O Auto-omnibus chega à Urbe: implantação dos ônibus em ... - anpuh
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encaminhada <strong>à</strong> justiça só faz referência aos <strong>omnibus</strong>. Eles seriam os responsáveis pela<br />
destruição do seu patrimônio – trilhos e a extensão deles, o calçamento. A <strong>em</strong>presa inglesa<br />
não queria ceder o “seu espaço” <strong>à</strong>queles que estavam ameaçando o seu posto de principal<br />
meio de transporte coletivo da cidade. Os outros meios de locomoção presentes não<br />
representavam uma ameaça a esse título.<br />
Após a decisão judicial favorável a Light um grande debate incidiu sobre a cidade.<br />
A imprensa, ao que parece, era partidária da <strong>em</strong>presa Ribeiro & Pedreira, assim como os<br />
populares que escreviam textos publica<strong>dos</strong> nos veículos jornalísticos e <strong>chega</strong>ram fazer<br />
protestos contra essa decisão. A adesão <strong>à</strong> causa da firma de <strong>ônibus</strong> chegou até mesmo ser<br />
justificativa pelo fato dessa ser um <strong>em</strong>preendimento nacional, contrário do que acontecia com<br />
a companhia inglesa: “A opinião pública é contrária á pretensão da companhia ingleza.”; 22<br />
“Dahi a antipatia que o povo t<strong>em</strong> por esta sangue-suga extrangeira”; 23 “Ali, usou da palavra a<br />
vibrante orador dr. Eduardo Motta, que <strong>em</strong> nome do povo fez solene e vigoroso protesto,<br />
pedindo a to<strong>dos</strong> que se colocass<strong>em</strong> ao lado da Empreza de <strong>Auto</strong>-<strong>omnibus</strong>, por ser puramente<br />
nacional.” 24<br />
Em meio a esse turbilhão, a Light anuncia melhorias <strong>em</strong> seus serviços e a<br />
expansão desses, noticiando uma novidade: o propósito de implantar <strong>omnibus</strong> <strong>em</strong> suas<br />
linhas. 25 Essa é uma pretensão bastante curiosa da companhia inglesa. A grande questão é:<br />
qual seria seu objetivo ao fazer uso desses autos? Supõe- se que essa tenha sido uma<br />
estratégia contra a antipatia que então se formara contra essa firma, já que os <strong>ônibus</strong> estavam<br />
proibi<strong>dos</strong> de trafegar<strong>em</strong> sobre os trilhos e assim consequent<strong>em</strong>ente pela cidade 26 ou esse seria<br />
um sintoma de que o motor a explosão representado aqui pelo <strong>ônibus</strong> estava ganhando cada<br />
vez mais espaço na urbe?<br />
Os <strong>em</strong>bates judiciais entre a Light e a Ribeiro & Pedreira <strong>chega</strong>riam ao fim <strong>em</strong><br />
junho de 1929 quando a firma de <strong>ônibus</strong> conseguiu obter permissão judicial para trafegar<br />
22 Gazeta de notícias, Fortaleza, 31 ago. 1928.<br />
23 O Ceará, Fortaleza, 08 set. 1928.<br />
24 Correio do Ceará, Fortaleza, 31 ago. 1928.<br />
25 Essas medidas refer<strong>em</strong>-se não só ao trafego de bondes, assim como ao serviço de ombibus que é seu proposito<br />
estabelecer, dentro <strong>em</strong> pouco, já havendo deliberado adquirir os autos necessarios a um trafego regular na linha<br />
de Fortaleza a Porangaba e <strong>em</strong> varias outras desta capital – De V. Sa. Amos. Atios Obrigs. – J. H. Russell,<br />
Gerente interino. (Diário do Ceará, Fortaleza, 06 set. 1928)<br />
26 Os veículos da Ribeiro & Pedreira não pararam de trafegar e isso implica trafegar sobre os carris da<br />
concorrente. Por isso, essa firma enfrentou situações como prisões de motoristas e de um de seus sócios, além<br />
de cobrança de multas por desrespeitar<strong>em</strong> as medidas judiciais.<br />
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