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Falarei agora sobre o desenvolvimento de válvula de gás lift tipo venturi. Venturi é a parte que afunila na extremidade da válvula. A tecnologia anterior era um orifício circular simples por onde o gás passava. A nova tecnologia que foi desenvolvida pelo CENPES tem proporcionado um resultado melhor em termos de desempenho e, naturalmente, em termos de mercado. Observou-se em testes de bancada e em gráficos que o gás ao passar pelo orifício convencional tem recuperação de pressão muito baixa. Esse é o motivo pelo qual perdeu-se o interesse na passagem do gás pelo orifício convencional. Já ao se utilizar o venturi, para a mesma vazão de gás, ocorre uma recuperação de pressão muito alta. Esse foi o grande segredo que fez com que a Weatherford procurasse a Petrobras, e vice-versa. Foi nesse momento que a parceria surgiu. É uma tecnologia que realmente ajudaria tanto a Petrobras, em termos de exploração e produção, quanto a Weatherford, que é fabricante de equipamentos e forneceria uma válvula mais moderna em termos de tecnologia. Os primeiros protótipos da válvula venturi foram desenvolvidos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O trabalho foi praticamente artesanal. A modificação era muito simples, foram insertos feitos a partir de uma válvula convencional. Hoje a Weatherford está trabalhando com duas válvulas venturi, uma em Caxias do Sul para equipamentos de completação de poços de petróleo e outra em São Leopoldo para elevação matricial. A fábrica de São Leopoldo está fabricando aquele tipo de inserto para a válvula venturi. Em termos de fabricação, a Weatherford já está fabricando diâmetros e modelos de venturi indicados pela Petrobras, inclusive com inserto e não uma peça única. Para os testes de campo, estamos aguardando vaga no sítio-teste de Atalaia, em Sergipe, onde a Petrobras nos prometeu testar os primeiros protótipos. Em termos de colocação no mercado, estamos exatamente negociando essa questão com a Petrobras no momento. A Weatherford possui certificação API em todos os seus produtos e em todas as suas fábricas. Também possui certificação ISO para os produtos e as fábricas. Debate Mára Zeni Não é difícil para a Petrobras manter prioridade em comercializar ou fazer com que as empresas produzam o que é desenvolvido no CENPES? Ou seja, essa manutenção do privilégio da Petrobras não gera dificuldade para a negociação? Por outro lado, é interessante para uma empresa como a Weatherford assumir a fabricação desse produto? Maria da Graça G. Manara Gostaria de saber como ficou definido o percentual de royalties neste caso de licenciamento da Petrobras para a Weatherford. Antonio Cláudio Correa Meyer Sant’anna Com relação à primeira pergunta, a prioridade é definida pela data em que a patente é depositada. Estou entendendo que o que está sendo dito é referente à manutenção da titularidade. Sendo assim, a resposta é sim. Aquilo é um ativo da Petrobras, a companhia licencia, permite que um terceiro explore comercialmente a tecnologia. Neste caso específico, a empresa licenciada pode vender tanto para a Petrobras, quanto para as concorrentes. Mas a posse sobre a patente continua sendo da Petrobras. 152 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia
Quanto ao percentual de royalties, não me lembro exatamente do valor praticado. Normalmente, numa situação como essa, procura-se avaliar a riqueza que é acrescida pela tecnologia. Neste caso, o primeiro procedimento foi saber qual era a diferença de preço entre a válvula convencional e a válvula venturi de gás lift. Então, tenta-se negociar uma divisão do plus que a tecnologia traz. Como falei na palestra, esse processo foi prejudicado. Durante as negociações a outra empresa, que detém aquela segunda patente nos Estados Unidos, entrou no mercado e estabeleceu uma disputa de mercado por preço. Platéia Gostaria de perguntar sobre uma inquietude clássica na comunidade acadêmica. Uma das preocupações da interface entre empresa e universidade é o eventual grau de dirigismo que poderia ser gerado pela demanda do mercado sobre a autonomia ou a construção de linhas de pesquisa e desenvolvimento. Queria que vocês comentassem os aspectos reais dessa relação, os eventuais ganhos e as perdas que essa visão pode trazer na verdade. Marcelo de Almeida Socorro Posso falar um pouco da experiência da Globaltrac, que foi muito produtiva. Do ponto de vista da empresa, temos como desenvolver novos produtos, novas tecnologias, realizando pesquisa em parceria com a universidade. Por exemplo, em virtude daquele prêmio BITEC que a Globaltrac ganhou, está sendo montada uma linha de pesquisa. O prêmio foi compartilhado entre a Globaltrac, uma aluna e um pesquisador da PUC-Rio. Portanto, além da imagem, da visibilidade, a interface universidade-empresa gera novas fontes de pesquisa a partir da visão de mercado que a empresa tem. Acho que isso é muito produtivo para os dois lados. É um modelo que funciona e geram grandes casos de sucesso. Shirley Virginia Coutinho Outro caso de sucesso já apresentado no Encontro da REPICT foi o da empresa Pipeway. Ela teve origem numa tecnologia desenvolvida na PUC-Rio. O pesquisador que gerou o conhecimento apoiou, através da incubadora, o surgimento da empresa. Ele é hoje sócio da empresa. Gostaria de dar meu testemunho de que é uma falácia achar que o desenvolvimento da tecnologia tira o pesquisador da universidade. Nos diversos casos de interação universidade-empresa que conheço, há sempre pesquisadores envolvidos que jamais deixarão de ser pesquisadores de ciência básica, porque esta é uma paixão pessoal de quem se torna um pesquisador. Não se trata do dirigismo da universidade, porque os pesquisadores não se deixam levar. Mesmo assim, o pesquisador não impede que um aluno ou outro colega ajude a desenvolver a passagem da ciência básica para a tecnologia e para a inovação, e então surge o círculo virtuoso da tecnologia. No caso da Globaltrac, a empresa é agora a fonte geradora de novas pesquisas – não necessariamente pesquisas tecnológicas, podendo ser pesquisas de geração de conhecimento. Antonio Cláudio Correa Meyer Sant’anna Gostaria de acrescentar que a Petrobras é uma grande praticante da relação universidade-empresa. Este assunto é discutido desde os primórdios dos fundos setoriais. Até mesmo antes dos fundos setoriais, outras iniciativas ocorre- 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 153
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Quanto ao percentual de royalties, não me lembro exatamente do valor<br />
praticado. Normalmente, numa situação como essa, procura-se avaliar a riqueza<br />
que é acrescida pela tecnologia. Neste caso, o primeiro procedimento foi saber<br />
qual era a diferença de preço entre a válvula convencional e a válvula venturi de<br />
gás lift. Então, tenta-se negociar uma divisão do plus que a tecnologia traz. Como<br />
falei na palestra, esse processo foi prejudicado. Durante as negociações a outra<br />
empresa, que detém aquela segunda patente nos Estados Unidos, entrou no<br />
mercado e estabeleceu uma disputa de mercado por preço.<br />
Platéia<br />
Gostaria de perguntar sobre uma inquietude clássica na comunidade acadêmica.<br />
Uma das preocupações da interface entre empresa e universidade é o<br />
eventual grau de dirigismo que poderia ser gerado pela demanda do mercado<br />
sobre a autonomia ou a construção de linhas de pesquisa e desenvolvimento.<br />
Queria que vocês comentassem os aspectos reais dessa relação, os eventuais<br />
ganhos e as perdas que essa visão pode trazer na verdade.<br />
Marcelo de Almeida Socorro<br />
Posso falar um pouco da experiência da Globaltrac, que foi muito produtiva.<br />
Do ponto de vista da empresa, temos como desenvolver novos produtos,<br />
novas tecnologias, realizando pesquisa em parceria com a universidade. Por<br />
exemplo, em virtude daquele prêmio BITEC que a Globaltrac ganhou, está sendo<br />
montada uma linha de pesquisa. O prêmio foi compartilhado entre a Globaltrac,<br />
uma aluna e um pesquisador da PUC-Rio. Portanto, além da imagem, da visibilidade,<br />
a interface universidade-empresa gera novas fontes de pesquisa a partir da<br />
visão de mercado que a empresa tem. Acho que isso é muito produtivo para os<br />
dois lados. É um modelo que funciona e geram grandes casos de sucesso.<br />
Shirley Virginia Coutinho<br />
Outro caso de sucesso já apresentado no Encontro da REPICT foi o da<br />
empresa Pipeway. Ela teve origem numa tecnologia desenvolvida na PUC-Rio. O<br />
pesquisador que gerou o conhecimento apoiou, através da incubadora, o surgimento<br />
da empresa. Ele é hoje sócio da empresa.<br />
Gostaria de dar meu testemunho de que é uma falácia achar que o<br />
desenvolvimento da tecnologia tira o pesquisador da universidade. Nos diversos<br />
casos de interação universidade-empresa que conheço, há sempre pesquisadores<br />
envolvidos que jamais deixarão de ser pesquisadores de ciência<br />
básica, porque esta é uma paixão pessoal de quem se torna um pesquisador.<br />
Não se trata do dirigismo da universidade, porque os pesquisadores não se<br />
deixam levar. Mesmo assim, o pesquisador não impede que um aluno ou outro<br />
colega ajude a desenvolver a passagem da ciência básica para a tecnologia e<br />
para a inovação, e então surge o círculo virtuoso da tecnologia. No caso da<br />
Globaltrac, a empresa é agora a fonte geradora de novas pesquisas – não<br />
necessariamente pesquisas tecnológicas, podendo ser pesquisas de geração<br />
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Antonio Cláudio Correa Meyer Sant’anna<br />
Gostaria de acrescentar que a Petrobras é uma grande praticante da relação<br />
universidade-empresa. Este assunto é discutido desde os primórdios dos<br />
fundos setoriais. Até mesmo antes dos fundos setoriais, outras iniciativas ocorre-<br />
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