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miolo_mercocidades.cópia p65 - Redetec

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elas comercializam tenham a devida qualidade. Temos visto cada vez mais escândalos<br />

envolvendo empresas ou laboratórios produtores de medicamentos que se beneficiam<br />

da possibilidade de entrar num mercado menos regulamentado, mas que não<br />

obedecem a outras regras que afetariam diretamente o interesse público. Assim<br />

sendo, o interesse público no caso da saúde tem outros contornos, talvez mais importantes<br />

do que aqueles ligados à patente. A questão da qualidade e da seriedade com<br />

que a empresa é conduzida não é tão calorosamente questionada como vem sendo<br />

a patente. Acho que esse ponto merece um pouco mais de atenção.<br />

O que motiva as empresas a usarem o sistema de patentes ou, na ausência<br />

destas, deixarem de operar em determinados segmentos? O diferencial competitivo<br />

ou, posto de outra forma, um menor risco no negócio. A entrada dos<br />

genéricos também é um fator que está fazendo com que as empresas mudem<br />

suas lógicas de competição, utilizando-se de outros mecanismos de aumento do<br />

interesse. 11 A existência de monopólios temporários não patentários é outra forma<br />

de estimular a entrada no mercado. Então, o mesmo paradoxo citado para as<br />

patentes pode ocorrer para os medicamentos genéricos, onde não há patentes: o<br />

mecanismo de exclusão é um mecanismo de inclusão, de estímulo à entrada e<br />

participação no mercado. Nesse caso específico da saúde, o ganhador é o interesse<br />

público.<br />

A complexidade inerente ao setor farmacêutico é elevada. Nas áreas da<br />

eletrônica e mecânica, por outro lado, não é muito comum ocorrer um envolvimento<br />

de um número tão elevado de disciplinas e de etapas para que um produto<br />

chegue até o mercado. As disciplinas envolvidas na geração de uma nova entidade<br />

farmacêutica são muitas, nem sempre paralelas e na maioria das vezes consecutivas.<br />

Isso significa que entre a concepção, como a primeira identificação de<br />

uma droga com potencial aplicação terapêutica, e sua efetiva entrada no mercado<br />

decorre um período muito grande, em geral de mais de 10 anos. Portanto, sob<br />

o ponto de vista dos usuários do sistema de patentes, a indústria farmacêutica, em<br />

relação aos outros segmentos industriais, possui uma desvantagem, porque usufruirá<br />

do direito de patentes por um tempo menor. Essa talvez seja uma das motivações<br />

de a indústria farmacêutica ter o sistema de patentes como tão estratégico<br />

e tão essencial. Além disso, apesar de toda a tecnologia disponível e desenvolvida<br />

nos últimos anos a aprovação de novas entidades químicas pelo FDA vem<br />

diminuindo ano a ano12 e as opções de patentes bilionárias estão cada vez mais<br />

restritas. Diversos estudos indicam que em muitos casos as grandes corporações<br />

farmacêuticas não têm muito interesse em um produto que seja representativo de<br />

um mercado menor que US$ 1 bilhão. Abaixo desse valor, um grande número de<br />

produtos e um grande número de mercados não geram interesse. Outra particularidade<br />

do setor farmacêutico é que, em virtude do aumento da complexidade das<br />

disciplinas envolvidas na geração de um novo fármaco, os custos de pesquisa e<br />

desenvolvimento também estão aumentando. Existe, cumulativamente, o aspecto<br />

da diminuição do prazo de gozo da patente, porque o produto leva muito tempo<br />

até ser desenvolvido e aprovado. Se e quando esta patente for concedida e (se e<br />

quando) o produto resultante for aprovado pelos órgãos de saúde, o titular terá<br />

11 Mesmo nos Estados Unidos, onde o sistema de patentes é bastante forte, existem regulamentações<br />

referentes à saúde que visam atender aos interesses do público e das empresas. Por exemplo, a primeira<br />

empresa norte-americana que registra um medicamento genérico no órgão de saúde local adquire um direito<br />

exclusivo temporário, assemelhado a uma patente.<br />

12 Fonte: The State of the Pharmaceutical Industry; Front Line Strategic Consulting, 2003.<br />

114 6º Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia

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