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Episcopa<strong>do</strong> e pregação no Portugal Moderno: formas de actuação e de vigilância<br />

o Cristo da Paixão, no centro da sua pregação, e a não a comporem «de perio<strong>do</strong>s<br />

artificiosos e affectadas clausulas, que fazen<strong>do</strong> consonancia aos ouvi<strong>do</strong>s, não<br />

penetrão os corações, mas de razões vivas e eficazes fundadas na Scriptura Sagrada<br />

e autoridades <strong>do</strong>s Santos Padres, que alumean<strong>do</strong> os entendimentos e excitan<strong>do</strong><br />

as vontades para o bem, movem os ouvintes aos gemi<strong>do</strong>s, ao arrependimento<br />

<strong>do</strong>s pecca<strong>do</strong>s, ao odio <strong>do</strong>s vicios, à pratica e exercicio da virtudes, argoin<strong>do</strong><br />

humas vezes, rogan<strong>do</strong> outras, e outras reprehenden<strong>do</strong> com toda a prudencia<br />

e <strong>do</strong>utrina conforme o ditame <strong>do</strong> Apostolo» 105 . No fun<strong>do</strong>, um programa bem<br />

semelhante ao que D. frei Bartolomeu <strong>do</strong>s Mártires propusera, como se viu, ou<br />

que Carlo Borromeu praticara em Milão 106 . Anos depois, em 13 de Agosto de<br />

1751, em nova pastoral na qual aborda matéria da pregação, exorta a que esta<br />

seja utilizada como instrumento de preparação <strong>do</strong>s fiéis para a boa recepção <strong>do</strong>s<br />

sacramentos da confissão e da comunhão 107 .<br />

Os códigos de pregação, não se duvide, também foram marca<strong>do</strong>s pelas<br />

directivas episcopais, aspecto ao qual não tem si<strong>do</strong> conferi<strong>do</strong> o devi<strong>do</strong> realce na<br />

produção histórica.<br />

4. Vigiar e castigar prega<strong>do</strong>res insubmissos<br />

Na mais recente síntese sobre a aplicação da reforma católica em Portugal,<br />

Federico Palomo, ao abordar o tópico da pregação, pertinentemente sublinhou<br />

como, neste <strong>do</strong>mínio, as medidas tomadas pelo episcopa<strong>do</strong> visaram, por um la<strong>do</strong>,<br />

reforçar os dispositivos de vigilância sobre os prega<strong>do</strong>res e suas competências, e<br />

por outro (como se tem também demonstra<strong>do</strong> no presente estu<strong>do</strong>) assegurar que<br />

nas igrejas paroquiais os párocos pregassem durante as homilias, <strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-os de<br />

instrumentos que os auxiliassem nesta tarefa108 .<br />

A vigilância da actuação <strong>do</strong>s prega<strong>do</strong>res por parte <strong>do</strong>s bispos, tal como a<br />

afirmação da importância da sua pregação pessoal, estiveram no centro das<br />

decisões tomadas pelos conciliares tridentinos em matéria de pregação. Os decretos,<br />

de facto, determinaram competir aos prela<strong>do</strong>s inspeccionar se os párocos<br />

105 Cf. AUC, Livro de pastorais da igreja de Santa Justa (1690-1741), III/D, 1, 3, 5, 238, fl. 37-37v. Para uma<br />

análise mais ampla da pastoral <strong>do</strong> bispo ver Manuel Augusto RODRIGUES, As preocupações apostólicas<br />

de D. Miguel da Anunciação à luz das suas cartas pastorais, in Separata das Actas <strong>do</strong> Colóquio “A mulher<br />

na sociedade portuguesa”, Coimbra, [s.n.], 1985 e João E. Pimentel LAVRADOR, Pensamento teológico<br />

de D. Miguel da Anunciação. Bispo de Coimbra (1741-1779) e renova<strong>do</strong>r da diocese, Coimbra, Gráfica de<br />

Coimbra, 1995.<br />

106 Para uma análise mais detalhada <strong>do</strong> modelo <strong>do</strong> sermão pratica<strong>do</strong> por Borromeu ver Samuele GIOMBI,<br />

La predicazione..., art. cit., 75-77.<br />

107 Ver João E. Pimentel LAVRADOR, Pensamento teológico, 188-189.<br />

108 Ver Federico PALOMO, A contra-reforma em Portugal, ed. cit., 78. A mesma proposta, um pouco mais<br />

desenvolvida em Federico PALOMO, Fazer <strong>do</strong>s campos escolas excelentes. Os jesuítas de Évora e as missões<br />

<strong>do</strong> interior em Portugal (1551-1630), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação para a Ciência<br />

e a Tecnologia, 2004, 293-298.<br />

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