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por exemplo), competitividade do segmento de mercado, estimativa e abrangência do mercado (se vai ocorrer uma negociação para o mercado nacional ou internacional) e montante de investimento necessário para a preparação e colocação do produto no mercado. Este último item vai ao encontro do que a Fiocruz relatou que da bancada do laboratório até chegar ao protótipo e a um produto final comercial, há um longo caminho a se percorrer. Não é à toa que é de 18 meses o tempo de sigilo de uma patente, pois o prazo é razoável para a colocação do produto no mercado, desde a fase de bancada, passando pelo depósito da patente e a realização de testes pilotos. Debate Elza Angela B. B. da Cunha Como eu não sabia como seria a dinâmica desta Oficina de Trabalho, não preparei uma espécie de documento que pudesse subsidiar as discussões. Entretanto, muito embora eu e Maria Celeste Emerick tenhamos conversado muito pouco sobre este espaço, parece que foi tudo combinado. Os dois primeiros temas, e especialmente este proferido por Lourença Francisca da Silva, realmente retratam as aflições das instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Queria pedir licença para ler um trecho de um documento para ratificar o que foi falado no âmbito deste tema. “Outros reflexos da nova ordem também recaem sobre a elaboração de projeto de pesquisa quando é concebido e executado por equipes pertencentes a diferentes instituições públicas, com ou sem a participação da iniciativa privada. Os chamados projetos multiinstitucionais, executados em rede, devem registrar, desde o início, entendimento acerca da titularidade compartilhada ou não dos direitos de propriedade intelectual, caso o resultado almejado aponte na direção de produto ou processo inovador. Nesta hipótese, a execução do projeto com recursos públicos deve ser lastreada por contrato que estabeleça, com clareza meridiana, os direitos e as obrigações de cada parte envolvida, inclusive regras pertinentes à titularidade dos direitos de PI e dos retornos financeiros decorrentes do seu exercício pelas partes envolvidas, caso a meta almejada venha a ser alcançada. Verifica-se que nestes casos vem ocorrendo, cotidianamente, captação de recursos de diferentes fontes financiadoras, por uma pluralidade de cientistas, cada qual vinculado a diferentes instituições de pesquisa, todos com o objetivo comum de execução do mesmo projeto. Os instrumentos jurídicos exigidos pelas diferentes agências financiadoras dividem a titularidade do produto ou processo que venha a ser obtido ao término do projeto, na proporção de 50%, entre a instituição a que se vincula o cientista e a agência financiadora. Ao final, há uma teia de contratos sobrepostos e discrepantes, cada qual atribuindo cinqüenta por cento para cada parte envolvida, o que leva a um enigma cuja solução nem o festejado Malba Taham seria capaz de resolver: de quantas metades se compõe um inteiro?” Isso foi só para acrescentar um pouco mais de polêmica neste tema. Parabenizo a excelente apresentação. 4 0 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia

Maria Celeste Emerick Gostaria de registrar, com muita honra, a presença neste momento do palestrante da solenidade de abertura, Nuno Pires de Carvalho, da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), que de forma muito carinhosa aceitou o convite para se juntar a nós nesta reunião. Estou sentindo que as agências de fomento têm estado muito quietas ao longo deste tema sobre parcerias e titularidade. Gostaria que as agências se pronunciassem sobre a forma como vêm trabalhando, os problemas identificados e as soluções que estão sendo buscadas para acertar o limite entre a agência de fomento e a universidade ou o centro de pesquisa. Janaína Ribeiro Araújo Gostaria de relatar a posição da FAPEMIG e, também, sua vontade de mudar para atender melhor a comunidade científica no desenvolvimento da pesquisa, além das dificuldades encontradas dentro da própria FAP. A posição atual da FAPEMIG é participar em 50% dos ganhos econômicos nos projetos por ela financiados. No entanto, existe uma proposta já tramitando para que 1/3 da parte que cabe à FAPEMIG seja doado ao pesquisador, garantindo participações iguais de 1/3 à FAPEMIG, 1/3 à instituição e 1/3 ao pesquisador. Como coordenadora do escritório de gestão tecnológica da FAPEMIG, eu defendo a não participação da FAPEMIG nos ganhos. Mas por mais leonino que isso pareça, é difícil levar essa política à diretoria da FAP e, ao mesmo tempo, manter em funcionamento o seu núcleo de gestão tecnológica. O maior argumento existente para manter o funcionamento do núcleo é justamente existir um repasse de recursos financeiros, com os quais são financiados os gastos com proteção. Fora o caso da FAPESP, a maioria das FAPs no Brasil tem um problema muito sério de repasse da verba do Estado que nunca é feito. No caso da FAPEMIG, existe uma dívida de anos acumulada que nunca foi recebida. Essa é uma dificuldade constantemente discutida. Existem várias propostas que foram apresentadas à diretoria – planos de conscientização, congressos e palestras para a comunidade da FAPEMIG – mas tem sido muito difícil conseguir mudar essa posição. Acredito que somente ao longo do tempo, com a maturidade da administração da FAP, é que problemas de mudança de gestão, como os que as instituições de pesquisa também enfrentam, serão resolvidos pela FAPEMIG ou por qualquer FAP. A partir do momento que muda o presidente daquela FAP e o próprio coordenador do núcleo que trata da gestão da propriedade intelectual, tem-se que começar tudo novamente, porque o trabalho normalmente se perde. Além disso, dentro do próprio núcleo existe o problema dos recursos humanos: todos os funcionários são bolsistas. Isso é uma incoerência sem tamanho, porque essas pessoas são capacitadas, criam um vínculo de entrosamento com as atividades e, dentro de dois anos, estão fora da instituição. Não há continuidade do trabalho. Este é um problema de todo o País seja nas FAPs ou nas universidades e nos centros de pesquisa. Há um certo amadorismo no sentido de administrar essas questões. Somente o tempo poderá ajudar, porque os entraves são muito maiores do que a vontade de mudar. Maria Celeste Emerick Para aquelas pessoas que vêm participando desde 1998 dos Encontros da REPICT, é bastante curioso acompanhar a evolução das políticas institucionais brasileiras em universidades e centros de pesquisa, especialmente nas agências 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 4 1

por exemplo), competitividade do segmento de mercado, estimativa e abrangência<br />

do mercado (se vai ocorrer uma negociação para o mercado nacional ou internacional)<br />

e montante de investimento necessário para a preparação e colocação do<br />

produto no mercado. Este último item vai ao encontro do que a Fiocruz relatou que<br />

da bancada do laboratório até chegar ao protótipo e a um produto final comercial,<br />

há um longo caminho a se percorrer. Não é à toa que é de 18 meses o tempo de<br />

sigilo de uma patente, pois o prazo é razoável para a colocação do produto no<br />

mercado, desde a fase de bancada, passando pelo depósito da patente e a realização<br />

de testes pilotos.<br />

Debate<br />

Elza Angela B. B. da Cunha<br />

Como eu não sabia como seria a dinâmica desta Oficina de Trabalho, não<br />

preparei uma espécie de documento que pudesse subsidiar as discussões. Entretanto,<br />

muito embora eu e Maria Celeste Emerick tenhamos conversado muito<br />

pouco sobre este espaço, parece que foi tudo combinado. Os dois primeiros temas,<br />

e especialmente este proferido por Lourença Francisca da Silva, realmente<br />

retratam as aflições das instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Queria<br />

pedir licença para ler um trecho de um documento para ratificar o que foi falado no<br />

âmbito deste tema.<br />

“Outros reflexos da nova ordem também recaem sobre a elaboração<br />

de projeto de pesquisa quando é concebido e executado por<br />

equipes pertencentes a diferentes instituições públicas, com ou sem<br />

a participação da iniciativa privada. Os chamados projetos multiinstitucionais,<br />

executados em rede, devem registrar, desde o início,<br />

entendimento acerca da titularidade compartilhada ou não dos direitos<br />

de propriedade intelectual, caso o resultado almejado aponte<br />

na direção de produto ou processo inovador.<br />

Nesta hipótese, a execução do projeto com recursos públicos deve<br />

ser lastreada por contrato que estabeleça, com clareza meridiana,<br />

os direitos e as obrigações de cada parte envolvida, inclusive regras<br />

pertinentes à titularidade dos direitos de PI e dos retornos<br />

financeiros decorrentes do seu exercício pelas partes envolvidas,<br />

caso a meta almejada venha a ser alcançada.<br />

Verifica-se que nestes casos vem ocorrendo, cotidianamente, captação<br />

de recursos de diferentes fontes financiadoras, por uma pluralidade<br />

de cientistas, cada qual vinculado a diferentes instituições de pesquisa,<br />

todos com o objetivo comum de execução do mesmo projeto. Os<br />

instrumentos jurídicos exigidos pelas diferentes agências financiadoras<br />

dividem a titularidade do produto ou processo que venha a ser obtido<br />

ao término do projeto, na proporção de 50%, entre a instituição a que<br />

se vincula o cientista e a agência financiadora. Ao final, há uma teia de<br />

contratos sobrepostos e discrepantes, cada qual atribuindo cinqüenta<br />

por cento para cada parte envolvida, o que leva a um enigma cuja<br />

solução nem o festejado Malba Taham seria capaz de resolver: de<br />

quantas metades se compõe um inteiro?”<br />

Isso foi só para acrescentar um pouco mais de polêmica neste tema. Parabenizo<br />

a excelente apresentação.<br />

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