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13.04.2013 Views

anos anteriores já surtiram efeitos claros, e os núcleos de propriedade intelectual já estão patenteando. Algumas empresas que utilizaram e se beneficiaram desse programa foram, por exemplo, Cofap, Metal Leve, Embraco, Petrobras, Furnas, Vale do Rio Doce, além de algumas universidades e centros de pesquisa brasileiros. Acredito que a estratégia de gestão começa por aqui, depois de respondida a pergunta: o que patentear? Ainda nesta questão, a avaliação do mercado é importante de ser feita antes da expedição da carta-patente. Ninguém quer ou deve gastar dinheiro para ter um privilégio na prateleira. Os cinco escritórios americanos visitados, por exemplo, revelaram que, em média, somente 50% dos relatórios de invenção que chegam até eles são encaminhados ao USPTO. Os relatórios que não enviados, mesmo que contendo conhecimentos patenteáveis, são devolvidos ao inventor que passa a ter o direito sobre o invento, caso queira encaminhá-lo ao Escritório americano. Ainda existe a questão: em que países patentear? Um anuário interessante para a avaliação do mercado de cada país com relação a dados econômicos é o Anuário Estatístico sobre Patentes da OMPI. O penúltimo desafio é marketing e comercialização da tecnologia. Como primeira estratégia acredito ser essencial o estímulo ao desenvolvimento de tecnologias mais próximas a produtos demandados pelo mercado. Como vamos facilitar essa prática? Como foi comentada pela Fiocruz, a idéia é que a pesquisa na bancada saia mais próxima possível do produto para que a fase de desenvolvimento não seja tão comprida. Alguns de nós já tiveram a oportunidade de ouvir o Antônio Cláudio Sant’Anna do CENPES falar sobre produto núcleo e produto expandido. O produto núcleo seria justamente a patente de algo que ainda demorará um tempo para ser desenvolvido e chegar ao mercado. O produto expandido é o esforço que se deve fazer para que na bancada já se tenha algum tipo de feedback do mercado para a produção de algo mais perto de um bem comercial. Essas questões estão muito longe do pesquisador. O pesquisador, na verdade, está querendo responder aquela pergunta lá de trás, de como melhorar algo que foi feito antes, mas sem pensar no mercado ou no que ele está demandando. Às vezes a tecnologia é muito interessante, mas não tem um mercado e até ser desenvolvida para que seja transformada em algo que tenha um impacto, passa por uma fase de desenvolvimento muito longa. Outra questão estratégica na comercialização é quanto custa a licença. Qual o preço que se dará à tecnologia? Essa resposta tem uma relação mais forte com o potencial do mercado futuro do produto do que com o custo da produção da tecnologia propriamente dita. Ou seja, na hora de se estipular quanto custa uma tecnologia, deve-se ter uma noção muito clara do potencial de mercado que ela atingirá. É isso que determinará se a tecnologia renderá frutos econômicos – como, por exemplo, aquele US$ 1 milhão que Maria Celeste Emerick mencionou no caso da Fiocruz, recurso este que dará esperança de sustentar a carteira de patentes que o seu escritório gerencia – do que na verdade o que foi gasto durante todo o processo de pesquisa realizado anteriormente. A criação de mecanismos de monitoramento de mercado já foi de certa forma falado, pois significa explorar o uso da informação tecnológica contida em patentes e criação de banco com outros dados essenciais ao processo. Não sei se dos escritórios aqui presentes – e gostaria de ouvi-los na hora do debate – existe alguém com algum exemplo de banco de dados criado para trabalhar o monitoramento de mercado. Este foi um depoimento que ouvimos muito nos Estados Unidos. Cada escritório tinha seu banco de dados a partir de diversas fontes. 5 4 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia

Dados fornecidos pelos próprios pesquisadores são cruciais. Sabemos que o pesquisador é a fonte principal para se achar os parceiros comerciais, porque ele vai aos congressos e seminários onde é abordado pelas empresas. Por incrível que pareça, ele é apontado como a principal fonte de informação sobre empresas dos escritórios de PI das universidades americanas. Ainda neste desafio de marketing e comercialização, queria citar o projeto financiado pela FINEP e coordenado por Marli Elizabeth Ritter dos Santos da UFRGS referente ao levantamento de dados em escritórios de assessoria tecnológica de 14 universidades brasileiras sobre empresas que mais interagem com elas. O projeto foi concluído com a identificação de 1.065 empresas que já mantiveram algum tipo de parceria com tais universidades. Creio que seja uma metodologia importante a ser conhecida e expandida para outras instituições, como centros e instituições de pesquisa. Quatorze instituições (o número estudado pela FINEP/UFRGS) talvez ainda seja um universo pequeno para se generalizar em relação ao potencial de parcerias existente no Brasil. É importante que se dê continuidade a esse trabalho de coleta e mapeamento de parcerias universidade-empresa. O último desafio é o de informações estratégicas para o gerenciamento. É importante que os escritórios tenham as competências acadêmicas disponíveis e mapeadas. Em outras palavras os próprios escritórios têm de enfrentar o desafio de conhecer o potencial dos laboratórios instalados em suas próprias instituições. Isso parece ser um tanto trivial, mas não é tão fácil assim. Temos no país uma cultura de atendimento pessoal dentro das agências de fomento, principalmente no CNPq. Não sei como funciona nas FAPs, mas o CNPq, em geral, atende ao pesquisador individualmente e não à instituição. Então, no meio do fluxo da informação a própria instituição às vezes não sabe quanto de recursos está entrando para financiamento das pesquisas, que tipo de pesquisa está sendo financiada e qual a competência formada. Tecnicamente, o mapeamento das competências é algo simples de se fazer. É uma questão de cruzar informação dos bancos de dados de patentes e receber do CNPq uma lista dos bolsistas de pesquisa e seus projetos. O CNPq solicitou ao INPI, e já foram fornecidas as informações sobre os pesquisadores que têm patentes depositadas e concedidas dentro do banco de dados de patentes do Instituto. Hoje, o Banco de Currículo Lattes tem link para informar as patentes concedidas a pesquisadores. Nesse contexto, o INPI solicitou ao setor de informática do CNPq que agora faça o oposto, ou seja, que a informação dos pesquisadores que realmente possuem patentes depositadas no INPI fosse devolvida. Com isto, o objetivo é ter um controle maior do número de patentes geradas em universidades. No caso de pesquisadores que se dirigem diretamente ao Instituto, o INPI não sabe se o mesmo pertence a uma universidade ou a um centro de pesquisa. Ele pode dar entrada em todo o processo patentário por conta própria, apesar de legalmente a titularidade ser da instituição de pesquisa a qual se encontra vinculado. A avaliação da eficácia dos escritórios de propriedade intelectual medida em termos de patentes, licenças, número de buscas em bases de dados, por exemplo, pode gerar alguns indicadores importantes. Futuramente, pode-se pensar na criação de uma associação, semelhante à Association of University Technology Managers (AUTM) que existe nos Estados Unidos. Já houve um esforço de criação de uma associação similar aqui no Brasil, mas não sei como está essa questão. A idéia principal é que uma associação desse tipo pode atuar na criação de indicado- 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 5 5

anos anteriores já surtiram efeitos claros, e os núcleos de propriedade intelectual<br />

já estão patenteando. Algumas empresas que utilizaram e se beneficiaram desse<br />

programa foram, por exemplo, Cofap, Metal Leve, Embraco, Petrobras, Furnas,<br />

Vale do Rio Doce, além de algumas universidades e centros de pesquisa brasileiros.<br />

Acredito que a estratégia de gestão começa por aqui, depois de respondida a<br />

pergunta: o que patentear? Ainda nesta questão, a avaliação do mercado é importante<br />

de ser feita antes da expedição da carta-patente. Ninguém quer ou deve<br />

gastar dinheiro para ter um privilégio na prateleira. Os cinco escritórios americanos<br />

visitados, por exemplo, revelaram que, em média, somente 50% dos relatórios<br />

de invenção que chegam até eles são encaminhados ao USPTO. Os relatórios<br />

que não enviados, mesmo que contendo conhecimentos patenteáveis, são devolvidos<br />

ao inventor que passa a ter o direito sobre o invento, caso queira<br />

encaminhá-lo ao Escritório americano. Ainda existe a questão: em que países<br />

patentear? Um anuário interessante para a avaliação do mercado de cada país<br />

com relação a dados econômicos é o Anuário Estatístico sobre Patentes da OMPI.<br />

O penúltimo desafio é marketing e comercialização da tecnologia. Como<br />

primeira estratégia acredito ser essencial o estímulo ao desenvolvimento de tecnologias<br />

mais próximas a produtos demandados pelo mercado. Como vamos<br />

facilitar essa prática? Como foi comentada pela Fiocruz, a idéia é que a pesquisa<br />

na bancada saia mais próxima possível do produto para que a fase de desenvolvimento<br />

não seja tão comprida. Alguns de nós já tiveram a oportunidade de ouvir<br />

o Antônio Cláudio Sant’Anna do CENPES falar sobre produto núcleo e produto<br />

expandido. O produto núcleo seria justamente a patente de algo que ainda demorará<br />

um tempo para ser desenvolvido e chegar ao mercado. O produto expandido<br />

é o esforço que se deve fazer para que na bancada já se tenha algum tipo de<br />

feedback do mercado para a produção de algo mais perto de um bem comercial.<br />

Essas questões estão muito longe do pesquisador. O pesquisador, na verdade,<br />

está querendo responder aquela pergunta lá de trás, de como melhorar algo que<br />

foi feito antes, mas sem pensar no mercado ou no que ele está demandando. Às<br />

vezes a tecnologia é muito interessante, mas não tem um mercado e até ser<br />

desenvolvida para que seja transformada em algo que tenha um impacto, passa<br />

por uma fase de desenvolvimento muito longa.<br />

Outra questão estratégica na comercialização é quanto custa a licença.<br />

Qual o preço que se dará à tecnologia? Essa resposta tem uma relação mais forte<br />

com o potencial do mercado futuro do produto do que com o custo da produção da<br />

tecnologia propriamente dita. Ou seja, na hora de se estipular quanto custa uma<br />

tecnologia, deve-se ter uma noção muito clara do potencial de mercado que ela<br />

atingirá. É isso que determinará se a tecnologia renderá frutos econômicos –<br />

como, por exemplo, aquele US$ 1 milhão que Maria Celeste Emerick mencionou<br />

no caso da Fiocruz, recurso este que dará esperança de sustentar a carteira de<br />

patentes que o seu escritório gerencia – do que na verdade o que foi gasto<br />

durante todo o processo de pesquisa realizado anteriormente.<br />

A criação de mecanismos de monitoramento de mercado já foi de certa<br />

forma falado, pois significa explorar o uso da informação tecnológica contida em<br />

patentes e criação de banco com outros dados essenciais ao processo. Não sei<br />

se dos escritórios aqui presentes – e gostaria de ouvi-los na hora do debate –<br />

existe alguém com algum exemplo de banco de dados criado para trabalhar o<br />

monitoramento de mercado. Este foi um depoimento que ouvimos muito nos Estados<br />

Unidos. Cada escritório tinha seu banco de dados a partir de diversas fontes.<br />

5 4 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia

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