miolo_mercocidades.cópia p65 - Redetec
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cobertura de doenças estaria limitada a uma lista positiva de doenças. A questão<br />
é crucial para o Brasil, uma vez que, com o enfoque, tanto os Estados Unidos<br />
quanto a União Européia limitam a interpretação da Declaração sobre TRIPS e<br />
Saúde Pública ao estabelecer uma lista de doenças que, embora ampla, não é<br />
exaustiva e, portanto, não cobre nossas preocupações em matéria de saúde<br />
pública. Assim, segundo os norte-americanos, ao menos os aspectos relacionados<br />
ao escopo das doenças tinham sido, de certa forma, flexibilizados por parte<br />
das empresas americanas.<br />
No Egito, os norte-americanos também expressaram o entendimento de<br />
que seria importante que as multinacionais se reunissem à margem do Conselho<br />
de TRIPS. O Brasil sempre manteve o espírito construtivo na busca de soluções e<br />
esteve disposto a examinar quaisquer propostas, desde que, evidentemente, não<br />
representassem uma mutilação ou agregação da Declaração Ministerial de TRIPS<br />
e Saúde Pública. Todavia, o Brasil questionou a sugestão norte-americana, e<br />
expressou não serem apropriados encontros do Presidente do Conselho de TRIPS<br />
com as empresas multinacionais. As reuniões com o setor privado deveriam, a<br />
seu ver, ocorrer no âmbito de cada país. Assim, o Brasil esclareceu que se propunha<br />
a examinar quaisquer outras propostas, desde que resguardadas as preocupações<br />
brasileiras, embora o documento do Embaixador Perez Mota ainda permanecesse<br />
como base de discussão. Também nessa reunião – e é importante<br />
que se diga –, anunciamos que, no conceito de medicamentos deveriam estar<br />
incluídas as vacinas. Ficou aparente que o tema era primordial para o Brasil.<br />
Outro ponto relevante foi o esclarecimento de que a preocupação do País<br />
nessas negociações é, primordialmente, atender as suas necessidades internas<br />
e prestar cooperação, principalmente na modalidade que se vinha fazendo com<br />
Moçambique, sem prejuízo, como prevê o TRIPS, de que um dia o Brasil possa vir<br />
a exportar. O Brasil deixou isso muito claro, porque há uma aparente resistência<br />
em torno de um possível – mesmo que remoto, em termos práticos – interesse<br />
exportador do País. Esse, conforme frisou o Brasil, não é nosso interesse primordial,<br />
mas o TRIPS assegura a possibilidade de exportação, se um dia o País tiver<br />
condições para tanto. Em conseqüência, a solução para esse dilema não deveria,<br />
hoje, prejulgar resultados que poderiam ser lesivos aos interesses do Brasil no<br />
futuro. Essa foi uma explicitação da posição brasileira, de forma a esclarecer o<br />
que é prioritário, o que é de curto e de longo prazo, e o que, em qualquer dos<br />
casos, está contemplado no Acordo de TRIPS.<br />
Aproveitando os últimos momentos de minha palestra, gostaria de falar<br />
sobre como ocorrem, atualmente, as discussões no âmbito do Grupo de Trabalho<br />
sobre Comércio e Transferência de Tecnologia da OMC. Este Grupo de Trabalho<br />
foi também criado pela V Reunião Ministerial da OMC, em Doha, e começou a<br />
trabalhar em torno de uma série de propostas, mas não se chegou, até o presente<br />
momento, a nenhuma recomendação. A idéia do Grupo é a de que se pudesse<br />
fazer não só recomendações quanto ao trabalho do futuro Comitê de Comércio e<br />
Transferência de Tecnologia, mas também recomendações para que os países<br />
pudessem ter fluxos mais ágeis, digamos, mais desimpedidos de transferência de<br />
tecnologia. Os objetivos seriam de mais longo prazo. Na última reunião do Grupo,<br />
em maio de 2003, foram examinados vários documentos.<br />
Os documentos dos países desenvolvidos e os dos países em desenvolvimento<br />
demonstram que há diferenças conceituais muito importantes. O caminho<br />
a ser seguido para se ter um consenso nessa matéria, sobretudo quando se trata<br />
6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 171