ser humano. É isso que o distingue<br />

de um cão... Eu aqui não tenho cães<br />

nem gatos, tenho seres humanos.<br />

Torga - Como afirmam Hermann<br />

Broch e Hannah Arendt o absoluto<br />

relativismo de valores leva ao absoluto<br />

mal... Quer comentar?<br />

M.J.N.P. - Pois leva. Eu não quis para<br />

os meus filhos não o posso querer<br />

para estas crianças que estão<br />

entregues à minha tutela. As Obras de<br />

Misericórdia Espirituais e Materiais são<br />

a missão desta Casa. No século XXI o<br />

que é que isso quer dizer? Por exemplo,<br />

visitar os presos transformou-se<br />

no protocolo que vamos agora assinar<br />

com o Instituto de Reinserção Social e<br />

a Direcção Geral <strong>do</strong>s Serviços Prisionais.<br />

Os emigrantes, dar guarida aos<br />

peregrinos, são os novos peregrinos<br />

<strong>do</strong> século XXI. Eu não posso dizer esta<br />

Obra de Misericórdia dar guarida aos<br />

peregrinos já não me serve porque eu<br />

não sei onde estão os peregrinos.<br />

Tenho que olhar à minha volta e vejoos<br />

chegar. São os emigrantes.<br />

Século XXI, esta Casa é <strong>do</strong> século<br />

XXI e estes meninos no século XXI,<br />

tu<strong>do</strong> no século XXI.<br />

Henrique Amaral Dias<br />

Andrea Marques<br />

Filipe Casaleiro (fotos)


Grava<strong>do</strong> ao vivo em Coimbra no<br />

Instituto Superior Miguel Torga<br />

Carlos Amaral Dias e Carlos Magno<br />

Convida<strong>do</strong>s Especiais:<br />

Prof. Alfre<strong>do</strong> Mota (Médico e Professor<br />

de Urologia)<br />

Dr. João Filipe Macha<strong>do</strong> (Economista)<br />

Dr. João Serpa Oliva (Médico Ortopedista)<br />

Dr. Joaquim Mira (Médico Oftalmologista)<br />

O Público. O Priva<strong>do</strong>.<br />

A Saúde e o Ensino.<br />

Frases que ficaram no ouvi<strong>do</strong>:<br />

CAD: Há em Jerusalém 485 pessoas<br />

que se apresentam como o Messias.<br />

CAD: O Mito Sebástico repete-se nas<br />

presidenciais.<br />

CAD: Somos ainda o país das térmites.<br />

Formiguinhas atrás da formiga<br />

rainha que é o Esta<strong>do</strong>.<br />

AM: O Priva<strong>do</strong> completa o Público. A<br />

Medicina é uma Arte. O <strong>do</strong>ente considerava<br />

o médico como confidente<br />

amigo. Hoje há uma relação apenas<br />

utente/fornece<strong>do</strong>r. Esta é uma relação<br />

inquinada. O serviço público dá uma<br />

resposta fria. Pelo contrário o Priva<strong>do</strong><br />

mente a relação afectiva com o<br />

<strong>do</strong>ente.<br />

JSO: O Messias da saúde ainda está<br />

por aparecer.<br />

JSO: Os médicos deviam reformar-se<br />

mais ce<strong>do</strong>. É uma actividade de grande<br />

cansaço.<br />

JSO: Qualquer profissional de saúde<br />

deveria receber o salário mínimo<br />

nacional, no início da sua carreira.<br />

JM: 5 % <strong>do</strong>s portugueses são diabéticos.<br />

Uma das maiores causas de<br />

cegueira. A informação e prevenção<br />

são fundamentais.<br />

CAD: A Educação para a Saúde é<br />

necessária desde muito ce<strong>do</strong>.<br />

Alma Nostra<br />

CM: Tantos alertas não tiram efeito à<br />

mensagem? Não Será necessário<br />

mudar a linguagem?<br />

CAD: A questão é como conceber<br />

campanhas criativas na educação<br />

para a saúde.<br />

AM: Nós não temos a idade <strong>do</strong>s nossos<br />

cabelos. Nós temos a idade das<br />

nossas artérias. Deveríamos mostrar e<br />

comparar as artérias de um fuma<strong>do</strong>r e<br />

de um não fuma<strong>do</strong>r.<br />

JFM: As pessoas devem ter liberdade<br />

de escolha entre o priva<strong>do</strong> e o público.<br />

AM: Os <strong>do</strong>entes deveriam saber quanto<br />

custam realmente os cuida<strong>do</strong>s que<br />

lhe são presta<strong>do</strong>s no serviço nacional<br />

de saúde.<br />

CM: O discurso público da saúde passou<br />

da validade. Há que inovar.<br />

torga 47


Foreign Affairs<br />

Neste número escolhemos o editorial <strong>do</strong> director <strong>do</strong> Le Monde, Jean-Marie Colombani,<br />

sobre o não francês à Constituição europeia. Ainda na ressaca <strong>do</strong> referen<strong>do</strong>, achamos que<br />

é de salientar nesta secção um ponto de vista lúci<strong>do</strong> sobre o que está em causa. E o que<br />

tem esta<strong>do</strong> em causa é menos a Europa <strong>do</strong> que as questões internas económicas e políticas.<br />

Todavia, saibamos reconhecer que a utopia da Europa como panaceia está hoje posta<br />

radicalmente em causa.<br />

Malgré tout, está prova<strong>do</strong> que o arbítrio referendário pode ser perverso e pernicioso<br />

quan<strong>do</strong> manipula<strong>do</strong> demagogicamente por aqueles que procuram recolher dividen<strong>do</strong>s<br />

políticos internos, fragilizan<strong>do</strong> uma ideia da Europa, talvez ultrapassada, que tem vin<strong>do</strong> a<br />

ser laboriosamente erigida desde o fim da II Guerra Mundial. Que seja uma certa esquerda,<br />

dita democrática e progressista, a contribuir decisivamente para este desiderato é surpreendente,<br />

trágico ou irónico, consoante a perspectiva e o humor <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r.<br />

O mais curioso é verificar que o não desta(s) esquerda(s) tem como único fito substantivo<br />

"ferir" o poder interno vigente. Ainda se lembram <strong>do</strong> "Eles mentem!"? Como sintetiza<br />

Colombani: "Tel était, en effet, le message du non. Peu importaient les motifs, pourvu que<br />

l'on vote non."<br />

Não queren<strong>do</strong> também nós ser exegetas ou recomendar aos nossos leitores, como<br />

alguns tão pressurosamente sugerem, uma exegese da Constituição europeia, deixamos<br />

ficar o endereço <strong>do</strong> site onde poderão ler e analisar em noites brancas o Trata<strong>do</strong> da<br />

Constituição Europeia:<br />

http://europa.eu.int/eur-lex/lex/JOHtml.<strong>do</strong>?uri=OJ:C:2004:310:SOM:PT:HTML<br />

Bons sonhos…<br />

EDITORIAL - 31-05-2005<br />

L'IMPASSE<br />

JEAN-MARIE COLOMBANI<br />

"Personne ne prétendra que les Français se sont livrés à<br />

un pur exercice d'exégèse et qu'ils se sont prononcés<br />

pour ou contre le traité constitutionnel en raison de tel ou<br />

tel de ses 448 articles."<br />

Franc et massif, comme aurait dit de Gaulle, le non français<br />

à la Constitution européenne n'est pas un accident. Il a été<br />

émis au terme d'un débat comme il y en a eu peu dans l'histoire<br />

de ce pays. Interrogés sur un texte, de nombreux<br />

citoyens ont pris connaissance de ses principaux articles et<br />

des commentaires opposés qu'en faisaient les promoteurs<br />

du oui et ceux du non. Personne ne prétendra que les<br />

Français se sont livrés à un pur exercice d'exégèse et qu'ils<br />

se sont prononcés pour ou contre le traité constitutionnel en<br />

raison de tel ou tel de ses 448 articles.<br />

Une Constitution est en effet un contrat passé entre les<br />

citoyens. Comme tout contrat, les termes dans lesquels il<br />

est rédigé ont moins d'importance que l'attrait de ce qu'il<br />

promet. Le rejet du traité constitutionnel révèle, d'abord,<br />

qu'une majorité de Français n'a pas, ou n'a plus, envie de<br />

48 torga<br />

Henrique Amaral Dias<br />

l'Europe. Au point d'avoir pris le risque, et de devoir<br />

assumer désormais d'avoir affaibli la position et les capacités<br />

de la France en Europe. "On a tous une bonne raison de<br />

voter non", avait dit Philippe de Villiers, <strong>do</strong>nnant ainsi un<br />

parfait exemple de cynisme dans la démagogie. Tel était, en<br />

effet, le message du non. Peu importaient les motifs, pourvu<br />

que l'on vote non.<br />

Dans ce scrutin, organisé par un homme qui risque désormais<br />

de passer à la postérité comme le Docteur Folamour<br />

de la politique, usant contre lui-même à quelques années<br />

d'intervalle, de la dissolution et du référendum, l'enjeu concernait<br />

en premier lieu une idée. Une idée à abattre. Les tenants<br />

du non voulaient en effet en finir avec ce qu'ils considèrent<br />

comme le mythe européen. Par nationalisme, par<br />

xénophobie, par <strong>do</strong>gmatisme ou par nostalgie, ils voulaient<br />

se débarrasser de cette Europe qui barre l'horizon, qui<br />

dérange les habitudes, qui impose des changements.<br />

D'autres, qui n'étaient pas anti-européens, se sont laissé<br />

convaincre qu'on pouvait dire non à "cette Europe-là" pour<br />

en obtenir une autre.<br />

La vérité est que la seule Europe possible est celle que les<br />

Européens sont prêts à faire ensemble. Il est à craindre qu'il<br />

n'en reste plus grand-chose aujourd'hui. L'Europe est une<br />

construction fragile, <strong>do</strong>nt on va peut-être s'apercevoir -<br />

mais trop tard - qu'elle est réversible, alors même qu'une


part des partisans du non - les plus jeunes - la considère<br />

comme un acquis. Elle est en permanence un compromis<br />

fragile. La France vient de rompre celui-ci, et prend le risque<br />

de voir progressivement détricoter une Europe malmenée<br />

par l'appel d'air nationaliste et protectionniste que le non<br />

français peut provoquer.<br />

Le non est aussi la victoire d'une protestation tous<br />

azimuts. Comme si nous devions vivre désormais dans une<br />

démocratie du mécontentement généralisé. Au cœur de<br />

celui-ci prend place le niveau - insupportable - du chômage.<br />

Alors que son niveau relève bien davantage d'une plus ou<br />

moins mauvaise alchimie nationale, le chômage a aussi<br />

constitué un reproche adressé à l'Europe. Peu importe que<br />

le marché unique, le tarif extérieur commun, la libéralisation<br />

des échanges et, dans leurs limites, les politiques communes<br />

aient permis de créer ou de sauvegarder des millions<br />

d'emplois. Le fait est que le chômage est plus élevé, en<br />

moyenne, dans l'Union européenne qu'aux Etats-Unis et<br />

que l'élargissement a accru la concurrence.<br />

Mais la vérité est, aussi, que les salariés venus d'autres<br />

pays européens sont présents, en France, dans des<br />

secteurs où la main-d'œuvre manque, comme le bâtiment<br />

ou l'hôtellerie-restauration. Les délocalisations n'en sont<br />

pas moins réelles. Tous les jours, ou presque, des entreprises<br />

ferment ou réduisent le nombre de leurs salariés et s'installent<br />

ailleurs, le plus souvent hors d'Europe. Tous les<br />

jours, aussi, des entreprises se créent ou recrutent, mais<br />

pas dans les mêmes catégories d'emplois. Pour ceux qui<br />

sont victimes de ces mouvements, la réalité est terrible.<br />

L'Union européenne n'y est pas pour grand-chose. La compétition<br />

internationale est une <strong>do</strong>nnée <strong>do</strong>nt aucun pays ne<br />

peut s'abstraire, sauf à faire le choix de l'immobilisme et de<br />

la pauvreté. Et l'on ne voit pas par quel tour de passe-passe<br />

le fait de leur avoir dit non pourrait inciter nos partenaires à<br />

se lancer, comme l'a demandé un Henri Emmanuelli, dans<br />

un vaste plan anti-chômage qui supposerait, au préalable,<br />

un pas de plus vers une intégration que nous venons précisément<br />

de refuser. Première impasse.<br />

ENVIE D'EN DÉCOUDRE.<br />

Les pays riches - la Grande-Bretagne, les pays scandinaves<br />

l'ont montré - peuvent agir sur leurs marchés du travail;<br />

ils peuvent faire reculer le chômage en améliorant le<br />

coût et la qualité du travail. Mais - deuxième impasse - que<br />

retenir des différentes protestations, voire de l'envie d'en<br />

découdre exprimée par les vainqueurs du 29 mai?<br />

Comment faire le tri? Auquel de ses porte-parole - Le Pen,<br />

de Villiers, Fabius, Besancenot - faut-il accorder le plus de<br />

Foreign Affairs<br />

crédit? Faut-il considérer, avec Nicolas Sarkozy, que la victoire<br />

du non impose des réformes "vigoureuses", que l'on ne<br />

pourra sauver le "modèle social" français en le réformant en<br />

profondeur? Ou faut-il n'avoir pour seul mot d'ordre que le<br />

statu quo, puisque la crainte du changement est, elle aussi,<br />

au cœur du non? Et quelle partie du message faire prévaloir,<br />

au chapitre de l'identité française: celui des souverainistes,<br />

ou celui des socialistes?<br />

Faute d'entreprendre les efforts nécessaires pour ajuster<br />

la demande et l'offre d'emplois, le risque est en tous cas de<br />

continuer de susciter des réactions hostiles envers les<br />

étrangers. Il y a vingt ans, l'extrême droite affirmait que la<br />

cause du chômage était l'immigration maghrébine.<br />

Aujourd'hui, c'est du "plombier polonais" que viendrait tout<br />

le mal. Mais le pelé, le galeux n'est pas seulement à l'Est. Il<br />

est aussi au Sud. Le président d'Attac, organisation qui a<br />

milité intensivement pour le non, a présenté, dans ces<br />

colonnes, l'Espagne, le Portugal et la Grèce comme un<br />

groupe de pays "sous perfusion permanente de fonds<br />

européens" et qui, pour cette raison "acceptent toutes les<br />

directives qui passent dans la crainte de perdre leurs<br />

financements". A de tels propos, on mesure la ferveur<br />

européenne et internationaliste des tenants du non "de<br />

gauche".<br />

Celle-ci n'a sans <strong>do</strong>ute pas encore pris la mesure -<br />

troisième impasse - de l'onde de choc: la gauche est, en<br />

effet, plus que la droite, atteinte par la victoire du non. Car<br />

le référendum s'est joué dans ses rangs. Pour tous ceux qui,<br />

au Parti socialiste, mais aussi au Parti communiste et même<br />

à l'extrême gauche, s'étaient convertis à la réalité<br />

européenne, c'est une grave régression. Le débat sur la<br />

Constitution a fait de l'Union européenne la ligne de partage<br />

entre les "sociaux-libéraux" et les "anticapitalistes", les<br />

réformistes et les partisans d'une "rupture". Alors qu'un<br />

accord existait à gauche, depuis François Mitterrand, pour<br />

considérer l'Europe comme un nouvel espace politique à<br />

investir et pour tenter de renforcer sa dimension politique,<br />

justement, afin de contre-balancer le pouvoir économique,<br />

le refus du projet constitutionnel a rejeté la critique sociale<br />

de l'Union du côté de la crispation nationaliste.<br />

Quoi qu'ils en disent, en effet, les anti-européens de<br />

gauche n'ont pas seulement additionné leurs voix avec<br />

celles de Jean-Marie Le Pen et Philippe de Villiers. Ils ont<br />

mêlé leurs voix. Et certains arguments ont circulé, de la<br />

droite nationaliste à la gauche radicale. La gauche française<br />

court <strong>do</strong>nc le risque d'être paralysée par cette "fracture<br />

européenne" comme elle l'a été, dans les années 1950 à<br />

1980, par la question soviétique. Ou comme la gauche bri-<br />

torga 49


Foreign Affairs<br />

tannique quand il s'est trouvé une majorité, au Parti travailliste,<br />

pour porter à sa tête l'anti-européen et neutraliste<br />

Michael Foot, en 1980. Le Labour a mis dix-sept ans à<br />

retrouver le chemin du pouvoir sous la direction de Tony<br />

Blair.<br />

FIN D'UN CONSENSUS<br />

La droite a pour elle d'avoir été suivie par 80 % de son<br />

électorat, qui a voté oui comme l'y invitaient ses chefs.<br />

Jacques Chirac n'a pas mis son mandat en jeu. La majorité<br />

parlementaire n'est pas ébranlée par le résultat du scrutin. Il<br />

n'y a <strong>do</strong>nc pas de raison d'attendre ou de demander le<br />

départ du chef de l'Etat, comme l'ont fait Le Pen et de<br />

Villiers. Le changement de gouvernement procurera au<br />

président et à son camp le répit nécessaire pour tenter de<br />

prendre un nouveau départ. Reste l'essentiel: quelle politique<br />

pour répondre au non exprimé par les Français? De<br />

quelque manière que l'on interprète la vague protestataire,<br />

elle signifie que le système français - exception ou modèle,<br />

comme on voudra - ne marche pas. Il est plus que temps<br />

d'en prendre acte et d'y porter remède.<br />

Si l'on veut trouver du mérite à ce triste non, alors il faut<br />

dater du 29 mai 2005 la fin d'un consensus français attaché<br />

à ce que rien ne change. Cesser de se bercer de l'illusion<br />

d'un idéal français, que l'Union européenne aurait le grand<br />

tort de ne pas a<strong>do</strong>pter, voilà à quoi nous invitent ce référendum<br />

et le débat qui l'a précédé. Essayons d'éviter, comme<br />

certains nous le suggèrent déjà, un repli sur une conception<br />

étroite de "l'intérêt national". Faisons, sans complaisance et<br />

sans aveuglement, l'inventaire de ce qui ne va pas, de ce<br />

qui ne va plus, de ce que les Français n'acceptent plus ou<br />

ne devraient plus tolérer, et explorons les voies qui permettraient<br />

au pays de retrouver son chemin, de re<strong>do</strong>nner confiance<br />

à ces classes moyennes qui ont l'impression de perdre<br />

pied. Et souhaitons que le changement re<strong>do</strong>nne à la<br />

majorité des Français le désir de l'Europe.<br />

50 torga


Suscitou-me estas breves linhas uma<br />

capa da revista "Visão" [Nº 582, 29 de Abril<br />

de 2004], a que tive acesso na nossa<br />

Biblioteca, com o título "Estrelas na<br />

Escola".<br />

Os mais desatentos poderiam pensar<br />

tratar-se de uma questão de estu<strong>do</strong><br />

de Astronomia, mas não é de nada<br />

disso que se trata.<br />

Poderia ser também uma referência<br />

aos jovens em idade escolar que demonstram<br />

aptidões encorajáveis para<br />

a arte, ciência, desporto, actividades<br />

culturais ou intervenção comunitária,<br />

apenas para dar alguns exemplos.<br />

Não!... O que o artigo aborda é o<br />

que tristemente mais condiciona e<br />

motiva os jovens inseri<strong>do</strong>s no sistema<br />

escolar em que se habituam a conviver:<br />

o sucesso social a qualquer preço.<br />

A dimensão social, claro está, é relegada<br />

a uma mera função de aplauso<br />

<strong>do</strong>s candidatos a "estrelas".<br />

O que está em causa é ser conheci<strong>do</strong>,<br />

respeita<strong>do</strong> e até, eventualmente,<br />

temi<strong>do</strong> pelos colegas. A ostentação de<br />

roupas de marca ou telemóveis topo<br />

de gama, navalhas ou bastões de<br />

basebol, é um passo nesse senti<strong>do</strong>.<br />

Mas não é só o que conta... A cor e<br />

o formato <strong>do</strong>s cabelos são essenciais,<br />

a possibilidade de sair regularmente à<br />

noite com à vontade é causa de enorme<br />

respeito e, está bom de ver, as raparigas<br />

a que um rapaz conseguiu dar<br />

a volta, ou os rapazes a que uma rapariga<br />

conseguiu dar a volta, são sucesso<br />

garanti<strong>do</strong>.<br />

Sinal visível de sucesso é, sem dúvida,<br />

posto tu<strong>do</strong> isto, o número de conheci<strong>do</strong>s<br />

que rodeiam cada jovem<br />

estudante e, mais ainda, o número<br />

daqueles que gostariam de se dar com<br />

ele (ou ela) e ser como ele (ou ela). Os<br />

"gangs", nas várias acepções da palavra,<br />

tornam-se incontornáveis.<br />

Naturalmente, a questão de base é a<br />

função educativa e a forma como se<br />

Visão Pessoal<br />

ESTRELAS NA ESCOLA A UTOPIA DA<br />

SOLIDARIEDADE E O<br />

estão a educar os futuros homens e<br />

mulheres, em casa e fora dela.<br />

Quem primeiro tem culpas no cartório<br />

são os adultos por eles responsáveis,<br />

que se vão demitin<strong>do</strong> progressivamente<br />

das suas funções.<br />

Infelizmente, a repressão <strong>do</strong>s jovens<br />

é muito mais considerada que o<br />

acompanhamento efectivo destes e o<br />

resulta<strong>do</strong> é os pais saberem cada vez<br />

menos da vida e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seus<br />

próprios filhos.<br />

Poderia invocar-se uma onda favorável<br />

a todas as manifestações de individualismo,<br />

mesmo dentro da família,<br />

mas não me parece desculpa suficiente.<br />

Não pode haver desculpabilização<br />

por aí.<br />

Dito isto, embora o quadro actual<br />

deva justificar algum pessimismo, há<br />

que salvaguardar que ainda existem<br />

adultos que não se limitam a deixar os<br />

filhos (e alunos) entregues a si próprios<br />

e à espécie de lei da selva pressionante<br />

que <strong>do</strong>mina os recreios das<br />

escolas e outros espaços públicos.<br />

É preciso é que a sociedade, nas<br />

suas diversas subestruturas, apoie os<br />

adultos e os jovens que procuram<br />

mais que vaidadesinhas satisfeitas,<br />

projectos unipessoais, imposições violentas<br />

ou o esquecimento das pressões<br />

quotidianas através <strong>do</strong> álcool e<br />

<strong>do</strong>s narcóticos.<br />

Tu<strong>do</strong> isto passa por uma visão global<br />

que vá além <strong>do</strong> facilitismo <strong>do</strong>s<br />

desenrasques imediatos, olhan<strong>do</strong> as<br />

coisas a médio e longo prazo, como é<br />

lógico quan<strong>do</strong> se trata de jovens,<br />

quan<strong>do</strong> se trata <strong>do</strong> futuro.<br />

Afonso Madeira<br />

25 DE ABRIL<br />

Uma das razões porque segui o Curso<br />

de Ciências Documentais foi, sem dúvida,<br />

o valor que <strong>do</strong>u àquilo que me dá<br />

a memória, escrita, audiovisual ou...<br />

vivida.<br />

Passa<strong>do</strong> mais um aniversário sobre<br />

o 25 de Abril de 1974, sobre o primeiro<br />

1º de Maio comemora<strong>do</strong> em Portugal<br />

e sobre o início <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> PREC<br />

(Processo Revolucionário em Curso),<br />

sei que, pelo meio de muitas desilusões,<br />

nos trouxeram mais democracia,<br />

uma nova Constituição, eleições livres<br />

e directas, uma assembleia parlamentar<br />

representativa, a liberalização <strong>do</strong>s<br />

parti<strong>do</strong>s políticos, liberdade de expressão,<br />

religiosa, etc.<br />

Porém, sinto falta de tu<strong>do</strong> o que ficou<br />

por cumprir. Entristece-me pensar que<br />

o 25 de Abril foi, em grande parte, uma<br />

utopia, um sonho grande demais para<br />

se realizar plenamente e que, além<br />

disso, cada vez está mais distante.<br />

Mesmo assim, não quero sequer<br />

resistir ao meu la<strong>do</strong> mais romântico,<br />

que vive cheio de saudades desses<br />

primeiros anos Pós-25 de Abril em<br />

que, pelo menos, ainda se sonhava.<br />

Mais <strong>do</strong> que tu<strong>do</strong> o que me vem à<br />

memória desses tempos, recor<strong>do</strong> a<br />

esperança na cara das pessoas, alimentada<br />

pela boa vontade e o idealismo<br />

de to<strong>do</strong>s.<br />

As pessoas pouco faziam de prático<br />

e consequente, a economia e as finanças<br />

não foram bem orientadas, mas as<br />

pessoas passavam horas nas ruas a<br />

falar umas com as outras sobre as suas<br />

ideias para construir um Mun<strong>do</strong> melhor.<br />

Isto tem certamente algum valor. As<br />

pessoas discutiam e dialogavam, não<br />

estavam fechadas sobre si e... tinham<br />

esperança em algo maior e melhor.<br />

A alegria sentia-se nas ruas, nas<br />

manifestações públicas de afeição,<br />

torga 51


Visão Pessoal<br />

numa vida sem rotinas, na partilha das<br />

coisas.<br />

Havia uma ética substancial por trás<br />

de tu<strong>do</strong>, que tocava toda a miríade de<br />

possíveis soluções para o Mun<strong>do</strong> e,<br />

porque não dizê-lo, tocava também o<br />

dia-a-dia.<br />

Apesar de todas as ideias revolucionárias,<br />

o país vivia sem a criminalidade<br />

que hoje conhecemos, até<br />

porque o coração das pessoas estava<br />

disponível para fazer sacrifícios pessoais<br />

pelo colectivo, solidária e fraternalmente.<br />

Havia muito desemprego, havia inflação<br />

... mas também existiam expectativas<br />

que hoje parecem perdidas e<br />

tinham-se amizades que davam um<br />

apoio que agora é raro encontrar.<br />

Chamem-me romântico se quiserem...<br />

não é ofensa.<br />

52 torga<br />

Afonso Madeira<br />

HISTÓRIA BREVE DA UNIÃO EUROPEIA<br />

A União Europeia é constituída, actualmente,<br />

por 25 Esta<strong>do</strong>s-membros.<br />

Perspectivam-se, num horizonte próximo<br />

a adesão da Roménia e da Bulgária<br />

(2007), o início <strong>do</strong> processo de negociações<br />

com vista à adesão (em 2015?)<br />

da Turquia, e a Croácia também já solicitou<br />

a adesão.<br />

Agrupan<strong>do</strong> as três organizações comunitárias<br />

(CECA, CEE e EURATOM),<br />

criadas, respectivamente, em 1951 e<br />

1957, pela aprovação <strong>do</strong>s Trata<strong>do</strong>s de<br />

Paris e de Roma, a UE é uma organização<br />

internacional de integração, diferencian<strong>do</strong>-se<br />

das organizações de<br />

cooperação pelo carácter supranacional<br />

<strong>do</strong>s actos jurídicos a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s<br />

pelas suas Instituições.<br />

Os Trata<strong>do</strong>s de Paris e de Roma<br />

definiram os seguintes objectivos gerais:<br />

desenvolvimento económico e<br />

social, aumento <strong>do</strong> nível de vida e melhoria<br />

das condições de trabalho, e<br />

união cada vez mais estreita entre os<br />

povos europeus.<br />

A estrutura orgânica da UE, os objectivos<br />

e actividades que prossegue<br />

decorrem <strong>do</strong> conjunto de princípios e<br />

regras consubstanciadas nos trata<strong>do</strong>s<br />

originários supracita<strong>do</strong>s, e nos seguintes<br />

Trata<strong>do</strong>s complementares: Acto<br />

Único Europeu, de 28.02.1986, Trata<strong>do</strong><br />

de Maastricht, de 10.12.1991, Trata<strong>do</strong><br />

de Amesterdão, de 1997 e Trata<strong>do</strong><br />

de Nice de 2001.<br />

Finalmente, acaba de ser aprovada<br />

a Constituição Europeia, na Cimeira de<br />

Bruxelas, de 18.06.2004, e que foi assinada<br />

em Roma no dia 29 de Outubro<br />

<strong>do</strong> ano transacto. Aguarda-se, agora,<br />

no prazo de 2 anos, o processo de ratificação,<br />

por referen<strong>do</strong> ou aprovação<br />

<strong>do</strong>s Parlamentos, consoante as respectivas<br />

Constituições <strong>do</strong>s EM.<br />

A UE foi-se construin<strong>do</strong>, progressivamente,<br />

desde 1951, ora alargan<strong>do</strong> o<br />

seu espaço geográfico, ora amplian<strong>do</strong><br />

a sua intervenção aos mais diversos<br />

<strong>do</strong>mínios de actividade.<br />

Trata-se de uma organização internacional<br />

(regional) complexa, que pode<br />

ser equacionada em quatro dimensões:<br />

geográfica e humana, económica,<br />

social e política.


Actualmente, a UE compreende mais<br />

de 450 milhões de cidadãos europeus<br />

(mais <strong>do</strong> que a população <strong>do</strong>s EUA e<br />

<strong>do</strong> Japão juntas), apenas superada pela<br />

China e pela Índia - 1295 milhões e<br />

1057 milhões de pessoas, respectivamente.<br />

A UE com os seus actuais 25 EM,<br />

constitui, portanto, um <strong>do</strong>s maiores<br />

espaços populacionais <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.<br />

Uma em cada 14 pessoas vive hoje na<br />

zona comunitária. Para este aumento<br />

contribuiu não só uma ligeira subida<br />

da taxa da natalidade (1,48% contra<br />

1,38% <strong>do</strong> Japão, mas abaixo <strong>do</strong>s<br />

2,07% <strong>do</strong>s EUA), mas, sobretu<strong>do</strong>, os<br />

fluxos migratórios. Assim, em 2003, a<br />

população <strong>do</strong>s 25 Esta<strong>do</strong>s-membros<br />

aumentou 1,9 milhões de pessoas.<br />

Pode, pois, concluir-se que a dimensão<br />

geográfica e humana da UE está<br />

em expansão permanente: 6, 9, 10, 12,<br />

15, e, desde 01.05.2004, 25 Países.<br />

Quanto à sua dimensão económica,<br />

a UE já representa o maior espaço<br />

comercial <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>, embora, a nível<br />

<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s-membros, sejam grandes<br />

as diferenças, tanto no que respeita à<br />

estrutura da população activa e à repartição<br />

<strong>do</strong> PIB por sectores de actividade,<br />

como no que concerne à produtividade<br />

da mão-de-obra em cada um<br />

<strong>do</strong>s sectores.<br />

Mas a importância da UE mão resulta<br />

apenas <strong>do</strong> seu potencial económico<br />

e <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> seu comércio neste<br />

Mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong>. Decorre, também,<br />

da sua dimensão social e das características<br />

que lhe são inerentes, como<br />

sejam o volume da população activa,<br />

as despesas com a protecção social e<br />

com a educação, as condições da<br />

prestação <strong>do</strong> trabalho, os índices de<br />

nível de vida e das condições de saúde,<br />

a qualidade <strong>do</strong> ambiente, etc. Em<br />

síntese, a UE é detentora de um património<br />

inalienável, construí<strong>do</strong> após a II<br />

Guerra Mundial: o modelo social<br />

europeu.<br />

Assim, o nível médio das despesas<br />

com a protecção social atinge uma<br />

percentagem <strong>do</strong> PIB, que quase duplica<br />

a <strong>do</strong>s EUA, e que é mais <strong>do</strong> <strong>do</strong>bro<br />

da <strong>do</strong> Japão.<br />

A conjugação <strong>do</strong>s diversos indica<strong>do</strong>res<br />

sociais e de nível de vida<br />

mostra-nos, por um la<strong>do</strong>, que o conjunto<br />

da UE constitui um espaço com<br />

uma significativa dimensão social e,<br />

por outro la<strong>do</strong>, que existe entre os<br />

seus membros uma acentuada diferenciação<br />

social e de nível de vida.<br />

A UE tem, também, uma dimensão<br />

política extremamente relevante na<br />

nova ordem mundial, sobretu<strong>do</strong> após<br />

a adesão <strong>do</strong>s Países da Europa<br />

Central e Oriental.<br />

Com efeito, uma parte significativa<br />

<strong>do</strong>s países da UE pertence à União da<br />

Europa Ocidental (UEO), à NATO, ao<br />

Conselho da Europa, à Conferência de<br />

Segurança e Cooperação Europeia<br />

(CSCE) e, obviamente à Organização<br />

Visão Pessoal<br />

das Nações Unidas (ONU) e às suas<br />

organizações especializadas. Por outro<br />

la<strong>do</strong>, no Conselho de Segurança<br />

da ONU, <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s-membros da<br />

UE - a França e o Reino Uni<strong>do</strong> - usufruem<br />

<strong>do</strong> direito de veto, juntamente<br />

com os EUA, a Rússia e a China, <strong>do</strong><br />

qual são membros permanentes. No<br />

entanto, está em curso a reforma das<br />

Nações Unidas no contexto da nova<br />

ordem mundial, em que sobressaem, a<br />

emergência de novas potências mundiais<br />

como a Índia e o Brasil, mas também<br />

a hirperpotência <strong>do</strong>s EUA (após a<br />

queda <strong>do</strong> muro de Berlim e a consequente<br />

dissolução da URSS e <strong>do</strong><br />

Comecon) e o terrorismo à escala<br />

planetária.<br />

Na actual fase da sua evolução, e,<br />

em particular, com a aprovação da<br />

Constituição Europeia, a UE caminha,<br />

progressivamente, para uma união<br />

política (sem questionar, agora, se se<br />

trata da aproximação a um Esta<strong>do</strong><br />

Federal ou a uma confederação de<br />

Esta<strong>do</strong>s).<br />

No actual quadro comunitário, os<br />

Esta<strong>do</strong>s-membros conservam parte<br />

das suas prerrogativas soberanas<br />

externas, mas já diluíram nas políticas<br />

comunitárias algumas das suas prerrogativas<br />

soberanas internas.<br />

Em suma, o processo de formação<br />

da Europa Comunitária foi-se desenvolven<strong>do</strong><br />

ao longo de muitos anos sob<br />

a influência das ideias e projectos de<br />

políticos, filósofos, sociólogos e economistas,<br />

e encontrou, no perío<strong>do</strong> subsequente<br />

ao termo da II Guerra Mundial,<br />

as condições políticas, económicas,<br />

sociais e militares propícias ao seu<br />

desenvolvimento e consolidação.<br />

Vitorino Vieira Dias<br />

torga 53


Visão Pessoal<br />

A CONSTANTE PERMANÊNCIA DO NADA<br />

Para reflectir:<br />

Nas ruas, nas ruelas,<br />

Nos becos ou papelões,<br />

Debaixo de um jornal.<br />

São cada vez mais pessoas,<br />

Mais olhares vazios,<br />

Ausência de tu<strong>do</strong>,<br />

A constante permanência <strong>do</strong> nada.<br />

Mão estendida.<br />

Perderam tu<strong>do</strong>,<br />

A começar pela esperança.<br />

No âmbito da disciplina de Supervisão<br />

em Serviço Social, <strong>do</strong> terceiro ano <strong>do</strong><br />

Curso de Serviço Social <strong>do</strong> Instituto<br />

Superior Miguel Torga, foi realiza<strong>do</strong> um<br />

estágio de observação subordina<strong>do</strong><br />

ao tema "A Constante Permanência <strong>do</strong><br />

Nada". Propus-me a acompanhar uma<br />

Equipa que nas longas noites deste<br />

rigoroso Inverno percorre as escuras<br />

ruas de Coimbra que servem de cama<br />

para muitos Sem Abrigo, fornecen<strong>do</strong>lhes<br />

agasalhos, café quente, bolos e a<br />

possibilidade de pernoitar num abrigo,<br />

caso queiram. Esta equipa resulta de<br />

um trabalho em rede entre várias instituições<br />

ligadas à problemática <strong>do</strong>s<br />

Sem Abrigo nomeadamente a AMI,<br />

Integrar, Casa Abrigo Padre Américo,<br />

Cáritas, Departamento da Acção<br />

Social da Câmara, Associação das<br />

Cozinhas Económicas e Segurança<br />

Social.<br />

Este foi um trabalho de observação<br />

participante, a partir <strong>do</strong> terreno, local<br />

privilegia<strong>do</strong> na recolha de informação<br />

e que teve como objectivo conhecer o<br />

número de população sem abrigo, saber<br />

onde pernoitam, perceber a motivação<br />

daqueles que se dedicam a esta<br />

causa, porque o fazem, e como o fazem;<br />

havia também a curiosidade de<br />

saber que tipo de relação se estabelece<br />

entre a população sem abrigo e<br />

os técnicos que lhes dão apoio e<br />

sobretu<strong>do</strong> a necessidade pessoal de<br />

contactar com uma realidade que<br />

durante o dia nos escapa e por vezes<br />

ignoramos, conhecer objectivamente<br />

54 torga<br />

as necessidades mais prementes destes<br />

indivíduos, quais os seus me<strong>do</strong>s e<br />

poder fazer parte, ainda que por pouco<br />

tempo, de um projecto tão nobre e<br />

ainda tão pouco divulga<strong>do</strong> e apoia<strong>do</strong>.<br />

Este tema é muito delica<strong>do</strong> mas<br />

também muito aliciante e foram as<br />

"não condições de vida" que estas<br />

pessoas têm que me motivaram a tirar<br />

este Curso e a provar a quem diz "lixo<br />

deste não faz cá falta" que nenhum ser<br />

humano é lixo e que devidamente<br />

apoia<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s são pessoas produtivas<br />

e importantes para o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> país. Este estágio de observação<br />

decorreu no dia 6 de Janeiro de<br />

2005 entre as 21 horas e as 2 da madrugada.<br />

Partimos da Avenida Sá da<br />

Bandeira, <strong>do</strong> antigo Quartel <strong>do</strong>s Bombeiros<br />

Sapa<strong>do</strong>res de Coimbra, cujo<br />

rés-<strong>do</strong>-chão foi aproveita<strong>do</strong> pala Câmara<br />

Municipal de Coimbra como<br />

local de acolhimento para os Sem<br />

Abrigo. Este espaço contém 6 beliches<br />

e 12 camas, número bastante reduzi<strong>do</strong><br />

para fazer face às necessidades<br />

desta população alvo. A nossa<br />

primeira paragem foi nas Faculdades<br />

de Química, mais propriamente no<br />

espaço semi-coberto entre as duas<br />

faculdades. A segunda paragem efectuou-se<br />

na rua Fernão Magalhães,<br />

seguin<strong>do</strong> depois para a Rua <strong>do</strong>s<br />

Oleiros, a Estação Velha e finalmente<br />

a zona adjacente ao edifício da Segurança<br />

Social. Os Sem Abrigo que<br />

pernoitam no edifício cedi<strong>do</strong> pela<br />

Câmara só podem ser manda<strong>do</strong>s para<br />

lá pelas instituições às quais recorrem<br />

ou pela Emergência Social e só são<br />

aceites depois de terem preenchi<strong>do</strong><br />

um pedi<strong>do</strong> de vaga ten<strong>do</strong> que entrar<br />

obrigatoriamente até às 22horas. A<br />

ideia inicial deste projecto era reservar<br />

algumas vagas para os indivíduos que<br />

fossem encontra<strong>do</strong>s durante a noite<br />

pela equipa, no entanto, quan<strong>do</strong> lá<br />

cheguei, onze das <strong>do</strong>ze camas já<br />

estavam ocupadas.<br />

Às 22.30h iniciámos a nossa viagem,<br />

numa carrinha da Cáritas, levan<strong>do</strong><br />

termos de café quente e uma caixa<br />

de bolos gentilmente cedida pela Pastelaria<br />

Vénus, que oferece duas vezes<br />

por semana, nos outros cinco dias os<br />

bolos são ofereci<strong>do</strong>s pela Pastelaria<br />

Vasco da Gama. Nas Faculdades de<br />

Química, nossa primeira paragem,<br />

éramos aguarda<strong>do</strong>s por um indivíduo<br />

de nacionalidade iraquiana e <strong>do</strong>is de<br />

nacionalidade portuguesa, um <strong>do</strong>s<br />

quais com 57 anos. O mais i<strong>do</strong>so <strong>do</strong>s<br />

três havia si<strong>do</strong> recolhi<strong>do</strong> pelos outros<br />

<strong>do</strong>is, que o colocaram a <strong>do</strong>rmir no<br />

meio de ambos porque se encontrava<br />

<strong>do</strong>ente. Apenas um deles tinha um<br />

pequeno colchão, os outros <strong>do</strong>is <strong>do</strong>rmiam<br />

em cima de um cobertor <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>.<br />

Depois de comeram e beberem<br />

ficámos um pouco à conversa e quan<strong>do</strong><br />

convidámos um deles a ocupar a<br />

cama livre to<strong>do</strong>s recusaram; no entanto,<br />

os colegas <strong>do</strong> senhor mais i<strong>do</strong>so


insistiram com ele para que fosse connosco.<br />

Ele alegou que não ia porque<br />

havia lá muitos ucranianos e tinha<br />

me<strong>do</strong> deles além <strong>do</strong> que não queria<br />

aban<strong>do</strong>nar os amigos que tão bem o<br />

tinham recolhi<strong>do</strong>. Não insistimos e deixámos<br />

com eles quatro cobertores.<br />

Uns metros mais à frente, estava um<br />

africano de 54 Anos protegi<strong>do</strong> por um<br />

muro de caixotes de papelão e envolto<br />

em cobertores. Este indivíduo aguardava<br />

a nossa chegada mais pela companhia<br />

<strong>do</strong> que pela comida, já que não<br />

quis comer. Encontrava-se muito debilita<strong>do</strong><br />

e <strong>do</strong>ente mas acompanha<strong>do</strong><br />

medicamente; recusou cobertores tal<br />

como a cama livre e guar<strong>do</strong>u os bolos<br />

para o dia seguinte.<br />

Seguimos para a Estação Velha<br />

onde nessa noite não se encontrava<br />

ninguém a <strong>do</strong>rmir e de seguida fomos<br />

para a Av. Fernão de Magalhães, onde<br />

há <strong>do</strong>ze anos pernoita um indivíduo a<br />

quem os lojistas e mora<strong>do</strong>res da zona<br />

dão comida e roupa. Encontrava-se a<br />

<strong>do</strong>rmir tão profundamente que não<br />

conseguimos acordá-lo. Seguimos até<br />

à Rua <strong>do</strong>s Oleiros onde normalmente<br />

<strong>do</strong>rme um outro indivíduo, mas aí<br />

demorámos pouco tempo, pois este<br />

não gosta de ser incomoda<strong>do</strong>; também<br />

ele recusou abrigo naquela noite<br />

terrivelmente fria. A última paragem foi<br />

na periferia da Segurança Social, onde<br />

encontrámos um sem abrigo deita<strong>do</strong><br />

debaixo da ponte que faz ligação à<br />

ponte <strong>do</strong> Açude, numa das extremidades<br />

com aproximadamente um metro<br />

de altura o que nos obrigou a entrar<br />

<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s. Esta foi a situação que mais<br />

me chocou, pois este indivíduo <strong>do</strong>rmia<br />

só sobre um papelão, em cima de um<br />

chão com muitas pedras e com um<br />

único cobertor a tapá-lo. Ficámos a<br />

saber que é um ex-combatente colonial<br />

com visível trauma pós-guerra,<br />

não paran<strong>do</strong> de dizer que o seu melhor<br />

amigo e irmão de armas lhe tinha<br />

morri<strong>do</strong> nos braços sem que nada pudesse<br />

fazer e por isso merecia sofrer.<br />

Este homem de 56 anos não quer<br />

aban<strong>do</strong>nar a rua e pede para o deixarmos<br />

ali, mas confessa choran<strong>do</strong>, que<br />

já tinha ouvi<strong>do</strong> falar da equipa de rua,<br />

esperan<strong>do</strong> que um dia chegasse até<br />

ele. Bebeu 3 copos de café quente,<br />

pois assumiu que estava gela<strong>do</strong>, e deixámos<br />

com ele os últimos seis bolos e<br />

os últimos três cobertores. Colocámos<br />

um deles <strong>do</strong>bra<strong>do</strong> no chão para fazer<br />

de cama e os outros para se tapar.<br />

Este homem continuava a chorar mas<br />

agora de agradecimento. As Técnicas<br />

<strong>do</strong> Sol Nascente combinaram encontrarem-se<br />

com ele no dia seguinte<br />

para irem à Segurança Social tratar <strong>do</strong><br />

pedi<strong>do</strong> de Rendimento Mínimo Garanti<strong>do</strong>.<br />

To<strong>do</strong>s estes indivíduos recorrem<br />

à AMI para tomar banho e mudar de<br />

roupa pelo menos duas vezes por<br />

semana e to<strong>do</strong>s tem uma carta da<br />

Segurança Social para poder almoçar<br />

e jantar nas cozinhas económicas.<br />

Aquela noite, talvez por ter si<strong>do</strong> a<br />

primeira, não sei bem, vai permanecer<br />

na minha memória durante muito<br />

tempo, como sen<strong>do</strong> aquela em que eu<br />

me senti verdadeiramente impotente e<br />

consciente de que a boa vontade não<br />

chega para mudar as coisas, e que<br />

existem coisas bem mais importantes<br />

<strong>do</strong> que o conforto <strong>do</strong> lar para nos fazer<br />

sentir bem. Estes sete homens demonstraram<br />

que, apesar de terem<br />

como suas apenas as pedras da calçada<br />

e uma mão cheia de nada, ainda<br />

conseguem rir, dar valor à amizade e<br />

ter esperança. No entanto, só depois<br />

tive plena consciência da dura realidade<br />

com a qual tinha contacta<strong>do</strong>,<br />

como se tivesse ti<strong>do</strong> um pesadelo e<br />

acorda<strong>do</strong> de repente. O dia seguinte<br />

foi para mim muito complica<strong>do</strong>, chorei<br />

muito e recusei-me a sentir frio e a<br />

comer, porque só me apetecia gritar<br />

de raiva e obrigar os nossos governantes<br />

a tirar a cabeça debaixo da<br />

areia e a olhar com olhos de ver o que<br />

se passa nas noites escuras e frias das<br />

nossas cidades. Esta gente existe,<br />

merece respeito, não são animais a<br />

Visão Pessoal<br />

quem se dá uma migalha de pão<br />

quan<strong>do</strong> há sobras. Continuo a pensar<br />

que se pode mudar algo, e sei que a<br />

perseverança é um forte alia<strong>do</strong>, mas<br />

descobri nesta noite que é possível<br />

tornar invisível qualquer coisa e desde<br />

que as consideremos indesejáveis elas<br />

deixam de existir.<br />

Quan<strong>do</strong> se fala de injustiças sociais<br />

to<strong>do</strong>s apontam o de<strong>do</strong> ao sistema,<br />

porque é mais fácil culpar os outros <strong>do</strong><br />

que ver onde nós próprios errámos.<br />

Também eu, quan<strong>do</strong> me propus realizar<br />

este trabalho, fiz alguns julgamentos<br />

erra<strong>do</strong>s acerca da motivação e actuação<br />

<strong>do</strong>s técnicos liga<strong>do</strong>s à área social.<br />

Encontrei, no entanto, um grupo<br />

de pessoas dispostas a dar muito <strong>do</strong><br />

seu tempo a esta causa trabalhan<strong>do</strong><br />

com escassos recursos financeiros e<br />

humanos, mesmo saben<strong>do</strong> que o seu<br />

trabalho não é devidamente reconheci<strong>do</strong>.<br />

A aceitação da minha presença<br />

nesta equipa não podia ter si<strong>do</strong> mais<br />

positiva. Houve a preocupação de me<br />

informarem de to<strong>do</strong>s os objectivos<br />

deste novo projecto de parceria, de me<br />

mostrarem como funciona o trabalho<br />

em rede e de me explicarem quais os<br />

méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s. Da mesma forma<br />

quiseram saber quais as minhas motivações<br />

para os acompanhar e receavam<br />

uma possível emotividade excessiva<br />

e negativa, o que não aconteceu.<br />

Também no contacto com os Sem<br />

Abrigo notei uma relação de respeito e<br />

de solidariedade, mas essencialmente<br />

de cumplicidade e de não julgamento,<br />

facto que me fez aban<strong>do</strong>nar as ideias<br />

preconcebidas e erradas acerca <strong>do</strong><br />

que é o verdadeiro trabalho social.<br />

Maria Fernanda C.F.M. Garri<strong>do</strong><br />

3ª Ano de Serviço Social<br />

torga 55


Publicações<br />

56 torga<br />

MONTEIRO, Rosa<br />

O Que Dizem as Mães<br />

Quarteto, 2005<br />

RUSSEL, Stuart<br />

NORVIG, Peter<br />

Inteligência Artificial<br />

Campus, 2004<br />

BRYMAN, Alan<br />

The Disneyization of Society<br />

Sage, 2004<br />

Algumas das publicações que deram entrada<br />

na Biblioteca <strong>do</strong> ISMT<br />

" Ao contrário <strong>do</strong> que o título pode sugerir, este livro não<br />

fala apenas de mulheres ou da maternidade. Nele encontramos<br />

pistas para perspectivar o futuro das relações conjugais<br />

e da família, o futuro <strong>do</strong> emprego feminino e masculino<br />

e, arriscaria mesmo, o futuro da espécie humana. No<br />

centro de todas elas encontramos a maternidade, que,<br />

finalmente, tem vin<strong>do</strong> a suscitar um interesse crescente,<br />

visível em vários campos. (…) Hoje, a grande questão existencial<br />

de muitas mulheres reside em encontrar um mo<strong>do</strong><br />

de se realizarem como indivíduos sem que para tal tenham<br />

que renunciar a serem mães."<br />

"O livro também apresenta uma clareza jamais vista na apresentação<br />

<strong>do</strong>s conceitos e cobre, com grande abrangência,<br />

boa profundidade e alto grau de clareza, as principais áreas<br />

e aplicações da IA, apresentan<strong>do</strong> ainda referências históricas<br />

e bibliográficas extensas, que poderão servir de referência<br />

para qualquer pessoa que queira se aprofundar ainda mais<br />

nos tópicos aqui trata<strong>do</strong>s. Com certeza este é um clássico da<br />

computação que continuará atualiza<strong>do</strong> por muitos anos."<br />

"A Disneyzação da sociedade" defende que o mun<strong>do</strong> actual<br />

cada vez mostra mais as características <strong>do</strong>s parques da<br />

Disney. (…) Este é um trabalho revela<strong>do</strong>r na área da sociologia<br />

da cultura e da sociedade moderna e deveria ser li<strong>do</strong> por<br />

to<strong>do</strong>s os alunos de sociologia e estu<strong>do</strong>s culturais."


"O primeiro capítulo de Duarte Araújo é uma visão geral da<br />

evolução da psicologia <strong>do</strong> desporto internacional, com<br />

destaque para a que teve lugar em Portugal, seguin<strong>do</strong>-se um<br />

estu<strong>do</strong> de Mário Godinho na âmbito da aprendizagem motora,<br />

uma reflexão de Américo Baptista sobre os processos<br />

emocionais no desporto e um texto de José Carlos Leitão em<br />

torno das questões psicológicas associadas ao desporto de<br />

aventura. (…) A última sequência de textos centra-se nos<br />

aspectos mais relaciona<strong>do</strong>s com a psicologia <strong>do</strong> treino em<br />

que o rendimento desportivo é associa<strong>do</strong> à visualização<br />

como forma de treino mental, no capítulo de José Alves e aos<br />

factores personalísticos, por Milagros Esquerro."<br />

"Este livro corresponde a uma tentativa de problematização<br />

da relação escola-família em Portugal, cruzan<strong>do</strong> uma<br />

reflexão teórica e conceptual e uma pesquisa sócio-histórica<br />

sobre a emergência e desenvolvimento da participação<br />

parental no nosso país com um estu<strong>do</strong> etnográfico, conduzi<strong>do</strong><br />

ao longo de mais de <strong>do</strong>is anos de trabalho de campo, em<br />

três comunidades educativas <strong>do</strong> 1º ciclo no centro-litoral <strong>do</strong><br />

país."<br />

"Este livro centra-se nas famílias com elementos i<strong>do</strong>sos, nas<br />

interacções que emergem no seu interior, nas satisfações e<br />

nas dificuldades que enfrentam. Analisa a família como um<br />

lugar de cuida<strong>do</strong>s aos i<strong>do</strong>sos em que o recurso a apoios<br />

institucionais surge, em geral, como derradeira opção para<br />

suprir necessidades de cuida<strong>do</strong>s que a família, por algum<br />

motivo, não tem disponibilidade para providenciar."<br />

SERPA, Sidónio<br />

ARAÚJO, Duarte<br />

Psicologia <strong>do</strong> Desporto<br />

e <strong>do</strong> Exercício: compreensão<br />

e aplicações<br />

Faculdade de Motricidade<br />

Humana, 2002<br />

SILVA, Pedro<br />

Escola-Família, Uma Relação<br />

Armadilhada: interculturalidade<br />

e relações<br />

de poder<br />

Afrontamento, 2003<br />

SOUSA, Liliana<br />

FIGUEIREDO, Daniela<br />

CERQUEIRA, Margarida<br />

Envelhecer em Família:<br />

os cuida<strong>do</strong>s familiares na<br />

velhice<br />

Âmbar, 2004<br />

Publicações<br />

torga 57


Mestra<strong>do</strong>s<br />

58 torga<br />

EM PREPARAÇÃO<br />

Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />

de Cristina Maria Rodrigues<br />

Silva Ventura, intitula<strong>do</strong> "Estratégias<br />

de Coping em Famílias com Crianças<br />

Autistas".<br />

Mestra<strong>do</strong> em Toxicodependência e<br />

Patologias Psicossociais, de Sandra<br />

La Salete Campos Abrantes, intitula<strong>do</strong><br />

"(Tóxico)Dependência: à descoberta<br />

<strong>do</strong> impacto da heroínodependência<br />

no stress parental".<br />

Mestra<strong>do</strong> em Toxicodependência e<br />

Patologias Psicossociais, de Carlos<br />

Lopes Car<strong>do</strong>so, intitula<strong>do</strong> "Imagem<br />

Corporal e Depressão na Infância:<br />

contributo para a avaliação de uma<br />

escala de avaliação da imagem."<br />

Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico,<br />

de Paula Sofia Coelho Paiva,<br />

intitula<strong>do</strong> "Dificuldades de Aprendizagem<br />

e o Perío<strong>do</strong> de Latência".<br />

Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico,<br />

de Liliana Filipa Gonçalves<br />

Moreira Pinto, intitula<strong>do</strong> "O Sentimento<br />

de Culpa e o Seu Papel no Processo<br />

Psicoterapêutico".<br />

Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico,<br />

de Anabela Ponces Ferret de<br />

Almeida Correia, intitula<strong>do</strong> "Avaliação<br />

<strong>do</strong> Serviço <strong>do</strong> Centro de Atendimento<br />

a Jovens de Coimbra - CAJ".<br />

Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da Saúde,<br />

de Sónia Catarina Lopes Marques,<br />

intitula<strong>do</strong> "A Sobrecarga <strong>do</strong>s Cuida<strong>do</strong>res<br />

de Doentes Com AVC."<br />

Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />

de Ana Cristina da Silva Costa,<br />

versan<strong>do</strong> sobre o tema da relação<br />

entre a hiperactividade e a (im)possibiblidade<br />

de brincar.<br />

Mestra<strong>do</strong> em Aconselhamento Dinâmico,<br />

de Ana Sofia Noronha, versan<strong>do</strong><br />

sobre o tema da baixa satisfação profissional<br />

ao burnout em trabalha<strong>do</strong>res<br />

autárquicos.<br />

Mestra<strong>do</strong> em Serviço Social, de Paula<br />

Manuela Almeida Marques Henriques,<br />

versan<strong>do</strong> sobre o tema <strong>do</strong> Serviço<br />

Social nos municípios <strong>do</strong> distrito de<br />

Viseu.<br />

Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />

de Ana Luísa E. C. Nogueira <strong>do</strong>s<br />

Santos, versan<strong>do</strong> sobre o tema da<br />

prestação de cuida<strong>do</strong>s a crianças:<br />

diferenciação segun<strong>do</strong> o género <strong>do</strong><br />

progenitor.<br />

Mestra<strong>do</strong> em Acompanhamento Dinâmico,<br />

de Cláudia Maria de Jesus<br />

Margaça, versan<strong>do</strong> sobre o tema <strong>do</strong><br />

impacto das situações de <strong>do</strong>ença<br />

grave, crónica e incapacitante nos<br />

profissionais de saúde.<br />

Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />

de Susana Baptista de Oliveira,<br />

versan<strong>do</strong> sobre o tema da união de<br />

facto e expectativas diferenciadas<br />

segun<strong>do</strong> o género.<br />

Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da Saúde,<br />

de Ana Isabel Casca Jesus Carlos<br />

Ferreira, versan<strong>do</strong> sobre o tema da<br />

paramiloi<strong>do</strong>se.


CONCLUIDOS<br />

ANABELA JESUS DUARTE<br />

ESCARABELO CÂNDIDO<br />

Em 31 de Janeiro de 2005, concluiu o<br />

Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da Saúde,<br />

com a Tese intitulada "Interacção<br />

Enfermeiro/Doente: acontecimentos<br />

marcantes na vida <strong>do</strong>s enfermeiros e<br />

seu significa<strong>do</strong> na construção da identidade<br />

profissional". O Júri, constituí<strong>do</strong><br />

pelos Professores Doutores António<br />

Proença da Cunha (ISMT), Wilson<br />

Pinto de Abreu (ESEAGP) e Pedro<br />

Zany Caldeira (U.Lusíada), classificou<br />

a prova com Muito Bom.<br />

RUI MANUEL NUNES LADEIRA<br />

Em 2 de Fevereiro de 2005, concluiu o<br />

Mestra<strong>do</strong> em Toxicodependências e<br />

Patologias Psicossociais, com a Tese<br />

intitulada "Os A<strong>do</strong>lescentes e o Consumo<br />

de Substâncias Lícitas e Ilícitas:<br />

prazer /desprazer: propensão para o<br />

risco". O Júri, constituí<strong>do</strong> pelos Professores<br />

Doutores António Proença da<br />

Cunha (ISMT), Carlos Amaral Dias<br />

(ISMT), Sandra Oliveira (ISMT), Wilma<br />

Diniz Car<strong>do</strong>so (UCDB) e René Tápia<br />

Ormazabal (ISMT), classificou a prova<br />

com Muito Bom.<br />

ANA MARGARIDA LOUREIRO<br />

FERREIRA<br />

Em 9 de Março de 2005, concluiu o<br />

Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas Sociais,<br />

com a Tese intitulada "A Feminização<br />

na Prestação de Cuida<strong>do</strong>s a<br />

Familiares I<strong>do</strong>sos: uma análise das implicações<br />

na vida da mulher cuida<strong>do</strong>ra".<br />

O Júri, constituí<strong>do</strong> pelos Professores<br />

Doutores António Proença da<br />

Cunha (ISMT), Maria Natália Ramos<br />

(UA), Susana Vicente Ramos (ISMT),<br />

Maria João Costa Pereira (ISMT) e<br />

Luísa Gaspar Pimentel (ISBB), classificou<br />

a prova com Muito Bom.<br />

ISAURA MARIA DE ALMEIDA<br />

MARQUES<br />

Em 26 de Janeiro de 2005, concluiu o<br />

Mestra<strong>do</strong> em Sociopsicologia da<br />

Saúde, com a Tese intitulada "Atitudes<br />

<strong>do</strong>s Enfermeiros Face aos I<strong>do</strong>sos". O<br />

Júri, constituí<strong>do</strong> pelos Professores<br />

Doutores António Proença da Cunha<br />

(ISMT), Maria João Costa Pereira<br />

(ISMT), René Tápia Ormazabal (ISMT),<br />

Carlos Alberto Afonso (ISMT) e Sandra<br />

Oliveira, classificou a prova com Bom.<br />

RAQUEL MARIA SEABRA NUNES<br />

Em 26 de Janeiro de 2005, concluiu o<br />

Mestra<strong>do</strong> em Família e Sistemas<br />

Sociais, com a Tese intitulada "Homens<br />

Temporariamente Sós: estratégias<br />

utilizadas pelos homens no perío<strong>do</strong><br />

pós-divórcio". O Júri, constituí<strong>do</strong><br />

pelos Professores Doutores António<br />

Proença da Cunha (ISMT), Maria João<br />

da Costa Pereira (ISMT) e Maria<br />

Natália Ramos (U. Aberta), classificou<br />

a prova com Muito Bom.<br />

SÓNIA MARIA MARTINS DOS<br />

SANTOS<br />

Em 19 de Março de 2005, concluiu o<br />

Mestra<strong>do</strong> em Serviço Social, com a<br />

Tese intitulada "A Inserção <strong>do</strong> Serviço<br />

Social e Seu Significa<strong>do</strong> nos Serviços<br />

de Psicologia e Orientação <strong>do</strong> Ministério<br />

da Educação na Década de 90".<br />

O Júri, constituí<strong>do</strong> pelos Professores<br />

Doutores António Proença da Cunha<br />

(ISMT), Alcina Castro Martins (ISMT) e<br />

Myriam Veras Baptista (PUC-SP-<br />

Brasil), classificou a prova com Muito<br />

Bom.<br />

Mestra<strong>do</strong>s<br />

torga 59


Protocolos<br />

60 torga<br />

ACORDO DE COOPERAÇÃO<br />

FAC. DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E<br />

TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ<br />

E<br />

INSTITUTO SUPERIOR MIGUEL TORGA<br />

Foi celebra<strong>do</strong> um Acor<strong>do</strong> de Cooperação entre FSCHT-Piauí e<br />

o Instituto Superior Miguel Torga, em Teresina, no dia 14 de<br />

Janeiro de 2005.<br />

As duas instituições comprometem-se a promover a recíproca<br />

colaboração no que diz respeito à realização de:<br />

-intercâmbio de pesquisa<strong>do</strong>res e de professores, envolven<strong>do</strong><br />

actividades e projectos e m conjunto de ensino e pesquisa;<br />

-intercâmbio de estudantes de graduação e de pós-graduação;<br />

-organização de cursos, conferências, seminários e outras<br />

actividades de carácter académico e científico, defini<strong>do</strong>s de<br />

comum acor<strong>do</strong>;<br />

-intercâmbio de informação e publicações pertinentes para os<br />

objectivos estabeleci<strong>do</strong>s.<br />

PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO<br />

FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINIS-<br />

TÉRIO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO SUL<br />

E<br />

INSTITUTO SUPERIOR MIGUEL TORGA<br />

Em 22 de Fevereiro de 2005, foi celebra<strong>do</strong> um acor<strong>do</strong> de cooperação,<br />

em Porto Alegre, no qual as duas instituições se<br />

comprometem em promover:<br />

-intercâmbio de <strong>do</strong>centes, ao nível <strong>do</strong>s cursos de licenciatura,<br />

pós-graduação, mestra<strong>do</strong> e outros;<br />

-organização conjunta de cursos, nomeadamente, cursos de<br />

formação permanente, cursos de pós-graduação, mestra<strong>do</strong> e<br />

outros, em áreas de formação consideradas prioritárias pelas<br />

instituições;<br />

-na área da investigação, as duas entidades pretendem colaborar<br />

em projectos de investigação, em termos a definir para<br />

cada projecto específico;<br />

-a cooperação estabelecida por este protocolo poderá abranger<br />

ainda a colaboração na organização de conferências, seminários<br />

e outros eventos similares.


TOMADA DE POSSE<br />

DOS CORPOS GEREN-<br />

TES DA AEISMT<br />

A AEISMT realizou no dia 2 de Março<br />

de 2005, a Tomada de posse <strong>do</strong>s Corpos<br />

Gerentes da AEISMT, convi<strong>do</strong>u<br />

to<strong>do</strong>s os Docentes, Discentes e Funcionários<br />

a estarem presentes, os<br />

quais aderiram em bom número.<br />

Na hora <strong>do</strong>s discursos Nuno Lourenço,<br />

o presidente cessante, lembrou o trabalho<br />

realiza<strong>do</strong> e deixou o desafio para<br />

a direcção que o sucede de continuar a<br />

lutar e a defender os interesses de to<strong>do</strong>s<br />

os alunos <strong>do</strong> ISMT.<br />

O Presidente <strong>do</strong> ISMT, Professor<br />

Doutor Carlos Amaral Dias e a Presidente<br />

<strong>do</strong> Conselho Pedagógico <strong>do</strong><br />

ISMT, Dra. Sofia Figueire<strong>do</strong>, lembraram<br />

a importância de uma Associação<br />

activa, criativa e dinâmica, para elevar<br />

cada vez mais o nome da instituição a<br />

que pertencemos.<br />

Bruno Cordeiro o recente, eleito,<br />

Presidente da Direcção da AEISMT,<br />

depois de ter fala<strong>do</strong> sobre os núcleos<br />

e sobre os projectos para o mandato<br />

que se inicia, deixou a to<strong>do</strong>s a promessa<br />

de que ele e to<strong>do</strong>s os elementos<br />

da Lista A, só teriam um objectivo.<br />

Trabalhar. Continuan<strong>do</strong> o bom trabalho<br />

inicia<strong>do</strong> pela Direcção anterior, de<br />

uma forma discreta e sempre com o<br />

objectivo de chamar to<strong>do</strong>s os alunos<br />

para a Associação, para participarem<br />

na construção de uma Associação<br />

unida, porque a Associação não se<br />

resume a uma lista, mas a to<strong>do</strong>s os<br />

alunos <strong>do</strong> ISMT.<br />

A Associação és Tu….<br />

No fim seguiu-se um pequeno<br />

lanche ofereci<strong>do</strong> pela AEISMT, segui<strong>do</strong><br />

de uma brilhante actuação da Tuna<br />

Real Torga.<br />

O PROGRAMA<br />

Dotar a Associação de um horário de<br />

funcionamento, ten<strong>do</strong> em conta os<br />

Trabalha<strong>do</strong>res Estudantes;<br />

Apoio a projectos realiza<strong>do</strong>s pelos<br />

Alunos, através de apoio humano,<br />

logístico e/ou material;<br />

Protocolos com instituições e empresas<br />

para possibilitar cursos complementares,<br />

Voluntaria<strong>do</strong> e Formação<br />

aos alunos;<br />

Criação de uma publicação, com informações<br />

sobre: Conselho Directivo,<br />

C. Pedagógico, C. Consultivo, Assem-<br />

bleia de Representantes e Associação<br />

de Estudantes;<br />

Exigir um acréscimo da qualidade de<br />

ensino e garantir a sua manutenção:<br />

"Os alunos <strong>do</strong> ISMT pagam para aprender,<br />

mas não compram as notas";<br />

Apoio ao Núcleo de Cultura, visan<strong>do</strong><br />

entre outros objectivos, a dinamização<br />

da Tuna Real Torga;<br />

Dinamização da Associação de<br />

Estudantes, promoven<strong>do</strong> a criação de<br />

uma sala de Internet e de uma sala de<br />

estu<strong>do</strong> nesse espaço;<br />

Criação <strong>do</strong> núcleo de Apoio ao Trabalha<strong>do</strong>r<br />

Estudante, com principal<br />

intuito de salvaguardar os seus direitos;<br />

Criação de uma página on-line -<br />

www.aeismt, para que possas contactar-nos<br />

e visitar-nos sempre que queiras<br />

e onde estiveres;<br />

Organização da I Noite de Gala<br />

Miguel Torga;<br />

Realização regular de inquéritos aos<br />

alunos para avaliar as necessidades,<br />

críticas e sugestões <strong>do</strong>s mesmos;<br />

Fundação de uma Associação de<br />

Antigos Alunos Do ISMT;<br />

Celebração <strong>do</strong> dia Nacional de<br />

Estudante;<br />

Organização de Eventos vários de<br />

carácter Lúdico, Desportivo, Cultural e<br />

Social;<br />

Regulamentação da Praxe através da<br />

criação de um conselho de Veteranos;<br />

Apoio a Instituições de carácter Social<br />

e recolhas de Solidariedade para<br />

varia<strong>do</strong>s fins;<br />

Apoiar e dinamizar os 16 núcleos da<br />

AEISMT: Núcleo de Conselho de Vete-<br />

torga 61<br />

AE


AE<br />

ranos; Núcleo de Baile de Finalistas;<br />

Núcleo de Política Educativa; Núcleo<br />

de Apoio aos Estudantes de Serviço<br />

Social; Núcleo de Apoio aos Estudantes<br />

de Ciências da Informação; Núcleo<br />

de Apoio aos Estudantes de Psicologia;<br />

Núcleo de Apoio aos Estudantes<br />

de Informática de Gestão; Núcleo de<br />

Apoio aos Estudantes de Multimédia;<br />

Núcleo de Internet e Jornalismo; Núcleo<br />

de Desporto; Núcleo Cultural; Núcleo<br />

de criação da Associação de Antigos<br />

Alunos <strong>do</strong> ISMT; Núcleo de Projectos<br />

e Voluntaria<strong>do</strong>; Núcleo de Apoio<br />

às Comissões de Curso; Núcleo de<br />

Marketing e Publicidade; Núcleo de<br />

Apoio aos Trabalha<strong>do</strong>res Estudantes.<br />

E TUDO MAIS QUE NOS AJUDES A<br />

FAZER…<br />

PROTOCOLOS…<br />

A pensar em ti a tua Associação de<br />

Estudantes assinou três protocolos e<br />

já se encontram em discussão outros.<br />

O primeiro com a Fundação Serralves,<br />

ao abrigo <strong>do</strong> qual to<strong>do</strong>s os alunos<br />

<strong>do</strong> ISMT têm acesso gratuito às actividades<br />

levadas a cabo pela Fundação.<br />

O segun<strong>do</strong> com A Escola de Linguagem<br />

Gestual, Mãos que Falam, onde<br />

os alunos <strong>do</strong> ISMT beneficiarão de um<br />

desconto de 50% na matricula.<br />

O terceiro com a loja da Associação<br />

Académica de Coimbra, onde to<strong>do</strong>s<br />

os caloiros <strong>do</strong> ISMT que lá comprarem<br />

o seu Traje Académico receberão de<br />

oferta uma pasta académica.<br />

Para mais informações ou para beneficiares<br />

destes protocolos dirige-te à<br />

tua Associação.<br />

62 torga<br />

BREVES… NÚCLEO DE PROJEC-<br />

TOS E VOLUNTARIADO<br />

Novo horário de funcionamento da<br />

AEISMT - A partir <strong>do</strong> dia 2 de Março a<br />

AEISMT tem um novo horário de funcionamento.<br />

De Segunda a Sexta-feira<br />

das 10h ás 18h. Em caso de por algum<br />

motivo se encontrar encerrada durante<br />

este perío<strong>do</strong> contacta:<br />

Bruno Cordeiro - 965879664.<br />

Desporto - A AEISMT está a elaborar<br />

um plano de actividades desportivas<br />

para que tu possas usufruir. Neste momento<br />

vai já iniciar-se o VII Torneio de<br />

Futsal Masculino e o II Torneio de Futsal<br />

Feminino.<br />

Reciclagem - Um grupo de alunos<br />

<strong>do</strong> 3º ano de Serviço Social, está a<br />

levar a cabo uma iniciativa que pretende<br />

incentivar e consciencializar os<br />

alunos <strong>do</strong> ISMT, para a importância da<br />

reciclagem.<br />

Deste mo<strong>do</strong> foram distribuí<strong>do</strong>s pelo<br />

ISMT vários ecopontos. A AEISMT também<br />

se associou a esta iniciativa e tu….<br />

Blog - A AEISMT já tem um blog<br />

onde podes colocar os teus textos e<br />

comentar muitos outros. Aqui fica a<br />

morada: http://aeismt.blogs.sapo.pt/.<br />

Aproveitamos para te avisar que a<br />

nossa página de Internet já se encontra<br />

em construção.<br />

DA AEISMT<br />

O Núcleo de Projectos e Voluntaria<strong>do</strong><br />

da AEISMT está neste momento em<br />

mãos com <strong>do</strong>is ambiciosos projectos.<br />

O primeiro trata-se de um Seminário<br />

intitula<strong>do</strong> "Para lá da inocência" que<br />

abordará a temática <strong>do</strong>s maus-tratos<br />

infantis. Realizar-se-á nos dias 28 e 29<br />

<strong>do</strong> mês de Abril, na Casa Municipal da<br />

Cultura e tem por objectivos informar,<br />

consciencializar e alertar a população<br />

para este problema, que não se deve<br />

esconder ou camuflar como se fosse<br />

um tabu. Assuntos como estes devem<br />

ser fala<strong>do</strong>s, discuti<strong>do</strong>s, resolvi<strong>do</strong>s no<br />

interior de cada um, para que se porventura<br />

nos depararmos com um caso<br />

enquadra<strong>do</strong> nos maus-tratos, o possamos,<br />

da melhor forma, compreender<br />

e resolver, como profissionais, mas essencialmente<br />

como Seres Humanos.<br />

Para este seminário convidámos um<br />

leque multidisciplinar de profissionais,<br />

para que possamos ter um quadro<br />

mais acaba<strong>do</strong> de tu<strong>do</strong> aquilo que<br />

envolve os maus-tratos, visto a realidade<br />

não ser una e os problemas sociais<br />

se revestirem de muitas e diferentes<br />

perspectivas. Serão <strong>do</strong>ze convida<strong>do</strong>s,<br />

alguns bem conheci<strong>do</strong>s e que<br />

irão partilhar connosco conhecimentos,<br />

estratégias de vida, experiências<br />

profissionais… por isso, em nome <strong>do</strong><br />

Núcleo, dirijo-vos um convite para que<br />

estejam presentes. São estas pequenas<br />

coisas que nos fazem aprender<br />

um bocadinho mais, que nos enriquecem<br />

profissional e pessoalmente.<br />

O segun<strong>do</strong> projecto é uma publicação<br />

única, intitulada "Limiar da<br />

(in)diferença", e que trata a realidade<br />

<strong>do</strong> preconceito nos seus vários ângulos:<br />

preconceito racial, étnico e cultural;<br />

preconceito sexual; preconceito<br />

económico; preconceito religioso….<br />

Este projecto está ainda numa fase


embrionária, iniciaram-se apenas os<br />

primeiros contactos com algumas<br />

personalidades com conhecimentos<br />

nesta área.<br />

Mas o Núcleo gostaria de contar<br />

contigo. Tu podes escrever um <strong>do</strong>s artigos!<br />

As temáticas são: Toxicodependência,<br />

prostituição, obesidade, semabrigo,<br />

ex - reclusos, delinquência e<br />

alcoolismo.<br />

E se tu tiveres um projecto vem ter<br />

connosco!<br />

Qualquer informação vai à tua<br />

Associação de Estudantes.<br />

Gisa Barata<br />

COLÓQUIO "ANSIEDA-<br />

DE E DEPRESSÃO"<br />

O grupo de estagiárias <strong>do</strong> 3º ano da<br />

Licenciatura de Psicologia <strong>do</strong> ISMT, no<br />

serviço de Psiquiatria Mulheres <strong>do</strong>s<br />

HUC, Andreia Rigueiro; Daniela Roda;<br />

Patrícia Fernandes; Estão a organizar<br />

um colóquio com o apoio da AEISMT, a<br />

realizar no dia 27 de Abril no auditório<br />

<strong>do</strong> Instituto Português da Juventude<br />

de Coimbra, entre as 14:30h e as 18h.<br />

Este colóquio aborda a problemática<br />

da Ansiedade e da Depressão e tem<br />

como principais ora<strong>do</strong>res o Professor<br />

Doutor Pio Abreu (Psiquiatra e <strong>Director</strong><br />

<strong>do</strong> Serviço de Psiquiatria Mulheres <strong>do</strong>s<br />

HUC), o Professor Doutor Jorge Caia<strong>do</strong><br />

Gomes (Psicólogo Clínico e Docente <strong>do</strong><br />

ISMT), a Dra. Ana Galhar<strong>do</strong> (Psicóloga<br />

Clínica e Docente <strong>do</strong> ISMT) e a Dra. Ilda<br />

Massano Car<strong>do</strong>so (Assistente Social e<br />

Docente <strong>do</strong> ISMT).<br />

A AEISMT, aproveita para te pedir<br />

que caso tenhas, um projecto ou uma<br />

simples ideia, que a tragas até nós,<br />

porque juntos vamos concretizá-la.<br />

A Tuna Real Torga deslocou-se a França<br />

para a sua primeira actuação fora <strong>do</strong><br />

país. O convite foi-lhe endereça<strong>do</strong> pela<br />

"Amicale Culturelle Franco-Portugaise<br />

intercommunale de Viroflay", que pediu<br />

a contribuição da Tuna para a animação<br />

da sua Semana Cultural.<br />

O programa da Semana Cultural foi<br />

bastante diversifica<strong>do</strong>: além da presença<br />

da Tuna e <strong>do</strong> Grupo de Fa<strong>do</strong>s<br />

"Saudade Coimbrã" da Associação de<br />

Fa<strong>do</strong>s de Coimbra (2 e 3 de Abril), decorreu<br />

uma exposição intitulada "Palavras<br />

da Terra" na Sala Camões (2 a 10<br />

de Abril), além de duas conferências, a<br />

primeira ten<strong>do</strong> como objectivo incentivar<br />

a participação cívica da Comunidade<br />

Portuguesa (6 de Abril) e a segunda<br />

intitulada "A Gastronomia Portuguesa"<br />

(7 de Abril). Por ultimo, no dia<br />

10 marcou presença o "jovem e talentoso<br />

fadista" como nos foi descrito,<br />

Jorge Batista, de Carcavelos.<br />

Fomos marcadamente bem recebi<strong>do</strong>s:<br />

com delicadeza, simpatia e uma<br />

gastronomia de "perder a cabeça".<br />

O primeiro sitio que visitamos foi a<br />

Sala Camões, onde decorria como já<br />

foi referi<strong>do</strong> a exposição "Palavras da<br />

Terra", que consistia nisso mesmo…<br />

Grande Entrevista<br />

VIAGEM A FRANÇA DA TUNA REAL TORGA<br />

em pequenos/grandes fragmentos<br />

deste pais que aquelas pessoas, a<br />

muitos quilómetros e a muitas horas<br />

daqui, guardam no peito com saudade,<br />

com sonho, talvez com utopia.<br />

Fragmentos de Portugal em forma de<br />

tapetes de Arraiolos, de serviços da<br />

Vista Alegre, de pratos e azulejos pinta<strong>do</strong>s<br />

à mão, de posters das regiões<br />

portuguesas….<br />

Foi na sala referida que se deu a<br />

abertura da Semana Cultural e também<br />

foi ai que a Tuna cantou pela primeira<br />

vez para o público emigrante.<br />

Em seguida dirigimo-nos para a Sala<br />

Dunoyer de Segonzac para a actuação<br />

da Tuna. Esta interpretou os temas:<br />

"Adeus, ò Vila de Fornos"; "Traçadinho";<br />

"O segre<strong>do</strong>", "Romagem à lapa", "Estudantina<br />

Portuguesa", "À meia-noite ao<br />

luar" e "Madalena". É de referir que<br />

alguns destes temas são originais da<br />

Tuna Real Torga e outros denotam a<br />

preocupação que a Tuna teve em recuperar<br />

músicas de outros tempos. A sala<br />

aplaudiu sempre e deu mostras de grande<br />

contentamento pelo espectáculo<br />

apresenta<strong>do</strong>.<br />

O Presidente da Associação de Estudantes<br />

foi convida<strong>do</strong> a discursar. O<br />

Bruno referiu o orgulho que to<strong>do</strong>s temos<br />

torga 63


AE<br />

em envergar a capa negra de estudantes<br />

e em dar a conhecer um pouco<br />

de Coimbra, um pouco mais de<br />

Portugal. Agradeceu o convite, falou<br />

<strong>do</strong> sonho da constituição desta tuna<br />

que temos vin<strong>do</strong> a acompanhar, a ver<br />

crescer e amadurecer e a ganhar uma<br />

grande qualidade. Felicitou as pessoas<br />

que tornaram isso possível e deu<br />

triplamente os parabéns à tuna: pela<br />

qualidade, por esta primeira internacionalização<br />

e porque está quase a<br />

fazer um ano de vida.<br />

O que o Bruno, o que eu, o que to<strong>do</strong>s<br />

desejamos é que este sonho nunca<br />

acabe.<br />

Em seguida actuaram o Grupo de<br />

Fa<strong>do</strong>s "Saudade Coimbrã" da Associação<br />

de Fa<strong>do</strong>s de Coimbra. O último<br />

fa<strong>do</strong>, sobejamente conheci<strong>do</strong> "Coimbra<br />

tem mais encanto na hora da despedida"uniu<br />

em palco o grupo acima<br />

referi<strong>do</strong> e a Tuna. Foi um momento<br />

deveras arrepiante e comovente.<br />

No dia três de Abril houve novas actuações<br />

da Tuna e <strong>do</strong> grupo de Fa<strong>do</strong>s,<br />

para uma sala ainda mais cheia que no<br />

dia anterior e que aplaudiu incessantemente<br />

o talento demonstra<strong>do</strong> por<br />

estes <strong>do</strong>is grupos de cantores "desta<br />

terra Lusitana".<br />

Entre a comunidade e o nosso grupo<br />

houve muita comunicação, falou-se <strong>do</strong><br />

64 torga<br />

esta<strong>do</strong> de Portugal, falou-se de<br />

Viroflay e toda a comunidade mostrou<br />

grande interesse em perceber a<br />

tradição académica: o porquê <strong>do</strong> uso<br />

<strong>do</strong> traje, qual o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s símbolos<br />

na capa, como se fazem as praxes,<br />

para que serve a colher, a moca e a<br />

tesoura, quais são os costumes nas<br />

serenatas….<br />

A viagem deu-nos também a possibilidade<br />

de ver um bocadinho de Paris e<br />

daquela região Francesa: visita a paris.<br />

Foi um pouco cansativo mas o grupo<br />

mostrou ser forte e uni<strong>do</strong>, a diversão<br />

foi constante e tive muito orgulho<br />

em estar com eles nesta aventura!<br />

A Sr.ª Helena Neves, presidente da<br />

Amicale Culturelle franco-portugaise<br />

intercommunale de Viroflay, que já representa<br />

a comunidade portuguesa há<br />

18 anos, disse-me estar muito contente<br />

com a actuação da tuna, referiu<br />

que to<strong>do</strong>s tinham fica<strong>do</strong> muito satisfeitos<br />

e que lhes trouxemos "saudades<br />

de Portugal".<br />

Por último achei pertinente fazer uma<br />

curta entrevista ao Ricar<strong>do</strong> Santos<br />

Silva, como representante da Tuna:<br />

O que significou para ti esta viagem?<br />

Foi muito enriquece<strong>do</strong>r. Houve coisas<br />

que foram sentidas hoje e que<br />

nunca o tinham si<strong>do</strong>. Até os caloiros<br />

ficaram comovi<strong>do</strong>s. Sentimos que<br />

fomos aprecia<strong>do</strong>s e isso dá-nos força<br />

para continuar o projecto.<br />

Como descreves a Tuna Real Torga<br />

neste momento?<br />

È um recém-nasci<strong>do</strong> frágil, no entanto,<br />

é um ser Humano puro, porque<br />

acredita num sentimento muito bonito<br />

que é o amor por Coimbra.<br />

Quais são as suas grandes dificuldades?<br />

Neste momento a Tuna atingiu o<br />

pico, não pode fazer nada de melhor.<br />

São necessárias aulas. As pessoas<br />

que fazem música fazem-no de uma<br />

forma intuitiva, autodidacta, mas são<br />

necessárias aulas de guitarra e viola<br />

para que se possa progredir.<br />

O publico "francês" aderiu muito<br />

bem, para a Tuna isso é obviamente<br />

motivo de orgulho, no fun<strong>do</strong> o feedback<br />

da realização <strong>do</strong> sonho, não é<br />

assim?<br />

A tuna superou as expectativas.<br />

Mostramos segurança em palco e isso<br />

alastrou-se a quem não a tinha. Há<br />

sede de palco, mas há quem não<br />

tenha o à vontade… De qualquer<br />

forma o bicho da música está no interior<br />

e quan<strong>do</strong> estamos no palco em<br />

contacto com as pessoas ganhamos<br />

ainda mais força. Os membros da<br />

Tuna têm a força de alterar as coisas<br />

negativas. Estou muito orgulhoso!<br />

Como elemento da Tuna Real Torga<br />

e <strong>do</strong> Grupo de Fa<strong>do</strong>s "Saudade<br />

Coimbrã", achas que a ligação criada<br />

com estas actuações poderá de algum<br />

mo<strong>do</strong> ser frutífera?<br />

Em relação a isso só posso dizer que<br />

os meus colegas <strong>do</strong> Grupo de Fa<strong>do</strong>s<br />

a<strong>do</strong>raram este trabalho com a Tuna.<br />

Neste momento o que é que pedirias<br />

para a Tuna? Já referiste as aulas….<br />

Pediria um reconhecimento mais<br />

efectivo por parte da direcção <strong>do</strong><br />

Instituto.


A Tuna já recomeçou as suas actuações<br />

em Portugal e no dia 16 de Abril<br />

actuou em Soure na Noite de Fa<strong>do</strong>s,<br />

aceitan<strong>do</strong> o convite da Carla Madeira,<br />

membro da Associação Cultural de<br />

Pouca Pena (Soure).<br />

Já se encontra marca<strong>do</strong> também um<br />

outro espectáculo a realizar em<br />

Condeixa no dia 23 de Abril.<br />

Bruno Manuel Dionísio Cordeiro<br />

4º Ano de Serviço Social<br />

Gisa Barata<br />

PERGUNTAS AO NOVO<br />

PRESIDENTE DA AEISMT<br />

1 - Porque se Candidatou?<br />

Os motivos que me levaram a candidatar<br />

foram vários.<br />

Em primeiro lugar, porque me consegui<br />

rodear de um grupo de alunos<br />

motiva<strong>do</strong>s, criativos, interessa<strong>do</strong>s e<br />

acima de tu<strong>do</strong> com muita vontade de<br />

trabalhar.<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar, porque já fazia<br />

parte da AEISMT desde o meu primeiro<br />

ano e senti que estava prepara<strong>do</strong><br />

para dar este passo de uma forma<br />

consciente e responsável.<br />

Em terceiro lugar, porque vivo os problemas<br />

<strong>do</strong>s meus colegas de uma<br />

forma muito intensa e por partilhar um<br />

pouco o espírito <strong>do</strong>s Escuteiros, que<br />

consiste em: "Deixar as coisas um<br />

pouco melhor <strong>do</strong> que as encontrei."<br />

Por fim também pelas minhas características<br />

pessoais que se baseiam na<br />

honestidade, responsabilidade, exigência,<br />

calma, senti<strong>do</strong> de humor e<br />

acima de tu<strong>do</strong> muita determinação.<br />

2 - Quais são as promessas que quer<br />

cumprir?<br />

Todas. Quem me conhece sabe que eu<br />

não sou pessoa de prometer e depois<br />

não cumprir. Na nossa candidatura<br />

elaboramos um conjunto de actividades,<br />

propostas e medidas, que<br />

resultaram de contactos feitos previamente,<br />

de forma a criarmos um plano<br />

cujos objectivos são:<br />

Dotar a Associação de um horário de<br />

funcionamento, especialmente para<br />

abarcar com as necessidades <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res<br />

Estudantes;<br />

Apoio aos projectos realiza<strong>do</strong>s pelos<br />

Alunos, através de apoio a nível <strong>do</strong>s<br />

recursos humanos, logísticos e/ou<br />

material;<br />

Dinamização da Associação de Estudantes,<br />

promoven<strong>do</strong> a criação de uma<br />

sala de Internet e de uma sala de estu<strong>do</strong><br />

nesse espaço;<br />

Criação de uma página on-line -<br />

www.aeismt, para que os alunos nos<br />

possam contactar e visitar sempre que<br />

quiserem e onde estiverem;<br />

Organização da I Noite de Gala Miguel<br />

Torga;<br />

Fundação de uma Associação de<br />

Antigos Alunos <strong>do</strong> ISMT;<br />

Para desenvolver estes projectos contamos<br />

com a colaboração de to<strong>do</strong>s os<br />

alunos <strong>do</strong> ISMT, já que o nosso principal<br />

principio é que a Associação é de<br />

to<strong>do</strong>s e para to<strong>do</strong>s.<br />

3 - Quais as actividades que os<br />

alunos mais procuram hoje na<br />

AEISMT?<br />

As actividades que os alunos mais<br />

procuram hoje na Associação, são essencialmente<br />

o uso das nossas instalações,<br />

para a realização de trabalhos,<br />

consulta da Internet, estu<strong>do</strong>, reuniões,<br />

obter informações, inscrição nos seminários<br />

que a Associação organiza/<br />

apoia.<br />

Procuram igualmente a AE para pedirem<br />

ajuda para os seus trabalhos e<br />

para fazerem sugestões e reclamações.<br />

4 - Como vê o seu futuro profissional?<br />

Eu tenho uma opinião que pode não<br />

ser consensual, mas é a que eu defen<strong>do</strong>.<br />

Um bom profissional que trabalha<br />

com gosto, que tem criatividade, que<br />

se entrega de corpo e alma ao que faz<br />

pode encarar o futuro profissional de<br />

uma forma risonha.<br />

No entanto não posso deixar de ver<br />

que a situação económica <strong>do</strong> país não<br />

está fácil, mas também tenho a certeza<br />

de que melhores tempos virão.<br />

5 - Mensagem para os Alunos que<br />

virão a entrar no ano 2005/2006?<br />

A to<strong>do</strong>s os alunos que entrarem no<br />

ano próximo ano lectivo desejo em<br />

primeiro lugar os parabéns por terem<br />

ingressa<strong>do</strong> no Ensino Superior e em<br />

especial por terem escolhi<strong>do</strong> o<br />

Instituto Superior Miguel Torga.<br />

Ao terem escolhi<strong>do</strong> este Instituto e<br />

esta cidade irão ter a oportunidade de<br />

ter uma vida social e académica inesquecível.<br />

Em meu nome pessoal enquanto<br />

Presidente da Direcção da AEISMT<br />

quero garantir-lhes que faremos tu<strong>do</strong> o<br />

que estiver ao nosso alcance para os<br />

ajudar naquilo que precisarem, para<br />

defender e reivindicar os seus direitos<br />

e acima de tu<strong>do</strong> para facilitar a sua<br />

inserção nesta grande família que é o<br />

ISMT e que é Coimbra.<br />

torga 65<br />

AE


Viagem<br />

VIAGENS DESCUBRA VOCÊ MESMO<br />

A estrada serpenteia por entre campos<br />

semea<strong>do</strong>s ou em pousio, por vinhas,<br />

olivais, campos enquadra<strong>do</strong>s por muros<br />

de pedras, quais casinhas de<br />

bonecas da minha infância.<br />

Sente-se o cheiro da terra, das ervas,<br />

o som <strong>do</strong>s grilos em tarde de Verão.<br />

Pequenos grupos de cabras espalham-se<br />

por estes pra<strong>do</strong>s, vigia<strong>do</strong>s<br />

apenas pelo velho Constantino guarda<strong>do</strong>r<br />

de sonhos (e das cabras). Ele<br />

próprio fará o queijo com o leite ordenha<strong>do</strong><br />

pela manhã ce<strong>do</strong>. Ele próprio o<br />

dará a vender a gente como eu que o<br />

procura com apetite guloso. O queijo<br />

come-se fresco ou cura<strong>do</strong> e é difícil<br />

não gostar <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is.<br />

O meu espírito andarilho faz-me<br />

subir ao alto da serra, onde me deixo<br />

inebriar pela vertigem da distância. O<br />

vale é uma paleta de cores, verde escuro,<br />

verde seco, amarelos <strong>do</strong>s malmequeres<br />

<strong>do</strong> campo, roxo da alfazema,<br />

branco das camomilas. O vento<br />

traz os sons <strong>do</strong>s arbustos, pequenos<br />

mas resistentes às destemperadas<br />

noites da serra. O milhafre faz um voo<br />

rasante numa das encostas e eu deixo-me<br />

levar nas suas asas.<br />

66 torga<br />

Ao fun<strong>do</strong>, em dias claros de sol e<br />

céu, pressente-se o mar, mas desde o<br />

Olimpo em que me encontro até à<br />

linha <strong>do</strong> horizonte, os montes e os vales<br />

enleiam-se num <strong>do</strong>ce abraço.<br />

Gira o velame de um moinho perdi<strong>do</strong><br />

entre o nada, não se importan<strong>do</strong><br />

com a presença <strong>do</strong>s olhos curiosos<br />

das crianças da cidade. Como se faz a<br />

farinha? Como se chamam as pedras<br />

re<strong>do</strong>ndas que esmagam o milho? -<br />

indagam os seres pequeninos.<br />

O moleiro responde a to<strong>do</strong>s com peculiar<br />

bondade na voz. Já pouco espera<br />

da vida, e ela sempre lhe deu tanto.<br />

Mesmo quan<strong>do</strong> carregava o Jerico<br />

com os sacos <strong>do</strong> milho, e debaixo das<br />

estrelas da noite, subia a serra para<br />

aproveitar o despertar <strong>do</strong> vento. Mesmo<br />

assim, acreditava na vida. Hoje,<br />

tem para si a leveza <strong>do</strong>s dias e não<br />

sente a passagem <strong>do</strong> tempo. Hoje, o<br />

tempo parou, algures.<br />

Indicações:<br />

1 - acesso a partir de Coimbra pela<br />

EN 1, direcção Condeixa-a-Nova<br />

2 - em Condeixa, seguir a indicação<br />

de Penela EN 347<br />

3 - a meio <strong>do</strong> percurso entre Condeixa<br />

e Penela cortar à direita na indicação<br />

de Rabaçal.<br />

4 - no centro da aldeia seguir indicação<br />

da Serra de S. Janeanes


BERTOLT BRECHT (1898-1956)<br />

Nasceu em Augsburg, Alemanha e<br />

licenciou-se em Medicina em 1917.<br />

Ce<strong>do</strong> conheceu o gosto pelo teatro.<br />

Começou a escrever os seus textos<br />

(poesia, peças de teatro) manifestan<strong>do</strong><br />

a sua rebeldia contra os padrões<br />

da arte e da vida burguesa corroídas<br />

pela Primeira Guerra Mundial.<br />

Obras mais marcantes:<br />

1928 - "Ópera <strong>do</strong>s Três Vinténs"<br />

1939 - "Mãe Coragem e Seus Filhos"<br />

1947 - Suma Teatral "Pequeno Organon"<br />

QUANDO VIERAM<br />

BERTOLT BRECHT<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra os negros,<br />

eu não era negro e não fiz nada.<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra os homossexuais,<br />

eu não era homossexual e não fiz nada.<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra as mulheres,<br />

eu não era mulher e não fiz nada.<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra os desdenta<strong>do</strong>s,<br />

eu não era desdenta<strong>do</strong> e não fiz nada.<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra os analfabetos,<br />

eu não era analfabeto e não fiz nada.<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra os pobres,<br />

eu não era pobre e não fiz nada.<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra os cegos,<br />

eu não era cego e não fiz nada.<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra os aleija<strong>do</strong>s,<br />

eu não era aleija<strong>do</strong> e não fiz nada.<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra os outros,<br />

o assunto não me dizia respeito e não<br />

fiz nada.<br />

Quan<strong>do</strong> vieram contra mim,<br />

ninguém me defendeu.<br />

Página Literária<br />

ESTA TARDE, UM NADA<br />

PASSA NO AR<br />

RAINER MARIA RILKE<br />

Esta tarde, um nada passa no ar<br />

que me faz baixar a cabeça;<br />

quereríamos rezar pelos prisioneiros,<br />

pela sua vida suspensa.<br />

E ficamos a cismar nas vidas que não<br />

atam, nem desatam...<br />

Na vida que não se inclina para a<br />

morte,<br />

e de onde o futuro se ausentou;<br />

em que é preciso ser inutilmente forte,<br />

e triste, inutilmente.<br />

Em que to<strong>do</strong>s os dias são espezinha<strong>do</strong>s<br />

no mesmo lugar,<br />

em que todas as noites descem ao<br />

abismo,<br />

em que a consciência da cena fulgor<br />

da infância<br />

tão profundamente se distancia<br />

que o nosso coração apaga<strong>do</strong> não pode<br />

conceber uma criança.<br />

Não é que a vida seja hostil;<br />

É que se lhe mente -<br />

Isola<strong>do</strong>s no bloco de um destino imóvel.<br />

torga 67


Agenda<br />

AVEIRO<br />

Exposição "Os Genes e a Alimentação"<br />

Fábrica de Ciência Viva<br />

Até 31 de Julho<br />

BRAGA<br />

FISICUM 2005<br />

Ano Internacional da Física - 2005<br />

Até 31 de Dezembro<br />

Universidade <strong>do</strong> Minho<br />

4ª Conferência Internacional Sobre<br />

História da Contabilidade<br />

Escola de Economia e Gestão<br />

Universidade <strong>do</strong> Minho<br />

7 a 9 de Setembro<br />

II Curso de Verão <strong>do</strong> NIPE-Dynamic<br />

Panel Data Analysis<br />

Escola de Economia e Gestão<br />

Universidade o Minho<br />

30 de Junho a 1 de Julho<br />

II Seminário Internacional de Educação<br />

Física, Lazer e Saúde: novos<br />

modelos de análise e intervenção<br />

U.M.-Inst. de Estu<strong>do</strong>s da Criança<br />

1 de Junho a 3 de Julho<br />

COIMBRA<br />

XVIII FORUM INTERNACIONAL DE<br />

NEGÓCIOS<br />

De 6 a 9 de Julho<br />

Temáticas:<br />

1-A gestão <strong>do</strong> conhecimento e as redes<br />

de cooperação tecnológica<br />

2-A gestão de áreas metropolitanas<br />

COLECÇÃO LOUZÃ HENRIQUES<br />

Galeria <strong>do</strong> Turismo<br />

até 30 de Setembro<br />

PASSEAR NA HISTÓRIA<br />

Percursos direcciona<strong>do</strong>s à comunidade<br />

escolar<br />

68 torga<br />

Terças e quintas feiras de 4 de Janeiro<br />

a 30 de Junho e de 1 de Setembro a<br />

20 de Dezembro<br />

PASSEIOS DE COIMBRA NAS FRE-<br />

GUESIAS<br />

De Janeiro a Dezembro no 4º Domingo<br />

de cada mês<br />

EXPOSIÇÃO ITENERANTE DE PIN-<br />

TURA DE ANA ROSMANINHO<br />

Integrada nas comemorações <strong>do</strong> ano<br />

de Bocage<br />

Apresentação em Outubro<br />

FARO<br />

"CAMINHOS DO ALGARVE ROM-<br />

ANO"<br />

Exposição permanente<br />

Museu Municipal de Faro<br />

"ESPELHO DA IDENTIDADE CULTU-<br />

RAL: USOS E COSTUMES"<br />

Exposição permanente<br />

Museu Regional <strong>do</strong> Algarve<br />

LISBOA<br />

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBEN-<br />

KIAN<br />

Energia e Ambiente num Mun<strong>do</strong> com<br />

Muita Gente (Manuel Collares Pereira -<br />

INETI)<br />

14 de Setembro<br />

Histórias da Luz e da matéria (Ana<br />

Maria Eiró-UNL)<br />

Exposição Bibliográfica Documental<br />

"Antero de Quental"<br />

Palácio <strong>do</strong>s Coruchéus<br />

Até 31 de Dezembro<br />

Exposição "Voa Portugal 1945/2005.<br />

60 Anos na Rota <strong>do</strong> Futuro"<br />

Museu da Cidade<br />

Até 8 de Agosto<br />

Exposição Permanente "Século XX<br />

Português: Os Caminhos da Democracia<br />

João Soares / Mário Soares<br />

Casa-Museu João Soares<br />

VI Simpósio de Comportamento<br />

Organizacional<br />

Faculdade de Psic.Ciênc. Educação<br />

Universidade de Lisboa<br />

28,29 e 30 de Setembro<br />

PORTO<br />

FUNDAÇÃO DE SERRALVES<br />

Exposição "Far Cry"<br />

Até 10 de Julho<br />

Exposição de Gregor Schneider<br />

Até 10 de Julho<br />

SANTARÉM<br />

Biblioteca Municipal Braamcamp<br />

Freire<br />

Actividades:<br />

Escritor na Biblioteca<br />

A Minha Vida Dava Um Livro<br />

Poesia na Biblioteca<br />

Todas as quintas- feiras<br />

VIANA DO CASTELO<br />

Expo/Ferira <strong>do</strong> Livro e da Lusofonia<br />

de V. Castelo<br />

9 a 24 de Julho<br />

Festival de Jazz na Praça da Erva<br />

26 a 30 de Julho<br />

Festival Internacional de Música<br />

Clássica<br />

2 a 13 de Agosto

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