miolo_mercocidades.cópia p65 - Redetec

miolo_mercocidades.cópia p65 - Redetec miolo_mercocidades.cópia p65 - Redetec

redetec.org.br
from redetec.org.br More from this publisher
13.04.2013 Views

Citarei os quatros temas que foram selecionados para discussão pelo grupo presente na Oficina de Trabalho para, então, desenvolvê-los. Passarei rapidamente pelos temas para, em seguida, me deter um pouco mais em seus detalhes. O primeiro diz respeito aos aspectos jurídicos envolvidos na comercialização da propriedade intelectual e na transferência de tecnologia. Foram elencadas quatro questões. A decisão entre a licitação e a oferta pública é entendida como um dos grandes entraves no momento de licenciar os resultados de pesquisa. A licitação representa um mal-estar ao processo de transferência de tecnologia, podendo comprometê-lo. A patente e a transferência de tecnologia não podem ser vistas como uma venda de bem e serviço públicos. Nesse contexto, o licenciamento com exclusividade, previsto na Lei da Propriedade Industrial n.º 9.279, de 1996, torna-se particularmente difícil no caso das instituições públicas, que, conseqüentemente, terão a necessidade de licitar. As duas outras questões são a justaposição dos recursos públicos versus apropriação privada e os procedimentos institucionais para transações comerciais. Com relação às políticas institucionais de propriedade intelectual, buscamos levantar os entraves que ocorrem exatamente no momento do discurso, da sua formalização em termos de uma norma ou um regulamento. E como se dão os entraves na operacionalização dos procedimentos? As questões elencadas foram: a publicação versus proteção, englobando a questão de tempo e precedência e os sistemas de avaliação e recompensa (o reconhecimento de mérito do pesquisador no patenteamento e na publicação); o sigilo de informações no meio acadêmico, toda a problemática envolvida e os documentos e instrumentos legais para formalizar esse sigilo; e, por último, o compartilhamento dos ganhos econômicos auferidos com os licenciamentos de tecnologias e patentes. O terceiro tema versou sobre as parcerias e titularidades, questão que envolve a co-titularidade com outras instituições de ensino e pesquisa, agências de fomento, empresas juniores, fundações e incubadoras. Também foram levantadas as seguintes questões: a informalidade das parcerias e o controle da informação; o retorno financeiro e a partilha dos resultados; a adequada valorização do conhecimento gerado e o apoio financeiro nas pesquisas e parcerias; e os conflitos de interesses que normalmente ocorrem quando várias instituições desenvolvem uma atividade de pesquisa conjunta. No último tema, gestão da propriedade intelectual e da comercialização de tecnologia, foi levantada a necessidade de difusão da cultura da propriedade intelectual e da transferência de tecnologia, visando à introjeção pelo pesquisador do valor da marca como patrimônio institucional e o retorno sobre a imagem da instituição. Outras questões importantes são: a prospecção tecnológica como ferramenta de P&D, marketing e comercialização da tecnologia; o monitoramento de mercados e dos processos de proteção da propriedade intelectual; e as estratégias de informação para controle gerencial, como a elaboração de indicadores de competência da academia e a avaliação da eficácia dos escritórios/núcleos. Esses foram os grandes temas discutidos na segunda-feira, na verdade, a difícil tarefa de tentar resumir e agora apresentar os pontos que consideramos merecerem atenção de discussão. 210 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia

Maria Celeste Emerick Este foi um roteiro básico, resumo das questões colocadas em discussão de forma metodológica na Oficina de Trabalho. Nesse contexto, os participantes da reunião ainda agregaram outras informações, ajustadas a essas questões anteriormente apresentadas. Em função do tempo, fizemos uma súmula das principais questões, para que agora sejam destacados os principais pontos discutidos e, em seguida, um debate mais abrangente com os participantes. Marli Elizabeth Ritter dos Santos É interessante acrescentar como chegamos à construção dos temas. A REPICT solicitou-me um contato com os responsáveis pelos núcleos cadastrados a partir do mapeamento das universidades brasileiras, realizado no âmbito de um projeto de parceria entre a Rede de Tecnologia, o INPI e o Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia (EITT) da UFRGS, justamente para auxiliar na construção dos entraves que resultaram nesses quatro grandes temas. Um dos primeiros pontos de discussão é a uniformização das políticas de propriedade intelectual no âmbito federal e no âmbito das instituições de ensino e pesquisa. O que se percebe é uma grande diferença no tratamento dessa questão por cada uma das agências de fomento. Algumas requerem a propriedade dos resultados, outras abrem mão da propriedade, mas querem participação nos ganhos econômicos. Percebe-se, portanto, uma falta de uniformidade no tratamento dessa questão. Por outro lado, no âmbito das instituições de ensino e pesquisa, embora muitas delas já tenham regras definidas de propriedade intelectual e transferência de tecnologia, suas políticas estão adequadamente articuladas com as políticas de pesquisa e pós-graduação. Por isso é que, muitas vezes, o tratamento da questão “publicar versus patentear” nem sempre é resolvido pela política de propriedade intelectual. Ocorre que a ação dos escritórios não é suficientemente forte para obter dos pesquisadores um adequado encaminhamento dos seus resultados de pesquisa para se promover inicialmente a proteção e depois haver a possibilidade de divulgação. A capacitação de recursos humanos é, sem dúvida, um outro grande entrave enfrentado pelas instituições. Duas questões merecem especial atenção: a importância de se difundir e, ao mesmo tempo, capacitar os recursos humanos, principalmente para executarem buscas em bases de patentes; e a inserção dessa prática dentro da rotina de pesquisa das instituições para evitar que ela invista em algo que já está protegido. O outro ponto importante é buscar interagir com procuradores das instituições públicas de ensino e pesquisa e dos órgãos de governo, tal como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Secretaria Federal de Controle, capacitando-os adequadamente quanto à propriedade intelectual e transferência de tecnologia. Este é um entrave bastante preocupante, especialmente quando se trata de negociar os contratos de transferência de tecnologia. Os procuradores, de um modo geral, não têm formação na área, logo esse diferencial gera grandes transtornos. Vale ressaltar um ponto discutido com bastante intensidade, que é a articulação com as agências de fomento. Há necessidade de se buscar uma articulação maior com esses atores, principalmente no que diz respeito à titularidade. Como se sabe, existem muitas agências requerendo a co-titularidade dos resultados das pesquisas por elas financiadas. 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 211

Maria Celeste Emerick<br />

Este foi um roteiro básico, resumo das questões colocadas em discussão<br />

de forma metodológica na Oficina de Trabalho. Nesse contexto, os participantes<br />

da reunião ainda agregaram outras informações, ajustadas a essas questões<br />

anteriormente apresentadas. Em função do tempo, fizemos uma súmula das principais<br />

questões, para que agora sejam destacados os principais pontos discutidos<br />

e, em seguida, um debate mais abrangente com os participantes.<br />

Marli Elizabeth Ritter dos Santos<br />

É interessante acrescentar como chegamos à construção dos temas. A<br />

REPICT solicitou-me um contato com os responsáveis pelos núcleos cadastrados<br />

a partir do mapeamento das universidades brasileiras, realizado no âmbito de um<br />

projeto de parceria entre a Rede de Tecnologia, o INPI e o Escritório de Interação<br />

e Transferência de Tecnologia (EITT) da UFRGS, justamente para auxiliar na construção<br />

dos entraves que resultaram nesses quatro grandes temas.<br />

Um dos primeiros pontos de discussão é a uniformização das políticas de<br />

propriedade intelectual no âmbito federal e no âmbito das instituições de ensino<br />

e pesquisa. O que se percebe é uma grande diferença no tratamento dessa questão<br />

por cada uma das agências de fomento. Algumas requerem a propriedade<br />

dos resultados, outras abrem mão da propriedade, mas querem participação nos<br />

ganhos econômicos. Percebe-se, portanto, uma falta de uniformidade no tratamento<br />

dessa questão. Por outro lado, no âmbito das instituições de ensino e<br />

pesquisa, embora muitas delas já tenham regras definidas de propriedade intelectual<br />

e transferência de tecnologia, suas políticas estão adequadamente articuladas<br />

com as políticas de pesquisa e pós-graduação. Por isso é que, muitas vezes,<br />

o tratamento da questão “publicar versus patentear” nem sempre é resolvido<br />

pela política de propriedade intelectual. Ocorre que a ação dos escritórios não é<br />

suficientemente forte para obter dos pesquisadores um adequado encaminhamento<br />

dos seus resultados de pesquisa para se promover inicialmente a proteção<br />

e depois haver a possibilidade de divulgação.<br />

A capacitação de recursos humanos é, sem dúvida, um outro grande entrave<br />

enfrentado pelas instituições. Duas questões merecem especial atenção: a<br />

importância de se difundir e, ao mesmo tempo, capacitar os recursos humanos,<br />

principalmente para executarem buscas em bases de patentes; e a inserção dessa<br />

prática dentro da rotina de pesquisa das instituições para evitar que ela invista<br />

em algo que já está protegido.<br />

O outro ponto importante é buscar interagir com procuradores das instituições<br />

públicas de ensino e pesquisa e dos órgãos de governo, tal como o Tribunal<br />

de Contas da União (TCU) e a Secretaria Federal de Controle, capacitando-os<br />

adequadamente quanto à propriedade intelectual e transferência de tecnologia.<br />

Este é um entrave bastante preocupante, especialmente quando se trata de negociar<br />

os contratos de transferência de tecnologia. Os procuradores, de um modo<br />

geral, não têm formação na área, logo esse diferencial gera grandes transtornos.<br />

Vale ressaltar um ponto discutido com bastante intensidade, que é a articulação<br />

com as agências de fomento. Há necessidade de se buscar uma articulação<br />

maior com esses atores, principalmente no que diz respeito à titularidade. Como<br />

se sabe, existem muitas agências requerendo a co-titularidade dos resultados<br />

das pesquisas por elas financiadas.<br />

6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 211

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!