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13.04.2013 Views

PCT a partir da fase do desenvolvimento da pesquisa, e sim do nível da fase em que se encontra o processo de transferência de tecnologia. Então, no prazo de um a três anos, se o processo de transferência ainda não aconteceu, acreditamos que não tem por que continuar pagando proteção internacional. Maria Celeste Emerick Penso em como deve ser difícil para as agências de fomento dar o limite dessa política, porque deve entender que a propriedade intelectual no ambiente acadêmico é muito mais uma reorganização da pesquisa, um reordenamento na forma de fazer a pesquisa, de gerar e controlar o conhecimento. Elza Angela B. B. da Cunha Este último tema apresentado é tão interessante que talvez seja o caso de sugerirmos uma nova Oficina de Trabalho, antecedendo o Encontro da REPICT no ano que vem, com o seguinte enfoque: como encontrar um parceiro, mediante contratação de empresas especializadas em fomento à inovação – como se fossem headhunters tecnológicos que captam potenciais clientes no mundo inteiro – com o objetivo de licenciar essas tecnologias fantásticas, que tem um custo muito alto para uma instituição pública. É fato que as instituições de pesquisa contam com um orçamento apertado e quando os recursos governamentais são destinados a outras áreas prioritárias, certamente são aqueles que custeiam as despesas de patente que diminuem. Na verdade, o Brasil está sentindo as dores do crescimento, aprendeu a proteger no Brasil, na África, na Ásia, na América do Norte, na Europa, e agora está tendo que começar a aprender a licenciar. As instituições brasileiras devem agora vislumbrar o retorno financeiro e, eventualmente, se conseguir negociar a patente certa, talvez estarão financiando toda a despesa das demais patentes, e quem sabe ainda custeando algum projeto de caráter mais social. Marli Elizabeth Ritter dos Santos Permito-me complementar a colocação de Elza Angela dizendo que a sensação que tenho é exatamente essa. As instituições foram desvendando a ponta do iceberg. Agora que aprenderam a proteger, elas devem continuar caminhando para chegar na comercialização de um produto final. Esta é justamente a etapa que está faltando para que as queixas dos custos elevados de patenteamento possam ser sanadas. Enquanto não houver volume de comercialização, continuaremos a achar que estamos gastando inocuamente. E sobre esse ponto gostaria de citar duas questões, que não são novidades, mas se adequam a esse contexto. A primeira é a questão de como o patenteamento é encarado nas instituições de pesquisa. Para a maioria dos pesquisadores patente não é negócio, é produção acadêmica. Enquanto este ativo de propriedade intelectual não for encarado pelo seu valor comercial, não caminharemos adiante. Portanto, isso deve se tornar um exercício para as nossas instituições, inserindo-se essa variável comercial dentro do seu negócio, mostrando ao pesquisador que, além de produção acadêmica, essa patente tem valor econômico. A segunda questão é que as tecnologias desenvolvidas nas instituições de pesquisa brasileiras ainda estão em escala laboratorial. Retomando o que Lourença apresentou, há uma longa distância entre o que existe desenvolvido em termos de pesquisa básica e aquilo que pode despertar o interesse do potencial licenciante. 4 8 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia

Estas duas questões de âmbito da comercialização representam um desafio para as próprias agências de fomento. Talvez as agências devam apoiar mais essa fase da comercialização, apoiar projetos de desenvolvimento, tecnologias que já estão protegidas mas que precisam de um recurso adicional para efetivamente se transformarem em produto ou processo. Estes são pontos que gostaria de resgatar, porque são fundamentais até para não desanimarmos. Farei agora uma síntese do tema Parcerias e Titularidade. Elza Angela falou da dificuldade de se estabelecer a titularidade em projetos realizados por diferentes instituições de pesquisa em função de haver diversos entendimentos como, por exemplo, se a propriedade é compartilhada ou não, se é necessário estabelecer um contrato muito claro com direitos e obrigações de cada parte. Foram considerados também o retorno e as expectativas financeiras que cada uma das partes tem nessa parceria, tendo em vista os diversos atores envolvidos, os recursos de diferentes fontes financiadoras e os instrumentos jurídicos estabelecidos. Ao final, foi colocado que há uma teia de contratos sobrepostos que gera um verdadeiro enigma de quantas metades formam um inteiro. Com relação a essas metades, acrescentaria que além de 50% da instituição e 50% das agências, existem situações em que 50% são diretamente destinados ao beneficiário que assina o contrato de pesquisa com a agência, que é o próprio pesquisador, ocorrendo um bypass para a instituição. A FAPEMIG, como fundação de amparo à pesquisa, relatou que está promovendo o compartilhamento dos 50% dos ganhos que propõe aos projetos financiados em 1/3 para o pesquisador, 1/3 para as instituições de origem e 1/3 para a FAPEMIG. A exemplo das demais fundações de amparo à pesquisa dos Estados brasileiros, há dificuldade freqüente de repasse de recursos dos governos dos Estados e decorrente das mudanças de gestão da fundação. Com relação aos recursos humanos, todos os funcionários do núcleo de propriedade intelectual da FAPEMIG são bolsistas, fator preocupante que pode gerar um amadorismo na gestão dessas questões. Maria Celeste Emerick da Fiocruz ressaltou a percepção de uma evolução na participação das agências de fomento ao longo dos Encontros da REPICT. As agências estão cada vez mais pró-ativas. Além disso, vêm se dedicando ao desenvolvimento de estratégias internas para a melhor gestão da propriedade intelectual e dos seus resultados. Com relação à co-titularidade, não há um pensamento único da REPICT para o fato de as agências de fomento serem ou não cotitulares. Não haveria problemas, se a agência estivesse disposta em ser parceira no processo de levar o resultado ao mercado. Esta, sim, seria a preocupação central. A FAPESP também colocou seu papel fomentador e negociador e trouxe à discussão os altos valores pagos pela fundação, entre taxas e escritório de propriedade intelectual, que já beiram R$ 1 milhão. Enquanto isso, o retorno em termos de comercialização foi de apenas R$ 4 mil. Estabeleceu-se, então, o questionamento sobre os custos de patenteamento. O CNPq também se manifestou colocando que seu orçamento de R$ 600 milhões somente viabilizou o depósito de 60 patentes no INPI, sendo duas já concedidas no Brasil e mais duas no exterior, uma na Europa e outra nos Estados Unidos. Também chamou a atenção do elevado custo de patenteamento, percebendo que há um crescimento exponencial nos gastos. 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 4 9

PCT a partir da fase do desenvolvimento da pesquisa, e sim do nível da fase em<br />

que se encontra o processo de transferência de tecnologia. Então, no prazo de um<br />

a três anos, se o processo de transferência ainda não aconteceu, acreditamos<br />

que não tem por que continuar pagando proteção internacional.<br />

Maria Celeste Emerick<br />

Penso em como deve ser difícil para as agências de fomento dar o limite<br />

dessa política, porque deve entender que a propriedade intelectual no ambiente<br />

acadêmico é muito mais uma reorganização da pesquisa, um reordenamento na<br />

forma de fazer a pesquisa, de gerar e controlar o conhecimento.<br />

Elza Angela B. B. da Cunha<br />

Este último tema apresentado é tão interessante que talvez seja o caso de<br />

sugerirmos uma nova Oficina de Trabalho, antecedendo o Encontro da REPICT no<br />

ano que vem, com o seguinte enfoque: como encontrar um parceiro, mediante<br />

contratação de empresas especializadas em fomento à inovação – como se fossem<br />

headhunters tecnológicos que captam potenciais clientes no mundo inteiro – com o<br />

objetivo de licenciar essas tecnologias fantásticas, que tem um custo muito alto<br />

para uma instituição pública. É fato que as instituições de pesquisa contam com um<br />

orçamento apertado e quando os recursos governamentais são destinados a outras<br />

áreas prioritárias, certamente são aqueles que custeiam as despesas de patente<br />

que diminuem. Na verdade, o Brasil está sentindo as dores do crescimento,<br />

aprendeu a proteger no Brasil, na África, na Ásia, na América do Norte, na Europa,<br />

e agora está tendo que começar a aprender a licenciar. As instituições brasileiras<br />

devem agora vislumbrar o retorno financeiro e, eventualmente, se conseguir negociar<br />

a patente certa, talvez estarão financiando toda a despesa das demais patentes,<br />

e quem sabe ainda custeando algum projeto de caráter mais social.<br />

Marli Elizabeth Ritter dos Santos<br />

Permito-me complementar a colocação de Elza Angela dizendo que a<br />

sensação que tenho é exatamente essa. As instituições foram desvendando a<br />

ponta do iceberg. Agora que aprenderam a proteger, elas devem continuar caminhando<br />

para chegar na comercialização de um produto final. Esta é justamente a<br />

etapa que está faltando para que as queixas dos custos elevados de<br />

patenteamento possam ser sanadas. Enquanto não houver volume de<br />

comercialização, continuaremos a achar que estamos gastando inocuamente. E<br />

sobre esse ponto gostaria de citar duas questões, que não são novidades, mas se<br />

adequam a esse contexto.<br />

A primeira é a questão de como o patenteamento é encarado nas instituições<br />

de pesquisa. Para a maioria dos pesquisadores patente não é negócio, é<br />

produção acadêmica. Enquanto este ativo de propriedade intelectual não for encarado<br />

pelo seu valor comercial, não caminharemos adiante. Portanto, isso deve<br />

se tornar um exercício para as nossas instituições, inserindo-se essa variável<br />

comercial dentro do seu negócio, mostrando ao pesquisador que, além de produção<br />

acadêmica, essa patente tem valor econômico.<br />

A segunda questão é que as tecnologias desenvolvidas nas instituições<br />

de pesquisa brasileiras ainda estão em escala laboratorial. Retomando o que<br />

Lourença apresentou, há uma longa distância entre o que existe desenvolvido<br />

em termos de pesquisa básica e aquilo que pode despertar o interesse do potencial<br />

licenciante.<br />

4 8 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia

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