O Auto-omnibus chega à Urbe: implantação dos ônibus em ... - anpuh
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conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o hom<strong>em</strong> realiza sua vida,<br />
produz e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, cria espaço. (SANTOS, 2006: 16)<br />
É importante salientar, todavia, que no período <strong>em</strong> estudo, os veículos<br />
automotores não circulavam por todo o espaço urbano. Outras formas de deslocamentos<br />
estavam presentes, como aqueles proporciona<strong>dos</strong> por animais e bicicletas, tanto na região<br />
central – apesar do “incômodo” que causavam aos moradores mais preocupa<strong>dos</strong> com a<br />
imag<strong>em</strong> de cidade moderna de Fortaleza – quanto nos arrebaldes, nos quais<br />
À falta de pavimentação das vias sobrevinha parcimônia ou mesmo completa<br />
ausência de veículos modernos, geralmente obsta<strong>dos</strong> <strong>em</strong> decorrência da<br />
irregularidade do terreno e das águas pluviais que, s<strong>em</strong> possibilidade de<br />
escoamento impediam ou transtornavam a passag<strong>em</strong> de automóveis e <strong>ônibus</strong>.<br />
(SILVA FILHO, 2006: 52)<br />
Se os automóveis e os <strong>ônibus</strong> tinham probl<strong>em</strong>as com a falta de pavimentação das<br />
ruas – transtorno enfrentado não só na periferia, mas também na área central – , o que a<br />
imprensa cearense noticiava era a perfeita adaptação <strong>dos</strong> <strong>omnibus</strong> <strong>à</strong> cidade de Fortaleza,<br />
sendo provavelmente adequa<strong>dos</strong> <strong>à</strong>s vias por onde circulariam. Vale ressaltar que as primeiras<br />
impressões sobre a <strong>em</strong>presa de transporte Matadouro nesses meios de comunicação foram as<br />
melhores possíveis.<br />
O <strong>omnibus</strong> adquirido pela Empreza Matadouro é perfeitamente adaptável <strong>em</strong><br />
Fortaleza, podendo populacionar a população a oportunidade de se transportar da<br />
Praça do Ferreira ao Matadouro, passando pelo Benfica, por uma módica quantia,<br />
com todo conforto imaginado. 4<br />
A partir disso, supõe-se que essa facilidade de adaptação se daria, também, pela<br />
presença do motor a explosão que proporcionaria um melhor deslocamento pelos complica<strong>dos</strong><br />
percursos da cidade. Como coloca o historiador Silva Filho, ao longo do século XX, percebe-<br />
se o declínio do transporte ferroviário e a ascensão concomitante do automóvel, que também<br />
foi experimentada pelos <strong>ônibus</strong>. Segundo ele, “além da nova escala de mobilidade introduzida<br />
pelo novo veículo [...], seu gradativo predomínio significou a vitória do motor a explosão<br />
sobre o congênere a vapor.” (2006: 58)<br />
Os veículos com esse tipo de motor foram ganhando destaque entre grupos da<br />
imprensa local. A seguinte matéria trata da crescente dificuldade de mobilidade na urbs, do<br />
enorme t<strong>em</strong>po que seria gasto para locomover-se, não sendo os bondes suficientes para suprir<br />
essa “necessidade” de transitar. A adoção <strong>dos</strong> <strong>ônibus</strong> seria a solução para esse probl<strong>em</strong>a,<br />
sendo também um meio que faria Fortaleza acompanhar os “centros civiliza<strong>dos</strong>”.<br />
4 Correio do Ceará, Fortaleza, 04 ago. 1926.<br />
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