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As esquizofrenias segundo Eugen Bleuler e ... - Última Edição

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<strong>As</strong> <strong>esquizofrenias</strong> <strong>segundo</strong> <strong>Eugen</strong> <strong>Bleuler</strong> e algumas<br />

concepções do século XXI<br />

Rui Durval<br />

Sumário<br />

Inspirado na releitura de “Dementia Praecox ou o Grupo das Esquizofrenias” (<strong>Eugen</strong><br />

<strong>Bleuler</strong>, 1911) comparo a descrição e conceptualização do autor com as de estudos mais<br />

recentes, publicados depois de 2000, com o intuito de estimular não apenas a atenção aos<br />

autores clássicos mas para as teorias e achados mais recentes.<br />

1 Introdução<br />

Muitas vezes se diz que não inventamos nada, apenas reformulamos ideias já antigas.<br />

No estudo científico da esquizofrenia deparamo-nos frequentemente com este fenómeno,<br />

por exemplo: talvez exista mesmo um biótipo relacionado com a esquizofrenia, como<br />

pensavam os investigadores antigos (Sheldon, William H., 1942).<br />

Estudos recentes parecem demonstrar uma tendência ao ectomorfismo, particularmente<br />

nos doentes do sexo masculino, provavelmente muitas vezes mascarada pela obesidade<br />

induzida pelos neurolépticos (Pailhez, G. et al., 2009).<br />

Pequenas Anomalias Somáticas (“Minor Physical Anomalies”) (PAS) parecem estar<br />

correlacionadas com pelo menos algumas formas de esquizofrenia. <strong>As</strong> PAS (ex: alterações da<br />

forma das sobrancelhas, das orelhas ou dos pés) são: 1) pequenas marcas de alterações<br />

genéticas; 2) resultado de agressão pré-natal ou 3) resultantes de desarmonias do<br />

desenvolvimento, precisamente três grupos de factores implicados na etiopatogenia das<br />

<strong>esquizofrenias</strong> (Compton, M.T. and Walker, E.F., 2009).<br />

Inspirado na releitura de <strong>Bleuler</strong> apresento uma reflexão (numa perspectiva<br />

principalmente clínica) sobre o conceito de esquizofrenia, comparando antigas metáforas com<br />

estudos mais recentes.<br />

“<strong>As</strong> associações perdem a sua coerência. Dos mil fios condutores do<br />

pensamento a doença interrompe [cinde] de forma irregular ora uns tantos, ora<br />

muitos, ora a maior parte deles.” (<strong>Eugen</strong> <strong>Bleuler</strong>, 1911)<br />

Esta é uma excelente metáfora de <strong>Bleuler</strong> para descrever o que a clínica evidencia ser uma<br />

perturbação básica da expressão sindromática das <strong>esquizofrenias</strong>. Mas em concreto<br />

corresponde a quê?<br />

Qual a relação entre a nosologia e a patologia?<br />

De acordo com (Hardy'Bayle, M-C et al. 2003) poderá esta “cisão dos pensamentos”<br />

corresponder a duas deficiências cognitivas básicas: dificuldade em processar informação<br />

contextual e deficiente Teoria da mente (ver adiante)


2 <strong>As</strong> <strong>esquizofrenias</strong><br />

“Hoje sabemos que predisposições hereditárias desfavoráveis interagem com<br />

experiências de vida desfavoráveis, mas não se encontram configurações<br />

genéticas únicas ou experiências destruidoras bem determinadas, em vez disso<br />

são múltiplas as disposições físicas e mentais, inatas ou adquiridas, que<br />

constituem a predisposição para a esquizofrenia. A teoria mais aceitável para a<br />

origem das <strong>esquizofrenias</strong> é que resultam de desarmonias de uma variedade de<br />

influências no desenvolvimento da personalidade. Como explicação: O traço de<br />

personalidade genérico que favorece a esquizofrenia não consiste em vários genes<br />

patológicos mas antes da defeituosa interacção - ou desarmonia - das<br />

características inatas” (Manfred <strong>Bleuler</strong>, 1963)<br />

O filho Manfred, 50 anos depois de seu pai inventar a designação ‘esquizofrenia’, conclui<br />

assim que as <strong>esquizofrenias</strong> parecem ter etiologia múltipla e representarem doenças que são a<br />

via final comum desses diversos factores causais.<br />

Usando a recente técnica designada ‘<strong>As</strong>sociação a todo o genoma’ (“genome-wideassociation”)<br />

(Duan, I.; Sanders, A.R. and Gejman, P.V., 2010) concluem que existem várias<br />

regiões cromossómicas com polimorfismos associados a esquizofrenia, parecendo serem<br />

genes reguladores, que a hereditariedade é poligenética, e que existem alguma sobreposição<br />

com a hereditariedade das doenças dos espectros autista e bipolar.<br />

São várias as <strong>esquizofrenias</strong> ou uma única doença via final comum da interacção de<br />

diversos factores? Ou a perspectiva de espectro clínico da esquizofrenia é um conceito mais<br />

adequado?<br />

A título de revisão da matéria, como fez Manfred <strong>Bleuler</strong>, resumindo em 1963 50 anos de<br />

esquizofrenia (Manfred <strong>Bleuler</strong>, 1963), no Quadro 1 apresentam-se 22 verdades<br />

contemporâneas de consenso sobre esquizofrenia (MacDonald, A.W. and Schulz, S.C., 2009).<br />

2.1 O que quer dizer a palavra esquizofrenia<br />

“Não podemos, infelizmente, subtrairmo-nos à desagradável tarefa de forjar<br />

um novo termo para este grupo nosológico. (…) Chamo à Demência Precoce<br />

Esquizofrenia porque conformo pretendo demonstrar, a cisão das funções<br />

psíquicas mais diversas é uma das suas características mais importantes. Por<br />

razões de comodidade uso esta palavra no singular, apesar deste grupo incluir<br />

provavelmente diversas doenças”. (<strong>Eugen</strong> <strong>Bleuler</strong>, 1911)<br />

Para <strong>Bleuler</strong> as <strong>esquizofrenias</strong> são um grupo nosológico de doenças que se manifestam<br />

por uma cisão (spaltung) das funções psíquicas. <strong>As</strong>sim definido o grupo das doenças<br />

designadas por esquizofrenia tem uma expressão e evolução clínicas semelhantes.<br />

Esta definição agrupa as doenças com base em alterações básicas, nucleares, no<br />

funcionamento psicológico do doente: e não apenas na expressão sintomática.<br />

A ideia continua a agradar aos clínicos e aos investigadores, ainda que como candidatos a<br />

essa(s) alterações básicas tenham sido propostas as mais diversas disfunções (ex: Fatemi, S.H.,<br />

2009; Kantrowitz, J.K. & Javitt, D.V., 2010; Lazar, N.L. 2011).


Dizemos que um doente sofre de esquizofrenia quando apresenta um síndroma<br />

esquizofrénico, quando evolui para deterioração, mas excluímos as formas ditas secundárias<br />

(ex: psicose tóxica transitória).<br />

Cada síndroma e cada evolução são expressão de diversas formas da doença, ou<br />

diferentes doenças, ou apenas a expressão de etiopatogenia diversa?<br />

Será a Esquizofrenia (no sentido de <strong>Bleuler</strong>: as <strong>esquizofrenias</strong>) serão uma maleita, no<br />

sentido de síndroma que produz sofrimento ou experiência de disfunção, uma perturbação ou<br />

uma doença.<br />

<strong>Bleuler</strong> parece querer distinguir as ‘psicoses – episódio psicótico’ das <strong>esquizofrenias</strong> que<br />

evoluem para a cronicidade e resultam de uma constituição ou carácter esquizofrénico (<strong>Eugen</strong><br />

<strong>Bleuler</strong>, 1911).<br />

No conceito de <strong>Bleuler</strong> as <strong>esquizofrenias</strong> são um traço e não um estado.<br />

2.2 Esquizofrenia nasceu na clínica<br />

Sem nos interrogarmos sobre a verdade e/ou a utilidade da forma nosológica parece-nos<br />

inegável que o conceito nasceu na observação clínica e seguimento continuado dos pacientes<br />

e na reflexão sobre a prática clínica. Esta é a tradição europeia, antes e depois de <strong>Bleuler</strong> (a<br />

começar pelo seu filho Manfred) . Só com os trabalhos que conduziram à DSM 3 pela primeira<br />

vez estudos sistemáticos influenciaram a nosologia (Spitzer, R.D., 2001).<br />

Impressionam os exemplos constantes de casos concretos (vd. <strong>Eugen</strong> <strong>Bleuler</strong>, 1911). Foi<br />

no empirismo da clínica que se forjou o conceito. <strong>As</strong> relações apercebidas, eventualmente<br />

muitas erradas e enviesadas pela falibilidade, pelos preconceitos e inclinações dos clínicos,<br />

indicavam a existência de um padrão, uma forma sobre o fundo, designado então por ‘O<br />

Grupo das <strong>esquizofrenias</strong>’.<br />

2.3 Dimensões e Síndromas esquizofrénicos<br />

A tentativa de identificar sub-espécies de esquizofrenia estudando as variantes<br />

sindromáticas clínicas tem encontrado alguns padrões, como são exemplo a célebre divisão em<br />

Tipo 1, com predomínio de sintomas positivos e Tipo 2 negativa, a que corresponderiam<br />

etiopatogenias e prognósticos diferentes (Johnstone, E.C., 1989).<br />

Investigadores do Centre Esquirol, em Caen, França estudaram o agrupamento estatístico<br />

de sintomas medidos pelo PANSS numa população de doentes e encontraram os seguintes<br />

clusters: 1) Desorganização, 2) Sintomas Positivos, 3) Sintomas Negativos, 4) Mistos e 5)<br />

“esquizofrenia simples como definida por <strong>Bleuler</strong>” (Dollfus, S. et al., 1996).<br />

No Quadro 2 resumem-se as conclusões do estudo de (Goghari, V. M. et al. 2010) que<br />

parece indicar uma correspondência entre a expressão clínica e as alterações anátomofuncionais.<br />

<strong>As</strong> subdivisões antigas em tipos perderam consistência teórica e <strong>segundo</strong> os estudos<br />

americanos para o DSM V, deixaram de ser utilizadas na clínica (vd. APA 2011).<br />

2.4 Fronteiras do conceito<br />

“ (…) Define-se esquizofrenia [como psicose] por aquilo que não é (não<br />

afectiva; não orgânica; etc…). A definição não considera conjuntos de sintomas<br />

negativos ou positivos (ou combinados) como específicos da esquizofrenia.”<br />

(citado de Maj, M. 1998)


Apesar dos estudos e reclassificações no fim, na clínica, o diagnóstico faz-se pela negativa,<br />

excluindo os casos que não são esquizofrenia, como lembrava o professor napolitano Mario<br />

Maj, em 1998, a propósito da DSM IV.<br />

Se virmos esta definição das <strong>esquizofrenias</strong> como consequência inevitável da procura,<br />

clínica, do diagnóstico diferencial teremos então que definir as fronteiras com outros estados<br />

ou traços psicóticos.<br />

No quadro 3 listam-se essas condições limites de acordo com (Nancy Andreansen, 1998).<br />

Serão as <strong>esquizofrenias</strong> entidades taxonómicas, i.e. ‘taxa’ (singular: táxon) ou “categorias<br />

latentes não-arbitrárias” (Grove, W.M. 2004) da classificação natural das doenças ?<br />

Um excelente estudo de revisão crítica dos critérios da DSM IV conclui que não existe<br />

evidência para duvidar de um modelo de distribuição único da esquizofrenia mas persiste a<br />

questão se existe mesmo um grupo de <strong>esquizofrenias</strong> com critérios de classificação que<br />

verdadeiramente identifiquem subtipos. A questão se a esquizofrenia é (um táxon ou) apenas<br />

um extremo da distribuição normal na população está em aberto e deveria ser objecto de<br />

estudo em amostras comunitárias de grande dimensão e com os indicadores adequados<br />

(Linscott, R. J. et al. 2010).<br />

2.5 Esquizofrenia doença<br />

A esquizofrenia doença, doença unitária, existe enquanto conceito institucional e<br />

cultural, com definições e atribuições diversas conforme o conceito seja utilizado pelas várias<br />

subculturas psiquiátricas e psicológicas, pelos doentes e familiares ou pela comunidade e<br />

media, núcleo central da noção de estigma (ver p.ex: http://aeapeesquizofrenia.blogspot.com/2009/12/vencer-o-estigma-da-esquizofrenia.html).<br />

Os anos de investigação foram acrescentando provas de consenso que o conceito<br />

corresponde a uma entidade clínica: no Quadro 4 indicam-se as principais características<br />

clínicas da esquizofrenia, integrando diversas perspectivas (Parnas, J. 2011).<br />

Num estudo de revisão de comparações de critérios de diagnóstico (designados por<br />

estudos de polidiagnóstico) os AA afirmam que o que parece faltar, para existir mais do que a<br />

pouca concordância encontrada, é a existência de consenso sobre o que é de facto a<br />

esquizofrenia: 1) Uma orientação para a vida subjectiva que altera a percepção do mundo<br />

(autismo na concepção de <strong>Bleuler</strong>); 2) uma falta de unidade da consciência; 3) a existência de<br />

sintomas característicos; 4) a evolução com inevitável deterioração; 5) um constructo<br />

multidimensional; ou 6) outra coisa (Jansson, L.B. and Parnas, J. 2007).<br />

O dinamarquês Joseph Parnas tem estudado o conceito de esquizotaxia (Meehl, P.E. 1990), e a<br />

relação da experiência alterada do self , com a esquizofrenia, ou com formas “assintomáticas”,<br />

indicadoras de vulnerabilidade, como a existência de traços de carácter ou personalidade<br />

esquizotípica, caracterizados por a) disfunção do Self; b) sintomas negativos; e c) perturbação<br />

formal do pensamento (Raballo, A. and Parnas, P. 2011).<br />

<strong>As</strong>sociada à necessidade de melhor operacionalizar os estudos genéticos, e de considerar<br />

os efeitos epigenéticos e do meio ambiente tem sido desenvolvido o conceito de<br />

Endofenotipo, ou conjunto de marcadores endofenotípicos: São marcadores associados à<br />

doença, hereditários, independentes do estado, i.e. marcadores de traço, presentes com mais<br />

frequência em familiares de doentes do que na população geral. (Thaker, G.K. 2008)<br />

Se existem endofenotipos da esquizofrenia esta passará mais facilmente ao estatuto de<br />

doença, para além da utilidade clínica destes marcadores na ajuda ao diagnóstico e quem sabe<br />

na definição de estratégias de prevenção.


O estudo dos movimentos de procura e seguimento com o olhar (“scan paths”) revelam<br />

alterações típicas em doentes e seus familiares, com grande sensibilidade e especificidade,<br />

sendo sérios candidatos a marcadores endofenotípicos de esquizofrenia (… ou de<br />

‘esquizovunerabilidade’) (Beedie, S.A. Et al. 2011).<br />

Outro marcador biológico poderá ser a perturbação na percepção olfactiva: (1) a<br />

percepção olfactiva está alterada em doentes (2) estas alterações existem em indivíduos<br />

saudáveis mas com risco genético (3) São específicos da esquizofrenia e (4) poderão ser<br />

indicadores de risco de desenvolver a doença (Turetsky,B.I. et al. 2009).<br />

3 Alterações Primárias de <strong>Bleuler</strong><br />

A tradição académica associa à conceptualização da esquizofrenia a mnemónica dos<br />

quatro AA, que se mantém neste texto. A mnemónica tem sido útil mas imprecisa. Em <strong>Bleuler</strong><br />

os 3 primeiros AA são ‘funções simples alteradas’ enquanto que Autismo é uma ‘função<br />

complexa’ (<strong>Eugen</strong> <strong>Bleuler</strong>, 1911).<br />

3.1 <strong>As</strong>sociações (perturbação das associações)<br />

“Nós consideramos, portanto, a perturbação das <strong>As</strong>sociações como primária,<br />

na medida em que se trate de uma diminuição ou nivelamento de afinidades; os<br />

bloqueios e as cisões sistemáticas são secundários”. (<strong>Eugen</strong> <strong>Bleuler</strong>, 1911)<br />

Embora na tradição falemos sempre dos quatro AA, sintomas básicos, para <strong>Bleuler</strong> só a<br />

perturbação das associações de ideias era primária, todas as outras manifestações da doença<br />

eram secundárias.<br />

Desde a perda das associações de <strong>Bleuler</strong> passando pelo estudo das perturbações do<br />

pensamento (Docherty, A.R. et al., 2011), a investigação e a clínica definem hoje o que tem<br />

sido designado por ‘desorganização conceptual’, a principal ou uma das dimensões da<br />

esquizofrenia (Lesh, T.A. Et al. 2011).<br />

O modelo Hardy-Bayle: Em 2003 investigadores do ‘Centre Hospitalier de Versailles em<br />

França propuseram um modelo que considera duas anomalias cognitivas, que existem em<br />

todos os pacientes com desorganização esquizofrénica e que são centrais na patofisiologia da<br />

dimensão desorganização das <strong>esquizofrenias</strong>:<br />

1. Défice de integrar informação contextual de forma a seleccionar uma resposta<br />

adequada.<br />

2. Défice de Teoria da Mente.<br />

O conjunto destes dois défices (primários) produz secundariamente as alterações da<br />

linguagem típicas da esquizofrenia (Hardy-Bayle, M-C et al. 2003).<br />

Os doentes apresentam deficiente capacidade para tomar em consideração a informação<br />

contextual ao processarem a informação. Esta alteração manifesta-se por interpretações<br />

erróneas da função referencial da linguagem, da deixis # , e por dificuldades na<br />

metarrepresentação. A principal manifestação destas alterações são a deficiente capacidade<br />

para integrar os diversos níveis e tipos de informação (Patniyot, N.S. 2011)<br />

Muitos e variados estudos mostram que os doentes que sofrem de esquizofrenia tem<br />

dificuldades específicas na forma como se apercebem das intenções, pretenções, desejos,<br />

ideias, conhecimentos e crenças das outras pessoas. Esta dificuldade da teoria que fazem da<br />

mente dos outros (“Teory of Mind (ToM)) reflecte-se na forma como usam a linguagem e


interpretam a fala de outros. Como estes doentes também revelam dificuldades de<br />

planeamento e no uso pragmático da linguagem são habitualmente, na observação clínica,<br />

menos capazes de influenciar ou manipular os outros ou mesmo de fazer batota (Brüne, M.,<br />

2005).<br />

Regressando à clínica o que observamos nos doentes não são directamente nem as<br />

alterações das <strong>As</strong>sociações de ideias nem as alterações do Pensamento, mas sim o modo como<br />

se exprimem através da linguagem. <strong>As</strong> alterações da linguagem na esquizofrenia (esquizofasias<br />

poderíamos assim designá-las se usássemos o termo de forma mais lata), são facilmente<br />

avaliáveis na prática clínica e talvez constituam o sinal primário da doença.<br />

O estudo das alterações da linguagem usando a escala ‘Clinical Language Disorder Rating<br />

Scale (CLANG)’ revelou a seguinte estrutura factorial da escala: 1) Disfunção Semântica; 2)<br />

Excesso; 3) Pobreza; 4) Disartria; 5) Prosódia. (os últimos dois factores correspondentes a<br />

apenas um item da escala).<br />

Usando esta escala os AA encontraram alta correlação entre as alterações<br />

(particularmente as semânticas) e a presença de sintomas de primeira ordem.<br />

No Quadro 5 comparo algumas das descrições de perturbação das associações originais de<br />

<strong>Bleuler</strong> com os itens da escala citada.<br />

Concluem que esta escala parece ter maior especificidade no diagnóstico de esquizofrenia<br />

do que os sintomas de 1ª ordem de Schneider. (Ceccherini-Nelli, A. and Crow, T.J. 2003)<br />

Esta pode ser uma medida clínica da Desorganização que <strong>Bleuler</strong> conceptualizou como<br />

Spaltung.<br />

<strong>As</strong> alterações clínicas da linguagem podem ser a manifestação da deficiente lateralização<br />

cerebral esquerda das funções da linguagem, consequência do homo sapiens ter adquirido a<br />

capacidade linguística <strong>segundo</strong> a teoria de Thimoty Crow (Crow, T.J. 2000).<br />

<strong>As</strong> alterações formais do pensamento e da linguagem são acompanhadas de déficite<br />

cognitivo mais alargado, podem ser sua causa ou consequência.<br />

A propósito da ‘discognição’ esquizofrénica aconselho a leitura do artigo do Grupo de<br />

Trabalho em Esquizofrenia da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental:<br />

“Globalmente, o GTE considerou a necessidade de utilização de baterias de<br />

avaliação padronizadas que contemplem a avaliação da neurocognição, da<br />

cognição social e da funcionalidade, sendo consensual a utilização da bateria do<br />

grupo MATRICS para a avaliação da neurocognição. Foi igualmente reconhecido<br />

que os défices da memória verbal e da atenção poderão constituir os melhores<br />

factores preditores da funcionalidade na esquizofrenia. Para além disso, o grupo<br />

estabeleceu a cognição social como uma área prioritária no estudo da<br />

esquizofrenia.” (citado de VAZ-SERRA, A. Et al. 2010)<br />

3.2 Afecto embotado<br />

<strong>Bleuler</strong> entende o comprometimento afectivo típico da esquizofrenia ao mesmo tempo<br />

como um empobrecimento, nos sintomas como a indiferença e a superficialidade afectivas, e<br />

uma desregulação dos afectos: hipersensibilidade, défice de capacidade de modulação<br />

afectiva, labilidade afectiva, Expressão oscilante dos afectos. Parece intuir também uma<br />

dimensão de incongruência e inadequação afectivas: paratimia, risos imotivados (<strong>Eugen</strong><br />

<strong>Bleuler</strong>, 1911).


Mais recentemente emergiram as noções da existência de uma anedonia geral como<br />

condição básica da ‘esquizotimia´ (Cohen, A.S. et al. 2011), e em particular a anedonia social<br />

(esta também associada ao autismo).<br />

O défice hedónico na esquizofrenia, é uma diminuição de resposta a estímulos com<br />

estados afectivos positivos mas sobretudo uma dificuldade em antecipar o prazer. A estas<br />

dificuldades juntam-se as dificuldades em exprimir emoções e em interpretar as emoções dos<br />

outros, pelo que esta dificuldade hedónica tem características diferentes da anedonia na<br />

depressão. Esta característica afectiva é típica não apenas da esquizofrenia mas também das<br />

alterações do carácter relacionadas (esquizotipia) (Watson,D. & Naragon-Gainey, K. 2011).<br />

Ao componente afectivo embotado junta-se a ausência de motivação e a abulia<br />

componentes essenciais do chamado síndroma dos sintomas negativos: a dimensão<br />

amotivação/abulia (Foussias, G. & Remington, G. 2011).<br />

Nos doentes estudados encontram-se muitas vezes capacidades hedónicas relativamente<br />

intactas, aparentemente alteradas por disfunção nas capacidades de aprendizagem em<br />

resposta a reforço, de prever a gratificação e de processar os erros de avaliação, que<br />

constituem na realidade mais uma deficiência no ‘querer’, no ‘desejar’. Os estudos funcionais<br />

parecem indicar que esta disfunção resulta de uma deficiente interacção entre o estriado e o<br />

córtex dorsal pré-frontal (Lysaker, P.H. & Lysaker, J.T. 2010b).<br />

3.3 Ambivalência<br />

A dimensão ou sintoma básico menos compreendida na conceptualização de <strong>Bleuler</strong> é a<br />

Ambivalência.<br />

Este sintoma complementa a descrição da afectividade dos esquizofrénicos e estende o<br />

conceito de presença simultânea de sentimentos antagónicos (ou múltiplos: ‘multivalência’)<br />

para os seus análogos comportamentais volitivos, ambitendência, e cognitivos, ambivalência<br />

intelectual. A ambivalência e é resultado da desregulação dos afectos e contribui para a<br />

mesma desregulação.<br />

Os neurocientistas propõem a existência de dois sistemas de avaliação cognitiva, um para<br />

a positividade e outro para a negatividade, resultando a ambivalência da activação simultânea<br />

de ambos. A ambivalência (particularmente relevante para estímulos positivos) correlaciona-se<br />

com a duração da doença, o grau actual de psicopatologia, a anedonia e as competências para<br />

as actividades de vida diárias. Não é diferente nos doentes com predomínio de sintomas<br />

positivos ou negativos. A ambivalência, que resulta de uma deficiente processamento<br />

emocional precoce, influencia negativamente as competência afectivas mais complexas e a<br />

funcionalidade do doente (Trémeau, F. et al. 2009).<br />

A anedonia, sintoma também por vezes associado á ambivalência parece relacionar-se<br />

com hipofunção frontal enquanto a ambivalência seria correlacionada com hiperfunção<br />

cerebelosa (Park, K.M. 2009).<br />

3.4 Autismo<br />

“Chamamos Autismo ao desligamento da realidade combinado com a<br />

predominância relativa ou absoluta da vida interior.”(e mais adiante) “Para os<br />

doentes o mundo autístico é tão verdadeiro como o mundo real ainda que por vezes<br />

uma outra realidade.” (<strong>Eugen</strong> <strong>Bleuler</strong>, 1911)<br />

<strong>Bleuler</strong> entende o mundo irreal do doente com esquizofrenia como um mundo interno<br />

(autista) e a atitude do doente uma retirada para esse seu mundo interno, e relaciona este


autismo com a perda do contacto com a realidade exterior e com o evitamento e negação da<br />

mesma realidade exterior.<br />

Como teorizaram autores mais recentes na esquizofrenia existe não apenas deficiente<br />

capacidade de relacionamento com o mundo exterior, com a realidade, mas também com o<br />

self. A esquizotipia e a esquizofrenia são as versões saudável e doente desta deficiente relação<br />

com o self. O indíviduo afectado sofre de insegurança ontológica, o self está destruturado,<br />

dividido (Laing, R. D. 1959).<br />

A progressiva retirada do mundo real para o mundo autista acompanha (e é acompanhada<br />

de) a deterioração e os sintomas negativos típicos da doença.<br />

Os estudos sobre a vivência e experiência consciente dos doentes com esquizofrenia e a<br />

análise dos relatos da doença na primeira pessoa são escassos. Comparando seis diferentes<br />

conceptualizações, parece haver acordo em que os doentes se sentes diminuídos desde o<br />

início da doença, sentem menos vitalidade, menos capacidade para se relacionarem com o<br />

mundo e os outros, menor sentimento de unidade e de identidade. <strong>As</strong> teorias mais recentes<br />

concordam ainda na existência de um sentimento de ameaça ao self que resulta no<br />

evitamento interacção social. <strong>As</strong> discordâncias entre as vários autores são em aspectos como<br />

quando e como aparecem estas alterações, se são constantes, se são prévias ou apenas<br />

existem em períodos de agudização e se, ou como, podem ser alvo de reabilitação (Lysaker,<br />

P.H. and Lysaker, J.T. 2010a).<br />

A região cerebral designada por Insula tem sido relacionada com a introcepção, a resposta<br />

emocional somática, e a estados cognitivos complexos, sendo a unidade funcional para a<br />

diferenciação entre self e não-self. É a principal região cerebral implicada no reconhecimento<br />

da expressão emocional facial. A região anterior está relacionada com sistemas de neurónios<br />

espelho, com a integração emocional, a empatia e o sentimento de si, a região posterior com o<br />

processamento de informação perceptiva multimodal e unificação da experiência perceptiva.<br />

<strong>As</strong> funções atribuídas á insulam são lateralizadas havendo dominância esquerda para a<br />

prosódia, e o reconhecimento de emoções. <strong>As</strong> alterações morfológicas e funcionais nesta<br />

região são frequentes nos doentes com esquizofrenia e correlacionam-se com as alterações do<br />

self, estando na base de vários fenómenos secundários (p.ex: alucinações auditivas resultantes<br />

da percepção de auto-vocalizações como estímulos exteriores) (Wyliea, K.P. and Tregellasa,<br />

J.R. 2010).<br />

4 Funções intactas<br />

“Ao contrário das psicoses orgânicas, não encontramos na esquizofrenia, com<br />

os meios actuais de investigação, perturbações directas da sensibilidade, da<br />

memória, da consciência ou da motricidade.”(<strong>Eugen</strong> <strong>Bleuler</strong>, 1911, sublinhado por<br />

mim)<br />

Muitas das funções consideradas intactas, são uma forma de <strong>Bleuler</strong> nos ajudar a<br />

encontrar o diagnóstico diferencial, principalmente com as causas orgânicas.<br />

Com os actuais meios de investigação sabemos que existem alterações, frequentemente<br />

subclínicas, como por exemplo da sensório-percepção: Estão documentadas alterações<br />

auditivas, visuais, olfactivas e somatosensoriais. Se o paciente não sente o mundo como as<br />

outras pessoas então também não pode interpretá-lo da mesma forma, as alterações<br />

sensoriais podem mesmo ser primárias no processo da esquizofrenia (Javitt, D.C., 2009).<br />

<strong>As</strong> alterações da memória, particularmente nos domínios da memória verbal e da<br />

memória de trabalho, são centrais no deficit cognitivo da esquizofrenia, em conjunto com


alterações da vigilância e atenção, do quociente intelectual, da linguagem e do funcionamento<br />

executivo (VAZ-SERRA, A. et al., 2010).<br />

Alterações da motricidade têm sido associadas ao síndroma catatónico e à deterioração<br />

(Ena, S. et al. 2011)<br />

5 Sintomas acessórios (e secundários)<br />

Por outros considerados como as manifestações mais importantes para a identificação da<br />

doença, os delírios e as alucinações são, para <strong>Bleuler</strong>, sintomas acessórios, secundários ao<br />

processo de cisão mental. Estes sintomas podem também ocorrer em outras psicoses.<br />

No entanto, nos estudos de diagnóstico, são parte da dimensão dos sintomas positivos e<br />

são os que tem maior concordância entre observadores e maior sensibilidade no diagnóstico<br />

da esquizofrenia (Jansson, L.B. & Parnas, J., 2007).<br />

Uma meta-análise de 104 estudos das funções cognitivas em doentes com esquizofrenia<br />

demonstra maior relação das disfunções cognitivas com a dimensão ‘desorganização<br />

conceptual’ do que com a ‘distorção da realidade’ sugerindo que estas são duas dimensões<br />

independentes da expressão sindromática da esquizofrenia (Ventura, J. et al., 2010).<br />

Existem três tipos de alucinações auditivas: 1) as não verbais, que estão associadas a<br />

fenómenos neurológicos de tipo ictal; 2) as auditivas verbais do tipo memória intrusiva de<br />

evento traumático (relacionadas com verbalizações durante o acontecimento traumático),<br />

mais frequentemente encontradas nas PPTS; e 3) as auditivas verbais do tipo ‘fala interna’<br />

(“inner speach”) estas mais típicas da esquizofrenia (Jones, S.R., 2010).<br />

6 Da relação entre nosologia e patologia<br />

A esquizofrenia poderá vir a assumir plenamente o estatuto de doença (ou grupo de<br />

doenças), quando compreendermos se existe e qual é a relação entre a nosologia e a<br />

patologia, por exemplo como a teoria dopaminérgica (Tost, H.;Alam, T. & Meyer-Lindenberg,<br />

A. 2011) está relacionada com a expressão e evolução clínicas ( Howes, O.D. & Kapur, S.,<br />

2009).<br />

Em 2009, Klaas Stephan, Karl Friston e Chris D. Frith, de uma forma surpreendente,<br />

propuseram um novo sentido para a cisão das associações, para a dissociação do pensamento,<br />

propondo que esta resulta de uma realidade isomórfica, a ‘disconectividade’ neurológica<br />

(Stephan, K. E. et al., 2009), uma teoria análoga à metáfora de <strong>Bleuler</strong>.<br />

Com base em estudos que citam, os AA propõem que existe uma deficiência na<br />

plasticidade sináptica, devida a uma deficiente resposta dos receptores NMDA (N-metil-Daspartato)<br />

à neuromodulação pela dopamina, serotonina e acetilcolina. Mais que as alterações<br />

corticais e subcorticais documentadas na base da patologia estaria a existência de diminuição<br />

e erros da conectividade neuronal e das sinapses (sendo as zonas cerebrais de relativa atrofia<br />

resultantes da deficiente conectividade). Defendem que esta teoria explicaria as várias<br />

manifestações clínicas e até a resposta ao tratamento dos doentes com esquizofrenia<br />

(Stephan, K. E. et al., 2009).<br />

7 Conclusões


Neste artigo ficaram de fora muitos outros temas relevantes para a compreensão da<br />

doença, da sua etiopatogenia, sua expressão clínica e evolução, assim como não era nosso<br />

objectivo abordar aspectos como o tratamento e a reabilitação.<br />

A produção científica sobre o tema esquizofrenia é actualmente imensa: fazendo uma<br />

pesquiza no PubMed verifica-se que o número de referências bibliográficas tem um<br />

crescimento aproximado de 40% em 5 anos (Gráfico 1) e quase triplicou (2,7x) desde 1985.<br />

Apesar de tanto conhecimento publicado as principais questões, que surgiram a <strong>Bleuler</strong><br />

quando cunhou o conceito de esquizofrenia, de alguma forma persistem actuais. A prática<br />

clínica, a experiência e a investigação têm consolidado e fundamentado o conceito, e como<br />

<strong>Bleuler</strong>, continuam a busca de explicações unificadoras para os fenómenos da doença.<br />

Actualmente investe-se inclusive em estratégias de prevenção e definição de risco para a<br />

esquizofrenia, tentando definir uma espécie de potencial ‘pré-esquizofrenia’ (ver por exemplo<br />

a excelente revisão de Correll, C.U. et al., 2010).<br />

Os doentes concretos sofrem de grave disfunção da maioria das capacidades mentais e<br />

continuam a necessitar da nossa ajuda, sejam quais forem as teorias.<br />

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# Deixis designa o conjunto de palavras ou expressões (expressões deícticas) que têm como função ‘apontar’<br />

para o contexto situacional. Deste modo, essas palavras ou expressões, ao serem utilizadas num discurso,<br />

adquirem um novo significado, uma vez que o seu referente depende do contexto. Por outras palavras, a deixis<br />

pode ser definida como o conjunto de processos linguísticos que permitem inscrever no enunciado as marcas da


sua enunciação, que é única e irrepetível. <strong>As</strong>sim, assinalam o sujeito que enuncia (locutor), o sujeito a quem se<br />

dirige (interlocutor), o tempo e o espaço da enunciação.<br />

O sujeito da enunciação/locutor é o ponto central a partir do qual se estabelecem todas as coordenadas do<br />

contexto: eu é aquele que diz eu no momento em que fala; tu é a pessoa a quem o eu se dirige; agora é o momento<br />

em que o eu fala; aqui é o lugar em que o eu se encontra; isto é um objecto que se encontra perto do eu, os tempos<br />

verbais indicam um tempo anterior, simultâneo ou posterior ao momento da enunciação (ex.: escrevi, escrevo,<br />

escreverei). Com efeito, é o sistema de coordenadas referenciais (EU/TU—AQUI—AGORA) da enunciação que<br />

possibilita a atribuição de sentidos referenciais.<br />

“A própria palavra deixis, pelo seu sentido etimológico, está associada ao gesto de “apontar”.<br />

(vd. “Apoio a Português” 11 /6/ 2007 http://apoioptg.blogspot.com/2007/06/deixis.html)<br />

1.1.1 Quadro 1 (Parte 1 de 2): Os 22 factos consensuais sobre esquizofrenia<br />

Adaptada de MacDonald, A.W. & Schulz, S.C., 2009<br />

N Factos Dúvidas<br />

Factos Básicos<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

A esquizofrenia tem uma expressão<br />

sindromática heterogénea<br />

É uma doença comum afectando cerca de 0,7%<br />

da humanidade<br />

Mais frequente no sexo masculino, excepto<br />

quando de início tardio<br />

Começa no final da adolescência e inicio da<br />

idade adulta, mais raramente na infância e pouco<br />

vezes na meia idade e depois. É mais precoce no<br />

sexo masculino.<br />

A concordância hereditária é grande atingindo<br />

mais de 50% em gémeos<br />

Todos os fármacos antipsicóticos têm acção<br />

antagonista dopaminérgica D2. O medicamento<br />

mais eficaz e de maior espectro é a Clozapina<br />

Factos Etiológicos<br />

7<br />

8<br />

Existem diferentes regiões cromossómicas<br />

associadas á existência da doença<br />

Existem alterações cognitivas (executivas) e<br />

atrofia (substancia cinzenta em geral e hipocampo)<br />

em familiares de 1º grau saudáveis<br />

Quais os factores que determinam<br />

as diferentes expressões sindromáticas?<br />

Existem subtipos?<br />

Como se explicam as diferenças na<br />

prevalência?<br />

O que explica esta diferença ou é<br />

apenas um viés na análise dos dados?<br />

<strong>As</strong> formas que se iniciam antes da<br />

adolescência e depois da meia idade são<br />

<strong>esquizofrenias</strong> ou outras doenças?<br />

Existem uma ou várias<br />

predisposições genéticas ?<br />

Qual o peso dos factores<br />

ambientais?<br />

Qual a explicação para esta relação<br />

com a dopamina? Existem outros<br />

sistemas implicados?<br />

Qual a verdadeira relevância destes<br />

achados<br />

Os endofenotipos podem ajudar os<br />

estudos genéticos?<br />

Podem ajudar a fazer prevenção?


9<br />

São factores de risco bem estabelecidos: Ser<br />

migrante de 2ª geração, ter pais idosos, ter Ac´s<br />

contra Toxoplasmosis gondii, deficiências<br />

alimentares pré-natais, uso continuado de<br />

canabinóides, complicações obstétricas, ter crescido<br />

em ambiente urbano e ter nascido no inverno ou<br />

primavera<br />

Factos Terapêuticos<br />

1<br />

0<br />

1<br />

1<br />

1<br />

2<br />

1<br />

3<br />

1<br />

4<br />

1<br />

5<br />

Embora a resposta aos medicamentos seja<br />

muitas vezes imediata para alguns doentes podem<br />

encontrar-se melhoria só após várias semanas de<br />

tratamento<br />

A exposição prolongada a anfetaminas pode<br />

desencadear sintomas tipo esquizofrenia em<br />

algumas pessoas. Uma dose única pode fazer<br />

reaparecer sintomas em esquizofrénicos.<br />

Doses únicas de PCP ou Ketamina (antagonista<br />

NMDA) podem provocar sintomas tipo<br />

esquizofrenia<br />

Intervenções psicossociais como treino de<br />

competências sociais, remediação cognitiva,<br />

intervenção familiar e psicoterapia, ajudam a<br />

melhorar alguns sintomas<br />

Quanto mais tempo sem tratamento pior a<br />

evolução e prognóstico<br />

Estes e outros factores de risco são<br />

independentes ou estão relacionados?<br />

Como interagem com os factores<br />

genéticos?<br />

Quais são os mecanismos de acção<br />

dos fármacos que explicam estas<br />

diferenças<br />

Qual a explicação para as<br />

diferenças entre uso crónico e agudo e<br />

sua relação com vulnerabilidade?<br />

Poderão vir a haver fármacos com<br />

acção NMDA com interesse clínico<br />

Estes efeitos são específicos e<br />

mantidos a longo prazo?<br />

Será possível identificar doentes em<br />

fase prodrómica e criar programas de<br />

prevenção?<br />

O risco de suicídio é muito alto (aprox. 5%) Como fazer a prevenção?<br />

1.1.2 Quadro 1 (Parte 2 de 2): Os 22 factos consensuais sobre esquizofrenia<br />

Adaptada de MacDonald, A.W. & Schulz, S.C., 2009<br />

N Factos Dúvidas<br />

Factos Patológicos<br />

1<br />

6<br />

1<br />

7<br />

Estudos histológicos postmortem identificam<br />

anomalias dos neurónios préfrontais e do<br />

hipocampo com deficientes arborização e migração.<br />

Estas alterações são causa ou<br />

consequência<br />

Existem alterações no metabolismo do GABA Poderão vir a haver fármacos com<br />

acção a este nível?


1<br />

8<br />

1<br />

9<br />

2<br />

0<br />

Os ventrículos laterais e 3º estão alargados e a<br />

substância cerebral diminuída mesmo em doentes<br />

com o 1º episódio<br />

O hipocampo os córtices temporal e préfrontal<br />

assim como o tálamo estão diminuídos<br />

Alterações funcionais Frontais, Temporais e<br />

subcorticais<br />

Factos Comportamentais<br />

2<br />

1<br />

2<br />

2<br />

Alterações nos testes cognitivos, especialmente<br />

memória verbal, QI e função executiva<br />

A disfunção cognitiva corresponde a pior<br />

funcionamento e adaptação social e laboral, e<br />

menor autonomia<br />

Que significado tem esta ligeira<br />

atrofia?<br />

Existe relação entre a atrofia e a<br />

sintomatologia?<br />

Qual a relação específica com os<br />

sintomas<br />

Qual a especificidade e importância<br />

funcional destas alterações?<br />

Como melhorar estas disfunções<br />

para melhorar a adaptação funcional<br />

1.1.3 Quadro 4: Caracteristicas clinicas da esquizofrenia por níveis descritivos<br />

Adaptado de (Parnas, J., 2011)<br />

Sinais Sintomas Designaç<br />

ão da Gestalt<br />

Pert. das várias<br />

modalidades da<br />

expressão / Bizarria<br />

Paratimia:<br />

Modulação afectiva<br />

diminuida ou<br />

inadequada<br />

Paramimia:<br />

desorganização da<br />

expressão facial<br />

Paracinésia:<br />

Maneirismos e<br />

movimentos<br />

esteretipados dos<br />

olhos, face ou corpo<br />

Perplexidade<br />

Ambivalência /<br />

polivalência<br />

Perda de sentido,<br />

vazio, não-ser (depressão)<br />

Hiper-reflexibilidade<br />

cia<br />

Discordân<br />

Pert. das<br />

associações:<br />

‘‘Spaltung’’<br />

Falta de<br />

unidade da<br />

consciência<br />

Ataxia<br />

intrapsíquica<br />

Estrutura<br />

da<br />

subjectividade<br />

Instabilidade<br />

da vivência na<br />

primeira pessoa<br />

Diminuição da<br />

presence do eu<br />

Hiperreflexibilidade<br />

Diminuição da<br />

imersão no Mundo<br />

Orientaçã<br />

existencial<br />

Inação<br />

Projectos<br />

“loucos”<br />

Desenvolvim<br />

nto de Interess<br />

em filosofi<br />

misticismos.<br />

Adesão a sei<br />

políticas<br />

religiosas<br />

alternativas<br />

Sentimento<br />

clinico de alteraç<br />

da orientaç<br />

existencial


Postura rígida:<br />

Hiperextensão<br />

lombar, flexão do<br />

pescoço, falta de<br />

movimento dos<br />

braços<br />

(Gebundenheit)<br />

Instabilidade e<br />

superficialidade das<br />

emoções<br />

Pert. Do olhar:<br />

esquivo ou fixo ou<br />

vigilante: excessivo<br />

paralelismo dos<br />

eixos oculares<br />

Impenetrabilida<br />

de, falta de<br />

reciprocidade<br />

afectiva, rigidez<br />

Pert. do self:<br />

Diminuição da presença<br />

do self, deficiente<br />

perspectiva na primeira<br />

pessoa, descorporização,<br />

despersonalização,<br />

espacialização da vida<br />

mental<br />

Pert. do curso do<br />

pensamento:<br />

Bloqueio, pressão,<br />

perceptualização<br />

Perda das<br />

fronteiras do Eu: Falta de<br />

sentimento de identidade,<br />

opacidade da consciência,<br />

de<br />

Desvitalização,<br />

Solipsismo/randiosida<br />

Experiência<br />

subjectiva do fenómeno<br />

de espelho<br />

Indiferença Insegurança e<br />

ansiedade ontológicas,<br />

medo da existência,<br />

medo de dissolução<br />

Pert. formais do<br />

pensamento:<br />

Discurso vago,<br />

descarrilamento,Me<br />

tonímia<br />

Outros Sinais<br />

Comportamento<br />

empolado, com<br />

maneirismos<br />

Perturbações da<br />

atenção e da percepção<br />

(auditivas e visuais).<br />

Sensações corporais<br />

anómalas.<br />

Negativismo,<br />

antagonismo,<br />

excentricidade<br />

Autismo Alteração da<br />

temporalidade<br />

Fenómeno<br />

do Espelho<br />

1.1.4 Quadro 2: Neuroanatomia funcional dos síndromas esquizofrénicos<br />

Resumido de (Goghari, V. M. et al. 2010)<br />

Região cerebral afectada Síndroma Esquizofrénico<br />

Alterações do<br />

embodiament<br />

Alterações da<br />

inter-subjectividade<br />

Isolamento<br />

social, desapego,<br />

ansiedade social<br />

Comportam<br />

ento<br />

desapropriado<br />

ou bizarro


C. Frontal Dorsal lateral Desorganização<br />

Não está relacionada com os sintomas negativos<br />

C. Frontal Ventral lateral Sintomas negativos<br />

Alogia, embotamento afectivo, autismo<br />

C. Frontal Mediano Sintomas Positivos, paranóia<br />

Alterações da cognição social<br />

C. Temporal Alucinações<br />

Amígdala, Hipocampo e<br />

Alterações cognitivas da linguagem<br />

Síndroma paranóide persecutório<br />

parahipocampo<br />

Estriado ventral<br />

Percepção errada/aumentada de perigo<br />

Sintomas negativos<br />

Anedonia, desmotivação<br />

1.1.5 Quadro 5: Relação entre a descrição de <strong>Bleuler</strong> e uma escala clínica de alterações<br />

da linguagem<br />

Sintomas descritos (<strong>Eugen</strong> <strong>Bleuler</strong>, 1911) Itens da Escala CLANG (Ceccherini-Nelli, A. and Crow, T<br />

2003)<br />

Ausência de finalidade do pensamento 6. Discourse failure (loss of overall goal)<br />

Condensação<br />

Pensamento dissociativo/incoerente<br />

5. Referential failures (unclear links)<br />

2. Abnormal syntax (abnormal grammar structure)<br />

3. Excess syntactic constraints (excessive grammar)<br />

16. Neologisms<br />

17. Paraphasic error (substitution by imprecisewords)<br />

<strong>As</strong>sociações por assonância 1. Excess phonetic association (sound-based associations)<br />

<strong>As</strong>sociações indirectas 4. Lack of semantic association (loss of semantic relationship<br />

Tendência para a estereotipagem 7. Excess details<br />

8. Lack of details<br />

9. Aprosodic speech (flat,monotonous speech<br />

Desinteresse / isolamento activo 11. Pragmatic disorder (defective knowledge of the world)<br />

Bloqueio do pensamento<br />

Ecolália, Ecopraxia


14. Poverty of speech<br />

15. Pressure of speech<br />

1.1.6 Quadro 3: Conceito e de esquizofrenia e suas fronteiras<br />

(Adaptado de Nancy C. Andreasen 1998)<br />

Conceito de Esquizofrenia<br />

Psicose invariavelmente presente<br />

Cronicidade estabelecida<br />

Evidência de deterioração<br />

Exclusão de características afectivas<br />

Exclusão de características “orgânicas”<br />

Fronteiras: Psicoses<br />

Outras psicoses relacionadas com a esquizofrenia<br />

Pert. Esquizomorfa (mesma definição, duração < 6 meses)<br />

Pert. Delirante (sem deterioração)<br />

Psicose breve reactiva (factor precipitante, duração breve)<br />

10. Abnormal prosody (bizarre quality of voice)<br />

12. Dysfluency (abnormal rhythm)<br />

13. Dysarthria (articulation difficulties)<br />

Pert. Esquizoafectiva (persistência dos sintomas psicóticos sem os sintomas afectivos)<br />

Outras psicoses relacionadas com as doenças Afectivas<br />

Psicose Maníaca ou depressiva com incongruência do humor<br />

Psicose Maníaca ou depressaiva com humor congruente<br />

Fronteiras: Não Psicoses<br />

Do espectro Esquizofrénico


Personalidade esquizofreniforme<br />

Personalidade paranóide<br />

Personalidade esquizóide<br />

Do espectro Afectivo<br />

Pesonalidade Borderline<br />

Ciclotimia<br />

Distimia<br />

1.1.7 Figura 1: Insula (Córtex Insular ou Lóbulo da Insula)<br />

Figura adaptada de http://www.auladeanatomia.com/neurologia/insula.jpg<br />

1.1.8 Gráfico 1: Crescimento das publicações sobre esquizofrenia nos últimos 25<br />

anos<br />

(pesquiza PubMed)


Número de referências<br />

22000<br />

20000<br />

18000<br />

16000<br />

14000<br />

12000<br />

10000<br />

8000<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

0<br />

7162<br />

artigos<br />

revisões<br />

Crescimento (~ 40% de 5/5 anos)<br />

8722<br />

11101<br />

14668<br />

20670<br />

1985-1989 1990-1994 1995-1999 2000-2004 2005-2009 2010-2011<br />

Publicados entre<br />

9806

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