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Como o lançamento dos poluentes é, em geral, pontual e concentrado em locais
rasos, nos quais a circulação não permite sua diluição adequada, os níveis de
contaminação tornam-se críticos. Além disso, o mar acaba sendo o receptor final de
quase todos os efluentes dos municípios costeiros, e a interação dos contaminantes
com os sais marinhos pode resultar até mesmo em aumento do poder tóxico de
algumas substâncias. Esse problema é agravado pelo fato das águas marinhas e
estuarinas adjacentes à costa se constituírem em berçário, reprodução, crescimento e
alimentação de muitas espécies, inclusive aquelas exploradas comercialmente, além de
serem freqüentadas por banhistas. Assim, os riscos à saúde humana e ambiental
podem ser ampliados quando os contaminantes atingem uma baía ou estuário.
5.5.8. Efeitos Biológicos da Contaminação
A incorporação de contaminantes pela biota depende de diversos fatores, como tipo
e concentração do poluente, duração e freqüência da exposição, rota pela qual o
contaminante é absorvido, condições intrínsecas do próprio organismo (condição
fisiológica, sensibilidade natural), condições do meio aquático (temperatura, pH, grau
de oxidação, salinidade, etc.). Além disso, dependendo de sua natureza, os
contaminantes podem ser mais solúveis em água (como os metais, os sulfetos e a
amônia) ou ter afinidade com lipídios (como organoclorados e hidrocarbonetos),
fazendo com os que os mecanismos de acúmulo em células e tecidos sejam diferentes
para diferentes tipos de contaminantes.
Porém, de modo geral, os contaminantes podem provocar efeitos que vão desde o
nível bioquímico até modificações na estrutura de ecossistemas (Abessa, 2006). Os
danos sobre os organismos envolvem a estimulação ou inativação da atividade de
enzimas relacionadas com os processos de manutenção da vida (efeitos bioquímicos);
danos no DNA, pela fragilização da estrutura cromossômica ou da alteração das
seqüências de bases nitrogenadas que o compõem (efeitos nucleares); danos em
células, pela fragilização de membranas ou danos em organelas celulares; lesões em
tecidos vivos, causadas por morte celular em grande escala, por proliferações
anormais de certos tipos de célula ou por processos autofágicos (efeitos histológicos);
alterações no equilíbrio fisiológico, nos processos de regulação osmótica e iônica e na
regulação endócrina (efeitos fisiológicos); alterações comportamentais, como hiperatividade,
letargia, narcose ou mudança na maturação sexual; infertilidade, pela
diminuição da quantidade e da qualidade dos gametas; presença de anomalias
morfológicas nos descendentes, resultado da exposição dos pais aos contaminantes;
aumento da sensibilidade a doenças; aumento na incidência de tumores e morte.
Nos ecossistemas aquáticos, o conjunto de efeitos leva a alteração na estrutura das
populações, pela alteração da proporção de organismos de cada espécie, pelo
desaparecimento de espécies raras/sensíveis, bioacumulação e explosão demográfica
das espécies resistentes à poluição. Casos muito severos de contaminação podem
levar ao desaparecimento total das comunidades aquáticas (Reish, 1986).
Avaliação do Meio Antrópico 255