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O Auto-omnibus chega à Urbe: implantação dos ônibus em ... - anpuh

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e sobretudo muito cômo<strong>dos</strong>, oferecendo aos passageiros todo conforto” 29 . A discussão sobre o<br />

que eram essas sensações naquele período é de fundamental importância aqui. É necessário<br />

pensá-las como uma categoria histórica, no qual seus significa<strong>dos</strong> passam por mudanças no<br />

decorrer do t<strong>em</strong>po.<br />

Nesse sentido, pensando a história do conforto, Sant´Anna afirma que essa “é<br />

intimamente comprometida com mudanças ocorridas nas maneiras de morar, de conceber o<br />

espaço urbano e, também, de relacionar-se com objetos técnicos” (2000: 162-163). No<br />

período <strong>em</strong> estudo, a cidade ainda estava se constituindo, ganhando novas formas, e<br />

novidades técnicas estavam <strong>em</strong>ergindo – os automóveis, iluminação elétrica, cin<strong>em</strong>a, o rádio<br />

e o próprio <strong>ônibus</strong> –, sendo provavelmente construída uma nova concepção do que seria<br />

confortável e cômodo.<br />

No entanto, pode-se perceber também nesse período que a associação entre <strong>ônibus</strong><br />

e conforto poderia ser completamente deixada de lado para entrar <strong>em</strong> cena outros tipos de<br />

percepções sobre esses veículos. Eles aparec<strong>em</strong>, ao mesmo t<strong>em</strong>po, também como um<br />

probl<strong>em</strong>a, tanto para a cidade como para seus moradores. Esse modo de vê-lo aparece <strong>em</strong> uma<br />

queixa feita por um leitor do jornal O Povo de 1928.<br />

[...] acabei reflexionando sobre os auto-<strong>omnibus</strong> estão agora, com os olhos volta<strong>dos</strong><br />

para á <strong>em</strong>presa funerária procurando, por to<strong>dos</strong> os meios, agradar o Terto. Os<br />

chauffeurs da <strong>em</strong>presa têm ordens severas para desenvolver a máxima velocidade,<br />

[...], até mesmo com excesso de lotação. [...] E, não são unicamente os encautos<br />

passageiros <strong>dos</strong> perigosos <strong>omnibus</strong> verdes que estão sujeitos a receber um<br />

passaporte para o c<strong>em</strong>itério. Cada vez me convenço mais de que todo<br />

melhoramento introduzido nesta terra é funesto para a população. Corra sr.<br />

Inspector Araujo, o povo está apalermado e os autos acabarão matando tanta gente<br />

que é preciso um outro campo santo. 30<br />

O auto-<strong>omnibus</strong>, nesse documento, é associado ao perigo. A velocidade, o<br />

progresso são vistos com maus olhos, não trazendo melhorias, mas transtornos <strong>à</strong> população<br />

fortalezense. É nítida a relação entre trânsito, velocidade e morte.<br />

Havia uma série de matérias <strong>em</strong> jornais, principalmente no O Povo, que<br />

d<strong>em</strong>onstravam antipatia pelos <strong>omnibus</strong>. Trazendo s<strong>em</strong>pre denúncias de excesso de velocidade<br />

desses veículos, de desrespeito <strong>à</strong>s determinações <strong>dos</strong> órgãos reguladores do tráfego, além de<br />

queixas de leitores, associações entre esses e a morte. O referido periódico <strong>chega</strong> até<br />

denominá-lo de “perigo verde” 31 .<br />

29 Correio do Ceará, Fortaleza, 29 out. 1927.<br />

30 O Povo, Fortaleza, 20 jan. 1928.<br />

31 “Escrev<strong>em</strong>-nos: ‘T<strong>em</strong>os presenciado, já por várias vezes, actos e gestos não muito decorosos por parte <strong>dos</strong><br />

conductores de auto-<strong>omnibus</strong>.[...]’” ( O Povo, 24 jan. 1929)<br />

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