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5.5.10. Efeitos Biológicos dos Contaminantes e Riscos à Saúde Humana
A presença de contaminantes no ambiente produz efeitos deletérios sobre a biota,
dos quais a toxicidade tem sido analisada em diversos estudos. Os sedimentos
provenientes do canal de Santos, canal de São Vicente, saída dos difusores do
emissário e canal de Bertioga têm sido considerados os mais tóxicos, enquanto os
sedimentos da baía de Santos tendem a apresentar toxicidade baixa ou eventualmente
ausente (Figura 96). Por outro lado, Rachid (2002), Abessa; Sousa (2001) e Abessa et
al. (2005) demonstraram que as áreas localizadas no entorno de até 1km dos
emissários da região apresentam sedimentos tóxicos. Esses dados indicam que a
região da Ponta de Itaipu, no PEXJ, encontra-se sob influência direta dos descartes do
emissário submarino de Praia Grande (Canto do Forte).
Figura 96- Distribuição espacial da toxicidade aguda de sedimentos sobre
anfípodos da espécie Tiburonella viscana (extraído de Abessa, 2002).
O grau e a extensão da contaminação no Sistema Estuarino de Santos também
produzem efeitos nas comunidades bentônicas. Abessa (2002) demonstrou que, além
dos fatores naturais, a contaminação e a toxicidade são co-responsáveis pela
distribuição das espécies e pela estrutura da comunidade.
Além de intoxicar os organismos, muitos contaminantes são incorporados pela biota e
se acumulam em seus tecidos, em concentrações altas. Embora os organismos tenham
capacidade de depurar e eliminar contaminantes, em muitas situações os mecanismos
de depuração são insuficientes, ocorrendo então a bioacumulação dos contaminantes.
No Sistema Estuarino de Santos, as pesquisas já realizadas mostram presença de
cádmio, chumbo, cobre, mercúrio, níquel, zinco, PAH, alfa, delta e gama-BHC na biota
aquática, tendo sido observadas amostras de peixes, siris e mariscos contendo
concentrações de Cu, Ni, Zn, Benzo(a)pireno, Dibenzo(a)antraceno, dioxinas e
furanos acima dos critérios para consumo humano no Brasil (Lamparelli et al., 2001;
Carmo, 2006). Esse fato indica a existência de risco à saúde pública, principalmente
para pescadores, coletores e suas respectivas famílias.
A contaminação ambiental é um produto indesejável do desenvolvimento econômico
não sustentável, e seus efeitos não se restringem somente aos aspectos ambientais.
Eles prejudicam também diversas atividades econômicas e dificultam as ações de
planejamento e gestão ambiental.
Avaliação do Meio Antrópico 262