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miolo_mercocidades.cópia p65 - Redetec

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der alguns. 20 A crescente importância do sistema de propriedade intelectual e de seu<br />

uso poderia absorver ao menos parte dos doutores e mestres formados na academia.<br />

A modificação da matriz econômica mundial deve também ser levada em consideração<br />

neste contexto: a participação do setor produtivo na economia já foi maior; hoje o<br />

setor de serviços é muito mais relevante em termos de valores financeiros. 21 Assim<br />

sendo, conferir uma opção de formação direcionada à prestação de serviços parece<br />

ser uma estratégia interessante para o meio acadêmico brasileiro.<br />

Por fim, algumas palavras sobre a utilidade da pesquisa. Felizmente, o Brasil<br />

tem despertado para novos paradigmas de gerenciamento da pesquisa, sendo o<br />

Projeto de Lei da Inovação um marco muito importante. Até há bem pouco tempo, a<br />

discussão que existia no Brasil era polarizada entre o interesse na pesquisa básica e<br />

na pesquisa aplicada: alguns entendiam que se a pesquisa aplicada fosse privilegiada,<br />

a pesquisa básica seria deixada de lado e a sociedade perderia com isso. Essa<br />

discussão evoluiu para uma questão mais abrangente, incluindo preocupação com o<br />

benefício que o público em geral pode obter dessas pesquisas. 22 Talvez tenha sido<br />

esta uma das motivações da inclusão da palavra “inovação” no binômio P&D (que<br />

felizmente termina com “ação”), que está associada à entrega dos benefícios gerados<br />

pela pesquisa à sociedade. A pressão social forçará o meio acadêmico a deixar de<br />

considerar apenas seus interesses na pesquisa, mudando a sua cultura para tentar<br />

fazer com que aquilo que é desenvolvido seja de interesse público, que atenda aos<br />

interesses da sociedade. Nesse sentido, é importante salientar que em virtude do<br />

cenário econômico atual, entregar ao público o benefício da pesquisa na forma de<br />

produtos é mais difícil sem a existência do sistema de patentes, porque diminui o<br />

interesse do ente econômico que pode produzi-los efetivamente.<br />

Termino aqui as provocações, esperando ter demonstrado alguns aspectos<br />

relativos aos conceitos de interesses internacionais, nacionais, corporativos, públicos<br />

e sociais, bem como os seus pontos de conflito na ótica do sistema de patentes.<br />

Lourença Francisca da Silva<br />

Gostaria de encerrar esta mesa-redonda dizendo algumas palavras, já<br />

que não existiram perguntas para debate.<br />

Vimos aqui que o sistema de patentes não é um agente limitador do desenvolvimento<br />

de um país. No entanto, como aplicar o sistema de patentes a<br />

nosso favor? Como reverter o desenvolvimento tecnológico no Brasil, que praticamente<br />

é feito com 90% de recursos públicos, ao setor produtivo?<br />

Outra questão que me chamou atenção foi o medicamento genérico. Falase<br />

muito nisso, mas a necessidade da maioria dos países pobres é, na pura<br />

verdade, um alimento genérico. É a causa e não a solução do problema. A origem<br />

da doença negligenciada é a fome, e não ouvimos falar de alimento genérico.<br />

A REPICT agradece aos palestrantes e a todos os presentes.<br />

20 No USPTO, somente o setor de biotecnologia tem 369 examinadores, sendo 197 doutores e 80 mestres<br />

(turnover anual de aprox. 50 profissionais). O INPI brasileiro – ao qual rendemos nossas homenagens pela<br />

tarefa hercúlea – tem dificuldades em lidar com o número crescente de pedidos de patente sem o devido<br />

corpo técnico, tanto em termos numéricos quanto em termos de suporte institucional: Opção para um<br />

crescente número de doutores no Brasil?<br />

21 Algumas estimativas indicam que o setor de serviços corresponde por até 70% do PIB.<br />

22 Vide estudo de Schwartzman (Schwartzman, S. (2002). Rev. Bras. Inov. 1(2):361-395), em que a questão<br />

da necessidade de novos modelos institucionais é abordada.<br />

6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia 117

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