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empregos, impostos e pesquisas. Se isso for feito e quando for, do que precisarão o industrial, a universidade e o centro de pesquisa do Brasil, enfim, aqueles que gastaram seu tempo e dinheiro para gerar esse produto? Eles precisarão ter certeza de que seu concorrente não irá copiar, a seguir, a inovação contida naquele produto. Caso contrário, por que motivos ele investirá em pesquisa e desenvolvimento? Seria muito mais fácil simplesmente esperar que o concorrente o faça para que depois ele copie. Uma das bases para que se tenha essa política de desenvolvimento industrial tão fortalecida passa por um INPI capaz de, sem nenhuma delonga, entregar na mão do inventor o direito relativo à sua criação. Hoje em dia, obter uma patente ou um registro de marca significa um esforço muito grande do empresário. Tal esforço tinha que estar sendo gasto com a comercialização do produto, com acordos de distribuição e coisas do gênero. Dentro de muito pouco tempo será preciso que se tomem providências para que ninguém se preocupe com a obtenção de uma patente ou uma marca. Esse procedimento deverá ser entendido como óbvio: inventei, encaminho a descrição da minha invenção para o INPI e, rapidamente, obtenho a carta-patente. Essa é uma das inúmeras ações que devem ser inerentes ao INPI. Em paralelo, não mais ou menos importante, deve haver uma ampla disseminação da cultura da propriedade industrial. Entidades e organismos ligados à propriedade industrial e intelectual devem ter isso como meta. Todos assumem que é extremamente importante para o desenvolvimento do país a divulgação, cada vez maior, da cultura da proteção. Queria apenas fazer um comentário interessante sobre este assunto. Na semana passada estive presente em um evento, semelhante a este da REPICT, na Europa, cujo público alvo também era de universidades, centros de pesquisa e diversas outras entidades ligadas ao tema propriedade intelectual nos países europeus. Qual foi o diagnóstico? Não muito diferente do caso brasileiro. Concluiu-se que era crucial divulgar a cultura da propriedade intelectual em suas instituições, porque seus pesquisadores, apesar de criarem muita tecnologia, não se dão conta da necessidade de protegê-la. Veja só, o Brasil está bem parecido com a Europa, o que é bom. Quando se examina o perfil do depositante de patentes no Brasil, 80% são de não residentes e 20% de residentes no país. Do total de patentes, 0,06% é oriundo de universidades e centros de pesquisa. Conforme o quadro anterior apresentado, praticamente 90% dos pesquisadores brasileiros estão nas universidades. Há algo estranho nesse contexto. Recordando o que foi falado pelo diretor da FINEP, Odilon Marcuzzo, o Brasil gera 1,5% da ciência do mundo, o que quer dizer que existem pesquisadores do mais alto nível, do mais alto gabarito, com uma produção científica que não fica devendo a ninguém, considerando o baixo volume de investimentos brasileiros em C&T. Esse percentual de 0,06% é, de fato, um indicador de que algo não está correto. No jogo dos sete erros, esse é o número um, dois, três, quatro. Uma parte substancial das atividades do INPI tem de estar voltada para divulgar, junto às instituições de pesquisa e geradoras de tecnologia, a importância de converter sua tecnologia em direitos de propriedade industrial. Se uma invenção é realizada, mas não são tomadas as providências de proteção por patente, dificilmente um industrial vai se interessar em incorporar aquilo à sua linha de produção, pois sabe que será copiado pelo concorrente. Gostaria agora de apresentar algumas iniciativas do INPI nesse sentido. O curso de pós-graduação lato sensu de propriedade intelectual, em parceria com 184 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia
o CEFET/RJ, proporcionou os meios para que, após as duas primeiras turmas, o curso continuasse por conta própria. A participação do INPI neste processo foi de extrema relevância. Sessenta pessoas já concluíram o curso, estando, portanto, mais um curso de formação na área de propriedade industrial à disposição no Rio de Janeiro. O INPI, juntamente com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), ainda patrocinou e participou ativamente da primeira versão do curso à distância de propriedade intelectual em português. Como havia comentado na Cerimônia de Abertura, é muito interessante o fato de os organizadores da Academia da OMPI demonstrarem que o Brasil é “o país n.º 1” em participação neste curso. 4.500 pessoas já o fizeram em todas as línguas, inglês, francês, espanhol, português, russo, japonês, árabe. Trinta e quatro por cento dos aprovados fizeram o curso em língua inglesa, e 30%, ou seja, 800 aprovados, o fizeram em língua portuguesa. O Brasil é, unanimemente, o país que mais utiliza essa forma de atuação. E quais são as razões? Basicamente, atribuo ao enorme sucesso dos Encontros da REPICT, a sua atuação, à atuação de cada um de seus membros, e à atuação do INPI. Esta é uma experiência de sucesso, e há um caminho a ser seguido: uma rede que divulgue os eventos nos quais o INPI participa. A idéia de se conseguir ministrar um curso, com certo grau de profundidade, simultaneamente para 800 pessoas é decididamente uma ação estratégica. Portanto, esta pode ser considerada uma das atuações muito importantes de disseminação da cultura da propriedade intelectual. O INPI ministra uma série de palestras introdutórias, cursos presenciais básicos e até cursos mais específicos, como o de redação de pedido de patente, com este foco na disseminação da propriedade intelectual. Evidentemente, o INPI não tem capacidade e nem quer ser o único a tomar as iniciativas. De fato, este processo foi iniciado por nós e, ao longo do tempo, foi se tornando autônomo nas diversas entidades brasileiras que se preocupam com o tema. A REPICT, com apoio direto e indireto do INPI, as universidades, os institutos de pesquisa, as associações, muitas estão produzindo seus próprios cursos. Um ponto interessante é que, devido a um encontro ocorrido há quase dois anos, o INPI foi solicitado e organizou um curso para advogados de comunidades tradicionais, dos quais havia um grupo de seis ou sete índios advogados. Isso mostra que estamos começando a atingir os mais diversos setores da nossa sociedade. Outra parceria importante foi com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), através da qual já graduamos duas turmas em propriedade intelectual. Há, também, participações importantes em diversas universidades do Estado do Rio de Janeiro para cursos de propriedade intelectual ou que tenham conotação de propriedade industrial. Nestes casos, o INPI fornece o professor para o curso básico. São cursos existentes na PUC-Rio, UFF, UFRJ, UERJ e até um curso específico para 32 magistrados especializados em propriedade industrial, que contou com um instrutor do INPI. Pode-se dizer que o Rio de Janeiro já conta com juízes muito mais bem formados que o restante do país. Esta é uma atividade importante a ser disseminada. O INPI ainda desenvolveu o Projeto Piloto Inventiva Junior, em parceria com a Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro, cujo principal produto gerado foi o 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 185
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empregos, impostos e pesquisas. Se isso for feito e quando for, do que precisarão o<br />
industrial, a universidade e o centro de pesquisa do Brasil, enfim, aqueles que<br />
gastaram seu tempo e dinheiro para gerar esse produto? Eles precisarão ter certeza<br />
de que seu concorrente não irá copiar, a seguir, a inovação contida naquele<br />
produto. Caso contrário, por que motivos ele investirá em pesquisa e desenvolvimento?<br />
Seria muito mais fácil simplesmente esperar que o concorrente o faça para<br />
que depois ele copie. Uma das bases para que se tenha essa política de desenvolvimento<br />
industrial tão fortalecida passa por um INPI capaz de, sem nenhuma delonga,<br />
entregar na mão do inventor o direito relativo à sua criação.<br />
Hoje em dia, obter uma patente ou um registro de marca significa um<br />
esforço muito grande do empresário. Tal esforço tinha que estar sendo gasto com<br />
a comercialização do produto, com acordos de distribuição e coisas do gênero.<br />
Dentro de muito pouco tempo será preciso que se tomem providências para que<br />
ninguém se preocupe com a obtenção de uma patente ou uma marca. Esse procedimento<br />
deverá ser entendido como óbvio: inventei, encaminho a descrição da<br />
minha invenção para o INPI e, rapidamente, obtenho a carta-patente. Essa é uma<br />
das inúmeras ações que devem ser inerentes ao INPI. Em paralelo, não mais ou<br />
menos importante, deve haver uma ampla disseminação da cultura da propriedade<br />
industrial. Entidades e organismos ligados à propriedade industrial e intelectual<br />
devem ter isso como meta. Todos assumem que é extremamente importante<br />
para o desenvolvimento do país a divulgação, cada vez maior, da cultura da<br />
proteção. Queria apenas fazer um comentário interessante sobre este assunto.<br />
Na semana passada estive presente em um evento, semelhante a este da REPICT,<br />
na Europa, cujo público alvo também era de universidades, centros de pesquisa<br />
e diversas outras entidades ligadas ao tema propriedade intelectual nos países<br />
europeus. Qual foi o diagnóstico? Não muito diferente do caso brasileiro. Concluiu-se<br />
que era crucial divulgar a cultura da propriedade intelectual em suas<br />
instituições, porque seus pesquisadores, apesar de criarem muita tecnologia,<br />
não se dão conta da necessidade de protegê-la. Veja só, o Brasil está bem parecido<br />
com a Europa, o que é bom.<br />
Quando se examina o perfil do depositante de patentes no Brasil, 80%<br />
são de não residentes e 20% de residentes no país. Do total de patentes, 0,06%<br />
é oriundo de universidades e centros de pesquisa. Conforme o quadro anterior<br />
apresentado, praticamente 90% dos pesquisadores brasileiros estão nas universidades.<br />
Há algo estranho nesse contexto. Recordando o que foi falado pelo<br />
diretor da FINEP, Odilon Marcuzzo, o Brasil gera 1,5% da ciência do mundo, o<br />
que quer dizer que existem pesquisadores do mais alto nível, do mais alto<br />
gabarito, com uma produção científica que não fica devendo a ninguém, considerando<br />
o baixo volume de investimentos brasileiros em C&T. Esse percentual<br />
de 0,06% é, de fato, um indicador de que algo não está correto. No jogo dos sete<br />
erros, esse é o número um, dois, três, quatro. Uma parte substancial das atividades<br />
do INPI tem de estar voltada para divulgar, junto às instituições de pesquisa<br />
e geradoras de tecnologia, a importância de converter sua tecnologia em direitos<br />
de propriedade industrial. Se uma invenção é realizada, mas não são tomadas<br />
as providências de proteção por patente, dificilmente um industrial vai se<br />
interessar em incorporar aquilo à sua linha de produção, pois sabe que será<br />
copiado pelo concorrente.<br />
Gostaria agora de apresentar algumas iniciativas do INPI nesse sentido. O<br />
curso de pós-graduação lato sensu de propriedade intelectual, em parceria com<br />
184 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia