miolo_mercocidades.cópia p65 - Redetec
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de relações Norte-Sul, como é o caso, ainda tem que ser muito trabalhado. O<br />
documento europeu, por exemplo, comenta vários mecanismos que considera<br />
importantes para a transferência de tecnologia, como importação de bens intermediários,<br />
joint ventures, disseminação das informações de base de dados de<br />
patentes e atividade conjuntas de pesquisa, mas considera, por exemplo, que os<br />
direitos de propriedade intelectual são elementos essenciais na criação de um<br />
clima favorável aos investimentos externos. Essa tem sido a filosofia prevalecente<br />
por trás desses papéis e sabemos, contudo, que esse é apenas um elemento<br />
para a criação de um ambiente favorável aos investimentos externos. O papel<br />
apresentado pela Suíça possui a mesma linha de argumentação. Atribui à proteção<br />
dos direitos de propriedade intelectual e à liberação dos regimes comerciais,<br />
consideradas como medidas de estímulo ao investimento direto, um papel determinante<br />
na questão da transferência de tecnologia. Em contraste, os países em<br />
desenvolvimento mostram que essas conclusões são inquestionáveis. Com base<br />
na implementação do Acordo de TRIPS, nada disso tem sido uma garantia para a<br />
promoção da inovação ou para que a tecnologia esteja acessível aos países em<br />
desenvolvimento. Portanto, os países em desenvolvimento questionam a filosofia<br />
adotada pelos países desenvolvidos no que se refere à transferência de tecnologias<br />
e à criação de tecnologias endógenas.<br />
Esses documentos ainda estão em discussão. Realiza-se, no momento, o<br />
exame do relatório do Presidente ao Conselho Geral, que será submetido à V<br />
Conferência Ministerial de Cancún, apesar de não haver nenhuma recomendação<br />
concreta aprovada. Os países desenvolvidos, inclusive, vêem com muito ceticismo<br />
e muita resistência a própria continuidade do Grupo de Trabalho. O Brasil,<br />
não obstante, foi contra a proposta de extinção do Grupo, pois entende que os<br />
países em desenvolvimento precisam de um fórum onde a questão da tecnologia<br />
seja tratada de maneira mais articulada. Hoje, a tecnologia é tratada em diferentes<br />
instâncias, como no próprio Acordo de TRIPS e no âmbito da CDB. A idéia é<br />
que o Grupo de Trabalho venha, pelo menos, a se transformar em um Comitê<br />
para, futuramente, apresentar recomendações pertinentes, como aquela relativa<br />
à antiga proposta de um Código Internacional de Transferência de Tecnologia.<br />
Trata-se de uma meta distante e ambiciosa. Não se sabe como a Conferência<br />
Ministerial de Cancún vai tratar do tema. Por outro lado, não deixa de ser auspicioso<br />
que iniciativas nesse campo tenham sido tomadas e perseguidas, com vistas a<br />
resultados mais consistentes e duradouros num campo tão estratégico como este.<br />
Fernando Peregrino<br />
De grande importância a apresentação de Elza Moreira Marcelino de Castro.<br />
Mostrou-nos um panorama sobre as discussões de âmbito internacional relacionadas<br />
à propriedade intelectual. O dilema dos países desenvolvidos em não<br />
cederem tecnologias aos países mais pobres ainda continua bastante presente.<br />
Lembro-me agora de uma reunião da qual participei representando o CNPq, em<br />
1983, em Viena, em que uma declaração de que os países em desenvolvimento<br />
teriam acesso a tecnologias, por decisão da coletividade de 150 países que se<br />
reuniram, foi votada. De fato, 20 anos depois, como bem disse Roberto Jaguaribe,<br />
a pauta brasileira de importação de tecnologia é da ordem de US$ 3 a 4 bilhões,<br />
enquanto que a capacidade interna de geração de tecnologia ainda está bastante<br />
aquém das necessidades reais. Estes importantes dados apresentados devem<br />
permear o Brasil como um todo, porque creio que a política tecnológica e industrial<br />
deve estar associada ao que queremos para o País. Acredito que um grande<br />
172 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia