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John Wesley: O Evangelista

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Rev.Richard<br />

Green<br />

<strong>John</strong><strong>Wesley</strong> ,<br />

o<br />

<strong>Evangelista</strong><br />

Copyright © 1993-2005. The <strong>Wesley</strong> Center for Applied Theology.<br />

Tradução: Izilda Bella<br />

1


PARTE I – A PREPARAÇÃO<br />

CAPÍTULO I<br />

Ancestrais em Epworth – Nascimento – Lar.<br />

O nome <strong>Wesley</strong> está inseparavelmente unido, por todo o<br />

futuro, com aquele daquela pequena cidade de Epworth, na ilha de<br />

Axholme, North Lincolnshire. [Axholme, ou Axelholme; em Saxão,<br />

Eaxelholme]. Agora, no entanto, é necessário passar da região<br />

nordeste da Inglaterra, para a sudeste. As pesquisas na história<br />

familiar, feitas, por ordem do primeiro Conde de Mornington, revelam<br />

o fato de que a família <strong>Wesley</strong> (Westley, Wellesley) teve sua origem<br />

situada em Wilswe, ou Welswe, perto de Wells (Poços), Somerset. A<br />

genealogia foi traçada muito atrás, em Guy, que era um Lorde feudal,<br />

por Athelstan, ano de 938. O tataraneto de Guy foi Walrond de<br />

Welswey, e o neto deste último, Roger de Wellesley. [Tem-se<br />

sugerido que essas variações obedecem estritamente às probabilidades<br />

etimológicas do caso. Wilswe, ou Welswe, significa o caminho da<br />

nascente (poço) -- Wils ou Wels, o genitivo contraído – e nós (we)<br />

(para weg) o nome assim modificado. Pode-se, então, inferir que a<br />

casa era sobre o caminho para a bem-conhecida fonte – talvez, uma<br />

das fontes das quais Wells tira seu nome. Na sexta geração, o nome<br />

muda para o familiar Wellesley (well = welle, e leye = land (terra) —<br />

nossa terra, quando quer dizer meadow (campina). Assim, nós não<br />

temos mais o caminho da fonte/poço (way of well), mas o lugar da<br />

fonte (land of the well), e nós podemos inferir, tanto da transferência<br />

para o estado em que a famosa fonte estava situada, quanto daquela do<br />

domínio familiar, agora incluindo a verdadeira localidade do poço. O<br />

ramo irlandês da família, depois de alternar os dois nomes familiares<br />

(mais estritamente sobrenomes, agora), eventualmente adotou<br />

"Wellesley", enquanto o outro, o ramo mais antigo, do qual a família<br />

2


Epworth descendia, adotou <strong>Wesley</strong> — de maneira variada, soletrada,<br />

Westley, Wesly, e <strong>Wesley</strong>. A linha familiar mais antiga de<br />

descendentes tornou-se Wellesley-<strong>Wesley</strong>. — [Veja Proceedings of<br />

the <strong>Wesley</strong> Historical Society, vol. I, p. 67.]<br />

Um dos ramos da família é traçado do Sir Richard de<br />

Wellesley, do qual o Marquês de Wellesley, Governador Geral da<br />

Índia, e seu irmão, Arthur, Duque de Wellingyon, descenderam. O<br />

irmão mais velho do Sir Richard, Walrond de Wellesley, segundo<br />

Barão Norragh, tornou-se a origem de outros ramos. Ele substituiu a<br />

família na propriedade, Wellesley Manor, co. Somerset. Seu filho<br />

Gerald, o terceiro Barão, por ter ofendido o rei Henrique IV, foi<br />

destituído de seu título. O filho e herdeiro de Gerald, Arthur, levou o<br />

nome de Westley; mas seu filho Hugh, que era cavaleiro, retomou o<br />

nome Wellesley. O neto do Sir Hugh, Walter, usou novamente o nome<br />

<strong>Wesley</strong> ou Westley. O filho de Walter, Sir Herbert <strong>Wesley</strong>, ou<br />

Westley, de Westleigh, co. Devon casou-se com Elizabeth, filha de<br />

Robert de Wellesley, de Dangan Castle, Irlanda, de maneira que em<br />

seu filho, Bartholomew, nascido em 1596, esses dois ramos de família<br />

foram unidos; seu pai representando a descendência original, e sua<br />

mãe, o ramo Wellesley daquela descendência. Conseqüentemente,<br />

deriva-se o ramo Epworth da família. Bartholomew casou-se com a<br />

filha de Sir Henry Colley, de Carbery Castle; e o filho deles, <strong>John</strong><br />

Westley, [Muitos detalhes interessantes a respeito de Bartholomew, e<br />

seu filho, <strong>John</strong> Westley, estão coletados em The Fathers of the <strong>Wesley</strong><br />

Family, de William Beal. 2nd ed. Londres, 1862; Memoirs of the<br />

<strong>Wesley</strong> Family, de Adam Clarke. 2nd ed. Dois volumes, Londres.<br />

Tegg; e as pesquisas subseqüentes de G. J. Stevenson, no Memorials<br />

of the <strong>Wesley</strong> Family. Londres, Partridge, 1876.], que se casou com a<br />

filha do célebre Puritano, <strong>John</strong> White, conhecido como o Patriarca de<br />

Dorchester, foi o pai de Samuel de Epworth, que foi o pai de <strong>Wesley</strong>.<br />

A mãe de <strong>Wesley</strong> era Susanna, filha do Rev. Samuel Annesley,<br />

segundo filho de Francis Annesley, Visconde de Valentia, cujo filho<br />

mais velho, Arthur, era Conde de Anglesea. A mãe de Susanna era<br />

filha do outro <strong>John</strong> White, um distinto Puritano, advogado, em<br />

3


Londres. Da vida anterior de Bartholomew Westley, muito pouco é<br />

conhecido. Nenhum registro familiar foi preservado, para nos<br />

informar onde ele nasceu, ou como seus primeiros dias foram<br />

passados. Mas fomos informados que ele foi enviado, ainda jovem<br />

para uma das Universidades; que ele era diligente nos estudos, que<br />

incluíam, Física e Teologia; e que como clérigo, ele se distinguia pela<br />

simplicidade de discurso, de maneira que não era um pregador popular<br />

para aqueles que buscavam mais por palavras adornadas do que por<br />

verdades importantes. [Calamy]. Ele viveu por algum tempo em<br />

Bridport, e, certamente pregou em Allington, um subúrbio daquela<br />

cidade [o púlpito que ele usou está ainda preservado na escola<br />

<strong>Wesley</strong>ana em Bridgport]; depois do que ele, conseguiu os benefícios<br />

de Charmouth e Catherston, vilarejos no sudoeste de Dorset, do qual<br />

foi expulso, até mesmo antes da passagem do Ato de Uniformidade,<br />

em 1662. Acredita-se que ele, então, tornou-se um pregador itinerante,<br />

em Bridport, Lyme, Charmouth, Netherbury, Beaminster, etc. Ele<br />

também praticava medicina, porque foi preparado, através de seu<br />

treinamento universitário. Ele residiu, por algum tempo, em<br />

Charmouth, até que o Ato Five Mile (1665] o expulsou. Seus últimos<br />

anos foram em reclusão, provavelmente em Lyme, onde ele transferiu<br />

suas terras para seu filho, então, vigário de Winterbourne-Whitchurch.<br />

Ele morreu por volta de oitenta e cinco anos, mas o exato momento e<br />

local de seu funeral eram, até recentemente, desconhecidos. Fomos<br />

informados que sua morte (que foi provavelmente apressada pela<br />

morte prematura de seu filho, <strong>John</strong> Westley) aconteceu em Lyme<br />

Regis, no ano de 1670; e que ele foi enterrado lá em 15 de Fevereiro<br />

daquele ano, "em um bonito cemitério da igreja, cercado pelo mar –<br />

quase dentro da vista de 'Whitechapel Rocks', e da moradia isolada,<br />

onde ele e seus paroquianos perseguidos se encontravam, durante os<br />

tempos turbulentos que se seguiram a Restauração". [Broadley, <strong>John</strong><br />

<strong>Wesley</strong> and his Dorset Forbears].<br />

O ato Five Mile, 1665, foi uma das leis penais inglesas que<br />

buscava obrigar à conformidade com a Igreja Estabelecida da<br />

Inglaterra. Ela proibia o clérigo de viver cinco milhas (8 Km) de uma<br />

paróquia, que eles haviam excomungado, exceto se eles jurassem<br />

4


nunca resistir ao rei, ou tentasse reformar o governo da Igreja ou do<br />

Estado.<br />

<strong>John</strong>, o filho de Bartholomew Westley, nasceu, talvez, em<br />

Bridport, por volta do ano de 1636. Sua primeira educação,<br />

provavelmente foi obtida na Escola de Gramática de Dorchester, mais<br />

tarde, ele entrou na New Hall, Oxford, onde ele teve um considerável<br />

progresso em Línguas Orientais. Ele conseguiu seu grau de Mestre, e,<br />

por conta de sua seriedade, habilidade e progresso, ganhou a atenção<br />

especial do Vice-Chanceler, Dr. <strong>John</strong> Owen, capelão de Cromwell. Ao<br />

deixar Oxford, ele se reuniu em uma igreja "associada", e foi<br />

designado como evangelista ou missionário, e pregou em Melcombe,<br />

Radipole, e outros lugares em Dorset. Ele nunca foi ordenado pelo<br />

bispo. Em 1658, tornou-se Vigário de Winterbourne-Whitchurch,<br />

sendo aprovado pelo "examinador" de Cromwell, e apontado para o<br />

benefício, pelos curadores. Logo depois, casou-se com a sobrinha de<br />

Thomas Fuller, filha de <strong>John</strong> White, que foi uma figura notável na<br />

Assembléia dos Clérigos, em Westminster. Westley deixou de lado a<br />

Liturgia, e introduziu a forma de adoração Presbiteriana, ou<br />

Independente. Uma conversa prolongada que teve com o Bispo de<br />

Bristol está registrada no Memorial Não-conformista, e lança muito<br />

esclarecimento, com respeito à posição, caráter e pontos de vista de<br />

Westley. Sua pregação foi o meio de converter os pecadores, onde<br />

exercesse seu ministério.<br />

Esses foram tempos amargos para o clero não-conformista; as<br />

questões foram maturando para o negro dia de Bartolomeu em 1662.<br />

Espiões e informantes estavam espalhados, e <strong>John</strong> Westley (ou<br />

<strong>Wesley</strong>, como ele algumas vezes assinava seu nome) foi uma vítima.<br />

Artigos levianos foram esboçados contra ele, e ele foi encarcerado por<br />

mais de cinco meses. Logo no início de 1662, ele também foi preso,<br />

quando saía da igreja, e depois de um tempo, solto novamente.<br />

Aconteceu em um mês, desde 24 de Agosto, quando ele e dois mil<br />

mais foram expulsos de suas igrejas e casas. Logo depois, seu filho<br />

Samuel nasceu. No início do ano, ele foi removido para Melcombe;<br />

mas logo saiu da cidade e uma multa de 20 libras foi imposta sobre<br />

5


sua senhoria, e cinco xelins, por semana, sobre si mesmo. Como um<br />

fugitivo, sem lar, ele visitou Ilminster, Bridgewater, e Taunton, onde<br />

pregou quase todos os dias, tratado com grande delicadeza pelos<br />

Presbiterianos, Independentes, e Batistas. Por algumas semanas, ele<br />

foi o cooperador entusiasta de Joseph Alleine. Pela generosidade de<br />

um desconhecido amigo, uma casa foi providenciada para ele e sua<br />

família em Preston, para a qual ele se mudou em 1663. Aqui, diversos<br />

de seus filhos nasceram. Ele ministrava, quando tinha oportunidade,<br />

em at Weymouth, e lugares na vizinhança, entretanto, logo depois de<br />

1664, ele foi impedido de pregar na vigência do Conventicle Act. Mas<br />

ele não foi totalmente silenciado; e começou a pregar em privativo,<br />

em Preston e alhures. Mais tarde, tornou-se pastor de um pequeno<br />

grupo, em Poole, com os quais continuou até sua morte, embora fosse<br />

diversas vezes capturado, e quatro vezes encarcerado. Em uma<br />

ocasião, ele foi obrigado a deixar sua esposa e família, e rebanho, e<br />

por um período considerável permaneceu escondido. Por fim, seus<br />

sofrimentos e privações, o declínio da religião espiritual, a perda de<br />

amigos, junto com a virulência crescente dos inimigos da religião, o<br />

subjugaram, e ele morreu com trinta e três ou trinta e quatro anos, por<br />

volta do ano de 1670.<br />

Ato Conventicle de 1664, Charles II, foi um Estatuto Inglês<br />

que proibia as assembléias religiosas de mais de cinco pessoas, sem o<br />

patrocínio da Igreja da Inglaterra. O objetivo desta lei, parte do projeto<br />

de Edward Hyde, primeiro Conde de Clarendon, era desencorajar o<br />

Não-conformismo, e fortalecer a posição da Igreja Estabelecida.<br />

Samuel <strong>Wesley</strong> nasceu em Winterbourne-Whirchurch, em<br />

Dezembro de 1662. [a seguinte entrada é tomada do velho registro<br />

paroquial – "1661 – Samuel Wesly, o filho de <strong>John</strong> Wesly, foi batizado<br />

em 17 de Dezembro]". Ele recebeu sua educação na Dorchester Free<br />

School, onde permaneceu até os seus quinze anos de idade. Com sua<br />

mãe viúva, naquela época muito pobre, ele foi enviado, através da<br />

delicadeza de amigos Dissidentes, para uma academia em Stepney, na<br />

esperança de que entrasse para o Ministério Dissidente. Aqui ele<br />

permaneceu dois anos, quando ele diz, que foi um diletante na poesia<br />

6


e partidarismo; e, encorajado por alguns dos ministros Dissidentes,<br />

escreveu "Tolas sátiras dobram a Igreja e Estado". Ele progrediu no<br />

aprendizado clássico, e teve a vantagem de atender ao ministério de<br />

Charnock, e outros ministérios populares do dia; ele uma vez ouviu "o<br />

amigo Bunyan".<br />

Comprometido a responder a algumas criticas severas, escritas<br />

contra os Dissidentes, ele matriculou-se em um curso de redação, que<br />

o levou a mudar seus pontos de vista, e, em conseqüência, a sua<br />

vinculação à Igreja Estabelecida. Encorajado pela oferta de uma bolsa<br />

de estudos de 10 libras, ele decidiu ir para Oxford. Assim sendo, ele<br />

partiu cedo uma manhã, "a pé" todo o caminho. Ele se inscreveu como<br />

um criado do Exeter College, sustentando-se por cinco anos, obteve<br />

seu grau, e mudou-se para Londres, onde foi ordenado diácono, em 7<br />

de Agosto de 1688. Ele obteve um curato, com uma renda de 18<br />

libras, e, mais tarde, uma capelaria a bordo de um navio-de-guerra,<br />

onde começou seu poema sobre A Vida de Cristo.<br />

Ele, então, obteve outro curato, e logo depois, casou-se, como<br />

foi falado acima, com Susanna, filha do Dr. Annesley, uma seguidora<br />

do clérigo Não-conformista, em cuja casa, ele com outros sinceros<br />

estudantes encontraram freqüentemente boas-vindas. Em 1691, ele foi<br />

designado para a paróquia de South Ormesby, com uma renda de 50<br />

libras e uma casa – "uma choupana simples composta de junco e<br />

barro". Aqui ele passou perto de seis dos melhores anos de sua vida, e<br />

escreveu algumas das mais qualificadas obras, e aqui cinco de seus<br />

filhos nasceram. Por volta do ano de 1696 ou 1697, ele se mudou com<br />

sua esposa e família para Epworth, onde o interesse especial da<br />

história familiar começa.<br />

Samuel <strong>Wesley</strong> era cuidadoso na observação de suas<br />

obrigações como sacerdote paroquiano; versado, sábio, devotado a seu<br />

livro e sua pena, um estudante apaixonado pela Escrituras, em suas<br />

Línguas originais, um escritor de grandes volumes, em prosa e verso;<br />

um homem ativo, atarefado, borbulhante; com sagacidade, e<br />

habilidade; um trabalhador vivaz e incansável, sabendo pouco do<br />

7


descanso, e nada da auto-indulgência – qualidades que foram, mais<br />

tarde, altamente desenvolvidas em seu filho. Seus talentos e erudição<br />

logo lhe trouxeram notoriedade, e ele se ocupou com os assuntos da<br />

Igreja, e pela compulsão, deu atenção aos assuntos de trabalho, para os<br />

quais ele não era especialmente adequado; isto conduzindo, algumas<br />

vezes, a uma não pequena interrupção do conforto familiar. Ele<br />

usualmente atendeu às reuniões de Convocação, mantendo tal<br />

atendimento como parte de sua obrigação. Isto ele executou com gasto<br />

de dinheiro que ele mal pode gastar para as necessidades de uma<br />

família tão grande, e a um preço do tempo, que era injurioso para sua<br />

paróquia. Mas foi um homem de integridade irrepreensível, de<br />

sensibilidade moral elevada, e muito firme em seu ater-se a princípio.<br />

Seus esforços com a pobreza, e suas dificuldades, em meio aos seus<br />

rudes paroquianos, junto com muitos fatos interessantes na história<br />

familiar, é contada com alguma minúcia em Life and Times of Samuel<br />

<strong>Wesley</strong>, de Tyerman.<br />

Dos ancestrais de Susana <strong>Wesley</strong>, seu biógrafo diz [A mãe dos<br />

<strong>Wesley</strong>s. Pelo Rev. Rev. <strong>John</strong> Kirk. 5th ed., Londres, Jarrold, 1868]<br />

que alguns deles, como vimos, poderiam vangloriar-se do sangue<br />

aristocrata, e ocasionalmente desfrutar de importantes posições em<br />

Commonwealth; enquanto outros podiam se regozijar de uma mais<br />

importante nobreza espiritual. Seu pai foi "Samuel, o filho de <strong>John</strong><br />

Anslye", provavelmente da paróquia de Haseley, em Warwickshire,<br />

em cuja paróquia, o jovem Annesley foi batizado em Março de 1620.<br />

Ele foi sério, desde seus primeiros anos de vida; diligente leitor das<br />

Escrituras Sagradas, e, durante seu curso colegial em Oxford, notável<br />

por seu temperamento e esforço. Em seu primeiro serviço eclesiástico,<br />

na paróquia de Cliffe, em Kent, seus paroquianos, mais aficionados da<br />

desordem e bebedeira do que da sobriedade e religião, o saudavam<br />

com "cuspe, facas, e pedras", e, muitas vezes, ameaçavam sua vida.<br />

"Usem-me como vocês desejarem", disse o corajoso jovem pároco:<br />

"Eu estou decidido a continuar com vocês, até que Deus tenha<br />

adequado vocês, através do meu ministério, para receberem melhor.<br />

Então, quando vocês estiverem assim preparados, eu os deixarei".<br />

Quando ele os deixou, foi em meio a lágrimas e gritos deles, e<br />

8


milhares de outros sinais de amor fraternal. Ele, mais tarde, tornou-se<br />

Vigário de Cripplegate, onde permaneceu, até que dividiu a sorte com<br />

seu camarada Não-conformista em 1662. Nos dez anos seguintes, ele<br />

parece viver na obscuridade, "seu Não-conformismo cria muitos<br />

problemas exteriores para ele, mas nenhuma inquietação interior".<br />

Beneficiado pela Declaração de Indulgência, em 1672, ele licenciou<br />

uma casa de pregação na Igreja Little St. Helen, Bishopsgate Street,<br />

onde reuniu uma igreja grande e notável, para a qual amorosamente<br />

ministrou por vinte e cinco anos. Ele foi abençoado com uma<br />

constituição forte."Os dias de 'neve rigorosa', e vento congelante, o<br />

encontravam em seu estúdio no alto da casa, com as janelas abertas e<br />

a grelha vazia". Ele era equilibrado, em todas as coisas; usava de<br />

nenhum estimulante, e podia suportar qualquer montante de ativo<br />

exercício e trabalho árduo, pregando duas, ou três vezes, todos os dias<br />

da semana, sem qualquer sensação de fraqueza.<br />

Ele morreu em 16 de Dezembro de 1696, e foi enterrado na<br />

Igreja de St. Leonard, Shoreditch. No seu sermão fúnebre, foi dito que<br />

"nele a Igreja perdeu um pilar, a nação, um lutador com Deus, o<br />

pobre, um benfeitor, seu povo, um fiel pastor, seus filhos, um terno<br />

pai, e o ministério, um exemplar colaborador".<br />

Durante sua residência em Cliffe, ele se casou com a filha de<br />

<strong>John</strong> White, "uma distinta advogada", uma Puritana desde sua<br />

juventude, muito decidida e ativa em seus princípios religiosos e nas<br />

controvérsias eclesiásticas daquele tempo. Ele foi membro da<br />

Assembléia dos Clérigos de Westminster. A Sra. Annesley, conforme<br />

se sabe, tinha um entendimento superior, uma sincera e consistente<br />

devoção. Ela não poupava esforços no se empenhar para promover o<br />

bem-estar religioso de numerosas crianças. Susanna foi a filha mais<br />

jovem, dentre as "duas dúzias", nascidas deste honrado casal. O Sr.<br />

Kirk julga que aquelas grandes qualidades de caráter, tão admiradas<br />

em Susana <strong>Wesley</strong>, foram herdadas de sua mãe, e que a ordenação da<br />

santa família na residência paroquial em Epworth foi uma imitação<br />

daquela que preponderava na casa do ministro Não-conformista, sob o<br />

cuidado da própria mãe de Susanna <strong>Wesley</strong>.<br />

9


Se existe alguma virtude em uma linhagem que combine saber,<br />

respeitabilidade, e santidade, de ambos os lados, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> pode<br />

certamente pretender uma nobreza verdadeira de descendência. Ele<br />

vem de um povo que tinha uma história mental e espiritual. É<br />

impossível marcar esses pormenores no registro familiar, sem ficar<br />

impressionado com a providência singular que trouxe junto, através de<br />

sucessivas gerações, os muitos elementos de caráter que eram<br />

necessários para alguém que fosse um agente preparado pela graça<br />

Divina, em tão grande obra, como aquela para o qual <strong>Wesley</strong> foi<br />

chamado. Seus ancestrais não eram ancestrais comuns; porque ele não<br />

era um homem comum. Ele herdou a tenacidade familiar e o<br />

temperamento devocional do Puritano. Um treinamento difícil que<br />

desenvolveu nele grandes poderes de persistência, a disciplina<br />

espiritual que o conduziu a tão profunda reverência pelas coisas<br />

sagradas, o ensino da pobreza que deu a ele uma consciência da<br />

independência da riqueza, e da superioridade de suas reivindicações,<br />

não eram desconhecidas por muitos de seus ancestrais. Além disto, a<br />

perseguição e sofrimento, por causa dos grandes princípios, que<br />

muitos deles suportaram, e incrustaram tão firmemente em suas<br />

mentes, ele compartilhou. Na cultura mental que deu tanta rapidez, no<br />

adquirir conhecimento, e no poder de retê-lo; no desenvolvimento das<br />

faculdades poéticas e musicais, que nesta família obtiveram tão alto<br />

grau de perfeição; e na facilidade de falar em público, que sucessivos<br />

indivíduos manifestaram, e que culminou nos extraordinários poderes<br />

de seu exemplo final – em todos esses, nós assinalamos características<br />

distintas que formaram as especiais qualificações de <strong>Wesley</strong> em sua<br />

notável carreira.<br />

O que se pode dizer de Susanna <strong>Wesley</strong>, ela que se encontra no<br />

mesmo nível das mais célebres mães que a história evoca? Nós<br />

aprendemos que ela, muito cedo, se devotou à leitura – primeiro, "dos<br />

bons livros", que ela reconheceu, como em meio às misericórdias de<br />

sua infância, e, então, uma aventura destemida, junto às águas<br />

turbulentas das controvérsias teológicas do dia, quando ela quase<br />

naufragou de sua fé, na rocha do Socianismo, do qual foi resgatada<br />

10


pelo "religioso ortodoxo", que, mais tarde, tornou-se seu marido. Por<br />

quais meios ela, educada entre os Dissidentes, foi conduzida a ligar-se<br />

à Igreja da Inglaterra, nós saberíamos, não tivesse o fogo que destruiu<br />

a casa pastoral de Epworth, também ocasionado um manuscrito<br />

contendo "um relato de toda transação, em que", diz ela, "eu inclui o<br />

principal da controvérsia entre os Dissidentes e a Igreja Estabelecida,<br />

até onde isto chegou ao meu conhecimento". Sua atitude no escrever é<br />

mostrada em suas excelentes cartas para seus filhos, e nos papéis<br />

preparados por ela, para uso na instrução deles. [Veja Stevenson's<br />

Memorials of the <strong>Wesley</strong> Family; The Proceedings of the <strong>Wesley</strong><br />

Historical Society, vol. I.; e Clarke's <strong>Wesley</strong> Family, vol. Ii., no qual<br />

aparece seu próprio relato de seu método de treinar seus filhos e<br />

governar sua casa, contida em uma carta para seu filho, <strong>John</strong>, datada<br />

de 24 de Julho de 1732]. Essas são dissertações sobre o Credo, os Dez<br />

Mandamentos, obediência à Lei de Deus, a Existência e as perfeições<br />

de Deus, e uma exposição dos princípios Revelados da Religião.<br />

Ela foi uma mulher admirável, de grande aperfeiçoamento de<br />

mente, e um forte e viril entendimento; uma esposa obediente, uma<br />

mãe exemplar, uma cristã fervorosa [Southey]. Sua perfeita<br />

administração de sua numerosa família, sua paciência constante em<br />

incomodar a miséria, sua coragem inflexível, em meio à preocupação<br />

e perigo, sua profunda preocupação com o bem-estar espiritual de seus<br />

paroquianos, sua devoção capaz, mas de certa forma, errático marido,<br />

"sua regularidade, firmeza de propósito, autoridade calma, e terna<br />

afeição" [Rigg], encontra ampla ilustração nas numerosas referências<br />

a ela que são encontradas nas várias memórias de <strong>Wesley</strong>, mais<br />

especificamente na Life do Rev. <strong>John</strong> Kirk. Mas é sua maravilhosa<br />

habilidade no treinamento de seus filhos, especialmente no seu<br />

relacionar-se com o futuro de seu ilustre filho, que pretende atenção<br />

aqui.<br />

Os filhos naquela casa paroquial estavam sujeitos a uma suave,<br />

terna e amorosa, se inflexível, regra. A Sra. <strong>Wesley</strong> teve infatigáveis<br />

dores com sua numerosa prole.<br />

11


Devemos banir todas as noções de aspereza, precipitação, ou<br />

irritabilidade de temperamento, nesta graciosa mulher. Calma, gentil,<br />

firme, e amorosamente, ela moldou o espírito plástico de cada filho.<br />

No observar as primeiras germinações da atividade inteligente, ela<br />

previamente usava de sua orientação gentil, sem esperar que o habito<br />

se formasse, e, então, com severidade o corrigia. A regra, se inflexível,<br />

não era imposta asperamente. Seu biógrafo diz: "Todos os seus<br />

comandos foram agradáveis como maçãs de ouro em cestas de prata".<br />

A guia e mestra daqueles pequeninos, e jovens em desenvolvimento,<br />

era sua melhor, mais amorosa, e amada amiga – uma sábia, doce, e<br />

piedosa mulher. Eles não foram deixados ao cuidado de servos<br />

ignorantes ou rabugentos, ou professores desinteressados. Ela, com a<br />

ajuda de seu marido, era a professora deles, até que, sob seus olhos, o<br />

mais velho fosse capaz de dar instrução ao mais jovem. Sua família<br />

era governada pela lei, e ela era a legisladora, mas a lei em sua boca<br />

era a lei da delicadeza. A instrução e treinamento de seus filhos foram<br />

conseqüência de seu próprio treinamento: sua disciplina seguiu sua<br />

própria autodisciplina. À luz dos costumes modernos, o tempo para<br />

recreação pode parecer ter sido curto, quando lembramos a regra pela<br />

qual ela regulou suas próprias horas de lazer, na tenra vida, para nunca<br />

gastar mais tempo em qualquer recreação em um dia, do que ela passa<br />

em obrigações religiosas, em particular. Não se trata de um<br />

regulamento tão mal, como pode parecer a primeira vista, porque ela<br />

separou, pelo menos, uma hora da manhã e uma à tarde, para tais<br />

obrigações. "O quarto das crianças, o pátio e terreno adjacente, no<br />

entanto, ocasionalmente se tornaram cenários de grande alegria e<br />

brincadeira". [Kirk].<br />

Foi nesta família, no dia 17 de um mês ensolarado de Junho, de<br />

1703, que a décima-primeira criança, e quarto filho, de dezenove<br />

crianças de Samuel e Susanna <strong>Wesley</strong>, nasceu na residência paroquial<br />

de Epworth; e algumas horas depois de seu nascimento, de tão fraco,<br />

foi batizado por seu pai. O bebê foi chamado <strong>John</strong> Benjamim, depois<br />

da morte de duas crianças, que respectivamente levavam esses nomes.<br />

["Eu ouvi dele (<strong>Wesley</strong>), que ele foi batizado pelo nome de <strong>John</strong><br />

Benjamim; que sua mãe enterrou dois filhos, um chamado <strong>John</strong> e<br />

12


outro Benjamim, e que ela uniu seus nomes nele. Mas ele nunca usou<br />

o segundo nome"]. Crowther's Methodist Memorial, 1810, p. 5. Isto<br />

está de acordo com a tradição familiar. O ultimo nome nunca foi<br />

usado, quer por <strong>Wesley</strong>, ou pela família. O pequeno "Jacky" teve o<br />

treinamento comum a todos os filhos daquela casa. Seu sono na<br />

infância era medido – Três horas de manhã, e três à tarde,<br />

gradualmente diminuído, até que ele não precisasse dormir durante o<br />

dia. No encerramento do seu primeiro ano, ele havia sido ensinado a<br />

"temer a vara", quer da punição ou da autoridade; e, se ele chorasse,<br />

faria isto "suavemente". Suas refeições eram estritamente reguladas,<br />

quanto ao tempo e quantidade, e ele foi ensinado, mais além, a comer<br />

tais coisas, que eram colocadas diante dele, nas três refeições diárias, e<br />

a não pedir nada entre as refeições. Tão logo pôde falar, foi-lhe<br />

ensinado a Oração do Senhor, que ele, então, repetia diariamente,<br />

manhã e noite. Ele foi instruído a falar e agir com propriedade, e<br />

nunca ser rude na palavra ou no comportamento, até mesmo, com os<br />

criados. Quando fosse chamar um irmão ou irmã, pelo nome, ele<br />

aprendeu a colocar o nome "irmão" ou "irmã", antes do nome próprio.<br />

Em seu quinto aniversário, ele como todos os outros, exceto Kezzie,<br />

aprendeu o alfabeto, e, imediatamente começou a ler as lições, no<br />

primeiro Capítulo em Gênesis. A comemoração deste aniversário era<br />

um evento notável na vida de cada criança, para o qual as devidas<br />

preparações eram feitas. "Tão logo o aniversário com suas simples<br />

festividades regularmente terminavam, o aprendizado começava de<br />

fato. No dia anterior, o novo aluno tomava seu lugar formal na salade-aula,<br />

'a casa era colocada em ordem, cada tarefa designada, e um<br />

aviso era dado de que ninguém deveria entrar na sala, das nove ao<br />

meio-dia, ou das duas às cinco da tarde. A tarefa distribuída daquelas<br />

horas era para que o novo aluno adquirisse uma mestria perfeita do<br />

alfabeto; e em todos os casos, salvo dois, o horário da tarde viu os<br />

filhos da Sra. <strong>Wesley</strong> em completa posse dos elementos de todo o<br />

aprendizado futuro". [Kirk's The Mother of the <strong>Wesley</strong>s, p. 145.]<br />

De manhã e à tarde, ele se reunia para cantar Salmos com o<br />

qual a escola começava e se encerrava; e, de acordo com a regra da<br />

casa, uma de suas irmãs mais velhas, provavelmente Kezzie, que era<br />

13


apaixonadamente afeiçoada ao garoto, lia para ele o Salmo para o dia,<br />

e um capítulo na Bíblia. Muitos têm se maravilhado em como a Sra.<br />

<strong>Wesley</strong> pôde ter sucesso em inculcar todas essas lições. Ela os<br />

ensinou. Não era dito às crianças o que fazer, e, então, a lição era<br />

inculcada a força. Ela mais do que qualquer uma tinha amor a cada<br />

filho, e gentil e amavelmente conduzia cada um no caminho do dever.<br />

As crianças aprenderam a refletir com ela a importância e a razão do<br />

dever. Em tempo algum, nós ouvimos de algum deles uma palavra de<br />

queixa, fosse contra a restrição demasiada, ou da rebeldia contra o<br />

jugo carregado na juventude. Nas mais humildes confissões de<br />

<strong>Wesley</strong>, ele nunca menciona alguma semelhança à desobediência em<br />

sua infância; não, ele observou seus primeiros anos, como sendo os<br />

melhores. Alguns padrões desta disciplina reaparecem, quando<br />

<strong>Wesley</strong> estabelece sua escola em Kingswood.<br />

Por alguns anos, os assuntos transcorreram muito bem. "Nunca<br />

as crianças estiveram em melhores condições", escreveu a feliz mãe,<br />

regozijando-se do sucesso de seus esforços; "nunca as crianças<br />

estiveram mais bem dispostas à piedade, ou em mais sujeição aos seus<br />

pais". Mas a pacífica correnteza desta história familiar foi destinada a<br />

ser mais rudemente estremecida. A fidelidade do Reitor em censurar<br />

os pecados de seu povo, e sua atividade em promover a eleição de um<br />

candidato impopular para o Parlamento, talvez, acrescentados à inveja<br />

ignóbil da família deles, tão grandemente exaltada acima deles<br />

mesmos, excitou a ira de seus rudes paroquianos, e eles atiraram fogo<br />

na casa paroquial. <strong>John</strong>, pela misericordiosa providência, escapou:<br />

"Um tição arrancado do fogo", como ele mais tarde escreveu.<br />

A Sra. <strong>Wesley</strong>, em uma carta escrita logo depois do evento,<br />

diz: "... Quando entramos no corredor, e fomos cercados pelas<br />

chamas, o Sr. <strong>Wesley</strong> [pai] se certificou que tinha deixado as chaves<br />

das portas encima da escada. Ele correu e as recuperou um minuto<br />

antes que a escada pegasse fogo. Quando abrimos a porta da rua, o<br />

forte vento nordeste dirigiu as chamas com tal violência, que ninguém<br />

pôde permanecer contra elas. Mas algumas das nossas crianças<br />

atravessam as janelas, e o restante, pela pequena porta no jardim. Eu<br />

14


não estava em condição de subir até as janelas, nem poderia alcançar<br />

a porta do jardim. Eu tentei três vezes forçar minha passagem,<br />

através da porta da rua, mas fui freqüentemente jogada para trás,<br />

pela fúria das chamas. Nesta aflição, eu implorei ao nosso abençoado<br />

Salvador por ajuda, e, então, prossegui com dificuldade em meio ao<br />

fogo, desguarnecida como eu estava, o que não me causou mais dano,<br />

do que uma pequena queimadura em minhas mãos e face. Quando o<br />

Sr. <strong>Wesley</strong> viu as outras crianças a salvo, ele ouviu uma criança no<br />

quarto chorar. Ele tentou subir as escadas, mas elas estavam em<br />

chamas, e não suportariam seu peso. Certificando-se que era<br />

impossível dar alguma ajuda, ele caiu de joelhos no granizo rústico, e<br />

recomendou a alma do filho a Deus".<br />

<strong>Wesley</strong>, em um período mais tarde suplementa este relato. Ele<br />

diz: "Eu acredito que foi no exato momento que eu acordei; porque eu<br />

não chorei como eles imaginaram, exceto mais tarde. Eu me lembro<br />

de todas as circunstâncias, tão distintamente, como se tivessem<br />

acontecido ontem. Ao ver que a sala tinha muita luz, eu chamei a<br />

criada para me pegar. Mas, como ninguém respondeu, eu coloquei<br />

minha cabeça para fora das cortinas, e vi as labaredas de fogo no<br />

alto da sala. Eu corri em direção à porta, mas não pude chegar mais<br />

longe, todo o chão do outro lado estava em chamas. Eu, então, pulei<br />

em uma caixa que estava perto da janela. Alguém no pátio me viu, e<br />

se propôs a buscar uma escada. Um outro [Sr. Rhodes --{Seu neto,<br />

um capitão aposentado em Wellington, New Zealand, preservou a<br />

tradição do nome}] respondeu: 'Não existe tempo, mas eu pensei em<br />

um outro expediente. Aqui, eu me fixarei contra a parede; levantarei<br />

um homem leve, e o colocarei em meus ombros'".<br />

"Eles assim fizeram, e ele me pegou na janela. Exatamente<br />

quando todo o telhado caiu; mas no interior da casa, ou teríamos<br />

todos sido esmagados imediatamente. Quando eles me trouxeram<br />

para dentro da casa onde meu pai estava, ele gritou: 'Venham, meus<br />

vizinhos, vamos nos ajoelhar, e dar glórias a Deus, Ele ter me dado<br />

meus oito filhos; que a casa desabe, eu já sou rico o suficiente'. No<br />

dia seguinte, quando ele estava caminhando no jardim e<br />

15


inspecionando as ruínas da casa, ele pegou parte de uma folha de sua<br />

Bíblia poliglota, em que justamente estavam escritas essas palavras<br />

legíveis: Vade; yende omnia quae habes, et attolle crucem, et sequere<br />

Me. 'Vá, vende tudo que tens; toma a tua cruz, e siga-Me'". [Works,<br />

xiii. 475-6].<br />

Mais recentemente, uma outra relíquia do fogo foi descoberta.<br />

No ano de 1832, o então Reitor, ao tentar alterar a aparência do<br />

jardim, deixou um montículo de terra para que fosse removida.<br />

Debaixo do solo foi encontrada uma quantidade de entulho, e, nele, no<br />

que pareceu ser os pés de uma velha escadaria, um pequeno quarto de<br />

Bíblica foi descoberto, encadernada em fortes papéis cartolina, e<br />

coberta com um couro denso. Ela estava muito descolorada pela água<br />

e chamuscada pelo fogo. Foi permitido ao homem que removeu o solo<br />

levar o livro embora. Mais tarde, ele foi vendido pelo seu filho a um<br />

cavalheiro, que presenteou o Didsbury College, com ele, onde está<br />

cuidadosamente preservado com os documentos comprobatórios.<br />

Ao fazer um relato do fogo para o Rev. Mr. Hoole, o Sr.<br />

<strong>Wesley</strong> assim escreve: "Embora o Sr. <strong>Wesley</strong> [pai] e eu e sete<br />

crianças pequenas estivéssemos todos desguarnecidos e expostos à<br />

inclemência do ar, em uma noite que estava tão severamente fria,<br />

como talvez, qualquer um pode se lembrar, e embora tenhamos diante<br />

dos olhos o melancólico panorama de nossa casa e bens consumidos<br />

pelas chamas, nem soubéssemos para onde ir, nem o que fazer com os<br />

pequeninos que agora choravam, tanto com o frio, e porque a neve<br />

cortava seus pés nus, como eles tinham feito antes, quanto pelo medo<br />

do fogo, ainda assim, nossas mentes estavam afetadas, tão<br />

profundamente, com a bondade de Deus, em nos preservar e a vida<br />

de nossas crianças, que, por um tempo, não refletimos sobre a<br />

condição a que ficamos reduzidos, nem o fato de não termos casa,<br />

dinheiro, alimento, ou vestimenta, nos afetou muito".<br />

Quarenta anos depois deste evento, <strong>Wesley</strong> escreve: "Nós<br />

tivemos uma confortável noite de vigília na capela. Por volta das onze<br />

horas, veio à minha mente que este era o mesmo dia e hora em que, a<br />

16


quarenta anos atrás, eu fui arrancado das chamas. Eu parei e deu um<br />

breve relato daquela maravilhosa providência. A voz do louvor e ação<br />

de graças, se ergueram ao alto, e grande foi nosso regozijo diante do<br />

Senhor". [Diário, 9 de Fevereiro, 1750].<br />

A dispersão dos filhos durante a construção da nova reitoria,<br />

infelizmente os deixou em plena liberdade para conversar com os<br />

criados, do qual antes eles tinham sido restringidos; e correr pelas<br />

redondezas e brincar com qualquer criança boa ou má. O efeito foi que<br />

"aquele comportamento civilizado que os fez admirados, quando em<br />

casa, por todos que os viram, foi, em grande medida, perdido, e um<br />

sotaque grosseiro e muitas maneiras rudes foram aprendidas, o que<br />

não foi reformado, sem alguma dificuldade". Assim escreveu a<br />

cuidadosa mãe, mas ela se colocou resoluta na tarefa de corrigir o<br />

prejuízo.<br />

<strong>John</strong> estava com seis anos, e, portanto, estaria menos capaz de<br />

suportar o mesmo que alguns de seus irmãos mais velhos. Ele foi<br />

recebido na casa de um clérigo vizinho, com quem ele permaneceu<br />

doze meses, durante a construção da casa paroquial, e, por esta<br />

família, ele nutriu uma afeição muito forte. O cuidado de sua mãe foi,<br />

mas tarde, especialmente em direção a ele. Em uma solene meditação,<br />

ela escreveu: "Eu gostaria de oferecer a Ti, eu mesma e tudo que tu<br />

tens me dado; e decidi – Ó, dê-me graça para fazer isto – que para o<br />

resto de minha vida, eu me devotarei a Teu serviço. E eu pretendo ser<br />

mais especificamente cuidadosa com a alma desta criança que Tu tão<br />

misericordiosamente me proporcionou, do que eu tenho sido, até<br />

então; de maneira que eu me esforçarei para instilar em sua mente os<br />

princípios de Tua verdadeira religião e virtude. Senhor, dá-me graça<br />

para fazer isto sincera e prudentemente, e abençoa minhas tentativas<br />

com bom sucesso!". [Moore, i. 116]. "Ninguém pode, sem renunciar<br />

ao mundo, no sentido mais literal, observar meu método", ela<br />

escreveu, "e existem poucos, se algum, que inteiramente devotaria<br />

vinte anos do vigor da vida, na esperança de salvar as almas dos<br />

filhos, já que eles acreditam que elas podem sem salvos, sem muito<br />

alvoroço – porque esta foi minha principal intenção, mesmo que<br />

17


manejada de maneira inábil". [Carta da Sra. <strong>Wesley</strong> — Veja --<br />

Overton, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, p. 5.]<br />

Em adição aos ensinos da Sala de Aula, cada criança, em<br />

turnos, uma vez por semana, conversava privativamente, quando os<br />

princípios religiosos eram mais minuciosamente instilados, e as<br />

obrigações religiosas, mas intimamente pressionada, em casa. O dia de<br />

Jacky era quinta-feira, e anos mais tarde, ele escreve para sua mãe: "Se<br />

você puder me reservar apenas pequena parte da quinta-feira, à<br />

tarde, que eu anteriormente me concedi de uma outra maneira, eu não<br />

duvido que seria tão útil agora para corrigir meu coração, quanto foi,<br />

então, para formar meu juízo".<br />

As condições da vida naquela reitoria de Lincolnshire eram<br />

altamente favoráveis para o crescimento da bondade de caráter.<br />

Autodomínio, autodisciplina e abnegação eram diariamente<br />

praticados. Cuidado reverencial pelas coisas sagradas, com firme fé na<br />

palavra Divina, e obediência resoluta a ela, foram habitualmente<br />

exibidos. Nós ouvimos pouco da alta cultura na vizinhança, mas<br />

dentro daqueles muros do jardim, virtudes simples floresceram, e<br />

erudição e alegria e amor, abundaram. "Haveria poucos vizinhos com<br />

os quais os <strong>Wesley</strong>s teriam associação em condições de igualdade;<br />

eles, portanto, seriam deixados muito mais aos seus próprios<br />

recursos. Mas, como toda família – pai, mãe, e todos os irmãos e<br />

irmãs – estavam acima da média, com respeito às habilidades e<br />

talentos, não seria detrimento para a cultura intelectual de <strong>John</strong><br />

<strong>Wesley</strong>, enquanto ao mesmo tempo, o alicerce daquela simplicidade,<br />

inocência, e altruísmo, fosse colocado, o que foi uma de suas<br />

características mais fortemente marcadas, durante toda a sua vida.<br />

Seus primeiros treinamentos em casa também combinaram a<br />

vantagem dupla de dar a ele a cultura e refinamento de um perfeito<br />

cavalheiro, e a firmeza e poder para suportar a privação. Porque, das<br />

circunstâncias em que não é necessário entrar, os <strong>Wesley</strong>s estavam<br />

sempre pobres, algumas vezes mesmo, no limite da destituição".<br />

[Overton]<br />

18


Em meio a essas circunstâncias favoráveis, o jovem <strong>Wesley</strong><br />

cresceu. Quem, então, eram seus companheiros diários? Seu irmão<br />

Samuel deixou a casa, quando <strong>John</strong> tinha apenas um ano de idade;<br />

Martha tinha três anos, e Charles, dois, quando por ocasião do<br />

incêndio. Ele usufruía, portanto, da companhia de suas irmãs mais<br />

velhas. Mas que irmãs! Emília, com dezessete anos – intelectual,<br />

estudiosa, sábia; bonita na aparência, virtuosa, graciosa, tendo um<br />

gosto especial para poesia e música, e afeiçoada apaixonadamente a<br />

<strong>John</strong>. Susanna, afável, brincalhona, e um pouco romântica, com uma<br />

mente naturalmente forte e vivaz, e bem refinada por uma boa<br />

educação. Mary, de certa forma, feia de corpo, mas com um rosto que<br />

era excessivamente bonito, um justo e legível indicador para uma<br />

mente e disposição quase angélica – bem informada e naturalmente<br />

refinada, humilde, prestativa, e amável, ela foi a favorita e deleite de<br />

toda a família. [Clarke.] Hetty, tinha seis anos mais que <strong>John</strong>; Anne<br />

(Nancy) era sete anos mais velha. A última herdou todas as<br />

excelências, social, moral e espiritual, que caracterizaram a família;<br />

era seu deleite sentar-se na sala de sua mãe, depois das aulas, para<br />

ouvi-la falar, ou suas observações sobre coisas ou livros. Ela também<br />

era apaixonadamente ligada a <strong>John</strong>. Este era o estado da família<br />

naquele tempo do incêndio, e <strong>John</strong> tinha cinco anos mais para passar<br />

naquela casa, antes que fosse removido para a escola.<br />

"Alguém retrata <strong>John</strong> em Epworth, como uma criança distinta<br />

e serena, sempre querendo saber a razão de tudo, alguém de um<br />

grupo de crianças notáveis, cada uma delas, com uma forte<br />

individualidade, e um espírito altíssimo, mas todas mantidas bem á<br />

mão por sua admirável mãe; todas meticulosas, e, preferivelmente,<br />

formais, segundo a moda do tempo, em suas linguagens e hábitos".<br />

[Overton]. Existem dois incidentes de sua vida no lar, registrados.<br />

<strong>John</strong> pensou profundamente a respeito de todo assunto, e se sentiu<br />

respondível, de acordo com sua razão e consciência, em todas as<br />

coisas que ele fez; em nenhuma delas, a paixão ou apetite natural<br />

pareceu ter qualquer influência peculiar. "O sr. <strong>Wesley</strong> disse-me", diz<br />

Dr. Adam Clarke [Memoirs of the <strong>Wesley</strong> Family], "que quando ele<br />

era criança, e lhe era pedido, a qualquer tempo, fora do horário<br />

19


comum das refeições, para pegar, por exemplo, um pedaço de pão e<br />

manteiga, fruta, etc. ele respondia, com uma fria tranqüilidade:<br />

'Obrigado, eu pensarei nisto'". Ele nem tocaria, nem faria alguma<br />

coisa, até que tivesse refletido sobre sua conveniência e adequação.<br />

Esta sujeição de sua mente para a reflexão profunda, que, para aqueles<br />

que não estavam familiarizados com ele, teria parecido hesitação,<br />

algumas vezes, deixavam a família perplexa. Em uma ocasião, seu pai<br />

disse, mal humorado, à Sra. <strong>Wesley</strong>: "Eu admito, querida, eu penso<br />

que nosso Jack não atenderia as necessidades mais prementes da<br />

natureza, exceto se ele visse uma razão para isto". "Filho", disse seu<br />

pai a ele, quando ele era jovem, "você pensa em levar alguma coisa,<br />

por meio de argumento; mas você se certificará quão pouco é feito,<br />

alguma vez, no mudo, através da razão cuidadosa". Ao recordar isto,<br />

<strong>Wesley</strong> acrescenta: "Muito pouco, de fato". Atacado por varíola,<br />

quando entre oito e nove anos de idade, ele leva a aflição com<br />

paciência e coragem. Em uma carta a seu marido, a Sra. <strong>Wesley</strong> diz:<br />

"Jack tem suportado sua enfermidade, bravamente, como um homem,<br />

e, na verdade, como um cristão, sem queixa". Com esses poucos fatos<br />

em vista, dificilmente irá surpreender que sua conduta fosse tal que<br />

seu pai o admitiu na mesa do Senhor, quando ele tinha apenas oito<br />

anos de idade. [Diário, 27 de Maio, 1728].<br />

Com respeito a si mesmo, nesta época, ele, alguns anos mais<br />

tarde, escreveu: "Eu acredito que até por volta de dez anos, eu não<br />

tivesse pecado, com a lavagem do Espírito Santo que me foi dado em<br />

batismo" – tais eram seus pontos de vista, naquele tempo,<br />

"estritamente educado, e cuidadosamente ensinado que apenas eu<br />

poderia ser salvo, pela obediência universal, mantendo todos os<br />

mandamentos de Deus; em cujo propósito eu fui diligentemente<br />

instruído. Todas essas instruções, até onde elas dizem respeito às<br />

obrigações exteriores e pecados, eu alegremente recebi, e<br />

freqüentemente considerei".<br />

CAPÍTULO II<br />

20


Londres e Oxford: Escola e Vida Colegial<br />

O jovem <strong>Wesley</strong> passaria agora por circunstâncias<br />

completamente diferentes de tudo, que tinha sido familiar, até aqui.<br />

Aos seus onze anos, ele entrou na Charterhouse, Londres, com bolsa<br />

básica (juntamente com cerca de quarenta, a sessenta "garotos<br />

urbanos"), sobre a indicação do Duque de Buckingham, que<br />

freqüentemente favorecia a família <strong>Wesley</strong>. Do isolamento de sua<br />

casa rural para o centro de uma grande cidade, e da companhia de<br />

irmãs para a companhia de centenas de jovens de várias idades,<br />

disposições, caráter, e educação, foi uma mudança muito grande, e<br />

deve ter provocado um choque para este espírito delicadamente<br />

sensível e suscetível, por mais que isto fosse abrandado com o modo<br />

de vida preparatório na Reitoria. Com respeito ao caráter, ele foi<br />

preparado para ficar na presença de qualquer um deles, e,<br />

provavelmente poucos, se algum, suportaram disciplina tão severa<br />

quanto ele – uma disciplina que não era uma restrição da qual, na<br />

inquietação da juventude, ele desejasse ser livre, mas um hábito de<br />

vida que tinha a aprovação de sua jovem consciência e juízo. Tudo<br />

que podemos saber dele, durante sua estada em Charterhouse, aponta<br />

para o comportamento diligente e bom. Sua prévia disciplina mental,<br />

seus hábitos enraizados de ordem, regularidade, e obediência, o<br />

preparariam bem para a rotina e restrições da vida escolar. Ela agora<br />

teria suas primeiras lições metódicas, uma vez reveladas pela rigidez<br />

com que ele seguiu o conselho de seu pai, ao correr em volta do<br />

jardim de Charterhouse, três vezes, toda manhã – numa distância de<br />

cerca de uma milha – para o benefício de sua saúde. Southey diz que<br />

devido sua quietude, regularidade, e aplicação, ele se tornou um<br />

favorito com o mestre, Dr. Walker; e acrescenta que <strong>Wesley</strong> parece<br />

nunca ter olhado para trás, para os dias que se foram, com melancolia;<br />

tristezas mundanas deste tipo não encontrariam lugar em alguém que<br />

estava continuamente seguindo adiante em seu objetivo.<br />

Por mais que <strong>Wesley</strong> estivesse acostumado à privação, ele não<br />

poderia deixar de suportar dolorosamente: do fato dos garotos mais<br />

velhos tirarem dos mais jovens suas porções de alimento, de maneira<br />

21


que durante grande parte de sua residência ele passou principalmente<br />

com pão seco. Em dias vindouros, ele imputou sua vigorosa saúde,<br />

parcialmente a este fato. "Dos dez aos quatorze anos", ele diz, "eu tive<br />

pouco, a não ser pão para comer, e não grande quantidade deste. Eu<br />

acredito que isto, muito longe de me prejudicar, estabeleceu os<br />

alicerces da saúde eterna".<br />

A história seguinte, antecipatória do poder sobre multidões que<br />

<strong>Wesley</strong>, no futuro, exercitou, foi relatada por seu irmão, Charles a sua<br />

filha, Srta. Sarah <strong>Wesley</strong>, que a inseriu em uma carta ao Dr. Adam<br />

Clarke. "Quando <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> era um garotinho na Charterhouse<br />

School, o mestre, sentindo falta de todos os garotinhos do playground,<br />

supôs que eles, pela quietude, estivessem em alguma travessura. Ao<br />

procurá-los, ele os encontrou reunidos na sala de aula, em volta de<br />

meu tio, que os divertia com contos instrutivos, aos quais eles ouviam<br />

atentamente, preferivelmente a seguirem seus esportes costumeiros. O<br />

mestre expressou muita aprovação, e pediu que ele repetisse este<br />

passatempo, tão freqüentemente quanto pudesse obter ouvintes e a<br />

assim empregar bem seu tempo".<br />

Quanto ao seu progresso em aprender, o testemunho de seu<br />

irmão Samuel, então um professor assistente na Westminster School,<br />

que manteve cuidadosa observação sobre seu irmão mais novo, é<br />

conclusiva. Ele diz em uma carta a seu pai: "Meu irmão Jack, eu<br />

posso assegurar-lhe fielmente, não lhe dá motivo de<br />

desencorajamento, em fazer de seu terceiro filho (Charles), um<br />

estudioso"; e novamente, "Jack está comigo, e um bravo garoto,<br />

aprende Hebreu tão rápido quanto ele pode".<br />

Alguma referência deve ser feita aqui a alguns fenômenos<br />

muito curiosos e inexplicáveis, que ocorreram na casa em Epworth,<br />

durante os meses de Dezembro de 1716, e Janeiro de 1717. Várias<br />

vozes estranhas foram ouvidas, e sinais testemunhados, em diferentes<br />

partes da casa, para os quais nenhuma explicação razoável se<br />

apresentou – a crença geral da família sendo de que se tratou de algo<br />

de origem sobrenatural. Mas <strong>John</strong> estava fora, e nosso interesse neles<br />

22


está confinado somente à influência da família sobre sua mente. Não é<br />

improvável que ao inquirir sobre estes estranhos eventos, fez crescer<br />

nele uma persuasão da realidade do fenômeno sobrenatural, crença na<br />

qual, ele declarou tão freqüentemente, mais tarde. "O próprio fato de<br />

que ele não testemunhou o fenômeno pode ter aprofundado o efeito<br />

deles sobre ele – O tipo de efeito sobre sua mente é ilustrado pelo que<br />

ele causou sobre sua irmã Emily, que se diz, com a ingênua resolução<br />

dos dezoito, 'inclinada à infidelidade', que no momento daquelas<br />

vozes, e devido a elas, reivindicou uma crença no mundo espiritual ---<br />

Uma série de inexplicáveis fenômenos, interessantes e inexpressíveis<br />

como fossem, forneceram à sua mente um suprimento de lembranças<br />

firmemente enraizadas no sobrenatural, que justificou ele acrescentar<br />

livremente inúmeras instâncias análogas de atividade sobre-humana,<br />

sem investigação".<br />

Os mais completos relatos foram, mais tarde, reunidos pelo Sr.<br />

Samuel <strong>Wesley</strong>, e subseqüentemente publicados pelo Dr. Priestley que<br />

acredita que o mais provável, é que tenha sido uma travessura dos<br />

criados, ajudados por alguns de seus vizinhos. Em resposta a isto,<br />

Southey diz: "Pode-se seguramente afirmar que muitas das<br />

circunstâncias não podem ser explicadas por alguma tal suposição,<br />

nem por algum truque, nem por ventriloquismo, nem por algum efeito<br />

de acústica. Na presente instância, não se supõe nenhuma<br />

manifestação do poder Divino mais do que na aparição de um espírito<br />

desencarnado. Tais coisas podem ser sobrenaturais, e, ainda assim,<br />

não serem miraculosas; elas podem não estar no curso comum da<br />

natureza, e, ainda assim, não implicar alteração de suas leis". Quatro<br />

anos mais tarde, ao ir para Epworth, <strong>Wesley</strong> inquiriu cuidadosamente<br />

sobre alguns pormenores, falando com cada uma das pessoas que<br />

estavam, então, na casa, e anotando o que cada um pudesse testificar<br />

de seu conhecimento. Este relato, ele publicou, mais tarde, sem<br />

comentário.<br />

Depois de uma cuidadosa análise e comparação, ambos dos<br />

registros contemporâneos e subseqüentes daquele fenômeno notável, o<br />

autor de Espiritualismo Moderno, diz: 'O caso de <strong>Wesley</strong> indica muito<br />

23


claramente que a principal razão para o aparentemente inexplicável<br />

elemento nestas narrativas é a falta de evidência. Quando temos<br />

apenas relatos escritos, de segunda-mão, meses ou anos depois dos<br />

eventos, ou relatos de pessoas rudes ou irresponsáveis, nós<br />

encontramos abundância de incidentes incríveis; quando, como aqui,<br />

temos quase relatos contemporâneos, à primeira mão, de testemunhas<br />

equilibradas, a afirmação do maravilhoso é reduzida ao mínimo. Mas<br />

o padrão peculiarmente instrutivo do caso de <strong>Wesley</strong> é que nós<br />

podemos ver como o testemunho, enquanto nas primeiras cartas eles<br />

narram de suas próprias experiências pessoais, apenas<br />

comparativamente episódios simples e desinteressantes, eles permitem<br />

que suas imaginações adornem as experiências de outros membros de<br />

sua família; e que esses mesmos ornamentos sejam incorporados, nos<br />

relatos a primeira mão, acontecidos nove anos atrás, como itens<br />

genuínos da experiência pessoal". E ao buscar uma explicação dos<br />

registros, ele parece se prender a uma súplica mórbida pela<br />

notoriedade e excitamento da parte de Hetty <strong>Wesley</strong>, e nota que "as<br />

explicações adotadas pelos espectadores solidários repetem<br />

exatamente as crenças individuais e temperamento deles, ou as<br />

tradições correntes da região naquele tempo"; e acrescenta: "Na<br />

família de <strong>Wesley</strong>, como na maioria dos modernas insurreições, as<br />

perturbações supostamente indicavam um espírito de caráter<br />

duvidoso".<br />

Quanto ao estado moral de <strong>Wesley</strong>, naquele tempo, ele, mais<br />

adiante, escreveu: "Nos próximos seis ou sete anos, nós passamos na<br />

escola; onde com os impedimentos exteriores sendo removidos, eu<br />

estive muito mais negligente do que antes, até mesmo, com respeito às<br />

obrigações exteriores, e quase continuamente culpado de pecados<br />

exteriores, que eu sei serem tais, embora não fossem escandalosos aos<br />

olhos do mundo. No entanto, eu ainda lia as Escrituras, e orava, de<br />

manhã e a noite.. E que eu agora esperava ser poupado, de maneira<br />

a: (1) não ser tão mal como as outras pessoas; (2) ter ainda uma<br />

delicadeza pela religião; e (3) ler a Bíblia, ir à Igreja, e dizer minhas<br />

orações".<br />

24


Tyerman é ligeiro o suficiente para concluir disto, que <strong>Wesley</strong><br />

"entrou em Chaterhouse um santo, e a deixou um pecador". Ele é<br />

justamente repreendido pelas palavras mais prudentes de um estudante<br />

muito cuidadoso e vitalício do inteiro ciclo da história <strong>Wesley</strong>ana e<br />

Metodista, e quem está provavelmente mais familiarizado com os<br />

detalhes do quer algum homem vivente no presente momento -- Dr.<br />

James H. Rigg — que diz, referindo-se às palavras de <strong>Wesley</strong><br />

justamente citadas:<br />

"Tal é a sentença que <strong>Wesley</strong>, o mais inflexível dos juízos, em<br />

tal caso, declarou sobre seu próprio estado moral e religioso, quando<br />

estava em Charterhouse — uma sentença proferida, devemos lembrar,<br />

quando todos os julgamentos para casos como este, eram muito mais<br />

severos do que se tornaram, quando revisados, depois de muitos anos<br />

de experiência em sua vida".<br />

"Foi em 1738, que ele então escreveu de si mesmo. É claro que<br />

<strong>Wesley</strong> nunca perdeu, mesmo em Charterhouse, o respeito terno pela<br />

religião, o temor a Deus, e as formas da retidão cristã. Que ele não<br />

era, naquele tempo, convertido, não pode existir dúvida; mas, quando<br />

o Sr. Tyerman, com tal ênfase terrível, nos diz que ele chegou em<br />

Charterhouse uma criança 'santa', aos dez anos; e a deixou, 'um<br />

pecador', aos dezessete, ele usa a linguagem que pode dificilmente<br />

falhar em transmitir uma impressão completamente exagerada,<br />

quanto ao caráter das faltas e quedas morais e espirituais do<br />

garoto....".<br />

Isaac Taylor diz, com referência às privações e opressões que<br />

<strong>Wesley</strong> suportou na escola, que "ele aprendeu como um garoto a<br />

sofrer injustamente com pronta paciência, e a conformar-se com o<br />

cruel despotismo, sem adquirir o temperamento escravo, ou o<br />

déspota.... De minha parte, eu não posso ajudar ao pensar que não<br />

pouca graça estaria ainda operando na alma do bravo e paciente<br />

garoto, para capacitá-lo a conduzir-se, como ele fez. <strong>Wesley</strong><br />

carregava um coração, não apenas vivo e esperançoso, mas<br />

perdoador; não apenas flexível e vigoroso, mas paciente e generoso,<br />

25


ou ele não teria olhado para os dias passados, em Charterhouse, não<br />

apenas sem amargura, mas com prazer, e para usar a frase de<br />

Soythey, reteve tão grande predileção pelo lugar, que costumava<br />

caminhar anualmente, através dos cenários de seus anos escolares...<br />

De qualquer forma, não se trata de uma fraca evidência da poderosa<br />

influência restringente da religião, o fato de <strong>Wesley</strong> passar por tal<br />

provação, em sua residência de seis ou sete anos em Chartehouse,<br />

sem contrair alguma mancha de mau hábito".<br />

Com uma bolsa escolar de 40 libras por ano, obtida na<br />

Charterhouse, <strong>Wesley</strong> prosseguiu para Oxford, entrando na Christ<br />

Church, sem receber subvenção, em 23 de Julho de 1720. Ele foi<br />

precedido por seu irmão Samuel, seu pai, avô, bisavô e o pai de sua<br />

mãe.<br />

Ele agora se encontra em circunstâncias inteiramente novas.<br />

Até aqui, ele havia tido pouca experiência do mundo. Em casa, ele não<br />

estaria completamente ignorante do caráter rude, inculto, grosseiro de<br />

muitos paroquianos de Epworth. Mas esses criariam apenas<br />

sentimentos de desgosto e repugnância nele, assim como as<br />

lembranças de maldade da juventude, a qual ele foi introduzido em<br />

Charterhouse, por centena de jovens reunidos de tais lares que a época<br />

produzia; lares em que o cultivo da virtude certamente não seria, em<br />

geral, de alto nível. Este não foi um terreno favorável para o<br />

desenvolvimento do caráter moral elevado, em alguém disposto a<br />

concordar com suas influências; mas, quando a consciência e juízo do<br />

jovem <strong>Wesley</strong> tinham sido totalmente instruídos e disciplinados, ele<br />

provavelmente apenas se sentiu chocado e revoltado. Ele que não<br />

executaria os ofícios comuns da vida, sem a razão, do mesmo modo,<br />

não concordaria cegamente com os logros do mau procedimento. E<br />

quanto mais ele resistia ao mal, mais ele se fortalecia para resisti-lo<br />

mais adiante.<br />

Neste estágio de seu treinamento moral, e em uma idade muito<br />

suscetível, ele ingressou na Universidade -- "um jovem alegre, vivaz e<br />

virtuoso, cheio de bons conhecimentos clássicos, assim como algum<br />

26


de Hebraico". Triste, de fato, é o quadro da vida universitária, no<br />

século dezoito, como apresentado por nossos fidedignos historiadores.<br />

Se não fosse totalmente mau, e os piores relatos não garantissem tal<br />

suposição, embora a centelha de luz no quadro escuro fosse pouca,<br />

ainda assim, a Universidade refletia o espírito de uma época que,<br />

através de sua crueldade, indiferença e frivolidade – um uma palavra,<br />

sua completa mundanidade – era tão amplamente distinta da presente,<br />

tão orgulhosa de sua verdade, sua seriedade, sua energia, e seus altos e<br />

nobres objetivos. Inatividade, leviandade, embriaguez, lascívia,<br />

jogatina, eram comuns. Palavras trocadas com sua mãe,<br />

freqüentemente citadas, escritas um pouco mais tarde, no século,<br />

mostra o que esperava o calouro confiante. "Oxford", ele diz, "é um<br />

perfeito inferno na terra. Que chance existe lá para um pobre jovem,<br />

vindo da escola, com ninguém para vigiar e cuidar dele – nenhum<br />

guia? Eu freqüentemente vi meu tutor, sendo levado, perfeitamente<br />

intoxicado". Felizmente, <strong>Wesley</strong> não estava sem um guia. A verdade,<br />

é que não era visto, mas, não menos real. Seu coração estava muito<br />

firmemente seguro na mão de sua mãe, para que ele fosse facilmente<br />

arrastado para baixo. Tyerman não hesitou em fazer um panorama<br />

pessimista do estado religioso de <strong>Wesley</strong>, durante seus primeiros anos<br />

em Oxford. Mas Tyerman foi melhor no coletar fatos, do que em<br />

traçar inferências deles.<br />

Não existe absolutamente um sussurro de alguma delinqüência<br />

moral em <strong>Wesley</strong>. Ele não era preguiçoso, como seu progresso<br />

mostrou, ainda menos era um devasso, ou alguma coisa próxima a<br />

isto. Ele provavelmente caminhou no mais alto nível da vida em<br />

Oxford, muito acima do abismo da imoralidade que caracterizou<br />

muitos daqueles ao redor dele. Quanto à extravagância, ele não tinha<br />

meios de perder-se nisto, se ele estivesse disposto assim a fazê-lo,<br />

mesmo embora as 40 libras de sua bolsa fossem multiplicadas por<br />

quatro, como Overton sugere.<br />

A duração da residência de <strong>Wesley</strong> em Oxford pode ser<br />

separada em dois períodos distintos, da qual a linha divisória é sua<br />

eleição para Membro do Lincoln College, e sua mudança para lá. "Da<br />

27


primeira porção do último período, nossa informação é muito<br />

escassa, e somos levados a conjeturar a respeito. Assim, podemos<br />

estimar as influências, em meio às quais, ele seguiu seu caminho,<br />

podemos ter em mente a luz interior que nunca falhou nele, e marcar<br />

o progresso que ele fez, e a posição que alcançou. Mas pouco da<br />

correspondência do período tem sido preservada. Ele ainda não tinha<br />

adotado sua prática de cuidadosamente preservar todas as cartas que<br />

ele recebia. Foi em 1740, que ele 'passa dois dias em Oxford, olhando<br />

as cartas que recebera há dezesseis ou dezoito anos'".<br />

Um contemporâneo escreve assim dele, em 1724, quando<br />

estava com cerca de vinte e um anos de idade: "Ele parece um<br />

colegial muito sensível e sério, desconcertando a todos, com as<br />

sutilezas da lógica, e rindo deles por serem tão facilmente<br />

confundidos; um jovem do mais fino gosto clássico, dos sentimentos<br />

mais generosos e valorosos". Um dos primeiros biógrafos, o amigo de<br />

seus últimos dias, Rev. Henry Moore, diz: "Seu perfeito conhecimento<br />

dos clássicos deu um polimento agradável à sua inteligência, e um ar<br />

de superior elegância a todas as suas composições. Ele já começara a<br />

se entreter ocasionalmente escrevendo versos, embora a maioria de<br />

suas peças poéticas deste período fosse tanto cópias, quanto<br />

traduções do Latim. Algumas vezes neste ano, no entanto, ele<br />

escreveu uma cópia do octogésimo quinto salmos, que ele enviou ao<br />

seu pai, que disse: 'Eu gosto de seus versos, sobre o octogésimo<br />

quinto salmo, e gostaria que você não enterrasse seu talento'". Uma<br />

carta para seu irmão Samuel, neste período, freqüentemente citada,<br />

mostra uma vivacidade de estilo, na prosa e verso, enquanto uma frase<br />

revela o traço de tristeza: "As duas coisas que eu desejava mais do que<br />

tudo no mundo era ver minha mãe e Westminster novamente; e vê-las,<br />

juntas, estava tão além de minhas expectativas, que eu quase<br />

considerei isto próximo à impossibilidade. Eu tenho tão<br />

freqüentemente me desapontado, quando estou ávido por algum<br />

prazer, que eu nunca mais dependo de algo, antes que ele venha".<br />

No presente, ele está aparentemente sem qualquer propósito<br />

distinto na vida, e, embora exista toda razão para acreditar que ele seja<br />

28


estritamente moral, e livre de qualquer depravação de temperamento<br />

ou desejo, ainda assim, até ai, não existe indicação alguma<br />

proeminente, de uma séria determinação a alguma grande procura;<br />

nem existem evidências de alguma espiritualidade profunda de caráter.<br />

"Se a árvore deve ser julgada pelos seus frutos", diz Canon<br />

Overton, "os dias de <strong>Wesley</strong> em Charterhouse e Christ Church não<br />

teriam sido gastos em vão, porque ele carregou consigo, um montante<br />

de cultura mental, que se compararia favoravelmente com aquela de<br />

alguns dos melhores espécimes desses dias de incessantes provas. A<br />

cultura mental, no entanto, é uma coisa, o crescimento espiritual é<br />

outra. Existe abundância de traços, da primeira, mas nenhum, da<br />

última, entre o deixar Epworth e seu último ano em Christ Church".<br />

Embora suas remunerações sejam feitas tão claras quanto<br />

possíveis, ele parece ter estado em freqüentes dificuldades financeiras,<br />

para as quais ele recebia ajuda pela delicadeza de amigos, e pelos<br />

suprimentos intermitentes do suprimento escasso de casa. Ele não<br />

parece ter tido uma saúde vigorosa naqueles primeiros anos de sua<br />

carreira colegial. Tal saúde, quando teve, ele preservou, através da<br />

temperança; ele nos diz: "Quando eu cresci, em conseqüência de ler<br />

Dr. Cheyne, eu escolhi comer escassamente e beber água. Isto foi um<br />

outro grande meio de dar continuidade à minha saúde, até que eu<br />

tivesse cerca de vinte e sete anos". Ele cita este livro, em uma carta a<br />

sua mãe datada de 1º. de Novembro de 1724.<br />

Tal era <strong>Wesley</strong>, no alto de seus vinte e um anos. Ele assim fala<br />

de si mesmo: "Agora na Universidade, por cinco anos, eu ainda digo<br />

minhas orações, em público e privado, e leio, junto com as Escrituras,<br />

diversos livros de religião, especialmente os comentários sobre o<br />

Novo Testamento. Ainda assim, eu não tive tudo isto, enquanto não<br />

tive uma noção da santidade interior; mais ainda, prossegui<br />

habitualmente, e, na maior parte, muito contente, com um ou outro<br />

pecado conhecido – na verdade, com algumas interrupções e<br />

pequenos esforços, especialmente antes e depois da Comunhão Santa,<br />

que eu fui obrigado a receber três vezes por ano. Eu não posso dizer<br />

29


que eu esperava ser salvo por agora, quando eu continuamente<br />

pecava contra aquela pequena luz que eu tinha; exceto por aqueles<br />

ajustes transitórios, que muitos clérigos me ensinaram a chamar de<br />

arrependimento".<br />

Mas, melhores tempos estão se aproximando, e embora muitos<br />

anos expirem antes que <strong>Wesley</strong> consiga descanso e paz na alegria<br />

cristã, ainda assim, deste tempo em diante, e com acelerado ardor, ele<br />

busca a salvação que ele tinha em vista. Uma mudança muito graciosa<br />

em sua vida e caráter começa agora. Em direção ao encerramento de<br />

1724, com seus vinte e dois anos, pensa entrar para a ordem de<br />

diácono, um passo sobre o qual ele pondera muito cuidadosamente.<br />

Algumas dúvidas que surgem em sua mente, quanto aos motivos que o<br />

influenciariam a tomar as Ordens Santas, ele francamente apresenta a<br />

seu pai, que em resposta, datada de 26 de Janeiro de 1725, depois de<br />

conselhos diversos, acrescenta: "Mas a principal causa e motivo,<br />

para que tudo que está em primeiro possa ser apenas secundário,<br />

deve certamente ser a glória de Deus, e o serviço de Sua Igreja, na<br />

edificação de nosso próximo. E ai daquele, com alguma visão<br />

sedutora mais desprezível, que se aventure a tão sagrada obra".<br />

Então, menciona as qualificações necessárias, e acrescenta: "Você me<br />

pergunta, qual é o melhor comentário sobre a Bíblia. Eu respondo, a<br />

própria Bíblia. Porque as diversas paráfrases e traduções dela, em<br />

uma poliglota, comprada com a original, e com uma outra, são, na<br />

minha opinião, para um homem honesto, devoto, diligente, e humilde,<br />

infinitamente preferível a algum comentário que eu tenha visto. Mas<br />

Grotius é o melhor, na maior parte, especialmente, sobre o Velho<br />

Testamento". Mas sugere que achou muito cedo, ele aceitar as<br />

Ordenações.<br />

Sua mãe, no entanto, teve uma visão diferente. Escrevendo no<br />

decorrer do próximo mês, ela diz: "Quanto mais cedo, você se tornar<br />

um diácono, melhor, porque isto pode ser persuasão para uma<br />

aplicação maior no estudo da teologia prática, que, de todos os<br />

outros estudos, eu humildemente acredito ser o melhor para os<br />

candidatos às Ordenações". E prossegue: "A mudança de seu<br />

30


temperamento tem me ocasionado muita especulação. Eu, que sou<br />

apta a ser confiante, espero que isto possa proceder das operações do<br />

Espírito Santo de Deus, que, ao tirar seu deleite pelos prazeres<br />

mundanos, pode preparar e dispor sua mente para uma aplicação,<br />

mais séria e íntima, das coisas de uma natureza mais sublime e<br />

espiritual. Se for assim, feliz de você, se você nutrir essas disposições!<br />

E agora, com sinceridade, resolve fazer da religião o trabalho de sua<br />

vida, afinal, que é a única coisa, estritamente falando, necessária.<br />

Todas as coisas além são incomparavelmente pequenas para os<br />

propósitos da vida. Eu espero que você agora faça um auto-exame<br />

cuidadoso, para que possa saber, se você tem uma esperança razoável<br />

de salvação, através de Jesus Cristo. Se você tiver, a satisfação de<br />

saber disto irá recompensar abundantemente suas dores; se não tiver,<br />

você encontrará uma ocasião mais razoável para lágrimas do que<br />

poderia encontrar em uma tragédia".<br />

"Este assunto merece atenção de todos, mas, especialmente<br />

daqueles designados para o Ministério, que devem, acima de todas as<br />

coisas, fazer de seu próprio chamado e eleição certa, a fim de que,<br />

depois de ter pregado para outros, eles mesmos não possam ser<br />

lançados fora".<br />

Nada poderia movê-lo mais igualmente para a seriedade de<br />

propósito do que tais palavras da pena de sua afetuosamente amada, e<br />

sempre estimada mãe. Ele começa agora a aplicar-se com diligência<br />

ao estuda da teologia. Seu pai logo foi notificado de que ele tinha<br />

mudado de idéia, e estava inclinado a ser Ordenado naquele<br />

verão."Que Deus o prepare para sua grande obra! Jejue, vigie, ore;<br />

creia, ame, suporte, e seja feliz; para o que, você nunca lhe faltará as<br />

orações mais fervorosas de seu afetuoso pai".<br />

<strong>Wesley</strong>, mais tarde, escreveu: "Quando eu tinha cerca de vinte<br />

e dois anos, meu pai estimulou-me a entrar para as Ordenações<br />

Santas. Ao mesmo tempo, a providência de Deus dirigindo-me para o<br />

Padrão Cristão de Kempis, eu comecei a ver que a religião<br />

verdadeira estava situada no coração, e que a lei de Deus se estendia<br />

31


a todos os nossos pensamentos, assim como, palavras e ações. Eu<br />

fiquei, no entanto, muito aborrecido com Kempis por ser tão rigoroso,<br />

embora eu o lesse na tradução do Deão Stanhope. Ainda assim, eu<br />

tive frequentemente muito conforto em lê-lo, tal como se eu fosse um<br />

completo estranho, até então".<br />

As objeções de <strong>Wesley</strong> a Kempis referiram-se a dois pontos<br />

em específico, que ele assim expressa: "Eu não posso pensar que,<br />

quando Deus nos enviou ao mundo, ele tinha irreversivelmente<br />

decretado que nós seriamos perpetuamente miseráveis nele. Se nosso<br />

tomar nossa cruz implica em dar adeus a toda alegria e satisfação,<br />

como isto é reconciliável com o que Salomão afirma da religião, de<br />

que seus caminhos são prazerosos, e todas as suas veredas são paz?<br />

Outro de seus princípios pe, que toda alegria e prazer é inútil, se não,<br />

pecaminoso, e que nada é uma aflição para o bom homem, -- e que ele<br />

deve dar graças a Deus, até mesmo, por enviar a ele, miséria. Isto, em<br />

minha opinião, é contrário ao desígnio de Deus, em nos afligir;<br />

porque embora Ele castigue aqueles a quem Ele ama, ainda assim, é<br />

com o objetivo de humilhá-los". Com reserva característica, ele<br />

novamente recorre a seu pai e mãe, por ajuda em suas dificuldades. O<br />

primeiro responde: "Quanto a Thomaz Kempis, todo o mundo está<br />

apto a forçar tanto de um lado, quanto de outro; mas, por tudo isto, a<br />

mortificação é ainda um dever cristão indispensável. O mundo é uma<br />

mulher sedutora e bonita (syren), e nós devemos ter cuidado com ela;<br />

e, se o jovem se regozijar em sua juventude, ainda assim, que ele<br />

cuide de que suas alegrias sejam inocentes; e, para isto, se lembre,<br />

que por todas essas coisas, Deus o levará a juízo. Eu tenho apenas<br />

isto para acrescentar de meu amigo e velho companheiro, que,<br />

fazendo algumas poucas ressalvas, pode ser lido, com grande<br />

vantagem; mais ainda, que é quase impossível lê-lo seriamente, sem<br />

admirá-lo, e penso, em alguma medida, imitar sua heróica disposição<br />

de humildade, piedade e devoção. Mas eu suponho que você, antes<br />

desta, recebeu a carta de sua mãe, que tem tempo livre para<br />

transformar o assunto em farelo". Sim, sua mãe tinha debulhado o<br />

assunto para ele, fechando seus conselhos com: "Se você for julgar a<br />

legitimidade ou a ilegitimidade do prazer, a inocência ou malignidade<br />

32


das ações – utilize esta regra: O que quer que enfraqueça sua razão,<br />

prejudique a ternura de sua consciência. Obscureça sua consciência<br />

de Deus, ou tire o prazer das coisas espirituais: em resumo, o que<br />

quer que aumente a força e autoridade de seu corpo, sobre sua mente;<br />

esta coisa é pecado para você, por mais inocente que ela possa ser em<br />

si mesma".<br />

Um outro assunto no qual ele deferiu de Kempis, e no qual ele<br />

desejou os pontos de vista de sua mãe, foi a doutrina da Predestinação,<br />

um assunto que, mais tarde, ocupou muito de seu pensamento e<br />

tempo. Ele assim exprime sua compreensão: "Se fosse inevitavelmente<br />

decretado da eternidade que tal parte determinada da humanidade<br />

fosse salva, e ninguém além dela, uma vasta maioria do mundo teria<br />

apenas nascido para a morte, sem tanto quanto a possibilidade de<br />

evitá-la. Como é isto consistente com a Justiça ou a Misericórdia<br />

Divina? É misericordioso ordenar uma criatura para a miséria<br />

eterna? É justo punir o homem por crimes que ele não poderia deixar<br />

de cometer? Que Deus possa ser o autor do pecado e injustiça, que<br />

deve, eu penso, ser a conseqüência de manter esta opinião, é uma<br />

contradição para as idéias mais claras que temos da natureza e<br />

perfeições Divinas". A Sra. <strong>Wesley</strong> responde: "Eu tenho Kempis<br />

comigo, mas não o tenho lido ultimamente. Eu não posso reunir as<br />

páginas que você menciona; mas acreditando que você lhe faça<br />

justiça, eu positivamente afirmo que ele está extremamente no erro<br />

nesta impiedosa, eu quase diria, blasfema sugestão de que Deus, por<br />

um decreto irreversível, determinou que algum homem fosse<br />

miserável, até mesmo neste mundo. Suas intenções, como Ele mesmo,<br />

são santas, justas e boas; e todos os incidentes miseráveis para os<br />

homens aqui, ou daqui em diante, procedem deles mesmos".<br />

Uma outra dificuldade, na qual ele buscou conselho, referiu-se<br />

às sentenças ameaçadores do Credo Atanasiano. Ele era muito<br />

minucioso e consciencioso para permitir que alguma grande questão<br />

escapasse, sem completa investigação.<br />

33


Outras dificuldades foram sugeridas a ele, pela leitura das<br />

obras de Jeremy Taylor, e, como de costume, ele abriu sua mente<br />

sobre elas todos com seu melhor amigo. Taylor afirmou que: "Se Deus<br />

nos perdoou ou não, nós não sabemos, portanto, ainda estamos<br />

pesarosos, para sempre, por termos pecado". <strong>Wesley</strong> observa: "Eu<br />

firmemente acredito, que nunca poderemos estar tão certos do perdão<br />

de nossos pecados, de maneira a assegurarmos que eles nunca se<br />

erguerão contra nós. Nós sabemos que eles infalivelmente farão isto,<br />

se nós cometermos apostasia; e eu não estou convencido qual<br />

evidência pode existir de nossa perseverança final, até que tenhamos<br />

terminado nosso curso. Mas eu estou persuadido de que podemos<br />

saber, se nós agora estamos em um estado de salvação, uma vez que<br />

está expressamente prometido nas Escrituras para nossos sinceros<br />

esforços, e podemos certamente ser capazes de julgarmos de nossa<br />

própria sinceridade". Nós podemos dizer com seu biógrafo, Moore,<br />

que "ele viu a bênção até mesmo agora, mas não a maneira de obtêla".<br />

Deste período, ele escreve, em uma data subseqüente: "No ano<br />

de 1725, com vinte e três anos de idade, eu me deparei com as Regras<br />

e Exercícios do Viver e Morrer Santo, do Bispo Taylor. Ao ler<br />

diversas partes deste livro, eu fiquei grandemente afetado; com<br />

aquela parte, em especial, que se refere à pureza de intenção.<br />

Imediatamente, resolvi dedicar a Deus, todos os meus pensamentos, e<br />

palavras, e ações; estando totalmente convencido de que não existe<br />

meio-termo, mas que toda parte de minha vida (não apenas algumas)<br />

deve ser um sacrifício ou a Deus, ou a mim mesmo, ou seja, em efeito,<br />

ao diabo. Pode alguma pessoa séria duvidar disto, ou encontrar um<br />

meio-termo entre servir a Deus e servir ao diabo?". Ele acrescenta:<br />

"No ano de 1726, eu me encontrei com o Padrão Cristão de Kempis.<br />

A natureza e extensão da religião interior, a religião do coração,<br />

agora me pareceu, sob uma luz mais forte do que anteriormente. Eu<br />

percebi que entregar sempre toda minha vida a Deus (supondo que<br />

seja possível fazer isto, e não seguir adiante) não me traria proveito<br />

algum, exceto se eu desse meu coração, sim, todo meu coração, a Ele.<br />

Eu vi aquela 'simplicidade de intenção e pureza de afeição', um<br />

34


objetivo em tudo que falamos, ou fazemos, e um desejo governando<br />

todos os nossos temperamentos, são, de fato, -- as asas da alma, 'sem<br />

o que, ela nunca acenderá ao monte de Deus'".<br />

Um outro livro para o qual sua atenção foi conduzida, e que se<br />

tornou um grande favorito de <strong>Wesley</strong> em seus dias de Oxford, foi A<br />

Vida de Deus na Alma do Homem, de Scougall. Este foi o livro que<br />

Charles <strong>Wesley</strong> colocou nas mãos de Whitefield, logo depôs da<br />

primeira reunião deles, e do qual Whitefield diz: "Enquanto eu lia<br />

nele que a religião verdadeira era a união da alma com Deus, ou<br />

Cristo formado dentro de nós, um raio de luz divino instantaneamente<br />

foi arremessado na minha alma, e daquele momento, e não, até então,<br />

eu soube que eu deveria ser uma nova criatura... Embora eu tenha<br />

jejuado, vigiado, e orado, e recebi o Sacramento, por tanto tempo,<br />

ainda assim, eu nunca soube do que se tratava a religião verdadeira,<br />

até que Deus me enviou aquele excelente tratado pelas mãos do meu<br />

nunca esquecido amigo".<br />

Um incidente ocorreu por volta deste tempo, que tem um<br />

interesse especial, como sendo a primeira instância daquele apelo<br />

direto aos indivíduos, na questão da religião pessoal, que ele, mais<br />

tarde, praticou em toda a oportunidade útil, e com tais resultados<br />

marcantes. Ele é assim relatado por ele: "Por volta de um ano e meio<br />

atrás, eu deixei o grupo, às oito da noite, com um jovem cavalheiro a<br />

que eu estava familiarizado. Quando viramos em uma galeria da<br />

Igreja de St. Mary, na expectativa do funeral de uma jovem, da qual<br />

éramos ambos conhecidos, perguntei a ele, se ele realmente se<br />

acreditava meu amigo, e se assim fosse, por que ele não fazia a mim<br />

todo o bem que ele podia?".<br />

"Ele protestou; no que eu o interrompi, pedindo-lhe que me<br />

permitisse, na oportunidade, o que ele não negaria estar em seu<br />

próprio poder, ter o prazer de fazer dele um cristão completo, para o<br />

qual, eu sabia, ele estava, pelo menos, em parte, persuadido; e que ele<br />

não poderia fazer-me uma delicadeza maior, uma vez que nós dois<br />

estávamos completamente convencidos, quando viemos seguir aquela<br />

35


jovem. Ele ficou muito sério, e manteve alguma coisa daquela<br />

disposição, desde então. Ontem fez uma quinzena que ele morreu de<br />

tuberculose. Eu o vi três dias antes de morrer; e, no domingo<br />

seguinte, prestei-lhe o último bom ofício que eu poderia prestar aqui,<br />

pregando em seu sermão fúnebre, o que fora seu desejo enquanto<br />

vivo".<br />

Até aqui, ele parece ter mantido um combate sozinho; e ter<br />

lutado corajosamente só, confortado e consolado, apenas pelas<br />

palavras providenciais de seu lar distante. Mas, nesta ocasião, ele<br />

recebeu o inestimável benefício de um amigo cristão, que, ele diz,<br />

nunca teve, até então. Quem foi este amigo, nunca foi revelado; mas<br />

<strong>Wesley</strong> estava tão encorajado que ele diz: "Eu comecei a alterar toda<br />

a forma de minha vida, e propus começar seriamente uma nova. Eu<br />

separei uma hora ou duas no dia para o isolamento religioso. Eu<br />

comunguei toda semana. Eu vigiei contra todo o pecado, em palavra<br />

ou ação. Eu comecei a planejar e orar pela santidade interior".<br />

Acrescentado a isto, como conseqüência de um conselho dado pelo<br />

Bispo Taylor, um relato mais exato do que ele tinha feito antes, e da<br />

maneira como ele empregava seu tempo, e ocupava cada hora. Sua<br />

prática foi guardar na memória um pequeno livro memorando, onde<br />

uma simples página era assinada a cada dia, e uma simples linha a<br />

cada hora. Através de sinais e palavras encurtadas, ele foi capaz de<br />

registrar como cada hora foi gasta, das quatro da manhã, quando se<br />

levantava, até as nove da noite, quando se retirava. Diversos desses<br />

diários estão ainda preservados.<br />

Isto, ele continuou a fazer, onde quer que estivesse, por muitos<br />

anos. Quando ele deixou a Inglaterra, dez anos mais tarde, a variedade<br />

de cenários, através dos quais ele passou, o induziu também a<br />

transcrever, de tempos em tempos, as partes mais materiais do seu<br />

Diário, acrescentando aqui e ali, tais reflexões, como ocorreram em<br />

sua mente. Essas séries de memorando foram pretendidas apenas para<br />

sua própria vista; mas em 1739, depois de seu retorno da Geórgia,<br />

com o objetivo de justificar-se de algumas difamações sobre seu<br />

caráter, feitas por um certo Sr. Williams, ele publicou "extratos" do<br />

36


Diário, e, em intervalos de dois ou três anos, continuou a prática até o<br />

fim de seus dias. Vinte e um desses "extratos" foram publicados, e<br />

formam o que é agora conhecido como o Diário de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>.<br />

Até ai, o progresso de <strong>Wesley</strong> no conhecimento e caráter<br />

cristão está definido e decidido. Canon Overton comenta: "Enquanto<br />

acreditando totalmente na realidade e importância de uma mudança<br />

posterior, pode alguém negar que, desde este tempo, em direção ao<br />

fim de sua vida, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> levou a vida mais santa e devotada,<br />

objetivando apenas a glória de Deus, o bem-estar de sua própria<br />

alma, e o benefício de seus companheiros? E se isto não é ser um bom<br />

cristão, o que é?". A questão, se ele era um cristão ou não, até o<br />

incidente da Rua Aldersgate, é um assunto a se definir. No momento<br />

em que ele se afirmou não ser um, ele sabia, tanto quanto Overton, e<br />

melhor, o que ele queria dizer, com ser um cristão.<br />

O tempo aproximou-se, quando se esperou que a eleição de um<br />

Membro do Lincoln College aconteceria, e seus amigos se<br />

empenharam para assegurar isto em seu interesse. Quando Dr. Morley,<br />

o Reitor da Lincoln, falou sobre o assunto, ele disse: "eu vou inquirir,<br />

quanto ao caráter do Sr. <strong>Wesley</strong>". Ele o fez, e deu a ele permissão<br />

para se colocar como candidato, e, mais tarde, tornou-se seu amigo, na<br />

questão, e usou de toda a influência que ele tinha em favor dele. Não<br />

foi possível, por causa de sua seriedade incomum, escapar de seus<br />

oponentes, que derramaram sobre ele seus gracejos e ridículo. Seu pai<br />

o lembrou que era "uma bisonha virtude", não suportar que riam de si<br />

mesmo; acrescentando: "Eu penso que nosso Capitão e Mestre<br />

suportou alguma coisa mais por nós, antes que Ele entrasse na glória;<br />

e, exceto que sigamos Seus passos, em vão esperaremos dividir aquela<br />

glória com Ele". E sua mãe escreveu: "Se for uma virtude fraca, não<br />

poder suportar que riem a seu respeito, eu estou certo que é uma<br />

virtude forte e bem confirmada suportar o teste de uma forte<br />

bufonaria".<br />

Não obstante a oposição que se ergueu contra ele, seu alto<br />

caráter para erudição e diligência foi recompensado pelo sucesso, e ele<br />

37


foi eleito para membro na quinta-feira, em 17 de Março de 1726. Seu<br />

pai muito enfaticamente expressou sua gratificação na carta de 1º. De<br />

Abril "Eu recebi ambas as suas, desde a sua eleição; em ambas, você<br />

se expressa como lhe convém". E, então, depois de se referir à<br />

dificuldade, que ele teve no prover para as despesas da eleição, ele<br />

prossegue: "Qual será meu próprio destino, antes que o verão<br />

termine, Deus sabe; sed passi graviora – onde quer que eu esteja, meu<br />

Jack é Membro do Lincoln". E sua mãe lhe diz, em sua disposição<br />

usual de devoção: "Eu me sinto obrigada a retornar grandes graças<br />

ao Altíssimo Deus, por lhe dar sucesso no Lincoln. Quem quer que<br />

Ele se agrade que seja o instrumento, a Ele, e somente a Ele, a glória<br />

pertence".<br />

Isto marca uma época importante na carreira de <strong>Wesley</strong>. Ele já<br />

começa a buscar seriamente a salvação de sua alma, sujeitando-se à<br />

severa disciplina, e colocando toda sua conduta, sob o mais rigoroso<br />

controle; assim estabelecendo os alicerces daqueles hábitos de vida<br />

que foram, mais tarde, tão visivelmente ilustrados nele. Neste resoluto<br />

propósito de promover seu crescimento na santidade, ele aproveitou<br />

sua mudança da Christ Church para livrar-se de algumas associações<br />

que ele sentiu serem prejudiciais. Ao rever este período de sua vida,<br />

alguns anos mais tarde, ele diz: "Mudei-me logo depois [que ele<br />

entrou nas Ordenações Santas] para um outro colégio, e decidi aquilo<br />

do qual eu estava antes convencido fosse da mais extrema<br />

importância -- livrar-me de uma vez de todos os meus conhecimentos<br />

levianos. Eu comecei a perceber, mais e mais, o valor do tempo. Eu<br />

me apliquei mais intimamente ao estudo. Eu observei mais<br />

cuidadosamente contra os pecados presentes. Eu aconselhei outros a<br />

serem religiosos, de acordo com aquele esquema de religião, pelo<br />

qual eu modelei minha própria vida. Mas deparando-me agora com a<br />

Perfeição Cristã e Chamado Sério, do Sr. Law, embora eu estivesse<br />

muito ofendido, em muitas partes de ambos, ainda assim, eles me<br />

convenceram mais do que alguma vez a excessiva altura e largura e<br />

profundidade da Lei de Deus. A luz fluiu, tão poderosamente em<br />

minha alma, que tudo pareceu sob um novo panorama. Eu clamei a<br />

Deus por ajuda, e decidi não mais prolongar o tempo de obedecer a<br />

38


Ele, como eu nunca tinha feito antes. E por meu continuado esforço<br />

de manter toda Sua Lei, interior e exterior, no máximo de meu poder,<br />

eu estou persuadido de que eu poderia ser aceito por ele, e estaria,<br />

mesmo então, em um estado de salvação".<br />

Esta passagem muito significativa mostra o profundo propósito<br />

de <strong>Wesley</strong> de reformar toda sua vida e trazê-la, até onde fosse capaz,<br />

em inteira concordância com a vontade Divina. O fervor de seu apelo<br />

pela ajuda Divina nisto, e o cuidado com que ele se esforça para<br />

equilibrar sua conduta exterior, são também evidentes. Nem o fato de<br />

entrar em contato, pela primeira vez, com os escritos de William Law<br />

deve ser examinado, considerando a influência deles sobre suas visões<br />

futuras, e suas subseqüentes relações com seu autor. Num período<br />

anterior, ele publicou cuidadosamente resumos preparados da<br />

Perfeição Cristã, e do Sério Chamado.<br />

<strong>Wesley</strong> recebeu cartas proveitosas e estimulantes de seu pai.<br />

Em uma delas, ele o exorta a tornar-se mestre em Crisóstomo, e nos<br />

Artigos, e na Forma de Ordenação; manter-se firme, com bravura,<br />

contra o mundo, etc., manter um bom, honesto, e devoto coração, e<br />

orar e vigiar duramente. Em outras, seu pai anuncia que lhe foi<br />

designada uma edição da Bíblia, em Hebraico, Língua Caldaica,<br />

Septuaginta, e Vulgata, e, pede sua assistência, diz: "Eu quero que<br />

você, primeiro, se entregue imediatamente ao trabalho, e leia<br />

diligentemente o texto Hebraico, na poliglota, e o confronte<br />

exatamente com a Vulgata, escrevendo tudo, até mesmo, as menores<br />

variações entre elas. A essas, eu gostaria que você acrescentasse o<br />

texto Samaritano. Você pode aprender o alfabeto Samaritano, em um<br />

dia. No período de doze meses, colocando-se mais próximo a ele nas<br />

manhãs, você completará duas vezes Pentateuco; porque eu fiz isto<br />

quatro vezes o ano passado, e estou indo para a quinta. Você não<br />

deve perder sua recompensa, quer neste ou no outro mundo".<br />

Em Lincoln, ele encontra uma sociedade muito mais<br />

apropriada, do que foi capaz de assegurar em Christ Church.<br />

Escrevendo ao seu irmão Samuel, ele diz: "Até onde eu tenho sempre<br />

39


observado, eu nunca conheci um colégio, comparado ao nosso, em<br />

que os membros estejam tão perfeitamente, satisfeitos uns com os<br />

outros, e sejam tão inofensivos à outra parte da Universidade. Tudo<br />

que eu já vi dos Membros é que eles são de boa índole, bem<br />

educados; homens maravilhosamente dispostos, tanto a preservar a<br />

paz e boa vizinhança em meio a eles, quanto a promover isto, onde<br />

quer que tenham alguma familiaridade".<br />

<strong>Wesley</strong> aceitou que seu cabelo, castanho claro, crescesse no<br />

comprimento suficiente para alcançar seus ombros. Sua mãe, por<br />

razões de saúde, o aconselhou a cortar os cabelos. Em uma carta a seu<br />

irmão Samuel, ele diz: "As razões de minha mãe para eu corte os<br />

cabelos, é porque: ela imagina que isto prejudique minha saúde.<br />

Quanto a minha aparência, sem dúvida seria melhor cortá-los,<br />

permitindo-me um pouco mais de cor, e, talvez, contribua para criar<br />

uma aparência mais agradável. Mas esses, até que uma saúde má seja<br />

acrescida a eles, eu não posso persuadir a mim mesmo, sejam motivos<br />

bastante, para perder duas ou três libras por ano. Eu sou capaz o<br />

suficiente para poupá-los". Cinco anos mais tarde, ele escreveu:<br />

"Quanto ao meu cabelo, eu estou muito mais certo, de que o<br />

comprimento dele está mais de acordo com as Escrituras, do que<br />

contrário a elas". Seu irmão Samuel ficou no meio do caminho, e o<br />

aconselhou a cortá-lo mais curto, e este conselho ele seguiu. Na carta<br />

anterior, ele afirma que toda sua vida eterna confirmou, "O ócio e eu<br />

nos despedimos um do outro; eu proponho estar ocupado, por quanto<br />

tempo eu viva, se minha saúde me favorecer". Charles <strong>Wesley</strong> veio<br />

para Oxford da Westminster School, e entrou na Christ Chruch, logo<br />

depois que <strong>John</strong> a deixou. Durante alguns meses depois de sua<br />

chegada em Oxford, dizem que Charles foi virtuoso, em sua conduta,<br />

e muito de acordo com seu espírito e maneiras; mas a estrita<br />

autoridade sobre ele, que seu irmão Samuel exerceu, como seu tutor e<br />

guardião, estando agora afastada, ele estava longe da severidade e<br />

sinceridade em seus estudos. Depois de um tempo, tornou-se<br />

estudioso, embora seu espírito não fosse devotado. Seu irmão <strong>John</strong><br />

escreveu: "Ele buscou seus estudos diligentemente, e levou uma vida<br />

regular, inofensiva; mas se eu falava com ele a respeito de religião,<br />

40


ele respondia irritado:'O que? Você pretende que eu seja um santo de<br />

imediato?'. E não mais me ouvia".<br />

<strong>Wesley</strong> passou, do dia 26 de Abril a 21 de Setembro deste ano,<br />

em Epworth e Wroot, seu pai tinha ambos os benefícios sob sua<br />

responsabilidade, residindo ocasionalmente em uma pequena reitoria,<br />

em Wroot. Foi um tempo feliz, durante o qual ele leu orações e pregou<br />

duas vezes todo domingo; e, por outro lado, ajudava seu pai, quando<br />

era capaz. Ele dedicou-se aos seus estudos, neste meio tempo, e<br />

desfrutou das oportunidades freqüentes de conversar com seus<br />

honrados pais, mantendo um diário do que se passava, anotando os<br />

assuntos da conversa, e as observações práticas feitas por seus<br />

superiores, e algumas vezes, acrescentando as suas próprias.<br />

A aquisição de Wroot acrescentou pouco aos confortos<br />

domésticos da família Epworth, já que os benefícios meramente<br />

cobriram as despesas de atender a ele; enquanto a região em volta era<br />

pouco melhor do que um pântano.<br />

Os extratos seguintes de uma das cartas de Samuel <strong>Wesley</strong><br />

podem servir para dar uma idéia clara do estado das coisas no lar<br />

Epworth. "Eu me deparei com uma série de infortúnios. Meu celeiro<br />

paroquial desapareceu, antes que eu tivesse recuperado meu<br />

benefício; minha casa, grande parte dela, queimada, há cerca de dois<br />

anos; meu linho, grande parte de minha renda, agora em minhas<br />

próprias mãos (o principal cultivo na vizinhança era o cânhamo), eu<br />

duvido propositadamente incendiado e queimado durante a noite,<br />

enquanto eu estive, da vez passada em Londres; minha renda ficou<br />

pela metade, devido ao preço do grão; e meu crédito perdido, por ter<br />

tirado meu controle. Eu fui levado ao Lincoln Castle, em 23 de Junho,<br />

próximo passado. Aproximadamente três semanas atrás, minha gente,<br />

muito indelicada, pensando que ele ainda não tinham feito tudo,<br />

durante a noite, esfaquearam minhas três vacas, que eram a maior<br />

parte da subsistência de minha pobre família numerosa. Pelo que<br />

peço, Deus os perdoe".<br />

41


<strong>Wesley</strong>, ocasionalmente, escreveu alguns versos de<br />

caráter variado, e, enquanto em Epworth, começou uma paráfrase<br />

sobre Salmos 104:1-18 "Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Senhor,<br />

Deus meu, tu és magnificentíssimo! (...)"; que ele, mais tarde,<br />

terminou. Isto mostra sua aptidão na composição poética, assim como<br />

faz com as maravilhosas traduções do Alemão, Espanhol e língua<br />

Francesa, com as quais, num período anterior enriqueceu o Saltério da<br />

Igreja. Os conselhos de sua mãe podem ter reprimido seus exercícios<br />

nesta direção. "Eu não gostaria que você desistisse de fazer versos;<br />

antes que fizesse da poesia sua diversão, embora nunca seu trabalho".<br />

O poeta do Metodismo ainda não tinha sido revelado.<br />

<strong>Wesley</strong> retornou para Oxford, em 21 de Setembro de 1726, e<br />

retomou seus Estudos. Seu caráter literário estava agora estabelecido<br />

na Universidade. Ele era reconhecido por todas as facções, como um<br />

homem de talentos e uma critica excelente nas línguas eruditas; sua<br />

habilidade na lógica era universalmente conhecida e reconhecida, e<br />

suas composições eram distinguidas por uma elegante simplicidade de<br />

estilo e justeza de pensamento que fortemente marcaram a excelência<br />

de seu gosto clássico. A opinião elevada que foi mantida por ele, foi<br />

publicamente manifestada pela sua escolha como Professor e<br />

Moderador das Classes de Grego (em 6 de Novembro), embora ele<br />

fosse eleito Membro do Conselho, apenas por oito meses, ele estava<br />

com pouco mais do que vinte e três anos de idade, e não tinha ainda<br />

obtido o grau de Mestre das Artes. Suas obrigações iniciaram em<br />

Outubro, no período deste ano.<br />

Canon Overton oferece a seguinte explanação das obrigações<br />

vinculadas a esses ofícios: -- "Ser professor de Grego não significa<br />

geralmente, lecionar Grego; este é um termo técnico, e cuja<br />

explicação ilustra a tradição da religiosidade, assim como a<br />

aprendizagem que pertencia ao Lincoln College. O objetivo era<br />

garantir alguns tipos de instrução religiosa a todos os universitários;<br />

e para este propósito, um oficial especial era designado, com o<br />

salário modesto de 20 libras por ano, para quem se incumbisse de ser<br />

um professor, toda semana, no Saguão do Colégio, a que todos os<br />

42


estudantes deveriam atender, do Testamento Grego. Quando se<br />

tornava um grupo instruído, a preleção era colocada na Língua<br />

original; mas o verdadeiro objetivo era ensinar teologia, não Grego.<br />

A obrigação de um 'Moderador de Classes" era sentar-se no Saguão<br />

do Colégio, e presidir as "Disputas", que acontecessem no Lincoln<br />

College, todos os dias na semana, exceto aos domingos".<br />

Durante muitos anos, ele manteve este ofício, no qual ele diz,<br />

não poderia evitar adquirir alguns graus de perícia no argumentar, e,<br />

especialmente, no detectar falácias plausíveis, o que lhe trouxe<br />

vantagens em suas muitas controvérsias; e ele louvava a Deus por lhe<br />

dar "esta destreza honesta".<br />

<strong>Wesley</strong> obteve seu grau de mestre, em 14 de Fevereiro de<br />

1727. Ele entregou três preleções na ocasião – uma sobre a Filosofia<br />

Natural, de Anima Brutorum; outra sobre Filosofia Moral, de De Julio<br />

Caesare; e uma terceira sobre Religião, de De Amore Dei. Dizem que<br />

ele ganhou considerável reputação neste debate. Seu grau deu a ele<br />

uma vantagem, que ele agradavelmente saudou: ele o colocou em<br />

maior liberdade para escolher seu próprio empreendimento, e uma vez<br />

que, como ele disse, ele conheceu suas próprias deficiências, melhor, e<br />

quais delas necessitavam mais de serem supridas, ele esperou<br />

grandemente tirar proveito, através de sua liberdade.<br />

Antecipadamente, ele estabeleceu o seguinte plano de estudos, do qual<br />

ele não se permitia desviar: -- as segundas e terças-feiras eram<br />

devotadas aos historiadores e poetas clássicos Gregos e Latinos; as<br />

quartas-feiras, para lógica e ética; as quintas-feiras para Hebraico e<br />

Árabe; as sextas-feiras, para metafísica e Filosofia Natural; os<br />

sábados, para oratória e poesia, principalmente composição; os<br />

domingos, teologia. Nas horas intermediárias entre esses, dos estudos<br />

mais fixos, ele lia Francês, e uma grande variedade de autores<br />

modernos em quase todas as áreas de ciência. Ele seguiu o método de<br />

primeiro ler um autor regularmente; e, então, em uma segunda leitura,<br />

transcrever importantes passagens, quer devido à informação que elas<br />

transmitiam, ou às suas bonitas expressões.<br />

43


Em um dos seus sermões ele anota as seguintes observações<br />

sobre sua conduta naquele tempo: --<br />

"Quando agradou a Deus me dar uma resolução firme para<br />

ser, não um cristão nominal, mas um cristão real (estando, então, com<br />

vinte e dois anos de idade), meu conhecimento era tão ignorante de<br />

Deus, quanto de mim mesmo. Mas existia esta diferença: Eu sabia da<br />

minha própria ignorância; eles não sabiam da deles. Eu fracamente<br />

esforçava-me para ajudá-los, mas em vão. Entretanto, eu me<br />

certifiquei, através de uma triste experiência, que, até mesmo suas<br />

conversas inofensivas, assim chamadas, refreavam todas as minhas<br />

boas resoluções. Mas como me livrar em boa hora deles, era a<br />

questão que eu tentava, repetidas vezes, revolver em minha mente. Eu<br />

não vi maneira possível, exceto se agradasse a Deus me remover para<br />

outro colégio. E ele assim o fez, de uma forma totalmente contrária a<br />

toda a probabilidade humana. Eu fui eleito Membro do Conselho de<br />

um colégio, onde eu não conhecia pessoa alguma. Antes, eu pressupus<br />

que abundância de pessoas viria me ver, tanto por amizade,<br />

civilidade, ou curiosidade, e que poderia ter novos e velhos<br />

conhecidos. Mas agora estabeleci meu plano. Entrando, por assim<br />

dizer, em um novo mundo, eu resolvi não travar conhecimento, pela<br />

chance, mas por escolha, e escolher tais, apenas que eu tivesse razão<br />

para acreditar que me ajudaria em meu caminho para o céu. Em<br />

conseqüência disto, eu observei estritamente o temperamento e<br />

comportamento de todos que me visitaram. Eu não vi motivo para<br />

pensar que a maior partes desses verdadeiramente amavam ou<br />

temiam a Deus. Tal familiaridade, portanto, eu não escolhi; eu não<br />

poderia esperar que eles me fizessem algum bem. No entanto, quando<br />

algum deles vinha me ver, eu me comportava tão cortesmente quanto<br />

pudesse. Mas a pergunta, 'Quando você virá me ver', retornava sem<br />

resposta. Quando eles vinham algumas poucas vezes, eu ainda me<br />

declinava de retribuir a visita, até que não os vi mais. Abençoado seja<br />

Deus, isto tem sido minha regra invariável, por quase sessenta anos.<br />

Eu sabia que muitas censuras se seguiriam. Mas eu não me movi, uma<br />

vez que eu sabia perfeitamente bem, que era meu chamado seguir,<br />

'através do mau e do bom relato'".<br />

44


Essas últimas palavras estão apropriadamente colocadas nas<br />

bordas dos três quadros esculpidos da Virtude de <strong>Wesley</strong>, depois da<br />

pintura de Williams.<br />

Ele parece, nesta época, ter apreciado o espírito de um recluso,<br />

porque ele diz em uma de suas cartas a sua mãe (19 de Março de<br />

1727): "A conversa de uma ou duas pessoas, dos quais você me ouviu<br />

falar a respeito (e espero nunca sem gratidão), primeiro tirou meu<br />

gosto pela maioria dos outros prazeres; tanto que eu os desprezo, em<br />

comparação a este. Desde então, dei um passo adiante, para<br />

desprezá-los, completamente. No momento, estou tão pouco desejoso,<br />

até mesmo de companhia – o mais elegante entretenimento próximo<br />

aos livros – que, exceto se as pessoas tiverem uma mudança de<br />

pensamento religioso, eu fico muito mais satisfeito, sem elas".<br />

"Eu penso que é um firme temperamento de minha alma, que<br />

eu prefira, pelo menos, por algum tempo, tal retraimento, de maneira<br />

a isolar-me do mundo, para a condição em que agora me encontro.<br />

Não que este seja, de modo algum, desagradável a mim, mas eu<br />

imagino seria mais proveitoso estar em um lugar, onde eu<br />

confirmasse ou implantasse em minha mente, quais hábitos eu prefiro,<br />

sem interrupção, antes que a flexibilidade da juventude acabe".<br />

Uma escola em Yorkshire foi proposta a ele. Ela se situa em<br />

um pequeno vale, "assim confinado entre duas colinas, dificilmente<br />

acessível de qualquer lado; de maneira que você pode esperar poucas<br />

pessoas de fora, e dentro, não existe alguma, afinal". Isto pareceu<br />

oferecer o que ele desejava, mas, por alguma razão inexplicável, a<br />

proposta não foi renovada. Mais tarde, será visto quão<br />

freqüentemente, quando na agitação de sua obra pública, ele almeja<br />

tais condições de paz e retraimento, do qual ele, repetidas vezes, se<br />

desviava por conta da trombeta do chamado do dever. Como, em uma<br />

ocasião, depois de pregar, em um lugar atrativo, ele exclamou:<br />

"Quanto dias eu passaria aqui, eu fosse fazer minha própria vontade?<br />

Mas não deve ser assim; eu devo fazer a vontade Dele que me enviou,<br />

45


e terminar sua obra. Assim sendo, este é o primeiro dia que eu passo<br />

aqui, e, talvez, seja o último". E novamente: "Quão prazerosamente,<br />

eu passaria algumas semanas nesta solidão deliciosa. Mas eu não<br />

devo descansar ainda. Por quanto tempo, Deus me dê força para o<br />

trabalho, eu devo usá-la".<br />

O hábito de levantar-se cedo, deve ter acontecido em algum<br />

lugar, por volta desta época, e ele continuou isto, através de sua vida.<br />

No sermão sobre "Redimir o Tempo", ele faz a seguinte afirmação:<br />

"Se alguém deseja saber exatamente que quantidade de sono sua<br />

própria constituição requer, ele pode muito facilmente fazer o<br />

experimento que eu fiz, a cerca de sessenta anos atrás. Eu, então,<br />

acordei todas as noites, por volta da meia-noite à uma, e me mantive<br />

acordado por algum tempo. Eu rapidamente conclui que isto surgiu<br />

do fato de eu ficar deitado por mais tempo do que a natureza<br />

requereu. Para ficar satisfeito, eu procurei um despertador, que me<br />

acordou na manhã seguinte, às sete horas da manhã (perto de uma<br />

hora mais cedo do que eu me levantei no dia anterior); ainda assim,<br />

eu fiquei acordo até a noite. Na segunda manhã, eu me levantei ás<br />

seis; mas, não obstante isto eu me mantive acordado a segunda noite.<br />

Na terceira manhã, eu me levantei às cinco horas. Todavia, fiquei<br />

acordado a terceira noite. Na quarta manhã, eu me levantei ás quatro<br />

horas (o que, pela graça de Deus, eu tenho feito, desde então); e não<br />

fiquei acordado mais. E eu agora não fico acordado (durante o ano),<br />

um quarto de hora consecutivo em um mês. Pelo mesmo experimento,<br />

levantando, mais e mais cedo, cada manhã, qualquer um pode saber<br />

quanto sono ele realmente necessita".<br />

O Reitor de Epworth e Wroot [pai de <strong>Wesley</strong>] estava agora<br />

idoso e enfermo. Ele teve uma vida muito ativa; passou por muitos<br />

problemas, e não conheceu poucas privações. Sua saúde estava<br />

debilitada, e a paróquia de Wroot não estava em melhores condições<br />

de saúde. Ela era uma vila distante de Epworth, por volta de cinco<br />

milhas, e cercada por pântanos, de maneira que freqüentemente,<br />

quando o nível das águas estava baixo, a jornada de um local para<br />

outro podia ser feito apenas por barco, e no inverno era sempre<br />

46


perigoso. Ele ganhou o nome de Wroot-fora-da-Inglaterra, devido sua<br />

inacessível localidade. Pareceu agradável que <strong>John</strong> viesse para<br />

Epworth e ajudasse seu pai em sua obra. Assim sendo, depois de fazer<br />

uma visita a seu irmão Samuel em Westminster, ele seguiu para<br />

Lincolnshire, no início de Agosto de 1727. Uma vez que Wroot foi<br />

designada a ele, como sua esfera de trabalho, seu pai e ele<br />

ocasionalmente alternavam. Não fazia muito tempo que residia lá,<br />

quando ele foi atacado com febre intermitente, uma doença comum na<br />

vizinhança, considerada endêmica pelas condições da terra. Com esta<br />

enfermidade sobre ele, ele viajou a cavalo para Oxford, para favorecer<br />

Dr. Morley, retornando da mesma maneira para Wroot, depois de uma<br />

permanência de alguns dias, embora, diversas vezes, muito doente na<br />

estrada. Freqüentemente no futuro, ele viajaria e trabalharia, quando<br />

nas dores da enfermidade!<br />

A seguinte carta, escrita para <strong>Wesley</strong>, no encerramento deste<br />

ano, por um Membro de seu próprio colégio, confirma a afirmação por<br />

um dos seus primeiros biógrafos, de que "o conhecimento geral, e<br />

agradável conversa do Sr. <strong>Wesley</strong>, o fez estimado por todos os seus<br />

conhecidos em Oxford. Ele foi o companheiro mais engajado e<br />

instrutivo; aberto e comunicativo com seus amigos, e civilizado e<br />

prestativo a todos": --<br />

Lincoln College, 28 de Dezembro de 1727<br />

Senhor,<br />

'Ontem eu tive a satisfação de receber sua delicada e<br />

prestativa carta, por meio da qual, você me deu um exemplo singular<br />

daquela bondade e civilidade que é essencial ao seu caráter, e<br />

fortemente me confirmou os elogios que são feitos a você neste<br />

aspecto, por todos que têm a felicidade de conhecê-lo. Isto me faz<br />

infinitamente desejoso de sua familiaridade. E, quando eu considero<br />

aquelas qualidades iluminadas que eu ouço diariamente mencionadas<br />

a seu louvor, eu não posso deixar de lamentar o grande infortúnio que<br />

todos temos, na ausência de tão agradável pessoa do colégio, mas eu<br />

47


me satisfaço com os pensamentos de ver você aqui na reunião de<br />

cônegos, e da felicidade que teremos em sua companhia no verão.<br />

Neste meio tempo, eu retorno a você, os mais sinceros<br />

agradecimentos por este favor, e lhe garanto que, se estiver em meu<br />

poder, alguma vez, servi-lo, ninguém estará mais pronto para fazer<br />

isto, do que --<br />

Senhor,<br />

Seu mais prestativo e humilde servo<br />

Lew Fenton<br />

Eu não achei improvável que, no curso ordinário das coisas,<br />

<strong>Wesley</strong> permanecesse no retiro da vida paroquial, ajudando seu pai,<br />

até o fim dos dias dele, e, possivelmente, o sucedendo em Epworth.<br />

Mas, em direção ao encerramento de 1729, ele foi convocado, pelo Dr.<br />

Morley, Reitor do Lincoln College, para retornar a Oxford. Dr.<br />

Morley diz: "No encontro da sociedade, logo depois que eu deixei o<br />

colégio, para considerar o método próprio de preservar a disciplina e<br />

o bom governo; em meio às diversas coisas concordantes, na opinião<br />

de todos que estavam presentes, julgou-se necessário que os Membros<br />

juniores, que seriam escolhidos Moderadores, deveriam, em pessoa,<br />

atender às obrigações de seu ofício, se eles não convencerem alguns<br />

de seus Membros a exercerem a função por eles... Nós esperamos que<br />

possa ser vantagem para você residir no colégio, tanto quanto onde<br />

você se encontra, se você tiver alunos, ou pode conseguir um curato<br />

na vizinhança de Oxon. Seu pai certamente tem outro curato, embora<br />

não tanto de sua satisfação; ainda assim, estamos persuadidos que<br />

isto não fará com que ele impeça seu retorno para o colégio, desde<br />

que o interesse do colégio e obrigação do estatuto requeira isto".<br />

Tal carta não poderia deixar de receber uma resposta. O<br />

próprio <strong>Wesley</strong> sentiu as atrações da vida Universitária, e seu pai,<br />

igualmente rígido em submeter-se e impingir obediência à autoridade,<br />

tinha tamanha consideração pelo Dr. Morley, e lembrava-se grato de<br />

suas obrigações para com ele, que acostumava a dizer: "Eu não posso<br />

recusar coisa alguma ao Dr. Morley". <strong>Wesley</strong> pensou pouco, ao<br />

48


despedir-se de seu rebanho em Wroot, e da querida casa em Epworth,<br />

quais grandes questões dependiam de sua entrada novamente nas<br />

sombras do Lincoln College.<br />

<strong>Wesley</strong> retornou para Oxford em 22 de Novembro de 1729.<br />

Oxford apresentava agora, além disso, uma nova atração para ele.<br />

Como foi dito acima, seu irmão passou por uma mudança acentuada<br />

no caráter e hábitos, aparentemente, sem o uso de alguns meios<br />

específicos. Em seu segundo ano, ele começou a ser mais sério em seu<br />

comportamento geral, e a manifestar uma preocupação profunda com<br />

a salvação de sua alma. Para que ele mantivesse uma vigilância estrita<br />

sobre si mesmo, ele pediu conselho a seu irmão, para manter um<br />

diário, e anotar o estado de sua mente e os feitos do dia. Ele<br />

acrescentou: "Deus acha adequado (isto possa aumentar minha<br />

prudência), negar sua companhia e assistência, no momento. Será<br />

através Dele me fortalecer, que eu confio, manterei meu alicerce até<br />

que nos encontremos. E eu espero que, nem antes, nem depois deste<br />

tempo, eu possa reincidir, para meu estado anterior de inconsciência.<br />

Através dos meios que você utiliza, eu acredito firmemente que Deus<br />

irá estabelecer o que ele começou em mim; e não existe pessoa<br />

alguma que tão prontamente seja instrumento de Deus em minha vida,<br />

como você. É devido em grande medida á oração de algumas pessoas<br />

(da minha mãe, mais adequadamente), que eu cheguei a pensar como<br />

faço agora; porque eu não posso dizer a mim mesmo, como ou<br />

quando, eu despertei de minha letargia, apenas, que não foi muito<br />

tempo depois que você foi embora".<br />

Com o passar do tempo, ele se tornou, mais e mais, sincero no<br />

buscar a religião, ao se empenhar em fazer o bem de vários tipos, e em<br />

tentar despertar a atenção para a religião nas mentes de alguns de seus<br />

colegas estudantes. Em Maio deste ano, ele escreveu para seu irmão:<br />

"A Providência tem, no momento, colocado em meu poder, fazer<br />

algum bem. Eu tenho algumas vidas jovens, despretensiosas, bem<br />

dispostas, próximas a mim; e estou grato a Deus que, de certa forma,<br />

tenho sido instrumento em mantê-los assim. Eles estiveram em mãos<br />

desprezíveis e estão agora libertos. Eles não se atreviam a receber o<br />

49


Sacramento, a não ser nos momentos de costume, por medo que<br />

rissem deles. Ao convencê-los do dever de comunicar freqüentemente,<br />

eu prevaleci sobre nós em receber uma vez por semana. Eu<br />

sinceramente anseio, e desejo, que o abençoado Deus esteja pronto<br />

para me entregar a você. Eu estou consciente que este é meu dia de<br />

graça; e que, empregar o tempo, antes de nosso encontro e próxima<br />

partida dependerá, em grande medida, de minha condição ara a<br />

eternidade".<br />

<strong>John</strong> passou alguns poucos dias do mês seguinte, em Oxford.<br />

Se Charles se referiu àquele tempo, ou teve alguma esperança de um<br />

intercurso mais prolongado com seu irmão, isto não aparece. Naquela<br />

breve visita, no entanto, <strong>John</strong> viria, pela primeira vez, o início daquela<br />

que foi tão grande obra na terra, e ouvir, concernente a alguns poucos<br />

inquisidores esforçados um apelido desdenhoso, que se tornaria o<br />

símbolo do Cristianismo fervoroso em todos os cantos do globo. Mas<br />

à Charles, como instrumento, pertence a honra de iniciar esta obra;<br />

que ele, portanto, em suas próprias palavras a descreva. Ao escrever<br />

ao Dr. Chandler, ele diz: "Meu primeiro ano no colégio, eu perdi em<br />

diversões; o próximo eu me dediquei ao estudo. A diligência me<br />

conduziu a pensar seriamente; eu fui para o Sacramento semanal, e<br />

persuadi dois ou três jovens estudantes a me acompanharem, e<br />

observarem o método de estudo prescrito pelos estatutos da<br />

Universidade. Isto me deu o nome inofensivo de Metodista. No<br />

segundo semestre, meu irmão deixou seu curato em Epworth e veio<br />

para nossa assistência. Nós, então, prosseguimos regularmente em<br />

nossos estudos, e em fazer o bem que pudéssemos aos corpos e almas<br />

dos homens".<br />

Este é um indicativo da baixa condição de disciplina na<br />

Universidade naquele tempo, para que uma atenção estrita aos seus<br />

estatutos pudesse trazer surpresa. O que foi escrito em Oxford, trinta<br />

anos depois, também reflete a condição das coisas naquele tempo,<br />

como Os Estudos em Oxford, de J.R. Green, e outras obras históricas<br />

claramente testificam.<br />

50


Quão grandes controvérsias tiveram sua origem em incidentes<br />

levianos. A vida de um jovem estudante volúvel passava por uma<br />

mudança; de maneira que este jovem se tornou um dos mais doces<br />

salmistas que a Igreja Cristã conheceu. Seus números são cantados<br />

sobre a face dos continentes; neles, o Evangelho é cantado em muitas<br />

terras, e em muitos Línguas; e alimentam a vida espiritual de milhões.<br />

Cabeças coroadas, e filhos exaustos do campo igualmente cantam.<br />

Mas qual é o significado deste nome de reprovação que é fixado sobre<br />

esses três jovens? O grupo, através de objetivos comuns, se em<br />

menosprezo apenas ou por escolha, os une. Ele dá a eles, novos<br />

interesses comuns. Ele os distingue dos seus companheiros. Ele dá<br />

limitação às profissões formadas pela metade. Neste caso, esta era<br />

uma profissão de rompimento das companhias alegres e negligentes;<br />

uma profissão de disciplina, de devoção, de dever; uma profissão de<br />

um desejo, pelo menos, viver uma vida religiosa. Ele se tornou um<br />

emblema ao redor do qual, outros se ajuntariam. Hoje ele distingue<br />

mais de vinte e cinco milhões de pessoas!<br />

CAPÍTULO III<br />

Oxford: Vida Universitária<br />

51


Deste tempo, <strong>Wesley</strong> escreve: "No ano de 1729, eu começo,<br />

não apenas a ler, mas a estudar a Bíblia, como o único padrão da<br />

verdade, e o único modelo da religião pura. De onde eu vejo, em uma<br />

luz cada vez mais clara, a indispensável necessidade de ter a mente<br />

que havia em Cristo, e de caminhar como Cristo também caminhou;<br />

não apenas tendo parte, mas toda a mente que havia Nele; e de<br />

caminhar como Ele caminhou, não apenas em muitas ou na maioria,<br />

mas em todas as coisas. E esta foi a luz, em que, naquele momento, eu<br />

geralmente considerei a religião, como um seguir uniforme de Cristo,<br />

uma conformidade interior e exterior com nosso Mestre. Nem eu<br />

estava temeroso de alguma coisa mais, do que submeter-me a esta<br />

regra para a minha própria experiência, ou de outros homens; em me<br />

permitir, de maneira alguma, a menor desconformidade com nosso<br />

grande Exemplar".<br />

Em obediência aos chamados que ele recebera do Dr. Morley,<br />

Reitor do Lincoln College, retornou para Oxford, para encarregar-se<br />

dos alunos, onze dos quais, imediatamente, ficaram sob seu cuidado.<br />

Aqui ele encontrou uma sociedade Metodista iniciante, embora que<br />

ainda sem um nome definido; consistindo de Charles e dois<br />

companheiros, aos quais se juntou imediatamente, e através dos quais,<br />

ele rapidamente foi reconhecido como um líder espiritual. Sob sua<br />

direção, a pequena comunidade logo se transformou em um<br />

instrumento de propaganda espiritual, e gradualmente aumentou em<br />

número e influência – uma pequena semente que, mais tarde, tornouse<br />

uma grande árvore.<br />

Em seu, Breve História do Metodismo, publicado alguns anos<br />

mais tarde, <strong>Wesley</strong> dá o seguinte relato: - "Em Novembro de 1729,<br />

quatro jovens cavalheiros de Oxford — Sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, membro do<br />

Lincoln College; Sr. Charles <strong>Wesley</strong>, estudante da Igreja de Cristo;<br />

Sr. Morgan, homem do povo, da Igreja de Cristo; e o Sr, Kirkham, do<br />

College Merton —, começaram a passar algumas tardes da semana,<br />

lendo, principalmente, o Testamento Grego. No ano seguinte, dois ou<br />

três dos alunos do Sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> desejaram a liberdade de se<br />

encontrarem com eles; e, logo depois, um dos alunos de Charles<br />

52


<strong>Wesley</strong>. Foi em 1732, que o Sr. Ingham, do Queen’s College, e Sr.<br />

Broughton, de Exeter, foram somados ao número deles. A esses, em<br />

Abril, juntaram-se o Sr. Clayton, de Brazen-nose, com dois ou três de<br />

seus alunos. Por volta da mesma época, o Sr. James Hervey foi<br />

permitido encontrar-se com eles; e em 1735, o Sr. Whitfield". Ele diz:<br />

"Eles eram todos membros zelosos da Igreja da Inglaterra; não<br />

apenas tenazes, em todas as doutrinas delas; até onde eles as<br />

conheciam, mas de todas as suas disciplinas, nas menores<br />

circunstâncias. Eles eram, igualmente, observadores zelosos de todos<br />

os Estatutos da Universidade, e isto, por causa da consciência. Mas<br />

eles observaram que nem esses, nem qualquer coisa além do que eles<br />

conceberam estavam em ligação estreita com o único livro deles, a<br />

Bíblia; sendo o único desejo e desígnio deles serem cristãos bíblicos<br />

sinceros; tomando a Bíblia, como é interpretada pela igreja primitiva<br />

e nossa própria, como a regra total e única deles".<br />

Este foi o "Clube Santo" do qual <strong>Wesley</strong> foi, devido sua<br />

sabedoria, chamado de Curador. Esses foram os "Fanáticos Bíblicos";<br />

"Traças Bíblicas", quem seus escarnecedores diziam, fartarem-se de<br />

Bíblia, como as traças das roupas; e contra os quais eram dirigidos as<br />

zombarias e escárnio dos negligentes. Mas a oposição dos espíritos<br />

mundanos, pelos quais eles estavam cercados não os impediu em seu<br />

sublime propósito, enquanto sua coragem e simplicidade de objetivo<br />

tornaram-se mais óbvias. Eles não confinaram a atenção deles, cada<br />

homem, em sua própria alma, ou geralmente no bem-estar da pequena<br />

comunidade ou grupo, mas buscaram resgatar outros jovens<br />

estudantes de seus caminhos pecaminosos, e conduzi-los à vida<br />

religiosa; eles visitaram a prisão e a fortaleza, onde eles leram as<br />

orações, nas quartas-feiras e sextas-feiras, e administraram o<br />

Sacramento uma vez por mês; eles levantaram dinheiro, e procuraram<br />

livros, ajuda médica, e outras necessidades para os pobres<br />

prisioneiros; visitaram e ajudaram as famílias pobres, e ensinaram em<br />

escolas e em casas de correção. Em todas essas <strong>Wesley</strong> assumiu o<br />

comando. Ele mesmo fundou uma das escolas, pagou as professoras, e<br />

vestiu algumas, se não todas as crianças.<br />

53


Ao pregar em Dress, muitos anos depois, ele diz que, enquanto<br />

estava em Oxford, "em um dia frio de inverno, uma jovem criada<br />

(uma daquelas que cuidavam da escola), visitou-se. Eu disse: 'Você<br />

parece subnutrida. E você tem alguma coisa para vestir, a não ser<br />

este linho fino?'. Ela respondeu: 'Senhor, isto é tudo que tenho'. Eu<br />

coloquei minha mão em meu bolso, mas certifiquei-me que eu não<br />

tinha dinheiro restante, depois de ter gastado tudo que eu tinha. Isto<br />

imediatamente me veio à mente, será que teu Mestre diria, 'Bem feito,<br />

bom e fiel mordomo? Tu adornaste os muros com o dinheiro que teria<br />

abrigado esta pobre criatura do frio! Ó, justiça! Ó, misericórdia!<br />

Esses quadros não são feitos com o sangue dessa pobre criada?'".<br />

Assim, ele insistiu com seus ouvintes, a "não ajuntarem coisa<br />

alguma; sim, pior do que isto, com o que poderia vestir um pobre, nu,<br />

e trêmulo de frio, cidadão". E em outra ocasião, quando prega sobre O<br />

Caminho Mais Excelente, ele exorta: "Em Primeiro Lugar, se você<br />

não tem família, depois de ter providenciado para si mesmo, dê tudo<br />

que restar". "Esta", ele diz, "foi a prática de todos os jovens de<br />

Oxford, que eram chamados de Metodistas. Por exemplo: Um deles<br />

[ele mesmo] tinha trinta libras por ano. Ele viveu com vinte e oito, e<br />

abriu mão de quarenta xelins. No ano seguinte, recebeu sessenta<br />

libras, ele ainda viveu com vinte e oito, e deu trinta e duas. No<br />

terceiro ano, ele recebeu noventa libras, e deu sessenta e duas. No<br />

quarto, ele recebeu cento e vinte libras. Ela inda viveu, como antes,<br />

com vinte e oito libras; e deu ao pobre, noventa e duas. Este não foi o<br />

caminho mais excelente?<br />

Assim, nas obras de benevolência e serviço cristão, em meio à<br />

maldade abundante, esses jovens viveram na pureza da vida,<br />

fortalecendo uns aos outros, na fé e prática santa, vivendo como luz no<br />

mundo, manifestando a palavra de vida, em meio a uma geração<br />

verdadeiramente desonesta e perversa. Mas este zelo exterior não foi<br />

mantido sem a maioria dos diligentes exercícios religiosos. A rigorosa<br />

vigília que <strong>Wesley</strong> manteve sobre si mesmo naquele tempo, e os<br />

esforços ardorosos que ele fez para promover seu progresso espiritual,<br />

são notavelmente exibidos em O Esquema de Auto-Exame, que ele<br />

nos diz, foi usado pelos primeiros Metodistas em Oxford, e que foi<br />

54


indubitavelmente sua compilação. O documento é extremamente<br />

interessante, não apenas como amostra da vida interior da pequena<br />

comunidade Metodista, mas, aqui especificamente, como lançando<br />

uma luz sobre o sistema severo de autodisciplina que <strong>Wesley</strong><br />

costumava impor, com a mais rigorosa precisão, sobre si mesmo, e o<br />

que ele estimulava junto aos outros.<br />

Um Esquema de Auto-exame Usado pelos Primeiros<br />

Metodistas em Oxford<br />

são:<br />

Domingo --- Amor a Deus e Simplicidade: Cujos meios<br />

Oração e Meditação<br />

1. Eu tenho sido simples e coerente em tudo que eu digo ou<br />

falo? (1) Simples em todas as coisas, ou seja, olhado para Deus; meu<br />

Deus, meu Exemplo, meu único Desejo, meu Árbitro, Origem do bem;<br />

agido totalmente para Ele; adequando meu entendimento com a ação<br />

presente ou hora? (2) Coerente? Ou seja, este simples propósito é<br />

distinto e ininterrupto? Com a finalidade de mantê-lo assim, eu tenho<br />

usado as marcas, como combinado com meus amigos, onde quer que<br />

eu esteja? Eu tenho feito qualquer coisa, sem uma prévia percepção de<br />

que aquilo se trata da vontade de Deus? Ou sem a percepção de que<br />

seja um exercício ou meios de virtude, para aquele dia? Eu tenho dito<br />

alguma coisa, sem isto?<br />

2. Eu tenho orado com fervor? Ao ir para a Igreja, e quando<br />

saio dela? Dentro da igreja? De manhã, e tarde, em privativo?<br />

Segunda, quarta e sexta-feira, com meus amigos, ao amanhecer?<br />

Depois de me deitar? No sábado ao meio-dia? Todo o tempo que eu<br />

esteja engajado em uma obra exterior pessoal? Antes de me dirigir a<br />

um local público ou oração privada, para obter ajuda? Onde quer que<br />

eu esteja, eu vou à igreja de manhã e a noite, exceto se para a<br />

misericórdia necessária? Eu gasto uma a três horas em privativo? Na<br />

oração pessoal, eu freqüentemente faço uma interrupção breve e<br />

55


observo se há fervor? Eu a tenho repetido diversas vezes, até que eu<br />

atento para cada palavra? Quando no começo de cada oração ou<br />

parágrafo, eu tenho reconhecido que eu não posso orar? Eu<br />

interrompo, antes de concluir em Seu nome, e me referir ao meu<br />

Salvador agora intercedendo por mim, à mão direita de Deus, e<br />

ofereço essas orações?<br />

3. Eu uso devidamente as exclamações? Ou seja, a toda hora,<br />

eu oro por humildade, fé, esperança, amor, e em especial, virtude para<br />

o dia? Considero com quem eu estive a última hora, o que fiz, e<br />

como? Com respeito à lembrança, amor ao homem, humildade,<br />

abnegação, resignação, gratidão? Considero a próxima hora, nos<br />

mesmos aspectos, e ofereço tudo que faço ao meu Redentor, peço sua<br />

assistência em cada pormenor, e recomendo minha alma ao seu<br />

cuidado? Tenho feito isto deliberadamente, sem pressa, seriamente,<br />

sem fazer nada mais, naquele momento, e tão ardorosamente quanto<br />

eu posso?<br />

4. Eu oro devidamente por virtude para o dia? Ou seja, oro por<br />

ela, quando saio e quando entro? Deliberada, séria, e fervorosamente?<br />

5. Eu uso da Coleta [oração que na missa precede a epístola],<br />

às nove horas, doze, e quinze horas? E dou graças antes e depois de<br />

comer? Em voz alta, em minha própria sala? Deliberada, séria, e<br />

fervorosamente?<br />

6. Eu medito devidamente? Todo dia, exceto se pela<br />

misericórdia necessária? (1) Desde as seis horas, etc, para as orações?<br />

(2) Das quatro às cinco horas da manhã? No que for específico para a<br />

providência daquele dia? Como a virtude do dia deve ser mostrada<br />

junto a ela? Como isto é frustrado? (Aqui as faltas) (3) No domingo,<br />

das seis a sete horas com Kempis? Das três às quatro, sobre a<br />

redenção, ou os atributos de Deus? Quarta e sexta-feira, do meio-dia à<br />

uma hora, sobre a Paixão? Antes de terminar um livro, no que eu<br />

assinalei nele?<br />

56


Segunda-feira – Amor ao Homem<br />

1. Eu tenho sido zeloso e ativo no fazer o bem? Ou seja: (1) Eu<br />

tenho aproveitado toda oportunidade possível, para fazer o bem,<br />

prevenir, remover ou diminuir o mal? (2) Eu tenho exercido isto com<br />

toda minha força? (3) Eu considero alguma coisa muito importante,<br />

para partilhar ou para servir ao meu próximo? (4) Eu gasto uma hora,<br />

pelo menos, todos os dias, para falar com um ou com outro? (5) Eu<br />

desisto de alguém, até que ele expressamente renuncie a mim? (6)<br />

Antes de falar com alguém, eu procuro conhecer, até onde eu posso,<br />

seu temperamento, modo de pensar, vida passada, e obstáculos<br />

peculiares, internos e externos? Eu fixo o ponto a ser alcançado?<br />

Então, os meios para isto? (7) Ao falar com ele, eu proponho os<br />

motivos, então, as dificuldades, e pondero sobre eles, e, então, o<br />

exorto a considerar a ambos, calma e profundamente. E orar<br />

sinceramente por ajuda? (8) Ao falar com estranhos, eu explico o que<br />

a religião não é? (nem negativa, nem externa) e o que ela é? (o<br />

recuperar a imagem de Deus), procurando saber em que passo ele<br />

parou, e o que o fez parar ali? Eu o exorto e dirijo? (9) Eu procuro<br />

persuadir a todos que atendam às orações públicas, sermões e<br />

sacramento; e, em geral, a obedecerem as leis da Igreja Universal, a<br />

Igreja da Inglaterra, o Estado, a Universidade, e seus respectivos<br />

colegas? (10) Quando reprovado por algum ato de desobediência, eu o<br />

confesso, e revido o ataque com delicadeza e ardor. (11) Eu contesto<br />

algum ponto prático, exceto se ele tiver que ser praticado naquele<br />

momento? (11) Na discussão: (1) Eu desejo que ele defina os termos<br />

da questão; limitá-la; o que ele admite e o que ele nega? (2) Demoro<br />

em dar a opinião? Deixo que ele explique e prove a sua? Então,<br />

insinuo ou faço objeções? (13) Depois de cada visita, eu pergunto<br />

àquele que veio comigo: "Eu disse alguma coisa errada?". (14)<br />

Quando alguém me pede conselho, eu o direciono e exorto com todo<br />

meu poder?<br />

2. Eu me regozijo com meu próximo e por causa dele, na<br />

virtude ou prazer? Eu me aflijo com sua dor, ou porque ele está em<br />

pecado?<br />

57


3. Eu recebo suas enfermidades com piedade, e não ira?<br />

4. Eu penso ou falo indelicadamente dele ou com ele? Eu<br />

revelo algum mal de alguém, exceto se necessário para algum bem<br />

específico que eu tenha em vista? Eu, então, faço isto com toda<br />

ternura, e de maneira consistente com esta finalidade? De alguma<br />

maneira pareço aprovar aqueles que fizeram o contrário?<br />

5. A boa vontade é e parece ser a fonte de todas as minhas<br />

ações em direção a outros?<br />

6. Eu uso de intercessão devidamente? (1) Antes? (2) Depois<br />

de falar com alguém? (3) Com meus amigos no domingo? (4) Com<br />

meus alunos na segunda-feira? (5) Com aqueles a quem eu<br />

pessoalmente desejo, na quarta e sexta-feira? (6) Com a família com a<br />

qual estou todos os dias?<br />

Uma carta de um dos colegas íntimos de <strong>Wesley</strong>, Robert<br />

Kirkham, um dos primeiros da Band dos Metodistas de Oxford, lança<br />

uma nova luz quanto aos sentimentos de <strong>Wesley</strong> naquele tempo.<br />

<strong>Wesley</strong> tinha visitado Kirkham, em sua casa, em Stanton,<br />

Gloucestershire, e fora recebido com boas-vindas. Aqui ele<br />

familiarizou-se com a irmã de Kirkham, Betty, e parece ter ficado<br />

impressionado com seu charme; nem ela pareceu indiferente aos<br />

atrativos pessoais de <strong>Wesley</strong>. Isto não escapou da observação de seu<br />

irmão. Escrevendo a <strong>Wesley</strong>, Kirkham diz :—<br />

2 de Fevereiro de 1727<br />

Seu caráter meritório, e fantástico; sua educação pessoal<br />

notável; seus nobres dons de mente; sua pessoa simples e bonita, e<br />

sua conversa prestativa e amável têm sido o agradável objeto de<br />

nossa conversa por algumas horas prazerosas. Você freqüentemente<br />

está nos pensamentos de Srta. B. [Srta. Betty], que eu curiosamente<br />

observei, quando sozinho com ela, através de sorrisos, sinais, e<br />

58


expressões com respeito a você. Isto é suficiente? Esta manhã, eu a<br />

peguei de joelhos, em uma postura humilde e devota... Há muito, eu<br />

espero que você supra a ausência de meu pai. Mantenha o conselho e<br />

queime esta, quando ler atentamente. Você terá as minhas razões em<br />

minha próxima carta. Eu devo concluir, e subscrever-me, seu afetuoso<br />

amigo, e irmão, eu desejo que possa me escrever,<br />

Robert Kirkham.<br />

A irmã de <strong>Wesley</strong>, Marta, parece ter despertado os ternos<br />

sentimentos dele, porque em uma carta próxima a esta data, ela diz:<br />

"Quando eu soube que você havia retornado de Worcestershire, onde<br />

eu suponho viu sua Varanese [um nome fictício e fantasioso para Srta.<br />

Krkiham, usada de acordo com o costume do tempo], eu, então, cesse<br />

de me surpreender com seu silêncio, porque a visão de tal mulher,<br />

'tão notável, tão amada', bem poderia fazê-lo esquecer-me. Eu<br />

realmente tenho um grande respeito por ela, assim como<br />

necessariamente tenho por alguém que seja tão querido a você".<br />

Uma correspondência, com a Sra. Pendarves, mostra que<br />

<strong>Wesley</strong>, então, reteve sua paixão por Varanese, e que não foi sua falta<br />

que isto não conduzisse a uma união duradoura. Porque, por mais de<br />

três anos, <strong>Wesley</strong> manteve uma correspondência com a Srta. Betty<br />

Kirkham, e falou dela, carinhosamente; mas em 1731, sua amizade foi<br />

interrompida, se pela interferência de seu pai, ou pela preferência dela<br />

por outro, não ficou determinado. Parece provável que ela se casou<br />

com o Sr. Wilson, e morreu no ano de 1732.<br />

A intimidade de <strong>Wesley</strong> com a Srta. Betty Kirkham o conduziu<br />

à familiaridade com uma amiga de sua irmã, Sra. Pendarves, a filha<br />

mais velha de Bernard Granville, e sobrinha de lorde Lansdowne. Ela<br />

se casou cedo, aos dezessete anos, e, com vinte e três, estava viúva.<br />

Ela era uma brilhante senhora da Corte, opulenta, talentosa, educada, e<br />

bonita; familiarizada com tudo que aquele nível social e costume<br />

podiam dispor; ainda assim, dizem que era doce e modesta,<br />

inteligente, e inquiridora; tão feliz na vida do campo, como se nunca<br />

59


tivesse conhecido uma Corte, ou brilhado nas assembléias de Londres;<br />

como se a assembléia e a ópera fossem completamente estranhas a ela;<br />

e, acima de tudo, ela era interessada, e preocupada com respeito aos<br />

assuntos da devoção religiosa e dever. Não é de se surpreender que o<br />

jovem colegial, com a mente aberta para todo charme do refinamento<br />

e bondade, assim como para toda graça de pessoa, estivesse<br />

completamente deslumbrado e envolvido.<br />

<strong>Wesley</strong> e a Sra. Pendarves corresponderam-se livremente; ele<br />

sob o pseudônimo de Cyrus, e ela de Aspásia. Diversas cartas estão na<br />

Vida e Correspondência da Sra. Delany, de Lady Llanover. Dr. Rigg,<br />

que teve a oportunidade de examinar toda a correspondência diz:<br />

"Em todas as outras correspondências anteriores, assim como<br />

posteriores, deste período de sua vida, <strong>Wesley</strong> é sempre claro, limpo,<br />

e parcimonioso nas palavras; simples, inocente e impassível. Nesta<br />

correspondência, ao contrário, ele é formal, sentimental, e quase se<br />

poderia dizer afetado; certamente, artificial, e, algumas vezes,<br />

excessivo, quando fala da própria lady, ou tenta fazer-lhe um elogio.<br />

Alguém poderia quase se surpreender, como a lady, que nunca se<br />

comporta de maneira inadequada, e cujo estilo é sempre natural e<br />

apropriado, fosse capaz de suportar o estilo no qual ele se endereçava<br />

a ela".<br />

"É apenas, quando uma questão de casuística religiosa, ou de<br />

teologia, ou de dever, ou de devoção, era tratado, que <strong>Wesley</strong> volta a<br />

ser ele mesmo; então, seu estilo está singularmente em contraste com<br />

o que ele é, com respeito aos pontos de personalidade ou de<br />

sentimento. Suas expressões de respeito e admiração são tão<br />

extravagantes, como se ele pertencesse a um romance espanhol; suas<br />

discussões são simples e frugais. É difícil entender como o mesmo<br />

homem pode ser o escritor de todas essas cartas".<br />

Esta correspondência parece ter continuado até Agosto de<br />

1731, quando a Sra. Pendarves foi residir na Irlanda; e, embora seja<br />

provável que <strong>Wesley</strong> escreveu para ela, mais de uma vez, depois disto,<br />

60


ainda assim, ela não escreveu para ele, num intervalo de três anos, até<br />

que retornou para a Inglaterra. Então, ficou muito tarde. Durante<br />

aqueles anos, <strong>Wesley</strong> avançou grandemente, no caráter e na devoção<br />

séria, para os propósitos sublimes de seu chamado, e ganhou uma<br />

influência maior e mais ampla como líder e guia espiritual. Dr. Rigg,<br />

apropriadamente observa que, "em adição ao interesse curioso desta<br />

correspondência, ela revela um segundo plano do caráter natural que<br />

nos capacita a ver em uma luz muito mais clara o maduro, e em boa<br />

parte, transformado, <strong>Wesley</strong> dos últimos anos. Ele nos revela a<br />

extrema suscetibilidade natural de <strong>Wesley</strong> para o que quer que fosse<br />

gracioso e agradável em uma mulher, especialmente, se unido ao<br />

vigor mental e excelência moral ... Ele foi naturalmente um<br />

admirador da natureza feminina, pelo menos, um admirador de tais<br />

mulheres. Uma cortesia quase reverente; uma afeição calorosa, mas<br />

pura; um deleite, mas estrita familiaridade, marcou, através da vida,<br />

suas relações com as agradáveis e talentosas mulheres -- foi com<br />

esses talentosas mulheres, na maioria das vezes, que ele manteve<br />

amizade e correspondência"<br />

Mas, com a vida futura de <strong>Wesley</strong> em vista, este episódio<br />

propicia alicerce para reflexão sobre o maravilhoso controle da<br />

providência, que, então, e não até então, impediu a vida destinada para<br />

a heróica abnegação, e para o quase trabalho sem paralelo, no serviço<br />

da Igreja e da raça humana, de contender-se com as limitações da<br />

comum, mesmo que neste caso a distinguida carreira de um pároco, ou<br />

de um membro do colégio.<br />

Retornando a nossa história, nós nos certificamos que, no<br />

início do ano de 1730, <strong>Wesley</strong> aceitou, por alguns meses, um curato,<br />

oito milhas de Oxford, provavelmente em Stanton Harcourt, do qual<br />

seu amigo Gambold ficou incumbido, mais tarde. Ele não ficava muito<br />

longe de South Leigh, onde <strong>Wesley</strong> pregou seu primeiro sermão. De<br />

lá ele cavalgava nos domingos, mas que outro serviço ele fazia, não se<br />

sabe. Ele recebeu pagamento, a razão de 30 libras por ano. Este curato<br />

propiciou a ele um novo campo de benefício, e o capacitou a manter<br />

seu cavalo, sem privar suas caridades.<br />

61


Na primavera do ano seguinte, ele começou a observar os<br />

jejuns das quartas e sextas-feiras, depois da prática da Igreja matinal,<br />

não provando alimento até as três horas da tarde. Ele nos diz que ele<br />

se esforçou diligentemente contra todo o pecado; omitiu nenhuma<br />

sorte de abnegação que ele pensou útil; cuidadosamente usou, tanto<br />

em público, como em privado, de todos os meios da graça em todas as<br />

oportunidades. Ele não omitiu ocasião de fazer o bem, e por esta razão<br />

ele diz que ele suportou o mal. Mas sabendo que tudo isto significava<br />

nada, exceto se fosse direcionado em direção à santidade interior, ele<br />

objetivou continuamente a alcançar a imagem de Deus, fazendo a<br />

vontade de Deus e não a sua própria.<br />

Nesta época, ele e seu irmão começaram a prática de<br />

conversarem em Latim, quando estavam sozinhos; uma prática que<br />

eles continuaram durante a vida. Na primavera deste ano, ele fez uma<br />

visita a Epworth, permanecendo lá, por três semanas. Eles<br />

caminharam, de um lado a outro, descobrindo que vinte e quatro ou<br />

vinte e cinco milhas eram um dia de jornada, tão fácil e seguro, em<br />

tempo quente, quando em tempo frio; e que era fácil lerem enquanto<br />

caminhavam, por uma distância de dez ou doze milhas, sem se<br />

sentirem fracos ou cansados; e, em seu retorno, <strong>Wesley</strong> conta a sua<br />

mãe que o movimento e o sol, juntos, em suas últimas cento e<br />

cinqüenta milhas de caminhada, tão completamente eliminaram seus<br />

"humores supérfluos", que eles continuaram em perfeita saúde,<br />

embora a época em Oxford fosse de muita enfermidade; e, como<br />

muitos pensavam que seu irmão e ele eram muito cuidadosos, e<br />

colocavam fardos em si mesmos, que eles não eram capazes de<br />

suportar, ele pede que, se ela os julga, supersticiosos ou fanáticos, de<br />

um lado, ou muito remissos de outro, que ela os informe tão<br />

rapidamente quanto possível. E, escrevendo ao seu pai, nesta mesma<br />

época, ele diz: "Desde nosso retorno, nossa pequena companhia,<br />

acostumada a se encontrar no domingo de manhã, reduziu-se a quase<br />

nenhuma pessoa, afinal. O Sr. Morgam está doente em Holt; Sr.<br />

Boyce está com seu pai em Barton; Sr. Kirkham deve brevemente<br />

deixar Oxford; e um jovem cavalheiro que usou ser o quarto homem,<br />

62


temeroso e envergonhado, ou mesmo ambos, retornou para os<br />

caminhos do mundo, e cuidadosamente afastou-se de nossa<br />

concordância". Mas, embora ele narre o fato, ele não usa palavra<br />

alguma significando desencorajamento de sua parte. Na verdade, tal<br />

sentimento, tão inteiramente desconhecido na vida anterior, quando<br />

havia tanta oportunidade para isto, não parece ter encontrado lugar, até<br />

mesmo neste período inicial. "No entanto", ele acrescenta, "o pobre na<br />

fortaleza tinha o evangelho pregado para ele, e algumas de suas<br />

necessidades supridas, e os filhos estavam sendo ainda cuidados".<br />

Em meio às cartas interessantes, escritas por ele, para sua<br />

sempre sábia conselheira, sua mãe, existe uma datada de 28 de<br />

Fevereiro de 1732. Ela diz: "Eu reconheço que eu nunca entendi, que<br />

a presença real, mais do que da natureza Divina de Cristo, esteja<br />

eminentemente presente para conceder, através da operação de Seu<br />

Espírito, o benefício de Sua morte para os recebedores meritórios".<br />

Ao que ele responde: "Alguma consideração é suficiente para me<br />

fazer concordar com seu julgamento, concernente ao Santo<br />

Sacramento, que é, o de que não podemos admitir que a natureza<br />

humana de Cristo esteja presente nele, sem admitir tanto a<br />

consubstanciação ou transubstanciação. Mas que Sua divindade está<br />

tão unida a nós, então, como nunca esteve, a não ser para os<br />

recebedores meritórios, eu firmemente acredito, embora a maneira<br />

desta união seja completamente um mistério para mim". Falando de<br />

seus muitos privilégios espirituais, ele pergunta: "O que devo fazer<br />

para tornar todas essas bênçãos efetivas; para conseguir, através<br />

delas, aquela mente que estava também em Cristo Jesus? A todos que<br />

dão mostras, de não serem estranhos a isto, eu proponho esta<br />

questão, e por que não a você, antes do que qualquer outro? Eu devo<br />

interromper minha busca de todo aprendizado, a não ser pelo que<br />

imediatamente se incline à prática? Uma vez, eu desejei fazer uma<br />

mostra justa nas Línguas e Filosofia; mas isto é passado. Existe um<br />

caminho mais excelente, e, se eu não posso obter algum progresso<br />

nele, sem renunciar a todos os pensamentos do outro, porque,<br />

concordo, ainda que, em pouco tempo, devamos ser todos iguais no<br />

conhecimento, se formos iguais na virtude".<br />

63


"Você diz que 'renunciou ao mundo'. E o que eu tenho feito<br />

todo este tempo? O que tenho feito desde que nasci? Por que eu tenho<br />

mergulhado nisto mais e mais. É suficiente: 'Acorda, tu que dormes'.<br />

Não existe 'um Senhor, um Espírito, uma esperança de nosso<br />

chamado?'. Uma maneira de obter aquela esperança? Então, eu<br />

renuncio ao mundo assim como você. Esta é a mesma coisa que eu<br />

quero fazer – tirar minhas afeições deste mundo, e colocá-las em um<br />

caminho melhor. Mas como? Qual o caminho mais certo, e o mais<br />

curto? Não é ser humilde? Certamente este é um passo largo neste<br />

caminho. Mas a questão retorna: Como eu farei isto? Reconhecer a<br />

necessidade disto não é ser humilde. Em muitas coisas você<br />

intercedeu por mim e prevaleceu. Que sabe, nesta também você possa<br />

ter sucesso!".<br />

Essas palavras mostram com que avidez ele se esforçava na<br />

busca da santidade; elas revelam seu espírito dócil e educável; e eles<br />

indicam o tipo de autodisciplina a que ele se submeteu – uma<br />

disciplina exercida dentro do tranqüilo recinto fechado da vida<br />

Universitária, que tão bem o ajudou a prepará-lo para as lutas<br />

exteriores que ainda viriam.<br />

Em Londres, no mês de Julho deste ano, <strong>Wesley</strong> familiarizouse<br />

com William Law, que estava, então, vivendo com Gibbons, em<br />

Putney, e começou a ler os escritores místicos. Isto, como poderemos<br />

ver, ultimamente acrescentou um outro elemento à sua complexa<br />

experiência, envolvendo novas perplexidades a serem resolvidas, e<br />

novos conflitos a serem suportados. Em 23 de Novembro de 1736, ele<br />

escreveu a Samuel <strong>Wesley</strong>: "Eu penso que a rocha na qual eu quase<br />

naufraguei na fé foram os escritos dos místicos; sob cujo termo eu<br />

compreendo todos aqueles que desprezam os meios da graça, e não<br />

apenas esses". Ele também se tornou conhecido de muitos membros<br />

da Sociedade para a Propagação do Conhecimento Cristão, com<br />

cujas reivindicações, ele mais inteiramente simpatizou. Ele foi<br />

admitido na Sociedade em 3 de Agosto deste ano.<br />

64


Em 26 de Agosto, o Sr. Morgan morreu. Ele foi um dos três<br />

primeiros a serem alcunhados de homens e Metodistas de<br />

Supererrogação. Como falsos relatos se espalharam de que sua morte<br />

fora ocasionada por excessivo jejum e outras austeridades que os<br />

<strong>Wesley</strong>s o induziram a praticar, <strong>Wesley</strong> escreveu uma longa carta ao<br />

pai de Morgan, dando algum relato do caráter cristão e as obras de<br />

caridade de seu filho, e dos procedimentos gerais da pequena<br />

companhia deles.<br />

Isto tanto satisfez o Sr. Morgan, que ele subseqüentemente<br />

colocou seu filho mais jovem como um aluno sob o cuidado de<br />

Charles <strong>Wesley</strong>. No prefácio de seus Diários publicados, <strong>Wesley</strong><br />

inseriu esta carta, como "um claro relato do surgimento daquela<br />

pequena sociedade que tinha sido, de maneira tão variada,<br />

representada".<br />

Durante o curso deste verão, <strong>Wesley</strong> fez duas viagens a<br />

Epworth. Na primeira, enquanto de pé no muro do jardim da casa de<br />

um amigo, este se espatifou debaixo dele, mas <strong>Wesley</strong> escapou ileso.<br />

Sua segunda jornada foi mais aflitiva. Como seu pai, ficando velho e<br />

enfermo, e seu irmão Samuel, preste a residir em Tiverton, não foi<br />

provável que toda a família se reunisse novamente dentro dos muros<br />

daquela velha residência paroquial em Epworth – a casa da dotada e<br />

honrada família, cujo nome se tornaria familiar para as raças de língua<br />

inglesa, em todos os cantos do globo habitado; a casa para o qual os<br />

pensamentos de tantos em gerações futuras se voltaram, e para o qual<br />

os passos de tantos peregrinos desta terra e de além mares se<br />

lançariam.<br />

No primeiro dia do ano de 1733, <strong>Wesley</strong> pregou na Igreja de<br />

St. Mary, Oxford, diante da Universidade, sobre "A Circuncisão do<br />

Coração", de Romanos 2:29. Escrevendo a um amigo, trinta anos<br />

depois, ele diz: "O sermão contém tudo que eu agora ensino,<br />

concernente à salvação de todos os pecados, e amor a Deus com um<br />

coração não dividido". Mas sobre um tópico, ele não ensinou tudo<br />

que ele mais tarde ensinou. Sobre a questão da fé, faltou o ensino que<br />

65


o próprio <strong>Wesley</strong> naquele tempo não tinha. Ele define a fé como "uma<br />

concordância inabalável de tudo que Deus revelou nas Escrituras, e,<br />

em especial, àquelas importantes verdades, que Jesus Cristo veio ao<br />

mundo para salvar pecadores; que Ele carregou nossos pecados<br />

sobre seu corpo no madeiro; que Ele espiou nossos pecados, e não<br />

apenas os nossos, mas todos os pecados de todo o mundo". Mas,<br />

quando ele, mais tarde, publicou o sermão, em 1748, no segundo de<br />

seus primeiros quatro volumes de sermões, ele acrescentou a seguinte<br />

passagem notável: ("não apenas uma concordância inabalável", etc),<br />

"mas igualmente a revelação de Cristo em nossos corações; uma<br />

evidência ou convicção divina de Seu amor, Seu livre, imerecido amor<br />

a mim um pecador; uma confiança certa em Sua misericórdia<br />

perdoadora; forjada em nós pelo Espírito Santo; uma confiança, por<br />

meio do qual o crente verdadeiro é capaz de testemunhar: Eu sei que<br />

meu redentor vive; que eu tenho um advogado com o Pai, e que Jesus<br />

Cristo, o justo, é meu Senhor a expiação por meus pecados. Eu sei<br />

que Ele amou. Que Ele me reconciliou, mesmo a mim, a Deus; e eu<br />

tenho redenção, através de Seu sangue, até mesmo o perdão dos<br />

pecados". Presentemente será visto, quão exatamente similar essas<br />

palavras são daquelas usadas por ele, já que ele registrou sua fé,<br />

depois do memorável encontro na Rua Aldersgate, no qual ele<br />

primeiro alcançou a verdade de seu interesse pessoal e individual na<br />

expiação de Cristo; aquele evento sendo a linha divisória entre: "Ele é<br />

a expiação dos pecados de todo o mundo", e "Ele é a expiação para<br />

meus pecados".<br />

Este ano foi marcado, pelo fato de ele imprimir ("a primeira<br />

vez que me aventuro a imprimir alguma coisa") Uma Coleção de<br />

Formas de Oração, designada para o uso de seus alunos. Assim<br />

começou aquele prolífico trabalho literário que continuou até o fim de<br />

seus dias, e que nenhum de seus trabalhos árduos diminuiu. O número<br />

e variedade de suas publicações espantaram todo estudante de sua<br />

vida.<br />

Seu pai, em um péssimo estado de saúde e aparentemente<br />

declinando rapidamente, <strong>Wesley</strong> retirou-se para Epworth. Passando<br />

66


por sobre a ponte em Daventry, seu cavalo caiu sobre ele; mas <strong>Wesley</strong><br />

escapou ileso, e, tão freqüentemente mais tarde, encontrou<br />

oportunidade de dar graças a Deus, pela preservação em iminente<br />

perigo. Seus pais estavam muito ansiosos que ele se estabelecesse em<br />

Epworth, no caso da morte de seu pai; Depois de seu retorno a<br />

Oxford, ele escreveu para sua mãe: “Eu observei quando estive com<br />

você, que eu estava muito indiferente, quanto a ter ou não o benefício<br />

de Epworth. Eu, na verdade, fui inteiramente incapaz de determinar<br />

um caminho ou outro; e por esta razão: eu sei, que se eu pudesse<br />

estabelecer meu alicerce aqui, e me aprovar como um fiel ministro, de<br />

nosso abençoado Jesus, pela honra e desonra, através do bom e mau<br />

relato; então, não haverá lugar sob o céu como este para o<br />

aperfeiçoamento em todo o bem”. E novamente: “Eu tenho tantos<br />

alunos e tantos amigos quanto preciso; quando mais for melhor para<br />

mim, eu terei mais. Se eu não tiver mais alunos depois que estes<br />

tiverem ido, eu, então, ficarei feliz do curato perto de você; se eu<br />

tiver, eu tomarei isto como um sinal de que eu devo permanecer<br />

aqui”.<br />

Em Maio, ele parte novamente para Epworth, para visitar, em<br />

Manchester, seu amigo Clayton, que havia agora deixado a<br />

Universidade. Em seu retorno para Oxford, ele viu os maus efeitos de<br />

sua ausência sobre seus alunos e membros de sua pequena sociedade.<br />

Ele agora se viu cercado pelos inimigos, triunfando sobre ele,<br />

enquanto amigos desertavam dele; e viu os frutos de seu trabalho em<br />

perigo de ser destruído, antes que tivesse alcançado a maturidade. Mas<br />

ele permaneceu firme, como uma rocha, e consciente de sua própria<br />

integridade, e que ele tinha nada em vista, a não ser servir a Deus e o<br />

benefício de seu próximo, ele viu sua situação com calma, e na<br />

simplicidade de seu coração, escreveu assim para seu pai: --<br />

13 de Junho, 1733.<br />

“Os efeitos de minha última viagem, eu acredito, me fará mais<br />

cauteloso de estar algum tempo longe de Oxford, para o futuro; pelo<br />

menos, até que eu não tenha alunos para cuidar, o que provavelmente<br />

67


acontecerá dentro de um ano ou dois. Um dos meus jovens<br />

cavalheiros disse-me, quando de meu retorno, que ele estava, ‘mais e<br />

mais, temeroso da singularidade; um outro, que ele leu uma excelente<br />

peça do Sr. Locke, que o tinha convencido do dano de respeitar a<br />

autoridade. Ambos concordaram que o observarem a quarta-feira,<br />

como um jejum, foi uma singularidade desnecessária; a Igreja<br />

Universal (ou seja, a maioria dela), tendo há muito repelido, por<br />

costume contrário, a injunção que ela anteriormente deu concernente<br />

a isto. Uma terceira, que não pode ceder a este argumento, foi<br />

convencido por uma perturbação de espírito, e Dr. Frewin. Nossos<br />

vinte e sete comunicantes na Igreja de St. Mary, que estiveram na<br />

quarta-feira, diminuíram em cinco; e um dia antes, o último dos<br />

alunos do Sr. Clayton que continuou conosco, me informou que ele<br />

não pretendia nos encontrar mais. ‘Meu prejudicial sucesso’, como<br />

eles chamam a isto, parece ser o que amedrontou a cada um, da<br />

queda da casa”.<br />

“Ele agora redobrou sua diligência com seus alunos, para que<br />

eles recuperassem o alicerce que haviam perdido. Eles haviam sido<br />

culpados por seus amigos e inimigos pela regularidade dele, e por<br />

algumas práticas especiais que ele observava; Escrevendo a sua mãe<br />

sobre esses assuntos, ele revela seus pensamentos e métodos. Ele diz,<br />

em 17 de Agosto de 1733: “O que causa ofensa aqui é o ser singular<br />

com respeito ao tempo, gasto e companhia. Isto é evidente, além de<br />

exceção, do caso do Sr. Smith, um de nossos Camaradas, que tão logo<br />

começou a economizar seu tempo; a cortar gastos desnecessários, e<br />

evitar seus conhecidos irreligiosos, ele foi atacado, não apenas por<br />

todos aqueles conhecidos, mas muitos outros também, como se ele<br />

tivesse entrado em uma conspiração para cortar a garganta de todos<br />

eles; embora até este dia, ele não tenha aconselhado uma só pessoa,<br />

exceto em uma ou duas palavras por acaso, a agir como ele fez em<br />

algumas dessas instâncias”. E ele acrescenta:<br />

“De fato, é verdade que ‘o demônio odeia mais a guerra<br />

ofensiva’; e que quem quer que tente livrar mais do que a própria<br />

alma de suas mãos, terá mais inimigos, e encontrará maior oposição,<br />

68


do que se ele estiver contente em ‘ter a sua própria vida como uma<br />

presa’. Que eu tente fazer isto é igualmente certo; mas eu não posso<br />

dizer, se eu ‘imporei rigorosamente algumas observâncias sobre<br />

outros’, até que eu sabia o que aquela frase signifique. O que eu faço<br />

é isto: Quando eu estou encarregado de uma pessoa, que deve<br />

primeiro entender e praticar, e, depois ensinar a lei de Cristo, eu me<br />

esforço, pela leitura e conversação adicionadas, a mostrar a ele o que<br />

aquela lei significa; ou seja, a renunciar a todo amor desordenado do<br />

mundo, e a amar e obedecer a Deus, com toda sua força. Quando ele<br />

parece seriamente sensível a isto, eu proponho a ele os meios que<br />

Deus tem ordenado a ele usa, com o objetivo desta finalidade; e uma<br />

semana, um mês, ou um ano depois, quando o estado de sua alma<br />

parece requerer isto, os diversos meios providenciais recomendados<br />

pelos homens sábios e bons. Quanto aos momentos, ordem, medida, e<br />

maneira em que esses devem ser propostos, eu dependo do Espírito<br />

Santo me dirigir, em minha, e através da minha própria experiência e<br />

reflexão, juntamente com os conselhos de meus amigos religiosos,<br />

aqui e em outros lugares. Apenas duas regras é meu princípio<br />

observar em todos os casos: Primeiro, começar, continuar e terminar<br />

todos os meus conselhos, em espírito de humildade; como sabendo<br />

que ‘a ira’ ou a severidade ‘do homem não opera a retidão de Deus’;<br />

e, em segundo lugar, acrescentar à humildade, longanimidade: no<br />

prosseguimento de uma regra que eu fixei há muito tempo – nunca<br />

desistir de alguém, até que eu o tenho testado, pelo menos dez anos –<br />

Por quanto tempo Deus teve piedade de mim?”.<br />

<strong>Wesley</strong> se prepara verdadeiramente para ser um grande líder<br />

de homens.<br />

Tyerman observa que “O Metodismo em Oxford foi<br />

organizado em 1729. Dois anos mais tarde, enquanto ‘<strong>Wesley</strong> e seu<br />

irmão estavam em Epworth’, ele foi reduzido para quase nada; e dois<br />

anos mais tarde ainda, quando tinha aumentado para vinte e sete<br />

comunicantes, durante uma outra visita breve para Epworth, foi<br />

quase completamente destruído, porque vinte e sete foram reduzidos a<br />

cinco. Tudo isto mostra que <strong>Wesley</strong> foi a alma deste movimento, e<br />

69


que, sem ele, teria se dissolvido e se tornado extinto... Os cinco<br />

pobres Metodistas remanescentes, não considerando o próprio<br />

<strong>Wesley</strong>, eram sem dúvida, Charles <strong>Wesley</strong>, Benjamin Ingham, James<br />

Hervey, <strong>John</strong> Gambold, e, provavelmente, Charles Kinchin. Todos<br />

honrem tais nomes! Eles mantiveram o fogo ardendo, quando ele<br />

estava em perigo de extinguir-se. <strong>Wesley</strong> foi seu espírito-mestre; mas<br />

eles foram fiéis e dispostos colaboradores”.<br />

Não existe um quadro mais exato de <strong>Wesley</strong> e seus métodos, e<br />

do pequeno grupo de Metodistas, naquele tempo, do que aquele<br />

fornecido na carta de um deles, Gambold. Ele é tão preciso e exato em<br />

seus detalhes para ser omitido, não obstante, seu comprimento.<br />

Gambold escreve:<br />

“Sr. <strong>Wesley</strong>, professor do Lincoln College, tem sido o<br />

instrumento de tanto bem para mim, que eu nunca o esquecerei.<br />

Pudesse eu me lembrar dele, como deveria, teria quase o mesmo<br />

efeito como se ele ainda estivesse presente; para uma conversa, tão<br />

sem reservas, como era a dele, tão zelosa em envolver seus amigos em<br />

cada instância da devoção cristã, que nada restaria a ser dito, a não<br />

ser o que nos ocorre, quando dispostos a nos lembrar dele<br />

imparcialmente”.<br />

“Por volta da segunda quinzena de Março de 1730, eu conheci<br />

pessoalmente o Sr. Charles <strong>Wesley</strong> da Christ Church. Eu havia, então,<br />

recém chegado do interior, e estava decidido a encontrar algumas<br />

pessoas piedosas da religião para me manter em companhia delas, ou<br />

instilar alguma coisa naqueles que eu já conhecia. Eu havia estado,<br />

durante os dois anos anteriores, em profunda melancolia, de maneira<br />

que Deus agradou-se de me ordenar isto, desapontar e quebrantar um<br />

espírito orgulhoso, e tornar o mundo angustiante para mim; já que eu<br />

estava inclinado a apreciar suas vaidades”.<br />

“Durante este tempo, eu não tive amigo com quem eu pudesse<br />

me abrir, para algum propósito. Nenhum homem cuidava de sua<br />

alma; ou nenhum, pelo menos, entendia os caminhos dela. Eles que<br />

70


estavam na comodidade não imaginavam a tristeza em que eu me<br />

encontrava. O erudito esforçou-se para me dar noções corretas, e o<br />

amistoso para divertir-me. Mas eu tinha um peso sobre meu coração,<br />

que apenas a oração poderia em algum grau remover”.<br />

“Eu me preparei para provar o valor e a ajuda da sociedade,<br />

ficando um pouco restabelecido. Um dia, um velho conhecido me<br />

entreteve com algumas reflexões sobre o excêntrico Sr. Charles<br />

<strong>Wesley</strong>, sua precisão e extravagâncias piedosas. Embora eu tivesse<br />

convivido com ele durante quatro anos no mesmo colégio, ainda<br />

assim, eu fui incapaz de tomar algum conhecimento do que se<br />

passava, de maneira que eu nada sabia de seu caráter, a não ser, ao<br />

ouvir isto, que eu suspeitava ser de um bom cristão. No entanto, fui<br />

até sua sala, e, sem qualquer cerimônia, pedi o benefício de sua<br />

conversa. Eu tive tão larga porção dela, dali em diante, que<br />

dificilmente passei um dia, enquanto estive no colégio, a não ser que<br />

estivéssemos juntos uma vez, se não, o mais freqüentemente possível”.<br />

“Depois de algum tempo, ele me apresentou a seu irmão,<br />

<strong>John</strong>, do Lincoln College. ‘Porque’, ele disse, ‘ele é de certa forma<br />

mais velho do que eu, e pode resolver suas dúvidas, melhor’. Isto,<br />

como eu me certifiquei mais tarde, foi a coisa com a qual este estava<br />

profundamente consciente; porque eu nunca observara alguma<br />

pessoa ter uma referência mais verdadeira por outra, do que ele<br />

constantemente tinha pelo seu irmão. Na verdade, ele o seguia<br />

inteiramente. Pudesse eu descrever um deles, eu descreveria a ambos.<br />

Portanto, nada mais há que se dizer de Charles, a não ser que ele era<br />

um homem feito para a amizade; que, através de seu bom humor e<br />

vivacidade, revigorava o coração de seu amigo; com atenta<br />

consideração, de maneira a entrar dentro dele, e acalmar todas as<br />

suas preocupações; e até onde ele fosse capaz, faria alguma coisa por<br />

ele, grande ou pequena; e através da abertura e liberdade, habituais,<br />

não daria espaço para mal-entendidos”.<br />

“Os <strong>Wesley</strong>s já falavam de algumas práticas religiosas, que<br />

foram, primeiro, ocasionadas pelo Sr. Morgan, da Christ Church.<br />

71


Dessa associação de amigos começa uma pequena sociedade; já que<br />

diversas outras, de tempos em tempos, terminaram; a maioria delas<br />

apenas aperfeiçoada, através dos discursos sérios e úteis; e algumas<br />

poucas aderindo a todas as suas resoluções, e todo seu modo de<br />

vida”.<br />

“O Sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> foi sempre o principal dirigente, porque<br />

ele era muito preparado; ele não apenas tinha mais aprendizado e<br />

experiência do que os demais, mas fora abençoado com tal atividade,<br />

de maneira a estar sempre ganhando terreno, e tal firmeza, que ele<br />

nunca perdeu um. Quais propostas ele fizesse a alguém, era certo que<br />

os envolviam, porque ele era muito sincero; nem eles poderiam, mais<br />

tarde, menosprezá-las, porque ele era sempre o mesmo. O que ajudou<br />

neste vigor uniforme foi o cuidado que ele tomava ao considerar bem<br />

cada assunto, antes de envolver-se nele, tomando todas as suas<br />

decisões, com base no temor a Deus, sem paixão, capricho, ou<br />

autoconfiança; porque, embora ele tivesse naturalmente uma<br />

compreensão clara, ainda assim, sua exata prudência dependia mais<br />

da humanidade e singeleza de coração”.<br />

“A isto eu posso acrescentar que ele tinha, eu acredito,<br />

alguma coisa de autoridade em seu semblante; embora, como não lhe<br />

faltasse discurso, ele poderia suavizar sua maneira, e designá-la<br />

como a ocasião requeresse. Ainda assim, ele nunca assumiu alguma<br />

coisa para si mesmo, acima de seus companheiros. Alguns deles<br />

falariam de suas mentes, e suas palavras eram tão estritamente<br />

consideradas por ele, como as suas eram por eles”.<br />

“Era costume deles se encontrarem, a maioria das tardes,<br />

quer em seu aposento, ou no aposento de algum outro, onde, depois<br />

de algumas orações (o principal assunto era a caridade), eles<br />

tomavam sua refeição, e liam algum livro. Mas a ocupação principal<br />

era rever o que cada um havia feito naquele dia, na busca do objetivo<br />

comum deles, e consultar quais os passos que deveriam ser tomados<br />

em seguida”.<br />

72


“O empreendimento deles incluía esses diversos pormenores:<br />

‘Conversar com os jovens estudantes; visitar as prisões; instruir<br />

algumas famílias pobres; e cuidar de uma escola e uma paróquia da<br />

casa de correção”.<br />

“Eles se esforçavam com os mais jovens membros da<br />

Universidade, para resgatá-los das más companhias, e encorajá-los a<br />

uma vida zelosa e sóbria. Se eles tinham algum interesse em alguns<br />

deles, eles os convidavam para o desjejum, e, sobre uma travessa de<br />

chá, empenhavam-se para fixar alguma boa sugestão junto a eles.<br />

Eles os ajudavam naquelas partes do aprendizado que estivessem<br />

presos; e juntamente com os melhores sentimentos, os direcionavam<br />

para as convicções deles, dando a eles regras de devoção, e quando<br />

as recebessem, os vigiavam com grande ternura”.<br />

“Um ou outro deles iria à fortaleza todos os dias; e outros<br />

mais comumente ao Bocardo [originalmente o nome de uma velha<br />

fortaleza ao norte de Oxford, que era usado como uma prisão]. Quem<br />

quer que fosse para a fortaleza deveria ler na capela para os quantos<br />

prisioneiros atendessem, e falar com o homem ou homens com os<br />

quais fosse particularmente responsável. Antes de ler, perguntaria se<br />

eles tinham lido as orações ontem. (Porque alguns homens sérios, em<br />

meios aos prisioneiros liam orações familiares com os demais). Se<br />

eles leram novamente o que leram por último, e o que eles se<br />

lembravam disto. Então, examinava os assuntos; e, mais tarde,<br />

prosseguia no mesmo livro, por um quarto de hora”.<br />

“Os livros que ele usava eram o Monitor Cristão, o Conselho<br />

do Pároco da Região aos seus Paroquianos, e similares. Quando<br />

terminava, resumia os diversos pormenores que tinham sido<br />

discutidos, reforçava os conselhos dados, e reduzia tudo, pelo menos,<br />

a duas ou três sentenças, que eles facilmente se lembrariam. Então,<br />

chamava seu homem de lado, e perguntava se ele foi a capela ontem;<br />

e outras questões, concernentes ao cuidado de servir a Deus, e<br />

aprender sua obrigação”.<br />

73


“Quando um novo prisioneiro viesse, a conversa com ele, por<br />

quatro ou cinco vezes, era especialmente pessoal e inquiridora. Se ele<br />

não carregava malignidade em direção àqueles que o processaram,<br />

ou alguns outros. O primeiro momento, depois das profissões de boavontade,<br />

eles apenas inquiriam de suas circunstâncias no mundo. Tais<br />

questões importavam amizade, e comprometiam o homem a abrir seu<br />

coração. Mais tarde, eles entravam em tais inquirições, na maioria,<br />

concernente a um prisioneiro. Se ele se submeteria à disposição da<br />

Providência: Se ele se arrependeu de sua vida passada. Por último,<br />

eles perguntavam, se ele usava constantemente de oração pessoal, e<br />

se, alguma vez, havia comungado”.<br />

“Assim, a maioria, ou todos os prisioneiros falava em seu<br />

turno. Mas, se algum deles estivesse sob a sentença de morte, ou<br />

parecesse ter algumas pretensões de uma nova vida, eles viriam todos<br />

os dias em sua assistência; e compartilhariam do conflito e suspense<br />

daqueles que agora seriam considerados capazes, e não capazes de<br />

firmarem-se na salvação. Com o objetivo de aliviar aqueles que<br />

estavam confinados por pequenos débitos, e eram sobrepujados por<br />

suas aflições; e igualmente comprar livros, medicamentos, e outras<br />

coisas necessárias, eles levantavam um pequeno fundo, para o qual<br />

muitos de seus familiares contribuíam trimestralmente. Liam as<br />

orações na fortaleza, na maioria das vezes, nas quartas e sextas<br />

feiras; um sermão nos domingos, e o Sacramento uma vez por mês”.<br />

“Quando se incumbiam de alguma família pobre, eles os viam,<br />

pelo menos, uma vez por semana; algumas vezes, davam dinheiro,<br />

advertiam em seus maus hábitos; liam para eles, e examinavam seus<br />

filhos. A escola era, eu penso, do próprio Sr. <strong>Wesley</strong>. Em todo o caso,<br />

ele pagava as professoras, vestia algumas, se não, todas as crianças.<br />

Quando eles iam até lá, eles inquiriram como cada criança se<br />

comportava; viam seus trabalhos (porque algumas podiam tricotar e<br />

fiar); os ouvia lerem; ouviam suas orações e catecismo, e explicavam<br />

parte dele. Da mesma maneira, eles ensinavam as crianças na casa de<br />

correção; e liam para as pessoas idosas, como faziam com os<br />

prisioneiros”.<br />

74


“Embora algumas práticas do Sr. <strong>Wesley</strong> e seus amigos<br />

fossem muitas – eles jejuam na quarta e sexta-feira – segundo o<br />

costume da Igreja primitiva; a vinda deles naqueles domingos,<br />

quando não havia sacramento em seus próprios colégios, para<br />

recebê-lo na Christ Church – ainda assim, nada era tão desagradável<br />

quanto esses empreendimentos caritativos. Eles raramente tomavam<br />

conhecimento das acusações trazidas contra eles; mas se eles davam<br />

alguma resposta, era comumente tal ‘resposta clara e simples, como<br />

se não houvesse mais nada no caso, a não ser que eles tinham ouvido<br />

tais doutrinas de seu Salvador, e acreditado e feito<br />

concordantemente’”.<br />

“Nós poderíamos ser mais felizes em outra vida, mais<br />

virtuosos do que somos nesta? Nós somos mais virtuosos, quanto mais<br />

intensamente amamos a Deus e ao homem? É o amor, assim como<br />

todos os hábitos, o mais aplicado, e o mais exercitado nisto? O<br />

ajudar, ou tentar ajudar o homem, por causa de Deus, não é um<br />

exercício de amor a Deus e ao homem? O alimentar o faminto, dar de<br />

beber ao sedento, vestir o nu, e visitar os doentes e prisioneiros, não é<br />

especialmente um exercício de amor ao homem? O se empenhar em<br />

instruir o ignorante, admoestar os pecadores, encorajar o bom,<br />

confortar o aflito, confirmar o indeciso, e reconciliar os inimigos, não<br />

é o exercício do amor a Deus ou ao homem? Nós podemos ser mais<br />

felizes em outra vida, se nós não fizermos as primeiras dessas coisas,<br />

e tentarmos ser conduzidos pela última? Ou se nós não fizermos uma,<br />

nem tentarmos fazer a outra?’”.<br />

Esta é uma minuciosa delineação dos procedimentos do Clube<br />

Santo, escrita na grande simplicidade de um deles. Pode-se ver quão<br />

proeminente parte <strong>Wesley</strong> toma nisto tudo. Ela é um indicativo de sua<br />

atenção aos menores detalhes, e mostra a influência de sua mente<br />

metódica, lógica e sincera. No restante da narrativa de Gambold,<br />

porque tal ela é, <strong>Wesley</strong> é mais diretamente falado, e somos melhores<br />

capacitados a imaginá-lo na busca de sua obra.<br />

75


Gambold prossegue:<br />

“O que eu observaria principalmente, é a maneira na qual o<br />

Sr. <strong>Wesley</strong> dirigia seus amigos. Porque ele requereu tal regularidade<br />

em nossos estudos, de maneira a devotá-los todos a Deus, pelo que foi<br />

criticado como alguém que desencorajava o aprendizado. Muito<br />

longe disto; a primeira coisa que ele atacava no jovem, era aquele<br />

indolência que não se submeteria a um pensamento reservado. Nem<br />

ele era contra ler muito, especialmente, a princípio, porque, então, a<br />

mente deveria preencher-se com elementos e experimentar tudo que<br />

parecesse inteligente e perfeito.<br />

“Ele recomendava a eles seriamente um método e ordem em<br />

todas as suas ações. Depois das devoções matinais (que eram em uma<br />

hora fixa, das cinco às seis da manhã; assim como à tarde), ele os<br />

aconselhava a determinarem o que eles deveriam fazer em todas as<br />

partes do dia. Através de tal previdência, eles deveriam, no final de<br />

cada hora, não ter dúvida, em como se prepararem, e se submeterem<br />

à necessidade de tal plano, para que pudessem corrigir a impotência<br />

de uma mente que tinha sido usada para viver, pelo humor e<br />

possibilidade, e prepará-la, gradualmente, para suportar as outras<br />

restrições de uma vida santa”.<br />

“A próxima coisa, era fazer com que eles mantivessem os<br />

jejuns, a visita aos pobres, e a vinda semanalmente ao Sacramento;<br />

não apenas para subjugarem o corpo, aumentarem a caridade, e<br />

obterem a graça Divina, mas (como ele expressou) acabarem com o<br />

refúgio do mundo. Ele julgou que, se eles fizessem essas coisas, os<br />

homens baniriam seus nomes como demônios, e, pela impossibilidade<br />

de continuarem corteses com o mundo, os obrigariam a encontrar<br />

todo o refúgio deles no Cristianismo. Mas aqueles cujas resoluções,<br />

ele acreditou, não suportariam este teste, ele deixaria juntar forças,<br />

através de seus exercícios reservados”.<br />

“Foi seu cuidado intenso, introduzi-los nos tesouros da<br />

sabedoria e esperança das Santas Escrituras; ensiná-los, não apenas<br />

76


a preservar aquele livro, mas a formarem-se, através dele, e a fugirem<br />

para ele, como grande antídoto contra as trevas deste mundo.<br />

Durante alguns anos antes, ele e seus amigos leram o Novo<br />

Testamento, juntos, à tarde. Depois de cada porção dele, e depois de<br />

ouvir as conjeturas que os demais ofereciam, ele fazia suas<br />

observações sobre a frase, objetivo, e passagens difíceis. Um ou dois<br />

escreveram: ‘Ele colocava muita ênfase no auto-exame. Ele os<br />

ensinava (além do que ocorre em sua Coleção de Orações) a fazer um<br />

relato de suas ações, de uma maneira exata, através de um diário<br />

constante. Neste, eles anotavam em cifras, uma vez, se não mais<br />

freqüentemente no dia, o que principalmente os empreendimentos<br />

deles tinham sido, nas diversas partes dele, e como eles haviam<br />

executado cada um. O Sr. <strong>Wesley</strong> fazia esses registros de sua vida, há<br />

muitos anos. E alguns eu conheci, que selaram suas convicções e<br />

arrependeram-se mais solenemente, e escreveram tais reflexões junto<br />

a si mesmos, conforme as angústias de suas almas sugeriram, naquele<br />

momento, acrescentando alguma máxima espiritual que algumas<br />

experiências próprias tinham confirmado a eles’”.<br />

“’Então, para manter em suas mentes um terrível sentido da<br />

presença de Deus, com uma constante dependência da ajuda Dele, ele<br />

os aconselhava as Orações exclamatórias. Eles tinham um livro de<br />

exclamações, relativas às principais virtudes, e, guardando para uso<br />

futuro, como faziam com seus estudos, eles, em intervalos, tiravam<br />

uma pequena súplica dele. Mas, por fim, em vez daquela variedade,<br />

eles se contentavam com as seguintes aspirações (contendo atos de fé,<br />

esperança, amor e auto-resignação, no final de cada hora) –<br />

‘Considere e me ouça’, etc.”.<br />

Embora os assim chamados “Metodistas”, fossem, pelas suas<br />

práticas, distinguidos do restante da Universidade, não parece que eles<br />

tivessem se constituído em uma Sociedade Religiosa definida! Que<br />

<strong>Wesley</strong> contemplou seu feito, desta forma, parece provável de uma<br />

carta endereçada a ele pelo seu amigo Clayton, que residia agora em<br />

Manchester. Clayton diz: “Eu estava na casa do Sr. Deacon, quando<br />

sua carta me chegou em mão, e nós tivemos uma conversa a respeito<br />

77


de seu projeto de se admitirem como uma sociedade, e fixar nela uma<br />

série de regras. O doutor pareceu pensar que o melhor para você é<br />

deixar como está; porque para que finalidade isto serviria? Isto não<br />

seria vínculo adicional junto a vocês mesmos; e, talvez, fosse uma<br />

armadilha para as consciências daqueles irmãos que por acaso<br />

viessem até vocês. Observando que as estações [o jejum nas quarta e<br />

sextas-feiras], e a comunhão semanal, são obrigações que se situam<br />

em um patamar muito acima de uma regra de uma sociedade;aqueles<br />

que podem reservar o mandamento de Deus e a autoridade da Igreja,<br />

eu duvido, dificilmente se vincularão pelas regras de uma sociedade<br />

privada”.<br />

Em 11 de Junho de 1734, <strong>Wesley</strong> novamente pregou diante da<br />

Universidade, e por causa de seu sermão – “seu sermão Jacobita” –<br />

foi “muito mais criticado e ameaçado”. Mas ele foi sábio o suficiente<br />

para fazer com que o Vice-Chanceler o lesse e o aprovasse, antes que<br />

ele o pregasse, portanto, impediria Wadham, Merton, Exeter, e a<br />

Christ Church de fazer seu pior. Isto é tudo que se sabe deste sermão.<br />

Mas existe um sermão, pregado, por volta desse tempo, por <strong>Wesley</strong>,<br />

para o uso de seus alunos, e publicado por ele, cinqüenta anos mais<br />

tarde, cujos sentimentos ele diz que não teve em todo aquele tempo<br />

oportunidade de alterar. O sermão é sobre O Dever da Constante<br />

Comunhão. Ele ilustra igualmente seu entendimento sobre o assunto, e<br />

o extremo cuidado com que ele buscava guiar seus alunos.<br />

As constantes viagens de <strong>Wesley</strong>, freqüentemente a pé, assim<br />

como a cavalo, e o grande e contínuo trabalho de pregação, leitura,<br />

visitação, etc., onde quer que estivesse, com estudo fatigante, e uma<br />

dieta muito abstêmia, tinham agora afetado grandemente sua saúde.<br />

Sua força estava muito reduzida, e ele freqüentemente cuspia sangue.<br />

Na noite de 16 de Julho, teve uma recaída disto, em tal quantidade, a<br />

mantê-lo acordado. A maneira repentina e inesperada de sua vinda,<br />

com a solenidade da ocasião noturna, fez com que a eternidade<br />

parecesse perto. Ele clamou a Deus: “Ó, prepara-me para Tua vinda,<br />

e venha quando Tu quiseres!”. Seus amigos ficaram alarmados pela<br />

sua segurança, e sua mãe escreveu duas ou três cartas, culpando-o pela<br />

78


negligência geral com sua saúde. Ele procurou e aceitou o conselho de<br />

um médico; e, através de cuidado apropriado, e uma conduta prudente<br />

de seu exercício diário, gradualmente recuperou sua força.<br />

No outono deste ano (21 de Setembro, Moore diz), ele<br />

começou a “prática de ler, a cavalo, o que ele continuou por quase<br />

quarenta anos. ‘Perto de trinta anos atrás’, ele escreveu, em Março<br />

de 1770, ‘eu estive pensando: como é que nenhum cavalo alguma vez<br />

tropeçou, enquanto eu estava lendo História, poesia, e Filosofia, o<br />

que eu comumente lia a cavalo (tendo outras ocupações em outros<br />

momentos). Nenhum relato pode possivelmente ser dado a não ser<br />

este: Depois de cavalgar centena de milhares de milhas, com a rédea<br />

solta, em seu pescoço; eu observei e posso afirmar, que eu<br />

dificilmente me lembrei de algum cavalo (exceto dois, que caíram com<br />

a cabeça sobre os joelhos, de qualquer modo) cair; ou tropeçar<br />

consideravelmente.. Fantasiar, portanto, que uma rédea firme impede<br />

o obstáculo, é uma asneira capital. Eu tenho repetido o experimento,<br />

mais freqüentemente, do que a maioria dos homens do reino pode<br />

fazer. Se alguma coisa pode impedir o obstáculo, esta é uma rédea<br />

solta. Mas, em alguns cavalos, nada pode’.<br />

A saúde do veterano Reitor de Epworth estava agora<br />

rapidamente decaindo. Compreendendo a aproximação de seu fim, ele<br />

pediu que o benefício de Epworth permanecesse na família, e escreveu<br />

para seu filho, solicitando a ele para buscar a próxima apresentação, e,<br />

por meio disto, assegurar o velho lar para sua mãe e irmãs. Seu irmão<br />

Samuel argumentou o mesmo.<strong>Wesley</strong> escreveu uma carta<br />

consideravelmente grande para seu pai, dando suas razões, sob vinte e<br />

seis tópicos, em favor de sua permanência em Oxford, e contra sua<br />

remoção para Epworth.<br />

79


CAPÍTULO IV<br />

Geórgia: Experiência Missionária<br />

Na terça-feira, 14 de Outubro de 1735, então, com trinta e três<br />

anos de idade, ele pega um barco para Gravesend, com o objetivo de<br />

embarcar para a Georgia, sob a sanção da Sociedade para a<br />

Propagação do Evangelho em Partes Estrangeiras, em companhia de<br />

seu irmão Charles, Sr. Benjamin Ingham, do Queen's College, Oxford,<br />

80


e Sr. Charles Delamotte, filho de um mercador em Londres. Ele diz<br />

que a finalidade que ele tinha em vista não era escapar da penúria<br />

(Deus tem dado a eles grande quantidade de bênçãos temporais), nem<br />

ganhar riquezas ou honra, mas simplesmente isto: salvar suas próprias<br />

almas, viver totalmente para a glória de Deus. É estranho, mas<br />

significativo do estado de mente de <strong>Wesley</strong> naquele tempo, que ele<br />

não dê proeminência aqui – nem mesmo faça menção -- ao propósito<br />

de ser útil para as colônias no novo assentamento da Geórgia, ou aos<br />

Índios por outro lado.<br />

Eles tiveram, a bordo, como companheiros de viagem, vinte e<br />

seis Morávios, que estavam também indo para a Geórgia. <strong>Wesley</strong>,<br />

imediatamente começou a aprender a Língua Alemã, para conversar<br />

com eles; e ao mesmo tempo David Nitschman, Bispo dos Morávios,<br />

com outros dois, começaram a aprender Inglês. Esses foram os<br />

estágios iniciais da associação de <strong>Wesley</strong> com uma comunidade que<br />

estava destinada a exercer tão grande influência em toda a sua carreira<br />

futura. No primeiro domingo, o tempo a favor e calmo, o serviço<br />

aconteceu no convés, quando <strong>Wesley</strong> pregou espontaneamente, e,<br />

então, administrou o Sacramento da Ceia do Senhor para seis<br />

comunicantes.<br />

Acreditando que negar a si mesmo, até mesmo, nas menores<br />

instâncias seria, pela bênção de Deus, útil a eles, <strong>Wesley</strong> e seus três<br />

companheiros deixaram de fazer uso de carne e vinho, e se limitaram a<br />

alimentos vegetarianos, principalmente arroz e pãezinhos. O quadro<br />

da ocupação diária da pequena companhia é instrutivo. Ele é assim<br />

descrito por <strong>Wesley</strong>: “Nós agora começamos a ser um pouco<br />

regulares. Nossa maneira comum de viver era esta: das quatro da<br />

manhã até as cinco, cada um de nós usava das orações pessoais. Das<br />

cinco às sete horas, líamos a Bíblia, juntos, cuidadosamente<br />

comparando-a (para que não fôssemos conduzidos por nosso próprio<br />

entendimento), com os escritos das primeiras épocas. Às sete horas<br />

tínhamos o desjejum. Às oito horas, líamos as orações públicas. Das<br />

nove ao meio dia, eu usualmente aprendia Alemão, e o Sr. Delamotte,<br />

Grego. Meu irmão escrevia sermões, e o Sr. Ingham instruía as<br />

81


crianças. Ao meio-dia, nos encontrávamos para prestar contas um ao<br />

outro do que tínhamos feito, até então, desde nosso último encontro, e<br />

o que pretendíamos fazer antes do próximo. Por volta da uma hora,<br />

jantávamos. O tempo do jantar até as quatro horas da tarde,<br />

passamos lendo para aqueles aos quais cada um de nós estava<br />

responsável, ou em falar com eles pessoalmente, quando a<br />

necessidade requeria. Às quatro horas, eram as orações da tarde,<br />

quando tanto a lição era explicada (como acontecia na manhã),<br />

quanto as crianças eram catequizadas e instruídas antes da<br />

congregação. Das cinco às seis horas, novamente usávamos da<br />

oração privativa. Das seis às sete horas, eu lia em nossa cabine, para<br />

dois ou três dos passageiros (dos quais havia por volta de oito<br />

ingleses a bordo), e cada um dos meus irmãos para alguns poucos<br />

mais em suas cabines. Às sete horas, eu me reunia com os alemães em<br />

seu serviço público; enquanto o Sr. Ingham lia entre os convés para<br />

quantos desejassem ouvi-lo. Às oito horas, nós nos encontrávamos<br />

novamente, para exortar e instruir um ao outro. Entre nove e dez<br />

horas, íamos para a cama, onde nem o roncar do mar, nem o<br />

movimento da embarcação podia nos tirar do sono restaurador que<br />

Deus nos deu”.<br />

A embarcação ficou detida em Cowes por algum tempo.<br />

Enquanto eles caminhavam no na margem, as seguintes resoluções<br />

eram traçadas e assinadas:<br />

“Em nome de Deus, Amém! Nós, cujos nomes estão subscritos,<br />

completamente convencidos de que é impossível, tanto promover a<br />

obra de Deus em meio aos ateus, sem uma inteira união entre nós,<br />

quanto que tal união deva subsistir, exceto se cada um desistir de seu<br />

juízo simples para aquele da maioria, concordamos, com a ajuda de<br />

Deus: -- (1) que nenhum de nós empreenderá alguma coisa de<br />

importância, sem primeiro propô-la para os outros três; (2) que,<br />

quando quer que nosso julgamento difira, cada um deverá desistir de<br />

seu julgamento simples ou inclinação a outros; -- (3) que, em caso de<br />

uma igualdade, depois de pedir a direção de Deus, o assunto possa<br />

82


ser decidido pela sorte”. Assinam: -- J.<strong>Wesley</strong>; Charles <strong>Wesley</strong>;<br />

Benjamin Ingham; Charles Delamotte.<br />

Quando eles estavam na Baía de Biscay, uma tempestade<br />

surgiu, o mar, quebrando sobre o navio de popa a popa. <strong>Wesley</strong> diz:<br />

“Por volta das onze horas, eu me deitei na grande cabine, em pouco<br />

tempo, adormeci, embora muito incerto se eu deveria ficar acordado,<br />

e muito envergonhado de minha relutância em morrer”. Muito<br />

impressionado com a seriedade dos passageiros alemães; sua<br />

humildade em executar serviços servis para outros, sua mansidão, que<br />

nenhuma injúria parecia capaz de mover, e sua paciência, sob<br />

provocação, uma oportunidade ele teria agora, de testar, se eles<br />

estavam libertos do medo. Ele diz: “Em meio aos Salmos, em que<br />

nosso serviço começou, o mar quebrou sobre a embarcação, partiu a<br />

vela mestra, em pedaços, cobriu o navio, e afluiu entre os conveses,<br />

como se uma grande depressão já nos tivesse tragado. Um grito<br />

terrível se ouviu em meio aos ingleses. Os alemães, calmamente<br />

cantavam. Eu perguntei a um deles mais tarde: ‘Eu dou glória a<br />

Deus, não tenho medo’. Eu perguntei: ‘Mas não existem mulheres e<br />

crianças com medo?’. Ele respondeu serenamente: ‘Não; nossas<br />

mulheres e crianças não têm medo de morrer!’”. Este incidente o<br />

impressionou profundamente, e teve um importante testemunho em<br />

sua mente nos dias seguintes.<br />

Em 5 de Fevereiro de 1736, o Rio Savannah foi alcançado, e<br />

no dia seguinte, os primeiros imigrantes colocaram os pés em solo<br />

americano, em uma pequena ilha desabitada, defronte o Tybee. Eles se<br />

ajoelharam, e deram graças pela chegada sãos e salvos. No dia<br />

seguinte, <strong>Wesley</strong> buscou conselho, com respeito a sua conduta, com o<br />

Sr. Spangenberg, um dos pastores (Morávio) alemães, e um dos que<br />

primeiro o cumprimentou no cais da Geórgia, que prontamente<br />

inquiriu: “Você tem testemunho em si mesmo? O Espírito de Deus<br />

testemunha com seu espírito, que você é um filho de Deus?”.<br />

Surpreso, ele não sabia o que responder. <strong>Wesley</strong> estava fora de seu<br />

meio aqui. Novamente ele foi pressionado: “Você conhece Jesus<br />

Cristo?”. Ele pausou e disse: “Eu sei que Ele é o Salvador do<br />

83


mundo?”. “Verdade, mas você sabe que Ele salvou a você?”. “Eu<br />

espero que Ele tenha morrido para me salvar”. Então, <strong>Wesley</strong> diz que<br />

ele apenas acrescentou: ‘Você conhece a si mesmo?’. “Eu disse,<br />

‘conheço’”. Mas ele temeu que foram “palavras em vãs”. Seu<br />

interesse nestas pessoas se aprofundava, e ele aproveitou uma<br />

oportunidade antecipada de fazer muitas questões a Spangenberg, com<br />

respeito à Igreja Moravia.<br />

Dividindo seus aposentos com os alemães, ele estava<br />

capacitado diariamente para observar todo o comportamento deles.<br />

Vagarosa, silenciosa, e inconscientemente, aquelas humildes pessoas<br />

estavam ajudando a preparar o doce discípulo para sua grande obra<br />

futura. A simplicidade e solenidade de uma eleição e ordenação de um<br />

bispo da Igreja Alemã o fizeram esquecer, ele diz, os mil e setecentos<br />

anos neste intervalo, e imaginar-se em “uma daquelas assembléias,<br />

onde a formalidade e o estado não existiam; mas Paulo, o fabricador<br />

de tendas, ou Pedro, o pescador, presidia; ainda assim, com a<br />

demonstração do Espírito e do poder”.<br />

Domingo, 7 de Março, <strong>Wesley</strong> inicia seu ministério em<br />

Savannah, seu irmão e o companheiro deles, Ingham, removeram-se<br />

para Frederica, enquanto Delamotte permaneceu em Savannah. Eles,<br />

imediatamente, começaram a experimentar se a vida seria sustentada<br />

por um só tipo de alimento, ou por uma variedade dele. Eles fizeram o<br />

experimento com pão, e disseram que nunca se sentiram mais<br />

vigorosos e com saúde, do que enquanto provaram nada mais.<br />

Sem encontrarem alguma porta aberta, até agora, para<br />

prosseguirem no intento principal deles de pregar para os índios, mas<br />

mantendo isto sempre em vista, eles consideraram como poderiam ser<br />

mais úteis ao pequeno rebanho em Savannah, já que o ministro da<br />

cidade, Sr. Mr. Quincy removera-se para Carolina.<br />

Ao receber cartas de Frederica, pedindo que fosse até lá, ele e<br />

Delamotte embarcaram em uma 'pettiawga,' uma espécie de barco de<br />

fundo chato. A caminho, eles ancoraram perto da ilha de Skidoway.<br />

84


<strong>Wesley</strong> deitou-se para dormir, envolto, da cabeça aos pés, em um<br />

largo capote. Entre uma e duas horas, ele acordou, debaixo d’água,<br />

depois de rolar fora do barco, mas dormindo tão profundamente, que<br />

não percebeu onde estava, até que sua boca estivesse cheia de água.<br />

Mas ao despertar, ele deve ter se afogado. No entanto, nadou até o<br />

barco, e escapou, sem nada mais sério, do que suas roupas molhadas.<br />

Ele encontrou seu irmão excessivamente fraco e doente.<br />

Depois de ajustar os assuntos em Frederica, o melhor que pôde, ele<br />

retornou para Savannah. Imediatamente, comunicou seu desejo de<br />

administrar a Comunhão Santa, todos os domingos, “de acordo com<br />

as regras de nossa Igreja”. Fiel à rubrica, ele batizava por imersão,<br />

salvo onde os pais afirmavam que a criança estava fraca. Ao ser<br />

solicitado para batizar uma criança de um dos magistrados de<br />

Savannah, e com a recusa dos pais, em declarar se mesma estava fraca<br />

ou se poderia ser submetida ao mergulho, ele se retirou, deixando que<br />

a criança fosse batizada por um outro.<br />

Ele dividiu as orações públicas de “acordo com o desígnio<br />

original da Igreja”. O serviço matinal começava às cinco horas; o da<br />

comunhão, com um sermão, às onze horas; o serviço da tarde, por<br />

volta das três horas. “Os paroquianos eram visitados em ordem, de<br />

casa em casa, do meio-dia às três da tarde, quando estavam mais<br />

livres, e, então, incapazes de trabalhar, devido ao calor do dia. Os<br />

membros mais sérios da congregação eram aconselhados a se<br />

formarem em uma espécie de pequena sociedade, e a se encontrarem<br />

uma ou duas vezes por semana, com o objetivo de melhorarem,<br />

instruírem e exortarem uns aos outros; a selecionarem desses, um<br />

número menor para uma união mais próxima um com o outro, o que<br />

poderia ser estimulado, parcialmente, pela sua conversa individual<br />

com cada um; parcialmente, por reuni-los em sua própria casa. Esses<br />

métodos eram evidentemente emprestados de seus vizinhos Moráveis,<br />

e antecipam a classe e as reuniões das Bands do Metodismo, em<br />

período subseqüente”.<br />

85


Bolzius, o pastor de Salzburger, diz: "No momento, as orações<br />

acontecem diariamente em Savannah, manhã e noite, na igreja; e toda<br />

a quarta-feira, o Sr. <strong>Wesley</strong> prega um sermão ou catequiza as<br />

crianças. Dizem que ele leva seu ofício mais seriamente ao coração,<br />

mas também tem sua parcela de aflições a respeito dele... O Sr.<br />

<strong>Wesley</strong> está nenhum pouco preocupado e desencorajado pela<br />

obstinação de seus ouvintes, embora ele se esforce muito para<br />

conduzir o modo de vida deles, através da exposição da palavra de<br />

Deus, que é certamente perfeita e edificante". Este era o bom pastor<br />

Bolzius, a quem <strong>Wesley</strong> recusou admitir na Ceia do Senhor, porque<br />

ele não tinha sido ordenado pelo bispo.<br />

Pastor Gronau escreve: "O Sr. <strong>Wesley</strong> está em harmonia com o<br />

bem que ele tem aprendido de nossa comunidade, e desejaria realizar<br />

mais do que vê feito em Savannah. Quando ele nos ouviu dizer<br />

recentemente da visitação casa a casa que tínhamos estabelecido, e<br />

da bênção divina e despertar que atenderam isto, tanto para os<br />

pastores, e o povo, ele ficou satisfeito, mas lamentou a falta de<br />

sucesso até aqui, em meio aos seus próprios ouvintes. Ele apresentou<br />

diversas razões, porque o povo de Savannah não se tornou mais<br />

obediente ao Evangelho de Cristo. Dessas, uma foi o ridículo e a<br />

perseguição que teriam sofrido aqueles que mostraram uma mudança<br />

de coração, mas eu tive de dizer-lhe, da experiência, que Deus tem<br />

conduzido as almas em nosso lugar, pelo mesmo velho caminho,<br />

'todos que viverem santamente em Cristo, sofrerão perseguição',<br />

mesmo que não seja tão manifesta... Ele freqüentemente canta hinos<br />

alemães, e elogia o proveito que nossa Igreja tem sobre as outras, na<br />

posse de tal rica hinologia".<br />

<strong>Wesley</strong> não tinha ainda aprendido a exercer o verdadeiro poder<br />

do Evangelho, como poderá claramente ser visto, se o seguinte puder<br />

ser considerado uma descrição acurada do seu ensino naquele tempo:<br />

"Temos diante de nós, um número de sermões não publicados,<br />

escritos por <strong>Wesley</strong> de Oxford, durante os dez anos que se seguiram a<br />

sua ordenação... Em nenhum deles, existe uma visão, qualquer que<br />

86


seja; algum vislumbre, propiciado por Cristo em algum de seus<br />

ofícios. Seu nome ocorre na bênção. Que está sobre todos. Como<br />

fonte de despertar espiritual, insiste-se na comunhão freqüente; a<br />

regeneração pelo batismo é admitida como a verdadeira doutrina da<br />

Igreja; mas Cristo não está em lugar algum, quer Sua vida, Sua<br />

morte, ou Sua intercessão. O formalismo religioso e a moralidade<br />

estrita, cerimônias e ética, são tudo em tudo".<br />

Charles <strong>Wesley</strong> passou nove semanas em Frederica; todo o<br />

tempo, sendo marcado pelo heróico trabalho árduo e persistência;<br />

através de muito sofrimento mental, tratamento indelicado, e as muitas<br />

dores corpóreas. Diariamente, de manhã à tarde, ele trabalhava para<br />

promover o bem-estar de seu pequeno rebanho, ambos pela<br />

reprovação pessoal, e pelos quatro serviços públicos que ele mantinha<br />

diariamente, freqüentemente em campo aberto, dando uma exposição<br />

espontânea das lições diárias, nas orações da manhã e da tarde. Cada<br />

hora que pudesse ser poupada de suas obrigações secretariais era<br />

assim utilizada. Esses deveres não se colocavam levemente sobre ele.<br />

No término da primeira semana, ele escreve: "Eu gastei todo o tempo<br />

em escrever cartas para o Sr. Oglethorpe. Eu não passaria mais seis<br />

dias, da mesma maneira, por toda a Geórgia". Mas seu trabalho<br />

trouxe pouco sucesso. Ele era rigoroso em sua adesão à ordem<br />

eclesiástica; ele batizava as crianças pela trina imersão, e pregava com<br />

coragem e singeleza de intenção. Ele expunha os maus hábitos das<br />

pessoas com uma mão muito inclemente; mas não lhes trazia<br />

livramento desses males. Ele ainda não tinha aprendido, para si<br />

mesmo, o Evangelho da salvação, para os pecadores, e, portanto, "não<br />

poderia pregá-lo". Existem diversos desses seus sermões de<br />

Frederica. As doutrinas são aquelas de William Law. Os prazeres<br />

deste mundo são todos inúteis e pecaminosos, e, portanto, devem ser<br />

renunciados; os males de nossa natureza nos tornam inadequados para<br />

o serviço de Deus, e devem ser mortificados pelo jejum, oração, e um<br />

constante curso de universal abnegação; nós somos criaturas de Deus,<br />

e, portanto, devemos nos devotar a Ele, em corpo, alma e espírito,<br />

com o mais extremo fervor, simplicidade e pureza de intenção. Mas<br />

procuramos em vão pelas visões corretas da expiação e intercessão de<br />

87


Cristo, e pelos ofícios do Espírito Santo. Nenhuma resposta<br />

satisfatória é dada para a questão: O que eu devo fazer, para ser<br />

salvo? Aos homens é requerido correr a corrida da santidade cristã,<br />

com o peso da culpa sobre suas consciências, e com a corrupção de<br />

sua natureza, não subjugada pela graça renovadora. Ele não tem a<br />

justa concepção da justificação dos pecadores diante de Deus. Ele<br />

nunca representa isto como consistente com o completo e imerecido<br />

perdão de todos os pecados passados, obtidos, não através das obras<br />

de retidão, mas através do simples exercício da fé, no estado penitente<br />

do coração; e, imediatamente seguido pelo dom do Espírito Santo,<br />

produzindo paz de consciência, espírito filial, poder sobre o pecado, e<br />

esperança jubilosa da vida eterna. Ele se satisfaz com a reprovação<br />

dos maus hábitos e pecados das pessoas com severidade inclemente, e<br />

em mostrar o padrão da santidade prática, proclamando a vingança<br />

divina contra todos aqueles que falham nela; mas dirigindo-os pelo<br />

único meio, pelo qual eles poderiam obter o perdão e um novo<br />

coração.<br />

Mas outras circunstâncias o impediram: As pessoas estavam<br />

inseguras, em constante alarme quanto aos espanhóis. Suas<br />

reprovações fiéis incitaram antagonismo, o que rapidamente<br />

desenvolveram-se em vingança em meio àqueles de moralidade<br />

frouxa. Conspirações eram tramadas contra ele, e até mesmo disparos<br />

eram feitos contra ele, das florestas. Mentiras ociosas eram feitas para<br />

o todo também susceptível Governador, que infelizmente dava crédito<br />

a elas, conduzindo-o a um curso de maus tratos severos e muitas<br />

indignidades: "O Sr. O. tirou minha armação da cama, e me recusou a<br />

me reservar uma dos carpinteiros, para ser consertada". Faltando-lhe,<br />

algumas vezes, o necessário para a vida, sofrendo de febre e<br />

disenteria, lhe eram negados, até mesmo, todos os meios de conforto e<br />

alívio, salvo que ele mudou sua cama usual, o chão, para o topo de<br />

uma caixa. Em conseqüência de sua crescente fraqueza, o pobre<br />

sofredor chegou à beira da morte, o que pareceu quase desejar. "Meu<br />

irmão", ele diz, "trouxe-me uma resolução, que a honra e a<br />

indignação tinham formado, de morrer de fome, em vez de pedir pelo<br />

necessário... À noite, quando minha febre estava de certa forma<br />

88


diminuída, eu fui conduzido a enterrar o barqueiro, e o enviei para<br />

sua quieta sepultura". Da disposição delicada, ele passou através da<br />

agonia do sofrimento mental e físico.<br />

Ele passou um pouco mais do que duas semanas em Frederica,<br />

quando seu coração entrou em colapso. Ao escrever para seu irmão,<br />

ele diz: "Fique até que você esteja em desgraça, em perseguição,<br />

pelos irmãos, pelos seus próprios conterrâneos; até que você seja<br />

considerado o refugo de todas coisas (como você deve infalivelmente<br />

ser, se Deus for verdadeiro), e, então, veja quem irá admitir você".<br />

Ele estava no noviciado; ele estava sendo treinado para um<br />

trabalho mais sublime. O desapontamento que revelou o erro de seus<br />

métodos atuais foi em parte uma preparação para uma firme<br />

obediência, junto á fé, quando ela fosse revelada a ele. Ele não foi<br />

favorecido, como seu irmão, com a camaradagem diária dos<br />

agradáveis e felizes Morávios, que, para o momento, eram os<br />

instrumentos escolhidos, para abrir os olhos desses nobres jovens, e<br />

para conduzi-los a uma luz e liberdade do Evangelho. Ele não<br />

"progrediu igualmente no mesmo conhecimento espiritual, de seu<br />

irmão, nem foi pressionado em busca dele, com a mesma" 'avidez<br />

constante. Ele não teve igual autocontrole; nem, com sua<br />

suscetibilidade peculiar à depressão, agravada pela sua condição física<br />

fraca, teve igual conforto em sua obra.<br />

Por fim, as obrigações de seu secretariado o trouxeram para<br />

Savannah. Ao deixar Frederica, ele diz: "Eu fiquei cheio de alegria de<br />

meu livramento desta fornalha, e nem um pouco envergonhado de<br />

mim mesmo por me sentir assim". Ele permaneceu em "Savannah,<br />

nove semanas", como encarregado, enquanto seu irmão estava em<br />

Frederica.<br />

Tendo que retornar para a Inglaterra como transportador dos<br />

despachos do Governador para os fiduciários das colônias, ele<br />

embarcou em 11 de Agosto, pretendendo não mais retornar como um<br />

secretário, cujo ofício ele se submeteu, mas como um missionário.<br />

Este propósito, no entanto, foi frustrado.<br />

89


Ambos, <strong>Wesley</strong> e Ingham desejavam ser missionários para os<br />

índios, e não capelães das colônias inglesas; e Ingham arranjou três<br />

dias em cada semana para gastar no aprendizado da Língua indígena,<br />

com uma mestiça; e, nos outros três, para ensinar o que ele aprendera<br />

para <strong>Wesley</strong> e Nitsehman, o bispo Morávio. Ele também procurou<br />

suprir nos turnos em lugar de Charles em Frederica.<br />

<strong>Wesley</strong> tinha agora esperanças de que a porta fosse aberta<br />

para seguir imediatamente para os Choctawas, 'a menos polida, ou<br />

seja, a menos corrompida de toda as nações indígenas'. Mas ao<br />

informar o General de seu objetivo, mas foi objetado, não apenas,<br />

pelo perigo de ser interceptado ou morto pelos franceses lá, mas<br />

muito mais pela inconveniência de deixar Savannah destituída de um<br />

ministro. Essas objeções, ele relatou a seus amigos, à noite, com seu<br />

desejo característico de ser conduzido, preferivelmente a conduzir; e<br />

eles eram todos da opinião 'de que não deveriam ir ainda'".<br />

Quanto a afetar suas visões eclesiásticas, pode ser mencionado<br />

aqui que, lendo Sr. Delamotte, Bispo do Pandectae Canonum<br />

Conciliorum de Beveridge, ele fora efetivamente convencido que<br />

tanto os Concílios Especiais quanto Gerais podem errar, e têm errado;<br />

e da infinita distância que existe entre as decisões dos homens mais<br />

sábios e aquelas que o Espírito Santo registra na Palavra.<br />

Já no encerramento de Novembro, Oglethorpe partiu para a<br />

Inglaterra, deixando <strong>Wesley</strong>, Delamotte e Ingham na Savannah,<br />

"mas", diz <strong>Wesley</strong>, "com menos perspectiva de pregar para os índios<br />

do que tivemos no primeiro dia que colocamos os pés na América".<br />

Quando quer que ele mencionasse o assunto, a resposta era: "Você não<br />

pode deixar Savannah sem um ministro". A isto, ele respondia: "Eu<br />

não sei, se estou sob alguma obrigação ao contrário. Eu nunca<br />

prometi ficar aqui um mês. Eu abertamente declarei ambos antes; e<br />

desde a minha vinda para cá, que eu não faria, nem poderia ficar<br />

responsável pelo Inglês, mais tempo, do que até que eu pudesse estar<br />

em meio aos índios". Se fosse dito: "Mas os fiduciários da Savannah<br />

90


não haviam apontado você para ser ministro em Savannah?", ele<br />

respondia: "Eles o fizeram; mas não foi feito, através de minha<br />

solicitação; isto foi feito sem meu desejo ou conhecimento; portanto,<br />

eu não posso conceber que a designação me coloque sob alguma<br />

obrigação de continuar lá, mais do que até que a porta seja aberta<br />

para os pagãos; e isto eu expressamente declarei, quando consenti em<br />

aceitar essa nomeação". No entanto, a pedido insistente da maioria<br />

dos sérios paroquianos, ele consentiu em permanecer, até que alguém<br />

viesse suprir seu lugar.<br />

Gronau, um dos pastores de Saltzburger, escreve para um<br />

amigo e diz: "Aqui, com nossos índios, o panorama da conversão dos<br />

pagãos, é ainda muito pobre, e alguém poderia quase se desesperar<br />

com isto, se nós não tivéssemos as claras e simples promessas disto<br />

nas Escrituras Sagradas... É evidente que os obstáculos colocados no<br />

caminho da conversão dos pagãos, pelos cristãos devem primeiro ser<br />

removidos".<br />

Logo no início do ano, ele e Dellamotte foram novamente para<br />

Frederica, apenas para encontrar as coisas, como eles esperavam: frias<br />

e sem entusiasmo; não havia um que retivesse seu primeiro amor.<br />

Assim, depois de dar socos no ar, neste lugar infeliz, por vinte dias,<br />

<strong>Wesley</strong> partiu finalmente de lá, em 26 de Janeiro; não, ele declarou, de<br />

alguma apreensão do perigo para si mesmo, embora sua vida fosse<br />

ameaçada muitas vezes, mas do completo desespero de fazer algum<br />

bem lá.Ele descrevera a condição do lugar, como "uma cidade,<br />

dividida contra si mesma. Onde não existe amor fraternal, humildade,<br />

paciência, ou perdão de uns para com os outros; mas inveja, malícia,<br />

vingança, suspeita, ira, queixa, amargura, maledicência, sem fim!".<br />

Uma disputa surgiu naquele tempo, entre os cavalheiros da<br />

Carolina e aqueles da Geórgia, com respeito ao direito de comércio<br />

com os índios; e <strong>Wesley</strong> que tinha até aqui confinado sua atenção aos<br />

assuntos imediatamente relativos ao seu ministério, estava convencido<br />

de que o caso surgiria, naquela parte de seu tempo que deveria ser<br />

empregado em outros assuntos. Isto foi o que ele pensou. No entanto,<br />

91


fez uma consideração a respeito dele, concluindo que a questão<br />

deveria vir para esta breve discussão, por fim: "(1) Os Creeks,<br />

Cherokees, e Chicashaws estão dentro dos limites da Geórgia, ou<br />

não? (2) Existe um Ato do Rei no Concílio, em conseqüência de um<br />

Ato do Parlamento, de alguma força dentre desses limites ou não? O<br />

primeiro desses, o Alvará Georgiano determina; o último, não foi<br />

questionado por alguém, mas pelas partes interessadas na Carolina".<br />

Ele, portanto, concluiu que "nada justificaria o envio de comerciantes<br />

não licenciados para esses índios, mas provar que o Ato não tem<br />

força, ou que aqueles índios não estão na Geórgia".<br />

Em 4 de Março, <strong>Wesley</strong> escreveu aos fiduciários, dando um<br />

relato das despesas anuais, de 1º. De Março de 1736, a 1º. De Março<br />

de 1737, que, deduzindo as despesas extraordinárias, tais como reparar<br />

a casa paroquial, e as viagens para Frederica, somaram para o Sr.<br />

Delamotte e ele mesmo, £44 4s 4d – uma prova da abnegação<br />

praticada por esses bons homens. Ele tomou a resolução de não aceitar<br />

£50, por ano, enviadas pela Sociedade, para sua manutenção, dizendo<br />

que a camaradagem deles era suficiente. Seu irmão Samuel o<br />

censurou, mostrando a ele que ao recusar isto, ele insultaria aqueles<br />

que viessem depois dele; e que, se ele não quisesse para si mesmo, ele<br />

poderia dar, de tal maneira que ele achou apropriado. Ele, por fim,<br />

autorizou neste assunto as solicitações da Sociedade e os conselhos de<br />

seus amigos.<br />

As idéias de <strong>Wesley</strong> da religião, neste período, podem ser<br />

reunidas dos seguintes excertos de uma carta, datada de Savannah, 28<br />

de Março, 1737, e endereçada ao Ilustríssimo Sr. William Wogan, em<br />

Spring Gardens, Londres.<br />

"Eu, certamente, concordo com você, que a religião é amor,<br />

paz, e alegria no Espírito Santo; que, como se trata da coisa mais<br />

feliz; então é a coisa mais alegre no mundo; que é completamente<br />

inconsistente com a melancolia, mau humor, severidade, e, na<br />

verdade, com o que não está de acordo com a brandura, delicadeza e<br />

gentileza de Jesus Cristo. Eu acredito que ela é igualmente contrária<br />

92


a toda meticulosidade, inflexibilidade, presunção, e desnecessária<br />

singularidade. Eu admito, também, que a prudência, assim como o<br />

zelo, é da mais extrema importância para um cristão sorver".<br />

"Mas eu ainda não vejo um caso possível em que a<br />

conversação possa ser um exemplo dela. Nas seguintes escrituras, eu<br />

considero que todas estas são completamente proibidas: (Mateus<br />

12:36) 'Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens<br />

disserem, hão de dar conta no dia do juízo'; (Efésios 5:4) 'Nem<br />

torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas<br />

antes, ações de graças'. (Efésios 4:29) 'Não saia da vossa boca<br />

nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a<br />

edificação, para que dê graça aos que a ouvem'; (Colossenses 4:6) 'A<br />

vossa palavra seja sempre com graça, temperada com sal, para<br />

saberdes como deveis responder a cada um'".<br />

"Mas devem rir de mim, por isto, eu sei. Assim foi com meu<br />

Mestre. Eu não gosto da maneira dura, austera de conversar. Não!<br />

Que toda a alegria da fé esteja lá; que todo o júbilo da esperança;<br />

toda a amável doçura – a atraente tranqüilidade do amor. Se nós<br />

devemos ter princípios, 'Hic mihi erunt artes': tão logo Deus deva<br />

adornar minha alma com eles, e sem quais outros do que esses, com o<br />

poder do Espírito Santo preveniente, acompanhando, e me seguindo,<br />

eu sei que eu (ou seja, a graça de Deus que está em mim) deverei<br />

salvar a mim mesmo e aqueles que me ouvem".<br />

Sentimentos similares são expressos em outra carta, escrita,<br />

por volta do mesmo tempo: --<br />

"Você parece compreender que eu acredito que a religião seja<br />

inconsistente com a alegria, e com o temperamento social fraterno.<br />

Muito longe disto, eu estou convencido de que a religião verdadeira<br />

não pode existir sem a alegria; que a alegria assim constante não<br />

pode existir sem a verdadeira religião. Eu estou igualmente<br />

convencido de que a religião tem nada de amargo, austero,<br />

insociável, descortês, nela; mas, ao contrário, implica a mais atraente<br />

93


doçura, a mais amável delicadeza e gentileza. Você tem tanta alegria,<br />

quanto você pode? Eu também. Você se esforça para manter vivo seu<br />

gosto por todas os prazeres verdadeiramente inocentes da vida?<br />

Também eu. Você recusa nenhum prazer, a não ser o que seja<br />

obstáculo a algum bem maior, ou que tenha inclinação a algum mal?<br />

Esta é minha própria regra. Em especial, eu sigo esta regra no comer,<br />

o que eu raramente faço, sem muito prazer. Eu sei que esta é a<br />

vontade de Deus: que eu possa desfrutar de cada prazer que me<br />

conduza a ter prazer Nele; e, em tal medida, que a maioria me conduz<br />

a isto. Não devemos fazer nada, mas o que, direta ou indiretamente,<br />

conduz à nossa santidade; e fazer tudo com este objetivo, e em tal<br />

medida, que possamos promovê-la mais".<br />

Em Abril deste ano, <strong>Wesley</strong> começa a aprender Espanhol, com<br />

o objetivo de conversar com um número de judeus que estavam em<br />

meio aos seus paroquianos. Isto evidenciou o serviço subseqüente a<br />

ele; houve revolta, sem benefício para outros, porque antes que ele<br />

deixasse a Geórgia, ele traduziu um hino muito bonito: "Ó, meu Deus,<br />

meu Tudo, tu és", que ele inseriu em seu primeiro hinário, impresso<br />

em Charlestown, no ano seguinte. O hino foi freqüentemente<br />

reimpresso, em suas várias coleções de hinos.<br />

Tanto <strong>Wesley</strong> quanto Delamotte fizeram seus deveres como<br />

professor. O seguinte incidente refere-se a eles nesta conexão: "Alguns<br />

dos meninos na escola de Delamotte usavam meias e sapatos e outros<br />

não. Os primeiros ridicularizaram os últimos. Delamotte tentou<br />

colocar um fim nesta brincadeira descortês, mas disse a <strong>Wesley</strong> que<br />

ele falhara. <strong>Wesley</strong> replicou: 'Eu penso que eu posso curar isto. Se<br />

você tomar conta de minha escola, na semana que vem, eu tomarei<br />

conta da sua, e tentarei'. A troca foi feita, e no domingo de manhã,<br />

<strong>Wesley</strong> foi para a escola sem sapatos. As crianças pareceram<br />

surpresas, mas sem alguma referência a zombaria passada. <strong>Wesley</strong> os<br />

manteve em seus trabalhos. Antes que a semana terminasse, os<br />

descalços criaram coragem; e alguns dos outros, vendo que seu<br />

ministro e mestre vinha sem sapatos e meias, começaram a copiar seu<br />

exemplo, e assim, o mal foi efetivamente curado".<br />

94


A Revista dos Cavalheiros é responsável pela seguinte história:<br />

"Uma mulher pecaminosa, a qual ele havia ofendido, o atraiu para<br />

dentro da casa dela, o jogou no chão, e, com sua tesoura, cortou, de<br />

um lado de sua cabeça, todas aquelas longas mechas de cabelos<br />

avermelhados, que ele estava acostumado a manter na mais perfeita<br />

ordem. Depois disto, ele pregou na Savannah, com seus longos<br />

cabelos, cortados de um lado, a que aqueles que se sentaram do lado<br />

que tinha sido cortaram, observaram: 'Que cabelo aparado o jovem<br />

pároco tem"'. Não existe o menor sinal de verdade nisto.<br />

Logo depois de sua chegada na colônia, <strong>Wesley</strong> tornou-se<br />

familiarizado com a Srta. Sophia Christina Hopkey, sobrinha do Sr.<br />

Causton, principal magistrado em Savannah, uma jovem, bonita na<br />

aparência, de maneiras atrativas, e além disto, inteligente e refinada.<br />

Ele logo começou a nutrir um interesse nela, que se desenvolvia, na<br />

mesma medida da afeição, que parece ter sido recíproca, embora da<br />

parte dela, talvez, não muito ardentemente. Ela apareceu diante de<br />

<strong>Wesley</strong>, como uma inquiridora religiosa, buscando a direção dele; ela<br />

também se tornou sua aluna, pedindo que ele a assistisse em seus<br />

estudos de Francês. Ela consultou Oglethorpe, que tipo de vestuário<br />

mais igualmente agradaria <strong>Wesley</strong>, e colocando de lado seus<br />

ornamentos, aparecia sempre em um traje esmerado e de um branco<br />

simples. Acredita-se que Oglethorpe desejou, se possível, levá-la ao<br />

casamento com vistas a manter <strong>Wesley</strong> na colônia.<br />

Depois de Charles partir de Frederica, no final de Julho,<br />

<strong>Wesley</strong> freqüentemente visitou aquele lugar, onde ele encontrou a<br />

mais violenta oposição e abuso. Ele a visitou, de tempos em tempos,<br />

até 16 de Outubro, quando recebeu um melancólico relato do estado<br />

das coisas, por lá. O serviço público tinha sido descontinuado, e desde<br />

então, tudo havia se tornado pior. Ele escreveu: "Até mesmo a pobre<br />

Sophy, que, por algum tempo, vivera lá, escassamente era a sombra<br />

do que era, quando eu a deixei. Eu me esforcei para convencê-la<br />

disto, mas em vão; e para colocar isto efetivamente fora do meu<br />

poder, ela resolveu retornar para a Inglaterra imediatamente".<br />

95


Depois de diversas tentativas ineficazes, ele, por fim, prevaleceu.<br />

"Nem foi muito tempo depois", ele diz, "antes que ela recuperasse o<br />

chão que havia perdido". Menosprezado em uma ocasião por<br />

Oglethorpe, ele mencionou a circunstância para ela, e ela disse:<br />

"Senhor, você me encoraja em meus maiores julgamentos; não<br />

desencoraje a si mesmo. Nada tema; se o Sr.Oglethorpe não o ajudar,<br />

Deus o fará". Ele, então, pegou um barco para Savannh, com a Srta.<br />

Sophy, e chegou depois de uma passagem demorada e perigosa, "mas<br />

não tediosa" -- de seis dias, por centenas de milhas. Ele escreve: "No<br />

início de Dezembro, eu aconselhei a Srta. Sophy a cear mais cedo, e<br />

não imediatamente antes de ir para a cama. Ela assim o fez, e desta<br />

pequena circunstância, que série de conseqüências inconcebíveis<br />

dependiam! Não apenas 'todo o colorido de sua vida restante', mas,<br />

talvez, toda minha felicidade também". O significado disto não está<br />

óbvio, a menos que, neste tête-à-tête, ele fizesse uma declaração da<br />

afeição. Ela também cuidou dele, em uma enfermidade, de alguns dias<br />

de duração. Moore diz: "Aqueles que conhecem o Sr. <strong>Wesley</strong> evitarão<br />

nosso julgamento aqui. Eles bem sabem que impressão tudo isto<br />

igualmente fará. Ele, de fato, -- tinha uma natureza constante,<br />

amorosa, nobre; que acredita que os homens são honestos, se eles<br />

assim parecem. Como, então, esta aparência de forte afeição, de uma<br />

mulher de sabedoria e elegância, mais do que isto, e como pareceria,<br />

da piedade também, deveria afetá-lo! Especialmente considerando<br />

(este é seu próprio relato), que ele nunca antes conversou<br />

familiarmente com alguma mulher, exceto com suas parentes<br />

próximas!". Muitas passagens nos diários mostram o profundo<br />

interesse que <strong>Wesley</strong> teve no bem-estar desta jovem.<br />

Existe uma diferença de opinião aqui da parte dos dois<br />

primeiros biógrafos de <strong>Wesley</strong>: Whitehead e Moore, ambos<br />

conhecidos pessoais de <strong>Wesley</strong>. Whitehead, que teve acesso aos<br />

diários pessoais de <strong>Wesley</strong>, diz que, de uma leitura atenta daquele<br />

documento, a ele parece que <strong>Wesley</strong> pretendia se casar, e que ele não<br />

ficou pouco aflito, quando o intercurso foi rompido. Moore, por outro<br />

lado, comenta nestas palavras: "Ele sei que ela, no final das contas,<br />

rompeu com ele, mas eu sei também que ele, em tempo algum,<br />

96


determinara se casar. Eu tenho um relato completo dele, e não sei se<br />

ele alguma vez disse isto a alguma outra pessoa".<br />

Que <strong>Wesley</strong> estava impressionado, talvez, fascinado, por esta<br />

jovem, dificilmente pode admitir discussão. Mas que ele, alguma vez,<br />

propôs diretamente casamento a ela, é altamente improvável; com as<br />

palavras de Moore em vista, seguramente pode-se afirmar que ele não<br />

o fez. Entretanto, que ele contemplou o casamento, como uma última<br />

possibilidade, pode tão pouco ser negado, sem lançar um insulto em<br />

sua honra. Ele pode ter prudentemente esperado, como qualquer<br />

homem sensato faria. Nós sabemos de um manuscrito recentemente<br />

publicado, que ele a manteve no coração, talvez, com uma declaração<br />

de amor, e que ele questionara a Deus, se deveria continuar, postergar,<br />

ou descontinuar suas atenções.<br />

Em 4 de Março, ele escreve: "Das direções que recebi de<br />

Deus, até hoje, no tocante a um assunto da maior importância, eu não<br />

pude deixar de observar, como tenho feito, muitas milhares de vezes,<br />

o completo equivoco daqueles que afirmam, que 'Deus não responde<br />

nossas orações, exceto se o coração estiver totalmente resignado à<br />

vontade Dele'. Meu coração não está totalmente resignado a Sua<br />

vontade. Entretanto, sem me atrever a depender de meu próprio juízo,<br />

eu clamei o mais sinceramente a Ele para suprir o que estava faltando<br />

em mim. E eu sei, e estou seguro de que Ele ouviu minha voz, e me<br />

enviou Sua luz e Sua verdade". Isto provavelmente se refere a lançar<br />

a sorte. Whitehead pensa que neste dia o namoro fora finalmente<br />

rompido. Ou que ele pode ter se referido ao seguinte, relatado de<br />

Moore: "O Sr. Delamotte não aprendeu (para usar uma expressão<br />

comum do Sr. <strong>Wesley</strong>) a 'resistir abertamente à dúvida'. Ele pensou<br />

que ele viu – a aparência do mérito, não da essência. Ele, portanto,<br />

aproveitou a oportunidade de examinar com o Sr. <strong>Wesley</strong>; e<br />

perguntou a ele, se ele pretendia casar-se com a Srta. Sophy. Ao<br />

mesmo tempo, demonstrou, em uma luz mais clara, a inteligência dela<br />

e a simplicidade dele. Embora sarisfeito com as atenções de seu fiel<br />

amigo, o Sr. <strong>Wesley</strong> não se permitiu admitir o casamento. A pergunta<br />

do Sr. Delamotte, portanto, nem um pouco o deixou perplexo. Ele<br />

97


desistiu de uma resposta naquele tempo; e, percebendo o preconceito<br />

do Sr. Delamotte, contra a senhorita, ele chamou o Bispo Nitschman.<br />

'Casamento', ele disse, 'você sabe que não é ilícito. Quer seja agora<br />

expediente para você, e quer esta senhorita seja uma esposa<br />

apropriada para você, deve ser considerado com maturidade'. Vendo<br />

que a perplexidade dele aumentava, ele decidiu propor suas dúvidas<br />

aos presbíteros da Igreja Morávia. Quando ele entrou na casa, onde<br />

eles se reuniam, ele encontrou o Sr. Delamotte com eles. Ao propor<br />

seu assunto, o Bispo respondeu: 'Nós consideramos sua franqueza.<br />

Você aceitará nossa decisão?'. Ele respondeu, depois de alguma<br />

hesitação: 'Aceitarei'. 'Então", disse o Bispo, 'nos aconselhamos a<br />

você a não prosseguir mais além neste assunto'. Ele respondeu: 'Que<br />

seja feita a vontade de Deus'. Desde aquele tempo, ele se comportou<br />

com a maior precaução em direção a ela, e evitou tudo que tendesse a<br />

continuar a intimidade, embora ele facilmente percebesse que dores<br />

esta mudança em sua conduta causou a ele, como também causou a<br />

ele próprio".<br />

O acima ilustra a extrema falta de confiança em si mesmo, e<br />

sua boa vontade, para ser conduzido pelas opiniões de outros, exibidas<br />

tão freqüentemente em sua vida subseqüente. Também mostra a<br />

poderosa influência que os Morávios tinham começado a exercer<br />

sobre ele. Dificilmente precisa ser acrescentado que não existe a mais<br />

leve sombra de dúvida de sua conduta perfeitamente honrada e<br />

honesta em todo o assunto. Três dias depois, do incidente recém<br />

relatado, ele escreve em seu diário pessoal:<br />

"7 de Março – Quando eu caminhei com o Sr. Causton, para<br />

sua região, eu senti plenamente que Deus me dera tal isolamento, com<br />

a companhia que eu desejava, que eu teria esquecido a obra pelo qual<br />

eu havia nascido, para estabelecer meu descanso neste mundo". No<br />

entanto, o assunto foi rapidamente terminado, porque ele escreve no<br />

dia seguinte: "A Srta. Sophy comprometeu-se com o Sr. Williamson, e<br />

no sábado, dia 12, eles se casaram em Purrysburgh; fazendo hoje um<br />

ano que primeiro conversei com ela. O que Tu, Ó Deus, fazes eu não<br />

sei dizer agora, mas saberei daqui por diante".<br />

98


Escrevendo para um dos seus paroquianos, Sr. S. Bardsley, em<br />

1786, cinqüenta anos depois do ocorrido, ele diz: "Eu me lembro,<br />

quando li essas palavras na Igreja em Savannah: 'Filho do homem,<br />

veja, eu tiro de ti o desejo de teus olhos com um golpe'. Eu fui<br />

perfurado, como que por uma espada, e não pude proferir uma<br />

palavra mais. Mas nosso conforto é que Ele faz com que o coração<br />

possa curar o coração".<br />

Quer a paciência da senhorita se esgotara, devido ao<br />

procedimento vagaroso de <strong>Wesley</strong> nesta questão – uma vez que não<br />

parece que ele estivesse com pressa de terminá-la – ou se ela declinou<br />

do convite para casar-se com ele, devido a sua vida abstêmia e a<br />

maneira rígida de viver; é incerto; mas qualquer que fosse a causa, fica<br />

evidente, de suas próprias palavras, que ele ficou desapontado, quando<br />

ela se casou com o Sr. Williamson. Parece que ele expressou isto mais<br />

completamente em uma carta a seu irmão Samuel, que diz a ele, em<br />

sua resposta: "Eu sinto muito que você esteja desapontado, com um<br />

casamento, porque é muito improvável que você encontre outro".<br />

Isto não foi muito tempo, no entanto, antes que ele visse que<br />

ele tinha suficiente motivo para ser grato que não lhe fosse permitir<br />

escolher por ele mesmo. Ele freqüentemente teve oportunidade de<br />

descobrir que a Sra. Williamson era de um outro caráter que aquele<br />

religioso que ele havia suposto. Três meses depois do casamento dela,<br />

ele escreve: "Deus me mostrou, ainda mais da grandeza de meu<br />

livramento, abrindo-me para uma nova e inesperada cena da<br />

dissimulação da Srta. Sophy. Oh, que eu nunca ceda aos desejos de<br />

meu próprio coração, nem siga minha própria imaginação".<br />

<strong>Wesley</strong> fora assim, felizmente resgatado do que poderia não ter<br />

sido um casamento feliz, e ele foi também resgatado das limitações de<br />

uma vida paroquial em uma colônia pequena. Ele estava predestinado<br />

para uma obra maior, cujo casamento naquela distante terra teria<br />

impedido. Ele encontrou sua esfera lá. Tivesse ele encontrado seu<br />

99


campo de trabalho lá, o grande avivamento Metodista não teria<br />

existido!<br />

Como se pode supor, em tal país, ele não escapou dos perigos e<br />

sofrimentos exteriores. Em uma de suas jornadas a pé, com o Sr.<br />

Delamotte e um guia, depois de caminhar, durante três ou quatro<br />

horas, o guia lhes disse que não sabia onde eles estavam. Em uma<br />

hora ou duas mais, chegaram em um pântano cipreste, que atravessava<br />

diretamente o caminho deles. Estava muito longe para voltarem;<br />

portanto, caminharam, através dele, com a água na altura do peito.<br />

Uma milha adiante, completamente fora do caminho, e com o sol se<br />

pondo, eles pararam, pretendendo fazer um fogo, e permanecerem ali<br />

até o amanhecer; mas se certificaram que os fósforos estavam<br />

molhados. <strong>Wesley</strong> aconselhou a seguirem adiante, mas seus<br />

companheiros estavam muito fracos e cansados, de maneira que se<br />

deitaram, por volta das seis da tarde. O chão estava tão molhado<br />

quanto as roupas deles, que com a geada constante, logo se<br />

congelaram. "No entanto", diz <strong>Wesley</strong>, "eu dormi até de manhã. Caiu<br />

um orvalho pesado à noite que nos deixou brancos como neve". Uma<br />

hora depois do amanhecer, eles vieram para uma plantação, e à tarde,<br />

sem qualquer ferimento, chegaram em Savannah. Alguns dias mais<br />

tarde, eles atravessaram um rio em uma pequena canoa, seus cavalos<br />

nadavam ao lado dela. Fizeram fogo na margem, e, não obstante a<br />

chuva, dormiram tranqüilamente, até de manhã.<br />

Mas provas de outra natureza esperavam por ele, <strong>Wesley</strong> era<br />

um "Alto Clérigo", que conduziu seus princípios, com rigorosa<br />

exatidão. Além de alguns particulares já mencionados, ele requereu<br />

que os pretensos comunicantes o notificassem do mesmo, de açodo<br />

com a rubrica; recusou o Sacramento a todos que não haviam sido<br />

confirmados pelo bispo; rebatizou os filhos de Dissidentes, e recusouse<br />

a enterrar alguém que não tivesse recebido o batismo episcopal.<br />

Nem sem razão, ele tem sido descrito como intolerante, ritualista. Isto,<br />

ele mesmo reconheceu alguns anos mais tarde, quando inserindo em<br />

seu Diário, uma carta que ele recebeu do Rev. <strong>John</strong> Martin Bolzius (já<br />

referido), um ministro em Ebenezer, na Georgia, ele acrescenta: "Que<br />

100


a piedade e simplicidade verdadeiramente cristãs respirem nestas<br />

linhas. E ainda assim, este mesmo homem, quando eu estava em<br />

Savannah, eu recusei admitir na mesa do Senhor, porque ele não era<br />

batizado; ou seja, não era batizado por um ministro que tivesse sido<br />

ordenado pelo bispo. Pode alguém levar o zelo do Alto Clero, mais<br />

alto do que isto? E como eu tenho sido, desde então, açoitado pela<br />

minha própria vara".<br />

Ele continuou suas atenções pastorais com a Sra. Williamson,<br />

como uma de suas paroquianas. Isto afligiu o marido dela que, logo<br />

depois do casamento, a proibiu de atender aos serviços de <strong>Wesley</strong>, ou<br />

de falar com ele novamente. Ela apareceu, no entanto, quatro meses<br />

depois, para o serviço Sacramental; depois do qual, <strong>Wesley</strong> teve a<br />

oportunidade de admoestá-la pela conduta que ele julgou repreensível.<br />

Um mês depois, ela aparece novamente, quando <strong>Wesley</strong> negou o<br />

Sacramento a ela, já que ela nem expressou seu arrependimento pelas<br />

suas faltas, nem prometeu emendar-se. Este foi um ato de disciplina,<br />

que ele executou em outros casos. No dia seguinte, uma ordem foi<br />

expedida para sua apreensão, para responder à queixa de William<br />

Williamson, por difamar sua esposa e recusar a ela o Sacramento da<br />

Ceia do Senhor, sem uma razão, e colocando um prejuízo de £1000.<br />

<strong>Wesley</strong> foi preso, e levado diante do Bailio [magistrado<br />

principal em certas cidades] e o Juiz municipal. Sua resposta a<br />

acusação foi que, o dar ou recusar a Ceia do Senhor, sendo um assunto<br />

puramente eclesiástico, ele não reconhecia o poder deles de interrogálo<br />

quanto a isto. Ele foi dirigido a comparecer na próxima corte,<br />

mantida em Savannah. Ao ser solicitada uma fiança, a resposta foi: "A<br />

palavra do Sr. <strong>Wesley</strong> é suficiente".<br />

Dois dias depois, o Sr. Causton, que tinha mostrado, até então,<br />

um respeito amigável por <strong>Wesley</strong>, o visitou e exigiu que ele enviasse,<br />

por escrito, suas razões à Sra. Williamson, para repeli-la do<br />

Sacramento, diante de toda a congregação. Isto, <strong>Wesley</strong> fez, nos<br />

seguintes termos:-<br />

101


"Sra. Sophia Williamson"<br />

"A pedido do Sr. Causton, escrevo uma vez mais. As regras<br />

por meio das quais eu procedi são essas: 'Todos que pretendem<br />

compartilhar da Comunhão Santa, devem apresentar seus nomes ao<br />

pároco auxiliar, pelo menos, um dia antes'. Isto, você não fez. 'E se<br />

algum desses causou algum mal ao seu próximo, pela palavra ou<br />

ação, de maneira que a congregação ficou ofendida, por meio disto, o<br />

pároco deve adverti-lo, que, de maneira alguma, ele pretenda vir para<br />

a Mesa do Senhor, até que ele tenha se declarado abertamente,<br />

verdadeiramente arrependido'. 'Se você se oferecer à Mesa do Senhor,<br />

no domingo, eu advertirei você (como fiz mais de uma vez), naquilo<br />

que você fez de errado. E quando você declarar abertamente ter-se<br />

arrependido, eu administrarei a você os mistérios de Deus".<br />

"J. <strong>Wesley</strong>".<br />

"11 de Agosto de 1737"<br />

O Sr. Causton, depois disto exerceu sua influência contra<br />

<strong>Wesley</strong>, buscando de toda maneira possível, envenenar a mente das<br />

pessoas contra ele; enquanto o restante da família espalhou o relato<br />

tolo de que <strong>Wesley</strong> agiu desta maneira para com a Sra. Williamson,<br />

puramente por vingança, porque ela não aceitou casar-se com ele.<br />

Pode-se pensar que <strong>Wesley</strong> fora imprudente, ou que foi severo<br />

na administração da disciplina; que, em vez de prosseguir para os<br />

extremos, ele poderia ter tentado persuadir a lady a se colocar de<br />

maneira correta para receber o Sacramento. Ele era sempre severo,<br />

onde havia o dever, e nunca temia as conseqüências de algum ato que<br />

o dever desfrutasse. Mas deve-se lembrar que o marido dela a havia<br />

proibido de falar com ele, e que, em adição à reprovação dela, <strong>Wesley</strong><br />

havia escrito, informando-lhe os pormenores da conduta que ele<br />

objetara. <strong>Wesley</strong> escreveu naquela oportunidade:-<br />

"Eu me sentei quieto em casa, e agradeci a Deus tranqüilo,<br />

tendo oferecido minha causa a Ele; e lembrando de Sua palavra:<br />

102


'Abençoado é o homem que resiste a tentação; porque quando ele é<br />

tentado, ele recebe a coroa da vida; que o Senhor prometeu àqueles<br />

que O amam'. Eu, primeiro, fiquei temeroso que aqueles que fossem<br />

fracos na fé saíssem do caminho, pelo menos, até a ponto de<br />

negligenciarem a adoração pública, por atenderem o que eles<br />

igualmente estão sujeitos em suas preocupações temporais. Mas eu<br />

temi, onde não existia medo. Deus cuidou disto igualmente; de tal<br />

maneira, que no domingo, dia 14, mais estiveram presentes nas<br />

orações matinais, do que havia acontecido nestes meses anteriores".<br />

Um grande júri foi chamado, e quarenta e quatro jurados<br />

prestaram juramento. Desses, um não entendia Inglês, um era um<br />

Papista, outro um infiel professo, três eram Batistas, dezesseis ou<br />

dezessete outros, Dissidentes, e diversos outros tinham problemas<br />

pessoais com ele tinha abertamente declarado vingança.<br />

Uma lista de queixas foi apresentada, mas alterada pelo grande<br />

juro, para dez sessões. Alguns dias foram gastos no exame dessas; e,<br />

em Setembro, a maioria do júri concordou com as seguintes acusações<br />

formais: -<br />

1. "Que, depois de 12 de Março último, o dito Sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong><br />

diversas vezes forçou uma conversa privativa com Sophia Christina<br />

Williamson, contrário ao desejo expresso e recomendação de seu<br />

marido; e igualmente escreveu e privativamente enviou papéis a ela,<br />

por meio dos quais, ocasionando muita intranqüilidade entre ela e seu<br />

marido".<br />

2. "Que, em 7 de Agosto último, ele recusou o Sacramento da<br />

Ceia do Senhor a Sophia Christina Williamson, sem qualquer razão<br />

aparente, para a muita inquietação da mente dela, e para a grande<br />

desgraça e prejuízo de seu caráter".<br />

3. "Que ele, desde sua chegada em Savannh, nunca emitiu<br />

qualquer declaração pública da sua aderências a princípios e<br />

regulamentos da Igreja da Inglaterra".<br />

103


4. "Que, por muitos meses anteriores, ele dividiu no dia da<br />

Ceia do Senhor, a ordem da oração matinal, e a litania dàs cinco ou<br />

seis horas,omitindo totalmente a mesma, entre as nove e onze horas, o<br />

tempo costumeiro da oração publica matinal".<br />

5. "Que, por volta do mês de Abril de 1736, ele recusou<br />

batizou, de outra maneira do que por imersão, o filho de Henry<br />

Parker, exceto, se o dito Henry Parker e sua esposa certificassem que<br />

a criança estava fraca e incapaz de suportar a imersão; e acrescentou<br />

a sua recusa, que, a menos que os ditos pais consentissem tê-la<br />

imersa, ela morreria pagã'.<br />

6. "Que, não obstante, ele administrasse o Sacramento da Ceia<br />

do Senhor para William Gough, por volta do mês de Março, 1736, ele,<br />

um mês depois, recusou o Sacramento para o dito William Gough,<br />

dizendo que ele ouvira que William Gough era um Dissidente".<br />

7. "Que, em Junho de 1736, ele se recusou a ler o Ofício do<br />

Morto, sobre o corpo de Nathaniel Polhill, apenas porque Nathaniel<br />

Polhill não era da mesma opinião que ela; e, devido a esta recusa, o<br />

dito Nathaniel Polhil foi enterrado sem o apontado Ofíco para o<br />

Enterro do Morto".<br />

8. "Que em Agosto, ou por volta de 10 de Agosto de 1737, ele,<br />

na presença de Thomaz Causton, presunçosamente chamou a si<br />

mesmo de 'Superior Eclesiástico de Savannah', assumindo por meio<br />

disto uma autoridade que não pertencia a ele".<br />

9. "Que na semana de Pentecostes passada, ele recusou<br />

William Aglionby de ser padrinho do filho de Henry Marley, dando<br />

nenhuma outra razão do que o fato de William Aglionby não ter<br />

estado na mesa de Comunhão com ele".<br />

104


10. "Que, por volta do mês de Julho passado, ele batizou o<br />

filho de Thomas Jones, tendo apenas um padrinho e madrinha, não<br />

obstante Jacob Matthews se oferecesse como padrinho".<br />

Tais foram os veredictos da maioria do grande júri. A maioria<br />

dos doze, incluindo três condestáveis, e seis Juizes de Paz, esboçou e<br />

assinou um documento, e o transmitiu "para os honoráveis<br />

Fiduciários pela Geórgia", prefaciando o todo com o seguinte:<br />

"Nós, cujos nomes estão subscritos, membros do dito grande<br />

júri, humildemente pedimos permissão para demonstrar nosso<br />

descontentamento com as ditas denúncias. Estamos, por muitas e<br />

diversas circunstâncias, totalmente persuadidos de que toda a<br />

acusação formal contra o Sr. <strong>Wesley</strong> é um artifício do Sr. Causton,<br />

com o objetivo, antes de enegrecer o caráter do Sr. <strong>Wesley</strong>, do que<br />

libertar a colônia da tirania religiosa, como ele ficou satisfeito em<br />

denominar sua acusação. Mas como essas circunstâncias serão muito<br />

tediosas para perturbar Sua Reverência com elas, nós pedimos<br />

apenas para deixar as razões de nossa discordância das queixas<br />

pessoais":<br />

1. "Que eles foram totalmente persuadidos de que as<br />

acusações contra o Sr. <strong>Wesley</strong> foram um artifício do Sr. Causton, com<br />

a intenção de enegrecer o caráter do Sr. <strong>Wesley</strong>, mais do que livrar a<br />

colônia de uma tirania religiosa, como ele alegou".<br />

2. "Que não parece que o Sr. <strong>Wesley</strong>, quer falou em privativo<br />

ou escreveu para a Sra. Williamson, desde o dia do casamento dela,<br />

exceto uma carta, que ele escreveu em 6 de Julho, a pedido de seu tio,<br />

como pastor, para exortar e reprová-la".<br />

3. "Que, embora ele recusasse o Sacramento da Sra.<br />

Williamson, em 7 de Agosto, ele não se admitiu em alguma autoridade<br />

contrária à lei, já que toda pessoa que pretendesse comungar, era<br />

obrigada a apresentar seu nome para o pároco auxiliar, pelo menos,<br />

um dia antes; o que a Sra. Williamson não fez; embora o Sr. <strong>Wesley</strong><br />

105


freqüentemente, diante da congregação lotada, declarasse que ele<br />

insistia em uma submissão àquela rubrica, e antes repelira diversas<br />

pessoas pela não submissão a ela".<br />

4. "Que, embora ele não tivesse emitido alguma declaração<br />

pública, em Savannah, de sua aderência aos princípios e<br />

regulamentos da Igreja da Inglaterra, ele freqüentemente discordava,<br />

de uma maneira mais incisiva do que pela declaração formal,<br />

explicando e defendendo três Credos dos Trinta e nove Artigos, todo o<br />

livro da Oração Comum, e as homilias; além de uma declaração<br />

formal não ser 0equerida, a não ser daqueles que receberam a<br />

instituição e indução".<br />

5. "Que, embora ele dividiu no Dia do Senhor, a ordem da<br />

oração matinal, isto não estava contrário a alguma lei existente".<br />

6. "Que sua recusa em batizar o filho de Henry Parker, de<br />

outra forma do que por imersão, estava justificada pela rubrica".<br />

7. "Que, embora ele recusasse o Sacramento a William Cough,<br />

o dito William Cough (um dos jurados que assinaram o documento<br />

enviado aos fiduciários) publicamente declarou que a recusa não foi<br />

injustiça com relação a ele, porque o Sr. <strong>Wesley</strong> lhe deu razões que o<br />

satisfizeram".<br />

8. "Que, com referência à alegada recusa em ler o Serviço de<br />

Funeral de Nathaniel Polhill, eles tinham boas razões para acreditar<br />

que o Sr. <strong>Wesley</strong> estava em Frederica, ou em seu retorno de lá,<br />

quando Polhill foi enterrado; além do que, Polhill era um Anabatista,<br />

e desejou, durante sua vida, que não fosse enterrado com o ofício da<br />

Igreja da Inglaterra".<br />

9. "Que eles estavam em dúvida quanto a acusação, com<br />

respeito a <strong>Wesley</strong>, chamando a si mesmo de 'Superior Eclesiástico de<br />

Savannah', sem conhecer bem o significado da palavra".<br />

106


10. "Que, embora o Sr. <strong>Wesley</strong> recusasse admitir William<br />

Aglionby para ser padrinho do filho de Henry Marley, e Jacon<br />

Matthews para padrinho do filho de Thomas Jones, ele estava<br />

suficientemente justificado pelos cânones da Igreja, porque nem<br />

Aglionby, nem Matthews tinham certificado <strong>Wesley</strong> que eles tinham<br />

alguma vez recebido a Santa Comunhão".<br />

No dia seguinte, <strong>Wesley</strong> fez um pedido para uma audiência<br />

imediata da primeira acusação, sendo a única de natureza civil. A<br />

corte esquivou-se do pedido. Por seis vezes ele apresentou<br />

requerimento, sem proveito.<br />

No meio desta tempestade, mantida pelas artimanhas de seus<br />

inimigos declarados, sem um xelim em seu bolso, e três mil milhas de<br />

casa, <strong>Wesley</strong> tinha sua alma em paz, e dedicou-se a sua obra;<br />

acrescentando uma visita semanalmente a um número de famílias<br />

francesas, residentes em uma vila, cinco milhas distante, aos quais,<br />

todo o sábado de tarde, ele lia as orações; e o mesmo para alguns<br />

alemães, em outra vila; então, a pedido dos franceses, em Savannah,<br />

nos domingos à tarde. De maneira que, durante as semanas restantes<br />

de sua estada em Savannah, ele tinha completa ocupação para o dia<br />

santo. As primeiras orações inglesas duravam das cinco horas até as<br />

cinco e meia. As italianas, para o beneficio de alguns Vaudois,<br />

começavam às nove horas. O segundo Serviço para o inglês, incluindo<br />

sermão e Comunhão, era das dez e meia até as onze e meia. O Serviço<br />

francês começava a uma hora. Às duas horas, ele catequizava as<br />

crianças. Por volta das três horas, começava o Serviço inglês<br />

vespertino; depois do que, ele tinha a felicidade, ele dizia, de juntar-se<br />

com tantos quanto sua sala mais ampla suportasse, em leitura, oração<br />

e louvor. E por volta das seis horas, o serviço dos Morávios<br />

começava, ao qual ele ficava feliz de estar presente, não como<br />

professor, mas como discípulo. Porque, com todos os seus Altos<br />

sentimentos Religiosos, ele não ficava envergonhado de se sentar aos<br />

pés daqueles que, ele estava consciente, tinham um conhecimento<br />

experimental da religião que estava além de suas próprias realizações.<br />

Ele, então, se reuniu a eles, no início de Agosto, para uma festa do<br />

107


amor deles --- provavelmente a primeira vez que ele compareceu a tal<br />

serviço. Assim, ele fala dela: "Ele começou e terminou com ação de<br />

graças e oração, e celebrado de uma maneira tão decente e solene,<br />

como um cristão da era apostólica teria permitido ser merecedor de<br />

Cristo". Nos anos subseqüentes, a festa do amor tornou-se um serviço<br />

favorito e proveitoso em meio aos Metodistas, e as festas de amor<br />

ainda acontecem, embora não tão freqüentemente como antes.<br />

Em Novembro, ele recebeu um alívio temporário em suas<br />

necessidades prementes. Ele escreve: "Coronel Stephens chegou,<br />

através de quem eu recebi um benefício de dez libras esterlinas;<br />

depois de diversos meses, sem um xelim em casa, mas não sem paz,<br />

saúde e contentamento".<br />

No início de Outubro, ele consultou seus amigos, se Deus não<br />

o chamara para retornar para a Inglaterra; vendo que a razão pela qual<br />

ele a deixara, não tinha agora força, não havendo possibilidade, até o<br />

momento, de instruir os índios, nem ele se certificara ou ouvira, de<br />

alguns índios no continente americano que tivessem o menor desejo<br />

de serem instruídos. E quanto à Savannah, como ele nunca se<br />

comprometera, quer verbalmente ou por carta, a permanecer um dia<br />

mais do que julgasse conveniente, nem, alguma vez, encarregou-se<br />

das pessoas, de alguma outra maneira, do que quando em sua<br />

passagem para o ateu, ele se viu completamente desembaraçado de<br />

alguma obrigação de permanecer mais tempo. Além do que, parecia<br />

uma probabilidade de fazer um serviço para a colônia na Inglaterra,<br />

mais do que na Geórgia, visto que ele poderia representar, sem medo<br />

ou favor, aos fiduciários, o verdadeiro estado em que se encontrava a<br />

colônia. Depois de considerar profundamente essas coisas, seus<br />

amigos foram unânimes de que ele deveria ir, mas não ainda. Assim,<br />

ele colocou o pensamento de lado por hora, persuadido de que quando<br />

o momento chegasse, o caminho se tornaria claro diante dele.<br />

Dois meses depois, tornou-se evidente que não havia a mais<br />

remota perspectiva de obter justiça nas cortes, e que aqueles no poder,<br />

combinaram oprimi-lo, e poderiam procurar evidência (como já havia<br />

108


acontecido) de palavras que ele nunca falara, e feitos que ele nunca<br />

realizara. Estando, além do mais, desapontado de pregar o evangelho<br />

ao pagão, ele novamente consultou seus amigos, que agora decidiram<br />

que ele deveria partir imediatamente. Assim sendo, ele colocou o<br />

seguinte anúncio em uma grande praça:<br />

"Considerando que <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> pretende partir brevemente<br />

para a Inglaterra, pede-se que aquele que emprestaram alguns livros<br />

dele, que os retornem tão logo seja conveniente fazê-lo". J.<strong>Wesley</strong>;<br />

Imediatamente, ele pediu dinheiro ao magistrado principal para<br />

pagar suas despesas para a Inglaterra, objetivando partir<br />

imediatamente. O magistrado lhe disse que ele não poderia sair da<br />

província, até que fosse intimado a comparecer na corte, e responder<br />

pelas alegações colocadas contra ele. Ele respondeu que ele havia<br />

comparecido a seis cortes sucessivamente, e abertamente pediu um<br />

julgamento, mas que lhe foi recusado. Eles pediram que ele desse<br />

alguma garantia de que compareceria novamente. Ele perguntou que<br />

garantia. E eles responderam uma fiança para comparecer em<br />

Savannah, quando quer que fosse requerido, sob a penalidade de £50,<br />

além do que, uma fiança em resposta à ação do Sr. Williamson de<br />

£1000 de prejuízo. "Eu, então", diz <strong>Wesley</strong>, "vi a intenção deles de<br />

prolongar o tempo e fazer nada, e disse claramente ao oficial: Senhor<br />

eu não assinarei nem uma fiança, e nem a outra".<br />

Depois das orações vespertinas, a maré de acordo, "ele partiu<br />

de Savannah, com três outras pessoas, ninguém tentando impedi-lo,<br />

não obstante uma ordem requerendo a todos os oficiais que<br />

impedissem sua saída da província, proibindo qualquer pessoa de<br />

ajudá-lo nisto". Parece provável, que os magistrados estavam<br />

realmente felizes por se livrarem dele.<br />

Sua própria história gráfica pode ser lida em seu Diário, do<br />

qual o seguinte é extraído: -<br />

109


Em 2 de Dezembro, tão logo as orações vespertinas<br />

terminaram, por volta das oito da noite, a maré, então, a favor, ele diz,<br />

"Eu tirei o pó dos meus pés e deixei a Geórgia, depois de ter pregado<br />

o evangelho lá, não como eu deveria, mas como fui capaz, um ano e<br />

nove meses depois". Cedo, na manhã seguinte, o pequeno grupo de<br />

quatro, alcançou Purrysburg, e tentando encontrar um guia, partiu uma<br />

hora antes do nascer do sol. Depois de caminhar duas ou três horas,<br />

eles se encontraram com um velho homem que os conduziu em uma<br />

trilha perto da qual havia uma fileira de árvores "marcadas" (árvores<br />

marcadas, com parte da casca arrancada), e seguindo por essas, ele os<br />

assegurou que eles chegariam em Porto Royal, em cinco ou seis horas.<br />

Por volta das onze horas, eles chegaram em um largo pântano, no qual<br />

eles vagaram por três horas; até encontrarem uma outra "marca", e<br />

seguiram-na até que ela se dividiu em duas. Seguindo uma dessas,<br />

através do mato trançado, intransitável, uma milha além do que fora<br />

pretendido, eles atravessaram de novo, através do mato trançado, e<br />

seguiram uma outra marca, até que esta também terminou. O pôr-dosol<br />

estava agora a caminho; assim, fracos e cansados, eles se deitaram,<br />

sem qualquer alimento para aquele dia, exceto a terceira parte de um<br />

bolo de gengibre, que <strong>Wesley</strong> havia carregado em seu bolso. Eles<br />

dividiram em outras três partes, reservando o restante até a manhã,<br />

mas não havia água o dia todo. Um do grupo, empurrando uma vara<br />

no chão, certificou-se que o fundo dele estava úmido, no que dois<br />

deles, começaram a cavar com suas mãos, e por volta de três pés de<br />

profundidade, encontraram água. Eles deram glórias a Deus, beberam,<br />

e estavam renovados; e, depois da adoração, deitaram um perto do<br />

outro, e adormeceram.<br />

Na manhã seguinte, retomaram seu caminho, mas como a<br />

floresta ficava mais e mais densa, eles retrocederam seus passos do dia<br />

anterior. No dia anterior, na parte mais densa da floresta, <strong>Wesley</strong>, não<br />

sabendo porquê, tinha quebrado muitas árvores jovens, enquanto o<br />

pequeno grupo caminhava ao longo delas. Essas agora seriam úteis no<br />

guiá-los, através da parte mais densa da floresta, e entre uma e duas,<br />

eles vieram para a casa do velho homem que eles deixaram um dia<br />

antes. À tarde, <strong>Wesley</strong> leu as orações para uma numerosa família<br />

110


francesa, um dos quais empreendeu ser o guia deles, no dia seguinte.<br />

Eles caminharam de manhã, até o pôr-do-sol, quando o guia deles<br />

confessou que não sabia onde estavam. No entanto, eles continuaram<br />

em frente, até as sete horas, quando vieram para uma plantação; e, no<br />

dia seguinte, depois de muitas dificuldades e demoras, eles<br />

embarcaram na Ilha Port Royal.<br />

Em 7 de Dezembro, <strong>Wesley</strong> caminhou para Beaufort, e, no dia<br />

seguinte, se juntou ao Sr. Delamotte, com quem pegou um barco para<br />

Charlestown, que ele alcançou no dia 13, depois de uma passagem<br />

vagarosa, em razão dos ventos contrários, e do mesmo conflito com<br />

fome e frio, e com as provisões diminuindo. No dia seguinte, leu as<br />

orações, a pedido, foi uma vez mais renovado, e igualmente visitou<br />

um moribundo; e, no dia 16, partiu com o Sr. Charles Delamotte, com<br />

quem havia estado, apenas alguns dias separados, desde 14 de<br />

Outubro de 1735. No dia 18, ele foi atacado por um violento<br />

corrimento, mas teve força para pregar, uma vez mais, para as pessoas<br />

desatentas, e "poucos acreditaram em nosso relato". No dia 22, ele<br />

deixou a América, "embora, se agradasse a Deus, não para sempre".<br />

Embora sofrendo muito a bordo, ele se dedicou à sua obra,<br />

começando por instruir um criado negro, nos princípios do<br />

Cristianismo. Ele decidiu deixar de "viver delicadamente", e retornou<br />

à sua velha simplicidade de dieta, com o feliz efeito, de que nem o<br />

estômago, nem a cabeça se queixaram do movimento do navio.<br />

Vitima do muito medo do perigo, embora não soubesse de<br />

qual, ele fez as seguintes reflexões: (1) "Que nenhuma dessas horas<br />

deveriam ficar fora da minha lembrança, até que eu tenha um outro<br />

tipo de espírito – um espírito igualmente desejoso de glorificar a<br />

Deus, através da vida ou da morte". (2) "Que, quem quer esteja<br />

apreensivo, por alguma razão (com exceção da dor física), leva em si<br />

mesmo sua própria convicção de que ele é, até então, um descrente.<br />

Ele está apreensivo com relação à morte? Então, ele não crê que<br />

morrer é ganho. De algum dos eventos da vida? Então, ele não tem a<br />

firme crença de que todas as coisas operam para seu bem. E se ele<br />

111


trouxer a questão para mais perto, ele se certificará que, além da<br />

falta geral de fé, todo desconforto pessoal é devido evidentemente à<br />

falta de algum temperamento cristão".<br />

Alguns poucos dias mais tarde, sentindo-se triste e muito<br />

oprimido (embora ele não desse alguma razão especial para isto), e<br />

também extremamente sem vontade de falar intimamente com alguém<br />

a bordo, ele temeu que esta fosse a causa de sua incontável aflição,<br />

então, começou a instruir um camaroteiro. Diversas vezes, durante os<br />

dias seguintes, ele seguiu com um desejo de falar com os marinheiros,<br />

mas não pode, e quis saber se esta era uma proibição do bom Espírito<br />

ou uma tentação do diabo.<br />

Durante a viagem, ele terminou seu resumo da Vida do<br />

Monsieur de Retry, sobre o qual, ele trabalhou durante algum tempo.<br />

Este foi o primeiro, de um grande número de resumos feitos e<br />

publicados por ele, e a que ele fará referência mais tarde. Nesta<br />

oportunidade, ele reduziu um volume de 358 páginas, em um panfleto.<br />

CAPITULO V<br />

Inglaterra: O Conflito Espiritual (1738)<br />

Depois de mais arremessos e ameaças de transtorno, no<br />

domingo, 29 de Janeiro, ele chegou, são e salvo, em Downs. Logo<br />

cedo, na manhã da quarta-fera, 1º. de Janeiro, <strong>Wesley</strong> embarcou para<br />

Deal. Lá ele ficou sabendo que, um dia antes, seu amigo Whitefield<br />

embarcara para Savannah, sem saber nada do outro. Sim; Whitefield<br />

112


tinha começado seu poderoso e extraordinário ministério, seu coração<br />

quase incendiando pela alegria evangélica, o que seu amigo estava<br />

lutando para encontrar, e em seu exuberante contentamento,<br />

despejando sua vida no serviço, tão feliz quanto maravilhoso. Ele<br />

descreve assim, seu ultimo Sabbath, antes de embarcar:<br />

"Domingo, 29 de Janeiro – Subi a bordo, logo cedo na manhã,<br />

li as orações, preguei para o soldados, e visitei o doente; então,<br />

retornei para a margem, e me apressei com um grupo de amigos<br />

piedosos [que se reuniram de longe, para dar-lhe boa viagem], para a<br />

Igreja Shroulden [Sholden], por volta de uma milha e meia de Deal,<br />

onde eu preguei para uma congregação lotada e lacrimosa. À tarde,<br />

eu preguei na Igreja de Upper Deal, que estava completamente<br />

lotada, e muitos foram embora porque faltava espaço; alguns<br />

permaneceram nos corredores da Igreja, do lado de fora, e olharam<br />

para dentro do topo das janelas, e todos pareceram ansiosos para<br />

ouvir a Palavra. Que o Senhor possa fazê-los executores dela. À<br />

tarde, eu fui obrigado a dividir meus ouvintes, em quatro grupos, e fui<br />

capaz de expor para eles, das seis às dez horas. Que Deus me livre de<br />

ficar cansado, ou, do sucesso". Um modelo de vida de trabalhos<br />

desgastantes deste homem extraordinário.<br />

Assim eram os homens, que, mais tarde, tornaram-se tão<br />

notáveis na história da Igreja de Deus na Inglaterra, vinculada ao<br />

benevolente experimento colonizador e esforço missionário nos<br />

distantes ancoradouros da América. <strong>Wesley</strong> desembarcou em Deal, às<br />

quatro horas, na manhã de 1º. de Fevereiro de 1738, depois de uma<br />

ausência da Inglaterra, de mais de dois anos. Ele tinha feito grande<br />

progresso, embora inconsciente, no conhecimento espiritual durante<br />

aquele tempo. Seu zelo, tão longe de sofrer abatimento pelas coisas<br />

que passara, havia se inflamado em uma intensidade ainda maior. Na<br />

manhã de sua chegada, ele leu as orações e explicou uma porção das<br />

Escrituras para uma larga companhia na estalagem. Alcançando<br />

Faversham, ele leu as orações e expôs a segunda lição para alguns<br />

poucos, "chamados cristãos, mas mais selvagem em seu<br />

113


comportamento", ele foi obrigado a observar, "do que os mais<br />

selvagens índios", com os quais ele se encontrara.<br />

Em Blendon, ele visitou a casa de seu amigo Delamotte,<br />

recebendo calorosas boas-vindas. No dia 3, ele alcançou Londres. Em<br />

adição aos muitos assuntos que ele tão cuidadosamente considerou<br />

durante sua viagem, ele, como era de se esperar, atenciosamente reviu<br />

os resultados de sua residência e obra na América. Ele tinha mais do<br />

que uma vez, deplorado seu fracasso, em executar seu propósito de se<br />

tornar um missionário para os índios; e ele dificilmente olharia para<br />

suas ocupações, em meio aos ingleses, com perfeita satisfação. Mas<br />

nem tudo era fracasso; e ele estava em condições de expressar sua<br />

gratidão, por ele ter sido levado para aquela terra estranha, contrário a<br />

todas as suas resoluções precedentes; e que, embora o principal<br />

desígnio de sua ida não se realizasse – a pregação do Evangelho para<br />

as tribos nativas na América do Norte – ainda assim, ele tinha obtido<br />

muito proveito pessoal; ele tinha sido humilhado e provado; ele tinha<br />

aprendido a tomar cuidado com os homens; a saber seguramente, que<br />

se em todos os nossos caminhos, nós reconhecermos Deus, Ele irá,<br />

onde a razão falhar, dirigir nossos passos "pela sorte, ou por outros<br />

meios". Ele estava também livre do medo do mar, que ele temia, desde<br />

sua juventude. Foi-lhe dado conhecer muitos servos de Deus,<br />

especialmente aqueles da Igreja de Hermut. Através de seus estudos<br />

de Alemão, Espanhol e Italiano, seu caminho tinha se aberto para os<br />

escritos dessas Línguas. Além disto, todos na Geórgia ouviram a<br />

Palavra de Deus, que alguns entregaram, e começaram a seguir bem; e<br />

alguns poucos passos foram tomados, em direção à pregação do<br />

Evangelho para o pagão africano e americano. Muitas crianças<br />

aprenderam como deviam servir a Deus, e serem úteis ao seu próximo.<br />

Além do que, aqueles, aos quais isto mais diz respeito, tiveram agora<br />

uma oportunidade, através de seus relatos, de conhecer o verdadeiro<br />

estado da colônia ainda não desenvolvida, e assim, o firme alicerce de<br />

paz e felicidade poderia ser colocado para muitas gerações seguintes.<br />

Esses não foram frutos insignificantes de sua expedição.<br />

114


Mas resultados muitos reais foram determináveis por outros;<br />

Whitefield alcançou Savannah em 7 de Maio. Em 2 de Junho, seu<br />

amigo Delamotte partiu pela Inglaterra. "O bom povo", Whitefield diz,<br />

"lamentou a perda dele, e foi à margem do rio, dar seu último adeus;,<br />

e boa razão eles tiveram para fazer isto; porque ele tinha sido<br />

incansável no alimentar os cordeiros de Cristo, com o leite sincero da<br />

Palavra, e muitos deles (abençoado seja Deus) se desenvolveram por<br />

meio disto. Certamente eu devo trabalhar mais vigorosamente, uma<br />

vez que eu vim depois de tais predecessores meritórios. O bem que Sr.<br />

<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> fez na América, sob a vontade de Deus, é inexprimível.<br />

Seu nome é muito precioso em meio às pessoas; e ele colocou tal<br />

alicerce, que eu espero nem homens, nem demônios, alguma vez,<br />

serão capazes de estremecer. Oh! Que eu possa segui-lo, como ele faz<br />

com Cristo".<br />

Muitos dos incidentes na vida de <strong>Wesley</strong>, durante sua carreira<br />

missionária são de interesse emocionante, mas para o biógrafo, a luta<br />

espiritual, pela qual ele passou, com as suas forças sutis ocultas, deve<br />

ser considerada de primeira importância. Foi um processo formativo,<br />

silencioso, pelo qual este grande servo de Deus foi preparado para sua<br />

suprema obra; aquela de uma evangelização ativa, através da Ilhas<br />

Britânicas. Este processo deve ser cuidadosamente traçado, se<br />

gostaríamos de entender <strong>Wesley</strong> e seu lugar na história da Igreja. Ele<br />

tem registrado isto com alguma exatidão, como temos visto. É apenas<br />

necessário acrescentar aqui que suas altas visões religiosas receberam<br />

um impacto muito severo, e que ele passou, para um largo grau, do<br />

domínio dela, para aquele dos ensinamentos Morávios. O cavalheiro<br />

de Oxford, que, manteve as tradições de sua infância, e que faria nada<br />

"sem uma razão", aprendeu em grandes exigências de sua vida a<br />

decidir seu curso pela sorte!<br />

"As viagens de <strong>Wesley</strong>, para lá e para cá, e os meses de sua<br />

estada na colônia, foram conseqüentemente importantes no trazê-lo<br />

dentro do círculo da influência Moravia. Foi dentro daquele círculo,<br />

que ele se encontrou com a nova e estranha idéia de um Cristianismo<br />

mais elevado e excelente do que o próprio. Um ou dois dos ministros<br />

115


Morávios eram – e ele sentiu isso – muito avançados no conhecimento<br />

e experiência, além de seu próprio padrão de capacidade. Em Oxford,<br />

ele se encontrou caminhando, sempre na frente daqueles ao redor<br />

dele".<br />

"Mas, a bordo, do navio no qual ele cruzou o Atlântico, e,<br />

mais tarde, na colônia, ele se encontrou com homens, que, sem<br />

assumirem um tom de arrogância em direção a ele, falaram-lhe como<br />

que para um aprendiz, os quais, no poder da verdade, trouxeram sua<br />

consciência para uma defesa de questões; que, enquanto admitiu a<br />

pertinência delas, não pode responder com alguma satisfação para si<br />

mesmo. Assim foi que ele retornou para a Inglaterra, em um estado de<br />

desconforto espiritual e desamparo. Ele havia se despojado daquela<br />

religiosidade arrogante junto a qual, como seus princípios, seu<br />

egotismo asceta tinha até agora descansado. Ele tornou a reunir seus<br />

amigos em uma disposição para pedir e receber orientação,<br />

preferivelmente do que fornecê-la".<br />

<strong>Wesley</strong> imediatamente começa a pregar nas igrejas de<br />

Londres. Mas sua experiência no primeiro Sabbath foi indicativa do<br />

que o esperava. Foi pedido que pregada na igreja de <strong>John</strong> the<br />

Evangelist. Ele assim o fez, nestas palavras: "Se algum homem estiver<br />

em Cristo, ele é uma nova criatura", e mais tarde, foi informado de<br />

que muitos das melhores paróquias ficaram tão ofendidos, que ele não<br />

deveria mais pregar lá. Ele agora visitava muitos de seus velhos<br />

amigos e parentes para sua grande alegria e conforto.<br />

<strong>Wesley</strong> assinala o dia 7 de Fevereiro, terça-feira, como "um<br />

dia para ser muito lembrado", porque neste dia, ele se encontrou com<br />

Peter Böhler, na casa do Sr. Weynanz (ou Weinantz), um mercador<br />

alemão, e <strong>Wesley</strong> entregou a ele uma carta endereçada a Zinzendorf,<br />

que ele havia trazido de <strong>John</strong> Tolsching, um Ministro Morávio, cujo<br />

conhecimento se formara na Geórgia. Böhler foi um agente escolhido<br />

de Deus, para levá-lo até a luz que eles estava, então, buscando. Com<br />

outros dois representantes da Igreja Moravia, Böhler havia recém<br />

chegado na Inglaterra, e <strong>Wesley</strong> procurou alojamento para eles, perto<br />

116


da casa do Sr. Hutton, onde ele mesmo havia estado; e não perdeu<br />

oportunidade, ele nos diz, de conversar com eles, enquanto<br />

permaneceram em Londres. Ele esperou pelos Fiduciários georgianos<br />

com seu relato da colônia, que ele teve razão para acreditar, não foi<br />

aceitável para muito deles, já que este diferia grandemente dos relatos<br />

que eles geralmente recebiam. Ele, então, em companhia de Böhler,<br />

partiu para Oxford, onde foram recebidos pelo único "remanescente<br />

de lá", ele diz, "dos muitos que, em seu embarque para a América,<br />

foram usados para tomar doces conselhos juntos, e regozijarem-se em<br />

testemunharem" a reprovação de Cristo, enquanto em Oxford, eles<br />

eram freqüentemente os objetos de ridículo e motivo de riso. Um dia,<br />

percebendo que <strong>Wesley</strong> estava preocupado, com a opinião dos outros,<br />

Böhler disse, com um sorriso: "Meu irmão, isto nem mesmo<br />

traspassou as suas roupas". Eles juntos visitaram seu amigo<br />

Gambold, e o encontraram "recuperado de sua ilusão mística, e<br />

convencido que Paulo era um escritor melhor do que até mesmo<br />

Tauler ou Behmen". Todo este tempo, ele conversou muito com<br />

Böhler, a quem ele confessa que ele não entendia, especialmente<br />

quando ele dizia: "Mi frater, mi frater, excoquenda est ista tua<br />

philosophia". "Meu irmão, meu irmão, esta sua filosofia precisa ser<br />

eliminada". Latim era o meio de intercurso, porque Böhler não<br />

entendia o Inglês. Böhler, escrevendo a Zinzendorf, diz: "Eu viajei<br />

com dois irmãos, <strong>John</strong> e Charles <strong>Wesley</strong>, de Londres a Oxford. O<br />

mais velho, <strong>John</strong>, é um homem benévolo. Ele sabia que ele não<br />

propriamente acreditava no Salvador, e estava desejoso de ser<br />

ensinado". Ele agora retornou para Londres; e, depois de encontrar<br />

sua mãe, uma vez mais, partiu novamente para Oxford, chamado até<br />

lá, por conta de um recado de que seu irmão estava morrendo. Em seu<br />

caminho, ele falou claramente a diversos bem intencionados, quanto à<br />

religião, e à tarde para os servos e estranho na estalagem. Ele, então,<br />

resolve, com respeito à sua própria conduta:<br />

1. Usar de absoluta franqueza e desembaraço, com todos que<br />

eu possa conversar;<br />

2. Trabalhar em busca da seriedade contínua; não disposto a<br />

ser indulgente comigo mesmo, em alguma da menor<br />

117


leviandade de comportamento, ou no rir; não, nem por um<br />

momento;<br />

3. A falar nenhuma palavra que não conduza à glória de<br />

Deus; em especial, não falar de coisas mundanas. Outros<br />

pode, mais do que isto, devem, mas o que é aquilo para ti?;<br />

4. Não ter prazer, que não conduza à glória de Deus;<br />

agradecendo a Deus todo o momento, por tudo que eu<br />

recebo, e, portanto, rejeitando todo tipo e grau disto que eu<br />

sinta que não possa assim agradecer a Ele, nisto ou por<br />

causa disto.<br />

Ele encontrou seu irmão com Peter Böhler, "através de quem,<br />

durante um caminhar, na tarde do dia seguinte, ele foi 'convencido da<br />

descrença, da falta daquela fé, por meio da qual apenas, somos<br />

salvos'". Böhler diz: "Eu caminhei com o mais velho dos <strong>Wesley</strong>s, e<br />

perguntei a ele com respeito ao seu estado espiritual. Ele me disse<br />

que, algumas vezes, sentiu certeza de sua salvação; mas, algumas<br />

vezes, teve muitas dúvidas; e que ele poderia apenas dizer isto: 'Se o<br />

que existe na Bíblia for verdadeiro, então, eu estou salvo'. Nisto, eu<br />

falei com ele, muito abertamente, e sinceramente pedi para que fosse<br />

até a fonte generosa, e não frustrasse a eficácia da graça livre,<br />

através de sua descrença'. Imediatamente, ele diz, que passou por sua<br />

mente deixar de pregar, porque, como ele poderia pregar a outros, se<br />

não tem a fé em si mesmo!". Apelando a Böhler, ele recebeu por<br />

resposta: "De modo algum, faça isto: pregue a fé até que a tenha, e,<br />

então, porque você a tem, você pregará sobre ela". "Assim sendo, em<br />

6 de Março, segunda-feira, eu comecei a pregar esta nova doutrina,<br />

embora minha alma retroceda na obra. A primeira pessoa a quem eu<br />

ofereci Salvação pela Fé apenas foi a um prisioneiro, sob sentença de<br />

morte. Seu nome era Clifford. Peter Böhler desejou, muitas vezes,<br />

falar com ele antes. Mas eu não poderia prevalecer sobre mim mesmo<br />

assim fazer; sendo ainda, como eu tenho sido há muitos anos, zeloso<br />

defensor da impossibilidade de um arrependimento nos últimos<br />

momentos". Esta é uma das horas críticas na vida de <strong>Wesley</strong>. Que<br />

revelação suas palavras contêm; ele nunca antes pregara salvação<br />

somente pela fé! Ele nunca antes acreditou que a salvação fosse assim<br />

118


obtida. Que luz existe aqui lançada junto aos seus esforços passados.<br />

Ele poderia agora dizer verdadeiramente: "A fé que eu necessito é<br />

esta".<br />

Böhler retornou para Londres, e <strong>Wesley</strong> partiu para visitar seu<br />

amigo Clayton, em Manchester, com o Sr. Kinchim, Membro do<br />

Corpus Christi, e o Sr. Fox, recém prisioneiro na prisão da cidade.<br />

Eles determinaram, decididamente, a não perder oportunidade de<br />

despertarem, instruírem, ou exortarem qualquer um que eles<br />

encontrassem em sua jornada; mas, negligenciando o dever deles em<br />

Birmingham, eles foram "reprovados por uma severa chuva de<br />

granizo". Durante a tarde, nas estalagens, onde permaneceram, eles<br />

mantiveram a oração familiar, com a leitura e exposição das<br />

Escrituras, com todos que estivessem desejosos de se juntarem a eles.<br />

Ao retornar para Oxford, ele se encontrou novamente com Peter<br />

Böhler, que agora se surpreendia, mais e mais, com os relatos que ele<br />

dava da santidade e felicidade, atendendo a fé viva. Ele, então,<br />

começou novamente a verificação do Testamento Grego, resolvido a<br />

continuar, através da lei e do testemunho, e confiante de que, por meio<br />

disto, ele seria ensinado, se esta doutrina era mesmo de Deus.<br />

Ele pregou em Whitham sobre "a nova criatura", e foi, à tarde,<br />

para a sociedade em Oxford, onde, como de costume em todas as<br />

sociedades, depois de usar uma coleta [oração que precede a Epístola]<br />

ou duas, e a Oração do Senhor, ele expôs um capítulo no Novo<br />

Testamento, concluindo com três ou quatro coletas mais, e um saldo.<br />

Em Castle, depois de ler as orações e pregar, ele e seu companheiro<br />

Kinchin oraram com um criminoso condenado; "primeiro nas diversas<br />

formas de oração, e, então, em tais palavras, como nos eram dadas<br />

naquela hora". "O prisioneiro ajoelhou-se com grande opressão e<br />

confusão, tendo nenhum descanso em seus ossos, em razão de seus<br />

pecados". Depois de um tempo, ele se levantou, e decididamente<br />

disse: "Eu estou agora, pronto para morrer. Eu sei que Cristo tirou<br />

fora os meus pecados, e não existe mais condenação em mim". A<br />

mesma alegria serena, ele mostrou, quando foi levado para a<br />

execução; e em seus últimos momentos, ele era o mesmo, desfrutando<br />

119


da perfeita paz, na confiança de que fora "aceito no amado". Isto<br />

prendeu a atenção de <strong>Wesley</strong>. Este foi um caso, com respeito a ele; um<br />

caso de súbita convicção do pecado, seguido pela convicção do<br />

perdão, e acompanhado, até mesmo, naquela hora solene, com a mais<br />

segura paz e alegria. Mas <strong>Wesley</strong> não poderia dizer, com o pobre<br />

criminoso por quem ele tinha orado: "Eu sei que Jesus Cristo tirou<br />

fora todos os meus pecados". Ele estava, no entanto, aproximando-se<br />

da hora feliz! Em outra sociedade, ele diz que seu coração estava tão<br />

cheio que ele não poderia confinar a si mesmo às formas de oração<br />

geralmente em uso; e resolveu no futuro orar, indiferentemente, com a<br />

forma ou sem, como parecesse adequado.<br />

Seis dias depois, na Páscoa, de 5 de Abril, ele pregou na capela<br />

do colégio, e novamente, à tarde, em Castle, e em Carfax; e escreveu:<br />

"Eu vejo a promessa, mas muito distante; e, julgando que fosse<br />

melhor para mim, esperar por seu cumprimento em silêncio e<br />

isolamento"; ele se retirou, a pedido de seu amigo Kinchin, para<br />

Dummer, em Hampshire. Mas, em poucos dias, ele foi convocado<br />

para Londres, onde encontrou Böhler novamente; e confessou que ele<br />

tinha agora nenhuma objeção para o que ele disse quanto à natureza da<br />

fé; que, nas palavras da Homilia, era "a segurança e confiança certa<br />

que um homem tem em Deus, de que, através dos méritos de Cristo,<br />

seus pecados são perdoados, e ele reconciliado para o favor de<br />

Deus". Mas, ele não poderia compreender o que fora dito, com<br />

respeito a obra instantânea. Pesquisando as Escrituras, no entanto, ele<br />

dificilmente encontrou, para seu completo espanto, algumas instâncias<br />

lá de outras do que as conversões instantâneas. Seu único refúgio<br />

agora era: "Assim foi nas primeiras épocas do Cristianismo, mas qual<br />

é a evidência de que Deus opera da mesma maneira agora?". Mas no<br />

dia seguinte, ele foi vencido pela evidência coincidente de diversas<br />

testemunhas vivas, que testificaram que Deus tinham assim forjado<br />

nelas, dando-lhes, no mesmo momento, tal fé no sangue de seu Filho,<br />

de maneira a transportá-las da escuridão para a luz; do pecado e temor,<br />

para a santidade e felicidade.<br />

120


O interessante relato seguinte desta ocorrência é dado por<br />

Böhler: --<br />

"Eu levei quatro dos meus irmãos ingleses para <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>...<br />

para que eles pudessem relatar suas experiências a ele; como o<br />

Salvador, tão prontamente e tão poderosamente tem compaixão e<br />

aceita o pecador. Eles disseram, um após o outro, o que fora forjado<br />

neles; Wolff especialmente, em quem a mudança era completamente<br />

recente, falou muito calorosamente, poderosamente e na confiança de<br />

sua fé. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> e aqueles que estavam com ele ficaram como que<br />

atingidos por um raio com essas narrações. Eu perguntei a <strong>John</strong><br />

<strong>Wesley</strong> no que ele, então, acreditava. Ele disse que quatro exemplos<br />

não foram suficientes para provar a coisa. Para satisfazer suas<br />

objeções, eu respondi, que eu traria oito mais aqui em Londres.<br />

Depois de pouco tempo, ele se levantou, e disse: 'Nós cantaremos<br />

aquele hino: Hier egt mein Sinn sich vor dir nieder" [By C. F.<br />

Richter]:<br />

Minha alma se encontra prostrada diante de Ti;<br />

A Ti, a fonte dela, meu espírito voa;<br />

Minhas vontades eu pranteio, minhas algemas eu vejo:<br />

Ó, permita que Tua presença me liberte!<br />

"Durante o louvor da versão Moravia", Böhler continua: "Ele<br />

freqüentemente enxugava os olhos. Imediatamente depois, ele me<br />

levou sozinho para sua própria sala, e declarou, 'que ele estava agora<br />

satisfeito com o que eu disse sobre a fé, e que ele não faria mais<br />

perguntas a respeito dela; que ele agora estava claramente<br />

convencido da necessidade dela; mas como ele ajudaria a si mesmo, e<br />

como poderia obter tal fé? Ele era um homem que não havia pecado<br />

tão grosseiramente como as outras pessoas'. Eu respondi que já era<br />

pecado suficiente que ele não cresse no Salvador: ele não poderia<br />

desviar-se da porta do Salvador, até que Ele o ajudasse. Eu me senti<br />

muito pressionado a orar por ele; portanto, eu recorri ao nome do<br />

Salvador, para que tivesse compaixão deste pecador.... Mais tarde,<br />

121


ele me contou quais contradições ele havia encontrado, com respeito<br />

ao clero piedoso ao qual ele tinha pedido conselho, porque ele não<br />

teve, na ocasião apropriada, de dizer-lhes o que ele sabia, e o que ele<br />

ainda necessitava; mas ele não estava preocupado com isto. E ele me<br />

perguntou, ainda, o que ele poderia fazer naquele momento, quer ele<br />

dissesse a todas as pessoas seu presente estado ou não? Eu respondi<br />

que nisto eu não daria regra alguma; e que ele deveria fazer o que o<br />

Salvador havia ensinado a ele; e não deveria colocar a fé, como ela<br />

se encontra em Jesus, tão longe dele, mas crer que ela estaria cada<br />

vez mais perto; que o coração de Jesus ainda permanece aberto, e<br />

que Sua misericórdia em direção a ele é grande. Ele enxugou<br />

emocionado e asperamente as lágrimas, enquanto eu lhe falava sobre<br />

este assunto, e [insistia] que eu deveria orar por ele. O que eu posso<br />

dizer dele, é que ele é verdadeiramente um pobre pecador, e tem um<br />

coração contrito, e sedento em busca de uma melhor retidão do que<br />

aquela que ele já possuía".<br />

"À tarde, ele pregou de (I Cor. 1:23) 'Nós pregamos a Cristo<br />

crucificado', etc. Ele teve acima de quatro mil ouvintes, e falou sobre<br />

este assunto, até que a congregação ficasse atônita, porque ninguém<br />

tinha ouvido tais coisas dele. Suas primeiras palavras foram: 'Eu me<br />

considero, do meu próprio coração, não merecedor de pregar Jesus<br />

crucificado'".<br />

"Aqui", <strong>Wesley</strong> diz, "terminou minha contenda. Eu posso<br />

agora apenas clamar: Senhor, ajuda-me em minha descrença". Este<br />

foi para ele, um tempo de grande conflito espiritual. Ele estava<br />

passando através de um portão estreito. Desde seu intercurso com os<br />

Morávios, ele havia sido gradualmente conduzido a ver que ele tinha<br />

colocado muita confiança em sua atenção estrita aos desempenhos da<br />

religião. Em atribuir a esses seu lugar e proporção, apropriados, não<br />

há necessidade de diminuir a importância deles. O perigo de <strong>Wesley</strong><br />

estava nos exageros deles. Um aspecto surpreendente de sua instrução<br />

até aqui, tinha sido a redução de sua inteira conduta à regra; de<br />

maneira que as horas individuais do dia, e mesmo as porções<br />

separadas da mesma hora, tinham sua tarefa distribuída. Em seu diário<br />

122


de bolso, mantido com a maior precisão por muitos anos, a ocupação,<br />

até mesmo dos minutos, é registrada. Toda a sua conduta, suas<br />

palavras, seus próprios pensamentos, estavam sob controle, e eram<br />

regulados pelas leis, que ele observava estritamente, e todo<br />

afastamento que lhe trouxesse dor.<br />

Nunca um homem foi mais resoluto neste processo de<br />

autocontrole e autodisciplina. Ele se acostumara, há muito tempo, às<br />

freqüentes interrogações quanto à sua fidelidade. Questões precisas<br />

eram esboçadas e fielmente propostas em tempos determinados, cujos<br />

exemplos têm sido dados. Ele foi o mais rígido "Metodista", mesmo<br />

antes deste nome, como um estigma, ter sido ligado a ele. Ele não<br />

esteve sem luz e conforto, mas foi gradualmente sendo conduzido a<br />

ver, que ele estava muito longe da luz perfeita e do descanso do<br />

evangelho. Esta luz, no entanto, estava rompendo sobre ele. Quer<br />

possa ser dito que ele era ou não um cristão verdadeiro, é, em grande<br />

parte, uma questão de definição. Quanto está incluído em ser um<br />

cristão? Ele tinha fé, mas ela não era a fé perfeita. Ele não tinha a fé<br />

que trazia segurança. Ele era um bom homem. Ele era, em muitos<br />

aspectos, um verdadeiro santo, um padrão para os crentes; mas, por<br />

outro lado, ele não tinha ainda alcançado. Ele estava na luz, mas não<br />

era o dia perfeito. Ele tinha descanso, mas ele era duvidoso, inseguro.<br />

Havia, mais além, um estágio mais feliz. "Eu quero aquela fé que<br />

ninguém pode ter, sem saber que a tem. Porque, quem quer que a<br />

tenha está liberto do medo, tendo paz com Deus, através de Cristo, e<br />

regozijando-se na esperança da glória de Deus. E ele está livre da<br />

dúvida, tendo o amor de Deus, espalhado em seu coração".<br />

Como poderia ser explicado que <strong>Wesley</strong>, depois de tantos anos<br />

de busca sincera, falhasse em encontrar a salvação evangélica? Ele<br />

estava no ministério, há mais de doze anos. Ele era diligente no<br />

cumprimento de cada dever; ele se apressou e orou e deu donativos;<br />

ele atendeu com cuidado escrupuloso todos os meios da graça,<br />

incluindo o atendimento freqüente à mesa do Senhor; ele trabalhou<br />

assiduamente, mesmo no extremo de suas forças, para o bem-estar de<br />

outros. Ainda assim, ele não havia encontrado a paz do evangelho?<br />

123


Como pode ser isto? Sua própria resposta não seria, "Israel que seguiu<br />

em busca da lei da retidão, não atingiu esta lei. Por que? Porque não<br />

a buscavam pela fé, mas como que pelas obras da lei". (Romanos<br />

9:31-32).<br />

Ele agora estava persuadido de que esta fé é dom de Deus, e<br />

que Deus certamente concede a toda alma que sinceramente e de<br />

maneira perseverante a busca; e ele decidiu, pela graça de Deus,<br />

buscá-la até o fim. (1) "Pela absoluta renuncia de toda dependência,<br />

no todo, ou em parte de minhas próprias obras ou retidão, no qual eu<br />

tenho realmente alicerçado minha esperança de salvação, embora eu<br />

não soubesse disto, desde minha juventude". (Quão verdadeiro! Esta<br />

confissão é extremamente emocionante). (2) "Ao adicionar para o<br />

contínuo uso de todos os outros meios da graça, uma oração contínua<br />

por esta mesma coisa, a graça justificadora, e salvadora; uma<br />

completa confiança no sangue de Cristo, espalhado por mim; uma<br />

confiança Nele, como meu Cristo, como minha única justificação,<br />

santificação, e redenção".<br />

É necessário dar atenção cuidadosa a esses detalhes na luta<br />

espiritual de <strong>Wesley</strong>, porque sem prestar atenção a eles, nem ele, nem<br />

sua obra futura, pode ser entendida. Depois de um tempo, ele olhou<br />

para trás, como seus seguidores fazem agora, para uma hora suprema e<br />

crítica de sua vida; uma hora para a qual, anos de treinamento o<br />

prepararam; uma hora, investida com uma significância em sua<br />

história religiosa, que seria tolice ignorar, e quase tanta tolice,<br />

depreciar. O período agora sob consideração é uma parte integral e<br />

importante da preparação para esta hora. Falsidade havia sido<br />

ensinada, e pela eficiência, se modestos professores. Em muitos<br />

assuntos, ele não precisava de tutor, ele mesmo poderia ensinar. Mas,<br />

aqui, ele era um aprendiz. Quão freqüentemente, um filho do reino<br />

leva o buscador adulto para seus portões!<br />

Ele novamente hesitou ensinar, mas foi instruído a não<br />

esconder na terra, o talento que Deus dera a ele. Conseqüentemente,<br />

ele falou clara e completamente em Blendon, para a família do Sr.<br />

124


Delamotte, sobre a natureza e fruto da fé. O Sr. Broughton, e seu<br />

irmão estavam lá. O primeiro objetou: "Ele, que não fez e nem sofreu<br />

tais coisas, nunca poderia pensar que eu não tenho fé". Em anos<br />

seguintes, <strong>Wesley</strong> acrescentou: "Ele tinha razão. Eu certamente tinha<br />

a fé de um servo, embora não a fé de um filho". Seu irmão estava<br />

muito irado, e disse a ele que ele não sabia que dano ele havia causado<br />

por falar assim, e <strong>Wesley</strong> acrescenta: "E, de fato, agradou a Deus,<br />

então, acender um fogo que eu confio, nunca será extinto!".<br />

Ele foi novamente estimulado por Böhler a não interromper a<br />

graça de Deus. Em Gerrard's Cross, ele declarou plenamente a fé<br />

como ela está em Jesus; como fez no dia seguinte para um jovem que<br />

ele alcançou na estrada, e à tarde, para seus amigos em Oxford. Em<br />

um ou dois dias, mais tarde, ele foi muito confirmado na verdade,<br />

pelas experiências de dois de seus colegas, que testemunharam que<br />

Deus pode, se Ele não faz sempre, fornecer aquela fé, por meio da<br />

qual, vem a salvação imediata, como um raio que cai do céu.<br />

Apressando-se para Londres, por conta do relato da saúde de<br />

seu irmão, ele o encontrou melhor do que ele esperava; mas<br />

fortemente avesso ao que ele chamou de "A Nova Fé".<br />

<strong>Wesley</strong> escreve em "1º. de Maio [1738], nossa pequena<br />

sociedade teve início, o que mais tarde se encontrou em Fetter Lane".<br />

Usualmente se supôs que eles se encontraram em Neville's Court, em<br />

uma capela sombria, provavelmente erguida nos dias de Charles II.<br />

Esta foi a primeira casa Metodista em Londres, e em redor dela,<br />

muitos incidentes ligados com os primeiros agrupamentos do<br />

Metodismo. Foi neste lugar que o Lorde e Lady Huntingdon<br />

atenderam, pela primeira vez, os encontros da sociedade; e Sir <strong>John</strong><br />

Phillips e Sir <strong>John</strong> Thorold foram despertados aqui, e se tornaram<br />

membros da Sociedade de Fetter Lane. A pequena sociedade nomeada<br />

por <strong>Wesley</strong>, erroneamente foi chamada de Sociedade Moravia. É<br />

verdade que suas regras foram esboçadas em harmonia com o<br />

conselho de Peter Böhler. Mas <strong>Wesley</strong> já tinha tido experiência na<br />

formação de sociedades. Foi a Sociedade da Igreja da Inglaterra; uma<br />

125


acrescentada a muitas sociedades religiosas, então, existentes em<br />

Londres e espalhadas em todos os lugares. Isto continuou assim, até<br />

que um professor Morávio, Molther, espalhou suas peculiares idéias,<br />

em meio aos membros, assim conduzindo <strong>Wesley</strong> a uma separação<br />

dele, para a qual futura referência será feita. Whitefield, um ano<br />

depois da data acima, registra em seu Diário:<br />

1. "Domingo – 20 de Maio: Eu fui com nosso irmão da<br />

Sociedade Fetter Lane para a Igreja de St. Paul, e recebemos as faltas<br />

santas, um do outro, e oramos um pelo outro, para que pudéssemos<br />

ser curados".<br />

2. "Que todas as pessoas, assim reunidas, sejam divididas em<br />

diversos grupos, ou pequenas companhias; nenhuma delas<br />

consistindo de menos do que cinco, ou mais de dez pessoas".<br />

3. "Que cada um fale tão francamente, claramente e<br />

concisamente, quanto ele puder, do real estado de seu coração, com<br />

suas diversas tentações e livramentos, desde o último encontro".<br />

4. "Que todas as bands tenham uma conferência, todas as<br />

quartas-feiras, às oito horas, começando e terminando com louvor e<br />

oração".<br />

5. "Que todos que desejam ser admitidos nesta sociedade<br />

sejam questionados quanto às suas razões para desejarem isto. Você<br />

será inteiramente franco, usando de nenhum tipo de reserva? Você<br />

tem alguma objeção quanto a alguma de nossas ordenanças?". (O que<br />

pode, então, ser lido).<br />

6. "Que, quando algum novo membro é proposto, cada um<br />

presente, fale claramente e livremente, qualquer objeção que tenha<br />

contra ele".<br />

126


7. "Que aqueles contra os quais nenhuma objeção razoável<br />

aparece façam parte, por um período de experiência, de uma ou mais<br />

bands distintas, e algumas pessoas concordem em assistir a eles".<br />

8. "Que depois de dois meses de experimentação, se nenhuma<br />

objeção, então, surgir, eles podem ser admitidos na sociedade".<br />

9. "Que a cada quatro sábados, seja observado, como um dia<br />

de intercessão geral".<br />

10. "Que no sábado, sete noites seguintes, seja a festa do amor<br />

geral, das sete às dez da noite".<br />

11. "Que nenhum membro em específico seja admitido para<br />

agir em alguma coisa contrário a alguma ordem da sociedade; e que,<br />

se algumas pessoas, depois de serem admoestadas, três vezes, não se<br />

adequarem a ela, eles não mais serão considerados como membros. O<br />

Sacramento, como um testemunho fiel à Igreja da Inglaterra".<br />

Três semanas depois, Charles <strong>Wesley</strong> escreveu: "Irmão Hall<br />

propôs expulsar Shaw e Wolf. Nós consentimos que seus nomes sejam<br />

apagados de nosso livro da Sociedade, porque eles não se admitiram<br />

membros da Igreja da Inglaterra".<br />

Este é um fato interessante que <strong>Wesley</strong> assinala da formação<br />

desta sociedade, como o começo do atual Metodismo. Em sua Breve<br />

História do Povo Chamado Metodista, ele diz: "Em 1º. de Março de<br />

1738, segunda-feira, nossa pequena sociedade começou em Londres.<br />

Mas pode-se observar que o primeiro surgimento do Metodismo,<br />

assim chamado, foi em Novembro de 1729, quando quatro de nós se<br />

encontrou em Oxford; o segundo foi em Savannah, em Abril, de 1736,<br />

quando vinte e três pessoas se encontraram em minha casa; o último<br />

foi em Londres, neste dia, quando quarenta ou cinqüenta de nós<br />

concordou em se encontrar toda quarta-feira à tarde, com o objetivo<br />

de uma conversa livre, que começou e terminou com louvor e oração.<br />

Em todos os nossos passos, nós fomos grandemente assistidos pelo<br />

127


conselho e exortações de Peter Böhler, um excelente jovem,<br />

pertencente à sociedade comumente chamada de Moravia".<br />

Referência futura será feita a esta sociedade.<br />

Em 3 de Maio, Peter Böhler teve uma longa conversa com<br />

Charles <strong>Wesley</strong>, quando <strong>John</strong> diz: "Agradou a Deus abrir seus olhos,<br />

de modo que ele também viu claramente qual era a natureza daquela<br />

fé verdadeira, viva, por meio da qual somente, através da graça,<br />

somos salvos". No dia seguinte, Böhler deixou Londres para Carolina,<br />

e <strong>Wesley</strong> escreve: "Ó, que obra Deus começou, desde que vim para a<br />

Inglaterra! Tal como nunca chegará ao fim, até que o céu e terra<br />

passem".<br />

Pregando "salvação livre, pela fé no sangue de Cristo", em<br />

diversas igrejas em Londres, <strong>Wesley</strong> é informado, por quase todas elas<br />

que ele não pode mais pregar lá. Ele registra que o Rev. G.<br />

Stonehouse, Vigário de Islington, foi convencido da verdade como ela<br />

está em Jesus. Por alguns dias, ele esteve triste e muito oprimido,<br />

incapaz de ler ou meditar, cantar ou orar, ou fazer alguma coisa; mas<br />

foi de certa forma restaurado, por uma carta terna e afetuosa de seu<br />

amigo Böhler, pedindo que não demore a crer em "seu Jesus Cristo;<br />

declarando quão grande, quão inexprimível; quão inesgotável é Seu<br />

amor. Certamente, Ele está agora pronto a ajudar; e nada pode<br />

ofender a Ele, a não ser nossa descrença".<br />

Na segunda-feira, 19 de Maio, <strong>Wesley</strong> faz a seguinte entrada<br />

em seu Diário: "Meu irmão teve um segundo ataque de sua pleurisia.<br />

Alguns de nós passamos o sábado a noite em oração. No dia seguinte,<br />

Domingo de Pentecostes, depois de ouvir Dr. Heylin pregar um<br />

sermão verdadeiramente cristão (sobre: Eles todos foram preenchidos<br />

com o Espírito Santo; 'e assim', diz ele, 'todos vocês podem ser, se não<br />

for por sua própria falta'), e assistindo a ele na Comunhão Santa<br />

(porque seu pároco auxiliar estava doente na igreja, eu recebi as<br />

surpreendentes notícias de que meu irmão tinha encontrado descanso<br />

para sua alma. Suas forças corpóreas também retornaram daquele<br />

momento. Quem é tão grande Deus, como nosso Deus?".<br />

128


Sua opressão e tristeza de coração retornaram, e ele irrompe<br />

nas seguintes palavras emocionadas em uma carta para um amigo: --<br />

"Eu sinto o que você diz (embora não o suficiente); porque eu<br />

estou sob a mesma condenação. Eu vejo que toda a lei de Deus é<br />

santa, justa, e boa. Eu sei que todo pensamento, todo temperamento<br />

de minha alma deve carregar a imagem e endereço de Deus. Mas<br />

como eu estou caído da glória de Deus! Eu sinto que eu estou<br />

vendido, sob o pecado. Eu sei que eu também mereço coisa alguma,<br />

mas a ira, sendo cheio de todas as abominações; e tendo nenhuma<br />

coisa boa em mim, para expiar por elas, ou remover a ira de Deus.<br />

Todas as minhas obras, toda a minha retidão, precisa de uma<br />

expiação para si mesmas. Assim é que minha boca está fechada. Eu<br />

tenho nada a reivindicar. Deus é santo. Eu sou impuro. Deus é um<br />

fogo ardente; eu sou um complete pecado, adequado para ser<br />

destruído".<br />

"Ainda assim, eu ouvi uma voz (e não é a voz de Deus?)<br />

dizendo, Crê e tu serás salvo. Aquele que crê passa da morte para a<br />

vida. Deus assim amou o mundo, que deu Seu Unigênito para que<br />

aquele que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".<br />

"Ó, que ninguém nos decepcione com palavras vãs, como se<br />

nós já tivéssemos obtido esta fé. Pelos frutos saberemos. Nós já<br />

sentimos paz com Deus, e alegria no Espírito Santo? O Espírito Dele<br />

testemunha com nosso espírito que somos filhos de Deus? Ai de mim!<br />

Com o meu, Ele não testemunha!".<br />

Essas estavam em meio às suas últimas palavras, antes que a<br />

memorável mudança tomasse lugar. Elas mostram mais claramente,<br />

que havia um passo definitivo que ele ainda não tomara, embora<br />

desejasse; um estado que ele não entrara, apesar de seu extremo desejo<br />

de entrar. Mas o portão está aberto para admiti-lo naquele reino de paz<br />

e alegria; e seu pé estava levantado para dar o passo final e entrar. É<br />

certo que ele, em suas próprias palavras declararia o que aconteceu<br />

129


naquela momentosa quarta-feira, 24 de Maio de 1738. Depois de rever<br />

sua vida, desde os seus dez anos, ele escreve: -<br />

"Eu penso que era por volta das cinco da manhã, quando eu<br />

abri meu Testamento nessas palavras(II Pedro 14) 'Pelas quais ele<br />

nos tem dado grandessíssimas e preciosas promessas, para que, por<br />

elas, fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da<br />

corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo'. Assim que fechei<br />

o livro, eu o abri novamente nessas palavras: (Marcos 12:34) 'E,<br />

Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe· Não estás<br />

longe do Reio de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais<br />

nada"'.<br />

"À tarde, pediram-me que fosse para a igreja de St. Paul. O<br />

hino era'Fora do abismo, eu tenho chamado por Ti, Ó, Senhor.<br />

Senhor, ouça minha voz. Oh! Deixe teus ouvidos considerarem boa a<br />

voz da minha queixa. Se, Tu, Senhor, fores rigoroso para marcar o<br />

que é feito de errado, Ó, Senhor, quem poderá agüentar isso? Porque<br />

há misericórdia em Tipor esta razão, Tu deves ser temido. Ó, Israel,<br />

confie no Senhor, porque com o Senhor há misericórdia, e, com Ele<br />

redenção plena. E Ele também deverá redimir Israel de todos os seus<br />

pecados'”.<br />

"À noite, eu fui, muito de má vontade, até uma Sociedade, na rua<br />

de Aldersgate, onde alguém estava lendo Lutero - prefácio à<br />

Epístola aos Romanos. Por volta de quinze para as nove horas,<br />

enquanto ele estava descrevendo as mudanças que Deus opera no<br />

coração, pela fé em Cristo, eu senti meu coração estranhamente<br />

aquecido. Eu senti que eu confiei em Cristo — Cristo apenas, para<br />

a salvação; e uma garantia me foi dada de que Ele tinha tomado<br />

meus pecados, até mesmo os meus, e tinha me salvo da lei de<br />

pecado e morte".<br />

"Eu comecei a orar com todas as minhas forças, por aqueles que<br />

tiveram, de uma maneira mais especial, rancorosamente, me usado<br />

130


e perseguido. Então, testemunhei, abertamente, a todos, isso que eu<br />

agora, pela primeira vez, sentia em meu coração. Mas não muito<br />

tempo antes do inimigo ter sugerido'Isto não pode ser fé; pois,<br />

onde está a tua alegria?'. Então, eu fui ensinado que aquela paz e<br />

vitória, sobre o pecado, eram essenciais para a fé, no Capitão de<br />

nossa salvaçãomas, como transporte da alegria, que usualmente<br />

assiste o começo dela, especialmente, naqueles que têm lamentado<br />

profundamente, Deus, algumas vezes, as retém, de acordo com as<br />

deliberações de Sua própria vontade".<br />

"Depois de retornar para casa, fui esbofeteado por muitas tentações,<br />

mas eu clamei, e elas fugiram. Elas retornaram novamente e<br />

novamente. Eu, como, freqüentemente, erguia meus olhos, e Ele<br />

'me enviava ajuda do seu santo lugar'. E, nisto, eu descobri no que<br />

consistia, principalmente, a diferença entre essa e a minha condição<br />

anterior. Eu estava me esforçando. Sim, lutando com todas as<br />

minhas forças, debaixo da lei, tanto quanto debaixo da graça.<br />

Entretanto, se eu era algumas vezes, se não freqüentemente,<br />

conquistado, agora, eu sou sempre um conquistador".<br />

Na quinta-feira, 25 de Maio, ele escreve: "No momento em que<br />

despertei, 'Jesus, Mestre', estava em meu coração, e em minha<br />

boca; e, eu encontrei minhas forças, mantendo meus olhos fixados<br />

Nele, e minha alma atendendo continuamente a Ele. Estando,<br />

novamente, em St. Paul, pela tarde, eu pude provar a palavra boa de<br />

Deus, no hino que começou'Minha canção será sempre sobre a<br />

amorosa-generosidade do Senhor: com minha boca, eu estarei<br />

mostrando, sempre adiante, Tua verdade, de uma geração a outra'.<br />

Contudo, o inimigo injetou-me um medo: 'Se tu acreditas, por que<br />

não há uma mudança mais significativa?'. Eu respondi (contudo,<br />

não eu): 'Que eu não sei! Mas, que tudo que sei, é que eu agora<br />

tenho paz com Deus. E não mais peco hoje, e Jesus, meu Mestre,<br />

me proibiu de me preocupar com o amanhã'”.<br />

131


"Minha alma continua em paz, mas ainda pesada, por causa<br />

das múltiplas tentações. Eu perguntei ao Sr. Toeltschig, um Morávio,<br />

o que fazer. Ele me disse que eu deveria não lutar contra elas, como<br />

eu tinha feito antes, mas, para escapar delas, no momento, em que<br />

aparecem, e encontrar refúgio nas machucaduras de Jesus. O mesmo<br />

eu aprendi também da antífona vespertina que foi: 'Minha alva<br />

verdadeiramente espera ainda junto a Deus; porque Dele vem minha<br />

salvação; Ele é minha defesa; de maneira que eu não cairei.Ó,<br />

coloquem sua confiança Nele sempre; derramem seus corações diante<br />

Dele; porque Deus é nossa esperança'".<br />

Por alguns dias, ele caminhou como uma criancinha, com<br />

tremor, e com dúvidas e medos, e tentações súbitas o atacando; nem<br />

ele estava livre da oposição externa. Ele encontrou um refúgio na<br />

oração sincera; na diligente leitura das Escrituras, e na ativa obra<br />

cristã. Durante este tempo, ele observou estritamente os estados<br />

variados da mente, através do que ele estava passando. Ele escreve em<br />

27 de Maio: "Acredito que uma razão para minha falta de alegria seja<br />

a falta de tempo para orar, eu resolvi não realizar tarefa alguma, até<br />

que eu fosse para a Igreja, de manhã, mas continuar derramando meu<br />

coração diante de Deus. E este dia, meu espírito foi ampliado. De<br />

maneira que, embora eu fosse agora assaltado por muitas tentações,<br />

eu era mais do que vencedor, ganhando mais poder, por meio disto,<br />

para confiar e regozijar-me em Deus, meu Salvador".<br />

28 de Maio: "Eu caminhei em paz, mas não em alegria. No<br />

mesmo plano, estado silencioso, eu estava ainda à tarde, quando fui<br />

atacado asperamente por uma larga companhia [na casa do Sr.<br />

Hutton], como um Fanático, um Sedutor, e um Anunciador de novas<br />

Doutrinas. Através da bênção de Deus, eu não fiquei irado, mas,<br />

depois de uma resposta tranqüila e breve fui embora; mesmo que não<br />

com tão terna preocupação, como seria devida àqueles que estivessem<br />

buscando a morte no erro da vida deles".<br />

Os escritores críticos da vida de <strong>Wesley</strong> têm quase que<br />

totalmente omitido o significado do evento, que ele havia justamente<br />

132


evisto; mas não escapou do sutil discernimento de Lecky, que<br />

escreve: "Dificilmente é um exagero dizer que a cena que toma lugar<br />

naquele humilde encontro na Rua Aldersgate forma uma época na<br />

História Inglesa. A convicção que, então, surge junto a um dos mais<br />

poderosos e mais ativos intelectos na Inglaterra é a fonte verdadeira<br />

do Metodismo Inglês".<br />

Charles <strong>Wesley</strong>, como seu irmão, há muito vinha buscando<br />

sinceramente por "redenção". Ele estava nesta época, seriamente<br />

doente, e estava residindo temporariamente com o Sr. Bray, a quem<br />

ele descreve como "um pobre mecânico ignorante, que sabe nada, a<br />

não ser Cristo". Bray era um feliz crente, um Morávio, com quem<br />

Charles <strong>Wesley</strong> tornou-se intimamente unido. A respeito dele,<br />

escreveu: "O Sr. Bray deve suprir o lugar de Böhler. Nós pregamos<br />

juntos em prol da fé. Eu quase fui subjugado e derreti em lágrimas".<br />

Parece que um espírito de inquisição sobre o assunto da<br />

religião foi, nesta época, extensivamente estimulado em Londres,<br />

parcialmente pela recente pregação de Whitefield, parcialmente pelos<br />

trabalhos pessoais de Peter Böhler, que ultimamente deixara Londres,<br />

e, parcialmente pela pregação de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, que foi admitido em<br />

diversos púlpitos de Londres, e seguido por imensa multidão.<br />

Em 17 de Maio, Charles escreve:<br />

"Hoje, eu vi, pela primeira vez, Lutero sobre os Gálatas. Nós<br />

começamos, e o achamos esplendidamente cheio de fé. Eu me<br />

maravilhei que estivéssemos tão logo, e tão inteiramente afastados<br />

dele que nos chamou para a graça de Cristo, junto a outro Evangelho.<br />

Quem acreditaria que nossa igreja tinha sido fundada sobre este<br />

importante artigo da justificação pela fé somente? ... Eu passei<br />

algumas horas esta tarde, em privativo com Martinho Lutero, que foi<br />

grandemente abençoado, especialmente em sua conclusão do segundo<br />

capítulo. Eu trabalhei, esperei, e orei para sentir, 'quem me amou e<br />

deu a si mesmo por mim'".<br />

133


"Quando a natureza, quase exausta, forçou-me a ir para a<br />

cama, eu abri o livro em: 'Porque Ele terminará sua obra sobre a<br />

terra, e a abreviará na retidão'. Depois desta confortável segurança<br />

de que ele viria e não tardaria, eu dormi em paz... Por volta da meianoite,<br />

eu estava acordado, pelo retorno da minha pleurisia. Eu senti<br />

grande dor, e dificuldade em meu coração; mas encontrei imediato<br />

alívio em sangrar. Eu conversei com o Sr. Bray: embora eu mesmo<br />

desejasse morrer no momento seguinte, se eu pudesse acreditar nisto:<br />

mas eu estava certo de que eu não morreria, até que eu cresse. Eu<br />

sinceramente desejei isto... às cindo horas da manhã, a dor e<br />

dificuldade em respirar retornaram. O cirurgião foi chamado; mas<br />

adormeci, antes que ele pudesse me sangrar pela segunda vez".<br />

"Eu recebi o Sacramento, mas não Cristo. A Sra. Turner veio<br />

me ver, e me disse que eu não me levantaria da cama, até que eu<br />

cresse. Eu acreditei no que ela disse, e perguntei: 'Deus, então,<br />

concedeu fé a você?'. 'Sim, Ele me concedeu'. 'Você tem paz com<br />

Deus?'. 'Sim, perfeita paz'. 'E você ama a Cristo, acima de todas as<br />

coisas?'. 'Eu amo, acima de todas as coisas, incomparavelmente'.<br />

'Então, você está desejosa de morrer?'. 'Eu estou, e ficaria feliz de<br />

morrer, neste momento; porque eu sei que meus pecados estão<br />

apagados; a escrita que havia contra mim foi tirada fora do caminho,<br />

e pregada na cruz. Ele me salvou com a Sua morte; Ele me lavou com<br />

Seu sangue; Ele me ocultou com Suas feridas. Eu tenho paz Nele, e<br />

me regozijo com alegria inexplicável e cheia de glória'. A resposta<br />

dela era tão completa a essas e a maioria das perguntas, que eu<br />

poderia fazer, que eu não tive dúvida que ela recebeu a redenção: e a<br />

esperei para mim esmo com uma esperança mais segura. Sentindo<br />

uma antecipação da alegria, por conta do relato dela, e agradecendo<br />

a Cristo como eu pude, eu busquei por Ele a noite toda, com orações<br />

e sinais, e desejos incessantes".<br />

O freqüente retorno de sua pleurisia, e seu estado muito<br />

debilitado, pareceu ter alarmado seus amigos, que começaram a ficar<br />

apreensivos de que seu fim estava próximo. Seu irmão, portanto, e<br />

alguns outros, se encontraram no sábado à tarde, e passaram a noite<br />

134


em oração. No dia seguinte era Domingo de Pentecostes. Ele diz: "Eu<br />

acordei, na esperança e expectativa da vinda Dele. Às nove horas,<br />

meu irmão e alguns amigos vieram, e cantaram um hino para o<br />

Espírito Santo. Meu conforto e esperança foram, deste modo,<br />

aumentados. Por volta de meia hora, eles saíram. Eu me dirigi em<br />

oração: a essência, como segue: O, Jesus, Tu dizes: Eu irei até você.<br />

Tu dizes: Eu enviarei o Confortador até você. Tu dizes: Meu Pai e eu<br />

viremos até você, e faremos nossa morada em você. Tu és Deus, que<br />

não podes mentir. Eu confio totalmente em tua promessa verdadeira.<br />

Execute isto a Teu tempo e modo". Depois de dizer isto, ele se<br />

apaziguou e adormeceu, em quietude e paz, quando ouviu alguém que<br />

tinha entrado na sala, dizer: "Em nome de Jesus de Nazaré, levanta e<br />

crê, e tu serás curado de todas as tuas enfermidades". As palavras o<br />

golpearam no coração. Ele suspirou e disse dentro de si mesmo: "Ó,<br />

só Cristo falaria assim". Num instante, ao perguntar quem falara as<br />

palavras que tanto o afetaram, ele diz: "Eu senti, naquele momento,<br />

uma estranha palpitação no coração, e disse, ainda que temeroso de<br />

dizer: 'Eu creio, eu creio!'".<br />

Bray leu para ele as palavras: 'Abençoado é o homem cuja<br />

transgressão é perdoada, cujo pecado é oculto. Abençoado é o homem<br />

junto a quem o Senhor não imputou iniqüidade, e em cujo espírito não<br />

existe culpa'. "Eu ainda senti", ele diz, "uma violenta oposição e<br />

relutância em crer; ainda assim, o Espírito de Deus lutou com o meu,<br />

e o espírito diabólico, até que, aos poucos, ele afugentou as trevas da<br />

minha descrença. Eu me encontrei convencido; eu não sei como, nem<br />

quando; e imediatamente cai em oração". Ele, mais tarde, acrescenta:<br />

"Eu agora me encontrava em paz com Deus, e regozijado na<br />

esperança do Cristo amoroso. Meu temperamento, para o restante do<br />

dia, foi desconfiar da minha própria grandeza, mas diante da<br />

fraqueza desconhecida, eu vi que, através da fé, eu resisti; e o<br />

contínuo suporte da fé, me protegeu de cair, embora de mim mesmo,<br />

eu esteja sempre sucumbindo no pecado. Eu fui para a cama, ainda<br />

consciente de minha própria fraqueza (eu humildemente espero ser<br />

mais e mais assim), ainda assim, confiante da proteção de Cristo".<br />

Este foi o 'Dia de Pentecostes' de Charles.<br />

135


Na quarta-feira seguinte, confinado em seu quarto, ele passou<br />

o dia de uma maneira devota e piedosa. "Às oito horas", diz ele, "eu<br />

orei por amor, com algum sentimento, e segurança de sentir mais. Já<br />

perto das dez horas, meu irmão foi trazido em triunfo, por um grupo<br />

de nossos amigos, e declarou: 'Eu creio!'. Nós cantamos o hino com<br />

grande alegria, e partimos com oração. À meia-noite, eu me entreguei<br />

a Cristo, certo de que eu estava a salvo, dormindo ou acordado!".<br />

O hino que eles cantaram naquele tempo foi, com toda<br />

probabilidade, o que ele havia composto dois dias antes, quando ele<br />

pôde, pela primeira vez, clamar: "Eu creio! Eu creio!". Ele aparece<br />

no Livro de Hinos Metodista (no original havia oito versos):-<br />

Por onde minha alma maravilhada deveria começar?<br />

Como deverei todo o céu ansiar?<br />

Um escravo remido da morte e pecado<br />

Um tição arrancado do fogo eterno,<br />

Como poderei levantar triunfos iguais,<br />

Ou cantar o louvor do meu grande Libertador?<br />

Ó, como eu deverei dizer ao meu Senhor,<br />

Pai, o que Tu tens me mostrado?<br />

Que eu sou um filho da ira e inferno,<br />

Eu deveria ser chamado de filho de Deus,<br />

Deveria saber, deveria sentir meus pecados perdoados,<br />

Abençoado com esta antecipação do céu!<br />

Eu poderia desprezar o amor do meu Pai?<br />

Ou, de maneira aviltante, temer possuir os dons Dele?<br />

Desatento da prova de Seus favores?<br />

Eu deveria evitar a cruz sagrada?<br />

Recusar Sua retidão, conceder,<br />

Ocultando-a, dentro de meu coração?<br />

Homens réprobos, a você eu chamo,<br />

Prostitutas, e publicanos, e ladrões,<br />

Ele estende seus braços para abraçá-los todos;<br />

Pecadores somente a graça Dele recebe:<br />

136


Nenhuma necessidade Dele, o justo tem;<br />

Ele veio para buscar e salvar o perdido.<br />

Venha, ó, meu irmão culpado, venha,<br />

Gemendo debaixo do fardo de seu pecado!<br />

O coração sangrando Dele lhe hospedará,<br />

Seu lado aberto o levará para dentro;<br />

Ele chama você agora, convida-o para sua casa?<br />

Venha, ó, meu irmão, venha!<br />

O seguinte é tomado de um número de versos evidentemente<br />

endereçado a <strong>John</strong>, intitulado:<br />

Congratulação a um Amigo por Crer em Cristo<br />

Abençoado seja o nome que te libertou.<br />

O nome, que salvação certa, traz!<br />

O Sol da Retidão sobre ti<br />

Surgiu com cura em Suas asas.<br />

E para longe, levou a aflição e o suspiro;<br />

Jesus morreu por ti – por ti!<br />

Ele agora vai desistir do que é Dele?<br />

Ou perder a compra de Seu sangue?<br />

Não; porque Ele olha com pena para baixo.<br />

Ele zela por ti, para o bem:<br />

Olha gracioso para ti, do alto,<br />

E guarda e alimenta a ti com Seu amor.<br />

Visto que foste precioso aos olhos Dele,<br />

Quão sublime favor tu tens tido!<br />

Erguido pela fé, para a altura da glória,<br />

Teus olhos têm visto o Deus Salvador;<br />

Teu coração tem sentido teus pecados perdoados,<br />

E testado o céu antecipado.<br />

Ainda, possa o amor Dele ser tua fortaleza,<br />

E ainda fazer de você, Sua diligência cuidadosa,<br />

Colocar, Confirmar, e te Estabelecer,<br />

137


Nas asas da águia teu espírito carregar;<br />

Preencher-te com céu, e sempre derramar<br />

Suas bênçãos especiais em tua cabeça.<br />

Assim, possa Ele confortar a ti, aqui embaixo;<br />

Assim, possa Ele toda a sua graça dar:<br />

A Ele, em parte, tu podes aqui conhecer;<br />

Ainda assim, aqui, através da fé, submeter-se a viver;<br />

Ajuda-me a defender minha passagem,<br />

Nem se apodere do céu, até que eu também possa.<br />

Ou, se o decreto do sábio soberano<br />

O numerar primeiro em meio aos abençoados<br />

(O único bem que eu cobiço de ti);<br />

Transportado para um descanso antecipado,<br />

Próximo, em tuas últimas horas, que eu possa<br />

Instruir, e aprender de ti, a morrer.<br />

Agora, esses três homens, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, Charles <strong>Wesley</strong>, e<br />

George Whitefield são trazidos juntos para um plano de experiência<br />

religiosa. Cada um deles havia se submetido a severa disciplina<br />

espiritual. Eles tinham, cada um, como tem sido mostrado,<br />

compartilhado da bem-aventurança daquele que crê; tinham alcançado<br />

a justificação pela fé, e provado que eles não poderiam ser justificados<br />

por nenhum outro meio. Eles eram únicos nos limites de uma afeição<br />

familiar, constrangidos como irmãos e colaboradores, e ajudadores, na<br />

grande obra deles, e já que eles criam, designada por Deus. Eles têm<br />

um evangelho – os evangelhos para os pobres, miseráveis e pecadores<br />

homens e mulheres; em cujo evangelho, eles tinham fé, aquela fé<br />

maior que está baseada na experiência pessoal deles de seu poder. Eles<br />

eram únicos no reconhecimento do pecado humano, e da redenção<br />

humana, através de Jesus Cristo; no reconhecimento da obra suprema<br />

do Espírito Santo, da absoluta autoridade das Santas Escrituras, e da<br />

pregação, como o instrumento divinamente ordenado da conversão<br />

humana. Eles eram únicos em sua submissão a uma paixão dominante<br />

de amor pelas almas dos homens, e da prontidão para usar e ser usado<br />

por eles. Eles permaneceram juntos, como os três grandes líderes, no<br />

glorioso avivamento da religião espiritual que tomou lugar no século<br />

138


dezoito. A divergência, mais tarde, levantou-se da sepultura, mas<br />

questões subordinadas de eleição e predestinação. Mas isto conduziu a<br />

adaptação deles para falar a duas classes de pessoas, em uma Igreja<br />

Protestante dividida, de maneira que poderia ser dito: "Ele que forjou<br />

junto a Pedro o apostolado da circuncisão forja-me também junto aos<br />

gentios". Isto <strong>Wesley</strong> logo discerniu. Ele escreveu para seu amigo:-<br />

"9 de Agosto de 1740"<br />

"Eu agradeço a você, pela sua carta de 24 de Maio. O caso<br />

está completamente claro. Existem fanáticos, ambos pela<br />

predestinação, e contra ela. Deus envia uma mensagem para aqueles<br />

de ambos os lados. Mas ninguém a receberá, exceto de alguém de sua<br />

própria opinião. Portanto, por um tempo, você é forçado a ser de uma<br />

opinião, e eu de outra. Mas quando o tempo Dele chegar, Deus fará o<br />

que o homem não pode – ou seja, nos fazer ambos de uma mesma<br />

opinião. Então, a perseguição falhará, e será visto se nós<br />

consideramos nossas vidas queridas junto a nós mesmos, de maneira<br />

que possamos terminar nosso curso com alegria".<br />

"Eu sou, meu mais querido irmão, sempre seu",<br />

J.<strong>Wesley</strong><br />

<strong>Wesley</strong> se encontrava ainda em um estado inseguro de mente,<br />

alternadamente, exaltado e depressivo. Suas suscetibilidade a cada<br />

mudança de vento da influência exterior era quase uma fraqueza.<br />

Dificilmente é de se admirar, considerando sua fragilidade corpórea, o<br />

resultado de suas muitas austeridades, e a severa e quase contínua<br />

tensão mental que ele suportou por algum tempo.<br />

Em 4 de Junho, ele escreveu: "Foi de fato um dia de festa.<br />

Porque, desde o tempo de meu levantar, até uma da tarde, eu estive<br />

orando, lendo as Escrituras, cantando, ou chamando os pecados ao<br />

arrependimento. Todos esses dias, eu dificilmente me lembro de ter<br />

aberto o Testamento, a não são em algumas grandes e preciosas<br />

139


promessas. E eu vi mais do que nunca que o Evangelho é, na<br />

verdade, uma grande promessa do começo ao fim".<br />

Em 6 de Junho, ele diz: "Eu tive ainda mais conforto e paz e<br />

alegria: na qual eu temi que eu começasse a conjecturar. Porque, à<br />

tarde, eu recebi uma carta de Oxford, que me atirou em muita<br />

perplexidade. Estava afirmado nela 'que nenhuma dúvida consistiria<br />

com o menos grau de fé verdadeira; que, quem quer que, em qualquer<br />

tempo, sinta alguma dúvida ou temor, não estava fraco na fé, mas não<br />

tinha fé, afinal: e que ninguém teria alguma fé, até que o Espírito da<br />

vida o tornasse totalmente livro da lei do pecado e da morte".<br />

"Pedindo a Deus que me dirigisse, eu abri meu Testamento em<br />

I Cor. 3:1 etc., onde Paulo fala daqueles a quem ele denomina bebês<br />

em Cristo, que não eram capazes de suportar um alimento mais forte,<br />

em um sentido carnal; a quem, não obstante, ele diz: vocês são a<br />

construção de Deus; vocês são o templo de Deus. Certamente, então,<br />

esses homens tinham algum grau de fé; embora esteja claro que a fé<br />

deles era fraca".<br />

"Depois de passar algumas horas nas Escrituras e oração, eu<br />

me senti muito confortado. Ainda assim, eu senti uma espécie de<br />

sensibilidade em meu coração, de maneira que eu me encontrei<br />

preocupado porque não estava completamente curado. Ó, Deus,<br />

salva-me, e tudo que está fraco na fé, das disputas duvidosas".<br />

Ele agora determinou cumprir um propósito que ele tinha<br />

nutrido na Geórgia, de retirar-se para Hernhut, por um tempo. O<br />

momento pareceu propicio: – sua "mente fraca não suportaria ser<br />

dividida em partes". E ele esperava conversar com aqueles que eram<br />

as testemunhas vivas do completo poder da fé, e ainda que capazes de<br />

testemunhar com o fraco, seriam um meio, pela bênção divina, de<br />

estabelecê-lo na fé e força espiritual. Despedindo-se de sua mãe, em<br />

Salisbury, ele passou por Oxford, onde pregou um sermão sobre a<br />

"Salvação pela Fé", falando com notável clareza e precisão, sobre a<br />

fé, através da qual somos salvos, e sobre a Salvação, que é através da<br />

140


fé; e aproveitando a oportunidade para responder às objeções da<br />

doutrina, especialmente, aquela de que pregar Salvação ou<br />

Justificação pela Fé apenas, é pregar contra a santidade e boas obras.<br />

O sermão foi, mais tarde, impresso, e passou por muitas edições. Ele<br />

se situa, onde tal sermão deveria, no começo de sua própria coleção de<br />

obras publicadas. Ele foi a primeira publicação feita por ele, depois de<br />

sua "conversão".<br />

Em 13 de Junho, em companhia de seu amigo Ingham, ele<br />

partiu, permanecendo três meses na Alemanha, e retornando para a<br />

Inglaterra na noite do sábado, 16 de Setembro.<br />

Ele fez minuciosas observações da aparência da cidade e dos<br />

hábitos e costumes do povo, anotando com cuidado o estado religioso<br />

daqueles com os quais ele conversou, o que o levou a registrar: "E eu<br />

encontrei continuamente aqui com o que eu busquei, a saber, viver as<br />

provas do poder da fé. Pessoas que foram salvas do pecado interior,<br />

assim como exterior, através do amor de Deus espalhado em seus<br />

corações; e de todas as dúvidas e temores, pelo testemunho interior<br />

do Espírito Santo dado a elas".<br />

Ele visitou o Conde Zinzendorf, em Marienborn, e conversou<br />

largamente com ele, e, mais tarde, com os principais oficiais da Igreja<br />

em Herrnhut, cujo lugar ele alcançou em 1º. de Agosto. Ele fornece<br />

com alguma minúcia, os relatórios feitos, pela quase metade do<br />

número de oficiais e membros da igreja, com respeito à história da<br />

vida deles; também um relato da organização da igreja, e dos seus<br />

serviços e práticas religiosas, seu objetivo evidentemente era tornar-se<br />

totalmente familiar com o que distinguisse um povo a quem ele se<br />

sentiu tão profundamente em dívida.<br />

Ele estava muito impressionado com o que ele viu, e declara<br />

que ele alegremente teria passado sua vida em Herrnhut, não tivesse<br />

seu Mestre o chamado para o trabalho em outra parte de Seu vinhedo.<br />

Ele acrescenta: "Eu fui excessivamente confortado e fortalecido pela<br />

conversa com este povo amável; e retornei para a Inglaterra mais<br />

141


completamente determinado a passar minha vida no testemunho do<br />

evangelho da graça de Deus".<br />

Ele também observa que "eles têm uma estima peculiar por<br />

decidir pela sorte, e assim a usam, em público ou privado, para<br />

decidir pontos de importância, 'quando as razões trazidas de cada<br />

lado parecem ser de igual peso. E eles acreditam que este seja, então,<br />

o único caminho de totalmente colocar de lado a vontade própria<br />

deles, de se absolverem de toda a culpa, e claramente saber qual é a<br />

vontade de Deus".<br />

Durante a ausência de <strong>Wesley</strong> da Inglaterra, seu irmão Charles<br />

foi excessivamente útil, especialmente em conduzir indivíduos ao<br />

Salvador, em visitar prisioneiros e outros, e em pregar.<br />

Para seu irmão Samuel, <strong>Wesley</strong> escreveu: "Deus tem me dado,<br />

por fim, o desejo em meu coração. Eu sou com a Igreja, cujo modo de<br />

vida está no céu; em quem está a mente que estava em Cristo, e quem<br />

assim caminha, como Ele caminhou. Como eles todos têm um Senhor<br />

e uma fé, então, eles são todos parceiros de um Espírito, o espírito da<br />

mansidão e amor, que uniforme e continuamente anima todo nosso<br />

modo de vida". Ao escrever para Charles, no mesmo dia (7 de Julho),<br />

ele diz: "O Espírito dos irmãos está acima de nossa mais alta<br />

expectativa. Jovem e velho, eles respiram nada, além da fé e amor,<br />

todos os momentos, e em todos os lugares". E ele se regozija de que<br />

ele tenha visto com seus próprios olhos, mais de centenas de<br />

testemunhas da verdade eterna: "que todo aquele que crê tem paz com<br />

Deus, e está livre do pecado, e é, em Cristo, uma nova criatura".<br />

Logo depois, de seu retorno da Alemanha, <strong>Wesley</strong> parece ter<br />

adotado uma regra de conduta que ele, mais tarde, recomendou<br />

insistentemente aos seus pregadores, nas Doze Regras de um<br />

Ajudador: "Diga a cada um, o que você acha de errado nele, amável e<br />

claramente, e tão logo quanto possível, para que isto não envenene<br />

seu próprio coração". Assim ele previamente escreveu para William<br />

Law, em 14 de Março de 1738, e novamente no dia 30 de Maio; a seu<br />

142


irmão Samuel, em 7 de Julho de 1738; aos Morávios, em Marienborn<br />

e Herrnhut, e para Samuel novamente em 30 de Outubro de 1738.<br />

"Ao Rev.William Law"<br />

14 de Maio de 1738<br />

Reverendo Senhor,<br />

"Em obediência ao que eu penso ser o chamado de Deus, eu,<br />

que tenho a sentença de morte, em minha própria alma, decidi<br />

escrever a você, de quem eu freqüentemente desejei aprender os<br />

primeiros elementos do Evangelho de Cristo".<br />

"Se você é nascido de Deus, você aprovará o objetivo, embora<br />

possa ser, fracamente executado. Se não, eu me angustiarei por você,<br />

não por mim mesmo. Porque, como eu não busco o louvor de homens,<br />

nem me preocupo com o desprezo quer seu ou algum outro".<br />

"Por dois anos (mais especialmente), eu tenho pregado,<br />

segundo o modelo de seus dois tratados práticos; e todos que ouviram<br />

têm admitido que a lei é grande, maravilhosa, e santa. Mas eles não<br />

tentam cumpri-la, o quanto antes; eles a consideram muito acima<br />

para um homem; e que, ao realizarem 'as boas obras da lei, nenhuma<br />

carne poderá ser justificada".<br />

"Para remediar isto, eu os exortei, e me encorajei a orar<br />

sinceramente para a graça de Deus, e usar todos os outros meios de<br />

obter aquela graça, que o sábio Deus designou. Mas, ainda, tanto eles<br />

quanto eu, estamos mais e mais convencidos de que esta é a lei pela<br />

qual um homem não pode viver; a lei em nossos membros,<br />

continuamente guerreando contra ela, e nos trazendo em uma<br />

escravidão mais profunda à lei do pecado".<br />

"Sob este jugo pesado, eu teria gemido até a morte, não tivesse<br />

um homem santo, a quem Deus ultimamente me direcionou, devido ao<br />

meu lamento, respondido imediatamente: 'Creia, e tu serás salvo.<br />

143


Creia no Senhor Jesus Cristo, com todo teu coração, e nada será<br />

impossível a ti. Esta fé, na verdade, assim como a salvação que ela<br />

traz, é dom livre de Deus. Mas busca e tu encontrarás. Desnuda de<br />

tuas obras, e de tua própria retidão, e fuja para ele. Porque quem<br />

quer que venha até Ele, de modo algum, será lançado fora'".<br />

"Agora, senhor, permita-me perguntar, como você responderá<br />

ao nosso Senhor, em comum, que você nunca me deu este conselho?<br />

Você nunca leu os Atos dos Apóstolos, ou a resposta de Paulo àquele<br />

que disse: 'o que devo fazer para ser salvo?'. Ou você é mais sábio do<br />

que ele? Por que eu dificilmente ouvi você dizer o nome de Cristo?<br />

Nunca, de maneira a fundamentar alguma coisa, junto 'a fé em Seu<br />

sangue?'. Quem é este que está colocando um outro alicerce? Se você<br />

diz que você aconselhou outras coisas, como preparatórias para isto;<br />

o que é isto, a não ser colocar um alicerce embaixo do alicerce?<br />

Cristo, então, não é o primeiro, assim como o último? Se você diz que<br />

os aconselhou porque você sabia que eu já tinha fé, verdadeiramente,<br />

você sabia nada de mim; você não discerniu meu espírito, afinal".<br />

"Eu sei que eu não tenho fé, exceto a fé de um diabo, a fé de<br />

Judas, aquela especulativa, imaginária, sombra etérea, que vive na<br />

cabeça, não no coração. Mas o que é isto para a fé viva, justificadora<br />

no sangue de Jesus? A fé que nos limpa de todo o pecado; que nos<br />

permite livre acesso ao Pai; para 'nos regozijarmos na esperança da<br />

glória de Deus'; ter 'o amor de Deus espalhado em nossos corações<br />

pelo Espírito Santo', que habita em nós, e 'o próprio Espírito<br />

testemunhando com nosso espírito, que somos filhos de Deus?".<br />

"Eu imploro a você, senhor, pelas misericórdias de Deus, para<br />

considerar profunda e imparcialmente, se a verdadeira razão de você<br />

nunca pressionar isto em mim, não foi o fato de você nunca tê-la tido<br />

em si mesmo? Quer aquele homem de Deus não estivesse certo, quem<br />

deu este relato da última entrevista que ele teve com você? –'Eu<br />

comecei falando a ele da fé em Cristo: ele ficou em silêncio. Então,<br />

começou a falar de assuntos místicos. Eu falei a ele da fé em Cristo<br />

novamente: ele ficou em silêncio. Então, ele começou a falar de<br />

144


assuntos místicos novamente. Eu vi seu estado imediatamente'. E um<br />

muito perigoso, em seus julgamentos, quem eu sei ter o Espírito de<br />

Deus".<br />

"Uma vez mais, senhor, permita-me pedir que você considere,<br />

se sua extrema aspereza, e melancolia, e comportamento amargo,<br />

pelo menos, em muitas ocasiões, pode possivelmente ser o fruto de<br />

uma fé viva em Cristo: Se não, possa o Deus da paz e amor,<br />

preencher o que ainda está faltando em você!".<br />

[<strong>Wesley</strong> havia estudado zelosamente A Lei da Perfeição<br />

Cristã, e o Sério Chamado. Ele diz: "Eu fiz objeções em quase todas<br />

as páginas; mas elas me convenceram mais do que nunca a excessiva<br />

altura, largura, e profundidade da lei de Deus". Por doze anos, Law<br />

tinha sido um dos seus principais mentores].<br />

É impossível confirmar os termos desta carta a alguém de<br />

quem ele tinha recebido grandes benefícios; nem pode ser encontrada<br />

suficiente desculpa, no fato de que ela foi escrita duas semanas antes<br />

que ele obtivesse a paz do Evangelho, e, quando seu espírito estava<br />

em um estado muito agitado; mais do que isto, embora, como ele<br />

afirme, "então, o pecado teve domínio sobre mim", não obstante ele<br />

lutasse com ele continuamente. Ele parece naquele momento ter<br />

esquecido o que era devido a um cavalheiro, a uma pessoa mais velha,<br />

e a um benfeitor. Isto foi requerido, através da autoridade com que<br />

Law falou sobre essas questões?<br />

Law respondeu, na mesma extensão, e com moderação, mas<br />

não sem uma veemente, embora delicada severidade. A isto, <strong>Wesley</strong><br />

fomentou uma resposta no dia seguinte, encerrando com essas<br />

palavras: "Mas como você está atribuindo a mim, não ter esta fé? Se<br />

você insinua, que você discerniu meu espírito, então você está<br />

atribuindo assim: 1. Você não me disse claramente que eu a tinha ou<br />

não. 2. Você nunca me aconselhou a buscar ou orar por ela. 3. Seu<br />

conselho para mim foi apenas apropriado para tal que já tivesse fé;<br />

conselhos que me conduziam para mais longe dela, quanto mais eu<br />

145


aderia a eles. 4. Você me recomendou livros, que não tinham<br />

inclinação a esta fé, mas condutiva a destruir as boas obras".<br />

"No entanto, 'que a falta seja dividida', você diz, 'entre mim e<br />

Kempis'. Não; se eu entendi Kempis erroneamente, era seu dever,<br />

quem discerniu meu espírito, e viu meu erro, ter explicado a ele, ter<br />

me corrigido".<br />

"Eu peço perdão, senhor, se eu disse alguma coisa<br />

inconsistente, com as obrigações que eu devo a você, e o respeito que<br />

eu devo a seu caráter".<br />

Não é necessário seguir a correspondência mais além. Law a<br />

termina com as palavras: "Se foi minha tarefa colocar esta questão a<br />

você, e se você tem o direito de me culpar por negligenciá-la, não<br />

seria mais razoável que você acusasse aqueles que têm<br />

autoritariamente responsabilizado você? A igreja, na qual você é<br />

educado colocou esta questão para você? O bispo que o ordenou, o<br />

diácono, ou sacerdote fizeram isto por você? O bispo que o enviou<br />

como missionário na Geórgia, requereu isto de você? Peço-lhe,<br />

senhor, esteja em paz comigo".<br />

Mas, como Canon Overton muito habilmente observa: "não é<br />

uma tarefa agradável, nem proveitosa contrapor as disputas entre<br />

dois bons cristãos. É muito mais prazeroso registrar que a conduta<br />

posterior de <strong>Wesley</strong> foi totalmente característica da nobre e generosa<br />

natureza do homem. Embora a divergência entre ele e seu último<br />

mentor aumentasse em vez de diminuir com os anos, ainda assim, ele<br />

constantemente se referiu a Law em seus sermões, e sempre em<br />

termos da mais calorosa admiração e respeito".<br />

Ao seu irmão Samuel, ele escreveu, de Marienborn, em uma<br />

das cartas encaminhadas:-<br />

"Eu fiquei muito preocupado, quando meu irmão Charles,<br />

incidentemente mencionou uma passagem que ocorreu em Tiverton:<br />

146


'Quando me ofereci para ler', disse ele, 'um capítulo do Sério<br />

Chamado, minha irmã disse: 'Para quem você está lendo isto? Não<br />

para essas jovens senhoritas, eu presumo; e seu irmão e eu não<br />

precisamos disto''. Sim, minha irmã, eu devo dizer-lhe, no espírito do<br />

amor, e diante de Deus, que sonda o coração, você precisa disto; você<br />

precisa muito disto. Eu não conheço uma alma que necessite ler, e<br />

considerar profundamente, tanto o capítulo do Amor Universal, e<br />

aquela da Intercessão. O caráter de Sussurrus, lá, é o seu. Eu seria<br />

falso para com Deus e você, se eu não lhe falasse assim. Ó, que isto<br />

não demore muito; mas posso você amar seu próximo, como você<br />

mesma, na palavra e língua, e na ação e verdade!".<br />

E, novamente, de Londres, em 30 de Outubro de 1738:<br />

"Que você sempre receberá delicadamente o que é assim<br />

pretendido, eu não duvido. Entretanto, eu novamente recomendo o<br />

caráter de Sussurrus, a você e minha irmã, como (quer real ou<br />

fictício), golpeando na raiz de uma falta, da qual, ela e você foram, eu<br />

penso, mais culpadas, do que outras duas pessoas que eu tenho<br />

conhecido em minha vida. Ó, possa Deus livrar você e eu de toda<br />

amargura e maledicência, assim como, de toda falsa doutrina,<br />

heresia, e cisma!...".<br />

"Ó, irmão, possa Deus permitir que você desista da disputa<br />

concernente às coisas que você não conhece (se, de fato, você não as<br />

conhece), e peça a Deus para completar o que ainda está faltando em<br />

você. Por que você também não buscaria 'aquela paz de Deus que<br />

ultrapassa todo entendimento', até que você receba? Quem o<br />

impediria, não obstante as múltiplas tentações, de regozijar-se, 'com<br />

alegria inexprimível, em razão da glória?'. Amém! Senhor Jesus!<br />

Possa você e todos que estão perto de você (se você ainda não tem),<br />

sentir esse amor, espalhado em seu coração, pelo Espírito daquele<br />

que habita em você; e ser selado com o Espírito Santo da promessa,<br />

que é a garantia de sua herança. Eu sou...".<br />

"Seu irmão mais afetuoso"<br />

147


Essas foram palavras severas para aplicar ao seu irmão mais<br />

velho, um honrado clérigo da Igreja da Inglaterra. Que <strong>Wesley</strong> julgou<br />

ser seu dever escrever assim, deve ser admitido; e no que diz respeito<br />

a ele, dever era lei absoluta. Não parece que ele escreveu, pela mera<br />

mania de censurar. Ele escreveu, na delicada e sensível fidelidade de<br />

seu espírito. Ele estava disposto a escrever na mesma tendência da<br />

Igreja em Hernhut, como aprendemos do fragmento seguinte de uma<br />

carta que não foi enviada.<br />

Ele diz: "Pode-se observar que eu vi anteriormente algumas<br />

coisas dos Morávios, que eu não poderia aprovar. Nesta viagem, eu vi<br />

um pouco mais, no meio de muitas coisas excelentes; em<br />

conseqüência do que, em Setembro de 1738, logo depois de meu<br />

retorno para a Inglaterra, eu comecei a seguinte carta para a Igreja<br />

Moravia. Mas temeroso de confiar em meu próprio julgamento, eu<br />

determinei esperar um pouco mais, e então a deixei inacabada":<br />

"Meus queridos irmãos"<br />

"Eu não posso deixar de me regozijar com sua fé<br />

imperturbável, por seu amor a nosso abençoado Redentor, o fato de<br />

estarem mortos para o mundo, sua mansidão, temperança, decência, e<br />

amor um ao outro. Eu grandemente aprovo, de suas Conferências e<br />

Bands, seus métodos de instruir as crianças; e, em geral, seu grande<br />

cuidado com as almas entregues à responsabilidade de vocês".<br />

"Mas, quanto a algumas outras coisas, eu permaneço em<br />

dúvida, o que eu mencionarei no amor e humildade. E espero que,<br />

com o objetivo de remover essas dúvidas, você possa, em cada um<br />

desses tópicos, primeiro, responder claramente, se o fato é como eu<br />

suponho; e se for assim, em segundo lugar, considerar se ele está<br />

correto".<br />

"O Conde é tudo em tudo, entre vocês? Vocês não glorificam<br />

em demasia a sua própria Igreja? Vocês não usam de fraude e<br />

148


dissimulação, em muitos casos? Vocês não têm um temperamento e<br />

comportamento, fechado, obscuro, reservado?".<br />

A severidade do tom adotado nestas cartas prende a atenção.<br />

Deve ser atribuído ao fervor de seu zelo, o que o levou, além dos<br />

limites da prudência? Ou ele escreveu na esperança de que ele<br />

pudesse, por meio disto, mais efetivamente chamar a atenção para um<br />

assunto importuno?<br />

Mas ele é mais profundamente espantoso na questão de sua<br />

experiência religiosa pessoal. Ele declarou que ele não era um cristão,<br />

até o incidente da Rua Aldersgate. Seu irmão Samuel, escrevendo ao<br />

Sr. Hutton, diz: "O que Jack quis dizer, com ele não ser um cristão,<br />

até o mês passado, eu não entendo. Ele nunca esteve em aliança com<br />

Deus? Então, como o Sr. Hutton observou, o batismo dele significou<br />

nada. Ele não teria cometido apostasia com isto? Eu me atrevo a<br />

dizer que não:e ainda assim, ele deveria tanto não ser batizado,<br />

quanto ser um apóstata para tornar suas palavras verdadeiras.<br />

Talvez, ele se sentisse em um estado de pecado mortal, sem<br />

arrependimento, e há muito vivera em tal conduta. Isto eu não creio;<br />

no entanto, ele deve responder a si mesmo... Além disto, uma conduta<br />

pecadora não é uma anulação da aliança; por esta mesma razão,<br />

porque é uma brecha dela. Se não fosse, não seria quebrada".<br />

Mas, se <strong>Wesley</strong> está aquém de seu próprio ideal, ele está muito<br />

acima do de seu irmão Samuel. A concepção de um cristão tal como<br />

ele deseja ser – tal como ele é – está muito adiante do que a carta<br />

descreve como "estando na aliança do batismo". Esses dois irmãos<br />

não eram representantes de dois ideais da vida cristã, amplamente<br />

distintos? Eles não se situaram em lados diferentes de uma linha que<br />

hoje divide a Igreja cristã?<br />

<strong>John</strong> responde a Samuel nos seguintes termos:<br />

"Com respeito ao meu próprio caráter, e minha própria<br />

doutrina igualmente, eu respondo a você muito claramente. Por<br />

149


cristão, eu quero dizer alguém que assim acredita em Cristo, de<br />

maneira que o pecado não tenha mais domínio sobre ele: neste<br />

sentido óbvio da palavra, eu não fui um cristão, até 24 de Maio<br />

próximo passado. Porque, até então, o pecado tinha domínio sobre<br />

mim, embora eu lutasse com ele, continuamente; mas certamente,<br />

então, desde aquele tempo até agora, não; -- tal é a graça livre de<br />

Deus em Cristo. Quais eram os pecados que, até então, reinaram<br />

sobre mim, e do qual, pela graça de Deus, eu estou agora livre, eu<br />

estou pronto a declarar publicamente, se for para a glória de Deus".<br />

"Se você perguntar, por quais meios eu me tornei livre<br />

(embora não perfeito, nem infalivelmente certo de minha<br />

perseverança), eu respondo: Pela fé em Cristo; por tal tipo ou grau<br />

de fé que eu não tive até aquele dia. Meu desejo desta fé eu conhecia<br />

muito antes, embora não tão claramente até domingo, dia 8 de<br />

Janeiro último".<br />

"Alguma medida desta fé que traz a salvação, ou vitória sobre<br />

o pecado, e que implica paz e confiança em Deus, através de Cristo,<br />

eu agora desfruto pela sua livre misericórdia; embora em muito do<br />

que faço, ela está em mim, como um grão de semente de mostarda:<br />

porque a completa persuasão da fé – o selo do Espírito, o amor a<br />

Deus espalhado em meu coração, e produzindo alegria no Espírito<br />

Santo; 'alegria que o homem não tira, alegria inexprimível e cheia de<br />

glória'; este testemunho do Espírito eu não tenho, mas pacientemente<br />

espero por ele. Eu conheço muitos que já o receberam; mais do que<br />

um ou dois, na mesma hora em que estavam orando por ele. E tendo<br />

visto e falado com uma nuvem de testemunha no exterior, assim como<br />

em meu próprio país, e não posso duvidar, que os crentes que<br />

esperam e oram por ele encontrarão essas escrituras cumpridas em si<br />

mesmos. Minha esperança é que elas sejam cumpridas em mim":<br />

"Eu confio em Cristo; em suas misericórdias descritas em Sua<br />

palavra, e em Suas promessas, todas que eu sei são sim, e amém.<br />

Esses que não receberam ainda a alegria no Espírito Santo, o amor<br />

de Deus, e a completa persuasão da fé (alguém ou todos eles é um<br />

150


cristão perfeito?) Certamente um cristão verdadeiro pode dizer: 'Não<br />

que eu já tenha obtido, ou que eu já tenha me tornado perfeito?".<br />

Mas este não é o limite da dificuldade. Em 4 de Janeiro, do ano<br />

seguinte (1739), ele escreveu: obviamente, referindo a si mesmo:<br />

"alguém que tinha a forma da santidade muitos anos, escreveu as<br />

seguintes reflexões":<br />

"Meus amigos afirmam que eu estou louco, porque eu disse<br />

que eu não era um cristão há um ano. Eu afirmo que eu não sou um<br />

cristão agora. Na verdade, o que eu deveria ter sido eu não sei,<br />

tivesse eu sido fiel à graça, então, dada, quando, esperando nada<br />

menos, recebi tal senso do perdão de meus pecados, como, até então,<br />

eu nunca soube. Mas que eu não sou um cristão, até hoje, eu estou tão<br />

seguro de saber, quanto Jesus é o Cristo".<br />

"Porque um cristão é alguém que tem os frutos do Espírito de<br />

Cristo, que (para mencionar não mais) são o amor, paz e alegria.<br />

Mas esses eu não tenho. Eu não tenho amor algum a Deus. Eu não<br />

amo o Pai, ou o Filho. Você pergunta, como eu sei, se eu amo a Deus,<br />

ou não, eu respondo, através de uma outra questão: 'Como você sabe<br />

se você me ama?'. Ora, da mesma forma que você sabe, quando você<br />

está quente ou frio! Você sente neste momento, se você me ama ou<br />

não. E eu sinto neste momento, que eu não amo a Deus; e que,<br />

portanto, eu sei, porque eu sinto isto".<br />

"E sei isto também, através da regra clara de João: 'Se algum<br />

homem ama o mundo, o amor do Pai não está nele'. Porque eu amo o<br />

mundo. Eu desejo as coisas do mundo; e tenho feito isto toda minha<br />

vida. Eu sempre coloquei alguma parte de minha felicidade, em uma<br />

ou outra das coisas que são vistas; especialmente, na carne e bebida<br />

[!], e na companhia daqueles os quais eu amei. Por muitos anos, eu<br />

busquei a felicidade e ainda busco, no amar e ser amado, por um ou<br />

outro. E nisto, eu tenho, de tempos em tempos, tido mais prazer do<br />

que tenho em Deus".<br />

151


"Novamente: alegria no Espírito Santo eu não tenho. Eu tenho,<br />

de vez em quando, alguns ímpetos de alegria em Deus. Mas não é<br />

aquela alegria. Porque ela não está no meu interior. Nem ela é maior<br />

do que eu tenho em algumas ocasiões mundanas. De forma que eu<br />

posso, de maneira alguma, dizer que me 'regozijarei sempre mais';<br />

muito menos, 'regozijar-me com alegria inexprimível e cheia de<br />

glória".<br />

"Ainda novamente: eu não tenho 'a paz de Deus'; aquela paz,<br />

peculiarmente assim chamada. A paz que eu tenho pode ser<br />

considerada sobre princípios naturais. Eu tenho saúde, força, amigos,<br />

uma fortuna suficiente e um temperamento calmo e agradável. Quem<br />

não teria uma espécie de paz nestas circunstâncias: Mas eu tenho<br />

nada que possa, com alguma propriedade, ser chamada de 'a paz que<br />

ultrapassa todo entendimento".<br />

"Assim sendo, eu concluo, embora eu tenha dado, e dou, todos<br />

os meus bens para alimentar o pobre, eu não sou um cristão. Embora<br />

eu tenha suportado privação; embora eu tenha em todas as coisas<br />

negado a mim mesmo, e tomado minha cruz, eu não sou um cristão.<br />

Minhas obras são nada; meus sofrimentos são nada; eu não tenho os<br />

frutos do Espírito de Cristo. Embora eu tenha constantemente usado<br />

de todos os meios da graça por vinte anos, eu não sou um cristão".<br />

Tyerman está satisfeito em dizer que "isto é extremamente<br />

intrincado", e deixa seu leitor "formar sua própria opinião", como fez<br />

Southey e os primeiros biógrafos, a não ser que eles omitem<br />

completamente alguma referência ao assunto. Mas tudo isto deve ser<br />

lido, sob a luz da carta endereçada a seu irmão Samuel, no qual ele<br />

afirma que ele não era um cristão, até 24 de Maio, porque o pecado<br />

tinha domínio sobre ele; mas que, através de "tal grau débil de fé",<br />

como ele teve naquele dia, o domínio do pecado foi quebrado, e ele,<br />

então, tornou-se um cristão – um cristão, é verdade, em "um sentido<br />

imperfeito". Mas nesta carta de Janeiro de 1739, ele tinha em vista<br />

outra condição, o obter o que ele julga ser necessário com o objetivo<br />

de ser um cristão. Esta é "a completa persuasão da fé"; uma condição<br />

152


que ele define como a mais extrema maturidade cristã. Esta ele não<br />

tinha obtido. Ainda assim, ele não poderia duvidar de que ele tinha<br />

"alguma medida da fé". Ao dizer que ele "não tinha amor algum a<br />

Deus", ele não estaria se desviando, por olhar para os fortes<br />

sentimentos emocionais, que são tão variáveis, sob condições<br />

diversas? Uma voz competente declara que "aquele que mantém sua<br />

palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus tem sido<br />

aperfeiçoado".<br />

<strong>Wesley</strong> não deve ser culpado por se submeter ao teste mais<br />

severo possível. Mas seria um erro grave ensinar que alguém não é<br />

cristo, até que ele estivesse completamente desenvolvido".<br />

Para um outro, ele escreve: "Depois de um longo sono, parece<br />

haver agora um grande despertar neste lugar também. O Espírito do<br />

Senhor já tem estremecido os ossos secos, e alguns deles estão de pé e<br />

vivos. Mas eu ainda estou morto e gelado; tendo paz, de fato, mas<br />

nenhum amor ou alegria no Espírito Santo".<br />

Para outro: "Verdadeiramente o Espírito do Senhor tem<br />

levantado seu estandarte contra a iniqüidade, que se espalhou em<br />

nossa terra. Ó, orem vocês por nós, para que Ele envie mais<br />

trabalhadores para Sua colheita! E que ele capacite a nós que ele já<br />

enviou, para nos aprovar fiéis ministros da Nova Aliança, pela honra<br />

e desonra, pelo mal e bom relato. Em especial, que todos os irmãos e<br />

irmãs que estão com você, orem para que Deus aqueça, com Seu<br />

amor, o coração frio, querido senhor"<br />

"Seu muito afetuoso irmão em Cristo".<br />

Uma vez mais: "Não pense, meu querido irmão, que eu me<br />

esqueci de você. Eu não posso me esquecer, porque eu amo você:<br />

embora eu não possa amar alguém ainda, como eu deveria, porque eu<br />

não amo nosso abençoado Senhor, como eu deveria. Meu coração<br />

está frio e insensível. Ele é, na verdade, um coração de pedra. Ore<br />

por mim, e permita que toda sua casa ore por mim, sim, e todos os<br />

153


irmãos também, de maneira que nosso Deus possa me dar um coração<br />

ferido, um coração amoroso, um coração em que Seu Espírito possa<br />

sentir prazer em habitar... Acima de tudo, eu quero que você ore, em<br />

consideração por seu pobre e fraco irmão".<br />

Verdadeiramente, ele caminhou no vale da humildade!<br />

Quanto mais cuidadosa, clara, e justificadamente, <strong>Wesley</strong>,<br />

mais tarde, escreveu e falou sobre esses assuntos, seus sermões<br />

impressos mostram abundantemente. Dr. Rigg, um cuidadoso<br />

estudante de <strong>Wesley</strong> e de suas obras diz: "As flutuações nas próprias<br />

visões e experiência de <strong>Wesley</strong>, durante os primeiros meses de sua<br />

conversão, mostram que suas idéias com respeito à natureza do<br />

testemunho do Espírito, e o caráter e extensão da regeneração,<br />

estavam, como era de se esperar, não totalmente definidas, ou<br />

totalmente estabelecidas, até algum tempo depois". E acrescenta: "Ao<br />

fazerem a maioria da preparação de coração antecedente de <strong>Wesley</strong>,<br />

convertidos, que, até agora, estão necessariamente em falta na<br />

experiência das dificuldades, perplexidades, e tentações espirituais, e<br />

cujas expectativas naturais, mas injustificadas da alegria e<br />

tranqüilidade estabelecidas, têm sido arduamente desapontadas, é<br />

possível diminuir as proporções e obscurecer as relações da grande<br />

mudança primordial no caráter espiritual de <strong>Wesley</strong>".<br />

<strong>Wesley</strong> tem sido muito atacado, por seus críticos, por sua<br />

credulidade nos assuntos relativos às feitiçarias, e aparições de ação de<br />

bons e maus espíritos, e outros assuntos relativos. Issac Taylor diz: "A<br />

mais proeminente enfermidade de <strong>Wesley</strong> foi sua credulidade<br />

espantosa; desde o começo, até o fim de seu curso, esta fraqueza o<br />

governou. Poucas foram as instâncias em que ele exercitou a devida<br />

discriminação, no ouvir os contos envolvendo o que era miraculoso,<br />

ou fora da ordem da natureza. É mortificante, de fato, contemplar<br />

uma instância como esta, da mente poderosa se dobrando como uma<br />

vara ao vento, diante de toda brisa do sobrenatural". A acusação não<br />

é negada. O próprio <strong>Wesley</strong> é explicito no assunto. Ele escreveu:<br />

"Com meus últimos respiros, eu testemunharei contra apresentar aos<br />

154


infiéis uma grande prova do mundo invisível; eu quero dizer, daquela<br />

feitiçaria e aparições, confirmadas pelo testemunho dos tempos".<br />

Mas existe um comportamento deste assunto nas<br />

características mentais de <strong>Wesley</strong> que tem escapado de observação.<br />

Credulidade e incredulidade são correntes que não raramente correm<br />

lado a lado, uma prontidão para crer, acompanhada de uma<br />

dificuldade em crer. O homem de fé fraca nas coisas invisíveis – das<br />

quais apenas a fé toma conhecimento – freqüentemente agarra-se a<br />

algum fato exterior ou visível, para sustentá-lo em sua oscilação. Em<br />

quão grande proporção é o caso hoje, tanto dentro da Igreja, quanto<br />

além de suas fronteiras! Como muitas pessoas não podem<br />

tranqüilamente confiar nos verdadeiros alicerces da fé.<br />

Conseqüentemente, eles são incrédulos. Eles não estão relutantes, mas<br />

incapazes de crer. Eles, portanto, desejam confirmação do que é<br />

visível ou tangível; de onde brota a credulidade. Agora, não obstante<br />

a forte fé de <strong>Wesley</strong>, ele não estava pouco preocupado, com os<br />

questionamentos do descrente. Esses dois estados de mente,<br />

aparentemente conflitantes, se não, contraditórios, são óbvios nele.<br />

Porque, enquanto o encontramos, lutando pela crença no invisível e<br />

espiritual, e habitualmente vivendo, sob a influência do que ele<br />

mesmo crê; ainda assim, evidências não são necessárias de que ele<br />

tinha grande dificuldade em mantê-la. Em um notável sermão, sobre O<br />

Caso da Razão Considerada, enquanto mostra a inabilidade da razão<br />

de produzir a fé, ele diz: "Muitos anos atrás, eu me certifiquei da<br />

verdade disto, através de uma triste experiência. Depois de<br />

cuidadosamente empilhar os mais fortes argumentos que eu pude<br />

encontrar, tanto nos autores modernos, quando antigos, com respeito<br />

à própria existência de um Deus (o que está proximamente ligado a<br />

isto), e a existência de um mundo invisível, eu tenho perambulado,<br />

para cima e para baixo, meditando comigo mesmo: 'O que, se todas<br />

essas coisas que eu vejo ao meu redor, esta terra e céu, esta estrutura<br />

universal, têm existido desde a eternidade? O que, se a geração de<br />

homens está exatamente paralela com a geração das folhas? Se a<br />

terra deixa cair seus sucessivos habitantes, assim como as árvores<br />

deixam cair suas folhas? O que, se aquelas palavras de um grande<br />

155


homem forem realmente verdade: 'Morte é nada; e nada existe depois<br />

da morte?'".<br />

"Como posso estar certo de que este não é o caso; e que eu<br />

não tenho seguido astuciosamente fábulas inventadas? E eu adotei o<br />

pensamento, até que não houvesse espírito em mim, e eu estava<br />

pronto a escolher estrangulação, preferivelmente à vida".<br />

Essas palavras, enquanto fornece um insight mais além dentro<br />

dos hábitos mentais de <strong>Wesley</strong>, mostra também com que trabalho ele<br />

se empenhou, para criar, ou manter, a apreensão viva das coisas<br />

invisíveis. Ele foi, pela natureza, um racional; e a faculdade tinha sido<br />

alimentada pelo treino. Mas ele não poderia demonstrar a existência<br />

de Deus, ou um mundo espiritual, ou uma imortalidade. Das coisas<br />

vistas ou demonstráveis, a fé não é evidência. Portanto, sua prontidão<br />

para buscar por tais provas visíveis e tangíveis como ele julgou,<br />

seriam encontradas nos eventos sobrenaturais. Sob a luz desta<br />

confissão, estamos mais bem capacitados a entender as palavras em<br />

uma carta notável de 27 de Julho de 1766, a seu irmão Charles: "Eu<br />

não tenho evidência direta (eu não digo que eu seja um filho de Deus,<br />

mas) de alguma coisa invisível ou eterna".<br />

É observável que, desde este tempo (1738), toda referência ao<br />

seu estado religioso desapareceu de seu Diário. Mas Cânon Overton<br />

não está completamente certo no dizer que "doravante, durante toda a<br />

sua longe vida, dificilmente uma sombra de dúvida cruzou seu<br />

caminho; nuvens e trevas eram constantemente varridas para fora de<br />

sua vida, mas havia um perpétuo e desanuavido brilho interior do<br />

sol".<br />

<strong>Wesley</strong> endereçou a seguinte carta interessante à Igreja<br />

Morávia:<br />

"A Igreja de Deus que se localiza em Herrnhut, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>,<br />

um imerecido Presbítero da Igreja de Deus na Inglaterra, deseja toda<br />

graça e paz em nosso Senhor Jesus Cristo".<br />

156


"14 de Outubro de 1738".<br />

"Glória seja dada a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,<br />

por Seu inexplicável dom! Por me fazer testemunha ocular de sua fé, e<br />

amor, e conversão santa em Jesus Cristo! Eu tenho testemunhado<br />

disto, com toda clareza de discurso, em muitas partes da Alemanha, e<br />

graças seja dada a Deus, pelo muito em seu favor".<br />

"Estamos nos empenhando aqui também, pela graça que nos é<br />

dada, para sermos seus seguidores, como você é de Cristo. Quatorze<br />

foram acrescidos a nós, desde nosso retorno, de maneira que temos<br />

agora oito grupos (Bands) de homens, consistindo de cinqüenta e seis<br />

pessoas; todos que buscam por salvação apenas no sangue de Cristo.<br />

Como ainda temos apenas dois pequenos grupos de mulheres; um<br />

com três, e outro com cinco pessoas. Mas aqui existem muitos outros<br />

que apenas esperam até que tenhamos tempo livre para instruí-los,<br />

como eles podem mais efetivamente edificaram um ao outro, na fé e<br />

amor Dele, que deu a Si mesmo por eles".<br />

"Embora meu irmão e eu não sejamos permitidos pregar, na<br />

maioria das Igrejas em Londres, ainda assim (graças seja dada a<br />

Deus), existem outras restantes, em que temos liberdade de falar a<br />

verdade como ela está em Jesus. Igualmente, toda as noites, em noites<br />

estabelecidas durante a semana, em dois lugares diferentes,<br />

publicamos a palavra da reconciliação para vinte ou trinta; algumas<br />

vezes, trezentas ou quatrocentas pessoas, reunidas para ouvi-la.<br />

Começamos e terminamos todos os nossos encontros, com louvor e<br />

oração; e sabemos que nosso Senhor ouve nossa oração; porque por<br />

mais de uma ou duas vezes (e isto não foi feito em uma situação<br />

difícil), recebemos resposta na mesma hora".<br />

"Nem Ele deixou a Si mesmo, sem outro testemunho de Sua<br />

graça e verdade. Dez ministros, eu sei agora em Londres, colocaram<br />

o alicerce correto: 'O sangue de Cristo que nos limpa de todos os<br />

pecados'. Além disto, eu encontrei um Anabatista, e um, se não dois,<br />

157


dos professores em meio aos Presbiterianos aqui, os quais, eu espero,<br />

amam o Senhor Jesus Cristo, na sinceridade, e ensinam o caminho de<br />

Deus na verdade".<br />

"Ó, não pare, você que é altamente favorecido, de implorar a<br />

nosso Senhor, que Ele possa estar conosco para a mesma finalidade;<br />

remover o que é desagradável em Seus olhos; apoiar aquele que é<br />

fraco em nosso meio; nos fornecer toda a mente que havia Nele, e nos<br />

ensinar a caminhar, até mesmo, como Ele caminhou! E possa o<br />

próprio Deus da paz preencher o está faltando em sua fé, e edificá-lo,<br />

mais e mais, em toda humildade de mente, e em toda clareza de<br />

discurso, e em todo zelo e vigilância; para que Ele possa apresentar<br />

você, a Si mesmo, como uma igreja gloriosa, sem mácula, ou ruga, ou<br />

alguma dessas coisas, mas que você possa estar santo e sem culpa no<br />

dia da vinda Dele".<br />

Ele agora escreveu palavras alegres para vários amigos, com<br />

respeito à obra que estava sendo feita, mas algumas depreciativas,<br />

concernentes a si mesmo. Ao Sr. Ingham, em Herrnhut: "Ó, meu<br />

querido irmão, Deus tem sido maravilhosamente gracioso comigo,<br />

desde nosso retorno a Inglaterra. Existem muitos adversários, mas<br />

uma grande e efetiva porta está aberta; e continuamos, através do<br />

mau e bom relato, a pregar o Evangelho de Cristo, a todas as<br />

pessoas, e, sinceramente, contender pela fé, uma vez entregue aos<br />

santos. Na verdade, Ele nos tem fornecido muitos de nossos<br />

opositores mais ferozes,que agora recebem com humildade a palavra<br />

imprimida...".<br />

"Sr. Stonehouse, por fim, determinou conhecer nada mais a<br />

não ser Jesus, e Ele crucificado; e pregar a todos, a remissão dos<br />

pecados, através da fé em Seu sangue. O Sr. Sparkes também é um<br />

professor da sã doutrina. O Sr. Hutchins é forte na fé e convence<br />

poderosamente contraditores, de maneira que nenhum homem, até<br />

agora, foi capaz de contestá-lo. Sr. Kinchin, Gainbold, e Wells não<br />

receberam ainda conforto, mas estão pacientemente esperando por<br />

ele. O Sr. Robson, que é agora também um ministro de Cristo, está<br />

158


cheio de fé e paz e amor. Assim está o Sr. Combes, um pequeno filho<br />

que foi chamado para ministro em coisas santas, duas ou três<br />

semanas atrás. De fato, eu confio que o Senhor nos deixará ver, e isto<br />

brevemente, uma multidão de sacerdotes que crêem".<br />

Ao Conde Zinzendorf, ele escreve: "A Palavra do Senhor<br />

novamente corre e é glorificada; e Sua obra segue em frente e<br />

prospera. Grandes multidões estão em todo canto despertas e<br />

clamam: 'O que devemos fazer para sermos salvos?'. Muitos deles<br />

vêem que existe apenas um único nome, debaixo do céu, por meio do<br />

qual, eles podem ser salvos; e mais e mais daqueles que a buscam,<br />

encontram salvação em Seu nome, e são de um só coração e uma só<br />

alma".<br />

"A viagem de <strong>Wesley</strong>, de volta para casa em 1735", diz um dos<br />

mais hábeis críticos da vida e obra de <strong>Wesley</strong>, "marca a conclusão de<br />

seu período de Igreja Anglicana. Ele em nada diminuiu, de sua<br />

dedicação às ordenanças da Igreja, quer naquela época, ou nos<br />

últimos dias de sua vida, e ele não alcançou logo de início aquele<br />

grau de independência da hierarquia dela, e algumas de suas regras<br />

que marcam seus pontos de divergência mais distantes; mas seu<br />

Diário, durante esta viagem registra aquele profundo<br />

descontentamento, que é sentido, sempre que uma natureza sincera<br />

desperta para a imperfeição de uma religião tradicional; e sua vida<br />

posterior, comparada com seus dois anos na Geórgia, torna evidente<br />

que ele passou por uma nova região espiritual. Seus [primeiros]<br />

Diários são marcados por uma depressão, com a qual nunca nos<br />

encontramos novamente".<br />

"Em 1739, Whitefield, escrevendo para as sociedades, a qual<br />

Woodward tinha ansiosamente defendido, da responsabilidade de<br />

alguma tendência de separar-se da Igreja, solicitou a eles, que nem<br />

fossem confinados pela Liturgia dela, nem submissos às suas regras.<br />

Esta não foi a linguagem de <strong>Wesley</strong>; foi a linguagem que ele teria<br />

condenado. Mas a lealdade à Igreja não era mais a primeira<br />

condição de membresia em alguma sociedade, com a qual ele<br />

159


estivesse em concordância. O aniversário de um cristão já era<br />

deslocado de seu batismo para sua conversão, e nesta mudança a<br />

linha dividida de dois grandes sistemas é transposta". Essas últimas<br />

são palavras importantes, e mostram o claro discernimento do escritor.<br />

<strong>Wesley</strong>, como vimos, retornou para Londres da Alemanha, na<br />

tarde do sábado, 16 de Setembro, e no dia seguinte, ele diz: "Eu<br />

comecei a declarar, em meu próprio país, as boas novas da salvação,<br />

pregando três vezes, e, mais tarde, expondo as Escrituras Santas para<br />

uma larga companhia em Minories". "No domingo", ele diz, "eu me<br />

regozijei de me encontrar com nossa pequena sociedade que, agora,<br />

consistia de trinta e duas pessoas" (a sociedade que foi formada em<br />

1º. de Maio, e que se encontrava em Fetter Lane). "No dia seguinte, eu<br />

fui até os réus condenados, em Newgate, e ofereci a eles a livre<br />

salvação. À tarde, eu fui para a sociedade em Bear Yard, e preguei o<br />

arrependimento e remissão dos pecados. Na tarde seguinte, eu falei a<br />

verdade no amor, na sociedade na rua Aldersgate. Alguns<br />

contradisseram, a princípio; mas não por muito tempo, de maneira<br />

que nada, a não ser o amor apareceu em nossa despedida".<br />

"Na quinta-feira, dia 21, eu fui para a sociedade em Gutter<br />

Lane; mas eu não pude declarar as obras poderosas de Deus lá, como<br />

eu fiz mais tarde, em Savoy, com toda simplicidade. E a Palavra não<br />

retornou vazia. Encontrei abundância de pessoas grandemente<br />

exasperada pela grosseira distorção das palavras que eu falei, e eu<br />

fui até muitas delas em privativo, a medida que meu tempo permitia.<br />

Deus me deu muito amor em direção a todas. Algumas foram<br />

convencidas de que estavam enganadas. E quem sabe, a não ser Deus,<br />

logo o restante retornará e deixará uma bênção atrás dele? No<br />

sábado, eu fui capaz de falar fortes palavras em Newgate, e na<br />

sociedade do Sr. E.; e no dia seguinte na Igreja de St. Anne, e duas<br />

vezes na de St. <strong>John</strong>, em Clerkenwell; de maneira que eu temo eles<br />

não me suportarão mais tempo". Ele teve muitas experiências<br />

similares, como quando no domingo, 8 de Outubro, ele pregou na<br />

Capela de Savoy, sobre a parábola: "ou história, antes, do fariseu e<br />

publicano, eu suponho pela última vez".<br />

160


Nesta forma, ele continuou a trabalhar, pregando "o novo<br />

caminho", com muito fervor e freqüência, em tais igrejas que<br />

estivessem abertas a ele, nas visitas, e no expor nas várias sociedades,<br />

onde ele era bem-vindo. Em Novembro, ele fez uma visita a Oxford,<br />

onde ele começou mais estritamente a inquirir qual é a doutrina da<br />

Igreja da Inglaterra, concernente a muitos pontos de controvérsia<br />

sobre a Justificação pela Fé. A somatória do que ele encontrou, ele<br />

publicou no início do ano seguinte, para o uso de outros. Isto ele<br />

seguiu um pouco mais tarde, através de um segundo volume sobre o<br />

mesmo assunto. Ele reviveu a leitura das orações em Bocardo – o<br />

tribunal sobre o portão norte, usado como uma prisão; também em<br />

duas das casas de correção da cidade, onde ele pregou duas vezes na<br />

semana; e em ambos os dias em Castle; e expôs na Sociedade do Sr.<br />

Fox. Ouvindo que o Sr. Whitefield havia regressado da Geórgia, ele se<br />

apressou para Londres para encontrá-lo, onde "Deus nos permitiu uma<br />

vez mais tomar doces conselhos juntos". Ele pregou em Antholin, em<br />

Islington, e em St. Swithin, "pela última vez". No domingo, 5 de<br />

Novembro, ele pregou em St. Botolph, em Bishopsgate; à tarde, em<br />

Islington, e à noite, ele diz: "para tal congregação, como eu nunca vi<br />

antes, na Igreja de St. Clement, em the Strand. Como foi a minha<br />

primeira pregação aqui, eu suponho deva ser a última". De tais<br />

congregações lotadas, onde quer que pregasse, os atendentes comuns<br />

nas igrejas queixavam-se. Isto foi uma causa do fechamento das portas<br />

contra ele. Uma outra se deve à estranheza da mensagem que ele<br />

trazia.<br />

Em 24 de Dezembro, ele pregou na Igreja de Great St.<br />

Bartholomew, de manhã, e em Islington, à tarde, onde ele diz: "Nós<br />

tivemos um abençoado Sacramento, todos os dias desta semana, e<br />

formos confortados de todos os lados". No domingo seguinte, 31 de<br />

Dezembro, ele pregou para muitos milhares na Igreja de St. George,<br />

em Spitalfields, e para uma congregação ainda mais lotada em<br />

Whitechapel, à tarde. Assim terminou este ano memorável.<br />

161


CAPÍTULO VI<br />

Os Alicerces do Metodismo (1738-1740)<br />

O novo ano foi prenunciado por um serviço extraordinário<br />

acontecido na noite de Primeiro de Ano, de 1739. Os senhores, Hall,<br />

Kinchin, Ingham, Whitefield, Hutchins, e os dois irmãos <strong>Wesley</strong>s<br />

estavam presentes na festa do amor, em Fetter Lane, com cerca de<br />

sessenta outros, o número da Sociedade Fetter, naquele tempo. 'Por<br />

volta de três da manhã', <strong>Wesley</strong> disse: "Enquanto estávamos em<br />

oração contínua, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós, de<br />

162


tal maneira, que muitos gritaram por excessiva alegria, e muitos<br />

caíram ao chão. Tão logo nos recuperamos um pouco daquele temor e<br />

espanto à presença de Sua Majestade, nós irrompemos a uma só voz:<br />

'Nós louvamos a Ti, ó Deus, nós reconhecemos que Tu és o Senhor'".<br />

Whitefield, escrevendo neste dia, diz que ele recebeu o<br />

Sacramento Santo, pregou duas vezes, e expôs duas vezes, e<br />

considerou este o mais feliz Primeiro de Ano que ele havia visto; e<br />

mais tarde, acrescentou que ele passou toda a noite em oração íntima,<br />

salmos, e ação de graças, com a Sociedade Fetter Lane. Nem este foi o<br />

único dia de varar a noite de serviço que eles tiveram, porque, em 5 de<br />

janeiro, ele escreve novamente: "Aconteceu uma Conferência em<br />

Islington, 'concernente a muitas coisas de importância, com sete<br />

ministros de Jesus Cristo, Metodistas desprezados, aos quais Deus,<br />

em sua providência reuniu. Nós continuamos em jejum e oração, até<br />

as três horas, e, então, partimos com a completa convicção de que<br />

Deus estava preste a fazer grandes coisas em nosso meio'; e<br />

novamente, em no dia 7, domingo, pregou duas vezes, expôs para três<br />

Sociedades, e, mais tarde, passou a noite toda em oração e ação de<br />

graças em Fetter Lane"<br />

Assim, começa um ano de suprema importância na historia do<br />

grande avivamento espiritual naquelas ilhas, como os incidentes a<br />

serem registrados mostrarão. <strong>Wesley</strong> continuou a mesma rotina de<br />

trabalho sincero que ele tinha buscado, desde seu retorno para a<br />

Inglaterra. Ele visitou Oxford, Dummer, e Reading, e em Londres,<br />

encontrou trabalho integral em meio a muitas sociedades, onde ele foi<br />

continuamente solicitado a expor. De todas as igrejas, não obstante,<br />

ele estava excluído, com exceção a de Basingshaw, Islington, St.<br />

Giles, and St. Katherine; de maneira que nos primeiros meses do ano,<br />

antes de sua ida a Bristol, ele não pregou mais do que meia dúzia de<br />

sermões nas igrejas.<br />

O caráter da obra de <strong>Wesley</strong>, naquele tempo, pode ser reunido<br />

do seguinte extrato de uma carta escrita por ele a Whitefiedl:--<br />

163


26 de Fevereiro de 1739.<br />

Meu querido irmão:<br />

"A mão de nosso Senhor não tem sido de pouco alcance em<br />

nosso meio. Ontem eu preguei na Igreja de St. Katherine, e em<br />

Islington, onde a igreja estava quase tão quente quanto algumas das<br />

salas da sociedade costumam ser. Os campos, depois do serviço,<br />

estavam brancos com pessoas louvando a Deus. Por volta de<br />

trezentas estiveram presentes na casa do sr. S--; de onde eu fui para a<br />

casa do sr. Bray, então, para Fetter Lane, e, às nove horas, para a<br />

casa do sr. B--; onde também nós apenas faltou espaço. Hoje, eu<br />

expus em Minories, às quatro horas; na casa da sra. W--, às seis<br />

horas, e para uma grande companhia de pecadores pobres, em Gravel<br />

Lane (no portão do Bispo), às oito horas. A sociedade na casa do sr.<br />

Cronch não se encontraria até as oito horas, de maneira que eu<br />

expus, antes de ir até ele, perto da Quadra de St. James; onde uma<br />

jovem havia sido recentemente preenchida com o Espírito Santo, e<br />

transbordara com alegria e amor".<br />

"Na quarta-feira, às seis horas, tivemos um nobre grupo de<br />

senhoras, não adornadas com ouro e vestuário caro, mas com um<br />

espírito humilde e tranqüilo, e boas obras. Em Savoy, na quinta-feira<br />

à noite, tivemos usualmente duzentas ou trezentas pessoas, a maioria<br />

delas, pelo menos, completamente acordada. A moradia do sr. A —<br />

estava mais do que preenchida, na sexta-feira, assim como a sala do<br />

sr. P--, duas vezes mais; onde eu penso, eu tenho tido comumente<br />

mais poder dado a mim, do que em qualquer outro lugar. Uma<br />

semana ou duas atrás, uma noticia me foi dada lá, até onde posso me<br />

lembrar, nestas palavras: 'Suas orações são desejadas por uma<br />

criança enferma que é lunática, e está cheia de feridas, dia e noite,<br />

para que nosso Senhor o curasse, como Ele fez com aqueles, nos dias<br />

de Sua carne; e que, com isto, ele daria aos seus pais, fé e<br />

perseverança, até o tempo de sua vinda'.<br />

164


'No sábado, à noite, uma senhora de meia-idade, bem vestida,<br />

em Beech-Lane (onde eu exponho usualmente para quinhentas ou<br />

seiscentas pessoas, antes de eu ir para a sociedade da casa do sr. E--,<br />

foi acometida, como pareceu a diversos ao redor dela, com pouco<br />

menos do que as agonias da morte. Orações foram feitas, e, depois de<br />

cinco dias de procura diligente, ela foi preenchida com amor e<br />

alegria, o que declarou abertamente, na manhã seguinte; de maneira<br />

que ação de graças foram feitas a Deus, por muitos, por iniciativa<br />

dela. Deve-se observar, que seus amigos a consideravam louca, por<br />

esses três anos; e, assim sendo, a expulsaram, atacaram com palavras<br />

rudes, e sabe-se lá o que mais. Venham e louvemos ao Senhor, e<br />

glorifiquemos Seu nome, juntos'.<br />

Durante as primeiras poucas semanas do ano, Whitefield havia<br />

pregado por volta de trinta sermões em diferentes igrejas, dentro e nos<br />

arredores de Londres. No início de Fevereiro, ele foi para Bath e<br />

Bristol; mas em sua volta, encontrou todas as igrejas fechadas contra<br />

ele. Em poucos dias, no entanto, ele foi beneficiado com o uso da<br />

Igreja de St. Werburgh e de St. Mary Redcliff. Mas o Chanceler de<br />

Bristol interferiu, e ameaçou que se ele continuasse a pregar ou expor<br />

na diocese, sem licença, ele primeiro o suspenderia, e, então, o<br />

expulsaria. Esta foi a gota d'água. Whtefield não era submisso à ordem<br />

da Igreja, como seu companheiro <strong>Wesley</strong>, que, em tais circunstâncias,<br />

teria hesitado desobedecer tão direta proibição. Suprimir totalmente<br />

Whitefield, com tais medidas, era impossível; e, conseqüentemente,<br />

sendo expulso das Igrejas de Bristol, ele foi e pregou em campo aberto<br />

para duzentos mineiros de carvão, em Kingswood. Este foi o mais<br />

corajoso passo, já tomado por algum dos Metodistas; e, talvez,<br />

ninguém mais, a não ser o impulsivo, enorme, e sincero Whitefield<br />

teria sonhado, com tal chocante separação da regra e uso da Igreja. O<br />

passo decisivo foi dado. Um clérigo havia se atrevido a ser tão<br />

irregular, de maneira a pregar nos campos, e Deus havia sancionado a<br />

irregularidade, fazendo disto uma oportunidade de muita bênção. Este<br />

foi um incidente tão interessante, conduzindo a tão grandes<br />

conseqüências na missão do heróico pequeno grupo de evangelistas<br />

165


cristãos, que a minuta seguinte, relatada do Diário de Whitefield, não<br />

seria inserida inadequadamente. Ele diz:<br />

Domingo, 21 de Janeiro – Eu preguei duas vezes, com grande<br />

liberdade em meu coração e clareza em minha voz, para duas<br />

congregações apertadas, especialmente à tarde, quando, como eu fui<br />

informado, perto de mil pessoas permaneceram no pátio da Igreja, e<br />

duzentas mais retornaram para casa, porque não puderam entrar.<br />

Isto me levou primeiro a pensar numa pregação sem portas. Eu<br />

mencionei isto para alguns amigos, que viram isto como uma idéia<br />

maluca. No entanto, nós nos ajoelhamos e oramos para que nada<br />

pudesse ser feito estouvadamente.<br />

Sexta-feira, 16 de Fevereiro – Tendo há muito sentido uma<br />

sincera aspiração, com respeito aos pobres mineiros de carvão, que<br />

eram muito numerosos, e, ainda assim, como ovelhas sem pastor, eu<br />

fui a um monte e falei para tantos quantos vieram me ouvir; acima de<br />

duzentos. [Aqui ele irrompe em um júbilo santo], "Abençoado seja<br />

Deus, que o gelo está quebrado, e eu tenho agora tomado o campo.<br />

Alguns podem me censurar. Mas é flautear, não porque os Púlpitos<br />

são negados, mas porque os pobres mineiros de carvão estão prestes<br />

a perecer por falta de conhecimento".<br />

Quarta-feira, 21 de Fevereiro – [Todas as portas de Igreja<br />

estão agora fechadas contra ele, e se abertas, não são capazes de<br />

conter metade dos que vêm para ouvir; às três da tarde, ele foi para<br />

Kingswood, em meio aos mineiros de carvão. Foi um dia maravilhoso,<br />

e perto de duas mil pessoas estavam reunidas. Ele diz]: "Eu preguei e<br />

expliquei João 3:3, por aproximadamente uma hora, e espero, para o<br />

conforto e edificação daqueles que me ouviram". [Ele prossegue]:<br />

Sexta-feira, 23 de Fevereiro – Depois do jantar, eu me senti<br />

muito doente, então, fui obrigado a ficar na cama; mas às três horas,<br />

eu fui, conforme o compromisso, e preguei para perto de quatro a<br />

cinco mil pessoas, de um monte em Kingswood, com grande<br />

liberdade. O sol brilhou muito, e as pessoas de pé, de tal maneira<br />

166


tremenda, ao redor do monte, no mais profundo silêncio,<br />

preencheram-me com uma santa admiração.<br />

Domingo, 25 de Fevereiro – Quando eu me levantei de<br />

manhã, eu pensei que seria capaz de 'fazer coisa nenhuma, mas a<br />

divina força foi grandemente glorificada em minha fraqueza. Por<br />

volta das seis da manhã, eu preguei, cantei, e exortei meus visitantes<br />

matinais, como eu fiz no último dia do Senhor. Às oito horas, eu li as<br />

orações, e preguei para a mesma congregação aglomerada, em<br />

Newgate; de onde cavalguei para Bustleton Brislington; um vilarejo,<br />

mais ou menos duas milhas de Bristol, onde havia tal numerosa<br />

congregação, que, depois que eu li as orações na Igreja, eu achei<br />

melhor sair e pregar no pátio. As pessoas estavam excessivamente<br />

atentas, e, mais tarde, com a permissão do ministro, que me visitou lá,<br />

nós tivemos um Sacramento; e, eu espero, foi uma comunhão de<br />

santos, de fato. Às quatro horas, eu me apressei para Kingswood.<br />

Num cálculo razoável, havia acima de dez mil pessoas. As ruas e<br />

esquinas estavam cheias; tudo era silêncio, quando eu comecei; o sol<br />

brilhava forte, e Deus capacitou-me para pregar por uma hora, com<br />

grande poder, e tão alto, que todos (me disseram) puderam ouvir-me.<br />

Abençoado seja Deus, o sr. Brain falou corretamente. O fogo está<br />

aceso na cidade. Possam os portões do inferno nunca ser capazes de<br />

prevalecerem contra ele!<br />

Em uma data anterior, ele calculou sua congregação, não<br />

menos do que vinte mil, e anota: "Observar tais multidões de pé ao<br />

nosso redor em tal silêncio tremendo, e ouvir o eco de sua canção, é<br />

muito solene e surpreendente. Meu discurso continuou, por perto de<br />

uma hora e meia".<br />

Na Revista Gentleman's, de 1739, ele é descrito: "O sr.<br />

Whitefield tem sido maravilhosamente laborioso e bem sucedido,<br />

especialmente em meio aos pobres prisioneiros de Newgate, Bristol, e<br />

em meio aos rudes mineiros de carvão de Kingswood. No sábado, dia<br />

18, ele pregou no Monte Hannam [Hanham], para cinco ou seis mil<br />

pessoas, e à noite, removeu-se para Common, meia milha distante,<br />

167


onde três montes e planícies ao redor estavam lotados com tão grande<br />

quantidade de carruagens, homens a pé e a cavalo, que eles cobriram<br />

três acres, e foram calculadas vinte mil pessoas".<br />

Durante o mês de Fevereiro, <strong>Wesley</strong> teve três entrevistas<br />

separadas com bispos da Igreja Estabelecida. No dia 6, ele foi com<br />

Whitefield até o Bispo de Gloucester, para solicitar uma subscrição<br />

para a Geórgia. No dia 21, ele e seu irmão Charles visitaram Potter, o<br />

Arcebispo de Canterbury, que lhes mostrou grande afeição; falou<br />

brandamente de Whitefield, advertiu-os para que não causassem mais<br />

ofensa do que necessária; para que omitissem frases contestáveis; e<br />

mantivessem as doutrinas da Igreja. Eles lhe disseram que esperavam<br />

perseguição; mas seriam fiéis à Igreja, até que seus artigos e homilias<br />

fossem revogados. De Potter, eles prosseguiram direto para Gibson,<br />

Bispo de Londres, que negou que os tivesse condenado, ou mesmo,<br />

ouvido muito a respeito deles. O Diário de Whitefield, ele disse, foi<br />

manchado com fanatismo, embora o próprio Whitefield fosse m jovem<br />

devoto, e bem-intencionado. Ele os advertiu contra o<br />

Antinomianismo, e despediu-se deles com cordialidade.<br />

Por volta deste tempo (Março de 1739), um certo capitão<br />

Williams fez uma declaração diante do Prefeito de Bristol,<br />

escandalosamente afetando a conduta de <strong>Wesley</strong>, quando na Geórgia,<br />

especialmente, em referência ao seu tratamento à sra. Williamson<br />

(Srta. Hopkey), e as circunstâncias ligadas com sua partida da colônia.<br />

Isto foi publicado, para o subseqüente e grande detrimento da recém<br />

formada sociedade.<br />

Este grosseiro panfleto não mereceria atenção, não fosse pelo<br />

fato de que foi a ocasião de <strong>Wesley</strong> dar ao mundo uma das mais<br />

interessantes e instrutivas autobiografias, alguma vez, publicada. No<br />

prefácio ao seu Diário, ele diz: "Eu não tenho o objetivo ou desejo de<br />

perturbar o mundo com algum dos meus pequenos romances; como<br />

não pode deixar de ser aparente a toda mente imparcial, por eu ter<br />

sido por tanto tempo, 'como alguém que não ouve'; não obstante os<br />

altos e freqüentes chamados que eu tenho tido que responder por mim<br />

168


mesmo. Nem eu teria feito isto agora, não tivesse o panfleto do<br />

capitão William, sido publicado, tão logo ele deixou a Inglaterra, me<br />

colocando na obrigação de fazer o que me cabe, em obediência ao<br />

mandamento de Deus: 'Que não se fale mal, do bem que existe em<br />

você'. Com esta visão, eu, por fim, 'darei uma resposta a cada homem<br />

que me perguntar a razão da esperança que está em mim', de que, em<br />

todas as coisas, 'eu tenho uma consciência nula de ofensa, em direção<br />

a Deus, e em direção aos homens!"'. Este primeiro extrato de seu<br />

Diário particular compreende o período de seu embarque para a<br />

Geórgia, e seu retorno para Londres, e foi publicado em 1739.<br />

'O caráter real dos homens que tinham começado este<br />

processo judicial, logo apareceu. Causton foi processado por desvio<br />

de dinheiro público, e Williamson fugiu clandestinamente da colônia,<br />

para evitar as conseqüências de ofensas mais graves'.<br />

Dois anos mais tarde, para checar os efeitos danosos do<br />

panfleto, <strong>Wesley</strong> reimprimiu tanto de seu Diário, quando relacionado<br />

a este romance. Felizmente, <strong>Wesley</strong> foi levado a continuar a<br />

publicação dos extratos de seu Diário até o fim de sua vida.<br />

--------<br />

[O caso Sophia Hopkey]<br />

<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> prosseguiu, em suas próprias dificuldades, com a<br />

amizade de Sophia Hopkey. Eles haviam se encontrado durante os<br />

longos quatro meses de ida para a Geórgia. Enquanto viajando no<br />

navio, <strong>Wesley</strong> foi empregado pela mãe de Sophia, para ensinar<br />

Francês a ela. Uma afeição surgiu, fora do relacionamento, dominando<br />

<strong>Wesley</strong>. Depois de aportar em Savannah, o afeto de um para com o<br />

outro continuou. Sophia estava confiante de que as intenções de<br />

<strong>Wesley</strong> eram honradas e a conduziriam ao casamento. <strong>Wesley</strong> buscou<br />

o conselho de seu amigo de confiança, Bispo Spangenberg, dos<br />

Morávios, e foi aconselhado a evitar contado com admiradores do<br />

sexo feminino. <strong>Wesley</strong> acatou o aviso, e sem qualquer explicação a<br />

169


Sophia, ele parou abruptamente de buscar por ela. Para piorar ainda<br />

mais a situação, Sophia era sobrinha de Causton.<br />

Em 12 de março de 1737, Sophia Hopkey casou-se com<br />

William Williamson, um balconista na loja de seu tio. Os dois foram<br />

embora para a Carolina do Sul, e se casaram em Sprysburg, que ficava<br />

vinte milhas acima do rio, fora das admoestações de <strong>Wesley</strong>. A<br />

colônia de Savannah era pequena em tamanho e de mente estreita. Os<br />

mexeriqueiros locais despedaçaram a reputação de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>.<br />

Acreditou-se que <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> havia assegurado uma promessa de<br />

Sophia, de nunca se casar com outro, mas que ele não a tinha pedido<br />

em casamento. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> deve ter se sentido completamente<br />

desapontado ao perder admiradora tão ardente. Depois do casamento,<br />

ele pareceu inconsolável, já que ele sempre admitiu seu mais extremo<br />

amor por ela. As preocupações de <strong>Wesley</strong> aumentaram, em 07 de<br />

Agosto de 1737, quando ele se recusou a dar a Sophia Williamson o<br />

Sacramento da Comunhão Santa na igreja.<br />

No dia seguinte, um mandado de prisão foi emitido contra<br />

<strong>Wesley</strong> por Williamson e sua esposa, Sophia. A queixa era por<br />

difamar Sophia, recusando-se a administrar a ela o Sacramento na<br />

Ceia do Senhor, em uma congregação pública, sem um motivo devido.<br />

Williamson moveu ação judicial por mil libras esterlinas, pelos danos<br />

por difamação do caráter de sua esposa. <strong>Wesley</strong> foi trazido diante do<br />

magistrado principal e o juiz municipal, mas ele não tinha<br />

conhecimento do poder de uma corte civil sobre ele, porque esse era<br />

um assunto de caráter eclesiástico. Ele foi requerido retornar para a<br />

corte seguinte que aconteceu em Savannah. Causton respondeu às<br />

circunstâncias confusas com uma reação de mexerico. Ele começou a<br />

declarar que a razão de <strong>Wesley</strong> ter repelido sua sobrinha foi vingança,<br />

porque ela havia declinado de seu pedido de casamento. A Sra. Sophia<br />

Williamson assinou um depoimento juramentado que <strong>Wesley</strong> havia<br />

proposto, inúmeras vezes, e que ela sempre o recusara. Causton<br />

tornou-se impaciente e requereu um ultimato com a espada. <strong>Wesley</strong><br />

recusou-se a lutar com Causton, em vez disso, escreveu uma carta para<br />

a Sra. Williamson explicando seus motivos.<br />

170


A carta que <strong>Wesley</strong> escreveu, como explicação, forneceu<br />

detalhe das razões, porque ele sentiu necessário recusar a comunhão<br />

dela; situando que os participantes da Comunhão Santa deveriam<br />

indicar seus nomes para o pároco auxiliar, pelo menos, um dia antes, e<br />

que a Sra. Williamson não tinha feito isto. <strong>Wesley</strong> também a<br />

aconselhou que, para oferecer-se à mesa do Senhor, aquele que tivesse<br />

feito alguma coisa errada, deveria abertamente declarar estar<br />

verdadeiramente arrependido. Foi nesse tempo, que <strong>Wesley</strong> pôde, com<br />

uma consciência clara, administrar a Comunhão Santa para a Sra.<br />

Williamson. Um outro ponto a ser tomado em consideração, foi que,<br />

desde seu casamento, em Março, ela não tinha atendido a igreja, e esse<br />

incidente aconteceu em Agosto. Em 22 de Agosto, o julgamento de<br />

<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> começou diante de um júri formado e assegurado por<br />

Causton. Esta não foi a primeira vez que Causton assegurou um júri,<br />

outros cidadãos queixavam-se de que ele poderia, até mesmo, ordenar<br />

um júri para requerer um certo tipo de veredicto. O júri consistiu de<br />

um francês, que não entendia Inglês; de um Papista; um Infiel; três<br />

Batistas e dezessete Dissidentes. O julgamento terminou com um<br />

julgamento incorreto. Doze dos jurados recusaram-se a assinar a conta<br />

de acusação; e suas razões eram que as contas eram falsas ou<br />

conflitantes com a lei. <strong>Wesley</strong> apareceu na corte diversos dias, em<br />

Setembro, mas sem qualquer proveito, já que o Sr. Williamson estava<br />

sempre convenientemente fora da cidade.<br />

No encerramento do incidente, <strong>Wesley</strong> nunca foi capaz de<br />

recuperar suas boas relações com as pessoas boas de Savannah. Elas<br />

começaram a olhar para <strong>Wesley</strong> como um Católico Romano, por<br />

causa de sua resistência para com os Dissidentes, e sua recusa em<br />

administrar-lhes a Comunhão. Estando associado com o Catolicismo<br />

Romano era contra a permissão dos Fiduciários. Muito pouco dos<br />

colonos atendeu a igreja, regularmente, nesse tempo. Em 03 de<br />

Novembro de 1737, <strong>Wesley</strong> apareceu na corte novamente. Agora o Sr.<br />

Causton provou ser um oponente formidável, e pareceu sábio para<br />

<strong>Wesley</strong> fazer preparações para deixar a colônia. Estava claro para ele<br />

171


que havia, realmente, uma balbúrdia da oposição construída contra ele<br />

nessa colônia.<br />

Os Fiduciários enviaram William Stephens, como<br />

representante, para desanuviar as afirmações, que cercaram esse caso<br />

sórdido. O Sr. Stephens conferiu com ambas as partes, e concluiu que<br />

a cidade estava dividida na controvérsia. <strong>Wesley</strong> continuou a pregar<br />

sobre tais assuntos, em como regular as paixões de uns, e o perdão<br />

mútuo. O Sr. Stephens ficou impressionado com o ardor e sinceridade<br />

da pregação de <strong>Wesley</strong>. Em 24 de Novembro, <strong>Wesley</strong> notificou<br />

publicamente suas intenções de retornar para a Inglaterra. Isto foi dois<br />

dias antes que o Sr. Williamson publicasse um aviso que ele tinha uma<br />

causa de mil libras contra <strong>Wesley</strong>. O aviso estabelecia que qualquer<br />

um que tentasse ajudar <strong>Wesley</strong> na partida seria processado da mesma<br />

forma.<br />

Em 26 de Janeiro, <strong>Wesley</strong> parte de Frederica: "Depois de ter<br />

dados socos no ar, nesse lugar infeliz, por vinte dias, em 26 de<br />

Janeiro, eu pedi minha licença final de Frederica. Não foi por alguma<br />

apreensão do meu próprio perigo, embora minha vida tenha sido<br />

ameaçada, muitas vezes, mas por um desespero absoluto de querer<br />

fazer o bem, que me fez lamentar a possibilidade de não vê-la mais".<br />

-------------------<br />

No tocante a publicação deste Diário, o seguinte extrato de<br />

uma recente parte dele pode apropriadamente encontrar lugar aqui. Ela<br />

é datada de 3 de Dezembro de 1738. O Diário foi publicado tanto no<br />

encerramento deste ano, ou (provavelmente) no início do ano<br />

seguinte. <strong>Wesley</strong> diz: "Eu recebi uma carta, sinceramente desejando<br />

que eu publique meu relato da Geórgia; e uma outra igualmente<br />

sincera, dissuadindo-me disto, 'porque traria muita perturbação sobre<br />

mim'. Eu consultei a Deus, em Sua Palavra, e recebi duas respostas; a<br />

primeira em (Ezequiel 33:26) [De acordo com o dever, a obrigação<br />

de uma atalaia é advertir as pessoas, o profeta é advertido de sua<br />

obrigação]. 'Vós vos estribais sobre a vossa espada; cometeis<br />

abominações, e cada um contamina a mulher do seu próximo! E<br />

172


haveis de possuir a terra?". A outra: II Timóteo 2:3 "Tu, portanto,<br />

sofre comigo como bom soldado de Cristo Jesus".<br />

Tyerman cede a seguinte carta interessante de <strong>Wesley</strong> a seu<br />

amigo Whitefield. Ela é datada de 16 de Março de 1739, e fornece<br />

uma compreensão da ocupação de <strong>Wesley</strong> naquele tempo:<br />

16 de Março de 1739<br />

Meu querido irmão,<br />

Na terça-feira, dia 8 do corrente, nós tomamos o desjejum na<br />

casa do sr. Score, Oxford, que está pacientemente esperando pela<br />

salvação da parte de Deus. De lá, fomos até o sra. Campton, que tem<br />

um coração de pedra, e reconhece que ela não deve estar<br />

envergonhada. Depois de passarmos algum tempo em oração, o sr.<br />

Washington veio com o sr. Gibb, e leu diversas passagens do livro do<br />

Bispo Patrick, Parábola do Peregrino, para provar que nós<br />

estávamos todos, sob ilusão, e que seriamos justificados pela fé e<br />

obras. Charles Metcalf opôs-se a ele diretamente, e declarou a<br />

simples verdade do evangelho. Quando eles se foram, nós novamente<br />

imploramos que nosso Senhor mantivesse Sua própria causa.<br />

Encontrando-nos com o sr. Gibbs, logo depois, e ele estava quase<br />

persuadido a buscar salvação apenas no sangue de Jesus. Entretanto,<br />

o sr. Washington e Watson, estavam indo a todas as partes e<br />

confirmando a descrença.<br />

Às quatro horas, nós os encontramos (sem pretendermos), e<br />

nos opusemos a eles novamente Das cinco às seis horas, nos<br />

estávamos confirmando os irmãos. Às seis horas, eu expus na casa da<br />

sra. Ford; como eu pretendia fazer na casa da sra Compton, às sete.<br />

Mas o sr. Washington foi até lá, antes de mim, e havia começado a ler<br />

o Bispo Ball, contra o Testemunho do Espírito. Ele me disse que foi<br />

autorizado pelo ministro da paróquia a assim proceder. Eu aconselhei<br />

a todos que valorizavam suas almas a irem embora; e, percebendo<br />

que este seria o mal menor dos dois; e, para que aqueles que<br />

173


permanecessem não fossem pervertidos, eu entrei diretamente em<br />

controvérsia, tocando tanto na causa, quanto nos frutos da<br />

justificação.<br />

No meio da disputa, a esposa de James Mear começou a sentir<br />

dores. Eu orei com ela um pouco, quando o sr. Washington foi<br />

embora; e, então, (tendo confortado o restante, como eu estava<br />

capacitado), descemos até Sister Thomas. No caminho, as dores da<br />

sra. Mears aumentaram, de tal forma, que ela não pode evitar gritar<br />

na rua. Com muita dificuldade, a levamos para a casa da sra. Shrieve<br />

(onde também o sr. Washington tinha estado antes de nós). Nós<br />

fizemos nosso pedido conhecido a Deus, e Ele nos ouviu e enviou um<br />

livramento para ela na mesma hora. Houve grande poder, em nosso<br />

meio, e seu marido também foi colocado em liberdade. Logo depois,<br />

eu senti tal desânimo golpear minha alma (e assim, a sra. Compton, e<br />

diversos outros), que eu não me lembro de ter alguma vez me<br />

encontrado assim antes.Eu acreditei que o inimigo estava perto de<br />

nós. Nós imediatamente clamamos por nosso Senhor para incitar Seu<br />

poder e vir e nos ajudar. Naquele momento, a sr. Shrieve caiu em uma<br />

estranha agonia; e todo seu corpo tremia excessivamente. Nós<br />

oramos, e dentro de uma hora a tempestade cessou. Ela agora<br />

desfruta de uma doce calma, tendo remissão dos pecados, e sabendo<br />

que seu Redentor vive.<br />

Em meu retorno à casa do sra, Fox, eu encontrei nosso<br />

querido irmão Kin-chin justamente vindo de Dummer. Nós nos<br />

regozijamos, e demos graças, e oramos, e tomamos doces conselhos<br />

juntos; e o resultado disto foi que, em vez de partir de Londres (como<br />

eu designara) na sexta-feira de manhã, eu partiria para Dummer, não<br />

havendo pessoa alguma para suprir aquela igreja no domingo. Na<br />

sexta-feira, portanto, eu parti, e vim, à noite para Reading, onde eu<br />

encontrei um jovem, Cennick, de nome, forte na fé de nosso Senhor<br />

Jesus. Ele começou uma Sociedade lá a semana anterior, mas o<br />

ministro da paróquia tinha agora quase a aniquilou. Diversos<br />

membros dela passaram a tarde conosco, e agradou a Deus fortalecêlos<br />

e confortá-los.<br />

174


Na manhã nosso irmão Cennick cavalgou comigo, quem eu me<br />

certifiquei disposto a sofrer; sim, a morrer, por seu Senhor. Nós<br />

viemos para Dummer, à tarde. A srta. Molly [a irmã de Charles<br />

Kinchin's, que era inválida] estava muito fraca na cama, mas forte no<br />

Senhor e no poder de Sua força. Certamente, a luz dela não seria<br />

assim oculta, sob o alqueire. Ele tinha o perdão, mas não o<br />

testemunho do Espírito (talvez, pela convicção de nosso querido<br />

irmão Hutchings, que pareceu acreditar que eles são inseparáveis).<br />

No domingo de manhã, nós tivemos uma larga e atenta<br />

congregação. À noite, a sala em Basingstoke estava cheia e minha<br />

boca estava aberta. Nós esperávamos muita oposição, mas<br />

encontramos nenhuma afinal.<br />

Na segunda-feira, a sra. Cleminger, com dor e medo, nós<br />

oramos e nosso Senhor trouxe-paz. Por volta do meio-dia, passamos<br />

uma hora ou duas em conferência e oração com a srta. Molly; e,<br />

então, partimos em uma gloriosa tempestade, mas, até mesmo eu, tive<br />

calma nela. Nós tínhamos designado a pequena Sociedade em<br />

Reading para nos encontrar à tarde; mas o inimigo estava muito<br />

vigilante. Quase tão logo saímos da cidade, o ministro mandou aviso,<br />

ou foi a cada um dos membros, e, tendo discutido e ameaçado,<br />

confundiram-nos extremamente, de modo que eles todos se<br />

dispersaram amplamente. A própria irmã do sr. Cennick não se<br />

atreveu a nos ver, mas saiu de propósito para nos evitar. Eu confio,<br />

no entanto, que nosso Deus irá reuni-los novamente, e que os portões<br />

do inferno não prevalecerão contra eles.<br />

Por volta da uma da tarde, na terça-feira, eu vim para Oxford<br />

novamente, e da casa do sr. Fox (onde tudo estava em paz), eu fui<br />

para a casa da sra. Compton. Eu me certifiquei que o ministro da<br />

paróquia tinha estado antes de mim, a quem ela declarou francamente<br />

a coisa como ela era – 'que ela nunca teve uma fé verdadeira em<br />

Cristo, até as duas horas da tarde da terça-feira precedente'. Depois<br />

de alguns outros avisos e expressões severas, 'ele disse a ela que ele<br />

deveria repeli-la da Comunhão Santa'. Certificando-se de que ela não<br />

175


estava convencida de seu erro, até mesmo por aquele argumento, ele<br />

a deixou calmamente regozijando-se em Deus, seu Salvador.<br />

Às seis da tarde, fomos para a Sociedade do sr. Fox; por volta<br />

das sete horas, para a casa da sra. Compton: o poder de nosso<br />

Senhor estava presente em ambas, e todos os nossos corações<br />

estavam unidos em amor.<br />

No dia seguinte, tivemos a oportunidade de confirmar a<br />

maioria, se não todas, das almas que tinham sido estremecidas. À<br />

tarde, eu preguei no Castelo. E, mais tarde, me reuni em oração,<br />

tendo agora Charles Graves acrescentado a nós, enraizado e<br />

alicerçado na fé. Nós, então, fomos para a sala do sr. Gibb, onde<br />

estava o sr. Washington e Watson. Aqui uma hora se passou em<br />

conferência e oração, mas sem qualquer disputa. Às quatro da<br />

manhã, eu deixei Oxford. Deus, de fato, plantou e regou. Ó, possa Ele<br />

fornecer o crescimento. –<br />

Eu sou,<br />

J.<strong>Wesley</strong><br />

----------<br />

[<strong>John</strong> Cennick]<br />

Quando nos tempos de <strong>Wesley</strong> foi necessária a supervisão do<br />

crescente número de novas Sociedades, ele começou a apontar pessoas<br />

para dividir a responsabilidade pelo trabalho em várias locações. Um<br />

desses primeiros foi <strong>John</strong> Cennick que tinha sido convertido em 1737,<br />

sob a influência de um Metodista (<strong>John</strong> Kinchin), em Oxford. Cennick<br />

tinha mostrado habilidades de liderança, na Sociedade, em Reading.<br />

No verão de 1739, <strong>John</strong> pediu a ele que fosse para Bristol preencher<br />

sua ausência. A intenção de <strong>Wesley</strong> era que Cennick comandasse as<br />

pessoas nas orações, nos estudos bíblicos e exortações ocasionais (mas<br />

176


não que pregasse, como era reservado aos clérigos). Quando foi<br />

questionado a ir para Bristol, e liderar as Sociedades lá, o jovem ficou<br />

muito excitado. Cennick tinha aspirações de se tornar um professor, e<br />

ele tinha ouvido de George Whitefield que havia planos de construir<br />

uma escola em Kingswood.<br />

A maior preocupação que <strong>John</strong> e Charles <strong>Wesley</strong> tinham a<br />

respeito de Cennick era se ele poderia se refrear de ensinar a doutrina<br />

Calvinista que se opunha aos ensinos de <strong>Wesley</strong> da redenção<br />

universal. "Por algum tempo ele se conteve", até Dezembro de 1740.<br />

Por aproximadamente um mês, <strong>Wesley</strong> foi chamado a estar em<br />

Londres. Retornando a Bristol, em meados de Fevereiro, ele começou<br />

a investigar as divisões e ofensas, as quais foram causando rachaduras,<br />

nas Sociedades de lá. <strong>John</strong> Cennick e Thomas Bissicks tinham<br />

afirmado, na ausência de <strong>Wesley</strong>, que ele estava pregando uma falsa<br />

doutrina e dando assistência ao papa. Cennick, em uma carta para<br />

Whitefield, disse que o efeito das pregações de <strong>Wesley</strong> colocava-o, ao<br />

lado de Satã, fazendo guerra contra os santos.<br />

<strong>Wesley</strong> podou a Sociedade e publicou acusação formal contra<br />

o grupo opositor. "Diversos membros do grupo da Sociedade, em<br />

Kingswood, tinham feito disso uma prática comum para ridicularizar<br />

as pregações do Sr. <strong>John</strong> e Charles <strong>Wesley</strong>. Eles falaram mal deles,<br />

pelas costas, da mesma maneira que professavam amor e estima, na<br />

presença dos mesmos". <strong>Wesley</strong>, então, elucidou que eles não estavam<br />

sendo escolhidos por suas opiniões, mas por ridicularizarem a Palavra<br />

e os ministros de Deus, dizendo falsidades, calúnias, mentiras,<br />

difamando e dissimulando. Com Cennick, no palanque, ao seu lado,<br />

<strong>Wesley</strong> leu essas palavras à Sociedade: "Eu <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, pelo<br />

consenso do grupo da Sociedade, em Kingswood, declaro que essas<br />

pessoas mencionadas não mais são membros, daqui por diante".<br />

Depois de ter sido expulso da Sociedade de Kingswood, <strong>John</strong><br />

Cennick escreveu em seu Diário "Eu fiquei um pouco surpreso,<br />

embora eu tenha mostrado pouco disso, para as almas, apenas eles me<br />

viram chorar, quando eu fui embora". <strong>Wesley</strong> exigiu lealdade, mas sua<br />

177


afeição por Cennick, rapidamente, o impediu. "Ele implorou a<br />

Cennick para lutar em orações, esperando que ele pudesse reconhecer<br />

suas falhas e ser readmitido. Cennick estava certo de que as ofensas<br />

dele, aos olhos de <strong>Wesley</strong>, eram por ele acreditar na predestinação.<br />

<strong>Wesley</strong> opôs-se dizendo que ele não tinha sido expulso por causa de<br />

suas opiniões". Em 8 de Março, Cennick e cinqüenta e um outros<br />

membros retiraram-se da Sociedade de Kingswood, e noventa deles<br />

permaneceram com <strong>Wesley</strong>. Embora os dois homens mantivessem a<br />

amizade, duas Sociedades rivais ergueram-se em Kingswood.<br />

Em 22 de Março de 1739, Whitefield escreveu para <strong>Wesley</strong>,<br />

implorando a ele, da maneira mais incisiva, a vir para Bristol, sem<br />

demora. Disto, "<strong>Wesley</strong>" recuou, principalmente, sob a influência das<br />

Escrituras, que, de acordo com seu método de consultá-las nas<br />

emergências, mostrou-se a ele. A viagem foi proposta para a<br />

Sociedade em Fetter Lane. Charles opôs-se, até que, apelando<br />

igualmente para a Palavra, ele recebeu a mensagem: "Como falado<br />

para si mesmo, 'Filho do homem, eis que dum golpe tirarei de ti o<br />

desejo dos teus olhos; todavia não te lamentarás, nem chorarás, nem<br />

te correrão as lágrimas'" (Ezequiel 24:16). A questão foi entregue à<br />

Sociedade, mas eles, incapazes de chegarem a um acordo,<br />

concordaram decidi-la pela sorte; pelo que, foi determinado que ele<br />

deveria ir. Mais tarde, diversos, pedindo que pudessem "abrir a<br />

Bíblia", concernente ao resultado desta, eles o fizeram nas seguintes<br />

passagens, "que", diz <strong>Wesley</strong>, "eu deverei registrar, sem qualquer<br />

reflexão sobre elas". (II Samuel 3:1) "Ora, houve uma longa guerra<br />

entre a casa de Saul e a casa de Davi; porém Davi se fortalecia cada<br />

vez mais, enquanto a casa de Saul cada vez mais se enfraquecia". (II<br />

Samuel 4:11) "Quanto mais quando homens cruéis mataram um<br />

homem justo em sua casa, sobre a sua cama, não requererei eu o seu<br />

sangue de vossas mãos, e não vos exterminarei da terra?" (II<br />

Crônicas 28:27) "E Acaz dormiu com seus pais, e o sepultaram na<br />

cidade, até mesmo, em Jerusalém".<br />

178


Não é fácil ver que instrução poderia ganhar deste apelo<br />

aleatório à Sagrada Palavra; ou que impressão tais passagens como as<br />

acima fariam na mente dos inquiridores, outra do que uma triste e<br />

sombria. Sua relevância não está em alguma maneira indicada na<br />

história subseqüente.<br />

<strong>Wesley</strong> deixou Londres. Na quinta-feira, 29 de Março, expôs<br />

para uma pequena companhia, à noite, em Basingstoke, e alcançou<br />

Bristol, no sábado de tarde. Whitefield escreve:<br />

Sábado, 31 de Março – "Eu fiquei muito reanimado ao ver<br />

meu honrado amigo, sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, a quem eu desejei estar mais<br />

perto, e a que eu agora tive o prazer de apresentar aos meus amigos;<br />

ele nunca antes esteve em Bristol". No domingo, Whitefield pregou<br />

em campo aberto, e <strong>Wesley</strong> observou: "Dificilmente poderia<br />

reconciliar-me, a principio, com esta estranha idéia de eu pregar nos<br />

campos, tendo minha vida, até muito recentemente, tão obstinada em<br />

cada ponto, relativo à decência e ordem, que eu teria pensado que a<br />

salvação das almas seria quase um pecado, não fosse feita em uma<br />

igreja".<br />

À tarde, no entanto, ele expôs o Sermão da Montanha, de<br />

nosso Senhor, para uma pequena sociedade que encontrou uma ou<br />

duas vezes na semana, em Nicholas Street. Ele considerou esta<br />

questão "de pregação no campo", um "precedente muito notável". E<br />

no dia seguinte, segunda-feira, dia 2 de Abril, às quatro horas da tarde,<br />

ele "se submeteu a ser mais vil, e proclamou nas estradas, as boas<br />

novas da salvação, para aproximadamente três mil pessoas". Seu<br />

texto nesta mais interessante ocasião foi: "O Espírito do Senhor está<br />

sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos<br />

pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e<br />

restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,<br />

no aceitável ano do Senhor" (Lucas 4:18).<br />

Isto deve ser lembrado, como um passo, supremamente<br />

significativo, em sua carreira de evangelista, e no progresso daquele<br />

179


avivamento espiritual que foi destinado a mudar a inteira moral e<br />

aspecto religioso daquelas ilhas, alterar a condição da vida da Igreja, e<br />

inaugurar a era do entusiasmo religioso, da benevolência, e da<br />

atividade cristã, que encontrou sua mais sublime exemplificação na<br />

vitalidade re-despertada das Igrejas desta terra, no estabelecimento e<br />

expansão das Igrejas, no recente mundo transatlântico em formação, e<br />

naquele afloramento do zelo pelas missões estrangeiras que<br />

distinguiram o último século.<br />

Esta abertura de um novo caminho foi seguida por uma<br />

atividade imediata e muito difundida, na pregação do evangelho, e por<br />

alguns muitos extraordinários fenômenos na conduta de muitos<br />

daqueles que ouviram.<br />

À tarde, depois da pregação no campo, <strong>Wesley</strong> expôs os Atos<br />

dos Apóstolos para uma sociedade reunida em Baldwin Street; e, no<br />

dia seguinte, o Evangelho de João na Capela de Newgate, onde ele<br />

também leu o serviço matinal da Igreja. No dia seguinte, em Baptist<br />

Mills, ele "ofereceu a graça de Deus, para aproximadamente cento e<br />

quinze pessoas". À tarde daquele dia, três mulheres concordaram em<br />

se encontrar, para confessarem suas faltas, umas às outras, e orarem<br />

umas pelas outras, para que fossem curadas; e quatro jovens também,<br />

para o mesmo propósito. Esses encontros eram uma imitação dos<br />

encontros na Sociedade Fetter Lane de Peter Bohler [Morávio].<br />

É interessante notar quão intimamente esta sociedade<br />

completamente independente foi modelada, de acordo com as regras<br />

de Bohler, desde o começo e encontrando-se às quartas-feiras. Este foi<br />

o início de uma instituição que, mais tarde, tornou-se de um de grande<br />

valor no relacionamento e expansão da vida espiritual em meio dos<br />

Metodistas. Ele pergunta: "Como algum homem se atreve a negar que<br />

esta seja, quanto à sua essência, um meio da graça, ordenada por<br />

Deus? Exceto se ele afirmar com Lutero, na fúria de seu<br />

solifidianismo [mantém que a fé somente, sem as obras, é suficiente<br />

pás a justificação], que A Epístola de Tiago é uma epístola sem<br />

valor?".<br />

180


Nos três dias seguintes, ele expôs as Escrituras em três outras<br />

sociedades. No domingo seguinte, pregou às sete horas, para<br />

aproximadamente mil pessoas, em Bristol, mais tarde, para cento e<br />

cinqüenta, no topo do Monte Hanham, em Kingswood, e por volta de<br />

cinco mil mais à tarde, em Rose Green. Na terça-feira, pretendeu ir<br />

para Bath, onde pregou para aproximadamente mil almas, e, na manhã<br />

seguinte, para duas vezes mais o número, e para uma multidão<br />

igualmente grande em Baptist Mills, à tarde. No sábado seguinte, dia<br />

14, ele pregou em um albergue, trezentas ou quatrocentas pessoas<br />

havia dentro, e duas vezes mais do lado de fora. No domingo de<br />

manhã, às sete horas, ele proclamou a verdade para quinhentas ou<br />

seiscentas pessoas; mais tarde, para três mil no Monte Hanham, para<br />

uma congregação lotada em Newgate, depois do jantar; entre cinco e<br />

seis horas, para cerca de cinco mil em Rose Green; e concluiu o dia<br />

com um discurso para uma das sociedades. Na terça-feira seguinte,<br />

numa pequena sociedade, o peso das pessoas fez com que o solo<br />

desabasse; mas logo todos já estavam tranqüilamente atendendo às<br />

coisas que eram faladas; mais tarde, ele expôs em outra sociedade.<br />

Foi nesta época, que o estranho fenômeno começou a aparecer,<br />

e que, por um tempo, caracterizou os serviços. <strong>Wesley</strong> deu o seguinte<br />

relato: "Nós, então, clamamos a Deus para confirmar sua palavra.<br />

Imediatamente alguém de pé ao lado, para nossa não pequena<br />

surpresa, gritou com a mais extrema veemência, como se nas agonies<br />

da morte. Mas nós continuamos em oração, até que uma nova canção<br />

foi colocada em sua boca, uma ação de graças a nosso Deus. Logo<br />

depois, duas outras pessoas foram acometidas com forte dor, que as<br />

constrangeram a gemer pela inquietude de seus corações. Mas não<br />

muito tempo antes que elas irrompessem em louvor a Deus, seu<br />

Salvador. Um outro clamou por Deus, do ventre do inferno; e, num<br />

curto espaço de tempo, ele já estava dominado com alegria e amor,<br />

sabendo que Deus havia curado suas apostasias. Deus nos tem dado<br />

tantas testemunhas vivas; Sua mão ainda se estende para curar, e<br />

estes sinais e maravilhas são, até mesmo agora, forjadas pelo Santo<br />

Filho Jesus".<br />

181


Exemplos adicionais ocorreram nos dias seguintes. Em um<br />

caso, "um jovem foi subitamente acometido de um violento tremor por<br />

todo o corpo, e, em poucos minutos, com as tristezas de seu coração,<br />

ampliadas, ele caiu ao chão. Mas ele não cessou de chamar por Deus,<br />

até que Ele o levantou cheio de paz e alegria no Espírito Santo". Na<br />

Páscoa, choveu, e ele pode apenas pregar em Newgate, às oito da<br />

manhã e duas da tarde; na casa perto do Monte Hanharn, às onze, e em<br />

um próximo a Rose Green, às cinco horas; concluindo o dia na<br />

sociedade, na tarde; quando "muitos tiveram o coração contrito, e<br />

muitos, confortados". No dia seguinte, ele foi, depois de repetidos<br />

convites, para Pensford, por volta de cinco milhas de Bristol, e pediu<br />

permissão ao ministro, para pregar na Igreja; mas, depois de esperar<br />

por algum tempo, e sem resposta, ele pregou "em campo aberto"; e, à<br />

tarde, em um lugar conveniente, perto de Bristol, para mais de três<br />

mil. Novamente, na quarta-feira, em Bath, para aproximadamente mil<br />

pessoas; às quatro da tarde, para os pobres mineiros de carvão, em<br />

Two Mile Hill, em Kingswood; e, à tarde, em Baldwin Street, quando<br />

"um jovem, depois de dolorosa agonia, embora breve, tanto de corpo<br />

quanto de mente, encontrou sua alma preenchida com paz, sabendo o<br />

Deus, em quem acreditava".<br />

No começo da semana, enquanto pregando em Newgate, ele<br />

"foi inconscientemente conduzido", ele nos disse, "sem qualquer<br />

objetivo prévio, a declarar forte e explicitamente que Deus fará com<br />

que todos os homens sejam assim salvos; e a orar, para que, se esta<br />

não fosse a verdade de Deus, que Ele não permitisse que o cego saísse<br />

do caminho; mas se fosse, que Ele testemunhasse Sua palavra.<br />

Imediatamente, um, após outro, caiu ao chão, de todos os lados, como<br />

que aturdidos. Uma jovem gritava. Nós imploramos a Deus em seu<br />

benefício, e Ele transformou a opressão dela em alegria. Uma<br />

segunda, na mesma agonia, nós clamamos a Deus por ela também; e<br />

Ele lhe falou paz à sua alma". "Na manhã", ele disse, "Eu fui<br />

novamente pressionado no espírito, a declarar que Cristo deu a si<br />

mesmo, como resgate por todos. E pouco antes que clamássemos por<br />

Ele, para colocar Seu selo, Ele respondeu. Uma jovem foi tão ferida<br />

182


pela espada do Espírito, que você teria imaginado que ela não viveria<br />

mais. Mas imediatamente sua abundante bondade foi mostrada, e ela<br />

cantou em voz alta, Sua retidão. No sábado, toda Newgate ressoava<br />

com os gritos daqueles a quem a Palavra de Deus cortava o coração;<br />

dois dos quais, foram imediatamente preenchidos com alegria".<br />

No domingo seguinte, ele primeiro declarou a livre graça de<br />

Deus, para cerca de quatro mil pessoas em Bristol; então, em Clifton,<br />

a pedido do ministro (Rev. <strong>John</strong> Hodges), que estava enfermo; de lá,<br />

ele retornou para uma pequena planície perto do Monte Hanham,<br />

onde, por volta de três mil pessoas estavam presente. Em Clifton, à<br />

tarde, a igreja estava completamente cheia quando das orações e<br />

sermão; e o pátio da igreja no sepultamento que se seguiu. Em Rose<br />

Green, mais tarde, foi calculado perto de sete mil reunidos; de onde<br />

ele se dirigiu para a Sociedade Gloucester Lane , depois, para a<br />

primeira festa do amor em Baldwin Street. Ele bem exclamaria: "Ó,<br />

como Deus renovou minhas forças. Há dez anos eu me sentia fraco e<br />

cansado com a pregação duas vezes ao dia".<br />

Se esses extraordinários trabalhos zelosos tivessem<br />

rapidamente diminuído, não teriam despertado surpresas; mas, embora<br />

o número de serviços verdadeiramente conduzidos por ele, não fosse,<br />

em geral, sempre tão numeroso (porque ele freqüentemente atendia<br />

ao Serviço matinal e noturno comum da Igreja, onde quer que ele<br />

fosse, pregando em campo aberto e para as sociedades fora dos<br />

horários da Igreja), ainda assim, em outros aspectos, esses são<br />

apenas exemplos de seus esforços continuados com a devoção<br />

incansável, até o limite extremo de sua força física, mesmo no fim de<br />

seus dias.<br />

Não é de se admirar, que muitas pessoas ficassem ofendidas<br />

com o estranho fenômeno físico que elas testemunhavam. Em meio a<br />

elas, havia um médico, que estava muito temeroso que houvesse<br />

fraude ou impostura no caso. "Hoje", <strong>Wesley</strong> diz, "alguém a quem ele<br />

[o médico] conhecia há muitos anos foi a primeira, enquanto eu<br />

estava pregando em Newgate, a irromper em estranhos gritos e<br />

183


lágrimas. Ele quase não acreditou em seu próprios olhos e ouvidos.<br />

Ele foi até ela, e observou todos os sintomas, até que grandes gotas de<br />

suor correram por sua face, e todo os seus ossos estremeceram. Ele,<br />

então, não soube o que pensar, estando claramente convencido de que<br />

não se tratava de fraude, nem ainda de alguma desordem natural.<br />

Mas quando ambos sua alma e corpo foram curados, no mesmo<br />

instante, ele reconheceu o dedo de Deus!". Este foi provavelmente Dr.<br />

Middleton, um amigo muito antigo dos <strong>Wesley</strong>s, em Bristol, cuja<br />

morte, Charles <strong>Wesley</strong> lamentou em uma elegia de vinte e um versos;<br />

leitura que sensibilizou a alma amorosa de Fletcher às lágrimas.<br />

Provavelmente foi por causa dele que o "Hino ao Médico" foi escrito.<br />

Na terça-feira, 1º. de Maio, ele escreve: "Muitos ficaram<br />

ofendidos novamente, e, de fato, muito mais do que antes. Porque, em<br />

Baldwin Street, minha voz mal podia ser ouvida, em meio aos gemidos<br />

de alguns, e gritos de outros, chamando por Ele que é poderoso para<br />

salvar. Eu desejei que todos que fossem sinceros de coração<br />

suplicassem comigo ao Príncipe louvado por nós, para que Ele<br />

proclamasse livramento aos cativos. E Ele logo mostrou que ouviu<br />

nossa voz. Muitos daqueles que estiveram na escuridão viram o<br />

alvorecer de uma grande luz, e dez pessoas, eu me certifiquei, mais<br />

tarde, disseram na fé: 'Meu Senhor e meu Deus'. Um Quacre, que<br />

estava ao lado, não ficou pouco descontente 'com a dissimulação<br />

daquelas criaturas", e mordia os lábios e cerrava as sobrancelhas,<br />

quando ele caiu ao chão como que atingido por um raio. A agonia em<br />

que ele se encontrou foi até mesmo difícil de observar. Nós<br />

imploramos a Deus para que ele não enlouquecesse. E ele logo<br />

levantou sua cabeça, e gritou: 'Agora, eu sei que tu és um profeta do<br />

Senhor'.<br />

Em Newgate, enquanto eles estavam em oração, um outro<br />

murmurador foi confortado, e outro que havia sido atirado na<br />

perplexidade por um opositor, também. Quando eles se levantaram<br />

para dar graças por este um, outro "cambaleou quatro ou cinco<br />

passos, e, então, tombou". Eles oraram por ele, e o deixaram<br />

"fortemente convencido do pecado, e sinceramente pedindo por<br />

184


livramento". Um outro, que era zeloso pela Igreja, e se opôs muito a<br />

todo Dissidente, sendo informado de que pessoas "eram acometidas<br />

de estranhos ataques nas sociedades", ele veio ver pessoalmente, e se<br />

esforçou para convencer seus conhecidos que "aquilo era uma ilusão<br />

do diabo". Mas, enquanto lia o sermão sobre a Salvação pela Fé, "ele<br />

mudou de cor, tombou de sua cadeira, e começou a gritar<br />

terrivelmente, e a debater-se no chão", seu peito levantando-se, ao<br />

mesmo tempo, como nas agonias da morte, e grandes gotas de suor,<br />

gotejando em sua face. <strong>Wesley</strong> diz: "Todos nós nos entregamos à<br />

oração. Suas agonies cessaram, e tanto seu corpo quanto sua alma<br />

estavam livres".<br />

Que <strong>Wesley</strong> dê sua própria impressão sobre essas ocorrências<br />

singulares. Ele escreve:<br />

Durante todo este tempo, eu quase continuamente me<br />

perguntei: Como essas coisas podem ser? Para alguém que tem me<br />

escrito muito sobre este assunto, a somatória de minha resposta foi<br />

como se segue: A questão entre nós torna-se uma questão realmente.<br />

Você nega que Deus agora opere esses efeitos; pelo menos, que Ele os<br />

opera desta maneira. Eu afirmo ambos, porque eu tenho ouvido essas<br />

coisas, e visto essas coisas. Eu vi, até onde coisas desse tipo podem<br />

ser vistas, muitas pessoas mudadas, de repente, do espírito de temor,<br />

horror, desespero, para o espírito do amor, alegria, e paz; e do desejo<br />

pecaminoso, até, então, reinando sobre elas, para o desejo puro de<br />

fazer a vontade de Deus. Essas são questões de fato, das quais tenho<br />

sido, quase diariamente, testemunha ocular e auditiva. O que eu tenho<br />

a dizer no tocante às visões ou sonhos é isto: Eu conheço diversas<br />

pessoas em quem esta grande mudança foi forjada em um sonho, ou<br />

durante uma forte representação em sua mente, de Cristo, quer na<br />

cruz, ou na glória. Este é o fato; que alguém o julgue, como lhe<br />

agradar. E que tal mudança foi, então, forjada, aparece, não do seu<br />

derramar-se em lágrimas apenas, ou em seus ataques, ou gritos: esses<br />

não são os frutos, como você parece supor, por meio do qual eu julgo;<br />

mas de todo o teor da vida deles, até, então, muitos caminhos<br />

pecaminosos que, desde aquele momento, se tornaram santos, justo, e<br />

185


ons. Eu mostrarei a você, alguém que era um leão, até então, e<br />

agora é um cordeiro; aquele que era um bêbado, e agora está<br />

exemplarmente sóbrio; o devasso que agora abomina a mesma<br />

vestimenta maculada pela carne. Esses são meus argumentos vivos,<br />

para os quais eu afirmo, ou seja, que Deus agora, como<br />

anteriormente, dá remissão dos pecados, e o dom do Espírito Santo,<br />

até mesmo a nós, e nossos filhos; sim, e que sempre, de repente, até<br />

onde eu sei, e freqüentemente em sonhos ou em visões de Deus. Se<br />

não for assim, eu serei uma falsa testemunha perante Deus. Porque<br />

essas coisas eu testifico, e pela Sua graça, testificarei.<br />

Dessas estranhas condições físicas ele diz: --<br />

Talvez, devido à dureza de nossos corações, não preparados<br />

para receber alguma coisa, exceto aquilo que vemos com nossos<br />

próprios olhos, e ouvimos com nossos ouvidos, Deus, em<br />

complacência com nossa fraqueza, permitiu tantos sinais exteriores,<br />

ao mesmo tempo em que ele forjou esta mudança interior,<br />

continuamente vista e ouvida em nosso meio. Mas, embora eles vissem<br />

sinais e maravilhas (porque é desta forma que devemos denominálos),<br />

ainda assim, muitos não acreditaram. Eles não negariam os<br />

fatos, na verdade, mas não poderiam dar satisfações. Alguns<br />

disseram: 'Esses foram efeitos puramente naturais; as pessoas<br />

sugeriram isto, apenas devido ao calor e falta de ventilação das<br />

salas'. E esses estavam certos de que 'tudo fora um logro; que eles<br />

impediriam se pudessem. Ou, por que essas coisas eram restritas às<br />

sociedades privadas? Por que elas não aconteciam à luz do sol?'.<br />

Hoje, 21 de Maio de 1739, nosso Senhor respondeu por Ele mesmo;<br />

porque enquanto eu estava reforçando essas palavras: "Aquietai-vos,<br />

e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado<br />

na terra". [Salmos 46:10], Ele relevou seu braço, não apenas em uma<br />

sala fechada, nem em privativo, mas em campo aberto, e diante de<br />

mais de duas mil testemunhas. Uma e outra, e outra se prostraram ao<br />

chão; excessivamente tremendo à presença do poder de Deus. Outras<br />

soltaram um grito alto e doloroso: 'O que devo fazer para ser salvo?'.<br />

E, em menos de uma hora, sete pessoas, completamente<br />

186


desconhecidas por mim, até aquele momento, estavam se regozijando<br />

e cantando, com toda sua força, dando graças ao Deus de sua<br />

salvação.<br />

À noite, ele foi interrompido, em Nicholas Street, quase tão<br />

logo começou a falar, pelos "gritos de alguém que teve seu coração<br />

afligido, e implorou fortemente pelo perdão e paz. Ele prosseguiu, e<br />

declarou o que Deus já havia feito, como prova daquela importante<br />

verdade, a de que Ele 'não deseja que alguém pereça, mas que todos<br />

se arrependam'. Uma outra pessoa caiu perto de alguém que fora um<br />

forte defensor da doutrina contrária. Enquanto ele permaneceu<br />

atônico, com o que via, um garoto perto dele foi acometido da mesma<br />

maneira. Um jovem, logo atrás, fixou seus olhos nele, e sucumbiu,<br />

como que morto; mas logo começou a gemer e a debater-se ao chão,<br />

de maneira que seis homens mal conseguiram segurá-lo". Este foi<br />

Thomaz Maxfield, de quem nós ouviríamos falar logo mais. <strong>Wesley</strong><br />

acrescenta: "Eu nunca vi alguém tão dilacerado pelo diabo.<br />

Entretanto, muitos outros começaram a clamar para o Salvador de<br />

todos, para que Ele viesse e os ajudasse, de tal maneira, que todos da<br />

casa, e, na verdade, todos da rua, por algum período de tempo,<br />

estavam em grande alvoroço. Mas nós continuamos em oração; e<br />

antes das dez, a maior parte encontrou o descanso para suas almas'".<br />

Ele foi chamado para ministrar a Ceia a alguém "em violenta agonia",<br />

e, por volta do meio-dia, para outro. "Eu penso", ele acrescenta,"vinte<br />

e nove no total tiveram sua opressão transformada em alegria, neste<br />

dia".<br />

Que as pessoas foram convencidas do pecado, pelo Espírito<br />

Divino, através da mediação da Palavra pregada, não há do que se<br />

duvidar. Mas, quaisquer explicações que sejam dadas desses estranhos<br />

fenômenos físicos, não os considerariam como afetando, de alguma<br />

forma, a devoção daqueles que estiveram sujeitos a eles; nem, no<br />

entender de <strong>Wesley</strong>, houve neles alguma evidência de mudança de<br />

caráter, ainda que o caráter pudesse ser mudado, durante a<br />

continuidade deles. Talvez, suas próprias palavras, escritas, em um<br />

187


período mais tarde, possam servir, no momento, como uma explicação<br />

satisfatória, assim como qualquer uma que possa ser dada. Ele diz:<br />

Eu asseguro que circunstâncias extraordinárias têm atendido<br />

esta convicção em algumas instâncias. Eu tenho freqüentemente dado<br />

um relato pessoal. Enquanto a Palavra de Deus era pregada, algumas<br />

pessoas tombaram como mortas; algumas, por assim dizer, em fortes<br />

convulsões; algumas gemendo alto, embora que não com voz<br />

articulada; e outras falaram da angústia de suas almas. Isto é<br />

facilmente considerado tanto pelos princípios da razão quanto pelos<br />

das Escrituras:<br />

Primeiro, quanto aos princípios da razão. Porque quão fácil é<br />

supor que uma forte, viva, e súbita apreensão do pecado abominável,<br />

da ira de Deus, e das dores amargas da morte eterna, possam afetar o<br />

corpo, assim como a alma, durante as leis presentes da união vital; -possam<br />

interromper ou perturbar as circulações comuns, e colocar a<br />

natureza fora de seu curso! Sim, nós podemos questionar se, enquanto<br />

esta união subsiste, é possível para a mente ser afetada, em um grau<br />

tão violento, sem um ou outro dos sintomas que se seguem.<br />

É igualmente fácil considerar, quanto aos princípios das<br />

Escrituras. Porque, quando temos uma visão de dentro desta luz, nós<br />

devemos acrescentar à consideração das causas naturais, a atividade<br />

daqueles espíritos que ainda sobressaem pela força, e, até onde têm a<br />

permissão de Deus, não falharão em atormentar aqueles que eles não<br />

podem destruir; em despedaçar aqueles que estão vindo para Cristo.<br />

É também notável que existe uma Escritura clara; precedente a todo<br />

sintoma, que ultimamente tem surgido, de maneira que não podemos<br />

admitir que se trate de loucura a convicção atendida por esses, sem<br />

desistir tanto da razão, quanto das Escrituras.<br />

Ele garante, mais adiante, que "os toques de extravagância,<br />

beirando a loucura", podem, algumas vezes, atender convicções<br />

severas, e que isto pode ser facilmente considerado pelas leis<br />

presentes de nossa estrutura física. Portanto, ele conclui: "não é<br />

188


estranho que alguns, enquanto sob fortes impressões de aflição ou<br />

temor, da consciência da ira de Deus, possam, por um período,<br />

esquecer quase todas as outras coisas, e dificilmente serem capazes<br />

de responder a uma questão comum; que alguns possam imaginar que<br />

eles vêm estranhas visões, ou que outros possam ser atirados dentro<br />

de grandes temores. Mas todos esses efeitos desaparecem, de repente,<br />

quando quer que a pessoa convencida prove do amor perdoador de<br />

Deus".<br />

Várias opiniões foram, então, e têm sido assim levadas em<br />

consideração, não quanto à boa credibilidade de <strong>Wesley</strong>, em seus<br />

relatos desses fenômenos singulares; isto nunca foi questionado – não<br />

quanto à realidade da ocorrência deles; nem quanto às mudanças<br />

forjadas no caráter e vidas de muitas "vítimas" dessas estranhas<br />

experiências. Mas as opiniões têm diferido quanto à exata natureza e<br />

causa principal. Southey [Robert – poeta -1774-1843] os ataca com<br />

muita severidade. Ele é questionado por Watson, e pelo editor de uma<br />

edição de sua própria obra. Charles <strong>Wesley</strong> foi importunado por elas,<br />

embora tenham, ocorrido, algumas vezes, sob sua própria pregação; e<br />

ele, até mesmo, esforçou-se para impedi-las, dando instruções, a um<br />

serviçal que, se alguns fossem assim afetados, que eles fossem<br />

carregados para fora, e ele relata que, naquela ocasião, os carregadores<br />

não foram perturbados!<br />

Não é completamente surpresa que esses efeitos se seguiriam,<br />

até mesmo, se nós colocarmos de lado qualquer referência à atuação<br />

sobre-humana. Como foi mostrado acima, o próprio <strong>Wesley</strong><br />

reconheceu completamente as obras comuns das leis da natureza<br />

humana, físicas e mentais. É razoável perguntar, se não existiram<br />

causas naturais suficientes para esclarecê-las mais amplamente.<br />

Vamos lembrar que havia uma apatia religiosa geral, e, até mesmo,<br />

uma profunda e abundante pecaminosidade, em quase todas as partes<br />

da terra, e que a pregação de <strong>Wesley</strong> foi de um caráter peculiarmente<br />

efetivo. Se ele necessitava do dramático caráter pitoresco de<br />

Whitefield, seu estilo era singularmente claro, vívido, e incisivo.<br />

Ninguém poderia interpretá-lo mal. Ele denunciou o pecado em<br />

189


termos inteiramente livres de ambigüidade. Ele apelava, com<br />

penetrante intimidade, às consciências de seus ouvintes, na larga<br />

proporção da sua inevitável responsabilidade de auto-condenação; de<br />

maneira que, sob sua pregação, homens e mulheres, eram<br />

profundamente convencidos da pecaminosidade pessoal. Nem ele<br />

escondia as terríveis conseqüências de um mau procedimento, que<br />

para ele, era uma certeza terrível. Se ele não descrevia um inferno de<br />

tormentos, ele proclamava um. Não havia o que ocultar deste terrível<br />

assunto, na perplexidade de uma linguagem indefinida, mas uma<br />

afirmação, sem hesitação dela, em termos bíblicos calmos, simples,<br />

uniformes. Porque nos auto-condenados não havia esperança de<br />

isenção. As punições do pecado permaneciam diante deles claramente<br />

reveladas. Eles não buscariam coisa alguma, a não ser julgamento, e<br />

uma ardente indignação que devoraria os adversários. Em uma<br />

consciência culpada, auto-condenada, o medo da vingança inevitável<br />

produziria medo e terror esmagador.<br />

Mas uma outra categoria de emoções foi levada à cena. Com<br />

igual clareza, com igual confiança indubitável, e com um apelo terno,<br />

ele pregou para o aterrorizado, o amor Divino pela humanidade, e a<br />

suficiência de uma redenção divinamente providenciada para todos.<br />

Os homens poderiam não ouvir <strong>Wesley</strong> pregar, e, ainda assim,<br />

duvidariam, se Deus os amava e desejava a salvação deles; ou se ele<br />

havia aberto um caminho acessível para Si mesmo para todos. Em<br />

tons compassivos ele exclamava:<br />

"Venham todos do mundo, vem tu, pecador. Todas as coisas estão<br />

prontas agora em Cristo".<br />

A mesma mensagem era lida, pelo mais vil e pelo pior de<br />

todos, aqueles que estavam nos espasmos da angústia mais terrível.<br />

Em meio a tais revulsões de sentimento, até mesmo o forte autocontrole<br />

dificilmente preservaria um equilíbrio mental. A alegre<br />

esperança sucedendo o medo esmagador; as primeiras pulsações da fé<br />

que abria com algum grau de segurança para a possibilidade de uma<br />

salvação certa – tudo isto era suficiente para perturbar o equilíbrio das<br />

190


pessoas, por outro lado, calmas e auto-controladas. Não se pode<br />

questionar que algumas instâncias desses fenômenos compartilhavam<br />

com a natureza da histeria, hipocondria, condições de prostração física<br />

e exaltação mental, com falta de controle mental e físico, produzidos<br />

por uma severa, e freqüentemente prolongada tensão nervosa, ou por<br />

um forte excitamento emocional. A esta causa pode ser atribuída a<br />

risada incontrolável, que <strong>Wesley</strong>, mais tarde, registra, e do qual tanto<br />

ele quanto seu irmão Charles, em uma ocasião anterior, pelo menos,<br />

tornaram-se vítimas sem querer. Essas condições são de um caráter<br />

mais contagioso; o próprio ato de uma pessoa sendo sugestão para<br />

outra. Que eles eram produzidos diretamente por intervenção<br />

sobrenatural não está completamente claro. <strong>Wesley</strong> acreditou que<br />

poderiam surgir tanto de causas divinas quanto diabólicas; como<br />

sinais de uma fonte, ou os obstáculos, designados a lançar descrédito<br />

sobre toda a obra, de outra. Seu irmão Samuel se referiu a elas como<br />

totalmente do diabo. Mas certamente se pode dizer que se tais<br />

perturbações mentais e físicas não são totalmente suficientes para<br />

responder por esses fenômenos, elas certamente fornece condições<br />

aceitáveis para sua ocorrência.<br />

Com vistas à acomodação das sociedades em Bristol, foi<br />

decidido construir uma grande sala, suficiente para o uso delas, e para<br />

aqueles que estivessem dispostos a atenderem quando as Escrituras<br />

fossem expostas. A primeira pedra da construção foi colocada no<br />

sábado, 12 de Maio de 1739, "com a voz de louvor e ação de graças".<br />

A sala da Nova Sala, como <strong>Wesley</strong> a chamou até o fim de seus<br />

dias – foi, de certa forma, construída muito rapidamente e, talvez, a<br />

preço muito baixo; como resultado, por volta de 1748, ela se tornou<br />

tão precária, a quase necessitar de uma inteira reconstrução. A<br />

oportunidade de ampliá-la, e de assegurar a bem conhecida entrada<br />

para a Broadmead, foi aproveitada grandemente. A original<br />

extremidade da Feira de cavalos, com o "pátio" e uma das "aléias",<br />

subseqüentemente mencionados, ainda permanecem, muito pouco<br />

mudados, se, afinal, embora em uma condição tristemente dilapidada.<br />

Como será visto, os arranjos monetários para atender o custo da<br />

191


econstrução tiveram as mais frutíferas emissões no sistema financeiro<br />

da Igreja Metodista. Este foi o primeiro exemplo da construção de<br />

algum edifício para o uso das Sociedades Metodistas; e, como era de<br />

se esperar, originou vários comentários em meio aos amigos de<br />

<strong>Wesley</strong>.<br />

A princípio, <strong>Wesley</strong> não tinha expectativa ou objetivo algum<br />

de estar pessoalmente envolvido, quer na despesa, ou na direção desta<br />

obra, tendo apontado onze feudatários em quem, ele supôs, esses<br />

encargos cairiam. Mas rapidamente descobriu seu equívoco. Ele se<br />

certificou de que era obrigado a tomar para si o pagamento dos<br />

operários, de maneira que, antes que ele estivesse bem consciente<br />

disto, contraiu um débito de 150 libras. Whitefield e outros de seus<br />

amigos em Londres declinaram restituir alguma ajuda que fosse,<br />

exceto se os feudatários fossem desobrigados, uma vez que, de acordo<br />

com a Escritura existente, eles teriam todo o poder de controle do uso<br />

da construção e até mesmo negar seu uso ao próprio <strong>Wesley</strong>. Com o<br />

consentimento deles, portanto, a Escritura foi cancelada, e <strong>Wesley</strong><br />

tomou todo o encargo da questão sobre seus próprios ombros.<br />

<strong>Wesley</strong> combinou pregar, dentro e nos arredores de Bristol,<br />

para multidões atentas e despertas. Em Bath – "Em uma campina, de<br />

um lado de uma colina, perto da cidade", mostrada nos mapas<br />

modernos como "Barton Fields", agora cobertas com os edifícios da<br />

Gay Street, e o Circus – ele pregou para cerca de mil pessoas,<br />

"diversas criaturas finas e alegres, em meio deles"; em Rose Green ---<br />

"o primeiro púlpito em campo aberto" de Whitefield, havia pilhas de<br />

refugos das minas de carvão, que dava a ele elevação para a mais larga<br />

congregação que ele tinha tido lá: mais de dez mil almas; na King's.<br />

Weston-Hill, quatro ou cinco milhas da Bristol daqueles dias, onde<br />

dois cavalheiros, em atitude de escárnio zombou de muitas pessoas<br />

das vilas vizinhas, <strong>Wesley</strong> proclamou a grande verdade do Dia da<br />

Ascensão.<br />

Na manhã do domingo seguinte, ele pregou para seis mil<br />

pessoas; então, em Hanham, e novamente à tarde, em Rose Green para<br />

192


oito ou nove mil; e à noite, ele se encontrou na parte externa da sala da<br />

nova Sociedade. No dia seguinte, ele foi sinceramente advertido para<br />

não pregar nos arredores, à tarde, já que havia um acordo de diversas<br />

pessoas que ameaçavam com coisas terríveis. O rumor, no entanto,<br />

apenas trouxe muitos "dos melhores tipos de pessoas (chamados do<br />

Sul)", e acrescentou mais do que uma congregação comum, "mas<br />

ninguém zombou, ou interrompeu, ou abriu sua boca". Um rumor<br />

similar o alcançou em uma audiência mais larga em Bath, "em meio<br />

aos quais estavam muitos dos ricos e importantes". Ele diz:<br />

"Eu lhes disse claramente que as Escrituras os compreendia<br />

todos, debaixo do pecado; o mais importante e o menos importante; o<br />

rico e o pobre, um com o outro. Muitos deles não pareceram pouco<br />

surpresos, e foram mergulhando, em passos largos, na seriedade,<br />

quando o campeão deles apareceu – o famoso Beau Nash, o líder e<br />

juiz da vida e costume de Bath – que se aproximando de mim,<br />

perguntou: 'Com que autoridade eu fazia essas coisas?' – Eu<br />

repliquei: 'Pela autoridade de Jesus Cristo, transmitida a mim pelo<br />

(agora) Arcebispo de Canterbury, quando ele impôs as mãos sobre<br />

mim e disse: 'Tu tens autoridade para pregar o Evangelho'. Ele disse:<br />

'Isto é contrário ao Ato do Parlamento. Isto é uma Coventículo'<br />

[reunião secreta]".<br />

"Eu respondi: 'Senhor, os Conventículos mencionados naquele<br />

Ato (como o preâmbulo mostra) são encontros sediciosos. Mas este<br />

não é assiml. Aqui não existe sombra de sedição. Portanto, não é<br />

contrário àquele Ato. Ele replicou: 'Eu digo que é. E, além disto, sua<br />

pregação aterroriza as pessoas'. 'Senhor, você alguma vez já me<br />

ouviu pregar'. 'Não'. 'Como você pode julgar o que nunca ouviu?'.<br />

'Senhor, eu o faço pelo relato comum'. 'Um relato comum não é<br />

suficiente. Permita-me, senhor, perguntar: seu nome não é Nash?'.<br />

'Meu nome é Nash'. 'Senhor, eu não me atrevo a julgá-lo pelo relato<br />

comum. Eu penso que não seria suficiente julgar desta forma'. Aqui<br />

ele pausou por um momento, e tendo revelado a si mesmo, perguntou:<br />

'Eu gostaria de saber o que essas pessoas vêm fazer aqui'. Alguém<br />

respondeu: 'Senhor, deixo-o comigo. Deixe que uma senhora<br />

193


esponda a ele. Você, Sr. Nash, cuida de seu corpo. Nós cuidamos de<br />

nossas almas, e é pelo alimento de nossas almas que estamos aqui'.<br />

Ele nada disse, e foi embora".<br />

Naquela ocasião, <strong>Wesley</strong> foi levado a pensar muito sobre o<br />

caráter incomum de seu ministério, e a considerar as objeções que<br />

eram levantadas contra ele. Depois de muita oração, ele determinou<br />

aderir aos seguintes princípios. Quanto ao passado, ele declara que<br />

agiu do desejo de ser um cristão (porque ele não admitia ter sido um<br />

no sentido mais completo), e da convicção de que, o que quer que ele<br />

julgue condutivo para isto, ele era compelido a fazer; e quando quer<br />

que ele julgue fosse a melhor resposta a esta finalidade, para lá era sua<br />

obrigação de ir. "Sob esses princípios", ele diz, "eu parti para a<br />

América; eu visitei a Igreja Moravia, e sob este mesmo princípio, eu<br />

estou pronto agora (Deus sendo meu Ajudador) para ir para<br />

Abissínia, ou China, ou até onde agrade a Deus, através desta<br />

convicção, me chamar". Quanto a se estabelecer no colégio, ele objeta<br />

que ele não tinha trabalho lá, tendo agora nenhum ofício e nenhum<br />

aluno; e quanto a aceitar a cura de almas, haveria tempo suficiente<br />

para considerar isto, quando tal situação se oferecesse a ele. Mas se<br />

perguntado como, sob princípios Católicos, ele justificaria a<br />

assembléia dos cristãos, que não eram de sua responsabilidade, cantar<br />

salmos, e orar, e ouvir as Escrituras expostas, ele replica:<br />

"Se por 'Princípios Católicos [Universais]', você quer dizer<br />

algum outro do que Bíblico, eles valem nada para mim. Eu não<br />

permito outra regra, quer de fé ou de prática, do que as Sagradas<br />

Escrituras. Mas quanto aos princípios bíblicos, eu não acho difícil<br />

justificar o que quer que eu faça. Deus, nas Escrituras, me ordena, de<br />

acordo com meu poder, instruir o ignorante, reformar o mau,<br />

confirmar o virtuoso. Os homens me proíbem de fazer isto em outras<br />

paróquias; ou seja, em efeito, de fazer isto, afinal, vendo que eu agora<br />

não tenho minha própria paróquia, nem provavelmente terei. A quem,<br />

então, eu devo ouvir? A Deus ou ao homem?".<br />

194


"Se for justo obedecer ao homem, preferivelmente que a Deus,<br />

julgue você. A dispensação do Evangelho é confiada a mim, e ai de<br />

mim, se eu não pregá-lo. Mas onde eu deveria pregá-lo, sobre os<br />

princípios que você menciona? Por que não, na Europa, Ásia, África,<br />

ou América: não em alguma das partes cristãs da terra habitada?<br />

Porque todas essas estão, de certa forma, divididas em Paróquias. Se<br />

me for dito: 'Volte, então, para os pagãos [referindo-se aos índios na<br />

América] de onde você veio'. Não. Eu não poderia agora, pregar, sob<br />

esses princípios, a eles. Porque todos os pagãos na Geórgia<br />

pertencem á paróquia tanta de Savana quanto de Frederica".<br />

Ao escrever ao seu irmão Charles sobre os assuntos em Junho<br />

deste ano, ele diz:<br />

"O homem me manda não fazer isto na paróquia de outro; ou<br />

seja, em efeito, não fazer isto, afinal. Se for justo obedecer ao homem,<br />

preferivelmente do que a Deus, julgue você. 'Mas' (dizem eles), 'é<br />

justo que você se submeta a toda ordenança do homem por amor a<br />

Deus'. Verdade; a toda ordenança do homem, que não seja contrária<br />

ao mandamento de Deus. Mas, se algum homem (bispo ou qualquer<br />

outro) ordenar que eu não faça o que Deus me ordenou fazer,<br />

submeter-me a esta ordenança seria obedecer ao homem,<br />

preferivelmente do que a Deus. E para fazer isto, eu tenho tanto um<br />

chamado comum, quanto um extraordinário. Meu chamado comum é<br />

minha ordenação pelo Bispo: 'Tens autoridade para pregar a Palavra<br />

de Deus'. Meu chamado extraordinário é testemunhado pelas obras<br />

que Deus realiza, através de meu ministério; o que prova que Ele<br />

está comigo, como a verdade neste exercício de meu ofício. Talvez,<br />

isto fosse melhor expressado de outra maneira: Deus testemunha, de<br />

uma maneira extraordinária, que o fato de eu exercitar assim o meu<br />

chamado comum, é bem agradável aos Seus olhos". E ele encerra com<br />

as resolutas Palavras: "Deus sendo meu Ajudador, eu o obedecerei, e<br />

ainda que eu sofra por isto, Sua vontade será feita".<br />

"Permita-me agora lhe dizer meus princípios neste assunto. Eu<br />

vejo o mundo todo como minha paróquia; até aqui, eu quero dizer,<br />

195


que em qualquer parte dele que eu esteja, eu julgo adequado, correto,<br />

e meu dever sagrado, declarar a todos que estejam dispostos a ouvir<br />

as boas novas da salvação. Esta é a obra que eu sei Deus me chamou<br />

a fazer. E certo estou de que suas bênçãos a atendem. Grande<br />

encorajamento eu tenho, portanto, para ser fiel, no cumprimento da<br />

obra que Ele me incumbiu. Seu servo, eu sou, e como tal, empregado,<br />

de acordo com a clara direção de Sua Palavra, a quando tiver<br />

oportunidade, para fazer o bem a todos os homens. E Sua providência<br />

claramente concorda com sua palavra; o que me desobriga de todas<br />

as coisas mais, de maneira que eu poderia simplesmente atender esta<br />

mesma coisa, e trabalhar fazendo o bem".<br />

As próprias palavras de <strong>Wesley</strong> são a melhor exposição da<br />

frase notável que ele aqui explica, que compreende seu compromisso<br />

de pregar o evangelho, e pregá-lo a todos; e isto, em qualquer parte do<br />

mundo, em que ele estivesse. Ele não se apoderou da prerrogativa do<br />

homem, através disto. Ele sempre reconheceu as reivindicações do<br />

clero paroquial, e onde quer que ele fosse, ele preferia pregar na igreja<br />

a pregar em qualquer outro lugar. Pregar ele devia; ele sentia que fora<br />

chamado por Deus para isto; e ele sentia que seu chamado era<br />

encontrar uma necessidade que não fosse satisfeita pelo clero<br />

paroquial ou o sistema paroquial. Essas palavras adotadas logo<br />

encontrou seu eco em outra forma de expressão significante, que<br />

afirma uma convicção que parece ainda brotar nele, de que o propósito<br />

para o qual os Metodistas foram levantados, dos quais ele era o<br />

representante, era para "reformar a nação, especialmente a Igreja, e<br />

espalhar a santidade bíblica por toda a terra".<br />

Por ocasião da inauguração do memorial na Abadia de<br />

Westminster, o falecido deão Stanley chamou a atenção para a<br />

escultura que mostra <strong>Wesley</strong> pregando no pátio em Epworth, e ele<br />

disse: "Ele se posicionou na tumba de seu pai – sobre as tradições<br />

veneráveis e ancestrais do país e da Igreja. Este foi o lugar, de onde<br />

ele discursou para o mundo". A frase escolhida está esculpida sob o<br />

cenário.<br />

196


Ao receber uma carta urgente para se apressar para Londres,<br />

uma vez que os irmãos em Fetter Lane estavam em grande confusão,<br />

pela falta de sua presença e conselho, ele recomendou seu rebanho em<br />

Bristol à graça de Deus, em quem eles criam, fazendo uma reflexão<br />

esperançosa: "Certamente, Deus tem uma obra a realizar neste lugar.<br />

Eu não encontrei tal amor, nem na Inglaterra. Nem tal inocência,<br />

inexperiência, um temperamento receptivo ao ensino como Ele deu a<br />

este povo".<br />

Chegando em Londres, na quarta-feira, dia 13 de Junho, ele<br />

recebeu a Comunhão em Islington, à tarde, visitou sua mãe, e às seis<br />

horas, exortou as mulheres em Fetter Lane, sabendo como elas haviam<br />

sido ultimamente estremecidas, não para crer em todo espírito, mas<br />

para provar os espíritos, se eles eram de Deus. Às oito horas, ele<br />

encontrou os irmãos, quando muitos dos desentendimentos e ofensas<br />

que tinham se arrastado em meio a eles, foram removidos, e a<br />

camaradagem fora novamente, em uma boa medida, renovada.<br />

No dia seguinte, ele foi com seu amigo Whitefield para<br />

Blackheath, onde doze ou quatorze mil pessoas estavam reunidas.<br />

Whitefield surpreendeu-o pedindo a ele para pregar, o que ele fez,<br />

"embora com a natureza recuada", sobre seu assunto favorito, "Jesus<br />

Cristo, a quem Deus fez junto a nós sabedoria, retidão, santificação e<br />

redenção". Em outra ocasião, ele pregou às sete da manhã, em Upper<br />

Moorfields, para seis ou sete mil pessoas, e, às cinco horas para cerca<br />

de quinze mil.<br />

Uma semana foi gasta para ajustar os incidentes das<br />

sociedades, de um lado a outro de Londres. Isto lhe trouxe<br />

preocupação e grande tristeza. Na tarde de 15 de Junho, ele foi para a<br />

sociedade em Wapping, "cansado no corpo e abatido no espírito". A<br />

Sociedade de Fetter Lane, mais tarde, se encontrou para se<br />

humilharem diante de Deus. "Naquela hora", ele diz, "nos<br />

certificamos que Deus está conosco, como no princípio. Alguns<br />

caíram prostrados ao chão. Outros irromperam, como em um<br />

consenso, em louvores e ação de graças. E muitos abertamente<br />

197


testificaram que não houve tal dia como este, desde o primeiro de<br />

Janeiro precedente". No dia seguinte, ele pregou às sete horas, em<br />

Moorfields, para seis ou sete mil pessoas, e às cinco horas em<br />

Kennington Common para cerca de quinze mil, além de atender aos<br />

serviços públicos e encontros da Sociedade.<br />

Cenários similares a esses, testemunhados em Bristol, foram<br />

repetidos em Londres. <strong>Wesley</strong> diz: "Enquanto eu estava sinceramente<br />

convidando todos os pecadores a entrarem no mais santo, através do<br />

novo e vívido caminho, muitos dos que ouviram começaram a clamar<br />

por Deus com fortes gritos e lágrimas. Alguns caíram ao chão, e lá<br />

permaneceram, sem forças; outros tremeram e estremeceram<br />

excessivamente; alguns foram acometidos com uma espécie de<br />

movimento convulsivo, em todas as partes de seus corpos, e tão<br />

violentamente, que freqüentemente quatro ou cinco pessoas não<br />

podiam segurá-los. Eu tenho visto muitos ataques histéricos e<br />

epiléticos; mas nenhum deles era como esses, em muitos aspectos. Eu<br />

imediatamente orei a Deus, para que não permitisse que esses que<br />

estavam fracos fossem ofendidos. Mas uma mulher foi ofendida<br />

grandemente, certa de que 'eles ajudariam, se quisessem', e ninguém<br />

pôde persuadi-la do contrário; quando alcançou três ou quatro<br />

jardas, ela também tombou, em agonia tão violenta quanto os<br />

demais". Vinte e seis daqueles que tinham sido afetados desta forma<br />

(a maioria durante as orações que foram feitas para eles, foi, no<br />

mesmo instante, preenchida com a paz e alegria), prometeram visitá-lo<br />

no dia seguinte. Mas apenas dezoito deles vieram; ao conversar mais<br />

reservadamente com eles, ele teve razões para acreditar que alguns<br />

foram para suas casas, justificados. O restante pareceu pacientemente<br />

esperar por isto.<br />

Na segunda-feira, dia 18 de Junho, ele deixou Londres, cedo, e<br />

pregou em Bristol, na noite seguinte, para uma numerosa<br />

congregação. Howel Harris visitou-o mais tarde, e lhe disse que ele<br />

havia sido muito despersuadido de ouvi-lo e vê-lo, por muitos que<br />

disseram toda sorte de mal sobre ele; mas acrescentou: "tão logo eu o<br />

ouvi pregar, eu rapidamente me certifiquei de que espírito você era. E<br />

198


antes que tivesse terminado, eu estava tão dominado pela alegria e<br />

amor, que eu tive dificuldades de ir para casa".<br />

Ele conclui que, no breve oito dias de sua ausência, as disputas<br />

haviam se arrastado dentro da pequena sociedade. No dia seguinte, ele<br />

lhes mostrou, no entanto, que tipo de pessoas eles eram, pregando<br />

duas vezes, "Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos<br />

cirandar como trigo" (Lucas 22:31). E ele fora capacitado a registrar:<br />

"Quando nos encontramos à noite, em vez de avivarmos a disputa,<br />

todos nós nos dirigimos em oração. Nosso Senhor esteve conosco.<br />

Nossas divisões foram curadas. Desentendimentos eliminados, e todos<br />

os nossos corações estavam docemente contraídos, e unidos como no<br />

princípio". Ao visitar alguém que, até então, prosseguira bem, até ser<br />

impedido por alguns dos chamados profetas franceses, ele respondeu:<br />

"Não; este lugar é tomado pelos alemães".<br />

Na sexta-feira, dia 18 de Julho, <strong>Wesley</strong> diz: "Poucos de nós<br />

reunimo-nos com minha mãe no grande sacrifício de ação de graças,<br />

e, então, consultamos como proceder com respeito ao nosso pobre<br />

irmão em Fetter Lane. Lady Huntingdom também estava presente.<br />

Todos constatamos que a coisa seguia para uma crise, e, portanto,<br />

concordou-se unanimemente com o que fazer". Assim sendo, no<br />

domingo seguinte, ele foi, à noite na festa do amor em Fetter Lane; em<br />

seu término, ele leu um documento, com o seguinte propósito:<br />

"Por volta de nove meses atrás, alguns de vocês começaram a<br />

falar de maneira contrária à doutrina que nós temos, até então,<br />

recebido; a somatória de que vocês afirmaram é esta":<br />

(1) Que não existe tal coisa como fé fraca; que não existe<br />

justificação pela fé, onde existe alguma dúvida ou temor,<br />

ou onde não existe, em um sentido completo, um novo e<br />

limpo coração.<br />

(2) Que um homem não deve usar daquelas ordenanças de<br />

Deus, que nossa Igreja denomina meios da graça, antes<br />

199


que tal fé exclua toda dúvida e medo, e implique em um<br />

coração novo e limpo.<br />

"Vocês freqüentemente afirmaram que o buscar as Escrituras,<br />

orar, ou comungar, antes que tivessem tal fé, é buscar salvação pelas<br />

obras, e que até que essas obras sejam colocadas de lado, nenhum<br />

homem pode receber a fé".<br />

"Eu acredito que essas afirmações sejam diretamente<br />

contrárias à Palavra de Deus. Eu os adverti disto, diversas vezes, e<br />

imploro que voltem para a Lei e o Testemunho. Eu tenho<br />

testemunhado com vocês, há muito tempo, esperando que vocês se<br />

transformassem. Mas como eu encontrei vocês, mais e mais,<br />

confirmados no erro de seus caminhos, nada agora resta, a não seu<br />

eu entregá-los a Deus. Vocês que são do mesmo juízo, 'sigam-me'".<br />

Ele acrescenta: "Eu, então, sem dizer coisa alguma mais, sai,<br />

como fizeram dezoito ou dezenove da Sociedade". Lady Huntingdon e<br />

o amigo de Charles <strong>Wesley</strong>, sr. Seward, estavam na companhia.<br />

No dia seguinte, 23 de Julho, a pequena companhia de<br />

dissidentes se encontrou na Fundição, em vez de Fetter Lane. A eles<br />

se juntaram cerca de vinte e cinco membros da própria pequena<br />

Sociedade Metodista de <strong>Wesley</strong>, "todos que pensavam e falavam a<br />

mesma linguagema", juntamente com quarenta e sete ou oito das<br />

cinqüenta mulheres que havia nas sociedades [Band].<br />

Assim a associação de <strong>Wesley</strong> com os Morávios se encerrou;<br />

as pessoas pelas quais ele tinha nutrido a mais viva afeição; às quais<br />

ele sempre reconheceu sua profunda dívida, e com os quais, se a<br />

simplicidade da vida cristã, espírito e doutrina de seus primeiros<br />

associados tivessem permanecido intocáveis, pelos falsos<br />

ensinamentos místicos, ele alegremente teria continuado em<br />

camaradagem até o fim de seus dias.<br />

200


É certo dizer que <strong>Wesley</strong> desculpou inteiramente a Igreja<br />

Morávia da responsabilidade de abraçar as doutrinas "ainda”. Ele diz:<br />

"Esta doutrina, desde o começo até hoje, tem sido ensinada, como<br />

sendo a doutrina da Igreja Morávia. Eu penso, portanto, que seja meu<br />

dever sagrado esclarecer os Morávios desta difamação, porque eu,<br />

talvez, seja a única pessoa agora na Inglaterra que tanto pode e fará<br />

isto". Ele atribuiu o ensino a "certos homens que se infiltraram no<br />

meio deles, por descuido, por volta de Setembro de 1739, quando ele<br />

e seu irmão estavam ausentes". Não foi a Igreja Morávia que<br />

defendeu esses pareceres, mas certos membros líderes e oficiais dela --<br />

Molther, Spangenberg, Bray, e outros.<br />

Tyerman, como temos visto, erra plenamente, ao nomear esta<br />

como a data da fundação da Sociedade Metodista. Ela simplesmente<br />

marca o momento da separação de <strong>Wesley</strong> de Fetter Lane, que, então,<br />

tornou-se totalmente Morávia, e tem continuado assim até hoje. Fetter<br />

Lane é agora o centro da província Britânica da honorífica Igreja<br />

Morávia, ou a Igreja dos Irmãos Unidos, cuja divulgação das<br />

atividades cristãs, pureza de doutrina, fervor ao zelo missionário, e<br />

nobre e heróico sacrifício são a admiração de todas as igrejas<br />

evangélicas.<br />

A separação de <strong>Wesley</strong> dos Morávios marca uma época em sua<br />

carreira. Até aqui, desde sua primeira associação com eles, em sua<br />

viagem exterior à Geórgia, ele fora conduzido por eles, submetendose,<br />

com uma simplicidade pueril, ao controle do que ele julgou ser a<br />

sabedoria mais perfeita deles nos assuntos espirituais. A quarta seção<br />

de seu Diário de Novembro de 1739 a Setembro de 1741, que inclui o<br />

relato da separação, ele não publica até 1744. No prefácio, que é<br />

dedicado à "Igreja Morávia, mais especialmente aquela parte dela<br />

agora ou ultimamente residindo na Inglaterra", ele registra que ele<br />

demorou na sua publicação, porque ele os amava, e porque ele estava<br />

temeroso de criar um outro obstáculo àquela união que (se ele<br />

conhecia alguma coisa de seu próprio coração) ele desejava acima de<br />

todas as coisas debaixo do céu. Ele se sentiu, no entanto, por fim,<br />

compelido a falar de seus sentimentos concernentes a eles.<br />

201


Enquanto ele sentia que ele devia, em relatos graves, manter<br />

sua independência dos Morávios, ele, não obstante, cultivava um<br />

longo desejo de renovar sua camaradagem com eles. Depois de<br />

encontrar Peter Böhler novamente algum tempo depois, subseqüente à<br />

separação, <strong>Wesley</strong> escreveu "Eu me admiro de como eu me contenho<br />

de me reunir com eles. Eu dificilmente vejo algum deles, sem que meu<br />

coração queime dentro de mim. Eu gostaria de estar com eles; ainda<br />

assim, eu me mantenho longe". Southey, a quem o próprio Alexander<br />

Knox — pessoalmente apresentou a <strong>Wesley</strong> – mais tarde, convencido<br />

de seu equivoco, erra em atribuir a ambição, da parte de <strong>Wesley</strong>, como<br />

a principal razão pelo qual ele não pode mais trabalhar<br />

harmoniosamente com os Morávios. <strong>Wesley</strong> escreveu muito tempo<br />

depois: "Não pode haver um erro maior do que este, o de que<br />

eu, alguma vez, cedi, ou de que eu o faça assim agora. Não houve um<br />

dia, durante esses sete anos passados, em que minha alma não<br />

almejou a união"; e ele declara que "embora o corpo da Igreja<br />

Morávia esteja equivocado, alguns deles são, em sua maior parte, de<br />

todos que eu tenho visto, os melhores cristãos no mundo".<br />

<strong>Wesley</strong>, agora, separado dos Morávios, dali por diante,<br />

permaneceria sozinho, atirado às suas próprias iniciativas, em todos os<br />

seus futuros movimentos. Quaisquer vantagens que ele pudesse ter<br />

ganhado dessa associação com eles foi sacrificada; mas ele se<br />

desprendeu dos limites que o teriam restringido, na grande obra para a<br />

qual ele foi destinado, e estava livre das controvérsias turbulentas que,<br />

por algum tempo oprimira tão pesadamente seu espírito, e o impedira<br />

em suas tarefas.<br />

A nova era inaugurava-se com um registro alegre: "Na Igreja<br />

de St. Luke [Old Street, City Road], nossa paróquia", ele diz, "teve tal<br />

sinal, que eu acredito nunca tinha sido visto antes; centenas de<br />

comungantes, alguém poderia julgar, pelos seus próprios rostos, que,<br />

de fato, teriam visto a Ele crucificado". Os frutos de seu trabalho, e<br />

daquele de seu irmão não estavam todos reunidos dentro da própria<br />

sociedade deles, nem eram encontrados em meio aos Morávios. Eles<br />

202


eram também visto nas várias sociedades religiosas, onde os irmãos<br />

ainda freqüentemente expunham, e em diferentes paróquias de<br />

Londres.<br />

Os ataques que foram feitos, com respeito aos pecados das<br />

pessoas não foram desacompanhados de dificuldade. Oposição de<br />

várias formas estava agora começando a se manifestar. Em Long<br />

Lane, muitos causaram turbulência, e propuseram que uma vil mulher<br />

desse início a ela. No momento em que ela irrompeu, <strong>Wesley</strong> disse:<br />

"Eu me virei para ela, e declarei o amor de nosso Senhor para sua<br />

alma. Nós, então, oramos para que Ele confirmasse a palavra de Sua<br />

graça. Ela teve seu coração quebrantado, e envergonhou-se. Dela, eu<br />

me virei para o restante, que se dissolveu como água, e era como<br />

homens sem força".<br />

Ele sinceramente advertiu a todos que haviam testado da graça<br />

de Deus, "a não pensarem que eles estavam justificados, antes que<br />

tivessem uma clara segurança de que Deus havia perdoado seus<br />

pecados, trazendo com isto, a paz, e o amor a Deus, e domínio sobre o<br />

pecado. E, então, a não pensarem coisa alguma sobre si mesmos, mas<br />

seguirem adiante, até serem totalmente renovados na retidão e<br />

santidade verdadeira". Esses eram dois temas centrais em todos os<br />

seus ensinamentos.<br />

Quarenta ou cinqüenta daqueles que buscavam salvação<br />

pediram permissão para passarem a noite, juntos, na sala da Sociedade<br />

na Fundição, em oração e dando graças. Antes das dez horas, ele os<br />

deixou e deitou-se, mas não adormeceu. Entre duas ou três da manhã,<br />

ele estava acordado e suplicava ao descer para a parte inferior, onde<br />

gritos altos e amargos eram ouvidos, e que aumentavam, à medida que<br />

ele entrava na sala e começava a orar. Mas, em pouco tempo, "Deus<br />

ouviu, de Seu santo lugar". A tristeza e o lamento desapareceram, e<br />

foram substituídos por canções de louvor. Seu trabalho naquele tempo<br />

era muito grande, com suas numerosas visitas aos doentes, ou ao<br />

pesaroso; sua assídua atenção às sociedades; e seus freqüentes<br />

203


serviços públicos. Mas, felizmente, as disputas estavam no fim, pelo<br />

menos, por um tempo, e a obra era apenas uma alegria.<br />

Domingo, no Outubro seguinte, em seu retorno de casa, de seu<br />

serviço vespertino, em Kennington, uma turba estava reunida em volta<br />

da porta da Fundição, e ele nem havia descido da carruagem, quando<br />

eles o cercaram completamente. Ele imediatamente começou a falar<br />

com aqueles que estavam mais perto dele, da retidão e julgamento<br />

vindouro. A princípio não muitos ouviram, com o barulho<br />

aumentando; mas gradualmente o silêncio se espalhou, mais e mais<br />

além, até que ele teve uma quieta e atenta congregação; e, quando ele<br />

os deixou, eles todos mostraram a ele muito amor, e se despediram<br />

dele com uma bênção. Dois dias depois, muitos mais, vindo em meio<br />

às pessoas, "como leões, em pouco tempo, tornaram-se como<br />

cordeiros; as lágrimas escorrendo por suas faces, que a princípio<br />

contradiziam e blasfemavam em alta voz". Dois dias mais tarde, uma<br />

cena similar ocorreu. Enquanto ele estava lendo um capítulo de Atos,<br />

um grande número de homens atravessou no meio da sala, e começou<br />

a falar "muitas palavras inflamadas", de maneira que sua voz<br />

dificilmente podia ser ouvida. "Mas", ele diz, "imediatamente depois,<br />

o martelo da Palavra quebrou a rocha em pedaços: todos ouviram<br />

quietamente as boas novas da salvação, e, alguns, eu confio, não o<br />

fizeram em vão".<br />

Como era quase impossível para ele assegurar um isolamento,<br />

em Londres, ele foi para a casa de seu amigo Piers, em Bexley, onde<br />

de manhã e à tarde, ele expôs o Sermão do Monte, e teve tempo livre<br />

durante o resto do dia para ocupações de outro tipo. Ele, mais tarde,<br />

incorporou seu ensino sobre o Sermão do Monte, em treze discursos,<br />

que estão incluídos em seus recentes volumes de sermões. Eles são,<br />

talvez, os mais belos exemplos do ensino ético, que ele, alguma vez,<br />

redigiu, e são as melhores respostas à acusação de que o Metodismo<br />

não tem mensagem ética.<br />

Ao voltar para sua casa, à tarde, no enceramento de um<br />

cansativo trabalho de Sabbath, ele novamente se encontrou com "uma<br />

204


inumerável turba", em volta da porta, que abriu sua garganta, no<br />

momento que o viu. Pedindo aos amigos que vieram com ele que<br />

entrassem em casa, ele caminhou em direção ao povo, proclamando o<br />

nome do Senhor, gracioso e misericordioso, e que eles se<br />

arrependessem do mal. Eles se entreolharam. Ele continuou a falar, e,<br />

então, os exortou a se juntarem em oração. A isto, eles concordaram, e<br />

ele mais tarde, seguiu sem ser perturbado para a companhia que o<br />

esperava dentro da sala.<br />

Dois dias mais tarde, enquanto ele estava pregando, um jovem<br />

entrou correndo com outros, praguejando e amaldiçoando<br />

veementemente, e assim perturbou todos perto dele, que o colocaram<br />

para fora. <strong>Wesley</strong>, observando isto, os chamou, para que deixassem o<br />

jovem entrar. No encerramento do sermão, o intruso declarou, diante<br />

de todos, que ele era um contrabandista, então, indo para seu trabalho<br />

pecaminoso. Mas que ele agora resolveu aceitar o Senhor como seu<br />

Deus, e não mais seguir aquelas práticas execráveis.<br />

No outro domingo, enquanto <strong>Wesley</strong> estava explicando a<br />

diferença entre ser chamado de cristão, e ser um, de fato, a loucura das<br />

pessoas foi dominada, de maneira que, em pouco tempo, elas estavam<br />

quietos e atentas, e permaneceram assim, até o fim. Uma outra vez,<br />

enquanto estava pregando, muitos se reuniram com o propósito de<br />

suplantaram sua voz; ele, então, "se dirigiu a eles, e lhes ofereceu<br />

livramento de seu terrível mestre". A Palavra que ele entregou,<br />

mergulhou profundo em seus corações e eles ficaram silenciosos.<br />

Um dos lugares de diversão pública, e de má fama, foi o<br />

Short's Gardens, em Drury Lane; para onde ele foi, e aos publicanos e<br />

pecadores reunidos, declarou que o Evangelho de Cristo é o poder de<br />

Deus, até mesmo para a salvação de tais ouvintes.<br />

No domingo seguinte, ele diz: "Enquanto eu reforçava aquela<br />

grande questão, com um olho para a ressurreição espiritual: 'Por que<br />

é que se julga entre vós incrível que Deus ressuscite os mortos?' [Atos<br />

26:8], muitos obstinados começaram a rugir novamente. Eu<br />

205


proclamei novamente a libertação dos cativos, e a profunda atenção<br />

deles mostrou que a Palavra enviada a eles não retornou vazia".<br />

Assim ele começou a duelar com a violência do rude, turbas<br />

desenfreadas, e conheceu seu poder para encontrá-los e silenciá-los.<br />

Este poder era notável, porque ele tinha uma estatura baixa, e esta era,<br />

como vimos, repetidas vezes, heroicamente exposta em dias<br />

subseqüentes, sob circunstâncias do mais grandioso perigo.<br />

O inverno de 1740-41, sendo usualmente severo, ele pediu<br />

roupas para aqueles que podiam se privar delas, distribuindo-as em<br />

meio aos numerosos pobres da Sociedade.<br />

Apressando-se para Bristol, sempre uma jornada de dois dias,<br />

para suprir o lugar de seu irmão, que tinha ido para Gales, em uma<br />

viagem de pregação, ele passou nove ou dez dias falando<br />

pessoalmente com tantos quanto pode, também visitando inúmeras<br />

pessoas doentes, muitas delas sofrendo de "febre com manchas"<br />

(provavelmente tifo, ou febre gaol [da cadeia], ou febre tifóide), que<br />

tinha sido extremamente fatal em meio às pessoas de Bristol.<br />

Em seu retorno a Londres, depois de uma ausência de quinze<br />

dias, ele encontrou muitas pessoas sem trabalho. Para ir ao encontro<br />

das necessidades delas, ele contratou um professor, e levando doze das<br />

mais necessitadas para dentro da Sociedade, ele as empregou por<br />

quatro meses, para cardar e fiar algodão; assim ocupou-as em trabalho<br />

útil, e as manteve, durante os frios meses de inverno, a um custo baixo<br />

sobre o produto de seus trabalhos.<br />

Muitos da Sociedade ficaram ofendidos uns com os outros. Ele<br />

trouxe os acusados e os acusadores, face a face, e no decurso da<br />

semana, a maioria das ofensas desapareceu.<br />

Os Diários mostram que <strong>Wesley</strong> tinha freqüente oportunidade<br />

de ajustar diferenças e exercer disciplina em meio aos membros de<br />

suas sociedades. Mas isto não será considerado surpreendente, nem<br />

206


será motivo para depreciar a realidade da obra do Reavivamento,<br />

quando se é lembrado em que condições degradantes de vida e moral a<br />

maioria deles tinha sido resgatada, e, em que curto período de tempo,<br />

eles estavam sujeitos a qualquer restrição e instrução religiosa; e,<br />

quando, além disto, é trazido em mente que seus ambientes diários<br />

eram os mais desfavoráveis para o cultivo da bondade.<br />

Muitos relatos desagradáveis, concernentes à Sociedade, em<br />

Kingswood, o alcançaram. Ele, portanto, deixou Londres; e, com<br />

considerável dificuldade, e algum perigo, por causa do muito gelo e<br />

das estradas mal feitas e mal preservadas, ele veio novamente para<br />

Bristol, onde seu irmão confirmou os dolorosos relatos. Ele foi,<br />

imediatamente, para Kingswood, na esperança de reparar as brechas<br />

que tinham sido feitas na Sociedade. Começou expondo o Sermão do<br />

Monte de nosso Senhor, nos serviços matutinos e vespertinos,<br />

trabalhando o dia todo para curar as desconfianças e mal entendidos<br />

que se levantaram. A raiz do mal se revelou, quando, indo ao encontro<br />

de seu amigo Cennick, que estava retornando de uma curta viagem, e<br />

desejando recebê-lo como de costume, com os braços abertos, ele se<br />

certificou, para sua grande surpresa, que Cennick estava<br />

"completamente frio, de maneira que um estranho julgaria que ele<br />

nunca tinha me visto antes". No dia seguinte, Cennick disse-lhe que<br />

não concordaria mais com ele, porque <strong>Wesley</strong> não pregou a verdade;<br />

em especial, com respeito à eleição. <strong>Wesley</strong> diz significantemente:<br />

"Nós, então, entramos em uma pequena controvérsia, mas sem efeito".<br />

Ele encontrou algum conforto, no entanto, na tarde do domingo<br />

seguinte, na festa do amor em Bristol, onde setenta ou oitenta da<br />

Sociedade de Kingswood estavam presentes. Eles todos retornaram<br />

para casa juntos, com a neve até os joelhos, na mais violenta<br />

tempestade de neve e granizo, que ele pôde se lembrar; mas seus<br />

corações estavam aquecidos, e eles se regozijavam e louvavam a Deus<br />

pela consolação.<br />

Em cinco dias, no entanto, ele foi pregar no serviço matinal em<br />

Kingswood, quando ele registrou: "Minha congregação foi embora,<br />

para ouvir o sr. Cennick, de maneira que, com exceção de poucos de<br />

207


Bristol, eu tive não mais do que dois ou três homens, e o mesmo tanto<br />

de mulheres; o mesmo número que eu tive uma ou duas vezes antes".<br />

Aqui nós vemos o primeiro vestígio da telha, do que se tornaria<br />

uma nuvem negra que o ofuscaria por muitos anos – a primeira<br />

indicação do que provaria ser um dos mais opressivos julgamentos;<br />

embora, na assembléia, ele conseguisse um dos seus maiores triunfos.<br />

As últimas horas do ano encontraram os membros da<br />

Sociedade com seu amor grandemente confirmado em direção uns dos<br />

outros. E, com a casa, preenchida de uma extremidade a outra, eles<br />

"concluíram o ano, lutando com Deus, em oração, e louvando a Ele,<br />

pela maravilhosa obra que Ele já havia forjado sobre a terra".<br />

Nós agora chegamos a um ponto na carreira de <strong>Wesley</strong>,<br />

quando seria proveitoso fazer um intervalo. Nós traçamos sua<br />

interessante história pessoal, desde seu nascimento, até seus trinta e<br />

oito anos, e, intencionalmente, com alguma clareza. Nós seguimos o<br />

curso de sua prolongada luta espiritual, sua emancipação final da<br />

sombria incerteza, e sua entrada no completo desfrute da salvação<br />

evangélica. Nós assinalamos os primeiros esforços para promover a<br />

regeneração moral e espiritual de seus conterrâneos, e vimos os<br />

primeiros exemplos da violenta oposição à sua obra, por parte das<br />

turbas selvagens e brutais. Testemunhamos o começo da pregação no<br />

campo; a fundação da Sociedade; e o trabalho parcial dos pregadores<br />

leigos – os traços especialmente peculiares de seu método. Todos<br />

esses devem ser considerados como estágios preparatórios em seu<br />

progresso em direção da única obra suprema de sua vida – o mais<br />

grandioso, o mais evidente, o mais frutífero de todos os serviços<br />

apresentados por ele, para o levante espiritual do século dezoito, ou<br />

seja, seus cinqüenta anos de ininterrupta pregação itinerante,<br />

moldando um apelo contínuo à consciência da nação inglesa. O que<br />

mais <strong>Wesley</strong> pudesse ter feito, sua obra se levanta acima de tudo. Ele<br />

pode ser distinguido como um organizador, como um escritor de<br />

muitos volumes, como o fundador de várias instituições benevolentes;<br />

208


mas sua principal, sua inalcançável obra foi seu prolongado apelo ao<br />

povo inglês.<br />

Para a realização de tal obra, nenhum estratagema poderia<br />

igualar à pregação do campo; de fato, a não ser por esta, não há<br />

probabilidade de que a finalidade contemplada teria sido alcançada.<br />

Nenhum outro meio se aproximaria disto, na aptidão para alcançar as<br />

massas descrentes, indiferentes. A pregação no campo o trouxe, face a<br />

face, com milhares e milhares de pessoas que nunca entraram nas<br />

igrejas. Através deste recurso, ele travou conhecimento com o brutal e<br />

o negligente, assim como, com os famintos e sedentos. Sem empenho,<br />

sem vontade, freqüentemente em oposição à vontade deles, os homens<br />

ouviram a voz que os prendia, ouviram palavras inflamáveis,<br />

penetrantes, de condenação e advertência. Como que num poder<br />

mágico, o telhado dos compartimentos escuros de seus corações foi<br />

examinado, e seus pensamentos interiores revelados para eles; retrato<br />

no qual eles se viram, diante de seus próprios olhos. Eles estavam<br />

presos, fascinados, pela graça da voz e maneira, mas muito mais pelas<br />

palavras convincentes, com as quais, como que com uma espada<br />

saindo de sua boca, o <strong>Evangelista</strong> dividiu seus corações e seus<br />

pensamentos dentro deles, em pedaços. Mas aquele que feriu curou.<br />

Eles ouviram do amor e misericórdia, Divinos. Foi uma mensagem<br />

nova para eles, e foi falada em novos tons de ternura, fervor e<br />

convicção, que os comoveu e humilhou e ganhou.<br />

Nenhuma voz falaria ao coração da nação, como a voz de um<br />

pregador no campo. Centenas de clérigos paroquianos devotados,<br />

confinados, em seus limites paroquiais, não teriam se certificado das<br />

necessidades do momento. As pessoas de mente sóbria, decente,<br />

respeitável, teriam atendido às suas paróquias, mas o impuro, e o<br />

corrupto, o devasso, e o indolente não poderiam – não obscureceriam<br />

as portas da igreja. Essas eram as classes que mais necessitavam<br />

serem alcançadas. O enfermo precisa do médico; o perdido deve ser<br />

salvo. Toda a honra para <strong>Wesley</strong>, porque essas eram as pessoas que<br />

ele buscava; que em meio a essas, seus maiores troféus foram ganhos.<br />

Mas eles poderiam ser apenas ganhos pela pregação no campo. E,<br />

209


enquanto sua sagacidade prática em planejar métodos para o cuidado<br />

dos convertidos estimula nossa admiração, o primeiro lugar deve ser<br />

dado para seus apelos reiterados nos campos, ou estradas, ou pátios<br />

das pousadas; da pedra tumular, ou muros, ou encostas, ou travessas<br />

do mercado; em meio ao barulho da plebe, ou em um vale quieto,<br />

onde quer que uma companhia pudesse se reunir; e esses apelos não<br />

foram interrompidos por cinqüenta longos anos, salvo quando ele se<br />

afastava por doença ou acidente. Não existe o que se iguale a isto na<br />

história do Cristianismo Britânico.<br />

Mas, no momento, ele está sob restrição, Londres e Bristol<br />

propiciam amplo alcance para todas as atividades dos dois irmãos.<br />

Aqui também, <strong>Wesley</strong> teve suas únicas construções. As Sociedades<br />

nelas estavam sob seu cuidado absoluto; e nelas ele estava<br />

desenvolvendo um Metodismo modelo, mesmo quando trabalhando<br />

em Kingswood, uma espécie de apanágio para Bristol, para<br />

estabelecer um modelo de escola cristã. Isto pode responder pela sua<br />

detenção, naquele presente momento, a esses dois centros; e eles<br />

fizeram incríveis exigências, com respeito ao seu tempo, sua atenção,<br />

sua força. Porque ele não diminuiu seus serviços matutinos, sua<br />

explanação para suas próprias sociedades e para a de outros, ou seus<br />

sermões para multidões que se reuniam em Moorfields, e em qualquer<br />

outro lugar em Londres, ou em espaços abertos em Bristol.<br />

É verdade que ele fez breves excursões para Oxford, e para<br />

algumas poucas cidades na vizinhança de Bristol, como vimos.<br />

Também visitou algumas cidades no caminho de suas jornadas entre<br />

Londres e Bristol. E fez uma curta viagem evangelista em South<br />

Wales. Mas além desses limites ele foi incapaz de passar.<br />

Nós podemos vê-lo verdadeiramente estendendo sua esfera ao<br />

norte de Newcastle, e para Inverness; para o sul de Land's End; acima<br />

dos Condados do Leste, Oeste, e do Interior; através de Gales e da<br />

Irlanda. E ano após ano, por cinco décadas, ele dirigiu seus passos<br />

através de estradas desiguais, no calor do verão, no frio do inverno,<br />

em época de plantio, e colheita, com uma mensagem – a mensagem da<br />

210


misericórdia para um povo culpado; chamando-os, como que com<br />

uma voz de trombeta; denunciando seus pecados, como um profeta do<br />

passado; demandando o arrependimento deles; proclamando o perdão<br />

e paz, e tudo com fidelidade imperecível e trabalho incansável. É para<br />

registrar essas décadas que os capítulos seguintes serão devotados.<br />

Mas este estranho método de pregação nos campos não falhou<br />

em excitar a mais vigorosa oposição, principalmente por parte<br />

daqueles cuja posição e profissão os teriam justificado em aclamá-lo<br />

como um subsidiário valioso para a própria obra deles. Assim <strong>Wesley</strong><br />

responde a esses oponentes em um de seus Apelos aos Homens de<br />

Razão e Religião:<br />

"Mas que necessidade existe", diz alguém de um espírito mais<br />

moderado, "deste pregar nos campos e ruas? Não existem igrejas<br />

suficientes para se pregar?". Não, meu amigo, não existe; não para<br />

que preguemos. Você se esquece que não nos é permitido pregar lá, a<br />

menos que prefiramos a elas a quaisquer outros lugares. [Isto deve ser<br />

levado em consideração]. "Bem, existem ministros suficientes, sem<br />

vocês". Ministros suficientes, e igrejas suficientes! Para o que? Para<br />

reformar todos os pecadores dentro dos quatro mares? Se houvesse,<br />

eles todos estariam reformados: portanto, é evidente que não existem<br />

igrejas suficientes. E uma razão clara, porque eles não estão nem perto<br />

de estarem reformados, não obstante todas essas igrejas, é esta: -- eles<br />

nunca entraram em uma igreja; talvez, nem uma só vez, em doze<br />

meses; talvez, nem por muitos anos consecutivos. E você irá dizer<br />

(como eu soube de alguns cristãos de bom coração): "Então, é culpa<br />

deles; que eles morram, e sejam condenados?". Eu admito que seja<br />

culpa deles mesmos; e assim, é minha culpa e de vocês, quando nós<br />

desviamos do caminho, como ovelhas que estão perdidas. Ainda<br />

assim, o Pastor de almas foi atrás de nós, foi ao nosso encalço no<br />

deserto. E "tu não deverias ter compaixão de teus subordinados,<br />

como ele teve pena de ti?". Nós não deveríamos também "buscar", até<br />

onde nos cabe, "salvar aquele que está perdido?".<br />

211


"Observem o espantoso amor de Deus para com os banidos<br />

dos homens. Sua terna condescendência à tolice deles! Eles não<br />

dariam atenção à coisa alguma feita da maneira usual. Tudo isto<br />

estava perdido para eles. A pregação comum da Palavra de Deus,<br />

eles nem mesmo se permitiam ouvir. Assim, o diabo certificou-se<br />

desses descuidados; porque quem os arrancaria da mão dele? Então,<br />

Deus afligiu-se, e saiu do caminho usual para salvar as almas que Ele<br />

criou. Desta forma, além do que era comumente falado em Seu nome,<br />

em todas as casas de Deus na terra, Ele ordenou uma voz para<br />

clamar no deserto: 'Preparem o caminho do Senhor. O tempo está<br />

cumprido. O reino dos céus está à mão. Arrependam-se, e creiam no<br />

Evangelho".<br />

"Considerem calmamente, se não foi altamente expediente que<br />

alguma coisa deste tipo existisse ... Tivesse o ministro da paróquia<br />

pregado como um anjo, de nada valeria para eles; porque eles não<br />

ouviriam. Mas quando alguém veio e disse: 'Lá está um homem<br />

pregando no topo da montanha', eles correram, como numa boiada,<br />

para ouvir o que ele dizia; e Deus falou aos seus corações. É difícil<br />

conceber alguma coisa mais que os teria alcançado. Não tivesse sido<br />

pela pregação no campo, a notabilidade da qual era a própria<br />

circunstância que recomendava, eles teriam corrido para o erro de<br />

seus caminhos, e perecido em seu sangue".<br />

II PARTE – A Grande Obra<br />

CAPÍTULO VII<br />

A Década do Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong> (1741-1750)<br />

A Condição Moral da Inglaterra<br />

Antes de entrar mais completamente no registro da carreira<br />

evangelista de <strong>Wesley</strong>, é necessário considerar brevemente o estado,<br />

moral e religioso do país, que clamava tão ruidosamente pela obra a<br />

212


que ele foi levantado a realizar. Já se falou tão freqüentemente da<br />

degeneração da nação, que quase tende ao desgaste repeti-la. Mas tem<br />

sido bem observado que a justiça a um reformador pode nunca ser<br />

feita, até que as tendências contra aquilo a que seus efeitos são<br />

dirigidos sejam bem entendidas. Não é difícil fixar sobre condições<br />

precisas da vida nacional da época, que fez da reforma uma<br />

necessidade absoluta, se a nação não sofreria daquelas conseqüências<br />

que tomam a forma de julgamento, e que tão freqüentemente seguem<br />

para degenerações grosseiras da sociedade humana. Existe um<br />

consenso comum do testemunho que, nas primeiras décadas do século<br />

dezoito, a Inglaterra apresentava a aparência de uma degradação<br />

deplorável, nas maneiras nacionais, afetando, não apenas uma, mas<br />

todas as seções da sociedade; e mostrando-se, não meramente em<br />

poucos detalhes da vida nacional, mas em muitos, os resultados de um<br />

processo de declínio, que tinha secretamente avançado.<br />

Com uma voz quase uniforme, nossos melhores historiadores<br />

do último século representam o precedente como tendo alcançado as<br />

mais baixas condições da corrupção civilizada, e o testemunho deles é<br />

apoiado por inumeráveis registros contemporâneos. O próprio <strong>Wesley</strong><br />

foi testemunha digna de crédito, e seu relato, escrito naquele tempo,<br />

na primeira parte de seu Apelo aos Homens de Razão e Religião, é<br />

corroborado completamente pelos muitos escritores contemporâneos e<br />

subseqüentes. Muitos incidentes em sua história, como já vimos, e<br />

como veremos mais adiante no decurso desta narrativa, lançou dentro<br />

de um forte contraste, a ignorância e a grosseira pecaminosidade das<br />

pessoas.<br />

Não é possível, sob as limitações imperativas destas páginas,<br />

entrar minuciosamente nos detalhes da degeneração nacional; mas isto<br />

é o menos necessário, já que relatos completos serão encontrados em<br />

todas as histórias daquele tempo. Poucos exemplos devem ser<br />

suficientes.<br />

Os professores autorizados da religião eram muitos deles<br />

deploravelmente deficientes, tanto com respeito aos bons princípios,<br />

213


quanto à superioridade e pureza de caráter. Dentro da igreja, a heresia<br />

era predominante, e a convicção moral, deficiente; onde não era<br />

deficiente, era medíocre; e, até mesmo em meio aos melhores de seus<br />

filhos, os princípios da Reforma eram amplamente deixados de lado.<br />

Ai de mim, as fontes da influência moral não fossem puras. Um dos<br />

bispos daquele tempo diz: "Eu não posso observar isto, sem a mais<br />

profunda inquietação, quando vejo a ruína iminente, pendendo sobre<br />

a Igreja; e, em conseqüência, sobre toda a Reforma. O estado exterior<br />

das coisas está negro o suficiente, Deus sabe; mas o que alimenta<br />

meus temores surge principalmente do estado interior, no qual<br />

infelizmente caímos". Ele lamenta a condição semelhante do clero e<br />

dos candidatos às Ordens Santas. "O caso não é muito melhor", ele<br />

diz, "em muitos que, tendo entrado nas Ordens, vêm para a<br />

instituição, e não podem deixar transparecer que leram as Escrituras,<br />

ou algum outro bom livro, desde que foram ordenados".<br />

O menos surpreso ficará impressionado, com a declaração<br />

acima, quando for lembrado, como afirma Justin McCarthy que,<br />

naqueles dias, "Os homens eram ordenados com nenhum pensamento,<br />

quanto à santidade de seu chamado; quanto ao solene serviço, a que<br />

isto obrigava; às suas terríveis obrigações e demandas inexoráveis.<br />

Eles desejavam simplesmente manter a escassez longe da porta, e ter<br />

alimento e fogo e abrigo, e eles eram ordenados, como que sob outras<br />

condições do que as que haviam tomado quando do recrutamento,<br />

com não mais sentimentos de reverência pela sotaina preta, do que<br />

pelo casaco escarlate". Com este, o testemunho do falecido bispo,<br />

claramente coincide: -- "Por toda a Inglaterra, as cidades vivas eram<br />

freqüentemente preenchidas com a caça, tiro, jogo, bebida, cartas de<br />

baralho, praguejamento, clérigo ignorante, que não cuidava, nem da<br />

lei, nem do evangelho, e negligenciava extremamente suas paróquias.<br />

Quando eles pregavam, eles tanto pregavam para bancos vazios,<br />

quanto para ovelhas famintas que procuravam alimento, mas não<br />

eram alimentadas".<br />

Um observador perspicaz, do lado da ortodoxia, notaria que<br />

havia, naquele tempo, pouco descrente, especulando na Inglaterra,<br />

214


porque havia pequeno interesse em alguma questão teológica; e um<br />

grande cético descreveria a nação como acomodada na maior<br />

indiferença apática, com respeito aos assuntos religiosos, que seriam<br />

encontrados em alguma nação do mundo. Latitudinarismo [onde seus<br />

representantes acreditavam que a revelação concordava plenamente<br />

com a razão e com os princípios religiosos discerníveis através dela,<br />

dando origem à teologia inglesa] se espalhara amplamente, mas quase<br />

silenciosamente, embora todo o corpo religioso, e ensino dogmático<br />

tivessem quase excluídos do púlpito. A despeito de ocasionais<br />

explosões do fanatismo popular, o abatimento religioso caiu sobre a<br />

Inglaterra, como se tivesse caído sobre o Continente.<br />

William Law descreve a região como "um reino cristão de<br />

imoralidade pagã, junto com uma crença só de boca de uma Igreja<br />

Universal Santa, e Comunhão dos Santos". Canon Overton diz: "Esta<br />

descrição muito exatamente retrata o estado da Inglaterra. Ela foi um<br />

reino cristão, visto que não rejeitara o Cristianismo, como uma fé<br />

histórica; por outro lado, eu imagino que, em alguns poucos períodos,<br />

tem acreditado, em um sentido, sido mais geral, do que foi neste<br />

tempo, exatamente depois do completo colapso do Deismo". Mas ela<br />

estava cheia da imoralidade pagã. Law dificilmente esboçou um<br />

quadro tão negro, quando disse: "Não existe corrupção ou depravação<br />

da natureza humana; nenhum tipo de orgulho, ira, inveja, malícia, e<br />

amor-próprio; nenhuma sorte de hipocrisia e fraude; nenhuma<br />

libertinagem da luxúria, em todo tipo de devassidão; que seja tão<br />

comum por toda a Cristandade, quanto é nas cidades e vilas". "Como<br />

prova disto", ele acrescenta, em uma nota, "Veja Rapin, Smollett,<br />

Horace Walpole, as exortações de Secker, os Diários de <strong>Wesley</strong>, etc.,<br />

aqui e ali. De fato, da quase unânime voz de todos os escritores<br />

contemporâneos ecoa o lamento melancólico".<br />

Lecky, que deu minuciosa consideração à história nacional do<br />

século dezoito, tem retratado com doloroso pormenor, a condição das<br />

maneiras da época, e seus detalhes sombrios são confirmados por<br />

muitas testemunhas concorrentes.<br />

215


Que os primeiros anos do século testemunharam a maior<br />

inatividade e degradação das duas Universidades, é óbvio para muitos<br />

escritores, e, como já se referiu ao assunto, não é mais necessário<br />

considerá-lo. Mas é alguma surpresa que a condição moral e os<br />

conhecimentos intelectuais da massa do clero fossem tão baixos,<br />

quando o estado da vida colegial era tão deplorável?<br />

Além disto, nos seminários Presbiterianos, o Arianismo estava<br />

vagarosamente aprofundando-se no Socianismo, e as sociedades<br />

religiosas, que, no século anterior, tinham prometido exercer uma<br />

influência mais amplamente proveitosa, tinham, infelizmente,<br />

sucumbido em insignificância comparativa.<br />

Socianismo [doutrina introduzida por Fausto Socino, um<br />

adepto do movimento teológico dos séculos 16 e 17, professando<br />

crença em Deus e adesão às Santas Escrituras, mas negando a<br />

divindade de Cristo].<br />

Arianismo [doutrina herética de Ário contra o dogma da<br />

Santíssima Trindade, pois atribuía ao Filho de Deus uma espécie de<br />

divindade secundária].<br />

Um latente ceticismo e uma indiferença difundida<br />

prevaleceram em todos os lugares, em meio às classes educadas. A<br />

velha religião pareceu perder a sua forte influência sobre as mentes<br />

dos homens, e freqüentemente teve nenhuma preponderância, até<br />

mesmo, sobre seus defensores. Butler, no prefácio de sua Analogia,<br />

declarou que "chegou a se ter como certo que o Cristianismo não é<br />

tanto mais um objeto de questionamento, mas que ele agora,<br />

finalmente, se revelou fictício". Ele fala, por todo lado, de uma<br />

"decadência geral da religião nesta nação, que é agora observado<br />

por cada um, e tem sido, por algum tempo, queixa de todas as pessoas<br />

sérias".<br />

A Corte, que geralmente é sempre tão influente, quanto ao bem<br />

ou o mal, na conduta e maneiras das pessoas, encontrava-se, naquele<br />

216


tempo, em uma condição gravemente imoral; sua grosseira corrupção,<br />

durante o reinado dos dois Georges, é assunto de notoriedade comum.<br />

E descendo, através de diversos graus, nos quais a sociedade humana<br />

necessariamente dividiu os males fatais: o da vida imoral era<br />

predominante.<br />

Em meio às classes reinantes, havia um modelo degradante de<br />

honra política; a corrupção política, na verdade, foi, talvez, a<br />

imoralidade mais evidente da sociedade inglesa. Dizem que apenas<br />

uma meia dúzia de membros do Parlamento atendia à adoração<br />

pública. As maneiras e gostos da pequena nobreza eram<br />

freqüentemente vulgares e ignorantes, no nível mais baixo; a massa<br />

dos cavalheiros vivia pobre e miseravelmente em seus estados,<br />

excluída da comunhão com o mundo, sem uma ocupação, a não ser<br />

aquela da caça; ou uma ambição, a não ser aquela de ser o mais sagaz<br />

beberrão dos membros.<br />

Se tal era a condição da pequena nobreza, não é de se admirar<br />

que as classes mais inferiores, estimuladas pelo exemplo dos seus<br />

"superiores", e desimpedidas, quer pelos princípios religiosos, ou<br />

instrução moral, pudessem descer tão baixo, de maneira a justificarem<br />

o período, descrito como uma das barbáries sociais.<br />

O drama tem sempre exercido uma poderosa influência em<br />

moldar o gosto e maneiras das pessoas. A devassidão do teatro,<br />

durante a geração que se seguiu à Restauração, pode dificilmente ser<br />

piorada. Os teatros eram fontes de grande corrupção; o teatro inglês<br />

sendo muito inferior ao francês em decoro, modéstia, e moralidade.<br />

A grosseria prevalecente da vida e sentimento modernos era<br />

pouco mitigada pela Imprensa. Os escritos de Swift, Defoe, Fielding,<br />

Coventry, e Smollett, eram suficientes para ilustrar a grande diferença<br />

que, neste aspecto, separou a primeira metade do século dezoito de<br />

nosso próprio tempo.<br />

217


Um de nossos recentes historiadores observa: "A Igreja estava<br />

absolutamente fora da relação com a grande massa de pessoas. O<br />

pobre e o ignorante eram deixados tranqüilamente aos seus próprios<br />

recursos. O clérigo não era, de fato, de modo algum, um corpo de<br />

homens deficiente na moralidade pessoal, ou mesmo no sentimento<br />

religioso; mas eles tinham pouca, ou nenhuma atividade religiosa,<br />

porque eles tinham pouco ou nenhum zelo religioso. Eles executavam<br />

negligentemente suas obrigações mecânicas, e isto, como uma regra,<br />

era tudo que eles faziam... Atterbury, Burner, Swift, toda sorte de<br />

escritores que eram, eles próprios, ministros da Igreja da Inglaterra,<br />

unem-se para testemunhar a apática condição em que a Igreja havia<br />

caído... As coisas eram ainda piores na Igreja da Irlanda. Dificilmente<br />

um pastor daquela Igreja poderia soletrar três palavras da Língua do<br />

povo irlandês".<br />

Retomando para onde iremos, em nossa pesquisa da nação,<br />

deparamo-nos com um estado de coisas mais deplorável, e ao mesmo<br />

tempo, o mais prodigioso. Das mais altas classes na terra -- a Corte, o<br />

Parlamento, a Igreja, as escolas, e os ricos proprietários de terra –<br />

descendo para os comerciantes e o grande populacho, todos<br />

apresentam aspectos que clamam altamente pelo advento do<br />

reformador religioso. É doloroso, até mesmo, imaginar qual teria sido<br />

o resultado não tivesse um impedimento sido colocado neste processo<br />

de decadência moral.<br />

Exceções honrosas foram encontradas, em meio ao clero e à<br />

laicidade na Instituição, e em meio aos Dissidentes – os mais fiéis que<br />

lamentaram o aviltamento nacional, mas não tinham poder para atacálo.<br />

Eles brilharam como estrelas, em uma noite escura; mas o que a<br />

nação precisava era do brilho da luz de uma manhã ensolarada. Mas,<br />

quando a escuridão era a mais profunda, aquela luz surgiu. Quando a<br />

condição moral do país parecia estar perto de sua mais baixa<br />

decadência, e as pessoas mais próximas do limite extremo da<br />

degradação, foi, então, que agradou à Divina Providência levantar<br />

agentes preparados, adequados para impedirem a tendência declinante,<br />

e inaugurar uma nova era. Ao lado do mais notável processo de<br />

218


preparação, como as páginas prévias mostrariam, estavam os servos<br />

do Divino, prontos para seu alto chamado. Dotação individual, grande<br />

cultura, ou dons especiais, uma regeneração pessoal, uma disciplina<br />

religiosa severa, hábitos de abnegação, introduzindo austeridade, uma<br />

intrepidez destemida, zelo invencível, e entusiasmo fervente, juntos<br />

com o mais completo altruísmo, e uma fé mais profundamente<br />

enraizada em sua missão, na verdade deles, e na co-operação Divina –<br />

Deus operando com eles – foram, em meio às mais altas qualidades, o<br />

que adequou esses homens devotos a ser instrumentos preparados para<br />

o cumprimento de uma grande e espiritual reforma.<br />

Atenção é conseguida, através da maravilhosa obra de<br />

regeneração que <strong>Wesley</strong> e seus colaboradores começaram, e para tão<br />

surpreendente extensão, executaram; mas de cuja obra, ele deve<br />

sempre ser considerado o principal líder e o principal autor. E isto, não<br />

meramente porque sua carreira foi mais longa que a deles, nem porque<br />

ele era dotado de um grau mais elevado do que eles, com as<br />

qualificações necessárias para liderar uma grande obra; mas,<br />

principalmente, por causa de seu gigantesco e variado trabalho, sua<br />

atividade irrepreensível, e sua persistência inabalável, no uso das mais<br />

efetivas medidas. Ele não apenas foi o principal líder do movimento;<br />

ele foi a alma dele. Ao prestarmos honra a <strong>Wesley</strong>, portanto, não é<br />

necessário ocultar isto da vista de seus coadjutores, ou atirar o<br />

trabalho deles na sombra. Um instrumento frágil, na mão Divina;<br />

adequado, chamado, e usado, pelo poder Divino, sua obra foi muito<br />

grande.<br />

Mas outros também foram chamados e qualificados; e muito<br />

alegremente ele lhes deu as boas-vindas; a cada um, quem retribuísse<br />

com o menor apoio. Nunca um líder esteve, em tão grande<br />

empreendimento, livre do ciúme de qualquer honra que seus cooperadores<br />

ganhassem. Whitefield, com seu dramático poder<br />

espiritualizado, seu trabalho autodesgastante, e seu sucesso brilhante;<br />

Charles <strong>Wesley</strong>, não apenas o autor de hinos, escolhido por todos, mas<br />

um pregador mais vigoroso do que geralmente se supõe, ele tenha sido<br />

– talvez, em suas primeiras trajetórias, nem um pouco atrás, de<br />

219


qualquer um dos dois; Fletcher, mais tarde, com seu espírito seráfico,<br />

sua caneta poderosa, e seu trabalho inflamado; a gradual ampliação do<br />

círculo de clérigo simpatizante, e outros que o auxiliaram na obra; e<br />

não menos, os itinerantes "ajudadores leigos", um nobre grupo de<br />

homens, labutando em um serviço heróico, e freqüentemente<br />

penetrando onde o quase onipresente chefe não poderia ir, sempre<br />

pronto para cumprir sua ordem, uma vez que ele, com uma habilidade<br />

geral, os preparou para o amplo campo de conflito; os pregadores<br />

leigos que não foram colocados aparte da obra, mas que, quando<br />

capazes, seguiram seus comércios e pregaram seus sermões, em sua<br />

própria vizinhança, e, por este motivo, chamados de "pregadores<br />

locais"; líderes necessários das "classes" de crentes, em meio aos<br />

quais estavam muitas mulheres devotas, úteis e honradas; os<br />

administradores que cuidaram de todos os assuntos financeiros; e<br />

muitos outros, cada um contribuindo de acordo com sua habilidade<br />

para a condução da grande campanha – todos eram bem-vindos, todos<br />

eram devidamente reconhecidos e reverenciados, e, igualmente<br />

amados, por causa de suas obras.<br />

Mas <strong>Wesley</strong> foi o líder. Ele foi reconhecido como tal, até<br />

mesmo, em Oxford, imediatamente, do reunir-se no "clube santo", e<br />

sua posição nunca foi contestada; e ele foi o principal trabalhador.<br />

Ninguém fez tanto quanto ele. Ele trabalhou mais, ele pregou mais, ele<br />

escreveu mais do que qualquer um deles. É sua obra que essas páginas<br />

pretendem ilustrar. Ele se coloca diante de nós como o grande<br />

campeão desta campanha santa, com seus trabalhos incomparáveis,<br />

sua grande capacidade de tolerância, sua fidelidade resoluta, e com<br />

uma convicção, aprofundando e instalando-se em sua alma de que ele<br />

foi o mensageiro de Deus para um povo ignorante. À sua obra, ele<br />

devotou sua inteira força e tempo, sem se apressar, e igualmente, sem<br />

descanso. Como muitos de seus colaboradores, ele suportou privação,<br />

fadiga, calúnia, e tratamento brutal, pelas mãos das turbas violentas.<br />

Como um bravo capitão, ele esteve na mais abundante das lutas,<br />

nunca hesitando em tomar o lugar do maior perigo ou da maior labuta.<br />

Ele pregava, bem cedo de manhã, até que a sombra da noite caísse; ele<br />

continuou em frente em sua pregação, em qualquer condição de<br />

220


tempo, e em todas as horas, tendo seus planos em seu bolso, seus<br />

livros e papéis em seu alforje, ou sobre as prateleiras, preparadas em<br />

sua carruagem – sua "máquina" de viagem. Sua caneta estava tão<br />

pronta, quanto sua língua, surpreendendo todos que conheciam a<br />

extensão de seus escritos; suas cartas foram inumeráveis. Os originais<br />

e cópias de mais de duas mil dessas folhas efêmeras têm sido<br />

preservadas até hoje.<br />

Em meio às muitas qualidades que o distinguiram, no mínimo<br />

estava sua indomável firmeza de propósito. Os leitores das páginas<br />

antecedentes puderam observar quantos e quão grandes obstáculos se<br />

apresentaram em seu caminho; mas eles foram ineficazes para desviálo<br />

dele. É mais observável, ainda, quantas causas para o<br />

desencorajamento pareceram continuamente surgir a sua volta. Mas, é<br />

igualmente surpreendente que elas tiveram tão pouco efeito sobre ele.<br />

Ele não diminuiu suas tarefas em um grau mais leve por consideração<br />

a elas. A reincidência dos convertidos, nas mesmas circunstâncias<br />

desfavoráveis, na qual eles estiveram situados, pareceu estimulá-lo a<br />

renovar esforços para reformar aqueles acrescentados para defender a<br />

fidelidade, nem a apostasia dos amigos, não mais do que o declarado<br />

antagonismo de seus inimigos, o desviou de seu curso – não, nem por<br />

uma hora. Ele estava contente da autonomia, sustentado pela profunda<br />

e inalterável convicção de que, como ele foi chamado para sua obra,<br />

pela autoridade Divina, "então, ele seria sustentado pelo apoio<br />

Divino".<br />

Não está em nosso poder, traçar seus passos através dos longos<br />

anos, e manter o ritmo com ele, em sua rápida passagem de cidade a<br />

cidade, de vila a vila, ao longo de 250.000 milhas que o cuidadoso<br />

estima seja a extensão de sua viagem por todas essas ilhotas, em um<br />

grande chamado junto ao povo adormecido, para que acorde, e se<br />

levante, a fim de que Cristo lhes traga a luz. Assim, um relato<br />

minucioso é impossível, embora os materiais estejam, em grande<br />

proporção, à mão. De certa forma, isto tem sido feito até aqui, com o<br />

objetivo de dar uma idéia da multiplicidade e variedade de suas<br />

ocupações, e de sua incessante devoção à grande obra que ele tinha a<br />

221


ealizar. Afirmações subseqüentes devem ser mais genéricas,<br />

mencionando apenas os incidentes mais notáveis e o que quer que<br />

possa especialmente apontar para o desenvolvimento do que <strong>Wesley</strong><br />

usava chamar de "a Obra de Deus"; porque, por mais interessantes<br />

que os incidentes individuais possam ser, nos fatigaria examinar o<br />

relato deles. O que foi, então, pacientemente executá-los!<br />

Este ano, com exceção de aproximadamente um mês em<br />

Oxford, três meses em Gales, e uma semana em Midlands, <strong>Wesley</strong><br />

dividiu seu tempo em proporções quase iguais, entre Londres e<br />

Bristol. Charles <strong>Wesley</strong> alternou com ele, embora ele pregasse mais<br />

em Bristol, do que em Londres.<br />

No encerramento de 1740, nós vimos os primeiros vestígios da<br />

nuvem, na apostasia parcial do valioso ajudador leigo de <strong>Wesley</strong>, em<br />

Kingswood – <strong>John</strong> Cennick. O ano seguinte iniciou em meio a<br />

alternâncias de exultação jubilosa pelo poder de Deus manifesto, e<br />

tristes indicações da fraqueza do homem. Reunindo todas as Bands de<br />

Bristol e Kingswood, <strong>Wesley</strong> relatou o que Deus havia feito por eles,<br />

através dele, e qual retorno eles deram nos diversos meses passados,<br />

com as disputas contínuas, divisões, e ofensas, fazendo com que ele<br />

seguisse oprimido no decorrer do dia. Mas outros panoramas o<br />

alegrou. Muitos receberiam benefícios de seus trabalhos em pregar e<br />

expor, de forma que ele escreve, na alegria de seu coração: "À tarde,<br />

nossas almas foram preenchidas com o espírito da oração e ação de<br />

graças, de maneira que dificilmente eu conseguiria explicar como, até<br />

que eu encontrei onde isto estava escrito: 'Minha canção seja sempre<br />

da bondade amorosa do Senhor; com minha boca eu sempre<br />

mostrarei Tua verdade, de uma geração a outra'".<br />

Retornando a Londres, ele se encontrou com a Sociedade na<br />

Fundação. "Aqui", ele diz, em 22 de Janeiro, "eu comecei expondo<br />

onde meu irmão desistiu, ou seja, (I João 4). Ele não pregou na<br />

manhã anterior [por exemplo, no serviço das cinco da manhã], nem<br />

pretendeu fazer isto mais".<br />

222


Isto aponta para a apostasia da parte de Charles <strong>Wesley</strong>, que<br />

demanda uma breve consideração. O próprio Charles evidentemente<br />

alude para seu risco de desviar-se, e, como isto pareceria, em sua<br />

evasão, há algum tempo, no 22 de Junho do ano anterior, quando ele<br />

escreve: "Eu conclui o dia na festa de amor com os homens [em<br />

Bristol]. Paz, unidade, a amor havia aqui. Nós não nos esquecemos de<br />

nossos pobres irmãos desatentos que havia, até que os Morávios<br />

vieram. Como devo eu me regozijar do meu livramento das mãos e<br />

espírito deles! Minha alma escapou da armadilha do passarinheiro. E<br />

eu não amasse os cordeiros de Cristo [um termo Morávio], na<br />

verdade, os lobos terríveis, eu não veria a face deles mais. Eu não sou<br />

mais um devedor do Evangelho a vocês. Vocês me desobrigaram<br />

completamente; mas se vocês rejeitam meu testemunho, outros o<br />

recebem alegremente!". Três dias antes disto, ele descreveu para a<br />

Sociedade em Oxford, "A tranqüilidade dos primeiros cristãos, (Atos<br />

2:42), que perseveraram na doutrina dos apóstolos; e na comunhão,<br />

no partir do pão e nas orações'". E, em Abril daquele ano ele<br />

escreveu o hino intitulado, Os Meios da Graça, que, ele diz, ele<br />

"imprimiu como um antídoto para a tranqüilidade".<br />

Nos primeiros três meses deste ano, havia um completo espaço<br />

vazio no Diário de Charles <strong>Wesley</strong>; mas é evidente que muito deste<br />

tempo foi gasto por ele em Londres, e é provável que, enquanto por lá,<br />

ele esteve novamente sob a influência dos Morávios, e, especialmente,<br />

de seus amigos, Sr. Hutchings, Sr. Stonehouse, Vigário de Islington,<br />

Sr. Chapman, e seu cunhado, Sr. Westley Hall, que se manteve<br />

afastado da Fundição, associado aos Morávios, influenciado por eles,<br />

e pareceu inclinado a se juntar a eles.<br />

No entanto, em 12 de Fevereiro, <strong>Wesley</strong> escreve: "Meu irmão<br />

retornou de Oxford, e pregou sobre a maneira correta de esperar por<br />

Deus: assim, dispersando, imediatamente, os temores de alguns, e as<br />

vãs esperanças de outros, que confidentemente afirmaram que o Sr.<br />

Charles <strong>Wesley</strong> já era quietista, e não viria mais para Londres". Mas<br />

nisto, <strong>Wesley</strong> parece ter sido muito sanguíneo, porque em 21 de Abril,<br />

logo depois que Charles retornou de Bristol, <strong>Wesley</strong> escreveu uma<br />

223


carta para ele de Londres, em que, depois de dirigir-se, de diversas<br />

maneiras, ele fornece razões completas e abundantes, porquê ele "não<br />

poderia, de maneira alguma, juntar-se aos Morávios", e acrescenta o<br />

que pode explicar mais adiante seu sincero repúdio a eles:<br />

"Como eu ainda não me atrevo, de maneira alguma, a me<br />

juntar aos Morávios: (1) Porque o projeto geral deles é místico, não<br />

bíblico, -- infinitamente além das claras doutrinas do evangelho. (2)<br />

Porque existem trevas e estagnação em todo o comportamento deles,<br />

e fraude em quase todas as suas palavras. (3) Porque eles não apenas<br />

não praticam, mas menosprezam e depreciam extremamente, a<br />

abnegação e a cruz diária. (4) Porque eles, por princípio,<br />

conformam-se com o mundo no uso de ouro, e vestuário vistoso e<br />

caro. (5) Porque eles estendem a liberdade cristã, neste e em muitos<br />

outros aspectos, além do que é autorizado pelo menos, com respeito<br />

ao seu próprio povo. E, (por fim), porque eles fazem com que a<br />

religião interior reprima a exterior em geral. Por essas razões,<br />

principalmente, Deus sendo meu ajudador, eu antes prefiro ficar<br />

completamente só, do que me juntar a eles – Eu quero dizer, até que<br />

eu tenha segurança completa de que eles não irão espalhar mais esses<br />

erros em meio ao pequeno rebanho entregue aos meus cuidados".<br />

"Ó, meu irmão, minha alma está aflita por você: o veneno está<br />

em você: palavras bonitas roubaram seu coração. Eu temo que você<br />

não possa encontrar alguém em Bristol, em tão grande liberdade<br />

como Marschall! 'Nenhum homem ou mulher inglesa é como os<br />

Morávios'". [Charles <strong>Wesley</strong> estava agora em Bristol. Ele endossou a<br />

cópia desta carta na Coleção Colman: 'Quando eu me curvei aos<br />

Alemães'. Ele evidentemente usou as palavras: 'Nenhum homem ou<br />

mulher inglesa é como os Morávios'. Seu irmão se referiu ao perigo<br />

em seu Diário. A preocupação não estava terminada. Lady<br />

Huntingdon, em uma carta a <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, em 24 de Outubro, fala de<br />

Charles, como tendo declarado guerra à Quietude Morávia, e se refere<br />

a si mesma como "o instrumento nas mãos de Deus, que o livrou<br />

deles".] "Assim, o assunto vem para uma questão justa. Cinco de nós<br />

ainda permaneceram juntos, poucos meses, desde então; mas dois se<br />

224


foram para o lado direito (pobre Hutchings e Cennick); e dois mais,<br />

para o lado esquerdo, (Sr. Hall e você). Senhor, se for Teu evangelho<br />

o que eu prego, levanta e mantém tua própria causa [Adieu!]".<br />

O que foi o Quietismo: Uma corrente mística surgida no<br />

final do séc XVII, promovida principalmente por Miguel Molinos, que<br />

propicia a passividade absoluta no trabalho da própria perfeição --<br />

<strong>Wesley</strong> rompeu com os Morávios, cujas visões Quietistas tinham um<br />

efeito similar de fechar a igreja a todos aqueles que sinceramente<br />

buscavam a fé. Quando Peter Bohler, e, então, Philip Molther<br />

pressionaram a espiritualidade Quietista sobre a Sociedade de Fetter<br />

Lane, eles foram vigorosamente detidos por <strong>Wesley</strong>. Para o Quietista<br />

a aproximação com Deus era uma espera passiva Nele, por um<br />

movimento interior do Espírito. Não deveria haver coisa alguma desta<br />

natureza tumultuosa Metodista, de cantar e pregar, nem algum recurso<br />

para os Meios da Graça, incluindo a total abstinência da Comunhão<br />

Santa.<br />

Se Charles <strong>Wesley</strong> estava liberto de uma vez da armadilha não<br />

está aparente; mas no domingo, 20 de Julho, ele escreve: "Nossa<br />

esperança foi muito confirmada por aquelas palavras, que eu reforcei<br />

em Kingswood: 'Não temais; estai quietos, e vede o livramento do<br />

Senhor' (Êxodo 14:13); ou, como foi mais tarde afirmado: 'Por que<br />

clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem' (verso 15). Eu<br />

discursei à tarde, sobre o mesmo assunto, de (Isaías 64:5) ' Tu sais ao<br />

encontro daquele que, com alegria, pratica a justiça, daqueles que se<br />

lembram de ti nos teus caminhos. Eis que te iraste, porque pecamos;<br />

há muito tempo temos estado em pecados; acaso seremos salvos?'.<br />

Daqui, eu exaltei a lei das ordenanças cristãs, exortando aqueles que<br />

esperam pela salvação, a serem como vasos nas mãos do oleiro,<br />

encorajando-se a segurar firme no Senhor. Deus deu-me muita<br />

liberdade para explanar; aquela mais ativa, vigorosa, agitada idéia, a<br />

quietude verdadeira".<br />

O episódio completo pode ser encerrado pelo seguinte extrato<br />

de uma carta endereçada pela Condessa de Huntingdon a <strong>John</strong><br />

225


<strong>Wesley</strong>, que mostra similar ao perigo em que Charles havia caído, e a<br />

dívida dele para com sua senhoria por seu livramento:<br />

Quem foi Lady Huntingdon -- O caráter pessoal de Lady<br />

Huntingdon mereceu e ganhou o mais profundo respeito. Um escritor<br />

anglicano ressalta a coragem moral que a capacitou, quando exposta a<br />

todas as tradições de uma aristocracia, nas condições em que a<br />

aristocracia estava, nos reinados de George II e George III, ao deixar<br />

de lado todos os preconceitos da corte, e enfrentar todo o desprezo e<br />

ridículo por parte deles, para participar da mesma sorte, e sem reserva,<br />

com os Metodistas desprezados, é admirável. Se ela parecia, algumas<br />

vezes, adotar algum ar imperioso, em direção aos seus protegidos, nós<br />

devemos lembrar que uma condessa era uma condessa naqueles dias, e<br />

que ela foi, certamente encorajada, pela reverência extravagante<br />

prestada a ela por Whitefield e outros. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, de fato, nunca se<br />

deslumbrou pela sua grandeza, ao contrário, isso o levou a, mais de<br />

uma vez, censurar a imperiosidade "daquela mulher valorosa".<br />

É evidente que, mesmo na corte corrupta de George II, sentiuse<br />

que Lady Huntingdon tinha escolhido a melhor parte. Um dia na<br />

corte, o Príncipe de Gales inquiriu onde Lady Huntingdon estava, já<br />

que ela raramente visitava o círculo de amizades, naquele tempo. Lady<br />

Charlotte Edwin respondeu com escárnio: "Eu suponho que pregando<br />

com seus mendigos". O príncipe balançou a cabeça e disse: "Lady<br />

Charlotte, quando eu estiver morrendo, eu penso que ficarei feliz, em<br />

agarrar a beirada do manto de Lady Huntingdon, e me erguer com<br />

ela, até o céu".<br />

----<br />

21 de Outubro de 1741.<br />

"A sabedoria é justificada pelos seus frutos. Sua resposta à<br />

primeira parte da minha carta quase me silenciou completamente<br />

quanto a este assunto. Mas eu acredito que o Diário de seu irmão<br />

esclarecerá mais completamente a você o que eu quis dizer. Porque<br />

226


eu me esforcei muito, para que existissem tão poucas armadilhas no<br />

caminho dele, quanto possível. Desde que você nos deixou, os mais<br />

simples não ficaram sem os ataques deles. Eu temo muito mais por ele<br />

do que por mim, já que o conquistador de um poderia ser nada para o<br />

outro. Eles, através de seus representantes, me injuriaram muito, mas<br />

eu não tomei conhecimento, como se eu nunca tivesse ouvido alguma<br />

coisa a respeito".<br />

"Eu me conforto muito que você aprove uma medida, que seu<br />

irmão e eu tomamos com respeito a eles. Não menos do que ele<br />

declarar abertamente guerra contra eles. Ele pareceu ter alguma<br />

dificuldade quanto a isto, no início, mas eu dei a ele toda liberdade<br />

para usar meu nome, como instrumento nas mãos de Deus, para que<br />

ele se libertasse deles. Eu me regozijo muito com isto, esperando que<br />

este seja um meio de operar meu livramento deles também. Eu pedi a<br />

ele que incluísse seu sermão sobre a Perfeição Cristã, no<br />

endereçamento a eles. A doutrina que ele contém, eu espero viver e<br />

morrer por ela; é a coisa mais absolutamente completa que eu<br />

conheço. Deus ajudou em suas fraquezas; Seu Espírito esteve com<br />

você na sua fidelidade. Você não pode calcular o quanto eu me<br />

regozijo, no Espírito, por isto".<br />

"Seu irmão também dará suas razões para a completa<br />

separação; e eu terei uma cópia da carta que ele enviará a eles, para<br />

manter comigo. Eu tenho grande fé de que Deus não o fará cair; Ele<br />

certamente terá misericórdia dele, e não dele apenas, porque muitos<br />

caem com ele. Eu sinto que ele me faria vacilar com sua queda; mas<br />

eu fugirei deles, como que de um pólo a outro; porque eu serei<br />

correta em minha obediência. Suas habilidades naturais, seu<br />

julgamento e o progresso que ele alcançou, estão tão acima do que de<br />

melhor eles tenham feito, que eu imaginaria que nada, a não ser o<br />

delírio poderia tê-lo aprisionado; mas, quando refleti sobre ele, com<br />

tantos defensores da carne, em volta dele, tendo a forma de anjos de<br />

luz, que estremeci de medo por ele, eu não encontraria conforto, se eu<br />

não soubesse seguramente que Ele que é por ele é maior do que<br />

aquele que é contra ele".<br />

227


"Quando você receber o Diário dele, você se regozijará muito,<br />

quando vier na quinta-feira, 15 de Outubro...".<br />

Tivesse Charles se afastado de sua firmeza para com a<br />

verdade, e de sua fiel aliança com seu irmão, as conseqüências teriam<br />

sido irreparáveis. Felizmente, aquela calamidade foi evitada, e seu<br />

serviço no grande empreendimento evangelista foi superado apenas<br />

por aquele do próprio <strong>Wesley</strong>; enquanto que, através de seus hinos<br />

evangélicos inigualáveis, ele supre um ministério interminável para<br />

com a Igreja de Cristo sobre a terra.<br />

Erupções renovadas da violência popular agora apareceram,<br />

como, por exemplo, em Deptford, "onde muitos pobres miseráveis se<br />

reuniram, vazios extremamente de bom-senso e decência comum. Eles<br />

gritavam, como que saindo de suas tumbas. Mas a palavra tinha<br />

poder, e muitos deles ficaram completamente confusos". Antes que ele<br />

pudesse pregar em Shrove, na terça-feira, "muitos homens do tipo<br />

mais aviltante, tendo se misturado com as mulheres, comportaram-se<br />

tão indecentemente, que ocasionaram muita confusão. Um<br />

condestável ordenou a eles para manterem a paz. Pelo que eles o<br />

derrubaram". Poucos dias depois, enquanto pregando em Long Lane,<br />

Southwark, "o exército de forasteiros se reuniu, e uma enorme pedra<br />

caiu exatamente sobre seus ombros".<br />

Com todas as coisas, estabelecidas de acordo com sua vontade,<br />

ele deixou Londres em 17 de Fevereiro. Ele se deparou com a<br />

dolorosa condição dos assuntos em Kingswood, e vizinhança,<br />

principalmente causado pela atitude assumida por Cennick, que, com<br />

quinze ou vinte outros, veio até ele, e lhe disse que ele "pregou a<br />

fidelidade do homem, mas não a fidelidade de Deus". Havia problema<br />

também em Bristol, onde ele inquiriu, tão completamente quanto<br />

pode, concernente às divisões e ofensas que, não obstante, as<br />

preocupações sinceras que ele teve, começaram novamente a<br />

expandir-se.<br />

228


Ele passou um mês infeliz empenhando-se para reconciliar a<br />

agora instável Sociedade em Kingswood, mas sem efeito. Cennick<br />

declarou: "Nós estamos dispostos a nos juntarmos a você. Mas nós<br />

também queremos nos encontrar, aparte de você. Por isto, nós nos<br />

encontramos para confirmamos um ao outro, naquelas verdades, da<br />

qual você fala contra". A inevitável divisão tomou lugar; cinqüenta e<br />

dois simpatizantes de Cennick afastaram-se, enquanto mais de<br />

noventa foram expulsos. <strong>Wesley</strong> ocupou muito do seu tempo em<br />

visitar muitas pessoas doentes, e em ajustar a Sociedade de Bristol,<br />

que tinha sido muito prejudicada por essas tristes disputas.<br />

Ele, então, tendo organizado os assuntos, melhor do que<br />

esperava fazer, retornou, a pedido de seu irmão, para Londres, onde se<br />

afastou das atividades, durante quatro horas, todos os dias, exceto no<br />

sábado, para falar com alguém que pediu por isto, e uma hora, todos<br />

os dias, para examinar as "Bands", para que nenhuma pessoa<br />

desordenada, ou descuidada, ou contenciosa permanecesse em meio a<br />

eles. A doença, estando muito predominante, ele fixou um método<br />

regular de vistas, oito ou dez pessoas se oferecendo para a obra, "os<br />

quais", diz ele, escrevendo para seu irmão, "deve ter igualmente<br />

dedicação completa; porque mais e mais adoecem todos os dias". Esta<br />

obra estendeu-se grandemente mais tarde.<br />

Em 1º. de Maio, <strong>Wesley</strong> escreve: "À noite, eu fui para uma<br />

pequena festa do amor, que Peter Boher realizou para aqueles dez<br />

que se juntavam, há três anos, naquele dia, 'para confessar nossas<br />

faltas uns aos outros'. Sete de nós estivemos presente; um estando<br />

doente, e dois relutantes em virem. Certamente virá o tempo, quando<br />

haverá novamente 'união de mente, como se em nós todos houvesse<br />

apenas uma alma'<br />

Ele foi compelido a se separar deles, não obstante ele quisesse<br />

a união.<br />

229


No dia seguinte, ele teve uma conversa, de diversas horas, com<br />

Peter Böhler e Spangenberg. O assunto da conversa foi, "uma nova<br />

criatura", o relato de Spangenberg sobre o que foi assim falado: "No<br />

momento em que objetivamos ser justificados, uma nova criatura é<br />

colocada dentro de nós. Isto, de outra forma, é denominado, o novo<br />

homem. Mas, não obstante, a velha criatura, ou o velho homem,<br />

permanece em nós, até o dia de nossa morte. E com o velho homem,<br />

permanece o velho coração, corrupto e abominável. Porque a<br />

corrupção interior permanece na alma, por quanto tempo a alma<br />

permanece no corpo. Mas o coração que está no novo homem é limpo.<br />

E o novo homem é mais forte do que o velho; de maneira que, embora<br />

a corrupção continuamente nos despoje, ainda assim, enquanto<br />

olhamos para Cristo, ela não prevalece ".<br />

Mas <strong>Wesley</strong> não acredita na necessária permanência desta<br />

corrupção até a morte. Ele ensinou seu povo a sinceramente buscar<br />

pela sua inteira destruição. Isto seus amigos, as pessoas de Fetter<br />

Lane, chamou de sua doutrina da "perfeição sem pecado" – um termo<br />

que ele repudiou inteiramente. Ele pregou uma "Perfeição Cristã",<br />

justificando o uso do termo, não apenas das Escrituras, mas também<br />

da Coleta [oração que precede a epístola] no Serviço de Comunhão;<br />

"Limpa os pensamentos de nossos corações, pela inspiração do Teu<br />

Espírito Santo, para que possamos perfeitamente amar a Ti; e<br />

merecidamente glorificarmos Teu Santo Nome". Esta elevação do<br />

ideal da vida cristão foi um dos grandes serviços prestados por <strong>Wesley</strong><br />

à Igreja.<br />

Na semana seguinte, ele registra: "Nós concordamos em nos<br />

encontrarmos para orarmos e humilharmos nossas almas diante de<br />

Deus, para que Ele nos mostrasse Sua vontade, concernente a nossa<br />

re-união com outros irmãos em Fetter Lane. E com este objetivo,<br />

todos os homens e mulheres das Bands se encontraram a uma da<br />

tarde. Nem nosso Senhor desprezou nossas orações, nem deixou a Si<br />

mesmo sem testemunho diante de nós. Mas ficou claro para todos, até<br />

mesmo para aqueles que eram antes os mais ardorosos com relação a<br />

isto, que o tempo não virá".<br />

230


Um dos eventos proeminentes do ano de 1739 foi a pregação e<br />

publicação do sermão da Graça, para o qual foi anexado um hino de<br />

trinta e seis estrofes, ou a Redenção Universal, por Charles <strong>Wesley</strong>.<br />

Trata-se de um discurso notável; -- um dos mais hábeis de <strong>Wesley</strong>; -um<br />

tratamento cuidadoso e vigoroso do assunto, claro na declaração e<br />

conclusivo no argumento. Nenhuma resposta efetiva a ele foi escrita.<br />

<strong>Wesley</strong> parece ter sentido necessário fazer um pronunciamento<br />

antecipado e forte sobre a questão. Ele estava consciente do fato de<br />

que doutrina falsa circulara em meio às Sociedades, causando divisão,<br />

e seduzindo alguns dos membros da firmeza deles.<br />

Tyerman descreve o sermão como, em alguns aspectos, o mais<br />

importante que <strong>Wesley</strong>, alguma vez, publicou. Ele diz: "Eu me refiro<br />

à divisão que Whitefield [não mais do que <strong>Wesley</strong>] pleiteou, e também<br />

à organização da Conexão de Lady Huntingdon, e a fundação dos<br />

Metodistas Calvinistas em Wales; e, finalmente, culminada na feroz<br />

controvérsia de 1770, e a publicação do inigualável, 'Restrições ao<br />

Antinomianismo', que tão efetivamente silenciou a heresia Calvinista,<br />

de maneira que sua voz dificilmente foi ouvida naquele tempo a este".<br />

Talvez, isto atribua muito para a influência deste simples sermão. Foi<br />

o reconhecimento da doutrina, preferivelmente a alguma discussão<br />

específica dele, que conduziu para os resultados citados. Mas o<br />

sermão marca o começo da controvérsia, o decurso da qual Tyerman<br />

apontou:<br />

Durante a primeira viagem de Whitefield para a América, não<br />

havia sinal de ensino Calvinista; nem mesmo durante o tempo que ele<br />

passou na Inglaterra, depois de seu retorno, até imediatamente depois<br />

de seu segundo embarque, quando em um sermão, pregado em Stoke<br />

Newington, quinze dias antes que ele embarcasse, e, depois publicado<br />

em um volume de sermões, ele faz três referência aos "eleitos",<br />

afirmando em um deles que: "A verdade é esta: Deus, como<br />

recompensa pelos sofrimentos de Cristo, prometeu dar aos eleitos a fé<br />

e o arrependimento, com o objetivo de trazê-los para a vida eterna; e<br />

essas, e as todas as coisas mais, necessárias para a felicidade eterna<br />

231


deles, estão infalivelmente asseguradas para eles nesta promessa,<br />

como o Sr. Boston, um excelente clérigo escocês, docemente e<br />

claramente nos mostra, em um livro intitulado, 'A Aliança da Graça'",<br />

assim revelando uma fonte de suas idéias.<br />

Tyerman pensa que Whitefield absolveu esses sentimentos dos<br />

sermões dos irmãos Erskine, com os quais ele se declarou muito<br />

satisfeito e edificado, recomendando-os, e ao Cristo Místico, do Bispo<br />

Hall, e o sermão de Boehme, para todos. Tyerman está, portanto,<br />

correto em dizer que o Calvinismo de Whitefield "nasceu na<br />

Inglaterra, por volta do mês de Junho de 1739, mas foi cuidado e<br />

fortemente fortalecido na América em 1740".<br />

Embora, tanto <strong>Wesley</strong> quanto Whitefield fossem ferventes e<br />

resolutos em pregarem cada um seu próprio entendimento da verdade,<br />

ainda assim, eles eram sinceramente desejosos de que a diferença em<br />

suas opiniões não conduzisse a alguma diminuição do respeito e<br />

afeição fraternos, um pelo outro. A correspondência deles, durante a<br />

segunda estada de Whitefield na América, amplamente testifica isto.<br />

Algumas das cartas de Whitefield, enquanto afirma sua crença<br />

crescente nas doutrinas do amor eleito, era mais ternamente patética<br />

em suas afirmações, com relação aos seus velhos amigos. <strong>Wesley</strong>, da<br />

sua parte, evitou cuidadosamente alguma coisa que fosse igualmente<br />

perturbar sua feliz camaradagem. Whitefield, no entanto, auxiliado,<br />

dizem, por alguns dos ministros na América, preparou uma réplica ao<br />

sermão da Graça Livre, de <strong>Wesley</strong>, e a publicou em Charlestown e<br />

Boston. Durante sua viagem para casa, ele escreveu uma carta a seu<br />

amigo Charles <strong>Wesley</strong>, datada de 1º. De Fevereiro de 1741, na qual<br />

ele diz: "Meu querido irmão, por que você ofereceu o osso da<br />

contenda? Por que você imprimiu aquele sermão contra a<br />

predestinação? Por que você, em especial, meu querido irmão<br />

Charles, anexou seu hino, e reuniu e lançou seu recente hinário?<br />

Como você pode dizer que não contenderá comigo a respeito da<br />

eleição, e ainda assim imprime tais hinos, e seu irmão envia seus<br />

sermões, contra a eleição, para o Sr. Garden e outros, na América?<br />

Você não pensa, meu querido irmão, que eu devo estar tão<br />

232


preocupado com a verdade, ou que eu penso a respeito da verdade,<br />

como você? Deus é meu Juiz, eu sempre estive, e espero que eu<br />

sempre esteja, desejoso de que você possa ter preferência diante de<br />

mim. Mas eu devo pregar o Evangelho de Cristo, e isto eu não posso<br />

agora fazer, sem falar da eleição". Referindo-se à resposta dele, ele<br />

acrescenta: "Se isto ocasionar uma estranheza em nós, não será minha<br />

falta. Não existe nada em minha resposta estimulando a isto, que eu<br />

saiba. Ó, meu querido irmão, meu coração quase sangra dentro de<br />

mim. Eu penso que eu estaria disposto a permanecer aqui no mar<br />

para sempre, preferivelmente a vir para a Inglaterra me opor a você".<br />

Chegando em Londres, no mês de Março, Whitefield submeteu<br />

sua resposta a Charles <strong>Wesley</strong>, que a retornou endossada com as<br />

palavras "Ponha novamente tua espada dentro de seu lugar"; e isto<br />

conduziu à postergação de sua publicação por um tempo.<br />

Já para o encerramento do mês, <strong>Wesley</strong> escreve: "Após ouvir<br />

muito a respeito do comportamento indelicado do sr. Whitefield,<br />

desde seu retorno da Geórgia, fui até ele, ouvi-lo falar por si mesmo,<br />

para que eu soubesse como julgar. Eu aprovei grandemente sua<br />

franqueza de discurso. Ele me disse que eu preguei dois Evangelhos<br />

diferentes; e, portanto, ele não apenas não se juntaria a mim e meu<br />

irmão, ou me daria a mão direita de camaradagem, mas estava<br />

resolvido a publicamente pregar contra nós, onde quer que pregasse,<br />

afinal. Sr. Hall, que foi comigo, o lembrou da promessa que fizera<br />

alguns poucos dias antes, de que, qualquer que fosse sua opinião<br />

pessoal, ele nunca pregaria publicamente contra nós. Ele disse que a<br />

promessa foi apenas um efeito da fraqueza humana, e que agora ele<br />

pensava de uma outra forma". Assim sendo, ele pregou contra os<br />

<strong>Wesley</strong>s, quer em Moorfields ou em qualquer outro lugar. E, até<br />

mesmo quando convidado a ocupar o púlpito da Fundição, diante de<br />

alguns milhares de pessoas, e com Charles <strong>Wesley</strong> sentando-se ao seu<br />

lado, "ele pregava aos graus absolutos da maneira mais peremptória<br />

e ofensiva".<br />

233


Whitefield foi assim mostrado em um curso de ação que lhe<br />

trouxe, até mesmo, mais dor do que aos outros. Ele foi a vítima, por<br />

ocasião das muitas circunstâncias desfavoráveis e conflitantes. Suas<br />

relações hostis com os <strong>Wesley</strong>s tornaram-se uma obscura, se não<br />

admitida, fonte de tristeza para ele. Seu profundo amor e respeito por<br />

eles não se harmonizavam com suas ações em direção a eles, de<br />

maneira que seu coração estava dividido. Suas responsabilidades<br />

monetárias na conexão com o Orfanato na Geórgia eram muito<br />

grandes. Ele fora também severamente manipulado por vários críticos<br />

de suas cartas imprudentes sobre, "Todo o Dever do Homem, do<br />

arcebispo Tillotson. Por um tempo, sua popularidade diminuiu. Dizem<br />

que dos vinte mil que se reuniam em suas pregações, o número tinha<br />

decrescido para duzentos ou trezentos. Ele mesmo diz que, em vez de<br />

haver milhares atendendo a ele, dificilmente um de seus filhos<br />

espirituais vinha vê-lo de manhã à noite; e que, em uma ocasião,<br />

quando pregava em Kennington Common, nem mesmo umas cem<br />

pessoas estiveram presentes para ouvi-lo. As destruidoras exibições da<br />

eleição e reprovação de <strong>Wesley</strong> não igualmente acrescentariam a<br />

atratividade do professor deles. Mas, acima de tudo, simpatizantes<br />

imprudentes de suas idéias estimularam-no à ações que provavelmente<br />

nunca cometeria, tivesse sido deixado aos impulsos de sua generosa<br />

natureza. Não houve necessidade de pessoas insensatas que buscaram<br />

fomentar uma disputa, como quando, no início de Fevereiro deste ano,<br />

uma carta pessoal de Whitefield a <strong>Wesley</strong>, ilicitamente impressa, foi<br />

distribuída em grande quantidade na porta e na própria Fundição.<br />

Afortunadamente, <strong>Wesley</strong> conseguiu uma, e, depois de pregar, relatou<br />

o fato claro para a congregação, dizendo-lhes: "Eu farei exatamente o<br />

mesmo que acredito o Sr. Whitefield faria, estivesse ele aqui<br />

pessoalmente", e rasgou a carta em pedaços, diante de todos; cada um<br />

que a havia recebido, fazendo o mesmo; de maneira que, em dois<br />

minutos, não havia uma cópia completa em meio deles. <strong>Wesley</strong> algum<br />

tempo depois escreveu: "Em Março de 1741, o sr. Whitefield, tendo<br />

retornado para a Inglaterra, aqui estava a primeira brecha, que<br />

homens entusiasmados persuadiram o sr. Whitefield a criar,<br />

meramente por uma diferença de opinião. Aqueles que acreditaram<br />

na redenção universal não desejaram se separar; mas aqueles que<br />

234


abraçaram a redenção restrita não quiseram ouvir de algum<br />

entendimento, determinados a não ter camaradagem com os homens<br />

'em tais erros perigosos'. De modo que agora existem duas sortes de<br />

Metodistas: aqueles para redenção restrita, e aquelas para a redenção<br />

geral.<br />

Esta separação deve ser vista como uma ocorrência<br />

especialmente dolorosa e lamentável nos primeiros alvoreceres da<br />

grande Avivamento. O que parece ser a abertura de um dia brilhante<br />

foi obscurecido com nuvens. Mas, depois de um curto período de<br />

tempo, ela havia passado, a velha amizade havia sido restaurada, e<br />

permitiu não mais interrupção até a morte de Whitefield.<br />

Whitefield rapidamente recuperou sua popularidade. Ele<br />

pregou muito na Inglaterra, e já no encerramento do ano, tinha uma<br />

recepção mais calorosa na Escócia; e no ano seguinte, o notável<br />

avivamento em Cambuslang tomou lugar. Ele partiu novamente para a<br />

América, em Agosto de 1744. No início de 1776, <strong>Wesley</strong> escreveu:<br />

"O Sr.Whitefield visitou-me. Ele respira coisa alguma, a não ser paz e<br />

amor. O fanatismo não se posiciona mais diante dele, mas oculta sua<br />

cabeça onde quer que ele vá"; e, em confirmação da perfeita<br />

restauração e afeição e amizade, refere-se ao fato de que Whitefield,<br />

em seu último testamento, escreveu com sua própria mão,<br />

aproximadamente seis meses antes de sua morte: "Eu deixo um<br />

'mouning-ring' [um anel usado, como um memorial na morte de uma<br />

pessoa] para meus honrados e queridos amigos, e desinteressados<br />

colaboradores, o Rev. Srs. <strong>John</strong> e Charles <strong>Wesley</strong>, como sinal de<br />

minha indissolúvel união com eles, em coração e afeição cristã, não<br />

obstante nossa diferença em julgamento a respeito de alguns pontos<br />

específicos da doutrina". E Whitefield menciona mais adiante do<br />

desejo sempre repetido de que <strong>Wesley</strong> pregasse seu sermão fúnebre.<br />

Este serviço melancólico, <strong>Wesley</strong> executou no ano de 1770, tanto na<br />

capela de Tottenham Court Road, quanto no Tabernáculo, Moorfields,<br />

e deu o mais amplo testemunho das mais excelentes qualidades, o zelo<br />

profundo, os trabalhos quase sem paralelo, da eloqüência esmagadora,<br />

o sucesso maravilhoso de seu querido amigo.<br />

235


Embora neste tempo <strong>Wesley</strong> sofresse muito de dor e fraqueza,<br />

ele não diminuiu seu trabalho. Para seu espírito, uma vez, caridoso e<br />

metódico, saída renovada para a energia agora apareceu.<br />

Muitos da Sociedade, necessitando de alimento e vestuário, e<br />

sem emprego; enquanto outros, doentes e prontos para perecerem, e<br />

ele incapaz de sozinho atender às necessidades deles, ele visitou a<br />

Sociedade Unida para trazer as roupas que eles podiam dispor, e dar<br />

contribuições semanalmente de um pence ou mais, que pudessem<br />

proporcionar, para aliviar o pobre. Ele, então, empregou as mulheres<br />

paupérrimas em trabalhos de tricô, pagando valor comum para o<br />

trabalho delas, e acrescentando a ele o que elas necessitavam. Além<br />

disso, ele designou doze inspetores, cujo dever abraçaria a visitação e<br />

alívio, todos os dias, a todo o doente, em seus diversos distritos, e a<br />

provisão daquilo que era necessário a eles. Eles se encontravam uma<br />

vez por semana, davam um relato do trabalho deles, e consultavam<br />

sobre o que mais poderia ser feito.<br />

A pedido premente de seu irmão, ele partiu em 18 de Maio<br />

para Bristol. Quando ele entrou na sala, no encerramento do sermão<br />

de seu irmão, alguns choravam alto, alguns batiam as mãos, alguns<br />

gritavam, e os demais louvavam, com todos verdadeiramente unidos.<br />

Aqui ele passou uma semana, durante a qual ele encontrou<br />

abundante ocupação, examinando os novos membros da Sociedade,<br />

visitando o doente – nenhum dos quais, ele encontrou, quer temendo<br />

ou lamentando da pregação, e ajustando os assuntos pecuniários da<br />

Sociedade, e da escola em Kingswood. Ele, então partiu cedo de<br />

retorno para Londres. No dia seguinte, ele se regozijou com a pequena<br />

sociedade em Windsor, e à noite, pregou na Fundição. Ao encontrar o<br />

sr. Piers, de Bexley, "muito estremecido pelo irmão 'quietista'", ele<br />

falou claramente com ele; a armadilha foi quebrada, e ele o deixou<br />

regozijando-se na esperança e louvor a Deus. Não era de se<br />

surpreender que muitos dos simplórios e ignorantes abraçassem a<br />

ilusão "quietista", quando, até mesmo o clérigo foi vitima dela. Ele<br />

236


exortou uma congregação lotada a não receber a graça de Deus em<br />

vão, e reforçou o mesmo na Sociedade, que agora somava por volta de<br />

novecentas pessoas.<br />

A extensão gradual de sua obra agora começa, com ele tirando<br />

uma semana para o turismo dentro do país, na sincera persuasão de<br />

Lady Huntingdon. Durante os dois dias de sua jornada exterior, em<br />

Leicestershire, ele fez um experimento, para o qual ele fora<br />

freqüentemente e sinceramente pressionado a fazer; ou seja, "falar<br />

com ninguém, com respeito às coisas de Deus, exceto se seu coração<br />

estivesse livre para isto", como resultado ele não falou com ninguém,<br />

afinal, por oitenta milhas consecutivas; de maneira que ele não teve<br />

cruz para carregar ou tomar, e comumente, em uma hora ou duas, caia<br />

rápido no sono; também obteve muito respeito mostrado a ele, como<br />

um cavalheiro civilizado, e afável; ele acrescenta: "Ó, quão agradável<br />

é tudo isto para a carne e sangue! Você precisa circundar mar e<br />

terra, para fazer prosélitos para isto?". Ele atravessou de<br />

Northampton para Markfield, onde havia um grande despertamento,<br />

mas um pregador "quietista" tinha estado lá, e três quartos<br />

adormeceram tão depressa como sempre. Também para Ogbrook,<br />

onde o professor "quietista" estava instruindo as pessoas, se elas<br />

cressem, a serem quietistas; não pretenderem a prática das boas obras<br />

(o que não poderia ser feito até que cressem); a deixarem de lado o<br />

que elas chamavam de os meios da graça, tal como oração, e ir à<br />

Igreja e ao Sacramento.<br />

Seu amigo, Sr. Caspar Greaves ofereceu-lhe o uso da igreja, e<br />

<strong>Wesley</strong> explicou a verdadeiro evangelho quietista, e na manhã<br />

seguinte, pregou para uma larga congregação. Ele, então, cavalgou<br />

para Nottingham, onde uma sociedade tinha sido formada, mas ele a<br />

encontrou sem vida: a sala, que antes ficava lotada do lado de dentro e<br />

de fora, agora estava cheia pela metade; ninguém usava de alguma<br />

oração, nem se ajoelhava quando a oração era oferecida; e o hinário<br />

[um daqueles publicados pelos <strong>Wesley</strong>s, e que tinha sido enviado para<br />

uso na congregação] e a Bíblia desapareceram, "substituídos pelos<br />

hinos Morávios, e os sermões do Conde!" [Conde Nicholas Ludwig<br />

237


Vin Zinzendorf – líder Morávio]. Ele expôs, mas "com um coração<br />

oprimido", e, novamente, na manhã seguinte; e à noite em Markfield,<br />

onde a igreja estava completamente lotada. Depois do serviço matinal,<br />

ele partiu para Melbourne, onde a casa, demasiadamente pequena para<br />

a companhia, ele permaneceu, sob uma grande árvore e pregou; e<br />

novamente em Hemington, onde o povo teve que ficar na porta e<br />

janelas. Tyerman acredita que foi provavelmente nesta viagem, que<br />

ele se familiarizou com a Condessa de Huntingdon, que vivia na<br />

vizinhança, no Castelo Donington. Neste particular, ele estava errado,<br />

sua senhoria já era conhecida dos <strong>Wesley</strong>s, há algum tempo, e era<br />

membro da Sociedade Metodista de Fetter Lane. No dia seguinte,<br />

domingo, ele cavalgou em Nottingham, e, às oito horas, pregou no<br />

mercado para "uma imensa multidão", retornando para Markfield, à<br />

tarde, onde a igreja lotada estava tão quente que ele teve dificuldade<br />

de ler o serviço. Já que a abundante multidão não poderia entrar, ele<br />

foi até eles e pregou; e novamente à noite, na igreja.<br />

Em seu caminho para Londres, no dia seguinte, ele "leu o<br />

célebre livro de Martinho Lutero, Comentário sobre a Epístola aos<br />

Gálatas", quando se declarou inteiramente envergonhado do fato de<br />

ele ter tido tamanha consideração por este livro, meramente porque ele<br />

tinha sido recomendado por outros, ou tinha lido apenas alguns<br />

excelentes extratos dele. Agora ele declara que o autor "revela coisa<br />

alguma, não esclarece uma dificuldade considerável, é superficial em<br />

muitas passagens, confuso em quase todas; de maneira que ele está<br />

profundamente impregnado com o completo misticismo, e, por isto,<br />

com freqüência, perigosamente errado". Ele entende que a verdadeira<br />

origem do grande erro dos Morávios, como, então, ensinado, foi<br />

seguir Lutero para o melhor e para o pior. Vindo para Londres, à<br />

noite do dia seguinte, ele pregou sobre (Gálatas 5:15) "Se vós, porém,<br />

vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns<br />

aos outros"; e, citando o comentário de Lutero, abertamente advertiu a<br />

congregação contra o tratado, e publicamente retirou qualquer<br />

recomendação que ele ignorantemente tivesse dado dele. Algumas<br />

partes do comentário de Lutero tido sido, no entanto, muito útil nos<br />

238


primeiros períodos, especialmente para Charles <strong>Wesley</strong>, com respeito<br />

aos assuntos da fé e justificação.<br />

No dia seguinte, ele cavalgou para Oxford, e se certificou que<br />

lá restavam, em meio aos pobres, apenas dois dos vinte e cinco ou<br />

trinta comungantes semanais. Nenhum deles atendeu às orações<br />

diárias da Igreja, e, aquela companhia que fora, uma vez, unida estava<br />

separada e dispersa. Aqui, ele permaneceu uma semana, em que ele<br />

consultou o sr. Gambold, com respeito ao assunto de seu Sermão<br />

Acadêmico. Sr. Gambold lhe disse que não era o momento, "porque<br />

todos estão tão preconceituosos, que eles não se importam com nada<br />

do que você diz". Naquele momento, ele inquiriu "concernente aos<br />

exercícios prévios para o grau de Bacharel em Teologia". Alguns<br />

dias depois, ele encontrou novamente o sr. Gambold, que<br />

honestamente lhe disse que ele estava envergonhado da companhia<br />

dele; e, portanto, se recusaria a ir com ele para a Sociedade.<br />

Retornando a Londres, ele pregou em Short's Gardens, e, no<br />

domingo seguinte, em Charles' Square, quando uma turba trouxe um<br />

boi, que eles se esforçaram, mas em vão, para dirigir em meio às<br />

pessoas; porque o animal andava em volta, de um lado para outro, e,<br />

por fim, atravessou no meio de todos e desapareceu. Em Bristol, ele<br />

foi para Abingdon, a pedido sincero de alguns que havia por lá; mas<br />

registra: "povo tão estúpido, insensível, tanto no sentido espiritual<br />

quanto natural, eu dificilmente tinha visto antes. Ainda assim, Deus é<br />

capaz de levantar filhos para Abrão, dessas pedras".<br />

Em 25 de Julho, ele pregou diante da Universidade para uma<br />

numerosa congregação, sobre O Quase Cristão, e partiu à tarde, para<br />

pregar no dia seguinte na Fundição. Ele se emprenha, a todo hora, em<br />

pregar, visitar o doente, ou os membros da Sociedade, e expor. O<br />

último não parece ter sido um exercício apressado, porque, em um<br />

caso, quando chegou a vez do Nono Capítulo de Romanos, ele<br />

continuou "uma hora mais do que o usual, e foi persuadido pela<br />

maioria, se não todos, que estavam presentes, a ver se este capítulo<br />

não tinha mais a ver com a predestinarão irrestrita, do que o nono de<br />

239


Gênesis". Ele também começou a dar conferência sobre o Livro<br />

Comum de Oração.<br />

Em 3 de Setembro, ele teve uma conversa prolongada com<br />

Zinzendorf, em Latim, o que ele registra em seu Diário, anexando uma<br />

carta para a Igreja Morávia, escrita pouco antes. Nesta, ele declara, diz<br />

ele, da maneira mais clara que pôde, a verdadeira controvérsia, entre<br />

os Morávios e ele, uma tarefa desagradável, que ele protelou por<br />

quanto tempo pôde com a consciência limpa.<br />

A desejo do sr. Deleznot, um clérigo francês, para quem ele já<br />

havia pregado, "depois de ter sido muito importunado", <strong>Wesley</strong><br />

oficiou na Capela de Hermitage-street, Wapping, onde ele administrou<br />

o Sacramento da Ceia do Senhor, para aproximadamente duzentos<br />

membros, tantos quanto o lugar poderia acomodar. O mesmo número<br />

atendeu no domingo seguinte, e assim, no dia do Senhor, até que toda<br />

a Sociedade, por volta de mil, atendeu; aqueles que tinham o<br />

Sacramento em suas próprias paróquias foram avisados de atenderem<br />

lá.<br />

A caminho de Bristol, ele encontrou seu irmão, com o Sr.<br />

Jones, do Castelo Fonmon, que agora estava convencido da verdade,<br />

como ela está em Jesus. Em Kingswood, a casa foi preenchida, de<br />

uma extremidade a outra, e eles continuaram ministrando a Palavra de<br />

Deus, e na oração e louvor, até de manhã. Ele fez duas breves visitas a<br />

Wales, pregando onde quer que fosse. Em seu encontro com Howel<br />

Harris, Humphreys, e Seward — todos agora distintamente da seita<br />

Calvinista – eles "falaram sobre o assunto favorito deles". <strong>Wesley</strong><br />

pediu por oração, em vez de controvérsia, e Harris desistiu de alguns<br />

pontos, e esforçou-se sinceramente para assegurar a paz.<br />

Chegando em Bristol, ele encontrou a doença reinante, e logo<br />

se comprometeu a visitar os sofredores. Quando cavalgava para<br />

Kingswood, seu cavalo caiu, tentou levantar e caiu novamente sobre<br />

seu cavaleiro. <strong>Wesley</strong> foi socorrido em uma casa, onde, sempre<br />

mantendo sua única ocupação diante dele, ele encontrou três pessoas<br />

240


que "seguiam bem, até que satanás os impediu". Antes que ele<br />

partisse, eles resolveram se pôr a caminho novamente. Ele alcançou<br />

Kingswood, à tarde, e pregou, retornando a Bristol, pregou<br />

novamente; então, falou em um encontro da Sociedade, e, mais tarde,<br />

atendeu uma festa do amor. Ele escreve: "Eu não me lembro de coisa<br />

alguma parecida a isto, em muitos meses; um grito foi ouvido de uma<br />

extremidade da congregação a outra; não de aflição, mas de alegria e<br />

amor transbordante".<br />

No início de Novembro, <strong>Wesley</strong> regozijou-se muito no<br />

conforto que ele encontrou tanto em público, quanto em privativo. Isto<br />

foi, no entanto, logo seguido por um severo ataque de enfermidade,<br />

que continuou por um mês.<br />

Não sendo possível ir a igreja, no momento, comungou em<br />

casa. Ele foi avisado a permanecer dentro de casa, por algum tempo<br />

mais, mas, não entendendo que fosse necessário, ele foi para a Nova<br />

Sala, em Kingswood, e em Bristol, e, mais tarde, passou uma hora<br />

com a Sociedade, e, por volta de duas horas, na festa do amor. Seu<br />

corpo, não entanto, não pôde se manter no mesmo passo que sua<br />

mente, e, no dia seguinte, ele teve um outro ataque de febre; mas ela<br />

não durou muito tempo, e ele gradualmente se recuperou e retornou<br />

para suas tarefas completamente.<br />

Ele agora se sentiu obrigado a exercer disciplina, em mais de<br />

trinta da pequena companhia em Bristol, aos quais ele se certificou<br />

não estarem mais adornando o evangelho. Ele retornou a Londres, em<br />

tempo de pregar nas Vésperas do Natal, e encontrar a Sociedade, mais<br />

tarde, "quando", ele diz, "nós mal conseguimos partir, com nossos<br />

corações tão envolvidos em direção um ao outro".<br />

No último dia do ano, ele foi novamente acometido de febre,<br />

mas atendeu a um funeral, como prometera fazer, e "não pode refrear<br />

de exortar a quase inumerável multidão", que se reuniu em torno da<br />

sepultura. Ele, mais tarde, pregou, e se encontrou com a Sociedade,<br />

241


quando "muitos clamaram com um grito alto e amargo". Por volta das<br />

dez horas, ele os deixou e retirou-se para descansar.<br />

Muitos trabalhos pessoais de <strong>Wesley</strong> já haviam sido entregues,<br />

mas é impossível registrar todos. Cada hora, literalmente, cada<br />

momento, desde as quatro da manhã, foi usada para a devoção da sua<br />

obra. Se um intervalo ocorria entre os serviços públicos, seus<br />

encontros com as Sociedades, suas visitações ao enfermo, ele o<br />

ocupava em escrever ou concluir uma leitura. Porque até mesmo seu<br />

tempo gasto encima do cavalo era utilizado para leitura, como temos<br />

visto.<br />

Na manhã do novo ano, <strong>Wesley</strong> acordou com uma forte febre,<br />

mas consentiu em se manter na cama, com a condição de que cada um<br />

que desejasse teria liberdade para falar com ele. Cinqüenta ou sessenta<br />

pessoas fizeram isto. Naquela noite, ele dormiu bem, para o espanto<br />

de todos, o médico, em especial, que disse que ele nunca tinha visto<br />

tal febre em sua vida.<br />

Dois dias depois, ele encontrou os líderes das Bands, de manhã<br />

e a tarde, e se juntou com a pequena companhia em "grande sacrifício<br />

de ação de graças". À tarde, na festa do amor, dos homens, ele pediu<br />

que eles se aproximassem; e aqueles que a sala não pode conter<br />

ficaram do lado de fora, enquanto em uma só voz, eles louvavam a<br />

Deus.<br />

No dia 4, "acordou em perfeita saúde", e pregou manhã e<br />

noite, todos os dias, durante a semana. No sábado, enquanto pregava,<br />

"uma turba rude ergueu sua voz ao alto". Ele "foi ao encontro dela,<br />

sem demora. Alguns tiraram seus chapéus e não mais abriram suas<br />

bicas; o restante saiu devagarzinho, um após o outro".<br />

Ele escreveu:<br />

242


"Enquanto eu explanava em Longe Lane, 'Aquele que comete<br />

pecado é do diabo'; seus servos ficaram, sem medida, enfurecidos.<br />

Eles não apenas fizeram todo o barulho possível (embora, como eu<br />

pedira antes, nenhum homem se levantasse de seu lugar, ou<br />

respondesse a eles uma palavra), mas violentamente empurram<br />

muitas pessoas, de um lado para outro, golpearam outras, e<br />

derrubaram partes da casa. Por fim, começaram a atirar grandes<br />

pedras sobre ela, que, quando forçavam o caminho deles, para aonde<br />

quer viessem, caiu, junto com as telhas, em meio às pessoas, de<br />

maneira que elas corriam risco de morte. Eu, então, lhes disse: 'Vocês<br />

não devem prosseguir assim; eu tenho ordens do magistrado, que é,<br />

neste aspecto, para nós, o ministro de Deus, para informá-lo a<br />

respeito daqueles que não cumprem as leis de Deus e do rei; e eu<br />

devo fazer isto, se vocês persistirem nisto; do contrário, eu serei<br />

cúmplice do pecado de vocês'".<br />

"Quando eu parei de falar, eles estavam mais injuriosos do<br />

que antes. Ao que eu lhes disse: 'Que três ou quatro homens calmos<br />

venham para frente, e tragam o conflitante com eles, para que a lei<br />

possa tomar seu curso'. Eles assim fizerem, e o trouxeram para dentro<br />

da casa, praguejando e blasfemando, de uma maneira terrível. Eu<br />

pedi que cinco ou seis viessem comigo até o Juiz Copeland, para o<br />

qual eles narraram o fato claramente. O Juiz o encaminhou para as<br />

seções seguintes em Guildford".<br />

"Eu observei que, quando o homem foi trazido para dentro da<br />

casa, muitos de seus companheiros gritavam: 'Richard Smith, Richard<br />

Smith', que, como pareceu mais tarde, era um dos mais robustos<br />

campeões. Mas Richard Smith não respondeu; ele caiu no poder do<br />

Maior que eles; assim como uma mulher que falava palavras não<br />

adequadas para serem repetidas, e atirar o que lhe chegasse à mão, a<br />

quem Deus dominou no mesmo ato. Ela entrou na casa com Richard<br />

Smith, caiu de joelhos diante de todos, e fortemente exortou a Ele que<br />

nunca volta atrás; nunca esquece da misericórdia que tem mostrado a<br />

sua alma". Um bom exemplo do que <strong>Wesley</strong> chamava de "o leão que<br />

se transforma em cordeiro". Eles não tiveram mais perturbações em<br />

243


Long Lane; afastaram a perseguição e o ofensor prometeu um<br />

comportamento melhor.<br />

No dia seguinte, ele pregou, em Chelsea, sobre a fé que é<br />

operada pelo amor. Ele estava muito fraco, e nos diz que, quando<br />

entrou na sala, "quanto mais 'as bestas humanas' cresciam na loucura<br />

e raiva, mais eu me fortalecia, quer no corpo ou na alma; de maneira<br />

que eu acredito, poucos na casa, que estava excessivamente cheia,<br />

perderam uma sentença do que foi falado. Na verdade, eles não<br />

podiam me ver, nem alguém, a algumas poucas jardas de distância,<br />

devido à fumaça densa, que foi ocasionada pelo fogo grego e coisas<br />

deste tipo, continuamente atiradas na sala. Mas aqueles que puderam<br />

louvar a Deus, no meio do fogo, não ficariam temerosos por um<br />

pouco de fumaça".<br />

Depois da exclusão de alguns que não caminhavam de acordo<br />

com o Evangelho, ele se certificou que a Sociedade de Londres estava<br />

comprimida em cento e onze membros.<br />

Um assunto interessante, neste momento, clamava por nossa<br />

atenção.<br />

Desde o momento em que <strong>Wesley</strong> começou a pregar para seus<br />

compatriotas, depois de seu retorno da Geórgia, gradualmente surgiu<br />

diante dele uma grande idéia de espalhar a santidade bíblica, através<br />

da terra, o que ele verdadeiramente discerniu como o propósito da<br />

Providência Divina, no surgimento do Metodismo. Esta idéia deu<br />

forma a todos os seus planos e organizações. Se isto não fosse obtido,<br />

a reivindicação do Metodismo não estaria cumprida; todas as<br />

atividades eram bem-vindas, apenas quando prometiam auxiliar neste<br />

único propósito. O que não contribuísse para isto estaria fora da<br />

marca. O primeiro passo em direção a esta finalidade foi, é claro, o<br />

pregar o evangelho, e isto, a todos. Mas, antes que ele pudesse fazer o<br />

experimento de pregar a Palavra, e entregá-la, e estes a aceitarem, para<br />

as contingências da fidelidade individual, ele foi treinado na escola<br />

Morávia a guardar e cultivar a vida espiritual de um crente. Esta foi a<br />

lição inspecionada por Whitefield; e, embora seja impossível<br />

244


adequadamente estimar os grandes benefícios de seu extraordinário<br />

trabalho, ainda assim, deve-se reconhecer que ele falhou na<br />

continuidade e permanência visível que caracterizou a obra de<br />

<strong>Wesley</strong>, desde o início.<br />

<strong>Wesley</strong> tinha o convertido da Sociedade, e todo convertido à<br />

verdade era encorajado a entrar na proteção de seus companheiros, e<br />

era, depois de devido exame, engajado como um membro. Mas, por<br />

que entrar na Sociedade? Esta era a soma de todas as coisas?<br />

Certamente que não. Ela era um meio para a uma finalidade. Nós<br />

temos visto que dentro da Sociedade havia poucas companhias<br />

chamadas "Bands", sendo cada encontro da "Band", sob o cuidado de<br />

um sênior, algumas vezes, chamado de "líder", para propósitos de<br />

mútuo encorajamento e ajuda. Os encontros especiais, embora<br />

freqüentes, da Sociedade, fora das congregações, aconteciam onde as<br />

Escrituras eram expostas, as obrigações cristãs reforçadas, e a<br />

infidelidade checada. Mas, além disto, cada membro da Sociedade era<br />

visitado pessoalmente, e sua vida pessoal observada e cuidada pelo<br />

próprio <strong>Wesley</strong>. Ele levava em sua algibeira, escrito por ele mesmo, e<br />

renovado de tempos em tempos, o nome e endereço de cada um, até<br />

mesmo, quando a Sociedade somava diversas centenas. Quase através<br />

de esforços sobre-humanos, ele os visitou em suas casas, tão<br />

freqüentemente quanto sua força e atividade espantosa o capacitava,<br />

até mesmo quando suas residências estendiam-se "de Westminster a<br />

Wapping" — de uma extremidade a outra de Londres.<br />

Esta foi a primeira condição das coisas: nós agora<br />

testemunhamos o desenvolvimento da Sociedade, de sua organização<br />

imperfeita à completa organização, e do estabelecimento das classes<br />

de encontro Metodista.<br />

Partindo para Londres, pelo caminho de Chippenham (que ele<br />

alcançou com dificuldade; o tempo, tão inclemente e tempestuoso, que<br />

ele mal conseguia manter-se em seu cavalo), ele veio para Kingswood,<br />

Bath, e Bristol. Aqui ele passou alguns dias com todos aqueles que<br />

desejaram permanecer na Sociedade Unida, e, em 15 de Fevereiro, deu<br />

245


um passo da mais extrema importância para toda a estrutura e a<br />

história futura do Metodismo. O incidente, em si mesmo, foi<br />

comparativamente insignificante. <strong>Wesley</strong> assim o relata: "Eu<br />

conversava com diversos da Sociedade de Bristol, com respeito aos<br />

meios de pagar os débitos restantes da Horsefair Room, quando um<br />

tal capitão Foi, levantou-se e disse: 'Que cada membro da Sociedade<br />

dê um pêni, por semana, até que tudo esteja pago'. Um outro<br />

respondeu: 'Mas muitos deles são pobres, e não podem dispor disto'.<br />

'Então', ele respondeu, 'deixe onze dos mais pobres comigo; e se eles<br />

não podem dar alguma coisa, eu os visitarei semanalmente, e darei<br />

por eles, assim como por mim mesmo'. Isto foi feito. Em pouco tempo,<br />

alguns desses informaram-me que eles encontraram tais e tais que<br />

não viviam como eles deveriam. Isto me golpeou imediatamente. 'Esta<br />

é a questão, a própria questão que temos esperado há tanto tempo"'.<br />

Nela, ele viu de imediato um meio de aliviar o que estava se tornando<br />

uma tarefa muito grande, até mesmo para ele -- sua visitação pessoal à<br />

Sociedade, em suas próprias casas. "Eu chamei todos os líderes das<br />

classes (assim costumávamos denominá-los, e a seus companheiros),<br />

e pedi que cada um fizesse uma averiguação pessoal, quanto ao<br />

comportamento daqueles aos quais viam semanalmente. Eles o<br />

fizeram. Muitos caminhantes desordenados foram detectados. Alguns<br />

voltaram de seus caminhos maus. Alguns foram afastados de nós.<br />

Muitos viram isto com medo, e regozijaram-se em Deus, com<br />

reverência. Tão logo quanto possível, o mesmo método foi usado em<br />

Londres e em outros lugares".<br />

Ele prossegue para dizer que "era da competência de um líder:<br />

-- (1) Visitar cada pessoa de sua classe, uma vez por semana, pelo<br />

menos, com o objetivo de inquirir como suas almas prosperam,<br />

aconselhar, reprovar, confortar, ou exortar, conforme a ocasião<br />

requeresse; receber o que eles estavam desejosos de dar para aliviar<br />

o pobre. (2) Encontrar o ministro e administradores da Sociedade,<br />

para informar o ministro de alguém que esteja doente; ou de alguém<br />

que esteja confuso e não será reprovado; pagar aos administradores,<br />

o que eles receberam de suas diversas classes na semana precedente".<br />

246


"A princípio, eles visitaram casa pessoa, em sua própria casa;<br />

mas isto não se considerou mais expediente. E, de acordo com os<br />

muitos relatos: --<br />

(1) Isto tomava mais tempo do que a maioria dos líderes tinha<br />

para gastar.<br />

(2) Muitas pessoas viviam com patrões, patroas, ou parentes,<br />

que não permitiam que elas fossem assim visitadas.<br />

(3) Nas casas daqueles que não eram assim tão avessos, eles<br />

freqüentemente não tinham oportunidade de falar-lhes, a não ser em<br />

companhia de alguém, etc. Assim sendo, levando em conta todas essas<br />

considerações, concordou-se que aqueles de cada classe se<br />

encontrariam todos juntos". Assim, todos os objetivos pretendidos<br />

seriam assegurados. "Depois de uma ou duas horas juntos neste<br />

trabalho de amor, eles concluiriam com oração e ação de graças". A<br />

reunião de classe, assim, tornou-se uma característica distinta da<br />

Sociedade Metodista, e tem continuado assim, até o presente dia.<br />

Através do encontro dos membros para orar, louvar e<br />

intercurso espiritual, a classe elevou-se de uma mera organização<br />

conveniente para a supervisão de membros individuais, em um meio<br />

de camaradagem cristã e mútua ministração espiritual, na qual a idéia<br />

da comunhão bíblica é realizada da maneira mais prática e<br />

aproveitável; o objetivo sendo ajudar cada membro a salvar sua<br />

própria alma, e auxiliá-lo a salvar as almas de seus irmãos. Esta tem<br />

sido, desde então, a natureza das classes Metodistas; e para sua<br />

influência deve ser traçada a organização compacta e efetiva da Igreja<br />

Metodista.<br />

Subseqüentemente, com uma visão à consideração mais<br />

adiante da Sociedade, "eu determinei", ele diz, "pelo menos, uma vez,<br />

a cada três meses, conversar com cada membro, e inquirir, assim<br />

como de seus lideres e amigos, se eles cresceram na graça e no<br />

conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo – Para cada um desses<br />

247


cuja seriedade e boa conduta eu não encontrei motivo para duvidar,<br />

eu dei um testemunho, escrevendo seus nomes em um ingresso<br />

preparado para aquele propósito; todo ingresso implicando, uma<br />

recomendação tão firme da pessoa a quem ele havia sido dado, como<br />

se eu escrevesse por fim: 'eu acredito que o portador desta seja um<br />

dos que temem a Deus e operam retidão'".<br />

Esses ingressos eram renovados trimestralmente; e assim,<br />

supriam um método tranqüilo e inofensivo de remover algum membro<br />

indigno, simplesmente retendo o ingresso. Quando as reuniões da<br />

Sociedade, à parte da congregação, aconteciam, os ingressos eram<br />

requeridos que fossem mostrados. <strong>Wesley</strong> encontrou seu precedente<br />

para o uso desses ingressos nas cartas de recomendação, mencionadas<br />

em II Cor. 3:1 "Começamos outra vez a recomendar-nos a nós<br />

mesmos? Ou, porventura, necessitamos, como alguns, de cartas de<br />

recomendação para vós, ou de vós?".<br />

No ano seguinte, <strong>Wesley</strong> publicou a Natureza, Objetivo e<br />

Regras Gerais das Sociedades Unidas, em Londres, Bristol,<br />

Kingswood, e Newcastle-upon-Tyne, datada de 22 de Fevereiro 1742-<br />

43, e assinada apenas por ele; todas as edições subseqüentes levaram<br />

as assinaturas de ambos os irmãos.<br />

Depois de se referir aos pormenores acima, ele acrescentou:<br />

(4) Existe apenas uma condição previamente requerida<br />

àqueles que desejam admissão nestas Sociedades: o desejo de fugir da<br />

ira vindoura; serem salvos de seus pecados. Porém, quando quer que<br />

isto seja realmente fixado na alma, será mostrado pelo seu fruto. É,<br />

portanto, de se esperar de todos que continuam nelas, que eles<br />

possam continuar a evidenciar seu desejo de salvação:<br />

1º. Não causando dano, evitando o mal de todo o tipo,<br />

especialmente aquele que é mais comumente praticado tal como:<br />

tomar o nome de Deus em vão; profanar o dia do Senhor, seja com<br />

trabalho comum, ou comércio de compra e venda; tomar, vender, ou<br />

248


comprar bebida alcoólica, exceto nos casos de extrema necessidade;<br />

lutar, discutir, brigar; irmão ir à justiça contra irmão, retribuir o mal<br />

com o mal, zombaria com zombaria; usar de muitas palavras, na<br />

compra ou venda; comprar ou vender bens, sem taxas aduaneiras;<br />

dar ou trazer coisas da agiotagem, por exemplo, interesse ilícito;<br />

manter conversa severa ou sem proveito; particularmente falando mal<br />

de magistrados ou de ministros; fazermos aos outros, o que não<br />

gostaria que fosse feito a nós; fazermos o que sabemos não é para a<br />

glória de Deus, como: -- usar ouro ou vestimentas caras; participar<br />

de tais diversões que não podem ser usadas em nome do Senhor<br />

Jesus; cantar aquelas canções, ou ler aqueles livros que não tendem<br />

ao conhecimento ou amor a Deus; fraqueza, e desnecessária autoindulgência;<br />

juntar tesouros na terra; pedir emprestado, sem a<br />

probabilidade de devolver; ou adquirir bens, sem a probabilidade de<br />

pagar por eles.<br />

(5) Espera-se de todos que continuam nestas Sociedades, que<br />

eles continuem a evidenciar seu desejo de salvação.<br />

2º. Sendo misericordiosos sempre que estiver em seu poder, ou<br />

tiverem oportunidade, fazerem todo tipo de bem possível, até onde<br />

seja possível, a todos os homens: Aos seus corpos, com a habilidade<br />

que Deus lhes deu -- alimentando o faminto, vestindo o nu; visitando<br />

ou ajudando os que estão enfermos ou na prisão: Às suas almas –<br />

ministrando, reprovando, ou exortando todos com os quais tem algum<br />

intercurso; pisoteando as doutrinas fanáticas do diabo, que diz que<br />

"não devemos fazer o bem, exceto se nosso coração estiver livre para<br />

isto"; fazendo o bem, especialmente, àqueles que são nossa família na<br />

fé, ou buscando ser; dando-lhes emprego, preferivelmente do que a<br />

outros; comprando um do outro; ajudando uns aos outros, nos<br />

negócios, e tanto mais, porque o mundo amará o que é seu, e a eles<br />

somente; através de toda diligência e sobriedade possível, para que o<br />

Evangelho não seja envergonhado; correndo, com perseverança, a<br />

corrida que se colocada à frente deles, negando a si mesmos, e<br />

tomando sua cruz diariamente; submetendo-se a suportarem a<br />

reprovação de Cristo; serem como sujeira e o refugo do mundo; por<br />

249


amor ao Senhor, olhar com respeito homens dizem toda sorte de mal<br />

deles, falsamente.<br />

(6) È de se esperar de todos que desejam continuar nestas<br />

Sociedades, que eles possam continuar a evidenciar seu desejo de<br />

salvação:<br />

3º. Atendendo a todas as ordenanças de Deus; tais como:<br />

adoração pública; ministração da palavra, quer lida ou exposta; a<br />

Ceia do Senhor; oração familiar ou pessoal; buscar as Escrituras; e<br />

jejuar ou abster-se.<br />

(7) Essas são as Regras Gerais de nossas Sociedades: todas<br />

que aprendemos de Deus, observar, até mesmo, em Sua Palavra<br />

Escrita; a única regra, e suficiente regra, ambas de nossa fé e prática.<br />

E todas essas, nós sabemos, Seu Espírito escreve em cada coração<br />

verdadeiramente desperto. Se existe algum, em nosso meio, que não<br />

as observa, que habitualmente quebra alguma delas, que isto seja<br />

conhecido daquele que vigia aquela alma, como quem deve prestar<br />

contas disto. Nós advertiremos a ele, quanto aos erros de seus<br />

caminhos: nós os suportaremos por um tempo. Mas, então, se ele não<br />

se arrepender, ele não mais terá lugar em nosso meio. Nós livraremos<br />

nossas próprias almas. -- J. <strong>Wesley</strong> / Charles <strong>Wesley</strong> — 1º. Maio de<br />

1743.<br />

No final do mês, ele partiu para Wales. Em Cardiff, ele<br />

encontrou o sr. Jones de Fonmon; em Wenvo, a igreja estava<br />

totalmente preenchida. À noite, embora em fraqueza e dor, ele pregou<br />

em Fonmon; na manhã seguinte, às oito horas, em Bonvilstone, quatro<br />

milhas distante. Em Lantrissent [Llantrisant], ele sentiu-se muito<br />

revigorado ao encontrar lá "a pequena e sincera Sociedade".<br />

Depois de seu retorno de Wales, já no serviço de "noite de<br />

vigília", em Kingswood, sua voz foi perdida, em meio aos gritos das<br />

pessoas. Centenas delas caminharam para casa juntas, regozijando-se<br />

e louvando a Deus. Uma semana depois, ele cavalgou para Pensford, a<br />

250


pedido sincero de diversos moradores. Mas, assim que começou a<br />

pregar, uma grande turba, escondida, como se certificou mais tarde,<br />

para aquele propósito, veio furiosamente sobre eles, trazendo um<br />

touro, que eles haviam atraído, e agora, esforçavam-se para atravessar<br />

em meio às pessoas. Mas a besta foi mais sábia que seus condutores,<br />

e, continuamente corria, de um lado a outro, enquanto a congregação,<br />

tranqüilamente cantou louvores a Deus, e orou por volta de uma hora.<br />

"Os pobres miseráveis", diz <strong>Wesley</strong>, "desapontados, por fim,<br />

prenderam o touro, agora fraco e cansando, depois de ter sido<br />

golpeado, por cães e homens; com toda a força, parcialmente<br />

arrastado, e, parcialmente empurrado, em meio às pessoas. Quando<br />

eles forçaram seu caminho, até a mesa onde eu estava, eles tentaram<br />

diversas vezes, derrubá-la, empurrando o impotente animal contra<br />

ela, que não se mexeu mais do que uma tora de madeira. Uma ou<br />

duas vezes, coloquei sua cabeça de lado, com minha mão, para que o<br />

sangue não pingasse em minhas roupas, pretendendo seguir em<br />

frente, tão logo o alvoroço diminuísse. Mas a mesa caiu, alguns de<br />

nossos amigos me pegaram em seus braços, e me carregaram em seus<br />

ombros, enquanto a turba deu largas à sua vingança, na mesa, que<br />

eles despedaçaram aos poucos. Nós ficamos um pouco afastados,<br />

onde eu terminei meu discurso, sem qualquer barulho ou<br />

interrupção".<br />

Retornando para Londres, ele pregou na Capela francesa em<br />

Wapping. No dia seguinte, encontrou-se, com hora marcada, com<br />

diversos "homens sinceros e sensíveis", aos quais ele mostrou<br />

dificuldade, que ele encontrou, para conhecer as pessoas que<br />

desejavam estar sob seus cuidados. Depois de muita consideração,<br />

eles concordaram que não existe caminho melhor do que enfrentar a<br />

dificuldade, e vir para o certo, e completo conhecimento de cada<br />

pessoa, do que copiar o plano de Bristol, e dividir o todo em classes,<br />

sob a inspeção de pessoas capazes, em quem ele confiasse. "Esta", ele<br />

diz, "foi a origem de nossas classes, pelo qual eu nunca serei<br />

suficientemente grato a Deus; a inexplicável utilidade da instituição,<br />

cada vez, mais e mais, manifesta".<br />

251


Na sexta-feira, 9 de Abril, ele teve a primeira noite de vigília<br />

em Londres (encontros similares tinham acontecido previamente em<br />

Kingswood); sobre a qual, ele diz: "Nós comumente escolhemos, para<br />

este serviço solene, a sexta-feira mais próxima da lua cheia, tanto<br />

antes, quanto depois, para que aqueles da congregação, que moram<br />

distantes, possam ter claridade até suas casas. O serviço começa oito<br />

e meia, e continua até depois da meia-noite. Nós freqüentemente<br />

encontramos uma bênção especial nestas ocasiões. Existe geralmente<br />

um profundo respeito, junto a congregação, talvez, em alguma<br />

medida, devido ao silêncio da noite; especialmente, no cantar o hino<br />

com o qual comumente concluímos:<br />

Escutem a voz solene!<br />

O terrível grito da meia-noite!<br />

Esperando que as almas se regozijem, se regozijem,<br />

E percebam o noivo se aproximando!<br />

Por um longo tempo, no passado, as noites de vigília foram<br />

confinadas a um serviço anual, que acontecia nas últimas horas do ano<br />

velho, e nos primeiros momentos do novo; uma prática agora geral, na<br />

maioria das igrejas. Para esses serviços, Charles <strong>Wesley</strong> compôs um<br />

número de hinos, que foram publicados em um panfleto intitulado,<br />

Hinos para a Noite de Vigília. Mas o hino popular começa assim:<br />

Vamos, mais uma vez,<br />

Seguir nossa jornada,<br />

Até que o ano aconteça,<br />

Sem nunca parar, até que o Mestre apareça!<br />

Hino que por um século e meio foi cantado por dez mil, na<br />

abertura de cada novo ano, não foi, então escrito. Ele foi publicado<br />

alguns anos mais tarde, em um panfleto de Hinos para o Ano Novo.<br />

Não existe um simples passo incomum tomado por <strong>Wesley</strong>, para o<br />

qual, objeção não foi feita. Mas ele raramente agiu sem consideração<br />

prévia. Quando as noites de vigília foram, primeiro, observadas em<br />

Kingswood, alguns o advertiram para colocar um fim nelas. Ele diz:<br />

252


"Ao considerar a coisa totalmente, e comparando-a com a prática dos<br />

antigos cristãos, eu não vejo motivo para proibi-la. Antes, eu acredito<br />

que ela seria de uso mais geral"; e ele juntou-se a eles no encontro<br />

seguinte. Em resposta a um clérigo, ele escreveu, posteriormente:<br />

"Você me culpa por manter 'reuniões à meia-noite'. Senhor, você<br />

alguma vez viu a palavra vigília, em seu Livro Comum de Oração?<br />

Você sabe o que ela significa? Se não, permita-me dizer-lhe, que ela<br />

foi costumeira com os antigos cristãos, que passavam todas as noites<br />

em oração, e que estas noites eram denominadas vigiliae, ou vigília.<br />

Portanto, por passar uma parte de algumas noites desta maneira, em<br />

oração pública e solene, nós não temos apenas a autoridade de nossa<br />

própria Igreja, mas da Igreja universal, nas zelosas épocas".<br />

Ele encontrou seu velho amigo Whitefield novamente, e foi<br />

persuadido de sua sinceridade em declarar seu sincero desejo de<br />

juntarem as mãos, com todos que amam o Senhor Jesus Cristo.<br />

Ele estava a ponto de partir de Bristol, quando, recebeu um<br />

sincero pedido da Condessa de Huntingdon para se apressar até<br />

Leicestershire, para ver uma lady, a Srta. Cowper, que estava em<br />

Donnington Park, em seu leito de morte, e se dirigiu para lá. A<br />

caminho, ele foi alcançado por um sério homem que, ele diz, "estava<br />

completamente inquieto para saber, 'se eu abraçava a doutrina dos<br />

decretos como ele'. Mas eu lhe disse, repetidas vezes, 'que deveríamos<br />

nos manter nas coisas práticas, a fim de que não ficássemos zangados<br />

um com o outro'. E assim fizemos por duas milhas, até que ele me<br />

pegou desprevenido, e me arrastou para uma disputa, antes que eu<br />

soubesse onde eu estava. Ele, então, ficou cada vez mais esquentado,<br />

e me disse que 'eu era podre no coração, e supostamente um dos<br />

seguidores de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>'. Ao que eu respondi a ele: 'Não; eu sou o<br />

próprio <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>'. Ao que, 'Improvisum aspris veluti qui sentibus<br />

anguem Pressit; ele alegremente teria fugido imediatamente. Mas,<br />

sendo o melhor montado dos dois, eu me mantive ao seu lado, e<br />

esforcei-me para mostrar a ele seu coração, até que ele entrou em<br />

uma rua de Northampton".<br />

253


Ele passou de Donnington para Birstal, onde recebeu do<br />

notório <strong>John</strong> Nelson o relato da estranha maneira, em que ele tinha<br />

sido conduzido.<br />

Nelson, um pedreiro de Yorkshire, enquanto trabalhando em<br />

Londres, ouviu Whtefield pregar em Moorfields, e ficou<br />

profundamente impressionado. A pregação foi agradável para ele,<br />

Nelson diz, e ele amou o homem; de maneira que, se alguém se<br />

oferecesse para perturbá-lo, ele estaria pronto a lutar por ele, mas,<br />

acrescenta: "eu não o entendia, embora eu o ouvisse vinte vezes, que<br />

eu saiba... Eu era como um pássaro errante, fora de seu ninho, até<br />

que o sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> veio pregar seu primeiro sermão em<br />

Moorfileds. Oh! Aquela foi uma manhã abençoada para minha alma!<br />

Tão logo ele tomou o púlpito, jogou os cabelos para trás, e virou seu<br />

rosto em direção aonde eu estava, e eu pensei, seus olhos estão fixos<br />

em mim; seu semblante causou-me tal pavor, antes que eu o ouvisse<br />

falar, que meu coração bateu como um pêndulo de um relógio".<br />

Depois dessa conversa, Nelson retornou para sua casa em Birstal.<br />

Aqui muitos o pressionaram com algumas questões, concernentes à<br />

"nova fé". Ele reconheceu-se um crente, e que estava "tão certo de que<br />

seus pecados foram perdoados, como se ele pudesse ser um dos raios<br />

do sol". Isto causou um alarido nas redondezas, e mais e mais vieram<br />

inquirir. De improviso, ele começou a citar, explicar, e reforçar partes<br />

das Escrituras. Isto ele fez, a princípio, em sua casa, mas, a<br />

companhia, aumentando grandemente, ele foi compelido, ao retornar<br />

de seu trabalho diário, a ficar na sua porta e falar para o povo. Muitos<br />

aceitaram sua palavra, e uma sociedade foi estabelecida em Birstal.<br />

Aqui <strong>Wesley</strong> pregou "para diversas centenas das pessoas simples, e<br />

passou a tarde, falando separadamente com aqueles que tinham<br />

testado da Palavra de Deus". De Birstal, ele foi para Newcastle,<br />

lendo, pelo caminho, Memorablia, de Xenofon, e, como era sua<br />

vontade, registrando seu julgamento sobre ele.<br />

<strong>Wesley</strong> entrava agora na extensão de sua obra, para além das<br />

esferas às quais esteve confinado até aqui. Ao ir para Birstal e<br />

Newcastle, que eram cenários de trabalhos inteiramente novos para<br />

254


ele, ele acreditou que seguia a direção da Providência Divina, cujas<br />

indicações, ele vislumbrou, e pacientemente esperou, e esteve sempre<br />

pronto a responder, quando fossem conhecidas. Esses dois lugares<br />

distinguiram-se proeminentemente em todas as futuras operações de<br />

<strong>Wesley</strong>, e em todas as narrações cronológicas subseqüentes do<br />

reavivamento. Para os estudantes da história do Metodismo, elas têm<br />

uma espécie de interesse clássico.<br />

Ele alcançou Newcastle, na tarde da sexta-feira, 28 de Março.<br />

Depois de um breve descanso, ele caminhou na cidade, da qual ele<br />

escreve:<br />

"Eu fiquei surpreso: tanta bebedeira, praguejamento, e<br />

blasfêmia (até mesmo das bocas das crianças), que eu não me lembro<br />

de ter visto ou ouvido antes, em tão pequeno período de tempo.<br />

Certamente este lugar é propício para aquele que 'vem, não para<br />

chamar o correto, nós, mas os pecadores ao arrependimento'. Às sete<br />

horas, do domingo, eu caminhei para Sandgate, a mais pobre e<br />

corrupta parte da cidade; e, permanecendo no final da rua, com <strong>John</strong><br />

Taylor, comecei a especular centenas de salmos. Três ou quatro<br />

vieram para ver do que se tratava, o que logo aumentou para<br />

quatrocentos ou quinhentos. Eu suponho que havia mil e duzentos ou<br />

mil e quinhentos, antes que eu terminasse a pregação, para os quais<br />

eu apliquei aquelas solenes palavras: 'Ele foi ferido por nossas<br />

transgressões; Ele foi esmagado por nossas iniqüidades: o castigo de<br />

nossa paz está sobre Ele; e por Suas machucaduras fomos curados".<br />

[Isaías 53:5].<br />

"Observando as pessoas, quando eu terminei, de boca aberta e<br />

olhando fixamente em mim, com 'o mais profundo espanto, eu lhes<br />

disse: 'Se vocês desejam saber quem eu sou, meu nome é <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>.<br />

Às cinco horas da tarde, com a ajuda de Deus, eu pretendo pregar<br />

aqui novamente".<br />

"Às cinco horas, a notícia de que 'eu pretendia pregar,<br />

espalhou-se do topo ao chão. Eu nunca vi tão grande número de<br />

255


pessoas juntas, fosse em Moorfileds, ou em Kennington Common. Eu<br />

sabia que não seria possível para a metade me ouvir, embora minha<br />

voz estivesse forte e clara; e fiquei de maneira a tê-los todos em vista.<br />

Uma vez que eles estavam se agrupando nos lados da colina. A<br />

palavra de Deus, que eu coloquei diante deles foi: 'Eu sararei a sua<br />

apostasia, eu os amarei livremente'. [Oséas 14:4]".<br />

"Depois da pregação, as pobres pessoas estavam prontas a me<br />

pisotear, pelo excesso de puro amor e delicadeza. Foi algum tempo<br />

antes que eu pudesse escapar da multidão. Eu, então, voltei por um<br />

outro caminho, do que aquele que eu vim; mas diversos chegaram em<br />

nossa estalagem, antes de nós; pelos quais fui severamente<br />

importunado a ficar com eles, pelo menos, alguns dias, ou, quem<br />

sabe, um dia mais. Mas eu não poderia concordar, tendo dado minha<br />

palavra de estar em Birstal, com a permissão de Deus, na terça-feira<br />

á noite".<br />

De Newcastle, ele cavalgou para Boroughbridge; e de lá para<br />

Birstal, onde uma multidão se reuniu. Ele começou a falar com eles,<br />

por volta das sete horas, e não pode concluir até nove e meia.<br />

Ele também pregou perto de Halifax, e próximo a Dewsbury<br />

Moor, duas vezes; em Mirfield; em Adwalton, em uma parte ampla da<br />

rodovia; novamente em Birstal, onde "todos os ouvintes estavam<br />

profundamente atentos", em Beeston, onde ele leu Mysterium<br />

Magnum, de Behmen, e declarou se tratar do "mais sublime bobagem,<br />

linguagem bombástica inimitável; e empolada, sem paralelo".<br />

Cavalgando para Epworth, ele concluiu Madame Guyon, Método<br />

Resumido de Oração & Espirituais Torrentes, no qual ele se certificou<br />

que os irmãos quietistas "apenas recontaram esta pobre quietista".<br />

Retornando para Epworth, depois de um intervalo de alguns<br />

anos, ele logo foi descoberto por duas ou três pobres mulheres; uma<br />

delas era uma velha serva de seu pai. Ele perguntou, se elas<br />

conheciam alguém em Epworth que sinceramente quisesse ser salvo.<br />

"Eu sou uma, pela graça de Deus", disse uma delas, "e eu sei que sou<br />

256


salva pela fé; e muitos aqui podem dizer o mesmo". No dia seguinte,<br />

domingo, seu companheiro, <strong>John</strong> Taylor, depois do serviço,<br />

permaneceu no pátio da igreja, e avisou: "Sr. <strong>Wesley</strong>, não lhe sendo<br />

permitido pregar na igreja, pretende pregar aqui, às seis horas da<br />

tarde". Na hora marcada, <strong>Wesley</strong> permaneceu na tumba de seu pai, e<br />

pregou para tal congregação, que ele acreditou Epworth não tinha<br />

visto antes. Pressionado sinceramente por muitos, não apenas de<br />

Epworth, mas de diversas vilas adjacentes, e ao certificar-se que os<br />

irmãos quietistas tinham estado aqui também, ele permaneceu por<br />

alguns dias, pregando e falando individualmente com aqueles, em<br />

todos os lugares, que encontraram ou esperavam pela salvação; cada<br />

manhã tomar seu lugar na tumba de seu pai. Nós soubemos que todo<br />

um vagão desses novos heréticos foi trazido por seus raivosos<br />

vizinhos, diante do juiz de paz, Sr. George Stovin, de Crowle, uma<br />

cidade próxima, que inquiriu o que eles tinham feito; ao que houve um<br />

profundo silêncio. Por fim, alguém disse: "Porque, eles pretendem ser<br />

melhores do que as outras pessoas; e, além disto, eles oram de manhã<br />

à noite". "Mas eles têm feito nada além?". "Sim, senhor", disse um<br />

homem idoso, "Vossa Excelência, me permite, eles converteram<br />

minha esposa. Até que estivesse entre eles, ela tinha tal língua! E<br />

agora ela está tão quieta como um cordeiro". "Levem-nos de volta;<br />

levem-nos de volta", respondeu o juiz, "e que eles convertam todos as<br />

ranzinzas da cidade".<br />

Em Epworth, "os efeitos impressionantes acompanharam a<br />

pregação. Uma tarde, de todos os lados, como que num único acorde,<br />

as pessoas levantaram suas vozes, e choraram; na tarde seguinte,<br />

diversos caíram ao chão como mortos", e em meio aos demais houve<br />

tal grito, a quase suplantar a voz do pregador. Mas o murmurar deles<br />

transformou-se em alegria, e seus choros em canções de louvor.<br />

Um cavalheiro esteve presente, em um serviço que pretendia<br />

não ser de alguma religião, afinal, e não atendeu a adoração de<br />

qualquer tipo, por trinta anos. <strong>Wesley</strong>, ao observar que ele permanecia<br />

imóvel, como uma estátua, perguntou: "Senhor, você é um pecador?".<br />

Ele respondeu, com uma voz profunda e humilhada: "Pecador o<br />

257


suficiente"; e continuou com os olhos fixos ao alto, até que sua esposa<br />

e um servo, que estavam todos em lágrimas, o colocaram em sua<br />

carruagem e o levaram para casa. Visitando-o alguns anos depois,<br />

<strong>Wesley</strong> foi agradavelmente surpreendido ao encontrá-lo forte na fé,<br />

embora fraco no corpo, e capaz de testemunhar que, há muito tempo,<br />

ele se regozijava em Deus, sem tanto duvidar, quanto temer, e agora<br />

esperava pela hora bem-vinda, quando ele partiria e estaria com<br />

Cristo.<br />

No domingo, <strong>Wesley</strong> pregou, às sete horas, em Haxey; de<br />

manhã e à tarde, em Wroot, onde a igreja oferecida a ele não podia<br />

conter as pessoas; às seis horas, ele pregou no pátio da Igreja de<br />

Epworth, "para uma vasta multidão", quando, ele diz, "eu continuei<br />

com eles, por aproximadamente três horas; e, ainda assim, nós<br />

dificilmente soubemos como partir" – e este foi o quarto serviço no<br />

dia! Ele fez a seguinte reflexão: "Ó, que ninguém pense que seu<br />

trabalho de amor está perdido, porque o fruto não apareceu<br />

imediatamente. Por quase quarenta anos, meu pai trabalhou aqui; ele<br />

viu poucos frutos de todo seu trabalho. Eu sofri em meio a este povo<br />

também; e minhas forças pareceram ser gastas em vão. Mas agora o<br />

fruto apareceu. Quase não existe alguém na cidade, pelo qual, tanto<br />

meu pai, quanto eu sofremos anteriormente, mas a semente, semeada<br />

há tanto tempo, parece agora brotar, produzindo o fruto do<br />

arrependimento e remissão dos pecados".<br />

Na manhã seguinte, ele partiu para Sheffield, ver um tal de<br />

David Taylor, "a quem Deus fizera um instrumento de Deus para<br />

muitas almas". Não o encontrou, e pensou em seguir adiante, mas as<br />

pessoas o constrangeram a ficar e pregar de manhã e à tarde. Com o<br />

regresso de Taylor, <strong>Wesley</strong> soube dele; e registrou para sua orientação<br />

futura, que ele (Taylor) tinha ocasionalmente exortado multidões, em<br />

várias partes; mas, depois disto, ele não se preocupou mais, de<br />

maneira que a maior parte adormeceu novamente. Um testemunho que<br />

confirmava a prudência daquele cuidado defensivo que <strong>Wesley</strong><br />

tentava exercer sobre seus convertidos.<br />

258


Prosseguindo de Sheffield, ele pregou em Barley Hall,<br />

subseqüentemente, o cenário de muitos serviços consagrados, onde<br />

muitos se derreteram e foram preenchidos com amor ao seu Salvador.<br />

Na manhã seguinte, ele pregou por volta das cinco horas, mas foi<br />

compelido a interromper no meio de seu discurso; porque, ele diz,<br />

"seus corações estavam tão preenchidos com um sentimento de amor<br />

a Deus, e nossas bocas com louvor e adoração"; depois de um tempo,<br />

ele concluiu seu sermão.<br />

Deixando Sheffield, ele continuou para Ripley, Donnington<br />

Park, Ogbrook, Melbourne, Markfield, Coventry, e Evesham;<br />

pregando onde quer que fosse, e reunindo a pequena Sociedade, em<br />

todo o lugar que tivesse uma; o que, no mínimo, significava quase<br />

toda a cidade, através das quais ele previamente passara. Em cada<br />

Sociedade, ele corrigia tais erros ou males quando havia problemas.<br />

Ele prosseguiu para Stroud, pregando no mercado, ao meio-dia, onde<br />

"teria havido mais confusão; um bêbado já embriagado muito cedo<br />

estava tão insensatamente impertinente que, até mesmo seus<br />

camaradas estavam completamente envergonhados dele". À tarde,<br />

pregou em Minchin-Hampton Common, onde havia muitos da<br />

"Sociedade do Sr. Whitefield".<br />

No dia seguinte, domingo, 27 de Junho, ele pregou, às sete<br />

horas, em Painswick; às dez, atendeu a Igreja; à tarde, em Runwick,<br />

no encerramento do serviço, ele discursou para "uma vasta multidão",<br />

e concluiu o dia, através de um outro serviço em Minchin-Hampton<br />

Common. No dia seguinte, ele cavalgou para Bristol, onde se<br />

certificou que a disputa tinha causado muitos danos. Quando saía de<br />

Newgate, alguém despejou tal inundação de blasfêmia e amargura,<br />

que ele "dificilmente pensou que poderia ser encontrada fora do<br />

inferno". Assim, o espírito do mal, cujo território foi atacado<br />

verbalmente, encontrou expressão, através de seus agentes. Ele esteve<br />

ocupado por quatro dias inteiros, em reconciliar as pequenas<br />

diferenças que tinham se erguido em meio ao seu povo de Bristol.<br />

259


Cavalgou para Cardiff, onde encontrou muita paz e amor, na<br />

pequena Sociedade de lá. No dia seguinte, 7 de Julho, ele retornou,<br />

pregando para uma congregação pequena e atenta, perto de Henbury,<br />

e, antes das oito horas, alcançou Bristol, onde ele teve "um encontro<br />

confortável com muitos que sabiam em quem eles criam". "Agora,<br />

por fim", ele diz, "eu passei uma semana em paz; todas as disputas<br />

colocadas de lado". Ele retornou para Londres em 20 de Julho.<br />

Assim, terminou o primeiro traço da viagem evangelista, no<br />

qual se observa que ele sempre espera as indicações das<br />

circunstâncias, talvez, seja mais correto dizer, as indicações da<br />

Providência, -- antes pregar e estabelecer as sociedades em lugares<br />

novos. Também se observa que as pequenas sociedades esporádicas<br />

brotam em diferentes partes da região, devido a várias causas, sem sua<br />

intervenção direta. Pode-se notar mais ainda que ele começa a viajar<br />

acompanhado, se possível; e logo se tornou uma prática para um ou<br />

outro de seus colaboradores, se reunirem a ele em suas excursões.<br />

Várias circunstâncias prepararam o caminho para as visitas de<br />

<strong>Wesley</strong>. Em Wales, por exemplo, Howel Harris, um pregador de<br />

grande poder, de quem foi dito, "Ele rasga a todos diante dele, como<br />

um rastelo largo", trabalhou desde 1735, e organizou trinta<br />

sociedades, chamadas "Sociedades de Experiência Pessoal", antes que<br />

Whitefield ou <strong>Wesley</strong> visitasse o Principado.<br />

Em seu retorno de Londres, <strong>Wesley</strong> encontrou sua mãe nas<br />

bordas da eternidade; mas ela não tinha dúvida ou temor, nem algum<br />

desejo, a não ser (tão logo Deus a chamasse) partir e estar com Cristo.<br />

Três dias depois, ela faleceu. Ele assim descreve a cena, e o funeral:<br />

"Sexta-feira, 23 de Julho – Por volta das três horas da tarde, eu fui<br />

até minha mãe, e me certifiquei que sua mudança estava perto. Eu me<br />

sentei ao lado da cama. Ela estava em seu último conflito, incapaz de<br />

falar, mas eu acredito, completamente consciente. Sua aparência<br />

estava calma e serena, e seus olhos fixados no alto, enquanto<br />

recomendávamos sua alma a Deus. Das três às quatro horas, o<br />

cordão de prata desprendeu-se, e o cântaro despedaçou-se junto à<br />

260


fonte; e, então, sem qualquer esforço, ou sinal, ou gemido, a alma<br />

libertou-se. Nós permanecemos ao redor da cama, e cumprimos seu<br />

último pedido, dizendo um pouco antes de perder o seu discurso:<br />

'Filhos, tão logo eu esteja livre, cantem um salmo de louvor a Deus'".<br />

No domingo seguinte, ele diz: "Uma companhia quase inumerável<br />

reuniu-se, e, por volta das cinco da tarde, eu entreguei para a terra o<br />

corpo de minha mãe, para dormir com seus pais. Foi uma das mais<br />

solenes reuniões que eu tinha visto, ou esperava ver, deste lado da<br />

eternidade". Assim, encerrou-se a diversificada vida terrena desta<br />

mulher devota, que obtivera para si mesmo, uma posição quase<br />

inigualável, em meio às esposas e mães da Inglaterra.<br />

"Em 8 de Agosto, eu gritei alto em Radcliff Square: Por que você<br />

morrerá, ó casa de Israel? Apenas um pobre homem estava<br />

excessivamente barulhento e perturbado. Mas, de imediato, Deus<br />

tocou seu coração. Ele abaixou sua cabeça; as lágrimas cobriram seu<br />

rosto; sua voz não mais foi ouvida. Naquela tarde, eu me senti<br />

constrangido a separar dos crentes, alguns que não mostraram sua fé,<br />

através de suas obras. Um desses ficou profundamente insatisfeito;<br />

falou muitas palavras amargas, e saiu abruptamente. Em um dia ou<br />

dois, enviou uma nota, exigindo o pagamento de cem libras, que ele<br />

tinha emprestado, cerca de um ano antes, para pagar os operários da<br />

Fundição. Dois dias depois, Ele voltou e disse que queria seu<br />

dinheiro, e não poderia esperar mais. Eu disse que eu me esforçaria<br />

para devolvê-lo; e pedi que ele voltasse á tarde. Mas ele disse que não<br />

poderia esperar tanto tempo, deveria tê-lo ao meio-dia. Onde<br />

consegui-lo, eu não sabia", diz <strong>Wesley</strong>, e acrescenta, "Entre nove e<br />

dez horas, alguém veio e me ofereceu o uso de cem libras, por ano,<br />

mas outros dois estiveram comigo antes, e fizeram a mesma oferta. Eu<br />

aceitei a cédula, que um deles trouxe; e vi que Deus está sobre tudo".<br />

A caminho de Bristol, ele leu "aquele surpreendente livro, A<br />

vida de Inácio de Loyola, certamente um dos maiores homens que,<br />

alguma vez, se engajou no apoio de uma causa tão ruim! Eu gostaria<br />

de saber se algum homem poderia julgá-lo um fanático. Não, mas ele<br />

conhecia as pessoas com as quais lidava. E para demonstrar (como o<br />

261


Conde Z---), com uma completa persuasão, que ele usaria de fraude<br />

para promover a glória de Deus ou (o que ele pensou fosse a mesma<br />

coisa) os interesses da Igreja Dele, ele agiu, em todas as coisas,<br />

consistentemente com seus princípios".<br />

Em Oxford, ele encontrou seu irmão e o Sr. Charles Caspar<br />

Graves. Sr. Graves, anteriormente um estudante da Magdalen College,<br />

Oxford, foi convertido, sob a ministração de Charles <strong>Wesley</strong>, e se<br />

tornou um dos Metodistas de Oxford, depois que <strong>Wesley</strong> partiu. Seus<br />

amigos, acreditando que ele estivesse "completamente louco", o<br />

removeram do seu colégio. Quase coagido por eles, consentiu em<br />

endereçar um documento aos seus colegas do colégio, renunciando<br />

aos princípios e práticas dos Metodistas, declarando sua tristeza, por<br />

ter ofendido e escandalizado, ao atender aos encontros deles, e<br />

prometendo não ofender mais. Dois anos mais tarde, sob uma<br />

profunda depressão, por conta de seu erro, ele escreveu novamente,<br />

confessando que ele agiu sob a influência de um temor pecaminoso do<br />

homem, e em respeito ao julgamento daqueles a quem ele considerava<br />

mais sábios do que si mesmo; e agora abertamente se retratava da<br />

afirmação anterior, e declarava que ele não conhecia princípios<br />

Metodistas (assim chamados), que fossem contrários à Palavra de<br />

Deus, nem quaisquer práticas, mas o que estava de acordo, com as<br />

Escrituras e as leis da Igreja. Ele se tornou um clérigo muito útil, e um<br />

amigo e colaborador dos <strong>Wesley</strong>s.<br />

Depois de ter ajustado a Sociedade aqui, e em Kingswood, ele<br />

retornou para Londres, lendo no caminho, "aquele excelente tratado<br />

do Sr. Middleton, Ensaio Sobre o Governo da Igreja", e, "uma vez<br />

mais a vida daquele bom e sábio homem (embora equivocado),<br />

Gregório Lopez".<br />

Pressionado a visitar um pobre assassino em Newgate, ele<br />

objetou que os carcereiros, assim como o guarda, odiassem os<br />

Metodistas, e recusaram a admiti-lo, até mesmo, a alguém que<br />

sinceramente pediu por isto, na manhã que ia morrer. De qualquer<br />

forma, ele foi, e para sua surpresa, encontrou todas as portas abertas<br />

262


para ele. Enquanto exortava, o doente malfeitor clamou a Deus, o<br />

restante dos réus ao redor, para os quais ele falou "fortes palavras,<br />

concernentes ao Amigo dos Pecadores, que eles receberam, com tão<br />

grande sinal de assombro, como se tivessem ouvido a voz do céu".<br />

Quando veio para o corredor comum, um dos prisioneiros, fez-lhe<br />

uma pergunta, que lhe deu a oportunidade de falar em meio a eles,<br />

mais e mais, ainda juntos, enquanto ele declarava que Deus não<br />

desejava que algum deles perecesse, mas que todos viessem para o<br />

arrependimento.<br />

No domingo, 12 de Setembro, desejou pregar em um lugar<br />

aberto, comumente chamado de Great Gardens, estendendo-se entre<br />

Whitechapel e Coverlet-Fields, onde encontrou uma vasta multidão<br />

reunida, e apelou para que eles se arrependessem e cressem no<br />

Evangelho. "Muitas das bestas humanas", ele escreve, "esforçaram-se<br />

para perturbar aqueles de uma mente melhor. Eles tentaram dirigir<br />

um rebanho de vacas, em meio deles; mas os animais eram mais<br />

sábios que seus mestres. Eles, então, atiraram chuvas de pedras, e<br />

uma atingiu-me, bem entre os olhos. Mas eu não senti dor, afinal, e,<br />

quando enxuguei o sangue, prossegui testificando com voz bem alta,<br />

que Deus deu àqueles que crêem, não um espírito de temor, mas do<br />

poder e amor, e de uma mente sadia. E, através do espírito que agora<br />

surgiu, por toda a congregação, eu vi claramente qual a bênção que<br />

existe, quando nos é dado, até mesmo, no menor grau, sofrer por<br />

causa de seu nome". Ele carregou a cicatriz na testa, até o fim da sua<br />

vida.<br />

No dia seguinte ao incidente relatado, ele partiu depois do<br />

serviço da manhã; às nove horas, pregou em Windsor, e na tarde<br />

seguinte, veio para Bristol, onde passou uma quinzena, examinando a<br />

Sociedade, e falando individualmente com cada membro. Nos<br />

próximos dois meses, ele passou alternadamente em Londres e Bristol,<br />

onde ele diariamente exerceu seu trabalho evangelista e observou suas<br />

sociedades.<br />

263


Na segunda-feira, 8 de Novembro, às quatro horas, ele partiu<br />

de Londres, para Newcastle, e, pregando em várias cidades no<br />

caminho, ele chegou no sábado, e de imediato encontrou uma<br />

Sociedade, selvagem, olhando fixamente, e amorosa. Seu irmão<br />

trabalhara aqui por algumas semanas, mas acabara de retornar para<br />

Londres.<br />

No domingo, ele pregou às cinco horas da manhã (uma coisa<br />

nunca ouvida antes nestas partes), quando "a vitoriosa suavidade da<br />

graça de Deus estava presente com Sua palavra". Às dez horas, ele<br />

foi para All Saints, onde havia tal número de comunicantes, como ele<br />

dificilmente vira, a não ser em Londres ou Bristol. Às quatro horas,<br />

ele pregou na quadra do Hospital Keelmens, e encontrou a Sociedade<br />

às seis horas. Na segunda-feira, às cinco horas, começa expondo Atos<br />

dos Apóstolos.<br />

Cada tarde, ele falou separadamente com os membros da<br />

Sociedade. Nas terças-feiras, à tarde, ele expôs a Epístola aos<br />

Romanos, e, depois, o sermão adequado à Sociedade.<br />

Afetado pelas diferentes maneiras, com as quais Deus se<br />

agradou de operar em diferentes lugares, ele diz: "A graça de Deus<br />

flui aqui com uma correnteza mais larga, do que, a princípio, em<br />

Bristol e Kingswood; mas não mergulha tão fundo. Poucos estão<br />

totalmente convencidos do pecado, e, dificilmente alguém pode<br />

testemunhar que o Cordeiro de Deus levou seus pecados". Ele<br />

acrescenta: "Eu nunca vi uma obra de Deus, em qualquer outro lugar,<br />

tão uniforme e gradualmente conduzida. Ela continuamente se ergue,<br />

passo a passo. Nem tanto parece ter sido feito, em qualquer outro<br />

tempo, como tem sido freqüentemente feito em Bristol e Londres, mas,<br />

alguma coisa a cada momento. Acontece o mesmo com as almas. Eu<br />

não vi pessoa alguma naquele triunfo da fé, como tem sido tão comum<br />

em outros lugares. Mas os crentes seguem em frente, calmos e firmes.<br />

Que Deus faça o que parece bom a Ele". Ele começa a visitar os<br />

lugares circunvizinhos. No domingo, dia 28, depois de pregar em uma<br />

sala, às cinco horas, e no hospital, às oito horas, ele caminhou por<br />

264


volta de sete milhas para Tanfield Leigh, onde uma grande<br />

congregação estaca reunida, de todas as partes da região, mas "uma<br />

congregação tão morta, inconsciente, e impassível", como ele<br />

dificilmente vira. Sua experiência aqui, como em muitos outros<br />

lugares, o levou a não dar um golpe, em algum lugar, onde ele não<br />

pudesse seguir o vento.<br />

Em Newcastle, ele garantiu um terreno, no qual construiu uma<br />

sala para a Sociedade, e removeu-se para uma moradia adjacente. O<br />

frio extremo impediu a construção de começar, a não ser na segundafeira,<br />

de Dezembro, quando a primeira pedra da nova casa foi<br />

colocada. Esta foi mais tarde conhecida como o Orfanato, usado para<br />

outros propósitos como uma escola para órfãos. A construção foi<br />

calculada em 700 libras, e <strong>Wesley</strong> tinha vinte e seus xelins na mão.<br />

Muitos afirmaram que ela nunca seria terminada, ou que ele não<br />

viveria para vê-la coberta. Mas ele era de uma outra opinião, nada<br />

duvidando de que, como ela foi começada por causa de Deus, Ele<br />

providenciaria o que fosse necessário para concluí-la.<br />

Tyermam diz: "Ela foi consagrada pelas associações muito<br />

sagradas para ser facilmente esquecida. Aqui uma das primeiras<br />

Escolas Dominicais no reino foi estabelecida, e não teve menos do<br />

que mil crianças em atendimento. Aqui uma Sociedade Bíblica existiu,<br />

antes da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Aqui havia o<br />

melhor coral da Inglaterra; e aqui, em meios aos cantores, estavam<br />

os filhos do Sr. Scott, mais tarde, os célebres lordes Eldon e Stowell.<br />

Aqui ficava o lugar de descanso dos primeiros itinerantes de <strong>John</strong><br />

<strong>Wesley</strong>; e aqui os mineiros e os barqueiros, de todas as partes das<br />

regiões circunvizinhas, se reuniriam, e depois do serviço vespertino,<br />

jogar-se-iam nos bancos, e dormiam algumas poucas horas restantes,<br />

até que <strong>Wesley</strong> pregasse às cinco horas da manhã seguinte. Ela se<br />

tornou a casa do norte de <strong>Wesley</strong> e seus colaboradores, e o centro do<br />

Metodismo do norte por muitos anos".<br />

Enquanto pregava, à tarde, ele freqüentemente teve de parar,<br />

enquanto as pessoas oravam e davam graças a Deus.<br />

265


Em Horseley, a casa era muito pequena, de maneira que ele<br />

pregou em céu aberto, embora uma furiosa tempestade começasse. "O<br />

vento", ele diz, "nos dirigiu como uma torrente, vindo em turnos, do<br />

leste, oeste, norte e sul. A palha e o sapé voavam em redor de nossas<br />

cabeças, de maneira que alguém teria imaginado que não demoraria<br />

e a casa viria abaixo; mas escassamente alguém se agitou, e muito<br />

menos saiu do caminho, até que eu me despedi deles com a paz de<br />

Deus". No dia seguinte, ele pregou em Swalwell, quando novamente o<br />

vento estava alto e extremamente cortante, mas ninguém foi embora.<br />

Depois de pregar como de costume na Square, ele pegou o cavalo para<br />

Tanfield, no que foi, mais de uma vez, quase derrubado de seu animal.<br />

Às três horas, ele pregou para uma multidão, e, mais tarde, encontrou<br />

a Sociedade, em uma sala larga, que sacudia, de um lado para outro,<br />

com a violência da tempestade.<br />

Quando se despediu, diante da mais larga companhia que ele<br />

tinha visto em Newcastle, eles se dependuraram nele, de maneira que<br />

ele teve dificuldade de se desembaraçar; nestas circunstâncias, "uma<br />

mulher enorme", agarrou-se, e correu ao lado do cavalo para<br />

Sandgate. Ele e seu companheiro, Jonathan Reeves, alcançou<br />

Darlington aquela noite, e Boroughbridge, no ultimo dia do ano, e<br />

passou o dia primeiro em Epworth.<br />

"Neste ano", <strong>Wesley</strong> escreve, "muitas sociedades foram<br />

formadas em Somersetshire, Wiltshire, Gloucestershire,<br />

Leicestershire, Warwickshire, e Nottinghamshire, assim como nas<br />

partes sudestes de Yorkshire. E aquelas de Londres, Bristol, e<br />

Kingswood cresceram muito". E cada sociedade tornou-se um centro<br />

do conhecimento religioso e atividade e influência cristã, e preparou o<br />

caminho para a extensão das visitas evangelistas.<br />

<strong>Wesley</strong> começou o ano em Epworth, onde pregou às cinco<br />

horas; e, no túmulo de seu pai, às oito; mas o curador negou-lhe o<br />

Sacramento. "Peço-lhes que diga ao sr. <strong>Wesley</strong>", ele disse, "que eu<br />

não darei a ele o Sacramento, porque ele não é digno". Em Birstal,<br />

266


ele constatou que muitos se desviaram, por conta dos alemães. Ele<br />

chegou em Sheffield, molhado e fraco, e, então, seguiu para os<br />

mineiros de carvão, em Wednesbury, onde seu irmão precedera a ele.<br />

Ele pregou na Town Hall, de manhã e à tarde, e em campo aberto.<br />

Muitos ficaram profundamente afetados, e, cerca de uma centena<br />

desejou reunir-se novamente. Em dois ou três meses, eles aumentaram<br />

em torno de trezentos e quatrocentos. Passando por Evesham, ele veio<br />

para Stratford-on-Avon, onde "a maioria dos ouvintes ficou como que<br />

postes; mas alguns zombaram, outros blasfemaram, e poucos<br />

creram". O restante do mês foi gasto dentro e perto de Bristol. Em<br />

retorno para Londres, seu irmão e ele visitaram o todo da Sociedade, o<br />

que os ocupou por alguns dias, das seis da manhã às seis da tarde.<br />

Em meados de Fevereiro, ele parte para Newcastle, onde se<br />

certifica que as boas impressões feitas nas mentes das pessoas não<br />

foram profundas, de maneira que foi necessário colocar mais de<br />

sessenta deles fora, devido às várias ofensas grosseiras. Ele foi<br />

conduzido a concluir, das instâncias infelizes, com as quais deparou<br />

em todas as partes da Inglaterra, que era um grande mal para as<br />

pessoas, estarem meio-despertas, e, então, entregues à própria sorte,<br />

para adormecerem novamente; e ele resolveu não tentar aprofundar<br />

uma impressão que não tivesse evidência de ser permanente.<br />

Ele pregou em uma estrutura da nova casa de pregação, ainda<br />

em construção, quando uma grande multidão se reuniu, a maioria<br />

vigiou até tarde da noite.<br />

Então, visitou Placey, uma pequena vila de mineiros de carvão,<br />

dez milhas ao norte de Newcastle, onde seus habitantes sempre foram<br />

os primeiros a liderar pela selvagem ignorância e maldade de todo o<br />

tipo. Ele nos conta que ele sentiu grande compaixão por essas pobres<br />

criaturas, do primeiro momento em que ouviu sobre elas, e muito mais<br />

porque todos os homens pareciam os mais desesperados deles. Ele<br />

partiu com um guia; um vento norte incomum jogava granizo em suas<br />

faces, que congelavam com a queda, de maneira que eles mal podiam<br />

ficar de pé quando chegaram. Ele se levantou e declarou Aquele que<br />

267


estava "ferido por nossas transgressões, e machucado por nossas<br />

iniqüidades". "Os pobres pecadores", ele diz, "rapidamente se<br />

reuniram, e deram atenção sincera às coisas que eram faladas; como<br />

fizeram novamente à tarde, a despeito do vento e neve". Ele os visitou<br />

várias vezes, e teve oportunidade grandemente de se regozijar sobre<br />

seus trabalhos.<br />

No retorno de Newcastle através de Knaresborough, Leeds,<br />

Birstal, e Sheffield, ele veio para Wednesbury, onde encontrou<br />

comparativa quietude. No domingo à tarde, ele atendeu o serviço na<br />

igreja, e "nunca ouviu um sermão tão ruim, e entregue com tal<br />

amargura de voz e maneira". Sabendo quais efeitos danosos seriam<br />

produzidos por ele, <strong>Wesley</strong> se esforçou para fortalecer a mente das<br />

pessoas. Enquanto pregava, um clérigo vizinho, completamente<br />

bêbado, subiu no cavalo e, depois de muitas "palavras indecorosas e<br />

amargas, se esforçou muito para passar por cima das pessoas". Tudo<br />

isto produziu seu fruto em curto tempo, como podemos ver.<br />

Depois de uma semana de descanso e paz em Bristol,<br />

revigorado na mente e corpo, ele fez um turismo, pelos lugares de<br />

Wales; e tudo correu bem, exceto em Cowbridge, onde uma turba,<br />

"liderada por um ou dos miseráveis, chamados de cavalheiros,<br />

continuaram gritando, praguejando, blasfemando, e atirando chuvas<br />

de pedras, quase em interrupção". Assim, depois de algum tempo<br />

gasto em oração por eles, ele se despediu da congregação. Retorna a<br />

Bristol, e, depois de um trabalho de duas semanas lá, retira-se para<br />

Londres.<br />

No Domingo da Trindade, ele começou os serviços em uma<br />

capela em West Street, Seven Dials, construída, uns sessenta anos<br />

antes, pelos protestantes franceses. Esta foi, durante anos depois, o<br />

cenário de muitos serviços notáveis Metodista. Era costume dos<br />

<strong>Wesley</strong>s, quando em Londres, administrar a Ceia do Senhor, todo<br />

domingo. O primeiro serviço, em West Street, foi um serviço<br />

sacramental, que durou, não menos do que cinco horas, tão grande era<br />

a afluência dos comunicantes. <strong>Wesley</strong> estava temeroso que suas forças<br />

268


não agüentassem sua outra tarefa; mas diz: "Deus está vendo isto;<br />

assim eu devo pensar, e eles que quiserem chamar isto de fanatismo,<br />

que o façam". À tarde, ele pregou em Great Gardens, para uma<br />

"congregação imensa"; então, encontrou os líderes de classes, e<br />

depois deles, as Bands. "Às dez da noite", ele diz, "eu estava menos<br />

cansado do que às seis da manhã". No domingo seguinte, o serviço<br />

durou seis horas, assim ele dividiu os comunicantes em três grupos,<br />

para que não houvesse mais do que seiscentos de uma só vez. Ele<br />

ficou satisfeito em se certificar que poucos dos mil novecentos e<br />

cinqüenta membros, para o qual a Sociedade crescera, tivessem<br />

descuidado de sua firmeza.<br />

Charles havia partido, em direção ao norte, e seus trabalhos e<br />

sucessos mantiveram a paz com seus irmãos. Em Wednesbury, uma<br />

sociedade de mais de trezentos membros havia sido formada. Aqui um<br />

pedaço de chão fora dado, onde se construiu uma casa de pregação,<br />

que ele "consagrou com um hino", e, então, caminhou, cantando com<br />

muitos dos irmãos, para Walsall. Ele foi recebido com ruidosas<br />

saudações, por parte do povo rude. Na escadaria do mercado, ele abriu<br />

sua Bíblia para pregar. Ele diz: "Um exército de homens estava<br />

posicionado contra nós. A rua estava cheia da força das bestas de<br />

Ephesian (o principal homem em meio a eles), que bramiu e gritou, e<br />

atirou pedras incessantemente. Muitos me atingiram, sem me ferir. Eu<br />

supliquei a eles, no calmo amor, para se reconciliarem com Deus em<br />

Cristo. Enquanto eu partira, uma torrente de rufiões se esforçava<br />

para me tirar dos degraus. Eu me levantei, e deu a bênção, e fui<br />

derrubado novamente. Assim, a terceira vez, quando demos graças a<br />

Deus por nossa salvação. Eu, então, das escadarias declarei que eles<br />

partissem em paz, e caminhei tranqüilamente de volta, através dos<br />

mais grosseiros revoltosos. Eles nos ultrajaram, mas não tiveram<br />

autorização para tocar em um fio de nossas cabeças". Depois de<br />

esforçar-se para confirmar a fé dos convertidos, ele partiu para o norte,<br />

para encontrar, ainda mais, tratamento violento.<br />

<strong>Wesley</strong> não ficou surpreso com as noticias de Staffordshire;<br />

"nem eu me surpreenderia", diz ele, "se, depois dos conselhos que<br />

269


eles tão freqüentemente ouviram do púlpito, assim como da cadeira<br />

episcopal, o zeloso, e generoso clérigo tenha se levantado e feito os<br />

Metodistas em pedaços". Consultada a autoridade legal, ele certificouse<br />

de que haveria um remédio fácil, se ele resolutamente processasse<br />

"aqueles rebeldes contra Deus e o rei".<br />

Ele, então, partiu para o norte. Em Newcastle, constatou que,<br />

embora alguns tivessem saído, por volta de seiscentos continuaram<br />

fiéis, juntos pela esperança do Evangelho. Abalado, desde a sua<br />

primeira visita a Newcastle, com as multidões que todos os domingos<br />

saracoteavam de um lado a outro de Sandhills, ele resolveu encontrar<br />

uma melhor ocupação para eles, e caminhou direto para a igreja, e<br />

recitou um verso de um salmo. "Em poucos minutos", ele diz, "eu<br />

tinha uma companhia suficiente; milhares e milhares se<br />

aglomeraram". Ele teve uma prova de que a mesma turba de<br />

Newcastle, no alto de sua rudeza, tinha algum humanidade restante,<br />

porque, embora eles fizessem tão grande barulho, que sua voz mal<br />

conseguia ser ouvida, ainda assim, eles não atiraram coisa alguma,<br />

nem ele recebeu algum dano pessoal. Ele teve uma congregação<br />

similar em High Street, em Sunderland. Em Lower Spen, um dos seus,<br />

<strong>John</strong> Brown, através de suas rudes e fortes, embora simples palavras,<br />

deixou profundas convicções nos corações de seus vizinhos, de<br />

maneira que eles estavam preparados para a mensagem:"Aquele que<br />

crê terá a vida eterna".<br />

Na sua congregação favorita em Placey, ele "se reuniu com a<br />

pequena companhia, que desejava arrependimento e remissão dos<br />

pecados". Nestas simples palavras, seu método usual de proceder com<br />

aqueles que ficavam profundamente impressionados com sua<br />

pregação, está explicada a razão, porque a região tornou-se<br />

gradualmente coberta com a rede de sociedades, e nelas, o ignorante e<br />

o fraco eram reunidos como cordeiros em um curral, e eram vigiados,<br />

e provados, e treinados na verdade e santidade.<br />

Ao retornar com <strong>John</strong> Downes, de Horsley, que, durante trinta<br />

anos, mais tarde, prestou serviço como pregador, e deixou seu nome<br />

270


indelevelmente marcado nas páginas do recente Metodismo, ele<br />

voltou para Darlington.<br />

Ele passou alguns poucos dias na vizinhança de Birstal,<br />

pregando nas quantas pequenas cidades que ele pôde, e retornou<br />

vagarosamente para Londres, assim, terminando uma jornada de dois<br />

meses, cheio de interesse e aventura.<br />

Uma capela em Snowsfields, no lado Surrey do rio, construída<br />

por uma senhora Sociniana, foi oferecida a ele, e ele anunciou seu<br />

desejo de pregar lá, quando uma zelosa mulher, entusiasticamente<br />

replicou: "O sr. <strong>Wesley</strong> pregará em Snowfields? Certamente, ele não<br />

fará isto. Porque, não existe tal lugar, em toda a cidade. As pessoas<br />

lá, não são homens, mas demônios". Mas Snowfields tornou-se um<br />

valoroso centro Metodista.<br />

* Socianismo [Um movimento religioso anti-trinitariano do<br />

séc. XVI, chamado assim pelos nomes de seus fundadores. Faustus<br />

Socinus, em sua obra "De Auctoritate Scripturae Sacrae", rejeitava<br />

toda religião puramente natural. Para ele a Bíblia era tudo, mas tinha<br />

que ser interpretada pela luz da razão. Deus, diziam eles, é<br />

absolutamente simples; mas a distinção de pessoas destrói esta<br />

simplicidade; daí, eles concluíram que a doutrina da Trindade é<br />

errada].<br />

Três semanas depois, ele partiu para Bristol. Ele "cavalgou<br />

suavemente", para Snow Hill, quando a sela escorregou, e ele caiu<br />

sobre a cabeça do cavalo. Alguns garotos o ajudaram, mas<br />

blasfemaram e praguejaram todo o tempo. Ele falou claramente com<br />

eles, e eles prometeram se emendar. Dois ou três homens que o<br />

ajudaram a montar disseram palavrões em quase todas as palavras. Ele<br />

diz: "eu me virei para um e para o outro, e falei em amor. Eles todos<br />

aceitaram isto bem, e agradeceram-me muito". O cavalo perdeu a<br />

ferradura, o que deu a ele chance de falar mais reservadamente com o<br />

ferreiro e seu servo. Ele diz que ele menciona essas pequenas<br />

circunstâncias para mostrar quão fácil é redimir cada fragmento de<br />

271


tempo, quando sentimos algum amor para com essas almas, por quem<br />

Cristo morreu. Foi neste caminho, que o evangelista foi ao encalço de<br />

sua obra, sempre pronto a aproveitar a oportunidade, para tentar<br />

redimir os homens de seu mal, quer sozinhos ou em multidões.<br />

Ele agora pretendia estender a área de seus trabalhos para<br />

Cornwall, que seu irmão e um ou dois dos pregadores leigos já haviam<br />

visitado, e onde, no futuro, ele teria uma colheita mais abundante.<br />

Partindo para Bristol, ele fez uma parada considerável, até que<br />

alcançasse St.Ives, que se tornou, por um tempo, o centro do<br />

Metodismo de Cornwall, e onde havia uma Sociedade, com cerca de<br />

cento e vinte pessoas, que se reuniram no plano do Dr. Woodward,<br />

com os quais os Metodistas tiveram um intercurso, através do Capitão<br />

Turner de Bristol, que, algum tempo antes, tinha colocado sua<br />

embarcação lá. <strong>Wesley</strong> passou três meses aqui, e nas outras cidades,<br />

pregando em toda a oportunidade disponível. Ele também fez uma<br />

visita à St. Mary, uma das Ilhas Scilly. Suas congregações variaram de<br />

um punhado de pessoas, a dez mil, que se reuniram em Gwennap, em<br />

sua segunda visita. A disposição das pessoas foi peculiar, algumas<br />

pareciam "satisfeitas e despreocupadas", em outras, um pouco de<br />

impressão foi causada; o restante mostrou "enorme aprovação e<br />

absoluta despreocupação"; em um local ele observou "uma sincera<br />

atenção simplória ", enquanto em outro, ele encontrou "muita boavontade,<br />

mas nenhuma vida"; em outro, as pessoas estavam<br />

"maravilhadas, mas ele não encontrou um que tivesse uma profunda<br />

ou duradoura convicção". Mas, depois de algum tempo, ele é capaz<br />

de registrar que em St. Ives, "o pavor de Deus caiu sobre nós,<br />

enquanto eu falava, de maneira que eu dificilmente pude proferir uma<br />

palavra".<br />

Por fim, uma mudança de cenário acontece, enquanto ele<br />

pregava em St. Ives, uma turba da cidade, irrompeu dentro da sala, e<br />

criou muita confusão, rugindo e golpeando aqueles que permaneceram<br />

no caminho, "como se a própria Legião os possuíssem". Ao se<br />

certificar do aumento do alvoroço, ele foi para o meio e trouxe o<br />

cabeça para a mesa, recebendo um soco de um lado da cabeça,<br />

272


enquanto fazia isto. "Depois do que", ele diz, "nós debatemos a<br />

questão, até que ele ficou mais e mais compassivo, e, por fim,<br />

incumbiu-se de aquietar seus companheiros". Em um domingo, ele<br />

pregou em quatro lugares diferentes, e não sentiu fraqueza, afinal, e<br />

conclui o dia com a Sociedade em St. Ives, regozijando e orando a<br />

Deus.<br />

Depois de seu retorno para Bristol, ele fez uma breve viagem a<br />

Wales, pregando, orando, e falando, de hora em hora. Então, temendo<br />

que suas forças não fossem suficientes para pregar mais do que quatro<br />

vezes no dia, ele abreviou seu serviço matinal, com a Sociedade em<br />

Cardiff, para meia hora, depois aceitando dois serviços em Castle, um<br />

na Igreja Wenvo, e um em Porthkerry. Ele empregou diversos dias no<br />

exame e limpeza da Sociedade de Bristol, que, depois de diversos<br />

terem sido colocados para fora, ainda consistia de mais de setecentas<br />

pessoas. Ele se dedicou na semana seguinte a Kingswood, e encontrou<br />

poucas coisas para reprovar.<br />

Os líderes trouxeram agora o que tinham arrecadado nas suas<br />

diversas classes, para o débito da construção da Nova Sala, que foi<br />

imediatamente paga. Esta foi a finalidade em vista, quando a<br />

Sociedade foi dividida primeiro em classes. As contribuições foram,<br />

mais tarde, dadas ao pobre, e, subseqüentemente à obra de Deus, por<br />

via de regra.<br />

A caminho de Midlands, ele pregou em Painswick, Gutherston,<br />

e Evesham, e no dia seguinte, visitou o Rev. Samuel Taylor, de<br />

Quinton, Gloucestershire, um pregador poderoso e comovente; um<br />

bem sucedido evangelista itinerante; um dos diversos clérigos – como<br />

os Revs. <strong>John</strong> Hodges, de Wenvo; Henry Piers de Bexley; Charles<br />

Manning de Hayes; Vincent Perronet de Shoreham; <strong>John</strong> Meriton da<br />

Ilha de Man; Richard Thomas Bateman de St. Bartholomew's the<br />

Great, Londres, e outros – que, sendo muito beneficiados pelo<br />

ministro dos Metodistas, e totalmente simpatizantes com seus<br />

objetivos salutares, identificaram-se com eles, os recebiam em seus<br />

púlpitos, e atendiam em suas Conferências. Passando por<br />

273


Birmingham, ele veio para Wednesbury, onde encontrou tal<br />

tratamento, que parece quase inacreditável, e onde ele apareceu<br />

igualmente no fim de seus dias. Seu irmão o seguiu em dois ou três<br />

dias, e deu o seguinte relato descritivo:<br />

"Eu fui muito encorajado, pela fé e paciência de nossos irmãos<br />

de Wednesbury, que me forneceram alguns pormenores da última<br />

perseguição. Meu irmão, eles me disseram, tinha sido detido, por<br />

aproximadamente três horas, pela turba de três cidades. Aqueles de<br />

Wednesbury e Dadaston foram desarmados por algumas poucas<br />

palavras que ele falou, e, desde aquele momento, trabalharam para<br />

protegê-lo de seus velhos aliados de Waltsal; até que eles foram<br />

dominados e a maioria deles caiu ao chão. Três dos irmãos e uma<br />

jovem perto dele, todo o tempo, tentaram interceptar os golpes.<br />

Algumas vezes, ele era quase carregado nos ombros deles, através da<br />

violência da multidão, que o golpeava continuamente, para que ele<br />

caísse. E, se ele tivesse caído, uma só vez, ele não teria mais se<br />

levantado. Muitas vezes, ele escapou, devido à sua baixa estatura; e<br />

seus inimigos foram derrubados por eles. Seus pés nenhuma vez<br />

escorregou; porque nas mãos deles, os anjos o dirigiram. Os rufiões<br />

andaram, de um lado para outro, perguntando: 'Qual é o ministro?'.<br />

E o perdiam, e o encontravam, e o perdiam novamente. A mão que<br />

cegou os homens de Sodoma, e os sírios os deteve ou desviou. Alguns<br />

gritaram: 'Derrubem-no, eu vou atirá-lo no abismo'. Outros gritavam:<br />

'Dependurem-no na próxima árvore'. E outros: 'Acabe com ele! Acabe<br />

com ele!'. E alguns lhe deram a infinita honra ao clamarem, em<br />

termos expressos: 'Crucifiquem-no!'. E a uma só voz: 'Matem-no!'.<br />

Mas eles não chegaram a um acordo quanto a que tipo de morte<br />

colocá-lo. Em Watsal, diversos disseram: 'Tirem-no da cidade: não o<br />

matem aqui; não traga seu sangue sobre nós!'.<br />

"A alguns que clamavam: 'Desnudem-no, rasguem suas<br />

roupas', ele suavemente respondeu, 'vocês não precisam fazer isto: eu<br />

darei minhas roupas a vocês, se necessitam delas'. Nos intervalos do<br />

tumulto, ele falava, 'os irmãos punham-me fora de perigo, com tanta<br />

compostura e correção', como ele costumava fazer nas Sociedades<br />

274


deles. O Espírito da glória descansou junto a ele. Tanto quantos ele<br />

falou, ou ele impôs suas mãos, ele transformou em amigos. Ele não se<br />

surpreendeu (como ele mesmo me disse), que os mártires não<br />

sentissem dor nas paixões; porque nenhum dos golpes o feriu, embora<br />

um tenha sido tão violento, de maneira a fazer com que seu nariz e<br />

boca esguichassem sangue".<br />

CAPÍTULO VIII<br />

A Segunda Década do Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong> (1751/1760)<br />

Esta década foi marcada pela aflição e tristeza. De fato,<br />

<strong>Wesley</strong> não estava subjugado à violência da turba, na mesma<br />

extensão, que nos anos anteriores; mas preocupações sugiram de<br />

outras causas; algumas delas pessoais, e outras relacionadas à obra<br />

que ele tinha nas mãos. Nos anos de 1753 e 1754, ele sofreu de<br />

severas enfermidades. Nestas épocas sua prostração física era tão<br />

grande, que pareceu igualmente que ele não poderia continuar mais<br />

seu trabalho; ainda assim, repetidas vezes, ele reuniu suficiente força<br />

para pregar, embora a febre e a dor, e a hemorragia incomodassem.<br />

275


Durante um dos seus ataques, ele enfraqueceu-se muito, quando, como<br />

ele escreve, "não sabendo como agradaria a Deus dispor de mim, e<br />

impedir vil panegírico", ele escreveu o seguinte epitáfio, ordenando<br />

que esta inscrição, se alguma, fosse colocada em sua tumba: Aqui jaz<br />

o corpo de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>. Um tição tirado do fogo. Que morreu de uma<br />

consumpção, aos cinqüenta e um anos de idade, não deixando atrás<br />

de si, depois de seus débitos pagos, dez libras: Orando que Deus seja<br />

misericordioso comigo, um servo inútil!<br />

Logo no ano seguinte, ele se retira para Bristol para aproveitar<br />

os benefícios dos Hot Wells. Aqui ele começa a escrever As Notas do<br />

Novo Testamento; "uma obra", ele diz, "que eu dificilmente tentaria,<br />

alguma vez, escrever, não estivesse tão doente, e incapaz de viajar ou<br />

pregar, e, ainda assim, bem capaz de ler e escrever. Eu agora<br />

prossegui em um método regular; levantando-me, no meu horário<br />

[quarto horas da manhã], escrevendo das cinco às nove da noite.<br />

Exceto quando lendo, meia hora em cada refeição, e entre cinco e seis<br />

da tarde". A pregação foi completamente interrompida por quarto<br />

meses. Mas recupera um pouco de força, e retorna para Londres, onde<br />

passa algumas semanas em Paddington, escrevendo, indo à cidade<br />

apenas nos sábado de tarde, e partindo novamente no domingo de<br />

manhã. Logo cedo em Junho, ele pregou na Fundição, o que não tinha<br />

feito, às tardes, por um longo tempo, embora sua voz e força ainda<br />

estivessem prejudicadas. Em Julho, ele sentiu-se capaz de reassumir<br />

sua obra em campo aberto, depois de um intervalo de nove meses, mas<br />

não em condições de renovar totalmente suas jornadas, até Abril do<br />

ano seguinte. Depois desta, nenhuma interrupção prolongada ocorreu,<br />

e ele logo estendeu suas visitas a muito mais número de lugares do<br />

que em algum tempo anterior; e isto continuou até o fim de sua vida.<br />

Em seus assuntos pessoais, o incidente mais considerável foi<br />

seu casamento com a Sra.Vazeille, que aconteceu em 19 de Fevereiro<br />

de 1751. Nove ou dez dias antes, ele estava atravessando a Ponte de<br />

Londres, quando seu pé escorregou; seu tornozelo, batendo em uma<br />

pedra, ficou seriamente ferido e uma de suas pernas, severamente<br />

deslocada; ainda assim, ele pregou, e tentou fazê-lo novamente à<br />

276


tarde, mas a dor estava muito grande. Ele passou uma semana na casa<br />

de sua futura esposa; "parcialmente, em oração, leitura, e conversa; e,<br />

parcialmente, no escrever a Gramática Hebraica, e terminar as<br />

Lições para as Crianças". No domingo seguinte, ele pregou na<br />

Fundição, de joelhos, e nos dias seguintes, estava casado. Ele pregou<br />

novamente, uma ou três vezes, de joelhos. Em duas semanas, estava<br />

capaz de cavalgar, embora não de caminhar, ele partiu sozinho para<br />

Bristol, onde teve uma Conferência com seus pregadores, depois do<br />

que, retornou a Londres. Seis dias mais tarde, iniciou sua jornada em<br />

direção ao norte. Escreve: "eu não posso entender, como um pregador<br />

Metodista pode responder a Deus, pregar um sermão, ou viajar um<br />

dia menos, casado, do que quando solteiro. Neste aspecto,<br />

certamente, 'resta que aqueles que têm esposas ajam como se não<br />

tivessem'". Dificilmente um dos seus amigos, naquele tempo, e<br />

nenhum de seus biógrafos mais recentemente, diriam uma palavra em<br />

favor do casamento. Edward Perronet permanece sozinho, ao dar sua<br />

aprovação. Charles <strong>Wesley</strong> e outros, que estavam muito interessados<br />

em seu bem-estar deploraram profundamente. Até onde podemos<br />

aprender, ele conseguiu pouca ou nenhuma ajuda da Sra. <strong>Wesley</strong>,<br />

enquanto fazia de tudo para prejudicar seu conforto, submetendo-o a<br />

muitas indignidades, e finalmente o deixou. <strong>Wesley</strong> ficou<br />

grandemente desapontado com seu casamento; e o que quer que possa<br />

ser dito, para desculpar a conduta da Sra. <strong>Wesley</strong>, neste terreno de<br />

circunstâncias muito peculiares, em que ela se situava, fica claro que,<br />

em vez de ser uma fonte de ajuda e felicidade para ele, ela foi a<br />

oportunidade de muita tristeza e aflição pessoal. Tyerman fornece<br />

inúmeros detalhes do assunto, e o julgou em seu estilo impulsivo<br />

usual.<br />

Uma grande preocupação surgiu do conflito de diversas de<br />

suas sociedades, pela difusão de visões errôneas, ou tolas e divisoras,<br />

como através dos Predestinacionistas, em Wednesbury. E os Místicos<br />

e Antinominianos, em Birmingham, a expansão das doutrinas<br />

Antinominiana e Calvinista, na Irlanda, e outras dificuldades<br />

similares. Essas ele buscou contra-atacar com ensino cuidadoso<br />

pessoal, onde se encontrasse com elas; escreveu panfletos para<br />

277


distribuição em sua ausência. A saída de <strong>John</strong> Bennet da série de seus<br />

ajudadores, e, especialmente a influência prejudicial de James<br />

Wheatley, um outro colaborador, na Irlanda, e sua subseqüente<br />

deserção em Wiltshire e Norwich, com efeitos desastrosos na<br />

sociedade, causou em <strong>Wesley</strong> a mais aguda dor, e o envolveu em<br />

muito trabalho sem proveito; enquanto causava destruição em meio a<br />

um largo número de pessoas, às quais Wheatley havia arrastado em<br />

torno dele. Tudo isto, <strong>Wesley</strong> combateu com a mais extrema<br />

honestidade e coragem, e, finalmente, com considerável sucesso. Mas<br />

isto tudo despejou nuvens ameaçadoras, durante anos, sobre a obra; e<br />

de dor e tristeza sobre wesley e seus companheiros evangelistas.<br />

Wheatley foi o primeiro colaborador em quem <strong>Wesley</strong> exerceu a<br />

extrema disciplina de expulsão.<br />

Mas uma preocupação mais profunda surgiu de uma corrente<br />

de um sentimento anti-igreja, que, naquele tempo, aconteceu com<br />

considerável força. Alguns dos colaboradores de <strong>Wesley</strong>, e muitos do<br />

seu povo nunca mantiveram alguma conexão vital com a Igreja da<br />

Inglaterra. <strong>Wesley</strong> esforçou-se para uni-los, e para persuadir –<br />

algumas vezes, quase compeli-los a atenderem os serviços e os<br />

sacramentos em suas paróquias, sempre estabelecendo o exemplo do<br />

comparecimento, e recusando-se a conduzir os serviços, nos "horários<br />

da igreja". Mas o tratamento dado a eles, por alguns do clero não<br />

estava encorajando; em não poucas situações, ele foi positivamente<br />

repelente. Não foi, portanto, surpresa, que eles desejassem que os<br />

sacramentos fossem administrados a eles, por homens, através dos<br />

quais eles receberam os benefícios espirituais. A moderação de<br />

<strong>Wesley</strong>, no lidar com eles, contrastava com o espírito de seus irmãos,<br />

mais conciso e inflexível. A controvérsia, algumas vezes, diminuía o<br />

afeto, e se prolongava por muitos anos. Isto foi debatido, diversas<br />

vezes, nas Conferências, quando <strong>Wesley</strong> foi geralmente capaz de<br />

assegurar a unanimidade, em resolver não se separar da Igreja. Charles<br />

<strong>Wesley</strong> foi primeiro um clérigo, então, um Metodista. <strong>Wesley</strong>, embora<br />

firme até o fim, em sua ligação com a Igreja, colocou "a obra de<br />

Deus", em primeiro lugar, perante ele. Charles disse que não seria leal<br />

separar-se: <strong>John</strong> disse que não era expediente; mas ele disse também<br />

278


"com Igreja, ou sem Igreja, eu devo salvar almas!". Esta diversidade<br />

de pontos de vista, junto com outras circunstâncias perturbadoras,<br />

causou uma medida de separação entre os irmãos, durante esta década.<br />

Mas não durou muito tempo. O velho amor fraternal inflamou<br />

novamente, a despeito de tudo. Mas a obra itinerante e o cuidado das<br />

sociedades, através da região, geralmente, caiu quase exclusivamente<br />

sobre os ombros de <strong>Wesley</strong>, porque Charles, parcialmente dirigido por<br />

um espírito que ele não poderia compartilhar; parcialmente, pelos<br />

atrativos da feliz vida familiar, gradualmente retirou-se da itinerância,<br />

e seus trabalhos, depois de um tempo, foram principalmente restritos a<br />

Londres e Bristol.<br />

<strong>Wesley</strong> foi também perturbado pelos controversistas, alguns<br />

dos quais ele não pôde ignorar, como ele fez com a maioria dos seus<br />

críticos. Ele respondeu ao Bispo Lavington, em três publicações<br />

separadas, embora a produção do senhor lorde pouco merecesse uma<br />

resposta. Ele também escreveu sua "Predestinação Calmamente<br />

Considerada", para corrigir o crescimento do erro na Irlanda, assim<br />

como diversas outras partes controversas. Este foi para ele "um<br />

trabalho pesado", tal como ele "nunca escolheria, mas que deveria<br />

ser feito". A vilania de um Imprensa obscena, que atacou o<br />

Metodismo com o veneno mais amargo, encontrou seu clímax nos<br />

escritos corruptos de Foote, cuja produção de maior alarido, The<br />

Minor: Uma comédia foi exibida para perverter e criar simpatia com<br />

as audiência, em Haymarket, por diversos meses.<br />

As obras mais importantes de <strong>Wesley</strong> estão em um volume<br />

intitulado, A Doutrina do Pecado Original, em resposta ao Dr. Taylor,<br />

de Norwich, o mais completo tratado teológico que ele publicou; Um<br />

Preventivo Contra as Noções Duvidosas na Religião, para o uso<br />

especial de seus jovens pregadores; quarenta e nove volumes da<br />

Livraria Cristã, As Notas Explanatórias do Novo Testamento, com a<br />

tradução revisada do texto; Razões Contra a Separação da Igreja da<br />

Inglaterra; e um Tratado sobre a Eletricidade. Essas, com muitas<br />

outras publicações menores, incluindo um hinário, para o uso de seu<br />

povo – Hinos e Canções Espirituais - e vários panfletos de hinos,<br />

279


mostram com quanta diligência e cuidado, seu tempo, que não foi<br />

gasto dirigir a obra evangelista, foi sagradamente aproveitado.<br />

Mas, embora a década fosse caracterizada, por muitas<br />

circunstâncias problemáticas, não foi totalmente obscura. A obra<br />

progrediu; a esfera de atividade de <strong>Wesley</strong> foi ampliada: ele fez quatro<br />

visitas a Escócia, a primeira em 1751; ele também pregou em muitos<br />

lugares na Inglaterra, não visitados anteriormente. Seus colaboradores<br />

aumentaram em número; sessenta e cinco itinerantes adicionais foram<br />

matriculados, de maneira que no encerramento da década, noventa<br />

estavam engajados, e muitos colaboradores "locais". Mais de<br />

cinqüenta capelas, ou casas de pregação, foram ocupadas. Sinais<br />

adicionais do avivamento espiritual apresentaram-se; <strong>Wesley</strong><br />

escreveu: "No início do ano de 1760, existia um grande avivamento<br />

da obra de Deus em Yorkshire". Este foi o presságio de uma obra<br />

muito grande, através do reino. Os assuntos seculares das sociedades,<br />

especialmente aqueles ligados aos seus empreendimentos de<br />

publicação, eram confiados aos administradores, deixando <strong>Wesley</strong><br />

mais livre para o trabalho espiritual. Diversos mais do clero -<br />

Berridge, Milner, e outros – simpatizavam com a obra Metodista; e a<br />

imitavam. Seu velho amigo Whitefield estava "todo amor e ternura".<br />

Mas uma fonte mais rica de ajuda, de bênção, e de alegria estava à<br />

mão. <strong>Wesley</strong> escreve: "No domingo, 13 de Março de 1757, encontreime<br />

fraco em Snowfields. Eu orei (se Ele considerasse bom), para que<br />

Deus me enviasse ajuda na capela [em West Street]; e eu a tive. Um<br />

clérigo, a quem eu nunca tinha visto antes, veio e ofereceu-me sua<br />

assistência; e tão logo eu terminei de pregar, chegou o Sr. Fletcher,<br />

recém ordenado sacerdote, e apressou-se para a capela com o<br />

propósito de assistir, já que ele supôs que eu estaria sozinho".<br />

A vinda de Fletcher (William de la Fléchère, de Nyon, na<br />

Suíça) para a ajuda de <strong>Wesley</strong> é um evento muito interessante e<br />

importante nesta história para se passar rapidamente por ele. Como<br />

vimos, Charles <strong>Wesley</strong> relaxou em seu trabalho itinerante, e antes do<br />

final da década, eles se limitaram à Londres e Bristol. Felizmente, por<br />

todos os lados, os ajudadores estavam surgindo, ou a obra não teria<br />

280


avançado, nem <strong>Wesley</strong> teria liberdade para desempenhar suas viagens<br />

evangelistas, através da região. Fletcher não entrou na corporação de<br />

itinerantes, mas tornou-se um conselheiro e amigo inestimável; e,<br />

através de suas visitas ocasionais a algumas das sociedades, levou até<br />

eles a influência de seu caráter puro e ministério espiritual. Sua caneta,<br />

hábil e pronta, era livremente usada, e com singular poder, no rebater<br />

os oponentes de <strong>Wesley</strong>, e em defender seus ensinamentos e sua obra,<br />

enquanto seu espírito, gracioso, imponente, e seráfico, era uma<br />

sagrada inspiração e conforto.<br />

Os trabalhos itinerantes de <strong>Wesley</strong>, através da década estão<br />

ilustrados no itinerário do último ano do período, que é dado nas<br />

páginas seguintes, embora até mesmo este não supra os nomes de<br />

todos os lugares, nos quais, em sua jornada, ele parou para pregar. As<br />

barreiras de preconceito estavam, em algumas instâncias, começando<br />

a ceder, embora, ainda assim, apenas poucas igrejas estivessem<br />

abertas a ele. Perto do encerramento da década ele estava, no entanto,<br />

grandemente alegre, por reunir-se com seu amigo Berridge, em alguns<br />

serviços muito notáveis na Everton Church.<br />

As Conferências gradualmente ampliando-se eram ocasiões de<br />

muitas bênçãos, e foram marcadas pela unanimidade, amor, e o<br />

controle de uma supremacia resolve continuar a obra, a despeito de<br />

todas as privações – e elas eram muitas - e não se separar da Igreja.<br />

Nos itinerários seguintes, tomados, principalmente de seus<br />

Diários, os nomes das cidades, embora ele tenha passado e não apenas<br />

parado para pregar estão em itálicos. Diversos nomes são omitidos,<br />

por falta de espaço.<br />

281


CAPÍTULO IX<br />

A Terceira Década do Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong> (1761-1770)<br />

A terceira década apresenta traços de um caráter misturado,<br />

diversos deles sendo de grande interesse. Sinais do avivamento e<br />

extensão apareceram em muitas partes do país. "No início do ano de<br />

1760", <strong>Wesley</strong> escreveu, "havia um grande aviamento da obra de<br />

Deus Yorkshire – Aqui começou aquela gloriosa obra de santificação,<br />

que ficou parada por quase vinte anos. Mas, de tempos em tempos,<br />

espalhou-se; primeiro, através de várias partes de Yorkshire; depois,<br />

em Londres; então, através da maioria das partes da Inglaterra; em<br />

seguida, Dublin, Limerick. E todas as sudestes e oestes da Irlanda. E,<br />

onde o trabalho da santificação crescesse, a obra de Deus crescia em<br />

todas as suas ramificações. Muitos foram convencidos do pecado;<br />

muitos justificados; muitos apóstatas curados. Assim foi na Sociedade<br />

de Londres, em específico. Em Fevereiro de 1761, ela continha mais<br />

de dois mil e trezentos membros. Em 1765, acima de mil e oitocentos".<br />

Esta expansão da obra foi observável, não apenas em redor de<br />

Londres, mas na maioria dos lugares da Inglaterra e Irlanda, e um<br />

similar testemunho foi feito em 1764.<br />

<strong>Wesley</strong> escreveu muito sobre "esta obra de santificação", que<br />

ele define mais acuradamente como "inteira santificação", em<br />

harmonia com (I Tessalonicenses 5:23) "E o próprio Deus de paz vos<br />

santifique completamente". Este é o "amor perfeito", ou "a perfeição<br />

cristã", que ele ardorosamente estimulou todas as suas sociedades a<br />

buscarem. "Por perfeição, eu quero dizer, o amor humilde, gentil,<br />

paciente, a Deus e ao homem, governando todos os temperamentos,<br />

palavras, e ações; todo o coração, e toda a vida". Esta não foi uma<br />

realização maior do que aquela que ele aprendeu, há muito tempo, das<br />

282


leis dos oráculos iniciais – dos quais ele tanto emprestou a frase,<br />

quanto aprendeu quão grande foi o privilégio espiritual possível ao<br />

homem, sob o Evangelho de Jesus Cristo. Mas uma peculiaridade do<br />

ensino de <strong>Wesley</strong> foi que "a perfeição é sempre forjada na alma, pela<br />

fé, pelo simples ato da fé; conseqüentemente, de imediato". Mas ele<br />

diz: "Eu acredito na obra gradual, tanto precedente quanto seguinte<br />

àquele instante. Quanto ao tempo", ele acrescenta, "eu acredito que<br />

este instante geralmente é o instante da morte, o momento antes que<br />

as almas deixem o corpo. Mas eu acredito também que possa ser dez,<br />

vinte, quarenta anos, antes da morte. Eu acredito que ela seja<br />

usualmente muitos anos depois da justificação; mas que ela pode ser<br />

dentro de cinco anos, ou cinco meses depois dela". Esta estava<br />

associada com uma inteira devoção do coração e vida a Deus, de<br />

maneira, a "regozijar-se sempre mais, orar, sem cessar, e em todas as<br />

coisas, dar graças". "O amar a Deus de todo o nosso coração, alma e<br />

força, e o amar a todos os homens, como Cristo nos amou, sempre<br />

será a somatória do que eu entrego como sendo a religião pura e<br />

imaculada". Enquanto isto, a inteira dedicação a Deus, e a feliz<br />

experiência do amor a Deus, espalhados pelo coração, estimulou<br />

muitos dos primeiros Metodistas para a santidade de caráter; muitos<br />

dos menos cuidadosos foram carregados por uma perversão do ensino,<br />

para um fanatismo selvagem que, por muitos anos, dificultou <strong>Wesley</strong>,<br />

em seus trabalhos, e, em diversos lugares, impediu o progresso da<br />

obra. De maneira que, olhando para trás, no encerramento do ano de<br />

1762, ele não pode deixar de agradecer pelo ano de bênçãos incomuns,<br />

e ainda assim, ele teve "mais cuidado e preocupação em seis meses,<br />

do que nos diversos anos precedentes!".<br />

Fletcher escreveu para Charles <strong>Wesley</strong>, neste tempo: "Muitos<br />

de nossos irmãos estão passando dos limites o Cristianismo moderado<br />

em Londres. Oh! Que eu possa permanecer na brecha! Oh! Que eu<br />

possa, pelo sacrifício próprio, fechar este imenso abismo de fanatismo<br />

que abre sua boca em nosso meio! A corrupção das melhores coisas é<br />

sempre a pior das corrupções".<br />

283


Os nomes de George Bell e Thomas Maxfield permanecem<br />

infelizmente associados a esta apostasia; e, ainda assim, foi para as<br />

mãos do último que a Sociedade de Londres esteve, em grande<br />

extensão, comprometida. Ele deixou <strong>Wesley</strong>, em 1763, arrastando<br />

consigo um número que simpatizou com suas extravagâncias.<br />

Charles <strong>Wesley</strong> e Whitefield (que estava agora na Inglaterra)<br />

estavam ambos enfermos, e o fardo sobre <strong>Wesley</strong> era imenso.<br />

Felizmente sua saúde estava totalmente restabelecida, e ele foi capaz<br />

de empreender trabalhos extraordinários. Em certo momento, ele<br />

escreveu: "Três dias na semana, eu posso pregar, três vezes ao dia,<br />

sem causar dano a mim mesmo; mas eu agora excedi em muito isto,<br />

além de encontrar as classes e exortar as sociedades". Em um<br />

período subseqüente, ele escreveu: "Neste e nos três dias seguintes, eu<br />

preguei em tantos lugares quanto eu pude, embora, eu estivesse, a<br />

princípio, em dúvida se eu poderia pregar oito dias, principalmente<br />

em lugares abertos, três ou quatro vezes por dia. Mas minhas forças<br />

estavam como minha obra. Eu dificilmente senti qualquer fraqueza no<br />

começo ou no fim".<br />

No inverno extremamente severo de 1763, <strong>Wesley</strong> distribuiu<br />

"caldo grosso de ervilha e cevada", na Fundição, e fez uma coleta de<br />

trezentas libras para enfrentar as necessidades do pobre faminto e<br />

destituído. No ano seguinte, a Fundição foi reformada e ampliada.<br />

No ano de 1764, <strong>Wesley</strong> endereçou uma carta para cinqüenta<br />

clérigos evangélicos, com vistas a promover uma união amigável em<br />

meio a eles. "O grande ponto em que eu agora trabalho", ele escreve,<br />

"é o bom entendimento com todos os irmãos do clero, que estão<br />

amorosamente engajados em propagar a religião vital. Três apenas<br />

dos cinqüenta responderam. Mas na Conferência daquele ano, <strong>John</strong><br />

Pawson, que estava presente, diz: 'Doze daqueles cavalheiros<br />

atenderam nossa Conferência em Bristol, com o objetivo de persuadir<br />

o Sr. <strong>Wesley</strong> a remover os pregadores de cada paróquia onde existisse<br />

um ministro avivado; e o Sr., Charles <strong>Wesley</strong> honestamente nos disse<br />

que se ele fosse um ministro estabelecido em algum lugar específico,<br />

284


nós não pregaríamos lá. A quem o sr. Hampson [um dos assistentes]<br />

replicou:' Eu pregaria lá, e nunca pediria sua permissão, e teria tanto<br />

direito a fazer isto quanto você'".<br />

Uma infeliz controvérsia impressa também surgiu nesta<br />

ocasião, da publicação de onze cartas escritas por Hervey, e<br />

publicadas depois de sua morte, em resposta a algumas críticas feitas<br />

por <strong>Wesley</strong> quanto às visões Calvinistas, expressadas em Theron e<br />

Aspásia de Harvey. A parte de <strong>Wesley</strong> na contenda foi publicar, Um<br />

Tratado Sobre a Justificação, extraído da obra do Sr. <strong>John</strong> Goodwin;<br />

com um prefácio em que todo o material das cartas recém publicadas,<br />

sob o nome do Rev. Sr. Hervey, é respondido. A controvérsia ficou<br />

mais amarga por conta de alguns que tomaram parte nele; e Tyerman<br />

acredita que a obra de <strong>Wesley</strong> na Escócia foi obstruída por causa<br />

disto, por vinte anos, e que foi a raiz de muito mais controvérsia<br />

importante, que datou do fim desta década.<br />

Na Conferência de 1766, quando muitos assuntos importantes<br />

foram considerados, a questão foi feita: "Nós somos Dissidentes?", e<br />

em resposta a isto foi dito: "Somos desiguais – (1) por chamar os<br />

pecados ao arrependimento em todos os lugares; (2) por usar de<br />

oração espontânea. Ainda assim, não somos Dissidentes, no único<br />

sentido que a lei reconhece: ou seja, as pessoas que acreditam que<br />

seja pecaminoso atender à Igreja. Porque nós a atendemos em todas<br />

as oportunidades. Nós não iremos; não nos atreveremos a nos<br />

separar da Igreja, pelas razões dadas diversos anos atrás... E como<br />

nós não somos Dissidentes agora, então não faremos nada<br />

prontamente que tenda à separação dela. Portanto, que todo<br />

assistente imediatamente ordene seu circuito que nenhum pregador<br />

pode ser impedido de atender à igreja mais do que dois domingos no<br />

mês". Foi afirmado também que os serviços eram adorações públicas,<br />

em um sentido; mas não tais que substituíssem o serviço da Igreja.<br />

Isto pressupunha oração pública. Se, se pretendesse que os serviços<br />

fossem usados, no lugar do serviço da Igreja, eles seriam<br />

essencialmente imperfeitos.<br />

285


<strong>Wesley</strong> faz uma completa explanação de sua posição em<br />

resposta à questão: "Que poder é este que você exercita sobre todos os<br />

Metodistas na Grã-Bretanha e Irlanda?". Ele também insistiu na<br />

condição das sociedades, e deu muitos conselhos francos e valiosos<br />

aos pregadores.<br />

De uma carta endereçada por Charles <strong>Wesley</strong> à sua esposa, e<br />

datada de 21 de Agosto de 1766, o seguinte resumo interessante pode<br />

ser feito: "A noite passada, meu irmão veio. Esta manhã, nós<br />

passados duas horas abençoadas com G. Whitefield. Nós confiamos<br />

que o cordão de três dobras nunca mais será quebrado. Na terça-feira<br />

seguinte, meu irmão deveria pregar na capela de Lady Huntingdon<br />

em Bath. Que esta e todas as suas capelas (para não dizer, como eu<br />

diria, dela mesma também) estão agora colocadas nas mãos de nós<br />

três". Isto indica uma reunião agradável, e que os irmãos eram bemvindos,<br />

onde quer que fossem pregar na capela de sua senhoria. Tudo<br />

isto era muito gratificante; mas subseqüentes controvérsias Calvinistas<br />

conduziram ao fechamento das portas contra os <strong>Wesley</strong>s, por ocasião<br />

da morte de Whitefield.<br />

Em 1769, ele fez sua última visita à América. Ele morreu de<br />

joelhos no ano seguinte (30 de Setembro de 1770), um mártir do<br />

trabalho excessivo, no serviço mais santo e abençoado.<br />

Dois passos importantes foram tomados na Conferência de<br />

1769. Um é explicado na seguinte entrada: "Nós tivemos um chamado<br />

urgente de nossos irmãos de Nova York (que construíram uma casa de<br />

pregação), para que fôssemos ajudá-los. Quem está disposto a ir?".<br />

"Responderam Richard Boardman e Joseph Pilmoor". Mais adiante,<br />

como um sinal de amor fraternal para com a pequena sociedade que<br />

tinha se formado em Nova York, os membros da Conferência fizeram<br />

uma coleta, entre eles, de setenta libras, para pagar as passagens dos<br />

irmãos, e auxiliar a sociedade do outro lado do oceano. Assim<br />

começou uma obra de remessa do que é visto hoje nas maiores Igrejas<br />

transatlânticas.<br />

286


Um outro passo importante foi a preparação de um esquema<br />

para a perpetuação do Metodismo, no caso da morte de <strong>Wesley</strong>.<br />

A Conferência do último ano da década mostrou que o número<br />

de circuitos Metodistas tinha aumentado para cinqüenta, incluindo a<br />

América; os pregadores itinerantes para cento e cinqüenta; e os<br />

membros das sociedades para vinte e nove mil. Em resposta à questão:<br />

"O que deve ser feito para reavivar a obra de Deus onde ela está<br />

diminuída?". Depois de diversas sugestões, observou-se em seguida:<br />

"Nós dissemos em 1744, que 'nós nos curvamos em demasiado em<br />

direção ao Calvinismo'", ao que foi perguntado: "No que?". A<br />

resposta para a questão deu margem a uma amarga e prolongada<br />

controvérsia, como aparecerá subseqüentemente.<br />

Durante esses anos, a imprensa, e seus numerosos ataques ao<br />

Metodismo, estava muito virulenta, e não raramente grosseira. Alguns<br />

poucos eram mais sérios, para os quais <strong>Wesley</strong> respondia. Ele fez um<br />

uso considerável da imprensa, para seus próprios propósitos, e<br />

algumas de suas publicações foram produtos de muito trabalho. Entre<br />

elas, as principais eram: Um Comentário Explanatório sobre o Velho<br />

Testamento, 3 volumes; A Visão da Sabedoria de Deus na Criação, ou<br />

Um Compêndio da Filosofia Natural, primeiro editado em dois<br />

volumes, então, expandido para três, e, mais tarde, para cinco<br />

volumes; Um Relato Claro da Perfeição Cristã,uma obra de muito<br />

valor, ao mostrar a maturidade de <strong>Wesley</strong> e pontos de vista<br />

cuidadosamente afirmados sobre este assunto; um volume dos<br />

Conselho sobre Saúde, extraído do Dr. Tissot; também diversas partes<br />

de seu Diário, muitos hinários, e um considerável número de panfletos<br />

de vários tipos, e alguns sermões. No decorrer de toda a década,<br />

<strong>Wesley</strong> trabalhou com a mais extrema assiduidade, não relaxando em<br />

seu trabalho, um único dia, ou gastando uma simples hora de tempo.<br />

Através das dificuldades e desencorajamentos que ele teve em seu<br />

caminho; até mesmo, as nuvens que se juntaram ao redor dele,<br />

algumas vezes, não obstruíram sua visão das indicações claras da<br />

287


ênção Divina sobre seus trabalhos; e, a despeito de tudo, a grande<br />

obra progrediu.<br />

CAPÍTULO X<br />

A Quarta Década do Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong><br />

(1771-1780)<br />

Ao entrarmos em outra década dos trabalhos evangelistas de<br />

<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, novamente podemos dizer que é impossível registrar os<br />

inumeráveis incidentes interessantes que ocorreram, na contínua, mas<br />

graciosa monotonia dos sagrados trabalhos árduos que preencheram<br />

esses anos. Apenas um pouco dos mais proeminentes deles, que<br />

interrompem seu inalterável fluxo, quando agitam a superfície de uma<br />

correnteza, podem ser dados, tão brevemente quanto possível.<br />

288


As últimas horas da década anterior foram gastas em trabalho,<br />

oração, e ação de graças. No Natal, <strong>Wesley</strong> começa seu trabalho com<br />

um sermão na Fundição, às quatro horas da manhã; manteve o serviço,<br />

e pregou em West Street, às nove horas; encontra as crianças, às três<br />

da tarde; pregou novamente às cinco horas; e, então, teve um<br />

"momento confortável com a Sociedade"; – verdadeiramente, "um dia<br />

cheio de trabalho". De acordo com o costume estabelecido, cada ano<br />

foi encerrado com uma celebração do solene festival, conforme o<br />

desejo da instituição deles, um dia de jejum e solene noite de vigília; e<br />

o novo ano foi consagrado por um serviço divino. A cada inicio do<br />

ano, ele se vê assim renovado com adoração santa, e pronto para<br />

entrar em outra série de trabalho árduo.<br />

No Diário, Fevereiro de 1771, ocorre a seguinte entrada:<br />

"Porquê, eu não sei até hoje, -- [Sra. <strong>Wesley</strong>] partiu para Newcastle,<br />

propondo 'nunca retornar'. 'Non eam reliqui: Non dimisi: Non<br />

revocabo.'E u não a deixei: nem a mandei embora: e não irei chamála<br />

novamente'". É necessário entrar aqui nos detalhes da conduta da<br />

Sra. <strong>Wesley</strong>. Todo seu comportamento pode apenas ser explicado, se<br />

alicerçado em ciúme opressivo. Ela parecer ter sido incapaz de<br />

discernir a grandeza de sua oportunidade, ou responder ao seu alto<br />

chamado, como colaboradora de alguém engajado em uma obra<br />

supremamente elevada. <strong>Wesley</strong> ficou desapontado, na expectativa de<br />

que seu proveito seria aumentado pelo casamento; mas, embora a<br />

superfície de seu conforto fosse perturbada, ele não permitiu que seus<br />

trabalhos fossem interrompidos.<br />

No decurso deste ano, uma zelosa e devotada senhora – Srta.<br />

Bosanquet, de Leytonstone, mais tarde, Sra. Fletcher, de Madeley –<br />

escreveu para <strong>Wesley</strong>, com respeito ao seu engajamento nos serviços<br />

de pregação. Ele respondeu na seguinte carta, que ilustra seus pontos<br />

de vista do Metodismo daquele tempo.<br />

Londonderry, 13 de Junho, 1771<br />

Minha Querida Irmã,<br />

289


"Eu penso que a força da causa repousa ai, -- em você ter um<br />

chamado extraordinário. De maneira que eu estou persuadido, tem<br />

cada um de nossos pregadores leigos; do contrário, eu não aprovaria<br />

sua pregação, afinal. Fica claro para mim, que toda a obra de Deus,<br />

denominada Metodismo, é uma dispensação extraordinária de Sua<br />

providência. Portanto, eu não me surpreendo, que diversas coisas<br />

ocorram nela, o que não caiam nas regras ordinárias de disciplina. A<br />

regra comum de Paulo era: 'eu não permito que uma mulher fale na<br />

congregação'. Ainda assim, em casos extraordinários, ele fez algumas<br />

poucas exceções; em Corinto, em especial".<br />

"Eu sou, minha querida irmão, seu afetuoso irmão",<br />

J.<strong>Wesley</strong>.<br />

----<br />

"Na Conferência de 1770, foi pedida atenção para certas<br />

medidas, consideradas necessárias para o avivamento da obra de<br />

Deus. Diversos conselhos foram dados, um deles sendo: 'Cuide de sua<br />

doutrina. Nós dissemos em 1744 que 'nós nos inclinamos em<br />

demasiado em direção ao Calvinismo. Em que?". As respostas a esta<br />

questão deram ocasião para uma amarga e prolongada controvérsia,<br />

que se estendeu através de toda a década. Fletcher encarregou-se da<br />

defesa de seu amigo, e um dos resultados mais importantes do conflito<br />

foi a publicação de seu afiado e inestimável Repressões ao<br />

Antinomianismo. Através desses, e de muitos panfletos escritos em<br />

seu favor, <strong>Wesley</strong> foi poupado da necessidade de falar mais do que<br />

uma pequena fração na disputa, e estava apto, portanto, a entregar-se,<br />

sem reserva, à sua obra evangelista. Isto ele fez, em tal extensão, que,<br />

não obstante o avançado dos anos, ele visitou mais cidades, e pregou<br />

em mais lugares, durante esta década, do que nas décadas anteriores,<br />

como aparece do itinerário, no final do capítulo. Em um ano apenas,<br />

ele pregou, em não menos do que duzentos e vinte lugares diferentes,<br />

além de muitos outros que não são citados, onde esteve, em suas<br />

visitas para as sociedades da região. Ele atravessou o país em todas as<br />

290


condições de tempo, através de sucessivos anos, salvo durante o<br />

período que usualmente passava em Londres, onde, embora ele<br />

viajasse menos, ele estava habitualmente interessado em outras<br />

tarefas; e tão escrupuloso no uso de seu tempo, quanto em qualquer<br />

dos anos anteriores de sua vida.<br />

Ele não esteve indiferente aos apelos de descanso e<br />

comodidade; ainda assim, ele nunca perdeu de vista os interesses<br />

espirituais e eternos, que estavam envolvidos em sua grande obra. Em<br />

uma de suas visitas a Newcastle, ele escreveu: "Eu descansei aqui.<br />

Um lugar adorável, e uma companhia adorável, mas eu acredito que<br />

exista outro mundo, portanto, eu devo 'me levantar e seguir em<br />

frente'". Ele não se permitia diminuição de trabalho, se com respeito à<br />

viagem, pregação, leitura, correspondência, escrito para a Imprensa,<br />

vigiar o crescimento das sociedades, ou promover obras de filantropia.<br />

E sua força não parecia ter-se abatido; embora em 1773, ele fizesse a<br />

curiosa observação, quando atravessa de Dublin: "Esta foi a primeira<br />

noite, em minha vida, que eu permaneci acordado, embora estivesse<br />

tranqüilo de corpo e mente. Eu acredito que poucos possam dizer isto:<br />

em setenta anos, eu nunca perdi uma noite de sono". Neste ano, ele<br />

pregou em Moorfields para, se supõem, a maior congregação que se<br />

reuniu por lá; mas sua voz estava suficientemente forte, para<br />

possibilitar que aqueles que estavam mais distantes ouvissem<br />

perfeitamente bem. Em Gwennap foi averiguado, por medição, que<br />

acima de trinta e duas mil pessoas estiveram presentes; ainda assim,<br />

em uma averiguação, certificou-se que ele pôde ser ouvido, "até<br />

mesmo nos limites da congregação". "Talvez", ele diz, "a primeira vez<br />

que um homem de setenta anos foi ouvido por trinta mil de uma só<br />

vez". Considerando seu constante recurso para a pregação em campo,<br />

prontamente se suporia que seria uma obra fácil e bem-vinda para ele;<br />

mas parece que tal não foi o caso, porque ele escreve: "Até hoje, a<br />

pregação no campo é uma cruz para mim. Mas eu sei minha<br />

incumbência, e vejo nenhuma outra maneira de pregar o evangelho<br />

para toda a criatura".<br />

291


Neste ano, um daqueles graciosos avivamentos espirituais<br />

ocorreu, o que ocasionalmente fez brilhar a história da Escola<br />

Kingswood, e abundantemente o recompensou por seus trabalhos<br />

árduos e sacrifícios, e desapontamentos dolorosos, no interesse dela.<br />

Geralmente, durante as Conferências, como ele falava de<br />

manhã à noite, ele pedia para um dos pregadores pregar, logo cedo, no<br />

serviço matutino; mas, em duas das Conferências, pelo menos, com<br />

muitas coisas para dizer, ele pregou durante as manhãs e tardes, e diz<br />

que não viu diferença, afinal; ele não estava mais cansado do que em<br />

seu "trabalho usual, ou seja, não mais do que se eu estivesse sentado<br />

quieto em meu estúdio, de manhã à noite". Durante sua residência em<br />

Londres, ele freqüentemente visitou todos os membros da Sociedade<br />

em suas casas, mesmo embora o número variasse entre dois mil e<br />

quatrocentos e dois mil e quinhentos.<br />

Poucos homens, se algum, alguma vez pregou em tantas<br />

circunstâncias peculiares. O caso seguinte, que ocorreu, por volta<br />

deste tempo, acrescentado a muitos já relatados, pode ilustrar este<br />

fato. Ele havia prometido pregar, às seis horas da manhã, para os<br />

prisioneiros em Whiteley. "Embora o chão estivesse coberto de neve,<br />

tantas pessoas se reuniram", ele diz, "que eu fui constrangido a<br />

pregar no pátio da prisão. A neve continuou a cair, e o vento norte a<br />

soprar ao nosso redor; mas eu confio que Deus aqueceu muitos<br />

corações". Seus dias foram tão cheios de trabalho quanto de<br />

aventuras, de livramentos de perigo, e de exemplos de sua grande<br />

resistência. Muitas proezas da viagem são também registradas, como<br />

em 9 de Maio de 1777, quando ele diz "fui para Malton; e no dia 10,<br />

depois de viajar, noventa ou cem milhas, eu voltei para Malton, e,<br />

depois de descansar por uma hora, fui para Scarborough, e preguei à<br />

tarde. Mas o fluxo que eu tivera por poucos dias aumentou de<br />

maneira que eu, a princípio, encontrei dificuldade para falar. Ainda<br />

assim, quanto mais eu falei, mais forte fiquei. Deus não é uma ajuda<br />

presente?". Ele continuou pregando, até a tarde do dia 14, quando<br />

chegou em York. Ele bem poderia dizer: "Eu de bom-grado<br />

descansaria o dia seguinte, sentindo meu peito muito desconfortável.<br />

292


Mas chegou aviso de que eu pregaria em Tadcaster, e eu parti, às<br />

nove da manhã. Por volta das dez, a carruagem quebrou. Eu<br />

emprestei um cavalo, mas ele não era um dos mais fáceis. Depois de<br />

cavalgar três milhas, eu estava tão completamente eletrificado, que a<br />

dor em meu peito estava completamente curada. Eu preguei á tarde<br />

em York; na sexta-feira tomei a diligência, e, no sábado à tarde, vim<br />

para Londres".<br />

Em Congieton, ele foi subitamente chamado a Bristol, para um<br />

negócio importante. Ele partiu, permaneceu em Bristol duas horas, e<br />

retornou para cumprir seus compromissos de pregação; perfazendo<br />

uma distância de duzentas e oitenta milhas, em cerca de quarenta e<br />

oito horas, ainda assim, não mais cansado no final, do que no início.<br />

Isto foi extraordinário, considerando sua idade, e as condições das<br />

estradas naquele tempo. Esses incidentes mostram o espírito resoluto<br />

do homem, e algumas de suas dificuldades. Ele ainda continuou a<br />

estender a área de suas viagens evangelistas. E, 1777, ele fez a<br />

primeira visita a Ilha de Man; e, como usual em suas primeiras visitas,<br />

ele cuidadosamente registrou suas observações minuciosas da<br />

aparência da região.<br />

A nação estava agora em um estado incerto, e viajar era<br />

perigoso. Por volta desta época, os condutores da carruagem, em uma<br />

das ruas públicas uniram-se para entregar seus passageiros, uns nas<br />

mãos dos outros, de maneira que muitos foram roubados e<br />

maltratados. <strong>Wesley</strong>, sempre pronto a reconhecer a boa providência de<br />

Deus sobre ele, registra: "Eu viajei todas as rodovias, de dia e de<br />

noite, por esses quarenta anos, e nunca fui interrompido".<br />

Por dois ou três anos, ele sofreu os efeitos de ser atirado sobre<br />

a maçaneta de sua sela, devido ao tropeço do cavalo. Isto se tornando<br />

sério, ele se submeteu a uma cirurgia, e, em poucos dias, estava<br />

efetivamente curado. Mas ele sofreu uma interrupção mais séria em<br />

sua obra, um ano depois, durante uma das suas visitas à Irlanda. Ele se<br />

encontrava em Castle Caulfield, onde, ele diz, "durante a noite, a<br />

chuva veio abundantemente, através do sapé, para dentro de meu<br />

293


quarto. Mas eu não vi inconveniência presente, e não me preocupei<br />

com o amanhã". Uma semana mais tarde, no entanto, ele escreveu:<br />

"Eu não me senti muito bem esta manhã, mas supus que isto passaria<br />

logo. À tarde, com o tempo extremamente quente, eu me deitei na<br />

grama, no pomar do Sr. Lark, em Cock Hill. Isto eu estava<br />

acostumado a fazer por quarenta anos, e não me lembro disto ter me<br />

causado algum dano; apenas eu nunca deitei sobre a minha face, em<br />

cuja postura, adormeci. Eu acordei um pouco, apenas um pouco,<br />

incomodado, e preguei com facilidade para uma multidão. Mais<br />

tarde, eu estava um bocado pior". No entanto, no dia seguinte, ele<br />

prosseguiu algumas milhas, e pregou ao lado de uma mesa, e com um<br />

vento forte e afiado soprando em sua face. Ele ficou extremamente<br />

doente, e os sintomas eram tão sérios que o medo mais ameaçador<br />

cogitado era de que ele não se recuperaria. Seu companheiro de<br />

viagem disse que sua língua estava muito inchada, e tão negra como<br />

carvão; que ele se agitava todo; e que, por algum tempo, seu coração<br />

não batia perceptível, nem havia pulso discernível. Como as notícias<br />

disto se espalharam, a ansiedade de seus amigos, e a tristeza de seu<br />

povo, tornaram-se extremamente grandes, como muito rapidamente<br />

podemos supor, e orações foram feitas a ele, de todas as partes.<br />

Tyerman, que menciona algumas circunstâncias relativas a esta<br />

enfermidade, cita diversas cartas escritas naquele tempo, das quais a<br />

seguinte, endereçada pelo seu irmão a Joseph Bradford, companheiro<br />

de <strong>Wesley</strong>, é tomada:<br />

Bristol, 29 de Junho, 1775<br />

Querido Joseph<br />

"Ânimo! O Senhor vive, e todos vivem para Ele. Sua última<br />

carta acaba de chegar, e elimina toda a esperança da recuperação de<br />

meu irmão. Se ele pudesse resistir até agora, ou seja, dez dias mais,<br />

ele poderia se recuperar, mas eu não me atrevo a me permitir esperar<br />

por isto, até que eu ouça de você novamente. As pessoas aqui, e em<br />

Londres, e em todas as partes, estão mergulhadas na tristeza. Mas a<br />

tristeza e morte logo serão tragadas na vida eterna. Você cuidará dos<br />

294


papéis de meu irmão, etc, até que você veja os testamenteiros dele;<br />

Deus recompense sua fidelidade e amor. Eu pareço dificilmente<br />

separado dele, a quem eu devo, em breve, alcançar. Nós fomos unidos<br />

em nossas vidas, e em nossa morte, não estaremos separados. Irmãos,<br />

orem um pouco mais por seu amoroso servo".<br />

Charles <strong>Wesley</strong><br />

----<br />

Quinta-feira, à tarde.<br />

"Sua carta do dia 20, eu recebi neste momento. Ela apenas<br />

confirma meus temores. Meu irmão, logo depois que você escreveu,<br />

com toda probabilidade, entrou na alegria do Senhor. Ainda assim.<br />

Escreva novamente e me envie os pormenores. Eu não tenho, e nunca<br />

mais terei, forces para tal jornada. O Senhor nos prepare para um<br />

rápida remoção para nossa região celestial!".<br />

Charles <strong>Wesley</strong><br />

---<br />

Mas os temores e tristezas dos seus amigos foram logo<br />

dissipados. Com rapidez, sua doença começou a diminuir, e, em<br />

menos de uma semana, ele partiu para Dublin, onde, em outra semana,<br />

ele pregou uma vez, e, em seis dias mais, deu início ao seu curso<br />

regular de pregação, manhã e tarde. Depois de pregar em Finstock, no<br />

outono, ele escreveu, como fez em diversos outros lugares atrativos<br />

em suas viagens: "Quantos dias eu poderia passar aqui, se eu fosse<br />

fazer minha própria vontade? Mas não pode ser assim: Eu devo 'fazer<br />

a vontade Dele que me enviou', e terminar Sua obra. Portanto, este é<br />

o primeiro dia que eu passo aqui; e, talvez, possa ser o último".<br />

<strong>Wesley</strong>, agora, completamente consciente de sua idade avançada, não<br />

estava sem razoável medo de que sua partida seria atendida por sérias<br />

conseqüências por suas sociedades, porque diversos dos pregadores<br />

295


estavam muito descontentes por não lhes ser permitido administrarem<br />

o Sacramento da Ceia do Senhor, e muitas congregações estavam<br />

igualmente insatisfeitas, porque não lhes era permitido recebê-la dos<br />

pregadores aos quais eles deviam tanto, e aos quais estavam muito<br />

ligados, enquanto o clero, cujas ministrações, <strong>Wesley</strong> requereu que<br />

seu povo atendesse, freqüentemente os tratava com rudeza e<br />

desmerecida reprovação. Ele, portanto, sugeriu que, no evento de sua<br />

morte, Fletcher tornasse seu sucesso, e ativamente recomendou que<br />

ele consentisse. Isto Fletcher resolutamente declinou, mas, como ele<br />

estava adoentado, ele consentiu em viajar com <strong>Wesley</strong> por alguns<br />

poucos meses. Eles partiram na primavera, e retornaram, no final do<br />

ano, muito melhor de saúde. Ele foi, no entanto, persuadido a<br />

permanecer em Londres, e seus velhos sintomas retornaram.<br />

<strong>Wesley</strong> já havia endereçado a ele a seguinte carta notável:<br />

Janeiro de 1773<br />

Prezado senhor,<br />

"Que espantosa obra, Deus tem forjado nestes reinos, em<br />

menos de quarenta anos". E ele não apenas continua, mas aumenta,<br />

através da Inglaterra, Escócia, e Irlanda; mais do que isto,<br />

ultimamente se espalhou para Nova York, Pensilvânia, Virginia,<br />

Maryland, e Carolina. Mas os homens sábios do mundo dizem:<br />

'Quando o Sr. <strong>Wesley</strong> morrer, então, tudo isto vai acabar!'. E, assim,<br />

certamente será, a menos que, antes que Deus me chame daqui,<br />

alguém seja encontrado para ficar em meu lugar. (...) O corpo de<br />

pregadores não está unido: nem uma parte dele se submete às<br />

demais; de maneira que deve existir um que governe sobre todos, ou a<br />

obra, de fato, chegará ao fim".<br />

"Mas quem é suficiente para essas coisas? Qualificado para<br />

governar, tanto sobre os pregadores, quanto o povo? Ele deve ser um<br />

homem de fé e amor, e um que tenha um olho puro para o avanço do<br />

reino de Deus. Ele deve ter um entendimento claro; um conhecimento<br />

296


de homens e coisas, especificamente da doutrina e disciplina<br />

Metodista; uma elocução pronta; diligência e atividade, com uma<br />

tolerável cota de saúde. Deve ser acrescentado a esses, generosidade<br />

para com as pessoas, e com os Metodistas em geral. Porque, exceto se<br />

Deus virar os olhos e corações deles em sua direção, ele será<br />

completamente incapaz de realizar a obra. Ele deve ter igualmente<br />

algum grau de cultura, porque existem muitos adversários, cultos,<br />

assim como iletrados, cujas bocas devem ser fechadas. Mas isto não<br />

pode ser feito, a menos que ele seja capaz de enfrentá-los em seu<br />

próprio terreno".<br />

"Mas Deus providenciou um tão qualificado? Quem é ele? Tu<br />

és o homem! Deus lhe deu uma medida de fé amorosa; e um olho puro<br />

para a glória Dele. Ele lhe deu algum conhecimento de homens e<br />

coisas; especialmente do antigo plano do Metodismo. Você é<br />

abençoado com alguma saúde, atividade, e diligência; junto com um<br />

grau de cultura. E para tudo isto, ele acrescentou ultimamente, de<br />

uma forma que ninguém poderia prever, favor ambos com respeito<br />

aos pregadores, quanto com todo o povo. Venha, em nome de Deus!<br />

Venha ajudar o Senhor contra o poderoso! Venha, enquanto estou<br />

vivo, e capaz de trabalhar!".<br />

"Venha, enquanto sou capaz, Deus me assistindo, de edificá-lo<br />

na fé, aprimorar seus dons, e introduzi-lo ao povo. Que possível<br />

ocupação você tem que seja de tão grande importância?".<br />

"Mas você naturalmente dirá: 'Eu não estou à altura da<br />

tarefa; eu nem tenho graça, nem dons, para tal empreendimento'.<br />

Você diz a verdade; é certo que você não tenha. E quem tem? Mas<br />

você não conhece Aquele que é capaz de dá-los? Talvez, não de uma<br />

só vez, mas, antes, dia-a-dia; como cada um é, de maneira que você<br />

se fortaleça? 'Mas isto implica', você pode dizer, 'em milhares de<br />

cruzes, tais que eu sinto que não sou capaz de suportar'. Você não é<br />

capaz de suportá-las agora; e elas ainda não vieram. Quando quer<br />

que elas venham, Ele não as enviará, na devida medida, peso e<br />

297


capacidade? E elas não serão todas para seu proveito, para que você<br />

possa ser um parceiro em sua santidade?".<br />

"Sem deliberar, portanto, com a carne e sangue, venha e<br />

fortaleça as mãos, conforte o coração, e compartilhe do trabalho de"<br />

Seu afetuoso amigo e irmão,<br />

J.<strong>Wesley</strong><br />

----<br />

Durante esta década, a obra de <strong>Wesley</strong> parecer ter alcançado<br />

seu auge. Sua saúde, não obstante as breves interrupções descritas,<br />

estava vigorosa; e seu trabalho, extraordinário, do qual as páginas de<br />

seu Diário abundam em detalhes interessantes. Ele sobreviveu à<br />

violenta oposição da turba, e sua influência no reino tornou-se muito<br />

grande, de maneira que suas visitas periódicas eram ocasiões de<br />

grande interesse, e criava não pequeno alvoroço em muitas partes da<br />

região. As igrejas, também, foram gradualmente reconhecendo a<br />

grandeza de seu serviço no interesse da religião, por toda a terra. Não<br />

apenas o antagonismo decresceu significativamente, mas, até mesmo,<br />

honras lhe foram conferidas. Ele foi feito Cidadão de Perth; e a<br />

Liberdade de Arbroath foi outorgada a ele. Mas o que ele mais<br />

apreciou foi a abertura das igrejas para ele, que não foi meramente um<br />

toque de respeito, mas um sinal de uma grande mudança no espírito<br />

do clero, e a primeira indicação do gracioso avivamento da religião<br />

dentro da Igreja, como um todo, que o século passado permitiu<br />

testemunhar.<br />

[A Declaração de Arbroath (1320) foi e tem sido inigualável<br />

em seu eloqüente apelo para a liberdade do homem. Da escuridão das<br />

mentes medievais, ela acendeu uma tocha sobre futuras disputas que<br />

seus signatários teriam previsto ou compreendido]<br />

Ao rever uma seção de seu Diário, então, recém publicado, o<br />

Lloyd's Evening' Post de 20 de Janeiro de 1772, faz a seguinte alusão<br />

à sua obra.<br />

298


"Neste intervalo, entre 27 de Maio de 1765, e 5 de Maio de<br />

1768 [período compreendido em seu Diário], este zeloso, e<br />

verdadeiramente laborioso missionário dos Metodistas, que parece<br />

considerar os três reinos como sua paróquia, percorre duas vezes a<br />

maior parte da Irlanda e Escócia, de Londonderry a Cork; de<br />

Aberdeen a Dumfries, visitando e confirmando as Igrejas, além de<br />

fazer um progresso, principalmente, montado a cavalo (em muitos<br />

lugares, mais do que uma vez), através de grande parte de Wales, e<br />

quase todas as regiões na Inglaterra, de Newcastle a Soutthampton;<br />

de Dover a Penzance".<br />

"Esses que esperam encontrar, neste Diário, apenas as<br />

doutrinas peculiares do Metodismo ficará favoravelmente<br />

desapontado, já que elas estão misturadas com tais reflexões<br />

ocasionais sobre homens e maneiras; sobre literatura refinada, e, até<br />

mesmo, sobre lugares refinados, como prova de que o escritor é<br />

dotado com um gosto bem cultivado, tanto pela leitura, quanto pela<br />

observação; e, sobretudo, com tal benevolência e delicadeza de<br />

temperamento, de tal maneira de pensar, ampliada, liberal, e<br />

verdadeiramente Protestante, em direção àqueles que diferem dele,<br />

como a mostrar claramente que seu coração, pelo menos, é correto, e<br />

exatamente o habilita a esta candura e indulgência, que, para a honra<br />

de nossa religião comum, estamos satisfeitos de saber, que ele agora<br />

usualmente recebe".<br />

Mas, embora sua obra fosse mais e mais apreciada, pela<br />

melhor classe de pessoas; ainda assim, ele nunca antes se sujeitou a<br />

um tratamento mais grosseiro, por parte da imprensa vulgar, cujo<br />

clímax foi a publicação, em 1778, de sete panfletos ilustrados de<br />

caráter mais torpe, no qual a sátira alcança seu limite extremo de<br />

aspereza, indecência, infâmia, e falsidade. É evidente, que ele ignorou<br />

toda essa classe de literatura, conforme ele ia se sujando ao longo da<br />

estrada.<br />

299


Para lançar uma luz lateral sobre parte de sua obra, o seguinte<br />

pode ser citado: refletindo sobre o que ele ouviu um bom homem<br />

dizer, "Uma vez, a cada sete anos, eu queimo todos os meus sermões;<br />

porque é uma vergonha que eu não possa escrever um sermão melhor<br />

agora do que pude sete anos atrás", ele afirma:<br />

"O que quer que outros possam fazer, eu realmente não posso.<br />

Eu não posso escrever um melhor sermão sobre O Bom Mordomo, do<br />

que eu fiz há sete anos; eu não posso escrever um melhor, sobre o<br />

Grande Julgamento, do que fiz há vinte; não posso escrever um<br />

melhor sobre o Uso do Dinheiro, do que fiz perto de trinta anos atrás;<br />

não, eu não sei se eu poderia escrever um melhor sobre a Circuncisão<br />

do Coração do que fiz há quarenta e cinco anos. Talvez, na verdade,<br />

eu possa ter lido quinhentos ou seiscentos livros mais do que li, então,<br />

e possa saber um pouco mais de História, ou Filosofia Natural, do<br />

que antes; mas eu não estou consciente de que isto tenha trazido<br />

alguma adição essencial ao meu conhecimento da Divindade. Por<br />

quarenta anos, eu sei e preguei cada doutrina cristã, que eu prego<br />

agora".<br />

Em 1º. de Novembro de 1778, ele inaugurou a nova Capela em<br />

City Road, dentro e em redor da qual, tantas memórias agradáveis se<br />

juntaram desde aquele dia até este. Ele descreve isto como<br />

perfeitamente asseada, mas não delicada, e diz que ela conteve bem<br />

mais pessoas do que a Fundição.<br />

A construção da Capela de City Road foi outro passo, na<br />

consolidação do Metodismo, e uma precaução direta, através de<br />

<strong>Wesley</strong> para sua permanência futura. Não se pode negar que ele<br />

desejou que suas Sociedades estivessem ligadas à Igreja; ou que ele<br />

tentou, com todo seu poder, trazê-las em aliança com ela. Mas, em<br />

quão grande extensão ele fracassou em seu esforço! Ele foi conduzido<br />

para a alternativa de "diversificar" da ordem religiosa, ou confiar seu<br />

rebanho resgatado à custódia de pastores legalmente designados. É<br />

possível se dizer que o cuidado deles para com o rebanho permitiu que<br />

ele fizesse o último? O clero estava, além de um pequeno número,<br />

300


desejoso ou capaz da supervisão espiritual deles? A história do século<br />

é a resposta. Todas as sociedades de <strong>Wesley</strong> seriam "Sociedades de<br />

Sacristia", não tivesse o clero tão desejoso disto. Ele viu a necessidade<br />

de fazer provisão para a segurança de seu povo. Sua preservação foi<br />

de uma consideração maior para ele do que a manutenção da ordem<br />

religiosa. Portanto, ele ergueu suas construções, e as deixou em<br />

fiança, o que assegurou, até onde a previsão do homem pudesse<br />

assegurá-la, não apenas suas doutrinas, que ele acreditou eram as<br />

verdadeiras doutrinas bíblicas, fossem ensinadas a eles.<br />

No Natal deste ano, ele pregou às quatro horas da manhã, na<br />

nova capela; no usual serviço matinal, em West Street, ele leu as<br />

orações, pregou, e administrou o Sacramento "para centenas de<br />

pessoas". À tarde, pregou novamente na nova capela, "cheia em cada<br />

canto", e, à tarde na igreja de St. Sepulchre, uma das mais largas<br />

paróquias de Londres, mas sentia-se mais forte, ele diz, depois de seu<br />

quarto sermão, do que antes de seu primeiro; ainda assim, ele estava<br />

nos seus setenta e seis anos de idade. Um registro similar é dado no<br />

ano seguinte.<br />

Em 1778, <strong>Wesley</strong> publicou o primeiro número de uma revista,<br />

o que, ele diz, desejava fazer há mais de quarenta anos. Ela foi<br />

intitulada A Revista Arminiana: Consistindo de Extratos e Tratados<br />

Originais sobre a Rendenção Universal. O título suficientemente<br />

declara seu caráter e propósito. Sua publicação foi ocasionada pelos<br />

ataques, principalmente da Revista Evangélica. Ela proporcionou a<br />

<strong>Wesley</strong> uma oportunidade de defender as doutrinas e obra do<br />

Metodismo. "Uma vez começada, eu me inclino a pensar que não terá<br />

fim, a não ser com minha vida", diz <strong>Wesley</strong>. Ela continua até o<br />

presente dia, mas em 1985 e 1904, "muda significativamente na forma<br />

e caráter".<br />

Em Agosto de 1776, ele foi apresentado ao cura de South<br />

Petherton, que, algum tempo antes, esteve sob profunda convicção<br />

religiosa, o que se mostrou em uma marcada mudança em suas<br />

ministrações no púlpito. Thomas Maxfield, um antigo pregador leigo,<br />

301


a quem é feito freqüente referência, e quem estava agora nas<br />

ordenações, quando em visita a South Petherson, conheceu-o, e foi útil<br />

no conduzi-lo para a feliz aquisição da salvação evangélica. Com sua<br />

atenção voltada para os Sermões e Diários de <strong>Wesley</strong>, e nas<br />

Restrições de Fletcher, o cura copiou os métodos de <strong>Wesley</strong>, pregando<br />

em vilarejos circunvizinhos, desta forma causando ofensa a alguns de<br />

seus paroquianos, que buscaram a sua demissão de seu curato. Ele<br />

decidiu juntar-se a <strong>Wesley</strong>, que assim descreve o encontro deles: "Eu<br />

preguei em Tauton, e, mais tarde, fui para Kingston. Aqui eu<br />

encontrei um clérigo, Dr. Coke [que recentemente tinha sido eleito<br />

Doutor de Lei Civil], recente Cavalheiro da Câmara dos Comuns do<br />

Jesus College, em Oxford, que viajou vinte milhas para este<br />

propósito. Eu conversei muito com ele, e uma união, então, começou,<br />

o que eu confio não terá fim". A vinda do Dr. Coke, naquele tempo,<br />

foi a mais providencial, porque a saúde de Fletcher começou a mostrar<br />

sinais de um sério definhamento, e <strong>Wesley</strong> logo estaria na necessidade<br />

da ajuda de um homem vigoroso. Esta ajuda, Dr. Coke prestou. E ele<br />

se tornou, se não o fundador, certamente o organizador das Missões<br />

Estrangeiras Metodistas, para as quais ele devotou sua força e fortuna,<br />

e, finalmente, sua vida. Ele morreu no mar, em uma viagem<br />

missionária, quando em seu caminho para a Índia.<br />

Em Maio de 1776, uma ordem foi expedida na Casa dos<br />

Lordes: "Que os comissários de Imposto de Sua Majestade<br />

escreveram cartas circulares para todas as pessoas que eles teriam<br />

razão para suspeitar tivessem prataria, assim como aquelas que não<br />

pagaram regularmente a obrigação sobre a mesma", etc. Uma cópia<br />

da ordem foi enviada a <strong>Wesley</strong>, no mês de Setembro seguinte, junto<br />

com uma carta declarando que "os comissários não duvidam que você<br />

tenha prataria, pela qual você tem até aqui negligenciado dar<br />

entrada", etc., e pede uma "resposta imediata". A que ele respondeu<br />

de imediato:<br />

"Senhor",<br />

302


"Eu tenho duas colheres de prata em Londres, e duas em<br />

Bristol. Esta é toda a prataria que eu tenho no momento, e não devo<br />

comprar mais, enquanto tantos a minha volta necessitam de pão".<br />

"Eu sou, senhor, seu mais humilde servo",<br />

J.<strong>Wesley</strong><br />

--<br />

Já no fim desta década, ele teve um livramento muito notável<br />

da morte, que ele descreve assim:<br />

"Segunda-feira, 20 de Junho [1774] – Por volta das nove<br />

horas, eu parti, de Sunderland para Horsley, com o Sr. Hopper e o Sr.<br />

Smith. Eu levei a Sra. Smith e suas duas garotinhas comigo na<br />

carruagem. Perto de duas milhas da cidade, justamente no topo da<br />

colina, os cavalos dispararam, sem qualquer motivo aparente, e<br />

voaram colina abaixo, como uma seta que escapou do arco. Em um<br />

minuto, <strong>John</strong> caiu fora da boléia. Os cavalos, então, seguiram<br />

velozes; algumas vezes, para a extremidade, à direita do abismo;<br />

outras, à esquerda. Uma carroça veio contra eles; que a evitaram,<br />

exatamente como se um homem os estivesse comandando da cocheira.<br />

Havia uma ponte, aos pés da colina, e eles foram diretamente sobre o<br />

meio dela; correndo, colina acima, com a mesma velocidade. Muitas<br />

pessoas nos encontraram, mas saíram fora do caminho. Já perto do<br />

topo, havia um portão que conduzia ao quintal de um fazendeiro, e<br />

que ficava aberto. Os cavalos viraram um pouco, e transpassaram por<br />

ela, sem tocarem no portão, de um lado, ou a coluna do outro".<br />

"Eu pensei, 'entretanto, o portão, do outro lado do pátio, fica<br />

fechado, e isso irá pará-los': mas eles dispararam através dele, como<br />

se fosse teia de aranha, e galoparam em frente, pelo trigal. As duas<br />

garotinhas gritaram: 'Vovô, nos salve!'. Eu disse a elas: 'Nada irá<br />

machucar vocês; não fiquem com medo!'; sentindo não mais medo ou<br />

preocupação (abençoado seja Deus!) do que se eu estivesse sentado<br />

em minha sala de estudos. Os cavalos correram, até que eles vieram<br />

303


para a beirada do precipício íngreme. Justamente no momento em<br />

que o Sr. Smith, que não pode nos alcançar antes, galopou entre eles,<br />

que pararam, num instante. Se os cavalos tivessem ido, em frente,<br />

apenas um pouquinho, tanto o Sr. Smith quanto nós teríamos ido para<br />

baixo juntos! Eu estou persuadido de que tanto os maus quanto os<br />

bons anjos tiveram uma partilha grande nessa transação: quão<br />

grande foi ela, nós não sabemos agora, mas saberemos daqui para<br />

frente".<br />

O seguinte relato vem da pena de Joseph Benson, por algum<br />

tempo, diretor da Escola de Kingswood, mais tarde, do Colégio<br />

Trevecca, do qual, ele foi demitido por defender os pontos de vista<br />

Arminianos, personificados nas minutas da Conferência de 1770, e<br />

quem era agora o sênior "Ajudador", em Edinburg – um dos mais<br />

ilustres filhos do Metodismo. Escrevendo da Escócia, ele diz:<br />

"Eu estive constantemente com ele [<strong>Wesley</strong>], durante uma<br />

semana. E tive a oportunidade de examinar mais de perto seu espírito<br />

e conduta; e, eu asseguro a você, estou mais do que nunca<br />

persuadido, que ele é tal, como ninguém. Eu não conheço sua<br />

condição; primeiro, para suas habilidades, naturais e adquiridas; e,<br />

segundo, para suas 'incomparáveis diligências na aplicação dessas<br />

habilidades para os melhores empreendimentos. Sua imaginação viva,<br />

memória firme, claro entendimento, elocução rápida, coragem<br />

varonil, diligência infatigável, realmente me causaram espanto".<br />

"Eu admiro, mas desejo, em vão, imitar, sua diligente melhora<br />

a cada momento da vida; sua maravilhosa exatidão, até mesmo, nas<br />

pequenas coisas; a ordem e a regularidade, por meio das quais ele<br />

executa e lida com tudo que tem nas mãos; aliadas à sua rápida<br />

presteza de negócios, e calma, e agradável serenidade de alma. Eu<br />

não devo omitir de mencionar o que é muito manifesto a todos que o<br />

conhecem, sua resolução, que nenhum impacto da oposição pode<br />

abalar; sua paciência, que a duração das provas não pode exaurir;<br />

seu zelo pela glória de Deus, e o bem do homem, que nenhuma água<br />

de perseguição ou tribulação já foi capaz de extinguir. Feliz homem,<br />

304


eu desejo que tu carregues o fardo e a fúria do dia, em meios aos<br />

insultos dos adversários. E a simples infidelidade dos amigos<br />

aparentes; mas tu poderás descansar de tuas labutas, e tuas obras,<br />

seguirão a ti!".<br />

Escrevendo sobre seu aniversário, em 1776, ele diz: "Eu tenho<br />

setenta e três anos, e sou muito mais capaz de pregar do que fui aos<br />

vinte e três anos"; e ele indaga, dentro dos meios naturais que Deus<br />

usou para produzir tão maravilhoso efeito. Ele os encontrou no<br />

contínuo exercício e mudança de ar; em seu viajar mais de quatro mil<br />

milhas no ano; em seu constante levantar-se às quatro horas da manhã;<br />

em sua habilidade para dormir imediatamente, quando quer que ele<br />

necessite; em nunca perder uma noite de sono na vida; e no que parece<br />

ter sido um forte medicamento – duas violentas febres e duas<br />

profundas consumações. Ele julgou que estas foram de considerável<br />

serviço, uma fez que fizeram sua carne voltar novamente, como a<br />

carne de uma criancinha. E acrescenta: "Por fim, a uniformidade de<br />

temperamento. Eu sinto, e me aflijo, mas, pela graça de Deus, eu me<br />

desgasto com nada. Mas, ainda assim, 'a ajuda que é dada na terra,<br />

Ele mesmo a dá'. E isto ele faz em respostas às muitas orações".<br />

Algum tempo depois, seu amigo e fiel "Ajudador", Sr. Thomas<br />

Olivers, autor do notável hino "Louvor ao Deus de Abraão" –<br />

escreveu como segue: -- "Sr. <strong>Wesley</strong> é agora um homem idoso, e,<br />

ainda assim, tem tal variedade e multiplicidade de ocupação, como<br />

poucos homens administrariam, até mesmo, no vigor da vida. Não<br />

existem duas semanas em que ele não viaja duzentas ou trezentas<br />

milhas; prega e exorta em público, entre vinte ou trinta vezes, e,<br />

freqüentemente mais; responde trinta ou quarenta cartas; fala com<br />

tantas pessoas em particular, com respeito às coisas de profunda<br />

importância; e, prepara, tanto no todo, quanto na parte, alguma coisa<br />

para a impressa. Acrescento a tudo isto, que, freqüentemente, naquele<br />

breve espaço de tempo, uma variedade de tratados sobre diferentes<br />

assuntos passa através de suas mãos, especialmente quando ele<br />

viaja".<br />

305


Nesta época, a região estava em um estado de desassossego. A<br />

nação estava imersa em crime e miséria. A guerra estava intensa, de<br />

quase todos os lados. O comércio estava paralisado, e as taxas<br />

intoleráveis. Grande alvoroço foi causado pelo Documento das<br />

Inabilidades Católicas. O espírito patriótico e Protestante de <strong>Wesley</strong> o<br />

moveu a escrever, Uma Carta para o Tipógrafo de 'Public Advertiser',<br />

ocasionado pelo último ato passado em favor do Papismo. Ele diz:<br />

"Ao receber mais e mais relatos, quanto ao crescimento do Papismo,<br />

eu acredito que seja minha obrigação escrever sobre isto, o que mais<br />

tarde, foi inserido nos documentos públicos. [Ele foi mais tarde<br />

publicado como um folheto amplo]. Muitos ficaram gravemente<br />

ofendidos; mas eu não posso ajudar nisto. Eu devo seguir minha<br />

própria consciência". Por outros, ele foi muito aplaudido. Até mesmo<br />

seu amargo antagonista, o Gospel Magazine, disse que ele tinha "sido<br />

quase unanimemente aprovado, e foi uma produção de real mérito".<br />

Esta década foi sinalizada mais adiante, com a publicação, em<br />

1780, do notório, e "enorme", hinário de <strong>Wesley</strong>, intitulado Uma<br />

Coleção de Hinos para o Uso do Povo Chamado Metodista. Este livro<br />

foi usado, com algumas leves variações, até o presente ano [1904]. Ele<br />

foi um hinário de <strong>Wesley</strong>; todos os hinos, a não ser dez, saíram das<br />

penas da família <strong>Wesley</strong>. Muito cuidado e trabalho foram gastos na<br />

coleção e revisão de seu conteúdo.<br />

Esta, a quarta, e mais ativa década do trabalho árduo<br />

evangelista de <strong>Wesley</strong>, agora chega perto do seu fim. A obra avançou<br />

com passos firmes, de maneira que, enquanto no começo dela havia<br />

vinte e oito mil, novecentos e sessenta e três membros nas Sociedades;<br />

cento e vinte e um pregadores na Grã-Bretanha; no encerramento,<br />

havia cento e setenta pregadores, e quarenta e três mil e oitocentos e<br />

trinta membros. Em 1769, os primeiros pregadores Boardman e<br />

Pilmoor, foram para a América, onde o Metodismo já havia sido<br />

introduzido, por alguns poucos e zelosos imigrantes. Em 1780, havia<br />

42 pregadores, e o número de membros matriculados era de oito mil,<br />

quinhentos e quatro. O total de membros nesta região e América<br />

306


alcançou, portanto, cinqüenta e dois mil, trezentos e trinta e quatro, e<br />

dos pregadores, duzentos e doze.<br />

Este é um registro da devoção espantosa e trabalho árduo da<br />

parte do grande <strong>Evangelista</strong> da Inglaterra, um registro de uma<br />

fidelidade resoluta e de esforço concentrado para cumprir o que ele,<br />

durante muitos anos, considerou ser seu grande e supremo chamado.<br />

Ele diligentemente semeou a semente da qual as Igrejas, desde então,<br />

têm feito as mais frutíferas colheitas. Ele lutou fielmente para servir a<br />

seu Deus, enquanto servia sua gente; e tudo inconscientemente teceu<br />

para ele mesmo uma coroa de imperecível honra.<br />

CAPÍTULO XI<br />

A Quinta Década de Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong><br />

(1781-179)<br />

Nós agora entramos na quinta, a última, década da notável<br />

carreira evangelista de <strong>Wesley</strong>. Ela compreende o período dos seus<br />

setenta e sete aos oitenta e sete anos de sua vida. Surpreendente como<br />

isto possa parecer, não existe diminuição provável, quer em suas<br />

viagens ou nas suas pregações, até os últimos dois anos do período.<br />

307


Muitos eventos importantes ocorreram durante esta década,<br />

que teve relação preferivelmente à consolidação do Metodismo, do<br />

que com a história pessoal de <strong>Wesley</strong>; e esses devem ser<br />

resumidamente reportados.<br />

A Conferência de 1781 foi distinguida por um serviço muito<br />

notável, que aconteceu na paróquia de Leeds. <strong>Wesley</strong> pregou. Havia<br />

dezoito clérigos presentes; e, por ocasião do Sacramento, certa de mil<br />

cento e dez comunicantes. Setenta pregadores atenderam a<br />

Conferência. <strong>Wesley</strong> pediu que Fletcher, Dr. Coke, e quarto outros o<br />

encontrassem toda a tarde, para que consultassem juntos sobre alguma<br />

dificuldade que ocorresse. Isto foi considerado necessário, devido ao<br />

conflito renovado de opinião sobre a questão bíblica, que continuou a<br />

ser afiada até o fim dos dias de <strong>Wesley</strong>, e, de fato, durante alguns anos<br />

depois. Uma das Sociedades, que representava muitas outras, escreveu<br />

para <strong>Wesley</strong>, dizendo que eles tinham, de acordo com seu conselho,<br />

atendido aos serviços da Igreja, mas o clérigo pregou que eles<br />

acreditavam em doutrinas erradas. A decisão da Conferência foi que,<br />

aqueles que tinham sido "instruídos na Igreja", atendessem aos<br />

serviços lá, tão freqüentemente quanto possível; mas que, se o<br />

ministro começasse a pregar os decretos absolutos, ou dizer insultos,<br />

ou ridicularizar a perfeição cristã, eles deveriam sair quietamente da<br />

Igreja, ainda que a atendessem numa próxima oportunidade.<br />

No ano seguinte, <strong>Wesley</strong>, com a assistência de Coke, instituiu<br />

a "Sociedade para a Distribuição de Tratados Religiosos entre os<br />

Pobres".<br />

Uma preocupação muito séria surgiu em Birstal em 1782, com<br />

respeito a autoridade pela qual a indicação de pregadores para a capela<br />

seria determinada; a questão era se a decisão deveria depender da<br />

Conferência ou dos Curadores. O mesmo problema surgiu também em<br />

outros lugares – notavelmente em Dewsbury – onde as capelas não<br />

foram organizadas nos termos do Documento Padrão de 1763. Isto<br />

ocasionou muita discussão, e ocupou o tempo e atenção de <strong>Wesley</strong>,<br />

que teriam sido mais bem empregados; e, assim, de certa forma,<br />

308


impediu a boa obra que ele tinha na mão. A dificuldade não foi<br />

superada por diversos anos.<br />

A depressão no estado da Escola Kingswood ocorreu em 1783,<br />

mas medidas enérgicas efetuaram a mudança, e ele foi<br />

subseqüentemente capaz de escrever:<br />

"Sexta-feira - 1º. de Setembro de 1789 – Eu fui para<br />

Kingswood. Doce recesso! Onde tudo agora está exatamente como eu<br />

quero. Mas… 'O homem não nasceu para repousar nas sombras.<br />

Vamos trabalhar agora, para que possamos descansar logo mais'".<br />

"Sábado – 12 – Eu passei algum tempo com as crianças, todas<br />

se comportaram bem; diversas estão muito despertas, e poucas se<br />

regozijam no favor de Deus".<br />

Um outro assunto da mais grave importância foi a preparação<br />

em 1784, do que foi chamado de Um Documento de Declaração. Em<br />

1763, ele foi redigido na forma do Documento agora referido, para o<br />

estabelecimento das capelas, que, em meio a outros itens,<br />

proporcionou "que os curadores pudessem admitir tais pessoas, que<br />

deveriam ser indicadas na Conferência anual.. e nenhuma outra, para<br />

terem e desfrutarem da ditas premissas", etc. Mas a Conferência<br />

constituiu-se de <strong>Wesley</strong> e tais outras pessoas que ele escolheu<br />

convidar para deliberar sobre a sugestão. Ficou acertado que, na<br />

possibilidade de sua morte, era necessário, mais estritamente, definir a<br />

palavra "Conferência", determinando seus constituintes individuais, e<br />

provendo para sua continuidade. Isto foi executado pela "Documento<br />

de Declaração e Estabelecimento da Conferência do Povo Chamado<br />

Metodista". Este Documento foi registrado na Corte de Justiça, em 9<br />

de Março de 1784, e deu à Conferência uma definição legal que, até<br />

aqui, estava em falta.<br />

<strong>Wesley</strong> teve alguma dificuldade em determinar o número de<br />

pregadores que constituiriam a Conferência. Ele finalmente decidiu<br />

sobre cem. Alguns desses que não foram escolhidos, ofendidos com<br />

309


sua exclusão, criaram grande desconforto na Conferência seguinte. A<br />

disputa foi tão afiada, que o Sr. Fletcher pediu às partes conflitantes,<br />

literalmente de joelhos, para suspenderam o conflito e se<br />

reconciliarem. Havia temores por parte de muitos pregadores, de que<br />

os "Cem", sem cujo voto nenhuma transação da Conferência seria<br />

legal, tirariam vantagem da posição deles, em detrimento do restante.<br />

<strong>Wesley</strong>, em antecipação disto, escreveu uma carta, na qual ele exortou<br />

os "Cem", a não tirar vantagem da posição deles, ao assumir alguma<br />

superioridade sobre seus irmãos. Esta carta ele consignou ao cuidado<br />

de Joseph Bradford, para ser lida na assembléia da primeira<br />

Conferência depois da morte de <strong>Wesley</strong>. A carta foi assim lida, e a<br />

Conferência unanimemente decidiu "que todos os pregadores, que<br />

estão em plena conexão com eles, desfrutem cada privilégio que os<br />

membros da Conferência desfrutam, de acordo com a carta acima<br />

escrita". Nesta hora, aquela promessa foi honrosamente observada.<br />

Todos os pregadores, devidamente qualificados, votavam em cada<br />

assunto, e os "cem legalizados", sempre afirmando o voto deles.<br />

Um outro assunto de interesse mais sério, que envolveu<br />

<strong>Wesley</strong> em muita controvérsia, referia-se às Sociedades Americanas.<br />

O Metodismo tinha crescido rapidamente no que era agora os Estados<br />

Unidos da América. Stevens, o eloqüente historiador Americano do<br />

Metodismo, diz que "A revolução tinha dissolvido, não apenas as<br />

relações civis, mas também as eclesiásticas das colônias da<br />

Inglaterra. Muitos do clero inglês, de quem as Sociedades Metodistas<br />

dependiam para os Sacramentos, tinham fugido para 'a terra, ou<br />

entrado para a vida política ou militar, e a Igreja Episcopal estava<br />

geralmente incapacitada. Na Virgínia, o centro de sua força colonial,<br />

ela rapidamente declinou, moralmente assim como numericamente.<br />

Na conclusão da disputa, muitas de suas igrejas estavam em ruínas,<br />

quase a quarta parte de suas paróquias, extintas ou abandonadas; e<br />

trinta e quatro das setenta e duas restantes estavam: sem suprimentos<br />

pastoral; vinte e oito apenas de seus noventa e um clérigos<br />

permaneceram, e, esses, com a adição, logo depois da guerra, de oito<br />

outras partes da região, ministravam em trinta e seis paróquias. Sob<br />

essas circunstâncias, os Metodistas requereram de seus pregadores a<br />

310


administração dos Sacramentos. Muitos, das sociedades, estavam há<br />

meses, alguns há anos, sem eles. A exigência não foi apenas urgente,<br />

mas logicamente correta... O que poderia <strong>Wesley</strong> fazer sob essas<br />

circunstâncias? O que, senão o exercício do direito da Ordenação,<br />

que ele tinha por anos teoricamente reivindicado, mas praticamente e<br />

prudentemente declinado? Se houve alguma imprudência da parte de<br />

<strong>Wesley</strong> nesta emergência, ela foi certamente em sua longa e<br />

continuada paciência. Quando ele autorizou, isto foi apenas depois do<br />

reconhecimento da independência das colônias americanas, e não, até<br />

que estimulado por seus mais respeitáveis conselheiros. Fletcher de<br />

Medeley era um deles".<br />

<strong>Wesley</strong> explica sua própria atitude na questão. Ele escreve:<br />

"O relato do Senhor Rei, sobre a Igreja primitiva convenceume,<br />

há muitos anos, que os Bispos e Presbíteros são da mesma ordem,<br />

e, conseqüentemente têm o mesmo conhecimento para conferir o<br />

Sacramento. Por muitos anos, eu tenho sido importunado, de tempos<br />

em tempos, a exercitar este combate, ordenando parte de nossos<br />

pregadores viajantes. Mas eu, até então, recusei; não apenas por<br />

causa da paz, mas porque eu estava determinado, o menos possível,<br />

violar a ordem estabelecida da Igreja nacional a qual eu pertencia".<br />

"Mas o caso é amplamente diferente entre a Inglaterra e a<br />

América do Norte. Aqui existem Bispos, que têm a jurisdição legal; na<br />

América existia ninguém, nem algum ministro paroquial, de maneira<br />

que por algumas centenas de milhas consecutivas, não existe alguém<br />

para batizar, ou para administrar a Ceia do Senhor. Aqui, portanto,<br />

meus escrúpulos terminam, e eu me julgo em completa liberdade, já<br />

que não violei ordem alguma, nem invadi os direitos dos homens,<br />

para apontar e enviar trabalhadores para a colheita".<br />

"Assim sendo, designei Dr. Coke e Sr. Francis Asbury para<br />

serem Superintendes comuns sobre nossos irmãos na América; assim<br />

também Richard Whatcoat e Thomas Vasey, para atuarem como<br />

presbíteros, batizando e administrando a Ceia do Senhor. Eu preparei<br />

311


a liturgia, ligeiramente diferente daquela da Igreja da Inglaterra (que<br />

eu penso, seja a melhor Igreja Nacional constituída no mundo), onde<br />

recomendo a todos os 'pregadores viajantes a usarem no Dia do<br />

Senhor, em todas as congregações, lendo a litania apenas nas quartas<br />

e sextas-feiras, e orando espontaneamente em todos os outros dias. Eu<br />

também aconselho os presbíteros a administrarem a Ceia do Senhor,<br />

a cada domingo do Senhor.<br />

"Se alguém indicar uma maneira mais racional e bíblica de<br />

alimentar e guiar essas pobres ovelhas no deserto, eu ficarei satisfeito<br />

em adotar. No momento, eu não posso ver algum método melhor do<br />

que eu usei".<br />

Talvez seja desnecessário dizer que este procedimento não teve<br />

a aprovação de Charles <strong>Wesley</strong>.<br />

Neste ano (1784), a "Sociedade para o Estabelecimento de<br />

Missões em meio aos Pagãos" foi fundada pelo Dr. Coke.<br />

A questão da separação da Igreja foi debatida, repetidas vezes,<br />

na Conferência, mas <strong>Wesley</strong>, até o fim de seus dias, manteve-se e a<br />

seus pregadores, em uma tão íntima conexão com ela, quanto pôde.<br />

Até 4 de Abril de 1790, ele escreveu: "Eu aconselho a todos os nossos<br />

irmãos que foram educados na Igreja, a continuarem lá, e lá eu deixo<br />

a questão. Os Metodistas devem espalhar vida em meio a todos as<br />

denominações; o que eles irão fazer, até que eles formem uma seita<br />

separada".<br />

O registro da história pessoal de <strong>Wesley</strong>, de suas viagens e<br />

serviços públicos (continuaram em seu Diário e em suas cartas), é tão<br />

pleno e tão interessante quanto em qualquer período de sua vida, e<br />

revela sua surpreendente energia, e sua devoção não diminuída, para a<br />

grande obra de sua vida. Mas a morte, cuja mão implacável rompe<br />

todas as relações terrenas, estava ocupada em meio aos seus amigos.<br />

A seguinte entrada ocorre: "Sexta-feira, 11 de Outubro de 1781 – Eu<br />

vim para Londres e fui informado de que minha esposa morreu na<br />

312


segunda-feira. Esta tarde, ela foi enterrada, embora eu não fosse<br />

informado, até um dia ou dois depois".<br />

O Rev. Vicent Perronet, Vigário de Shoreham, morreu em 9 de<br />

Março de 1785. Ele foi o amigo afeiçoado aos <strong>Wesley</strong>s, por mais de<br />

quarenta anos. Ele se simpatizou muito amavelmente com todos os<br />

objetivos, os ajudou com seus conselhos, e escreveu na defesa deles.<br />

Charles <strong>Wesley</strong> o chamava de Arcebispo do Metodismo. Ele<br />

continuou em sua obra paroquial, mas fez de sua casa, o lar de todos<br />

os pregadores Metodistas que visitavam Shoreham, e dois de seus<br />

filhos juntaram-se à série deles. Ele foi um pacífico, feliz, e devotado<br />

ministro cristão, vivendo em íntima comunhão com Deus. <strong>Wesley</strong><br />

estava fora na Irlanda, quando ele ouviu e registrou a morte de seu<br />

amigo, acrescentando: "Eu o segui duramente de perto nos anos,<br />

agora em meu octogésimo segundo ano de vida. Ó, que eu possa<br />

segui-lo também na santidade; e que meu último momento possa ser<br />

como o dele!".<br />

Mas um golpe mais severo atingiu o coração do evangelista<br />

quando, dentro de pouco mais de três meses depois da morte do Sr.<br />

Perronet, seu amigo do peito, Fletcher, também faleceu. Fletcher se<br />

situa no topo de todos os lideres do avivamento Metodista, por sua<br />

serena santidade de caráter. Mas não isto apenas o distinguiu.<br />

Santidade era o espírito que permeava todos seus poderes e todas suas<br />

obras. Sua aptidão para o grande serviço no despertar religioso, então,<br />

em progresso, é assim resumido por <strong>Wesley</strong>, de quem ninguém era<br />

mais bem qualificado para formar um correto julgamento dele: "Eu<br />

posso nunca acreditar que foi a vontade de Deus que tal luz ardente e<br />

brilhante pudesse estar escondida sob o alqueire. Não; em vez de<br />

estar confinado a um vila, ele deveria ter brilhado em cada canto da<br />

nossa terra. Ele era pleno para tocar um alarme, através de toda a<br />

nação, como o próprio Sr. Whitefield. Mais do que isto,<br />

abundantemente mais, vendo que ele era mais bem qualificado para<br />

aquela importante obra. Ele era uma pessoa mais surpreendente; de<br />

igual boas maneiras, um discurso igualmente atraente; junto com uma<br />

mais rica fluência de idéias, um forte entendimento, uma maior<br />

313


iqueza de erudição. Ambos nas linguagens, Filosofia, Filologia, e<br />

Teologia; e, acima de tudo (o que eu posso falar com a mais completa<br />

segurança, porque 'eu tive um conhecimento perfeito de ambos'), uma<br />

profunda e constante comunhão com o Pai e com o Filho, Jesus<br />

Cristo".<br />

Ele também testemunha o caráter de seu amigo: "Eu estive<br />

intimamente familiarizado com ele, por trinta anos. Eu conversei com<br />

ele, de manhã, ao meio-dia, à noite, sem a menor reserva, durante<br />

uma jornada de muitas centenas de milhas. E em todo aquele tempo,<br />

eu nunca ouvi dele uma palavra imprópria, ou o vi em alguma atitude<br />

imprópria. Para concluir. Nestes oitenta anos, eu conheci muitos<br />

homens excelentes, santos no coração e vida. Mas um igual a ele eu<br />

nunca conheci, um tão uniformemente e profundamente devotado a<br />

Deus. Tão irrepreensível em todos os aspectos, eu nunca encontrei,<br />

fosse na Europa ou América. Nem espero encontrar outro tal neste<br />

lado da eternidade".<br />

No entanto, um golpe ainda mais doloroso esperava por ele.<br />

Por alguns anos, seu irmão declinou em sua saúde. Depois que cessou<br />

de viajar, e como seu irmão pensou, provavelmente como resultado<br />

disto, ele sofreu gradualmente mais e mais de fraqueza e gota (uma<br />

queixa familiar), induzindo sensibilidade nervosa. Por fim, sua força<br />

declinou completamente. "Por alguns meses", sua filha escreveu, "ele<br />

pareceu totalmente desligado da terra. Ele falou muito pouco, nem<br />

desejou ouvir coisa alguma lida, a não ser as Escrituras". Alguns dias<br />

antes de sua morte, ele chamou sua esposa ao lado de sua cama, e<br />

implorou a ela que escrevesse, enquanto ele ditava, as seguintes<br />

linhas:<br />

Com idade e fraqueza extrema.<br />

Quem pode redimir um verme desamparado?<br />

Jesus, Tu és minha única esperança.<br />

Força da minha enfraquecida carne e coração.<br />

Ó, eu poderia conseguir um sorriso de Ti,<br />

E mergulhar na eternidade!<br />

314


Em 29 de Março de 1788, quando ele estava com seus oitenta<br />

anos, o fim chegou, e "foi, como ele especialmente esperou que fosse,<br />

em paz". <strong>Wesley</strong> estava fora, pregando em Shrospshire, e na época da<br />

morte de seu irmão, estava com sua congregação, cantando as<br />

emocionantes palavras do próprio Charles.<br />

Venham, vamos nos juntar aos irmãos no céu,<br />

Os que alcançaram o prêmio,<br />

E nas asas de amor da águia,<br />

Que os júbilos celestiais se levantem,<br />

Que todos os santos terrestres cantem.<br />

Com aqueles que para a glória foram;<br />

Porque todos os servos de nosso Rei,<br />

Na terra e no céu, são um só.<br />

Uma só família, habitamos Nele,<br />

Uma só Igreja, acima e abaixo,<br />

Embora agora, dividida pela correnteza,<br />

A estreita correnteza da morte:<br />

Um exército do Deus vivo,<br />

Ao Seu comando nós nos curvamos,<br />

Parte de seu exército atravessou a correnteza,<br />

E parte agora está atravessando<br />

Através do mau endereçamento de uma carta, <strong>Wesley</strong> não<br />

tomou conhecimento das tristes notícias, até um dia antes do funeral,<br />

quando ele estava em Macclesfield, e, portanto, completamente<br />

incapaz de estar presente.<br />

O enterro foi, de acordo com a própria orientação de Charles,<br />

no pátio de St. Marylebone, a paróquia em que ele residiu; e na tumba<br />

estão as palavras apropriadas de sua própria pena, escrita quando da<br />

morte de um de seus amigos:<br />

Com a pobreza do abençoado espírito,<br />

Descansa, o feliz santo, em Jesus descansa;<br />

315


Um pecador salvo, pela graça redentora,<br />

Remido na terra, para reinar no céu!<br />

Os trabalhos do amor incansável,<br />

Por ti, esquecidos, estão coroados acima;<br />

Coroados pela misericórdia de Teu Senhor,<br />

Com uma livre, completa e imensa recompensa!<br />

Na história do grande avivamento, os nomes de <strong>John</strong> e Charles<br />

<strong>Wesley</strong> devem sempre estar ligados. Eles foram um só, no objetivo<br />

comum, e em sua consagração; e foram, até o fim, um só, na forte<br />

devoção fraternal. A diferença em seus pontos de vista, sobre questões<br />

eclesiásticas, que, por um tempo, interferiram no mesmo propósito de<br />

ação, não enfraqueceu a afeição mútua.<br />

A ajuda atribuída a Charles para o grande avivamento é<br />

incalculável. E assim como a influência espiritual do avivamento se<br />

estendia para além dos limites do Metodismo, também os doces sons<br />

dos incomparáveis hinos de Charles <strong>Wesley</strong>, nos quais todas as<br />

grandes verdades do avivamento estão conservadas, como num<br />

relicário, têm até hoje, flutuado sobre cada brisa dos vastos campos do<br />

Cristianismo, encorajando, exaltando, e estimulando a vida cristã,<br />

onde quer que suas cadências vibrem. E ainda assim, <strong>Wesley</strong><br />

considera os poderes de seu irmão, colocados em sua poesia como<br />

"seu menor dom".<br />

Ele era um espírito amoroso e impulsivo, de grande ternura,<br />

capaz de elevada exaltação, mas não sem uma tendência a igual<br />

depressão. A um coração aquecido, que lhe trouxe muitos amigos, ele<br />

acrescentou um pouco do temperamento sensível, que lhe trouxe<br />

muitos inimigos; porque ele não tinha o auto-controle de seu irmão, ou<br />

o conhecimento de homens, ou seu poder para lidar com eles.<br />

Nenhum festival da Igreja foi era valorizado para <strong>Wesley</strong><br />

quanto o de Todos os Santos. Seu habitual deleite era contemplar a<br />

verdadeira comunhão dos santos na terra e no céu. Ele também estava<br />

muito acostumado a se regozijar sobre a morte, nas palavras dos<br />

316


jubilosos hinos fúnebres de seu irmão, em que a morte de um ou de<br />

outro parecia deixar apenas pequena, se alguma, sombra em seu<br />

espírito.<br />

No entanto, que as duas mortes, justamente referidas, foram<br />

uma prova severa para <strong>Wesley</strong>, agora tão verdadeiramente sozinho,<br />

não se pode duvidar. Ele pregou um sermão fúnebre em memória de<br />

seu amigo [Fletcher], e, mais tarde, publicou um breve, mas terno, A<br />

Vida. Ele também se dedicou à coleção do material para a memória de<br />

seu irmão. Mas, antes deste ser completado, sua própria mão<br />

esquecera sua destreza.<br />

Os incidentes na história pessoal de <strong>Wesley</strong>, durante esta<br />

década são muitos deles, de um caráter muito impressionante. Ele<br />

escreveu em 1783: "Eu preguei na Igreja de St. Thomaz, à tarde, e em<br />

St. Swithin, à noite. A maré agora virou; de maneira que eu tive mais<br />

convites para pregar nas igrejas do que eu posso aceitar". Podemos<br />

notar quão tenazmente ele se apega aos seus métodos adotados. Eles<br />

parecem ser investidos, na sua opinião, de um caráter quase sagrado.<br />

A pregação logo cedo de manhã, que começou quando ele estava na<br />

Geórgia, onde era mais adequado ao clima, levantar-se cedo, ele<br />

introduziu na Inglaterra em 1738, quando começou sua obra. Para ele,<br />

o serviço matinal era um prazer; mas, embora a principio seus<br />

pregadores, em seu zelo inicial, mantivessem a prática, ainda assim,<br />

isto se tornou cansativo, para eles e para as pessoas. Ao se certificar<br />

que esses serviços tinham fracassado, ele diz: "Se este for o caso,<br />

enquanto estou vivo, como será quando eu tiver ido? Desista disto, e o<br />

Metodismo também degenerará em uma mera seita, apenas<br />

distinguida por algumas opiniões e modos de adoração". Observações<br />

similares ocorrem em toda parte de seus últimos Diários. Não existe<br />

aqui uma falta de discernimento entre o que é essencial, e o que é<br />

meramente acidental? Está não é a única particularidade em que a<br />

mesma coisa aparece.<br />

Nada nesta década é mais surpreendente do que o empenho<br />

que ele continuamente emprega, na ocupação de sua grande obra. Ele<br />

317


pregou quase tão freqüentemente quanto em qualquer período de sua<br />

vida. Sua devoção persistente é vista em seu andar nas ruas de<br />

Londres, durante cinco dias, em 1785, freqüentemente com o<br />

tornozelo afundado, em neve lodosa e derretida, para pedir 200 libras<br />

para comprar roupas para o pobre! Em Março deste ano, ele partiu<br />

para a Irlanda, pregando todo o caminho para Liverpool,<br />

freqüentemente em campo aberto, não obstante a geada e neve. Passa<br />

uma semana em Dublin, e parte para as províncias. Dois meses foram<br />

ocupados nesta tarefa. Seus esforços foram quase inacreditáveis. Ele<br />

pregava duas ou três vezes ao dia, não apenas nas casas Metodistas,<br />

mas em igrejas, em capelas Presbiterianas, em fábricas, em gramado<br />

[para jogo de críquete], em salas de reuniões, nos palácios de justiça,<br />

em celeiros, em "pradarias inclinadas", nos pátios das igrejas, e ruas<br />

– onde tivesse uma chance.<br />

Logo no início do próximo ano, nós o encontramos<br />

diversificando seus discursos públicos, através de um sermão, para<br />

quinhentas crianças, nenhuma de suas palavras tendo mais do que<br />

duas sílabas de comprimento. Ele ocupou um mês em uma visita à<br />

Holanda, com dois de seus pregadores, no entanto, não como uma<br />

mera viagem de prazer. Quanto no barco para Hagne, ele se certificou<br />

que poderia escrever tão bem em um barco, quanto em seu estúdio; e<br />

continuou a escrever, quando quer que estivesse a bordo. Um dia,<br />

passou "muito calmamente escrevendo e visitando alguns amigos", e,<br />

durante a tarde, falou para um pequeno grupo em seu alojamento. Em<br />

outro, encontrou abundante ocupação, parcialmente em conversar, em<br />

Latim, com o clero; parcialmente, em pregar seus sermões, traduzidos<br />

por ele; mas, principalmente, em escrever – provavelmente, sobre a<br />

Vida de Fletcher, o prefácio do qual é datado em Amsterdã. Em seu<br />

retorno, ele se dedicou a este tributo de estima e afeição, mesmo em<br />

meio às suas jornadas; e, quando em Londres, dedicou a ele todo o<br />

tempo que pode gastar, até Novembro, "das cinco da manhã, até as<br />

oito da noite. Essas são minhas horas de estudo", diz ele, "eu não<br />

posso escrever mais tempo, durante o dia, sem prejudicar meus<br />

olhos".<br />

318


Nesta época, ele afirma que sua saúde estava melhor, nestes<br />

últimos dez anos, do que esteve por dez anos consecutivos, desde que<br />

ele nasceu. Algumas de suas ocupações eram espantosas para um<br />

homem de sua idade. O ano de 1787 começa com o serviço<br />

costumeiro, às quatro horas da manhã, com uma congregação<br />

notavelmente larga; ele pregou novamente duas vezes mais depois.<br />

Um dia, novamente, depois de pregar em West Sreet, e na nova capela<br />

em City Road, ele pegou a carruagem e viajou para Exeter, às dez da<br />

noite seguinte. Em outra jornada, depois de pregar duas vezes em<br />

Manchester, e assistir na administração da Ceia para aproximadamente<br />

mil e trezentas pessoas, ele começou à meia-noite, e, depois de<br />

dezenove horas viajando, alcançou Birmingham, às sete horas; foi<br />

diretamente para a capela, e pregou, agradecido que ele "não estivesse<br />

mais cansado, do se ele tivesse descansado o dia todo". Ele partiu na<br />

manhã seguinte, antes das cinco horas, viajou perto de onze horas, e<br />

pregou em Gloucester; na manhã seguinte, partiu novamente às duas<br />

horas, viajou até quatro e meia da tarde, e pregou à noite em<br />

Salisbury. Na manhã seguinte, ele estava em seu caminho para<br />

Southampton, onde ele pregou duas vezes, e, então, embarcou para as<br />

Ilhas Channel.<br />

Em seu aniversário, em 1788, ele escreveu: "Nesse dia em<br />

entrei em meu octogésimo quinto ano, e eu louvo a Deus, pelas mil<br />

bênçãos espirituais, e pelas bênçãos corporais, também. Quão pouco,<br />

eu tenho sofrido ainda pelo 'avanço de numerosos anos!' É verdade:<br />

eu não estou tão ágil, como eu estava em tempos passados. Eu não<br />

corro ou caminho, tão rápido, como eu fazia; meus olhos estão um<br />

pouco decaídos; meu olho esquerdo está mais opaco e, dificilmente,<br />

me servem para ler". Ele sofria de uma leve dor no olho direito e<br />

têmpora, ocasionada por um soco alguns meses antes. Tinha algum<br />

declínio da memória, mas nenhum na audição, olfato, gosto, ou<br />

paladar; nem se sentia cansado, quer para viajar ou pregar; nem estava<br />

consciente de algum declínio em escrever sermões. Tudo isto, ele<br />

atribuiu ao poder de Deus, adequando-o para a obra a que ele foi<br />

chamado; em segundo lugar, às orações de seus 'filhos', e aos meios<br />

naturais já falados a respeito. Ele, então, alegremente canta:<br />

319


Meus dias restantes, eu passarei para louvar a Ele;<br />

Que morreu, para redimir o mundo todo;<br />

Sejam eles muitos ou poucos;<br />

Meus dias são devidos a Ele;<br />

E serão todos devotados a Ele.<br />

Mas esses trabalhos estavam caminhando em direção a um<br />

encerramento. Em 1789, no entanto, ele visitou a Irlanda, uma vez<br />

mais. Aqui ele sofreu uma crise de diabetes. Ainda assim, foi<br />

incessante em seus trabalhos, que foram ainda muito grandes, não<br />

obstante, a diminuição de suas forças.<br />

Na Páscoa, ele escreve: "Tivemos uma solene reunião, de fato;<br />

muitas centenas de comunicantes, de manhã; e à tarde muito mais<br />

ouvintes do que a sala poderia conter; embora ela seja agora<br />

consideravelmente mais larga. Mais tarde, eu encontrei a Sociedade,<br />

e expliquei a eles, mais amplamente, o objetivo original do<br />

Metodismo; a saber, não ser uma seita distinta, mas encorajar a<br />

todos, cristãos ou ateus, a adorarem a Deus, em espírito e verdade;<br />

mas da Igreja da Inglaterra, em especial, ao qual eles pertenceram<br />

desde o início. Tendo isto em vista, eu segui invariavelmente por<br />

cinqüenta anos, nunca diversificando da doutrina da Igreja, afinal;<br />

nem da sua disciplina, não por escolha, mas por necessidade. Assim,<br />

no curso dos anos, a necessidade conduziu-me (como eu já provei):<br />

(1) a pregar em campo aberto; (2) a orar espontaneamente; (3) a<br />

formar sociedades; (4) a aceitar a assistência de pregadores leigos;<br />

e, em poucas instâncias, a usar de tais meios, como ocorreu, para<br />

impedir, ou remover os males, que tanto sentimos ou tememos".<br />

Sua saúde agora o compelia, em certos momentos, a ser um<br />

ouvinte, quando ele de bom grado pregaria; mas ainda assim, pregava<br />

freqüentemente, e, algumas vezes, sob circunstâncias penosas. Um dia<br />

ele partiu às cinco horas, alcançou Castlebar, entre três e quatro horas,<br />

e à noite pregou em Killchrist, para uma larga congregação, de<br />

320


maneira que ele foi obrigado a fazer isto do lado de fora, embora<br />

chovesse todo o tempo.<br />

Em Dublin, ele visitou todas as classes, embora houvesse<br />

acima de mil membros. No seu aniversário ele escreve: "Eu agora me<br />

encontro na idade avançada: (1) Minhas vistas estão decaídas, de<br />

modo que não posso ler um pequeno impresso, a menos que sob luz<br />

forte; (2) Minhas forças estão diminuídas; e eu caminho mais devagar<br />

do que eu fazia alguns anos antes; (3) Minha memória para nomes, de<br />

pessoas ou lugares, está prejudicada, até que eu parei um pouco de<br />

lembrá-los". Ele encontrou os pregadores irlandeses uma vez mais na<br />

conferência, encantado de encontrar tal grupo de homens, "de tão<br />

profunda experiência, tão grande piedade, e tão forte entendimento",<br />

e manteve um dia de jejum e oração, principalmente em favor do<br />

crescimento da obra de Deus, e seguiu com uma noite de vigília. Sua<br />

despedida do povo irlandês foi muito emocionante. Antes que ele<br />

subisse a bordo, ele leu um hino, e a multidão, até onde a emoção<br />

pode permitir-lhes, reuniu-se ao devoto patriarca em louvor. Caindo<br />

de joelhos, ele pediu a Deus para abençoá-los, suas famílias, a Igreja,<br />

e a Irlanda. Eles apertaram a mão trêmula; muitos choraram<br />

profusamente, e caíram em seu pescoço e o beijaram. Ele parou no<br />

convés, levantou suas mãos em oração, e se afastou da vista de um<br />

povo a quem ele amou afetuosamente. O mar estava calmo, e ele<br />

fechou-se em sua carruagem, que estava a bordo, e leu. À tarde, um<br />

hino foi cantado no convés, e ele pregou. Repetidas vezes, seus<br />

esforços durante os meses restantes do ano foram maiores do que se<br />

pode bem se imaginar.<br />

O ano de 1790 inicia-se com a confissão: "Eu sou agora, um<br />

homem velho, decaído da cabeça aos pés. Meus olhos estão<br />

ofuscados; minha não direita treme muito. Minha boca está quente e<br />

seca toda manhã – No entanto, abençoado seja Deus, eu não<br />

descuidei do meu trabalho: eu posso pregar e escrever ainda". E<br />

assim ele fez, até o fim do ano, como o itinerário para o ano mostrará.<br />

Mas sua obra foi a obra de alguém cuja estrutura corpórea estava em<br />

grande debilidade, embora seu espírito se elevasse às alturas no santo<br />

321


propósito; e repetidas vezes, a despeito de seu declínio físico, seus<br />

feitos eram realmente espantosos. Mas a falta de espaço proíbe relatos<br />

detalhados, embora eles sejam do completo interesse. Um incidente<br />

deve ser relatado. Em meio aos seus ainda contínuos esforços<br />

evangelistas, ele escreveu: "Eu percorri aquele pobre esqueleto da<br />

antiga Winchelsea. Ela está belamente situada no topo de uma colina<br />

íngreme. E foi regularmente construída na parte mais larga das ruas,<br />

atravessando uma e outra, e circundando uma quadra bem ampla; em<br />

meio da qual havia uma grande igreja agora em ruínas. Eu fiquei<br />

debaixo de uma grande árvore, de um lado dela, e clamei para a<br />

maioria dos habitantes da cidade: 'O reino de Deus está próximo;<br />

arrependam-se e creiam no Evangelho'. Pareceu como se todos que<br />

ouviram, estivessem, naquele momento, quase persuadidos a serem<br />

cristãos".<br />

O primeiro objetivo dessas páginas, um objetivo prontamente<br />

mantido em vista, do começo ao fim, tem sido dar a máxima<br />

proeminência possível aos trabalhos de <strong>Wesley</strong> como evangelizador,<br />

naquilo que constitui a suprema obra de sua vida; e ênfase especial<br />

tem sido colocada sobres seus serviços de campo, como o meio pelo<br />

qual ele entrou diretamente em contato com a massa da população<br />

inglesa, a quem ele não poderia possivelmente ter alcançado de outra<br />

maneira; as igrejas eles não podiam e não deviam entrar. <strong>Wesley</strong><br />

pregou seu primeiro sermão ao ar livre em Bristol, numa segundafeira,<br />

2 de Abril de 1739. O único em Winchelsea, referido acima, foi<br />

o último. Um período de mais de cinqüenta anos ocorreu, e foi dentro<br />

deste período que ele não cessou de fazer com que sua voz fosse<br />

ouvida, em apelos claros, francos, ternos, e efetivos, à consciência e<br />

convicção da nação. Esses dois eventos marcam o começo e o fim<br />

daquela grande obra. Uma testemunha ocular do último incidente diz:<br />

"A palavra foi atendida com poder, e as lágrimas das pessoas<br />

correram em torrentes". A cena foi muito comovente. Este venerável<br />

homem, oitenta e sete anos de idade, cansado, mas não fraco, seus<br />

flocos de neve caindo sobre seus ombros, sua mão trêmula, segurando<br />

pela última vez sua pequena Bíblia-de-bolso – sua companheira<br />

constante – seus olhos quase fechados, sua face, virada para o alto, seu<br />

322


semblante plácido, pacífico, revelando uma mente tranqüila, e serena.<br />

Bem fariam as pessoas chorarem. Porque cinqüenta anos, sem<br />

permissão ou obstáculo, este fiel apóstolo da retidão levantou sua voz<br />

"ao mundo", clara em sua verdade, assim como no seu tom, pregando<br />

fielmente, quase incessantemente, o glorioso Evangelho do abençoado<br />

Deus, em todas as partes do reino, provavelmente a mais pessoas do<br />

que qualquer professor daquele Evangelho, alguma vez discursou<br />

antes. Naquele dia de Outubro, debaixo daquele carvalho enorme, sob<br />

a sombra da velha Igreja de Winchelsea, a obra de <strong>Wesley</strong>, feliz,<br />

santa, útil, de pregação no campo, cessou. Ele, então, seguiu seu<br />

caminho e sua obra juntos, ambos terminando em Londres. Mas um<br />

final abrupto de seus Diários encerra as revelações daquele<br />

interessante documento. A décima década está completa.<br />

Pouco tem sido dito a respeito da obra de <strong>Wesley</strong> pela<br />

imprensa, durante as duas últimas décadas. Embora a quantidade fosse<br />

menor do que ele havia previamente escrito, ela foi considerável,<br />

especialmente em vista de sua outra obra. Em adição ao que já foi<br />

mencionado, ele emitiu mais do que cento e cinqüenta publicações<br />

separadas, incluindo diversos volumes de uma edição de suas Obras<br />

Coletadas; um Compêndio de Filosofia Natural, em cinco volumes;<br />

uma História Eclesiástica, em quatro volumes; a História da<br />

Inglaterra, em quatro volumes também; e uma revisão de sua própria<br />

tradução do texto em suas Notas sobre o Novo Testamento. Em cada<br />

volume da Revista Arminiana, também, estavam muitos artigos de sua<br />

pena.<br />

323


CAPÍTULO XII<br />

As Cenas Finais<br />

A obra de <strong>Wesley</strong> estava próxima do fim, quando a primeira<br />

luz do ano de 1791 brilhou sobre ele. Nós não temos registro do<br />

serviço da noite de vigília, no qual, como era de costume, as<br />

misericórdias do ano eram reconhecidas, com louvor e ação de graças;<br />

as falhas e pecados confessados, e o novo ano antecipado com oração<br />

fervorosa, ou de aliança e serviços Sacramentais; com os quais, o seu<br />

líder no comando, a Sociedade buscava preparar-se para os trabalhos<br />

árduos e as responsabilidades do futuro.<br />

324


Fomos informados, por várias fontes, que <strong>Wesley</strong> estava muito<br />

fraco, embora ele escrevesse, em Janeiro, que sua saúde, por quatro<br />

dias, esteve melhor do que, por diversos meses; ainda assim, ele foi<br />

compelido a reconhecer que "o tempo está me chacoalhando pela<br />

mão, e a morte não está muito atrás". Foi por querer se manter de<br />

acordo com toda sua vida anterior, que ele diz: "Eu espero que eu não<br />

viva para ser inútil". Assim, no último Fevereiro, ele declara seu<br />

propósito, se Deus permitisse, de visitar, no mês de Março,<br />

Gloucester, Worcester, e Stourport, e, verdadeiramente faz arranjos<br />

para sua visita usual a Bristol, e, então, para o Norte, com sua<br />

carruagem partindo, para Bristol, antes dele, para este propósito. Uma<br />

de suas últimas cartas foi escrita em 19 de Fevereiro para a Sra.<br />

Knapp, uma beata devota de Worcester, na qual ele diz:<br />

Londres, 19 de Fevereiro de 1791<br />

Minha querida Suky<br />

Como o estado de minha saúde está excessivamente oscilante,<br />

e cada vez piorando, eu não posso ainda estabelecer planos para<br />

minhas futuras jornadas. De fato, eu proponho, se Deus me permitir,<br />

partir para Bristol, em 28 do corrente; mas, quanto mais, vezes eu<br />

serei capaz de ir, eu não posso determinar. Se eu estiver muito bem,<br />

eu espero estar em Worcester, por volta de 22 de Março. Encontrar<br />

você e os seus, com saúde, de corpo e de mente, será um grande<br />

prazer,<br />

Minha querida Suky,<br />

Seu, afetuosamente,<br />

J. <strong>Wesley</strong><br />

Mas todas essas intenções foram frustradas. Na quinta-feira,<br />

ele pregou em Lambeth; e na sexta, leu e escreveu durante o dia,<br />

pregando em Chelsea, à tarde. No domingo seguinte, ele estava<br />

incapacitado para pregar, e muito do dia foi gasto em dormir. Na<br />

segunda-feira, suas forças se refizeram, e, embora incentivado a não<br />

325


fazer isto, ele cumpriu um compromisso para jantar em Twickenham.<br />

Ele foi acompanhado de sua sobrinha, Srta. Sarah <strong>Wesley</strong>, e Srta.<br />

Ritchie, que preservou um registro preciso desses últimos dias. A<br />

caminho, ele visitou Lady Mary Fitzgerald, e "conversou e orou muito<br />

docemente". Na terça-feira, ele pregou em City Road – seu último<br />

sermão lá. Assim, encerrou seu ministério público em meio a seu<br />

povo. Todos esses serviços foram conduzidos com grande fraqueza.<br />

Sua venerável aparência, no outono do ano seguinte é pitorescamente<br />

descrita por Henry Crabbe Robinson, nas seguintes palavras: -- "Foi,<br />

eu acredito, em Outubro de 1790, que ouvi <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> na grande<br />

abóbada da casa de reunião de Colchester. Ele ficou em um amplo<br />

púlpito, e de cada lado dele, ficava um ministro, e dois o levantaram,<br />

com as mãos sob suas axilas. Sua voz fraca era meramente audível;<br />

mas seu semblante reverente, especialmente suas longas mechas<br />

brancas, formavam um quadro para nunca ser esquecido. Havia uma<br />

vasta multidão daqueles que o amavam e de admiradores. Foi na<br />

maior parte uma pantomima; mas a pantomima saiu do coração,<br />

como eu não vi coisa alguma comparável a ela na vida eterna".<br />

Na quarta-feira, dia 23, ele visitou um cavalheiro em<br />

Leatherhead, e pregou na sala de jantar dele, sobre: "Busque o Senhor,<br />

enquanto Ele pode ser encontrado, clame a Ele, enquanto ele está por<br />

perto". Esta foi a última das longas séries, e ele não pregou<br />

mais."Naquele dia, a trombeta da verdade, que tinha soado o<br />

evangelho eterno, muitas vezes, e mais efetivamente, do que a de<br />

qualquer outro homem por mil e seiscentos anos, soprou agonizante --<br />

Admite-se que Whitefield pregou mais eloqüentemente, com poucas<br />

exceções para grandes assembléias, e viajou mais extensivamente<br />

(embora não mais milhas) que <strong>Wesley</strong>, dentro dos mesmos limites de<br />

tempo; mas <strong>Wesley</strong> sobreviveu a ele, mais de vinte anos, e seu poder<br />

tem sido mais produtivo e permanente. Whitefield pregou dezoito mil<br />

sermões, mais de dez por semana, durante seus trinta e dois anos de<br />

vida ministerial. <strong>Wesley</strong> pregou quarenta e dois mil sermões, depois<br />

de seu retorno da Geórgia; mais do que quinze por semana. Sua vida<br />

pública distinguiu-se na história do mundo, inquestionavelmente,<br />

proeminente nos trabalhos religiosos, acima de qualquer outro<br />

326


homem, desde a era apostólica. O dia seguinte, ele passou com seu<br />

amigo e testamenteiro, Sr. Wolff, em Balham, onde ele escreveu sua<br />

carta final. Ela foi endereçada a um grande advogado antiescravagista,<br />

William Wilberforce; e é datada:<br />

Londres, 24 de Fevereiro de 1791<br />

Meu Querido Senhor,<br />

A menos que o poder Divino levantasse você para ser como<br />

Atanásio contra o mundo, eu não vejo como você pode seguir, através<br />

de seu glorioso empreendimento, em oposição a essa execrável<br />

vilania que é o escândalo da religião da Inglaterra, e da natureza<br />

humana. Exceto se Deus o levantasse para esta mesma coisa, você<br />

estaria extenuado pela oposição de homens e demônios; mas, se Deus<br />

é por você, quem será contra você? Todos eles juntos são mais fortes<br />

do que Deus? Ó, 'não seja fraco no fazer o bem'. Siga em frente. Em<br />

nome de Deus, e no poder de Sua 'força, até que ' a escravidão'<br />

americana, 'a mais vil daquelas que alguma vez viram o sol,<br />

desapareça diante dele'.<br />

"Lendo esta manhã um panfleto, escrito por um pobre<br />

africano, eu fiquei pessoalmente chocado por esta circunstância, -que<br />

um homem que tenha a pele negra, sendo injustiçado ou<br />

ultrajado, por um homem branco, não possa ter reparação; havendo<br />

uma lei, em nossas colônias, de que a praga de um negro, contra o<br />

branco, não serve para nada. Que vilania é esta!".<br />

"Que Aquele que tem guiado você, desde sua juventude, possa<br />

continuar a fortalecê-lo, nesta e em todas as coisas, é a oração,<br />

querido senhor",<br />

De seu afetuoso servo,<br />

J. <strong>Wesley</strong><br />

327


No dia seguinte, ele foi trazido de casa para City Road. Ele<br />

subiu as escadas, e pediu que, por uma meia hora, fosse deixado<br />

sozinho; depois do que, seu amigo fiel, Joseph Bradford, o encontrou<br />

tão indisposto que o enviou para seu médico, Dr. Whitehead. Ele<br />

continuou fraco, por uma semana, e freqüentemente cantando ou<br />

repetindo fragmentos dos hinos de seu irmão, ou do Dr. Watt; ou<br />

passagens das Escrituras Santas, que ele tinha, há tanto tempo, e tão<br />

livremente proclamado, e repetidas vezes, exclamava na alegria de sua<br />

fé: "O melhor de tudo isto, é que Deus está conosco". Então, por volta<br />

das nove horas, na manhã de 2 de Março de 1791, na presença de<br />

alguns poucos dos seus mais queridos amigos, representativos de seu<br />

amado povo, e, enquanto eles o estavam encomendando a Deus, em<br />

oração silenciosa – Joserph Bradford, um de seus colaboradores<br />

itinerantes, dizendo: "Levantem suas cabeças, Ó, vocês, portões, e<br />

continuem levantados, para que o herdeiro da glória possa entrar" –<br />

<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, com um simples "Adeus!", em seus lábios, aos oitenta e<br />

oito anos de idade, passou da cena do seu grande trabalho árduo, como<br />

evangelista, para a alegria de sua recompensa eterna.<br />

O pequeno grupo levantou-se, em lágrimas, cantou um hino,<br />

ajoelhou-se novamente em oração, e, então, consternados, deixaram a<br />

solene e dolorosa cena. O trabalho empreendido estava concluído –<br />

mesmo que não reconhecido perfeitamente. A abundância de material<br />

disponível, enquanto o torna uma tarefa comparativamente fácil, para<br />

compilar uma "Vida", apresenta uma dificuldade correspondente, na<br />

necessária exclusão de tão interessante assunto.<br />

Dois objetos se mantiveram firmes à vista, através do<br />

progresso das páginas precedentes. O primeiro foi o dar proeminência<br />

à preparação – divina e humana – de um agente distinto de Deus;<br />

obviamente levantado para trazer, de uma "maneira muito notável, o<br />

despertar espiritual deste reino; possivelmente, e como muitos<br />

acreditam, salvá-lo de mergulhar em uma escuridão mais profunda,<br />

se não, para uma catástrofe terrível".<br />

328


Um segundo objeto em vista foi realçar a coragem, a<br />

fidelidade, mas, mais especificamente, a continuidade de esforço<br />

ininterrupto, que caracterizou os trabalhos evangelistas de <strong>Wesley</strong>.<br />

Muitas são as minúcias, e, talvez, algumas justas – difamações feitas<br />

pela crítica capciosa e mal instruída, da dignidade e grandeza da vida e<br />

obra de <strong>Wesley</strong>. Mas uma pequena luz apenas é necessária para<br />

capacitar um observador imparcial a ver nele um agente preparado<br />

para o grande propósito, e uma nobre ilustração da devoção não<br />

desatenta a um alto chamado.<br />

Não se sugeriu que a obra começou, através de <strong>Wesley</strong> e seus<br />

assistentes – porque eles não devem ser separados – foi completada<br />

por eles. A própria natureza da obra demanda que atividades<br />

sucessivas devessem conduzi-la mais adiante nos anos seguintes, até<br />

mesmo, ao final dos tempos. Pode-se dizer que a obra, começada no<br />

tempo de <strong>Wesley</strong>, não foi uma obra nova. Sua obra foi a do<br />

avivamento. Ele não criou coisa alguma. Ele não tinha verdade<br />

alguma nova para proclamar, mas uma velha. Neste aspecto, ele<br />

diferiu de Lutero, como um reformador espiritual, não obstante Lutero<br />

condenasse a fé existente da Igreja e buscasse sua correção. <strong>Wesley</strong>,<br />

por outro lado, aderiu ao ensino de sua Igreja, quanto ele era<br />

apresentado em seus escritos oficiais, seus rituais, e suas tradições; e<br />

ele se esforçou para não desviar a atenção dela. Existia uma unidade e<br />

simplicidade marcante nos feitos de <strong>Wesley</strong>. Ele visualizava todos os<br />

homens, sob a luz de sua própria experiência. Ele sentiu a necessidade<br />

do evangelho; ele o buscou e encontrou. Ele tentou fazer de si mesmo,<br />

justo, pelas regras e desempenho, e fracassou. Pelo mesmo método,<br />

tentou mudar o outro, com resultados similares. Ele batizou crianças,<br />

pela trina imersão; ele administrou a Ceia do Senhor semanalmente, e<br />

"muitas coisas deste tipo", ele fez; mas elas não mudaram o coração;<br />

elas não concederam uma nova vida. Nunca o homem diria com mais<br />

veracidade: "Mas eu, dos meios, fiz meu motivo de orgulho". Ainda<br />

assim, com todas as medidas corretivas, com todos os rigores de uma<br />

autodisciplina, que ele trouxe para testemunhar sua própria vida, ele<br />

ainda sentia uma grande falta, um desejo insatisfeito. A necessidade<br />

foi suprida em seu pequeno santuário em Aldersgate. Ele foi, desde<br />

329


então, não mais um teorista. Ele provou experimentalmente a eficácia<br />

destes meios de renovação. Ele o testou, através dos testes mais<br />

severos possíveis a ele, seu poder, para satisfazer as mais profundas<br />

demandas de sua própria vida. Ele sentiu o poder de uma nova vida,<br />

concedida a ele em resposta da fé.<br />

Ele agora trabalhava, sob condições inteiramente novas.<br />

Quando ele provou a salvação evangélica, ele desistiu de fazer os<br />

homens melhores, através das regras, e tentou o evangelho, e o<br />

considerou tão efetivo neles, como em si mesmo. Ele disse: "O<br />

bêbado tornou-se sóbrio, o imoral, virtuoso". As casas, assim como as<br />

vidas, eram mudadas, quando a nova vida evangélica entrava nelas.<br />

As formas exteriores agora tinham um novo propósito a servir – ou<br />

seja, cultivar, e nutrir a vida que eles não puderam conceder. Dessas<br />

posições, ele nunca se separou. Esta é a grande lição da vida de<br />

<strong>Wesley</strong>.<br />

O problema da regeneração do mundo foi primeiro forjado,<br />

dentro da esfera de sua própria experiência. Depois de sua própria<br />

mudança, quando ele foi capaz de apreciar a sua cegueira e<br />

pecaminosidade anterior; e sua necessidade, ele foi capaz também de<br />

calcular as necessidades, a cegueira e a pecaminosidade dos outros.<br />

Abrir os olhos dos homens cegos, como ele mesmo; conduzi-los às<br />

fontes, onde ele mesmo se lavou, foi a Obra para a qual sua vida<br />

doravante foi consagrada, como essas páginas pretendem mostrar. Ele<br />

teve uma idéia distinta e clara do que cada homem necessitava. Não<br />

foi uma mudança de opinião, mas uma mudança de vida – uma nova<br />

vida. No seu ponto de vista, todos estavam espiritualmente mortos, até<br />

que eles receberam a salvação evangélica. A salvação, ele acreditava,<br />

era providenciada para todos; e oferecida a todos: cada um era capaz<br />

de recebê-la; e era obrigação de cada um, aceitá-la. Essas eram suas<br />

verdades fundamentais. Sobre essas, ele empregou força até o fim; e o<br />

mundo viu e se regozijou no seu fruto. Dessas mesmas verdades, o<br />

mundo precisa hoje, e precisará sempre, a cada sucessiva geração de<br />

homens sobre a face da terra.<br />

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