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condição de estar com o Projeto de Lei de Inovação razoavelmente discutido pelas instituições e entidades mais representativas. Gostaria de aproveitar a oportunidade para me referir a um conjunto muito importante de instituições que estiveram aqui na segunda-feira. Talvez os representantes dessas instituições ainda estejam presentes hoje. São as fundações de apoio ao desenvolvimento institucional das universidades. Quem me conhece da área acadêmica sabe do respeito que tenho por essas fundações. Durante muitos anos participei sistematicamente de diversos eventos nacionais, e sempre fiquei muito lisonjeado de poder ser convidado para estar nessas assembléias. Por isso sou o primeiro a reconhecer e declarar publicamente a importância e relevância que as fundações de apoio têm e o papel extraordinário que desempenharam, principalmente quando as universidades sofriam os duros ataques de um governo centralizador que via na economia, através da educação superior e da pesquisa, uma de suas fontes de recursos mais fáceis para pagar juros a bancos internacionais. As fundações de apoio foram muito importantes para uma boa gestão e preservação dos recursos institucionais no âmbito das universidades. Evidentemente que há desvios, abusos e absurdos, mas não é possível contaminar as exceções pelos desvios à regra de um trabalho tão relevante. As fundações de apoio, enquanto criadas pela Lei n.º 8.958, de 1994 – 11 meses de intenso debate do qual participei – caracterizam, dessa forma, um instrumento anômalo que existe em uma situação de profunda distorção, que é o desrespeito ao mandamento constitucional da autonomia universitária. Na medida em que é possível avançar com uma legislação equilibrada e coerente com o mandamento constitucional, as fundações de apoio podem perfeitamente deixar de lado esse papel irregular e exercer sua missão real no âmbito das instituições de ensino e pesquisa, que resolverão soberanamente o que fazer. E, portanto, a Lei de Inovação, ao enfrentar corajosamente e criativamente a questão da mobilidade e da remuneração do servidor público, seja na universidade pública, seja no instituto público de pesquisa, certamente elimina essa necessidade de manter soluções que mascaram as atividades de pesquisa desenvolvidas por essas instituições. É preciso estabelecer uma via clara, pavimentada, iluminada, bem sinalizada, para que todos aqueles que se dedicam à geração de tecnologia, à interação com o setor produtivo, à interação com a sociedade pela extensão, possam declarar e valorizar, de cabeça erguida, sabendo as regras e sendo valorizados pelas suas instituições da mesma maneira, o nome da instituição a qual integram. Quando falo da extensão, quero deixar muito claro que entendo a necessidade de se contemplar a universidade enquanto universitas, e não exclusivamente os setores tecnológicos, que têm uma melhor relação com o mercado, melhor capacidade de auferir recursos e de alcançar remuneração. Nenhuma universidade será inteiramente forte enquanto ela estiver dividida em ducados, condados, baronatos. Os vilões são aqueles das áreas das ciências sociais, da saúde pública, da enfermagem, que não têm capacidade de atrair recursos, porque não existe uma relação com o mercado. Às vezes também não há condições de se ter recursos nem para necessidades básicas de sua atividade de extensão. Portanto, a percepção da universidade consolidada, certamente, a meu ver, fortalece a instituição acadêmica, e este tem de estar no rol dos objetivos da universidade, tal como o fortalecimento do setor produtivo com transferência de recursos, pessoal e capacidade, e fixação de doutores dentro da indústria. O fortalecimento de dois grandes braços do desenvolvimento tecnológico é que garantirá uma melhor condição de firmeza, permitindo que o Brasil dê passos largos e reduza as etapas 176 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia

para atingir o desenvolvimento nacional, sabendo que não pode seguir as etapas tradicionalmente desenvolvidas por outros países. Este salto necessário é o desenvolvimento tecnológico, a agregação de valor. Gostaria de concluir que, pelos resultados que o governo brasileiro alcançou nessas negociações com um parceiro tão importante e estratégico como a França, o país caminha com as duas pernas firmes e constituídas, com passos largos e até de braços dados com o parceiro estratégico, naquele momento conveniente e útil para seus interesses. Espero que o Brasil possa estar, do ponto de vista de governo e de política pública, orientando os seus grandes objetivos: a inclusão social e o desenvolvimento do país de maneira equilibrada, harmônica e sustentável. Fernando Peregrino Gostaria de agradecer ao Francelino Grando por trazer algumas novidades, como o Acordo de Cooperação Brasil-França e a corajosa intenção de mudar a lei sobre o poder de compra do Estado como instrumento de promoção do desenvolvimento tecnológico local. Tenho certeza de que todos nós faremos uma grande frente no sentido de mudar essa situação. O Brasil já se ressente por estar comprando qualquer engenharia tola no exterior e desempregando seus engenheiros. Temos capacidade de desenvolver grandes projetos de pesquisa e engenharia, no entanto nos submetemos a uma lei que nos impede de usar o poder de compra como estímulo ao desenvolvimento tecnológico. Corajosa essa sua posição e a do MCT. Pode acreditar que vamos trabalhar na mesma direção. Odilon Antonio Marcuzzo do Canto Vou destoar um pouco dos demais palestrantes desta mesa, pois não vou falar muito sobre o tema da propriedade intelectual para me resguardar do pouco conhecimento que tenho sobre o assunto. Darei uma visão geral sobre a posição da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para a questão da propriedade intelectual e algumas informações sobre esta empresa de fomento do Governo, que certamente muitos já conhecem. Em primeiro lugar, gostaria de comentar sobre uma série de dados coletados, alguns deles aqui, no dia de hoje, outros em situações anteriores. Hoje o Secretário Roberto Jaguaribe disse que a pauta de importações do Brasil chega a US$ 4 bilhões. Há pouco tempo eu estava pesquisando o site da American Society for Science, que continha um mapa do mundo com setas mostrando as direções da comercialização de tecnologia. Como vocês podem imaginar, as setas no hemisfério norte eram muito grandes, indicando uma alta taxa de comercialização de seus continentes ou países para outros. Já no hemisfério sul, incluindo aí o Brasil, as setas eram muito pequenas e tinham basicamente um único sentido para seus próprios continentes e países. O Brasil perdura de tamanho desequilíbrio entre aquisição e venda de bens e serviços de conteúdo tecnológico. Um outro dado é que somente 10% das empresas industriais nacionais têm previsto em seu orçamento realizar algum tipo de pesquisa e desenvolvimento. A participação brasileira no comércio internacional hoje não passa de 0,9% de todos os bens comercializados nesse âmbito. Se for examinado minuciosamente este percentual, a grande parte é commodities, o que é um orgulho, de certo modo, porque o País é hoje o maior produtor agropecuário de suco de laranja, café, açúcar, frango, carne, o segundo produtor de soja e o maior exportador de soja do mundo. Isso também significa tecnologia, pois indubitavelmente só se conseguiu atingir tal cenário através de uma ação muito intensa da Embrapa, 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 177

condição de estar com o Projeto de Lei de Inovação razoavelmente discutido pelas<br />

instituições e entidades mais representativas.<br />

Gostaria de aproveitar a oportunidade para me referir a um conjunto muito<br />

importante de instituições que estiveram aqui na segunda-feira. Talvez os representantes<br />

dessas instituições ainda estejam presentes hoje. São as fundações de<br />

apoio ao desenvolvimento institucional das universidades. Quem me conhece da<br />

área acadêmica sabe do respeito que tenho por essas fundações. Durante muitos<br />

anos participei sistematicamente de diversos eventos nacionais, e sempre fiquei<br />

muito lisonjeado de poder ser convidado para estar nessas assembléias. Por isso<br />

sou o primeiro a reconhecer e declarar publicamente a importância e relevância<br />

que as fundações de apoio têm e o papel extraordinário que desempenharam,<br />

principalmente quando as universidades sofriam os duros ataques de um governo<br />

centralizador que via na economia, através da educação superior e da pesquisa,<br />

uma de suas fontes de recursos mais fáceis para pagar juros a bancos internacionais.<br />

As fundações de apoio foram muito importantes para uma boa gestão e<br />

preservação dos recursos institucionais no âmbito das universidades. Evidentemente<br />

que há desvios, abusos e absurdos, mas não é possível contaminar as<br />

exceções pelos desvios à regra de um trabalho tão relevante. As fundações de<br />

apoio, enquanto criadas pela Lei n.º 8.958, de 1994 – 11 meses de intenso debate<br />

do qual participei – caracterizam, dessa forma, um instrumento anômalo que<br />

existe em uma situação de profunda distorção, que é o desrespeito ao mandamento<br />

constitucional da autonomia universitária. Na medida em que é possível<br />

avançar com uma legislação equilibrada e coerente com o mandamento constitucional,<br />

as fundações de apoio podem perfeitamente deixar de lado esse papel<br />

irregular e exercer sua missão real no âmbito das instituições de ensino e pesquisa,<br />

que resolverão soberanamente o que fazer. E, portanto, a Lei de Inovação, ao<br />

enfrentar corajosamente e criativamente a questão da mobilidade e da remuneração<br />

do servidor público, seja na universidade pública, seja no instituto público de<br />

pesquisa, certamente elimina essa necessidade de manter soluções que mascaram<br />

as atividades de pesquisa desenvolvidas por essas instituições.<br />

É preciso estabelecer uma via clara, pavimentada, iluminada, bem sinalizada,<br />

para que todos aqueles que se dedicam à geração de tecnologia, à interação<br />

com o setor produtivo, à interação com a sociedade pela extensão, possam<br />

declarar e valorizar, de cabeça erguida, sabendo as regras e sendo valorizados<br />

pelas suas instituições da mesma maneira, o nome da instituição a qual integram.<br />

Quando falo da extensão, quero deixar muito claro que entendo a necessidade<br />

de se contemplar a universidade enquanto universitas, e não exclusivamente os<br />

setores tecnológicos, que têm uma melhor relação com o mercado, melhor capacidade<br />

de auferir recursos e de alcançar remuneração. Nenhuma universidade<br />

será inteiramente forte enquanto ela estiver dividida em ducados, condados,<br />

baronatos. Os vilões são aqueles das áreas das ciências sociais, da saúde pública,<br />

da enfermagem, que não têm capacidade de atrair recursos, porque não<br />

existe uma relação com o mercado. Às vezes também não há condições de se ter<br />

recursos nem para necessidades básicas de sua atividade de extensão. Portanto,<br />

a percepção da universidade consolidada, certamente, a meu ver, fortalece a<br />

instituição acadêmica, e este tem de estar no rol dos objetivos da universidade, tal<br />

como o fortalecimento do setor produtivo com transferência de recursos, pessoal<br />

e capacidade, e fixação de doutores dentro da indústria. O fortalecimento de dois<br />

grandes braços do desenvolvimento tecnológico é que garantirá uma melhor<br />

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