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Maria Celeste Emerick ressaltou que, no âmbito dos entraves relacionados ao tema das parcerias e da titularidade, os custos de patenteamento e a preocupação com os recursos humanos não haviam sido expostas. Sua proposta foi de conversar com as agências de fomento no sentido de encontrar mecanismos de indução à capacitação dos recursos humanos dos núcleos de propriedade intelectual, estabelecendo-se bolsas com critérios diferenciados dos demais programas de recursos humanos. Com relação aos custos de patentes, existe uma falta de cultura nas instituições brasileiras que não percebem que estes custos hoje devem ser vistos como ganhos futuros. As atividades de proteção da propriedade intelectual geram, em muitos casos, ganhos indiretos à medida que se deposita uma patente no exterior, por exemplo, entrando-se no circuito internacional que atrai a atenção da indústria e de possíveis parceiros nos países onde a patente foi depositada. Além disso, o tempo de maturação de núcleos de propriedade intelectual em instituições de pesquisa estrangeiras que já possuem mais experiência e estão estabelecidas há mais tempo gira em torno de 15 a 20 anos. As experiências da maioria das instituições brasileiras são muito recentes, salvo exceções como a Fiocruz e a USP, tendo sido estabelecidos os seus núcleos na década de 1990. Isso significa que ainda faltam uns 5 a 10 anos para que o retorno financeiro comece a ser gerado. Por último, foi salientado que quem já tem experiência na área diz que muitas vezes o retorno financeiro por uma patente estratégica cobre todos os gastos com as demais patentes. A FAPEMIG fez uma colocação quanto à sua política de proteção internacional. A decisão de se fazer um investimento em todo o processo de proteção internacional somente ocorre se o processo de transferência de tecnologia já estiver em andamento ou estiver em vias de acontecer. Uma ressalva foi que as instituições em geral preocupam-se mais com a proteção e menos com a transferência. Lourença Francisca da CNEN colocou que a transferência de tecnologia não é um assunto trivial. Até os Estados Unidos tiveram necessidade de estabelecer uma legislação específica sobre o assunto. Ressaltou ainda que o número de publicações brasileiras, embora considerado um tanto razoável, não é suficiente para o País afirmar que tem ciência adequada. Por outro lado, não adianta alavancar o número de patentes brasileiras se os resultados não forem transferidos efetivamente para o mercado. A UFPA falou sobre a comissão de ética existente nas universidades brasileiras que não discute a propriedade intelectual quando um determinado projeto está sendo avaliado. A FAPESP ressaltou o panorama internacional de mudanças na questão da titularidade das invenções. Citou que a lei alemã estabelecia que a invenção pertencia ao inventor e foi recentemente alterada, porque o país percebeu que estava perdendo investimentos dessa maneira. Na Itália a mudança foi justamente invertida, a titularidade passou a pertencer ao inventor. A Fiocruz comentou sobre a posição da FAPEMIG, mas posteriormente ficou esclarecida a colocação que havia sido entendida como um risco de se proteger somente no caso de tecnologias em fases avançadas de desenvolvimento. Finalmente, Elza Angela da Embrapa colocou que as instituições brasileiras estão vivendo as dores do crescimento: aprendeu-se a proteger e agora realmente chegou o momento de se preocupar com a comercialização e o retorno que ela proporcionará. 5 0 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia
Maria Celeste Emerick Passaremos ao quarto e último bloco, com o tema Gestão da Propriedade Intelectual e da Comercialização da Tecnologia, que será apresentado por Maria Beatriz Amorim Páscoa do INPI. Maria Beatriz Amorim Páscoa Muito do que abordarei já foi, de certa forma, falado e discutido ao longo dos três temas iniciais. Gestão de propriedade intelectual tem relação com todos os pontos anteriores, não só com os desafios que apresentarei. No entanto, o destaque aqui será dado aos entraves e aspectos específicos da comercialização de tecnologia, muitos dos quais foram levantados nas discussões do último bloco. É exatamente o tema que acredito ser o foco central da REPICT a partir de agora. É natural que os Encontros anteriores da REPICT tenham sido muito mais didáticos na questão do proteger. E o INPI, creio, teve uma atuação forte através de cursos e outros programas que serão citados – até pediria aos demais representantes do Instituto aqui presentes que falassem sobre isso no momento do debate. A atuação do INPI no que diz respeito à disseminação da importância do “proteger” ainda não está finalizada. Pretende-se ampliá-la o mais breve possível, assim que aprovada a melhoria técnica e administrativa do Instituto. Muitas instituições estão começando sua atividade em PI e, nesse sentido, precisam do know-how dos meios de proteção. Mas a gestão da propriedade intelectual no sentido de colocar e como colocar a invenção no mercado para que ela vire um produto ou processo inovador traz uma série de desafios para os quais as instituições de pesquisa não estão propriamente preparadas. Um dos principais desafios, já discutido, é a formação de recursos humanos nessa área. Para o momento do debate guardo a sugestão de que pensemos nos tipos de temas que poderiam ser inseridos nas opções de disciplinas formais das universidades, que na sua grande maioria contemplam a questão de proteger, não discutindo o gerenciamento do conhecimento. Pensei em apresentar cinco grandes desafios – outros existem, inclusive já citados por alguns dos senhores. O primeiro seria a disseminação da cultura da propriedade intelectual. É um desafio “guarda-chuva”, pois representa a grande batalha inicial de quem trabalha com o tema em instituições de pesquisa. Já foram citados alguns mecanismos adotados para sensibilizar o pesquisador sobre a importância da propriedade intelectual. No entanto, gostaria aqui de elencar algumas estratégias específicas. O primeiro grupo de estratégias foi retirado de testemunhos dos gerentes dos núcleos de propriedade intelectual existentes em universidades brasileiras. Foram mapeados 26 núcleos pelo projeto Estímulo à Criação e Consolidação de Núcleos/Escritórios de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia em Universidades Brasileiras realizado pelo INPI em parceria com a Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro e o Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia (EITT) da UFRGS. Esses núcleos informaram que utilizam palestras, seminários e eventos em geral, cursos de capacitação, folders e manuais de procedimentos, Internet, e outros meios para difundir a questão da propriedade intelectual. Outras estratégias de se chegar até a comunidade acadêmica foram citadas em entrevistas com escritórios de universidades americanas, realizadas pelo INPI dois ou três anos atrás. Foram estudadas cinco universidades. Dentre elas, destaca- 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 5 1
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Maria Celeste Emerick ressaltou que, no âmbito dos entraves relacionados<br />
ao tema das parcerias e da titularidade, os custos de patenteamento e a<br />
preocupação com os recursos humanos não haviam sido expostas. Sua proposta<br />
foi de conversar com as agências de fomento no sentido de encontrar mecanismos<br />
de indução à capacitação dos recursos humanos dos núcleos de propriedade<br />
intelectual, estabelecendo-se bolsas com critérios diferenciados dos demais<br />
programas de recursos humanos. Com relação aos custos de patentes, existe<br />
uma falta de cultura nas instituições brasileiras que não percebem que estes<br />
custos hoje devem ser vistos como ganhos futuros. As atividades de proteção da<br />
propriedade intelectual geram, em muitos casos, ganhos indiretos à medida que<br />
se deposita uma patente no exterior, por exemplo, entrando-se no circuito internacional<br />
que atrai a atenção da indústria e de possíveis parceiros nos países onde<br />
a patente foi depositada. Além disso, o tempo de maturação de núcleos de propriedade<br />
intelectual em instituições de pesquisa estrangeiras que já possuem mais<br />
experiência e estão estabelecidas há mais tempo gira em torno de 15 a 20 anos.<br />
As experiências da maioria das instituições brasileiras são muito recentes, salvo<br />
exceções como a Fiocruz e a USP, tendo sido estabelecidos os seus núcleos na<br />
década de 1990. Isso significa que ainda faltam uns 5 a 10 anos para que o<br />
retorno financeiro comece a ser gerado. Por último, foi salientado que quem já tem<br />
experiência na área diz que muitas vezes o retorno financeiro por uma patente<br />
estratégica cobre todos os gastos com as demais patentes.<br />
A FAPEMIG fez uma colocação quanto à sua política de proteção internacional.<br />
A decisão de se fazer um investimento em todo o processo de proteção internacional<br />
somente ocorre se o processo de transferência de tecnologia já estiver em<br />
andamento ou estiver em vias de acontecer. Uma ressalva foi que as instituições em<br />
geral preocupam-se mais com a proteção e menos com a transferência.<br />
Lourença Francisca da CNEN colocou que a transferência de tecnologia<br />
não é um assunto trivial. Até os Estados Unidos tiveram necessidade de estabelecer<br />
uma legislação específica sobre o assunto. Ressaltou ainda que o número de<br />
publicações brasileiras, embora considerado um tanto razoável, não é suficiente<br />
para o País afirmar que tem ciência adequada. Por outro lado, não adianta<br />
alavancar o número de patentes brasileiras se os resultados não forem transferidos<br />
efetivamente para o mercado.<br />
A UFPA falou sobre a comissão de ética existente nas universidades brasileiras<br />
que não discute a propriedade intelectual quando um determinado projeto<br />
está sendo avaliado.<br />
A FAPESP ressaltou o panorama internacional de mudanças na questão<br />
da titularidade das invenções. Citou que a lei alemã estabelecia que a invenção<br />
pertencia ao inventor e foi recentemente alterada, porque o país percebeu que<br />
estava perdendo investimentos dessa maneira. Na Itália a mudança foi justamente<br />
invertida, a titularidade passou a pertencer ao inventor.<br />
A Fiocruz comentou sobre a posição da FAPEMIG, mas posteriormente ficou<br />
esclarecida a colocação que havia sido entendida como um risco de se proteger<br />
somente no caso de tecnologias em fases avançadas de desenvolvimento.<br />
Finalmente, Elza Angela da Embrapa colocou que as instituições brasileiras<br />
estão vivendo as dores do crescimento: aprendeu-se a proteger e agora realmente<br />
chegou o momento de se preocupar com a comercialização e o retorno<br />
que ela proporcionará.<br />
5 0 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia