John Wesley: O Evangelista
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Rev.Richard<br />
Green<br />
<strong>John</strong><strong>Wesley</strong> ,<br />
o<br />
<strong>Evangelista</strong><br />
Copyright © 1993-2005. The <strong>Wesley</strong> Center for Applied Theology.<br />
Tradução: Izilda Bella<br />
1
PARTE I – A PREPARAÇÃO<br />
CAPÍTULO I<br />
Ancestrais em Epworth – Nascimento – Lar.<br />
O nome <strong>Wesley</strong> está inseparavelmente unido, por todo o<br />
futuro, com aquele daquela pequena cidade de Epworth, na ilha de<br />
Axholme, North Lincolnshire. [Axholme, ou Axelholme; em Saxão,<br />
Eaxelholme]. Agora, no entanto, é necessário passar da região<br />
nordeste da Inglaterra, para a sudeste. As pesquisas na história<br />
familiar, feitas, por ordem do primeiro Conde de Mornington, revelam<br />
o fato de que a família <strong>Wesley</strong> (Westley, Wellesley) teve sua origem<br />
situada em Wilswe, ou Welswe, perto de Wells (Poços), Somerset. A<br />
genealogia foi traçada muito atrás, em Guy, que era um Lorde feudal,<br />
por Athelstan, ano de 938. O tataraneto de Guy foi Walrond de<br />
Welswey, e o neto deste último, Roger de Wellesley. [Tem-se<br />
sugerido que essas variações obedecem estritamente às probabilidades<br />
etimológicas do caso. Wilswe, ou Welswe, significa o caminho da<br />
nascente (poço) -- Wils ou Wels, o genitivo contraído – e nós (we)<br />
(para weg) o nome assim modificado. Pode-se, então, inferir que a<br />
casa era sobre o caminho para a bem-conhecida fonte – talvez, uma<br />
das fontes das quais Wells tira seu nome. Na sexta geração, o nome<br />
muda para o familiar Wellesley (well = welle, e leye = land (terra) —<br />
nossa terra, quando quer dizer meadow (campina). Assim, nós não<br />
temos mais o caminho da fonte/poço (way of well), mas o lugar da<br />
fonte (land of the well), e nós podemos inferir, tanto da transferência<br />
para o estado em que a famosa fonte estava situada, quanto daquela do<br />
domínio familiar, agora incluindo a verdadeira localidade do poço. O<br />
ramo irlandês da família, depois de alternar os dois nomes familiares<br />
(mais estritamente sobrenomes, agora), eventualmente adotou<br />
"Wellesley", enquanto o outro, o ramo mais antigo, do qual a família<br />
2
Epworth descendia, adotou <strong>Wesley</strong> — de maneira variada, soletrada,<br />
Westley, Wesly, e <strong>Wesley</strong>. A linha familiar mais antiga de<br />
descendentes tornou-se Wellesley-<strong>Wesley</strong>. — [Veja Proceedings of<br />
the <strong>Wesley</strong> Historical Society, vol. I, p. 67.]<br />
Um dos ramos da família é traçado do Sir Richard de<br />
Wellesley, do qual o Marquês de Wellesley, Governador Geral da<br />
Índia, e seu irmão, Arthur, Duque de Wellingyon, descenderam. O<br />
irmão mais velho do Sir Richard, Walrond de Wellesley, segundo<br />
Barão Norragh, tornou-se a origem de outros ramos. Ele substituiu a<br />
família na propriedade, Wellesley Manor, co. Somerset. Seu filho<br />
Gerald, o terceiro Barão, por ter ofendido o rei Henrique IV, foi<br />
destituído de seu título. O filho e herdeiro de Gerald, Arthur, levou o<br />
nome de Westley; mas seu filho Hugh, que era cavaleiro, retomou o<br />
nome Wellesley. O neto do Sir Hugh, Walter, usou novamente o nome<br />
<strong>Wesley</strong> ou Westley. O filho de Walter, Sir Herbert <strong>Wesley</strong>, ou<br />
Westley, de Westleigh, co. Devon casou-se com Elizabeth, filha de<br />
Robert de Wellesley, de Dangan Castle, Irlanda, de maneira que em<br />
seu filho, Bartholomew, nascido em 1596, esses dois ramos de família<br />
foram unidos; seu pai representando a descendência original, e sua<br />
mãe, o ramo Wellesley daquela descendência. Conseqüentemente,<br />
deriva-se o ramo Epworth da família. Bartholomew casou-se com a<br />
filha de Sir Henry Colley, de Carbery Castle; e o filho deles, <strong>John</strong><br />
Westley, [Muitos detalhes interessantes a respeito de Bartholomew, e<br />
seu filho, <strong>John</strong> Westley, estão coletados em The Fathers of the <strong>Wesley</strong><br />
Family, de William Beal. 2nd ed. Londres, 1862; Memoirs of the<br />
<strong>Wesley</strong> Family, de Adam Clarke. 2nd ed. Dois volumes, Londres.<br />
Tegg; e as pesquisas subseqüentes de G. J. Stevenson, no Memorials<br />
of the <strong>Wesley</strong> Family. Londres, Partridge, 1876.], que se casou com a<br />
filha do célebre Puritano, <strong>John</strong> White, conhecido como o Patriarca de<br />
Dorchester, foi o pai de Samuel de Epworth, que foi o pai de <strong>Wesley</strong>.<br />
A mãe de <strong>Wesley</strong> era Susanna, filha do Rev. Samuel Annesley,<br />
segundo filho de Francis Annesley, Visconde de Valentia, cujo filho<br />
mais velho, Arthur, era Conde de Anglesea. A mãe de Susanna era<br />
filha do outro <strong>John</strong> White, um distinto Puritano, advogado, em<br />
3
Londres. Da vida anterior de Bartholomew Westley, muito pouco é<br />
conhecido. Nenhum registro familiar foi preservado, para nos<br />
informar onde ele nasceu, ou como seus primeiros dias foram<br />
passados. Mas fomos informados que ele foi enviado, ainda jovem<br />
para uma das Universidades; que ele era diligente nos estudos, que<br />
incluíam, Física e Teologia; e que como clérigo, ele se distinguia pela<br />
simplicidade de discurso, de maneira que não era um pregador popular<br />
para aqueles que buscavam mais por palavras adornadas do que por<br />
verdades importantes. [Calamy]. Ele viveu por algum tempo em<br />
Bridport, e, certamente pregou em Allington, um subúrbio daquela<br />
cidade [o púlpito que ele usou está ainda preservado na escola<br />
<strong>Wesley</strong>ana em Bridgport]; depois do que ele, conseguiu os benefícios<br />
de Charmouth e Catherston, vilarejos no sudoeste de Dorset, do qual<br />
foi expulso, até mesmo antes da passagem do Ato de Uniformidade,<br />
em 1662. Acredita-se que ele, então, tornou-se um pregador itinerante,<br />
em Bridport, Lyme, Charmouth, Netherbury, Beaminster, etc. Ele<br />
também praticava medicina, porque foi preparado, através de seu<br />
treinamento universitário. Ele residiu, por algum tempo, em<br />
Charmouth, até que o Ato Five Mile (1665] o expulsou. Seus últimos<br />
anos foram em reclusão, provavelmente em Lyme, onde ele transferiu<br />
suas terras para seu filho, então, vigário de Winterbourne-Whitchurch.<br />
Ele morreu por volta de oitenta e cinco anos, mas o exato momento e<br />
local de seu funeral eram, até recentemente, desconhecidos. Fomos<br />
informados que sua morte (que foi provavelmente apressada pela<br />
morte prematura de seu filho, <strong>John</strong> Westley) aconteceu em Lyme<br />
Regis, no ano de 1670; e que ele foi enterrado lá em 15 de Fevereiro<br />
daquele ano, "em um bonito cemitério da igreja, cercado pelo mar –<br />
quase dentro da vista de 'Whitechapel Rocks', e da moradia isolada,<br />
onde ele e seus paroquianos perseguidos se encontravam, durante os<br />
tempos turbulentos que se seguiram a Restauração". [Broadley, <strong>John</strong><br />
<strong>Wesley</strong> and his Dorset Forbears].<br />
O ato Five Mile, 1665, foi uma das leis penais inglesas que<br />
buscava obrigar à conformidade com a Igreja Estabelecida da<br />
Inglaterra. Ela proibia o clérigo de viver cinco milhas (8 Km) de uma<br />
paróquia, que eles haviam excomungado, exceto se eles jurassem<br />
4
nunca resistir ao rei, ou tentasse reformar o governo da Igreja ou do<br />
Estado.<br />
<strong>John</strong>, o filho de Bartholomew Westley, nasceu, talvez, em<br />
Bridport, por volta do ano de 1636. Sua primeira educação,<br />
provavelmente foi obtida na Escola de Gramática de Dorchester, mais<br />
tarde, ele entrou na New Hall, Oxford, onde ele teve um considerável<br />
progresso em Línguas Orientais. Ele conseguiu seu grau de Mestre, e,<br />
por conta de sua seriedade, habilidade e progresso, ganhou a atenção<br />
especial do Vice-Chanceler, Dr. <strong>John</strong> Owen, capelão de Cromwell. Ao<br />
deixar Oxford, ele se reuniu em uma igreja "associada", e foi<br />
designado como evangelista ou missionário, e pregou em Melcombe,<br />
Radipole, e outros lugares em Dorset. Ele nunca foi ordenado pelo<br />
bispo. Em 1658, tornou-se Vigário de Winterbourne-Whitchurch,<br />
sendo aprovado pelo "examinador" de Cromwell, e apontado para o<br />
benefício, pelos curadores. Logo depois, casou-se com a sobrinha de<br />
Thomas Fuller, filha de <strong>John</strong> White, que foi uma figura notável na<br />
Assembléia dos Clérigos, em Westminster. Westley deixou de lado a<br />
Liturgia, e introduziu a forma de adoração Presbiteriana, ou<br />
Independente. Uma conversa prolongada que teve com o Bispo de<br />
Bristol está registrada no Memorial Não-conformista, e lança muito<br />
esclarecimento, com respeito à posição, caráter e pontos de vista de<br />
Westley. Sua pregação foi o meio de converter os pecadores, onde<br />
exercesse seu ministério.<br />
Esses foram tempos amargos para o clero não-conformista; as<br />
questões foram maturando para o negro dia de Bartolomeu em 1662.<br />
Espiões e informantes estavam espalhados, e <strong>John</strong> Westley (ou<br />
<strong>Wesley</strong>, como ele algumas vezes assinava seu nome) foi uma vítima.<br />
Artigos levianos foram esboçados contra ele, e ele foi encarcerado por<br />
mais de cinco meses. Logo no início de 1662, ele também foi preso,<br />
quando saía da igreja, e depois de um tempo, solto novamente.<br />
Aconteceu em um mês, desde 24 de Agosto, quando ele e dois mil<br />
mais foram expulsos de suas igrejas e casas. Logo depois, seu filho<br />
Samuel nasceu. No início do ano, ele foi removido para Melcombe;<br />
mas logo saiu da cidade e uma multa de 20 libras foi imposta sobre<br />
5
sua senhoria, e cinco xelins, por semana, sobre si mesmo. Como um<br />
fugitivo, sem lar, ele visitou Ilminster, Bridgewater, e Taunton, onde<br />
pregou quase todos os dias, tratado com grande delicadeza pelos<br />
Presbiterianos, Independentes, e Batistas. Por algumas semanas, ele<br />
foi o cooperador entusiasta de Joseph Alleine. Pela generosidade de<br />
um desconhecido amigo, uma casa foi providenciada para ele e sua<br />
família em Preston, para a qual ele se mudou em 1663. Aqui, diversos<br />
de seus filhos nasceram. Ele ministrava, quando tinha oportunidade,<br />
em at Weymouth, e lugares na vizinhança, entretanto, logo depois de<br />
1664, ele foi impedido de pregar na vigência do Conventicle Act. Mas<br />
ele não foi totalmente silenciado; e começou a pregar em privativo,<br />
em Preston e alhures. Mais tarde, tornou-se pastor de um pequeno<br />
grupo, em Poole, com os quais continuou até sua morte, embora fosse<br />
diversas vezes capturado, e quatro vezes encarcerado. Em uma<br />
ocasião, ele foi obrigado a deixar sua esposa e família, e rebanho, e<br />
por um período considerável permaneceu escondido. Por fim, seus<br />
sofrimentos e privações, o declínio da religião espiritual, a perda de<br />
amigos, junto com a virulência crescente dos inimigos da religião, o<br />
subjugaram, e ele morreu com trinta e três ou trinta e quatro anos, por<br />
volta do ano de 1670.<br />
Ato Conventicle de 1664, Charles II, foi um Estatuto Inglês<br />
que proibia as assembléias religiosas de mais de cinco pessoas, sem o<br />
patrocínio da Igreja da Inglaterra. O objetivo desta lei, parte do projeto<br />
de Edward Hyde, primeiro Conde de Clarendon, era desencorajar o<br />
Não-conformismo, e fortalecer a posição da Igreja Estabelecida.<br />
Samuel <strong>Wesley</strong> nasceu em Winterbourne-Whirchurch, em<br />
Dezembro de 1662. [a seguinte entrada é tomada do velho registro<br />
paroquial – "1661 – Samuel Wesly, o filho de <strong>John</strong> Wesly, foi batizado<br />
em 17 de Dezembro]". Ele recebeu sua educação na Dorchester Free<br />
School, onde permaneceu até os seus quinze anos de idade. Com sua<br />
mãe viúva, naquela época muito pobre, ele foi enviado, através da<br />
delicadeza de amigos Dissidentes, para uma academia em Stepney, na<br />
esperança de que entrasse para o Ministério Dissidente. Aqui ele<br />
permaneceu dois anos, quando ele diz, que foi um diletante na poesia<br />
6
e partidarismo; e, encorajado por alguns dos ministros Dissidentes,<br />
escreveu "Tolas sátiras dobram a Igreja e Estado". Ele progrediu no<br />
aprendizado clássico, e teve a vantagem de atender ao ministério de<br />
Charnock, e outros ministérios populares do dia; ele uma vez ouviu "o<br />
amigo Bunyan".<br />
Comprometido a responder a algumas criticas severas, escritas<br />
contra os Dissidentes, ele matriculou-se em um curso de redação, que<br />
o levou a mudar seus pontos de vista, e, em conseqüência, a sua<br />
vinculação à Igreja Estabelecida. Encorajado pela oferta de uma bolsa<br />
de estudos de 10 libras, ele decidiu ir para Oxford. Assim sendo, ele<br />
partiu cedo uma manhã, "a pé" todo o caminho. Ele se inscreveu como<br />
um criado do Exeter College, sustentando-se por cinco anos, obteve<br />
seu grau, e mudou-se para Londres, onde foi ordenado diácono, em 7<br />
de Agosto de 1688. Ele obteve um curato, com uma renda de 18<br />
libras, e, mais tarde, uma capelaria a bordo de um navio-de-guerra,<br />
onde começou seu poema sobre A Vida de Cristo.<br />
Ele, então, obteve outro curato, e logo depois, casou-se, como<br />
foi falado acima, com Susanna, filha do Dr. Annesley, uma seguidora<br />
do clérigo Não-conformista, em cuja casa, ele com outros sinceros<br />
estudantes encontraram freqüentemente boas-vindas. Em 1691, ele foi<br />
designado para a paróquia de South Ormesby, com uma renda de 50<br />
libras e uma casa – "uma choupana simples composta de junco e<br />
barro". Aqui ele passou perto de seis dos melhores anos de sua vida, e<br />
escreveu algumas das mais qualificadas obras, e aqui cinco de seus<br />
filhos nasceram. Por volta do ano de 1696 ou 1697, ele se mudou com<br />
sua esposa e família para Epworth, onde o interesse especial da<br />
história familiar começa.<br />
Samuel <strong>Wesley</strong> era cuidadoso na observação de suas<br />
obrigações como sacerdote paroquiano; versado, sábio, devotado a seu<br />
livro e sua pena, um estudante apaixonado pela Escrituras, em suas<br />
Línguas originais, um escritor de grandes volumes, em prosa e verso;<br />
um homem ativo, atarefado, borbulhante; com sagacidade, e<br />
habilidade; um trabalhador vivaz e incansável, sabendo pouco do<br />
7
descanso, e nada da auto-indulgência – qualidades que foram, mais<br />
tarde, altamente desenvolvidas em seu filho. Seus talentos e erudição<br />
logo lhe trouxeram notoriedade, e ele se ocupou com os assuntos da<br />
Igreja, e pela compulsão, deu atenção aos assuntos de trabalho, para os<br />
quais ele não era especialmente adequado; isto conduzindo, algumas<br />
vezes, a uma não pequena interrupção do conforto familiar. Ele<br />
usualmente atendeu às reuniões de Convocação, mantendo tal<br />
atendimento como parte de sua obrigação. Isto ele executou com gasto<br />
de dinheiro que ele mal pode gastar para as necessidades de uma<br />
família tão grande, e a um preço do tempo, que era injurioso para sua<br />
paróquia. Mas foi um homem de integridade irrepreensível, de<br />
sensibilidade moral elevada, e muito firme em seu ater-se a princípio.<br />
Seus esforços com a pobreza, e suas dificuldades, em meio aos seus<br />
rudes paroquianos, junto com muitos fatos interessantes na história<br />
familiar, é contada com alguma minúcia em Life and Times of Samuel<br />
<strong>Wesley</strong>, de Tyerman.<br />
Dos ancestrais de Susana <strong>Wesley</strong>, seu biógrafo diz [A mãe dos<br />
<strong>Wesley</strong>s. Pelo Rev. Rev. <strong>John</strong> Kirk. 5th ed., Londres, Jarrold, 1868]<br />
que alguns deles, como vimos, poderiam vangloriar-se do sangue<br />
aristocrata, e ocasionalmente desfrutar de importantes posições em<br />
Commonwealth; enquanto outros podiam se regozijar de uma mais<br />
importante nobreza espiritual. Seu pai foi "Samuel, o filho de <strong>John</strong><br />
Anslye", provavelmente da paróquia de Haseley, em Warwickshire,<br />
em cuja paróquia, o jovem Annesley foi batizado em Março de 1620.<br />
Ele foi sério, desde seus primeiros anos de vida; diligente leitor das<br />
Escrituras Sagradas, e, durante seu curso colegial em Oxford, notável<br />
por seu temperamento e esforço. Em seu primeiro serviço eclesiástico,<br />
na paróquia de Cliffe, em Kent, seus paroquianos, mais aficionados da<br />
desordem e bebedeira do que da sobriedade e religião, o saudavam<br />
com "cuspe, facas, e pedras", e, muitas vezes, ameaçavam sua vida.<br />
"Usem-me como vocês desejarem", disse o corajoso jovem pároco:<br />
"Eu estou decidido a continuar com vocês, até que Deus tenha<br />
adequado vocês, através do meu ministério, para receberem melhor.<br />
Então, quando vocês estiverem assim preparados, eu os deixarei".<br />
Quando ele os deixou, foi em meio a lágrimas e gritos deles, e<br />
8
milhares de outros sinais de amor fraternal. Ele, mais tarde, tornou-se<br />
Vigário de Cripplegate, onde permaneceu, até que dividiu a sorte com<br />
seu camarada Não-conformista em 1662. Nos dez anos seguintes, ele<br />
parece viver na obscuridade, "seu Não-conformismo cria muitos<br />
problemas exteriores para ele, mas nenhuma inquietação interior".<br />
Beneficiado pela Declaração de Indulgência, em 1672, ele licenciou<br />
uma casa de pregação na Igreja Little St. Helen, Bishopsgate Street,<br />
onde reuniu uma igreja grande e notável, para a qual amorosamente<br />
ministrou por vinte e cinco anos. Ele foi abençoado com uma<br />
constituição forte."Os dias de 'neve rigorosa', e vento congelante, o<br />
encontravam em seu estúdio no alto da casa, com as janelas abertas e<br />
a grelha vazia". Ele era equilibrado, em todas as coisas; usava de<br />
nenhum estimulante, e podia suportar qualquer montante de ativo<br />
exercício e trabalho árduo, pregando duas, ou três vezes, todos os dias<br />
da semana, sem qualquer sensação de fraqueza.<br />
Ele morreu em 16 de Dezembro de 1696, e foi enterrado na<br />
Igreja de St. Leonard, Shoreditch. No seu sermão fúnebre, foi dito que<br />
"nele a Igreja perdeu um pilar, a nação, um lutador com Deus, o<br />
pobre, um benfeitor, seu povo, um fiel pastor, seus filhos, um terno<br />
pai, e o ministério, um exemplar colaborador".<br />
Durante sua residência em Cliffe, ele se casou com a filha de<br />
<strong>John</strong> White, "uma distinta advogada", uma Puritana desde sua<br />
juventude, muito decidida e ativa em seus princípios religiosos e nas<br />
controvérsias eclesiásticas daquele tempo. Ele foi membro da<br />
Assembléia dos Clérigos de Westminster. A Sra. Annesley, conforme<br />
se sabe, tinha um entendimento superior, uma sincera e consistente<br />
devoção. Ela não poupava esforços no se empenhar para promover o<br />
bem-estar religioso de numerosas crianças. Susanna foi a filha mais<br />
jovem, dentre as "duas dúzias", nascidas deste honrado casal. O Sr.<br />
Kirk julga que aquelas grandes qualidades de caráter, tão admiradas<br />
em Susana <strong>Wesley</strong>, foram herdadas de sua mãe, e que a ordenação da<br />
santa família na residência paroquial em Epworth foi uma imitação<br />
daquela que preponderava na casa do ministro Não-conformista, sob o<br />
cuidado da própria mãe de Susanna <strong>Wesley</strong>.<br />
9
Se existe alguma virtude em uma linhagem que combine saber,<br />
respeitabilidade, e santidade, de ambos os lados, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> pode<br />
certamente pretender uma nobreza verdadeira de descendência. Ele<br />
vem de um povo que tinha uma história mental e espiritual. É<br />
impossível marcar esses pormenores no registro familiar, sem ficar<br />
impressionado com a providência singular que trouxe junto, através de<br />
sucessivas gerações, os muitos elementos de caráter que eram<br />
necessários para alguém que fosse um agente preparado pela graça<br />
Divina, em tão grande obra, como aquela para o qual <strong>Wesley</strong> foi<br />
chamado. Seus ancestrais não eram ancestrais comuns; porque ele não<br />
era um homem comum. Ele herdou a tenacidade familiar e o<br />
temperamento devocional do Puritano. Um treinamento difícil que<br />
desenvolveu nele grandes poderes de persistência, a disciplina<br />
espiritual que o conduziu a tão profunda reverência pelas coisas<br />
sagradas, o ensino da pobreza que deu a ele uma consciência da<br />
independência da riqueza, e da superioridade de suas reivindicações,<br />
não eram desconhecidas por muitos de seus ancestrais. Além disto, a<br />
perseguição e sofrimento, por causa dos grandes princípios, que<br />
muitos deles suportaram, e incrustaram tão firmemente em suas<br />
mentes, ele compartilhou. Na cultura mental que deu tanta rapidez, no<br />
adquirir conhecimento, e no poder de retê-lo; no desenvolvimento das<br />
faculdades poéticas e musicais, que nesta família obtiveram tão alto<br />
grau de perfeição; e na facilidade de falar em público, que sucessivos<br />
indivíduos manifestaram, e que culminou nos extraordinários poderes<br />
de seu exemplo final – em todos esses, nós assinalamos características<br />
distintas que formaram as especiais qualificações de <strong>Wesley</strong> em sua<br />
notável carreira.<br />
O que se pode dizer de Susanna <strong>Wesley</strong>, ela que se encontra no<br />
mesmo nível das mais célebres mães que a história evoca? Nós<br />
aprendemos que ela, muito cedo, se devotou à leitura – primeiro, "dos<br />
bons livros", que ela reconheceu, como em meio às misericórdias de<br />
sua infância, e, então, uma aventura destemida, junto às águas<br />
turbulentas das controvérsias teológicas do dia, quando ela quase<br />
naufragou de sua fé, na rocha do Socianismo, do qual foi resgatada<br />
10
pelo "religioso ortodoxo", que, mais tarde, tornou-se seu marido. Por<br />
quais meios ela, educada entre os Dissidentes, foi conduzida a ligar-se<br />
à Igreja da Inglaterra, nós saberíamos, não tivesse o fogo que destruiu<br />
a casa pastoral de Epworth, também ocasionado um manuscrito<br />
contendo "um relato de toda transação, em que", diz ela, "eu inclui o<br />
principal da controvérsia entre os Dissidentes e a Igreja Estabelecida,<br />
até onde isto chegou ao meu conhecimento". Sua atitude no escrever é<br />
mostrada em suas excelentes cartas para seus filhos, e nos papéis<br />
preparados por ela, para uso na instrução deles. [Veja Stevenson's<br />
Memorials of the <strong>Wesley</strong> Family; The Proceedings of the <strong>Wesley</strong><br />
Historical Society, vol. I.; e Clarke's <strong>Wesley</strong> Family, vol. Ii., no qual<br />
aparece seu próprio relato de seu método de treinar seus filhos e<br />
governar sua casa, contida em uma carta para seu filho, <strong>John</strong>, datada<br />
de 24 de Julho de 1732]. Essas são dissertações sobre o Credo, os Dez<br />
Mandamentos, obediência à Lei de Deus, a Existência e as perfeições<br />
de Deus, e uma exposição dos princípios Revelados da Religião.<br />
Ela foi uma mulher admirável, de grande aperfeiçoamento de<br />
mente, e um forte e viril entendimento; uma esposa obediente, uma<br />
mãe exemplar, uma cristã fervorosa [Southey]. Sua perfeita<br />
administração de sua numerosa família, sua paciência constante em<br />
incomodar a miséria, sua coragem inflexível, em meio à preocupação<br />
e perigo, sua profunda preocupação com o bem-estar espiritual de seus<br />
paroquianos, sua devoção capaz, mas de certa forma, errático marido,<br />
"sua regularidade, firmeza de propósito, autoridade calma, e terna<br />
afeição" [Rigg], encontra ampla ilustração nas numerosas referências<br />
a ela que são encontradas nas várias memórias de <strong>Wesley</strong>, mais<br />
especificamente na Life do Rev. <strong>John</strong> Kirk. Mas é sua maravilhosa<br />
habilidade no treinamento de seus filhos, especialmente no seu<br />
relacionar-se com o futuro de seu ilustre filho, que pretende atenção<br />
aqui.<br />
Os filhos naquela casa paroquial estavam sujeitos a uma suave,<br />
terna e amorosa, se inflexível, regra. A Sra. <strong>Wesley</strong> teve infatigáveis<br />
dores com sua numerosa prole.<br />
11
Devemos banir todas as noções de aspereza, precipitação, ou<br />
irritabilidade de temperamento, nesta graciosa mulher. Calma, gentil,<br />
firme, e amorosamente, ela moldou o espírito plástico de cada filho.<br />
No observar as primeiras germinações da atividade inteligente, ela<br />
previamente usava de sua orientação gentil, sem esperar que o habito<br />
se formasse, e, então, com severidade o corrigia. A regra, se inflexível,<br />
não era imposta asperamente. Seu biógrafo diz: "Todos os seus<br />
comandos foram agradáveis como maçãs de ouro em cestas de prata".<br />
A guia e mestra daqueles pequeninos, e jovens em desenvolvimento,<br />
era sua melhor, mais amorosa, e amada amiga – uma sábia, doce, e<br />
piedosa mulher. Eles não foram deixados ao cuidado de servos<br />
ignorantes ou rabugentos, ou professores desinteressados. Ela, com a<br />
ajuda de seu marido, era a professora deles, até que, sob seus olhos, o<br />
mais velho fosse capaz de dar instrução ao mais jovem. Sua família<br />
era governada pela lei, e ela era a legisladora, mas a lei em sua boca<br />
era a lei da delicadeza. A instrução e treinamento de seus filhos foram<br />
conseqüência de seu próprio treinamento: sua disciplina seguiu sua<br />
própria autodisciplina. À luz dos costumes modernos, o tempo para<br />
recreação pode parecer ter sido curto, quando lembramos a regra pela<br />
qual ela regulou suas próprias horas de lazer, na tenra vida, para nunca<br />
gastar mais tempo em qualquer recreação em um dia, do que ela passa<br />
em obrigações religiosas, em particular. Não se trata de um<br />
regulamento tão mal, como pode parecer a primeira vista, porque ela<br />
separou, pelo menos, uma hora da manhã e uma à tarde, para tais<br />
obrigações. "O quarto das crianças, o pátio e terreno adjacente, no<br />
entanto, ocasionalmente se tornaram cenários de grande alegria e<br />
brincadeira". [Kirk].<br />
Foi nesta família, no dia 17 de um mês ensolarado de Junho, de<br />
1703, que a décima-primeira criança, e quarto filho, de dezenove<br />
crianças de Samuel e Susanna <strong>Wesley</strong>, nasceu na residência paroquial<br />
de Epworth; e algumas horas depois de seu nascimento, de tão fraco,<br />
foi batizado por seu pai. O bebê foi chamado <strong>John</strong> Benjamim, depois<br />
da morte de duas crianças, que respectivamente levavam esses nomes.<br />
["Eu ouvi dele (<strong>Wesley</strong>), que ele foi batizado pelo nome de <strong>John</strong><br />
Benjamim; que sua mãe enterrou dois filhos, um chamado <strong>John</strong> e<br />
12
outro Benjamim, e que ela uniu seus nomes nele. Mas ele nunca usou<br />
o segundo nome"]. Crowther's Methodist Memorial, 1810, p. 5. Isto<br />
está de acordo com a tradição familiar. O ultimo nome nunca foi<br />
usado, quer por <strong>Wesley</strong>, ou pela família. O pequeno "Jacky" teve o<br />
treinamento comum a todos os filhos daquela casa. Seu sono na<br />
infância era medido – Três horas de manhã, e três à tarde,<br />
gradualmente diminuído, até que ele não precisasse dormir durante o<br />
dia. No encerramento do seu primeiro ano, ele havia sido ensinado a<br />
"temer a vara", quer da punição ou da autoridade; e, se ele chorasse,<br />
faria isto "suavemente". Suas refeições eram estritamente reguladas,<br />
quanto ao tempo e quantidade, e ele foi ensinado, mais além, a comer<br />
tais coisas, que eram colocadas diante dele, nas três refeições diárias, e<br />
a não pedir nada entre as refeições. Tão logo pôde falar, foi-lhe<br />
ensinado a Oração do Senhor, que ele, então, repetia diariamente,<br />
manhã e noite. Ele foi instruído a falar e agir com propriedade, e<br />
nunca ser rude na palavra ou no comportamento, até mesmo, com os<br />
criados. Quando fosse chamar um irmão ou irmã, pelo nome, ele<br />
aprendeu a colocar o nome "irmão" ou "irmã", antes do nome próprio.<br />
Em seu quinto aniversário, ele como todos os outros, exceto Kezzie,<br />
aprendeu o alfabeto, e, imediatamente começou a ler as lições, no<br />
primeiro Capítulo em Gênesis. A comemoração deste aniversário era<br />
um evento notável na vida de cada criança, para o qual as devidas<br />
preparações eram feitas. "Tão logo o aniversário com suas simples<br />
festividades regularmente terminavam, o aprendizado começava de<br />
fato. No dia anterior, o novo aluno tomava seu lugar formal na salade-aula,<br />
'a casa era colocada em ordem, cada tarefa designada, e um<br />
aviso era dado de que ninguém deveria entrar na sala, das nove ao<br />
meio-dia, ou das duas às cinco da tarde. A tarefa distribuída daquelas<br />
horas era para que o novo aluno adquirisse uma mestria perfeita do<br />
alfabeto; e em todos os casos, salvo dois, o horário da tarde viu os<br />
filhos da Sra. <strong>Wesley</strong> em completa posse dos elementos de todo o<br />
aprendizado futuro". [Kirk's The Mother of the <strong>Wesley</strong>s, p. 145.]<br />
De manhã e à tarde, ele se reunia para cantar Salmos com o<br />
qual a escola começava e se encerrava; e, de acordo com a regra da<br />
casa, uma de suas irmãs mais velhas, provavelmente Kezzie, que era<br />
13
apaixonadamente afeiçoada ao garoto, lia para ele o Salmo para o dia,<br />
e um capítulo na Bíblia. Muitos têm se maravilhado em como a Sra.<br />
<strong>Wesley</strong> pôde ter sucesso em inculcar todas essas lições. Ela os<br />
ensinou. Não era dito às crianças o que fazer, e, então, a lição era<br />
inculcada a força. Ela mais do que qualquer uma tinha amor a cada<br />
filho, e gentil e amavelmente conduzia cada um no caminho do dever.<br />
As crianças aprenderam a refletir com ela a importância e a razão do<br />
dever. Em tempo algum, nós ouvimos de algum deles uma palavra de<br />
queixa, fosse contra a restrição demasiada, ou da rebeldia contra o<br />
jugo carregado na juventude. Nas mais humildes confissões de<br />
<strong>Wesley</strong>, ele nunca menciona alguma semelhança à desobediência em<br />
sua infância; não, ele observou seus primeiros anos, como sendo os<br />
melhores. Alguns padrões desta disciplina reaparecem, quando<br />
<strong>Wesley</strong> estabelece sua escola em Kingswood.<br />
Por alguns anos, os assuntos transcorreram muito bem. "Nunca<br />
as crianças estiveram em melhores condições", escreveu a feliz mãe,<br />
regozijando-se do sucesso de seus esforços; "nunca as crianças<br />
estiveram mais bem dispostas à piedade, ou em mais sujeição aos seus<br />
pais". Mas a pacífica correnteza desta história familiar foi destinada a<br />
ser mais rudemente estremecida. A fidelidade do Reitor em censurar<br />
os pecados de seu povo, e sua atividade em promover a eleição de um<br />
candidato impopular para o Parlamento, talvez, acrescentados à inveja<br />
ignóbil da família deles, tão grandemente exaltada acima deles<br />
mesmos, excitou a ira de seus rudes paroquianos, e eles atiraram fogo<br />
na casa paroquial. <strong>John</strong>, pela misericordiosa providência, escapou:<br />
"Um tição arrancado do fogo", como ele mais tarde escreveu.<br />
A Sra. <strong>Wesley</strong>, em uma carta escrita logo depois do evento,<br />
diz: "... Quando entramos no corredor, e fomos cercados pelas<br />
chamas, o Sr. <strong>Wesley</strong> [pai] se certificou que tinha deixado as chaves<br />
das portas encima da escada. Ele correu e as recuperou um minuto<br />
antes que a escada pegasse fogo. Quando abrimos a porta da rua, o<br />
forte vento nordeste dirigiu as chamas com tal violência, que ninguém<br />
pôde permanecer contra elas. Mas algumas das nossas crianças<br />
atravessam as janelas, e o restante, pela pequena porta no jardim. Eu<br />
14
não estava em condição de subir até as janelas, nem poderia alcançar<br />
a porta do jardim. Eu tentei três vezes forçar minha passagem,<br />
através da porta da rua, mas fui freqüentemente jogada para trás,<br />
pela fúria das chamas. Nesta aflição, eu implorei ao nosso abençoado<br />
Salvador por ajuda, e, então, prossegui com dificuldade em meio ao<br />
fogo, desguarnecida como eu estava, o que não me causou mais dano,<br />
do que uma pequena queimadura em minhas mãos e face. Quando o<br />
Sr. <strong>Wesley</strong> viu as outras crianças a salvo, ele ouviu uma criança no<br />
quarto chorar. Ele tentou subir as escadas, mas elas estavam em<br />
chamas, e não suportariam seu peso. Certificando-se que era<br />
impossível dar alguma ajuda, ele caiu de joelhos no granizo rústico, e<br />
recomendou a alma do filho a Deus".<br />
<strong>Wesley</strong>, em um período mais tarde suplementa este relato. Ele<br />
diz: "Eu acredito que foi no exato momento que eu acordei; porque eu<br />
não chorei como eles imaginaram, exceto mais tarde. Eu me lembro<br />
de todas as circunstâncias, tão distintamente, como se tivessem<br />
acontecido ontem. Ao ver que a sala tinha muita luz, eu chamei a<br />
criada para me pegar. Mas, como ninguém respondeu, eu coloquei<br />
minha cabeça para fora das cortinas, e vi as labaredas de fogo no<br />
alto da sala. Eu corri em direção à porta, mas não pude chegar mais<br />
longe, todo o chão do outro lado estava em chamas. Eu, então, pulei<br />
em uma caixa que estava perto da janela. Alguém no pátio me viu, e<br />
se propôs a buscar uma escada. Um outro [Sr. Rhodes --{Seu neto,<br />
um capitão aposentado em Wellington, New Zealand, preservou a<br />
tradição do nome}] respondeu: 'Não existe tempo, mas eu pensei em<br />
um outro expediente. Aqui, eu me fixarei contra a parede; levantarei<br />
um homem leve, e o colocarei em meus ombros'".<br />
"Eles assim fizeram, e ele me pegou na janela. Exatamente<br />
quando todo o telhado caiu; mas no interior da casa, ou teríamos<br />
todos sido esmagados imediatamente. Quando eles me trouxeram<br />
para dentro da casa onde meu pai estava, ele gritou: 'Venham, meus<br />
vizinhos, vamos nos ajoelhar, e dar glórias a Deus, Ele ter me dado<br />
meus oito filhos; que a casa desabe, eu já sou rico o suficiente'. No<br />
dia seguinte, quando ele estava caminhando no jardim e<br />
15
inspecionando as ruínas da casa, ele pegou parte de uma folha de sua<br />
Bíblia poliglota, em que justamente estavam escritas essas palavras<br />
legíveis: Vade; yende omnia quae habes, et attolle crucem, et sequere<br />
Me. 'Vá, vende tudo que tens; toma a tua cruz, e siga-Me'". [Works,<br />
xiii. 475-6].<br />
Mais recentemente, uma outra relíquia do fogo foi descoberta.<br />
No ano de 1832, o então Reitor, ao tentar alterar a aparência do<br />
jardim, deixou um montículo de terra para que fosse removida.<br />
Debaixo do solo foi encontrada uma quantidade de entulho, e, nele, no<br />
que pareceu ser os pés de uma velha escadaria, um pequeno quarto de<br />
Bíblica foi descoberto, encadernada em fortes papéis cartolina, e<br />
coberta com um couro denso. Ela estava muito descolorada pela água<br />
e chamuscada pelo fogo. Foi permitido ao homem que removeu o solo<br />
levar o livro embora. Mais tarde, ele foi vendido pelo seu filho a um<br />
cavalheiro, que presenteou o Didsbury College, com ele, onde está<br />
cuidadosamente preservado com os documentos comprobatórios.<br />
Ao fazer um relato do fogo para o Rev. Mr. Hoole, o Sr.<br />
<strong>Wesley</strong> assim escreve: "Embora o Sr. <strong>Wesley</strong> [pai] e eu e sete<br />
crianças pequenas estivéssemos todos desguarnecidos e expostos à<br />
inclemência do ar, em uma noite que estava tão severamente fria,<br />
como talvez, qualquer um pode se lembrar, e embora tenhamos diante<br />
dos olhos o melancólico panorama de nossa casa e bens consumidos<br />
pelas chamas, nem soubéssemos para onde ir, nem o que fazer com os<br />
pequeninos que agora choravam, tanto com o frio, e porque a neve<br />
cortava seus pés nus, como eles tinham feito antes, quanto pelo medo<br />
do fogo, ainda assim, nossas mentes estavam afetadas, tão<br />
profundamente, com a bondade de Deus, em nos preservar e a vida<br />
de nossas crianças, que, por um tempo, não refletimos sobre a<br />
condição a que ficamos reduzidos, nem o fato de não termos casa,<br />
dinheiro, alimento, ou vestimenta, nos afetou muito".<br />
Quarenta anos depois deste evento, <strong>Wesley</strong> escreve: "Nós<br />
tivemos uma confortável noite de vigília na capela. Por volta das onze<br />
horas, veio à minha mente que este era o mesmo dia e hora em que, a<br />
16
quarenta anos atrás, eu fui arrancado das chamas. Eu parei e deu um<br />
breve relato daquela maravilhosa providência. A voz do louvor e ação<br />
de graças, se ergueram ao alto, e grande foi nosso regozijo diante do<br />
Senhor". [Diário, 9 de Fevereiro, 1750].<br />
A dispersão dos filhos durante a construção da nova reitoria,<br />
infelizmente os deixou em plena liberdade para conversar com os<br />
criados, do qual antes eles tinham sido restringidos; e correr pelas<br />
redondezas e brincar com qualquer criança boa ou má. O efeito foi que<br />
"aquele comportamento civilizado que os fez admirados, quando em<br />
casa, por todos que os viram, foi, em grande medida, perdido, e um<br />
sotaque grosseiro e muitas maneiras rudes foram aprendidas, o que<br />
não foi reformado, sem alguma dificuldade". Assim escreveu a<br />
cuidadosa mãe, mas ela se colocou resoluta na tarefa de corrigir o<br />
prejuízo.<br />
<strong>John</strong> estava com seis anos, e, portanto, estaria menos capaz de<br />
suportar o mesmo que alguns de seus irmãos mais velhos. Ele foi<br />
recebido na casa de um clérigo vizinho, com quem ele permaneceu<br />
doze meses, durante a construção da casa paroquial, e, por esta<br />
família, ele nutriu uma afeição muito forte. O cuidado de sua mãe foi,<br />
mas tarde, especialmente em direção a ele. Em uma solene meditação,<br />
ela escreveu: "Eu gostaria de oferecer a Ti, eu mesma e tudo que tu<br />
tens me dado; e decidi – Ó, dê-me graça para fazer isto – que para o<br />
resto de minha vida, eu me devotarei a Teu serviço. E eu pretendo ser<br />
mais especificamente cuidadosa com a alma desta criança que Tu tão<br />
misericordiosamente me proporcionou, do que eu tenho sido, até<br />
então; de maneira que eu me esforçarei para instilar em sua mente os<br />
princípios de Tua verdadeira religião e virtude. Senhor, dá-me graça<br />
para fazer isto sincera e prudentemente, e abençoa minhas tentativas<br />
com bom sucesso!". [Moore, i. 116]. "Ninguém pode, sem renunciar<br />
ao mundo, no sentido mais literal, observar meu método", ela<br />
escreveu, "e existem poucos, se algum, que inteiramente devotaria<br />
vinte anos do vigor da vida, na esperança de salvar as almas dos<br />
filhos, já que eles acreditam que elas podem sem salvos, sem muito<br />
alvoroço – porque esta foi minha principal intenção, mesmo que<br />
17
manejada de maneira inábil". [Carta da Sra. <strong>Wesley</strong> — Veja --<br />
Overton, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, p. 5.]<br />
Em adição aos ensinos da Sala de Aula, cada criança, em<br />
turnos, uma vez por semana, conversava privativamente, quando os<br />
princípios religiosos eram mais minuciosamente instilados, e as<br />
obrigações religiosas, mas intimamente pressionada, em casa. O dia de<br />
Jacky era quinta-feira, e anos mais tarde, ele escreve para sua mãe: "Se<br />
você puder me reservar apenas pequena parte da quinta-feira, à<br />
tarde, que eu anteriormente me concedi de uma outra maneira, eu não<br />
duvido que seria tão útil agora para corrigir meu coração, quanto foi,<br />
então, para formar meu juízo".<br />
As condições da vida naquela reitoria de Lincolnshire eram<br />
altamente favoráveis para o crescimento da bondade de caráter.<br />
Autodomínio, autodisciplina e abnegação eram diariamente<br />
praticados. Cuidado reverencial pelas coisas sagradas, com firme fé na<br />
palavra Divina, e obediência resoluta a ela, foram habitualmente<br />
exibidos. Nós ouvimos pouco da alta cultura na vizinhança, mas<br />
dentro daqueles muros do jardim, virtudes simples floresceram, e<br />
erudição e alegria e amor, abundaram. "Haveria poucos vizinhos com<br />
os quais os <strong>Wesley</strong>s teriam associação em condições de igualdade;<br />
eles, portanto, seriam deixados muito mais aos seus próprios<br />
recursos. Mas, como toda família – pai, mãe, e todos os irmãos e<br />
irmãs – estavam acima da média, com respeito às habilidades e<br />
talentos, não seria detrimento para a cultura intelectual de <strong>John</strong><br />
<strong>Wesley</strong>, enquanto ao mesmo tempo, o alicerce daquela simplicidade,<br />
inocência, e altruísmo, fosse colocado, o que foi uma de suas<br />
características mais fortemente marcadas, durante toda a sua vida.<br />
Seus primeiros treinamentos em casa também combinaram a<br />
vantagem dupla de dar a ele a cultura e refinamento de um perfeito<br />
cavalheiro, e a firmeza e poder para suportar a privação. Porque, das<br />
circunstâncias em que não é necessário entrar, os <strong>Wesley</strong>s estavam<br />
sempre pobres, algumas vezes mesmo, no limite da destituição".<br />
[Overton]<br />
18
Em meio a essas circunstâncias favoráveis, o jovem <strong>Wesley</strong><br />
cresceu. Quem, então, eram seus companheiros diários? Seu irmão<br />
Samuel deixou a casa, quando <strong>John</strong> tinha apenas um ano de idade;<br />
Martha tinha três anos, e Charles, dois, quando por ocasião do<br />
incêndio. Ele usufruía, portanto, da companhia de suas irmãs mais<br />
velhas. Mas que irmãs! Emília, com dezessete anos – intelectual,<br />
estudiosa, sábia; bonita na aparência, virtuosa, graciosa, tendo um<br />
gosto especial para poesia e música, e afeiçoada apaixonadamente a<br />
<strong>John</strong>. Susanna, afável, brincalhona, e um pouco romântica, com uma<br />
mente naturalmente forte e vivaz, e bem refinada por uma boa<br />
educação. Mary, de certa forma, feia de corpo, mas com um rosto que<br />
era excessivamente bonito, um justo e legível indicador para uma<br />
mente e disposição quase angélica – bem informada e naturalmente<br />
refinada, humilde, prestativa, e amável, ela foi a favorita e deleite de<br />
toda a família. [Clarke.] Hetty, tinha seis anos mais que <strong>John</strong>; Anne<br />
(Nancy) era sete anos mais velha. A última herdou todas as<br />
excelências, social, moral e espiritual, que caracterizaram a família;<br />
era seu deleite sentar-se na sala de sua mãe, depois das aulas, para<br />
ouvi-la falar, ou suas observações sobre coisas ou livros. Ela também<br />
era apaixonadamente ligada a <strong>John</strong>. Este era o estado da família<br />
naquele tempo do incêndio, e <strong>John</strong> tinha cinco anos mais para passar<br />
naquela casa, antes que fosse removido para a escola.<br />
"Alguém retrata <strong>John</strong> em Epworth, como uma criança distinta<br />
e serena, sempre querendo saber a razão de tudo, alguém de um<br />
grupo de crianças notáveis, cada uma delas, com uma forte<br />
individualidade, e um espírito altíssimo, mas todas mantidas bem á<br />
mão por sua admirável mãe; todas meticulosas, e, preferivelmente,<br />
formais, segundo a moda do tempo, em suas linguagens e hábitos".<br />
[Overton]. Existem dois incidentes de sua vida no lar, registrados.<br />
<strong>John</strong> pensou profundamente a respeito de todo assunto, e se sentiu<br />
respondível, de acordo com sua razão e consciência, em todas as<br />
coisas que ele fez; em nenhuma delas, a paixão ou apetite natural<br />
pareceu ter qualquer influência peculiar. "O sr. <strong>Wesley</strong> disse-me", diz<br />
Dr. Adam Clarke [Memoirs of the <strong>Wesley</strong> Family], "que quando ele<br />
era criança, e lhe era pedido, a qualquer tempo, fora do horário<br />
19
comum das refeições, para pegar, por exemplo, um pedaço de pão e<br />
manteiga, fruta, etc. ele respondia, com uma fria tranqüilidade:<br />
'Obrigado, eu pensarei nisto'". Ele nem tocaria, nem faria alguma<br />
coisa, até que tivesse refletido sobre sua conveniência e adequação.<br />
Esta sujeição de sua mente para a reflexão profunda, que, para aqueles<br />
que não estavam familiarizados com ele, teria parecido hesitação,<br />
algumas vezes, deixavam a família perplexa. Em uma ocasião, seu pai<br />
disse, mal humorado, à Sra. <strong>Wesley</strong>: "Eu admito, querida, eu penso<br />
que nosso Jack não atenderia as necessidades mais prementes da<br />
natureza, exceto se ele visse uma razão para isto". "Filho", disse seu<br />
pai a ele, quando ele era jovem, "você pensa em levar alguma coisa,<br />
por meio de argumento; mas você se certificará quão pouco é feito,<br />
alguma vez, no mudo, através da razão cuidadosa". Ao recordar isto,<br />
<strong>Wesley</strong> acrescenta: "Muito pouco, de fato". Atacado por varíola,<br />
quando entre oito e nove anos de idade, ele leva a aflição com<br />
paciência e coragem. Em uma carta a seu marido, a Sra. <strong>Wesley</strong> diz:<br />
"Jack tem suportado sua enfermidade, bravamente, como um homem,<br />
e, na verdade, como um cristão, sem queixa". Com esses poucos fatos<br />
em vista, dificilmente irá surpreender que sua conduta fosse tal que<br />
seu pai o admitiu na mesa do Senhor, quando ele tinha apenas oito<br />
anos de idade. [Diário, 27 de Maio, 1728].<br />
Com respeito a si mesmo, nesta época, ele, alguns anos mais<br />
tarde, escreveu: "Eu acredito que até por volta de dez anos, eu não<br />
tivesse pecado, com a lavagem do Espírito Santo que me foi dado em<br />
batismo" – tais eram seus pontos de vista, naquele tempo,<br />
"estritamente educado, e cuidadosamente ensinado que apenas eu<br />
poderia ser salvo, pela obediência universal, mantendo todos os<br />
mandamentos de Deus; em cujo propósito eu fui diligentemente<br />
instruído. Todas essas instruções, até onde elas dizem respeito às<br />
obrigações exteriores e pecados, eu alegremente recebi, e<br />
freqüentemente considerei".<br />
CAPÍTULO II<br />
20
Londres e Oxford: Escola e Vida Colegial<br />
O jovem <strong>Wesley</strong> passaria agora por circunstâncias<br />
completamente diferentes de tudo, que tinha sido familiar, até aqui.<br />
Aos seus onze anos, ele entrou na Charterhouse, Londres, com bolsa<br />
básica (juntamente com cerca de quarenta, a sessenta "garotos<br />
urbanos"), sobre a indicação do Duque de Buckingham, que<br />
freqüentemente favorecia a família <strong>Wesley</strong>. Do isolamento de sua<br />
casa rural para o centro de uma grande cidade, e da companhia de<br />
irmãs para a companhia de centenas de jovens de várias idades,<br />
disposições, caráter, e educação, foi uma mudança muito grande, e<br />
deve ter provocado um choque para este espírito delicadamente<br />
sensível e suscetível, por mais que isto fosse abrandado com o modo<br />
de vida preparatório na Reitoria. Com respeito ao caráter, ele foi<br />
preparado para ficar na presença de qualquer um deles, e,<br />
provavelmente poucos, se algum, suportaram disciplina tão severa<br />
quanto ele – uma disciplina que não era uma restrição da qual, na<br />
inquietação da juventude, ele desejasse ser livre, mas um hábito de<br />
vida que tinha a aprovação de sua jovem consciência e juízo. Tudo<br />
que podemos saber dele, durante sua estada em Charterhouse, aponta<br />
para o comportamento diligente e bom. Sua prévia disciplina mental,<br />
seus hábitos enraizados de ordem, regularidade, e obediência, o<br />
preparariam bem para a rotina e restrições da vida escolar. Ela agora<br />
teria suas primeiras lições metódicas, uma vez reveladas pela rigidez<br />
com que ele seguiu o conselho de seu pai, ao correr em volta do<br />
jardim de Charterhouse, três vezes, toda manhã – numa distância de<br />
cerca de uma milha – para o benefício de sua saúde. Southey diz que<br />
devido sua quietude, regularidade, e aplicação, ele se tornou um<br />
favorito com o mestre, Dr. Walker; e acrescenta que <strong>Wesley</strong> parece<br />
nunca ter olhado para trás, para os dias que se foram, com melancolia;<br />
tristezas mundanas deste tipo não encontrariam lugar em alguém que<br />
estava continuamente seguindo adiante em seu objetivo.<br />
Por mais que <strong>Wesley</strong> estivesse acostumado à privação, ele não<br />
poderia deixar de suportar dolorosamente: do fato dos garotos mais<br />
velhos tirarem dos mais jovens suas porções de alimento, de maneira<br />
21
que durante grande parte de sua residência ele passou principalmente<br />
com pão seco. Em dias vindouros, ele imputou sua vigorosa saúde,<br />
parcialmente a este fato. "Dos dez aos quatorze anos", ele diz, "eu tive<br />
pouco, a não ser pão para comer, e não grande quantidade deste. Eu<br />
acredito que isto, muito longe de me prejudicar, estabeleceu os<br />
alicerces da saúde eterna".<br />
A história seguinte, antecipatória do poder sobre multidões que<br />
<strong>Wesley</strong>, no futuro, exercitou, foi relatada por seu irmão, Charles a sua<br />
filha, Srta. Sarah <strong>Wesley</strong>, que a inseriu em uma carta ao Dr. Adam<br />
Clarke. "Quando <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> era um garotinho na Charterhouse<br />
School, o mestre, sentindo falta de todos os garotinhos do playground,<br />
supôs que eles, pela quietude, estivessem em alguma travessura. Ao<br />
procurá-los, ele os encontrou reunidos na sala de aula, em volta de<br />
meu tio, que os divertia com contos instrutivos, aos quais eles ouviam<br />
atentamente, preferivelmente a seguirem seus esportes costumeiros. O<br />
mestre expressou muita aprovação, e pediu que ele repetisse este<br />
passatempo, tão freqüentemente quanto pudesse obter ouvintes e a<br />
assim empregar bem seu tempo".<br />
Quanto ao seu progresso em aprender, o testemunho de seu<br />
irmão Samuel, então um professor assistente na Westminster School,<br />
que manteve cuidadosa observação sobre seu irmão mais novo, é<br />
conclusiva. Ele diz em uma carta a seu pai: "Meu irmão Jack, eu<br />
posso assegurar-lhe fielmente, não lhe dá motivo de<br />
desencorajamento, em fazer de seu terceiro filho (Charles), um<br />
estudioso"; e novamente, "Jack está comigo, e um bravo garoto,<br />
aprende Hebreu tão rápido quanto ele pode".<br />
Alguma referência deve ser feita aqui a alguns fenômenos<br />
muito curiosos e inexplicáveis, que ocorreram na casa em Epworth,<br />
durante os meses de Dezembro de 1716, e Janeiro de 1717. Várias<br />
vozes estranhas foram ouvidas, e sinais testemunhados, em diferentes<br />
partes da casa, para os quais nenhuma explicação razoável se<br />
apresentou – a crença geral da família sendo de que se tratou de algo<br />
de origem sobrenatural. Mas <strong>John</strong> estava fora, e nosso interesse neles<br />
22
está confinado somente à influência da família sobre sua mente. Não é<br />
improvável que ao inquirir sobre estes estranhos eventos, fez crescer<br />
nele uma persuasão da realidade do fenômeno sobrenatural, crença na<br />
qual, ele declarou tão freqüentemente, mais tarde. "O próprio fato de<br />
que ele não testemunhou o fenômeno pode ter aprofundado o efeito<br />
deles sobre ele – O tipo de efeito sobre sua mente é ilustrado pelo que<br />
ele causou sobre sua irmã Emily, que se diz, com a ingênua resolução<br />
dos dezoito, 'inclinada à infidelidade', que no momento daquelas<br />
vozes, e devido a elas, reivindicou uma crença no mundo espiritual ---<br />
Uma série de inexplicáveis fenômenos, interessantes e inexpressíveis<br />
como fossem, forneceram à sua mente um suprimento de lembranças<br />
firmemente enraizadas no sobrenatural, que justificou ele acrescentar<br />
livremente inúmeras instâncias análogas de atividade sobre-humana,<br />
sem investigação".<br />
Os mais completos relatos foram, mais tarde, reunidos pelo Sr.<br />
Samuel <strong>Wesley</strong>, e subseqüentemente publicados pelo Dr. Priestley que<br />
acredita que o mais provável, é que tenha sido uma travessura dos<br />
criados, ajudados por alguns de seus vizinhos. Em resposta a isto,<br />
Southey diz: "Pode-se seguramente afirmar que muitas das<br />
circunstâncias não podem ser explicadas por alguma tal suposição,<br />
nem por algum truque, nem por ventriloquismo, nem por algum efeito<br />
de acústica. Na presente instância, não se supõe nenhuma<br />
manifestação do poder Divino mais do que na aparição de um espírito<br />
desencarnado. Tais coisas podem ser sobrenaturais, e, ainda assim,<br />
não serem miraculosas; elas podem não estar no curso comum da<br />
natureza, e, ainda assim, não implicar alteração de suas leis". Quatro<br />
anos mais tarde, ao ir para Epworth, <strong>Wesley</strong> inquiriu cuidadosamente<br />
sobre alguns pormenores, falando com cada uma das pessoas que<br />
estavam, então, na casa, e anotando o que cada um pudesse testificar<br />
de seu conhecimento. Este relato, ele publicou, mais tarde, sem<br />
comentário.<br />
Depois de uma cuidadosa análise e comparação, ambos dos<br />
registros contemporâneos e subseqüentes daquele fenômeno notável, o<br />
autor de Espiritualismo Moderno, diz: 'O caso de <strong>Wesley</strong> indica muito<br />
23
claramente que a principal razão para o aparentemente inexplicável<br />
elemento nestas narrativas é a falta de evidência. Quando temos<br />
apenas relatos escritos, de segunda-mão, meses ou anos depois dos<br />
eventos, ou relatos de pessoas rudes ou irresponsáveis, nós<br />
encontramos abundância de incidentes incríveis; quando, como aqui,<br />
temos quase relatos contemporâneos, à primeira mão, de testemunhas<br />
equilibradas, a afirmação do maravilhoso é reduzida ao mínimo. Mas<br />
o padrão peculiarmente instrutivo do caso de <strong>Wesley</strong> é que nós<br />
podemos ver como o testemunho, enquanto nas primeiras cartas eles<br />
narram de suas próprias experiências pessoais, apenas<br />
comparativamente episódios simples e desinteressantes, eles permitem<br />
que suas imaginações adornem as experiências de outros membros de<br />
sua família; e que esses mesmos ornamentos sejam incorporados, nos<br />
relatos a primeira mão, acontecidos nove anos atrás, como itens<br />
genuínos da experiência pessoal". E ao buscar uma explicação dos<br />
registros, ele parece se prender a uma súplica mórbida pela<br />
notoriedade e excitamento da parte de Hetty <strong>Wesley</strong>, e nota que "as<br />
explicações adotadas pelos espectadores solidários repetem<br />
exatamente as crenças individuais e temperamento deles, ou as<br />
tradições correntes da região naquele tempo"; e acrescenta: "Na<br />
família de <strong>Wesley</strong>, como na maioria dos modernas insurreições, as<br />
perturbações supostamente indicavam um espírito de caráter<br />
duvidoso".<br />
Quanto ao estado moral de <strong>Wesley</strong>, naquele tempo, ele, mais<br />
adiante, escreveu: "Nos próximos seis ou sete anos, nós passamos na<br />
escola; onde com os impedimentos exteriores sendo removidos, eu<br />
estive muito mais negligente do que antes, até mesmo, com respeito às<br />
obrigações exteriores, e quase continuamente culpado de pecados<br />
exteriores, que eu sei serem tais, embora não fossem escandalosos aos<br />
olhos do mundo. No entanto, eu ainda lia as Escrituras, e orava, de<br />
manhã e a noite.. E que eu agora esperava ser poupado, de maneira<br />
a: (1) não ser tão mal como as outras pessoas; (2) ter ainda uma<br />
delicadeza pela religião; e (3) ler a Bíblia, ir à Igreja, e dizer minhas<br />
orações".<br />
24
Tyerman é ligeiro o suficiente para concluir disto, que <strong>Wesley</strong><br />
"entrou em Chaterhouse um santo, e a deixou um pecador". Ele é<br />
justamente repreendido pelas palavras mais prudentes de um estudante<br />
muito cuidadoso e vitalício do inteiro ciclo da história <strong>Wesley</strong>ana e<br />
Metodista, e quem está provavelmente mais familiarizado com os<br />
detalhes do quer algum homem vivente no presente momento -- Dr.<br />
James H. Rigg — que diz, referindo-se às palavras de <strong>Wesley</strong><br />
justamente citadas:<br />
"Tal é a sentença que <strong>Wesley</strong>, o mais inflexível dos juízos, em<br />
tal caso, declarou sobre seu próprio estado moral e religioso, quando<br />
estava em Charterhouse — uma sentença proferida, devemos lembrar,<br />
quando todos os julgamentos para casos como este, eram muito mais<br />
severos do que se tornaram, quando revisados, depois de muitos anos<br />
de experiência em sua vida".<br />
"Foi em 1738, que ele então escreveu de si mesmo. É claro que<br />
<strong>Wesley</strong> nunca perdeu, mesmo em Charterhouse, o respeito terno pela<br />
religião, o temor a Deus, e as formas da retidão cristã. Que ele não<br />
era, naquele tempo, convertido, não pode existir dúvida; mas, quando<br />
o Sr. Tyerman, com tal ênfase terrível, nos diz que ele chegou em<br />
Charterhouse uma criança 'santa', aos dez anos; e a deixou, 'um<br />
pecador', aos dezessete, ele usa a linguagem que pode dificilmente<br />
falhar em transmitir uma impressão completamente exagerada,<br />
quanto ao caráter das faltas e quedas morais e espirituais do<br />
garoto....".<br />
Isaac Taylor diz, com referência às privações e opressões que<br />
<strong>Wesley</strong> suportou na escola, que "ele aprendeu como um garoto a<br />
sofrer injustamente com pronta paciência, e a conformar-se com o<br />
cruel despotismo, sem adquirir o temperamento escravo, ou o<br />
déspota.... De minha parte, eu não posso ajudar ao pensar que não<br />
pouca graça estaria ainda operando na alma do bravo e paciente<br />
garoto, para capacitá-lo a conduzir-se, como ele fez. <strong>Wesley</strong><br />
carregava um coração, não apenas vivo e esperançoso, mas<br />
perdoador; não apenas flexível e vigoroso, mas paciente e generoso,<br />
25
ou ele não teria olhado para os dias passados, em Charterhouse, não<br />
apenas sem amargura, mas com prazer, e para usar a frase de<br />
Soythey, reteve tão grande predileção pelo lugar, que costumava<br />
caminhar anualmente, através dos cenários de seus anos escolares...<br />
De qualquer forma, não se trata de uma fraca evidência da poderosa<br />
influência restringente da religião, o fato de <strong>Wesley</strong> passar por tal<br />
provação, em sua residência de seis ou sete anos em Chartehouse,<br />
sem contrair alguma mancha de mau hábito".<br />
Com uma bolsa escolar de 40 libras por ano, obtida na<br />
Charterhouse, <strong>Wesley</strong> prosseguiu para Oxford, entrando na Christ<br />
Church, sem receber subvenção, em 23 de Julho de 1720. Ele foi<br />
precedido por seu irmão Samuel, seu pai, avô, bisavô e o pai de sua<br />
mãe.<br />
Ele agora se encontra em circunstâncias inteiramente novas.<br />
Até aqui, ele havia tido pouca experiência do mundo. Em casa, ele não<br />
estaria completamente ignorante do caráter rude, inculto, grosseiro de<br />
muitos paroquianos de Epworth. Mas esses criariam apenas<br />
sentimentos de desgosto e repugnância nele, assim como as<br />
lembranças de maldade da juventude, a qual ele foi introduzido em<br />
Charterhouse, por centena de jovens reunidos de tais lares que a época<br />
produzia; lares em que o cultivo da virtude certamente não seria, em<br />
geral, de alto nível. Este não foi um terreno favorável para o<br />
desenvolvimento do caráter moral elevado, em alguém disposto a<br />
concordar com suas influências; mas, quando a consciência e juízo do<br />
jovem <strong>Wesley</strong> tinham sido totalmente instruídos e disciplinados, ele<br />
provavelmente apenas se sentiu chocado e revoltado. Ele que não<br />
executaria os ofícios comuns da vida, sem a razão, do mesmo modo,<br />
não concordaria cegamente com os logros do mau procedimento. E<br />
quanto mais ele resistia ao mal, mais ele se fortalecia para resisti-lo<br />
mais adiante.<br />
Neste estágio de seu treinamento moral, e em uma idade muito<br />
suscetível, ele ingressou na Universidade -- "um jovem alegre, vivaz e<br />
virtuoso, cheio de bons conhecimentos clássicos, assim como algum<br />
26
de Hebraico". Triste, de fato, é o quadro da vida universitária, no<br />
século dezoito, como apresentado por nossos fidedignos historiadores.<br />
Se não fosse totalmente mau, e os piores relatos não garantissem tal<br />
suposição, embora a centelha de luz no quadro escuro fosse pouca,<br />
ainda assim, a Universidade refletia o espírito de uma época que,<br />
através de sua crueldade, indiferença e frivolidade – um uma palavra,<br />
sua completa mundanidade – era tão amplamente distinta da presente,<br />
tão orgulhosa de sua verdade, sua seriedade, sua energia, e seus altos e<br />
nobres objetivos. Inatividade, leviandade, embriaguez, lascívia,<br />
jogatina, eram comuns. Palavras trocadas com sua mãe,<br />
freqüentemente citadas, escritas um pouco mais tarde, no século,<br />
mostra o que esperava o calouro confiante. "Oxford", ele diz, "é um<br />
perfeito inferno na terra. Que chance existe lá para um pobre jovem,<br />
vindo da escola, com ninguém para vigiar e cuidar dele – nenhum<br />
guia? Eu freqüentemente vi meu tutor, sendo levado, perfeitamente<br />
intoxicado". Felizmente, <strong>Wesley</strong> não estava sem um guia. A verdade,<br />
é que não era visto, mas, não menos real. Seu coração estava muito<br />
firmemente seguro na mão de sua mãe, para que ele fosse facilmente<br />
arrastado para baixo. Tyerman não hesitou em fazer um panorama<br />
pessimista do estado religioso de <strong>Wesley</strong>, durante seus primeiros anos<br />
em Oxford. Mas Tyerman foi melhor no coletar fatos, do que em<br />
traçar inferências deles.<br />
Não existe absolutamente um sussurro de alguma delinqüência<br />
moral em <strong>Wesley</strong>. Ele não era preguiçoso, como seu progresso<br />
mostrou, ainda menos era um devasso, ou alguma coisa próxima a<br />
isto. Ele provavelmente caminhou no mais alto nível da vida em<br />
Oxford, muito acima do abismo da imoralidade que caracterizou<br />
muitos daqueles ao redor dele. Quanto à extravagância, ele não tinha<br />
meios de perder-se nisto, se ele estivesse disposto assim a fazê-lo,<br />
mesmo embora as 40 libras de sua bolsa fossem multiplicadas por<br />
quatro, como Overton sugere.<br />
A duração da residência de <strong>Wesley</strong> em Oxford pode ser<br />
separada em dois períodos distintos, da qual a linha divisória é sua<br />
eleição para Membro do Lincoln College, e sua mudança para lá. "Da<br />
27
primeira porção do último período, nossa informação é muito<br />
escassa, e somos levados a conjeturar a respeito. Assim, podemos<br />
estimar as influências, em meio às quais, ele seguiu seu caminho,<br />
podemos ter em mente a luz interior que nunca falhou nele, e marcar<br />
o progresso que ele fez, e a posição que alcançou. Mas pouco da<br />
correspondência do período tem sido preservada. Ele ainda não tinha<br />
adotado sua prática de cuidadosamente preservar todas as cartas que<br />
ele recebia. Foi em 1740, que ele 'passa dois dias em Oxford, olhando<br />
as cartas que recebera há dezesseis ou dezoito anos'".<br />
Um contemporâneo escreve assim dele, em 1724, quando<br />
estava com cerca de vinte e um anos de idade: "Ele parece um<br />
colegial muito sensível e sério, desconcertando a todos, com as<br />
sutilezas da lógica, e rindo deles por serem tão facilmente<br />
confundidos; um jovem do mais fino gosto clássico, dos sentimentos<br />
mais generosos e valorosos". Um dos primeiros biógrafos, o amigo de<br />
seus últimos dias, Rev. Henry Moore, diz: "Seu perfeito conhecimento<br />
dos clássicos deu um polimento agradável à sua inteligência, e um ar<br />
de superior elegância a todas as suas composições. Ele já começara a<br />
se entreter ocasionalmente escrevendo versos, embora a maioria de<br />
suas peças poéticas deste período fosse tanto cópias, quanto<br />
traduções do Latim. Algumas vezes neste ano, no entanto, ele<br />
escreveu uma cópia do octogésimo quinto salmos, que ele enviou ao<br />
seu pai, que disse: 'Eu gosto de seus versos, sobre o octogésimo<br />
quinto salmo, e gostaria que você não enterrasse seu talento'". Uma<br />
carta para seu irmão Samuel, neste período, freqüentemente citada,<br />
mostra uma vivacidade de estilo, na prosa e verso, enquanto uma frase<br />
revela o traço de tristeza: "As duas coisas que eu desejava mais do que<br />
tudo no mundo era ver minha mãe e Westminster novamente; e vê-las,<br />
juntas, estava tão além de minhas expectativas, que eu quase<br />
considerei isto próximo à impossibilidade. Eu tenho tão<br />
freqüentemente me desapontado, quando estou ávido por algum<br />
prazer, que eu nunca mais dependo de algo, antes que ele venha".<br />
No presente, ele está aparentemente sem qualquer propósito<br />
distinto na vida, e, embora exista toda razão para acreditar que ele seja<br />
28
estritamente moral, e livre de qualquer depravação de temperamento<br />
ou desejo, ainda assim, até ai, não existe indicação alguma<br />
proeminente, de uma séria determinação a alguma grande procura;<br />
nem existem evidências de alguma espiritualidade profunda de caráter.<br />
"Se a árvore deve ser julgada pelos seus frutos", diz Canon<br />
Overton, "os dias de <strong>Wesley</strong> em Charterhouse e Christ Church não<br />
teriam sido gastos em vão, porque ele carregou consigo, um montante<br />
de cultura mental, que se compararia favoravelmente com aquela de<br />
alguns dos melhores espécimes desses dias de incessantes provas. A<br />
cultura mental, no entanto, é uma coisa, o crescimento espiritual é<br />
outra. Existe abundância de traços, da primeira, mas nenhum, da<br />
última, entre o deixar Epworth e seu último ano em Christ Church".<br />
Embora suas remunerações sejam feitas tão claras quanto<br />
possíveis, ele parece ter estado em freqüentes dificuldades financeiras,<br />
para as quais ele recebia ajuda pela delicadeza de amigos, e pelos<br />
suprimentos intermitentes do suprimento escasso de casa. Ele não<br />
parece ter tido uma saúde vigorosa naqueles primeiros anos de sua<br />
carreira colegial. Tal saúde, quando teve, ele preservou, através da<br />
temperança; ele nos diz: "Quando eu cresci, em conseqüência de ler<br />
Dr. Cheyne, eu escolhi comer escassamente e beber água. Isto foi um<br />
outro grande meio de dar continuidade à minha saúde, até que eu<br />
tivesse cerca de vinte e sete anos". Ele cita este livro, em uma carta a<br />
sua mãe datada de 1º. de Novembro de 1724.<br />
Tal era <strong>Wesley</strong>, no alto de seus vinte e um anos. Ele assim fala<br />
de si mesmo: "Agora na Universidade, por cinco anos, eu ainda digo<br />
minhas orações, em público e privado, e leio, junto com as Escrituras,<br />
diversos livros de religião, especialmente os comentários sobre o<br />
Novo Testamento. Ainda assim, eu não tive tudo isto, enquanto não<br />
tive uma noção da santidade interior; mais ainda, prossegui<br />
habitualmente, e, na maior parte, muito contente, com um ou outro<br />
pecado conhecido – na verdade, com algumas interrupções e<br />
pequenos esforços, especialmente antes e depois da Comunhão Santa,<br />
que eu fui obrigado a receber três vezes por ano. Eu não posso dizer<br />
29
que eu esperava ser salvo por agora, quando eu continuamente<br />
pecava contra aquela pequena luz que eu tinha; exceto por aqueles<br />
ajustes transitórios, que muitos clérigos me ensinaram a chamar de<br />
arrependimento".<br />
Mas, melhores tempos estão se aproximando, e embora muitos<br />
anos expirem antes que <strong>Wesley</strong> consiga descanso e paz na alegria<br />
cristã, ainda assim, deste tempo em diante, e com acelerado ardor, ele<br />
busca a salvação que ele tinha em vista. Uma mudança muito graciosa<br />
em sua vida e caráter começa agora. Em direção ao encerramento de<br />
1724, com seus vinte e dois anos, pensa entrar para a ordem de<br />
diácono, um passo sobre o qual ele pondera muito cuidadosamente.<br />
Algumas dúvidas que surgem em sua mente, quanto aos motivos que o<br />
influenciariam a tomar as Ordens Santas, ele francamente apresenta a<br />
seu pai, que em resposta, datada de 26 de Janeiro de 1725, depois de<br />
conselhos diversos, acrescenta: "Mas a principal causa e motivo,<br />
para que tudo que está em primeiro possa ser apenas secundário,<br />
deve certamente ser a glória de Deus, e o serviço de Sua Igreja, na<br />
edificação de nosso próximo. E ai daquele, com alguma visão<br />
sedutora mais desprezível, que se aventure a tão sagrada obra".<br />
Então, menciona as qualificações necessárias, e acrescenta: "Você me<br />
pergunta, qual é o melhor comentário sobre a Bíblia. Eu respondo, a<br />
própria Bíblia. Porque as diversas paráfrases e traduções dela, em<br />
uma poliglota, comprada com a original, e com uma outra, são, na<br />
minha opinião, para um homem honesto, devoto, diligente, e humilde,<br />
infinitamente preferível a algum comentário que eu tenha visto. Mas<br />
Grotius é o melhor, na maior parte, especialmente, sobre o Velho<br />
Testamento". Mas sugere que achou muito cedo, ele aceitar as<br />
Ordenações.<br />
Sua mãe, no entanto, teve uma visão diferente. Escrevendo no<br />
decorrer do próximo mês, ela diz: "Quanto mais cedo, você se tornar<br />
um diácono, melhor, porque isto pode ser persuasão para uma<br />
aplicação maior no estudo da teologia prática, que, de todos os<br />
outros estudos, eu humildemente acredito ser o melhor para os<br />
candidatos às Ordenações". E prossegue: "A mudança de seu<br />
30
temperamento tem me ocasionado muita especulação. Eu, que sou<br />
apta a ser confiante, espero que isto possa proceder das operações do<br />
Espírito Santo de Deus, que, ao tirar seu deleite pelos prazeres<br />
mundanos, pode preparar e dispor sua mente para uma aplicação,<br />
mais séria e íntima, das coisas de uma natureza mais sublime e<br />
espiritual. Se for assim, feliz de você, se você nutrir essas disposições!<br />
E agora, com sinceridade, resolve fazer da religião o trabalho de sua<br />
vida, afinal, que é a única coisa, estritamente falando, necessária.<br />
Todas as coisas além são incomparavelmente pequenas para os<br />
propósitos da vida. Eu espero que você agora faça um auto-exame<br />
cuidadoso, para que possa saber, se você tem uma esperança razoável<br />
de salvação, através de Jesus Cristo. Se você tiver, a satisfação de<br />
saber disto irá recompensar abundantemente suas dores; se não tiver,<br />
você encontrará uma ocasião mais razoável para lágrimas do que<br />
poderia encontrar em uma tragédia".<br />
"Este assunto merece atenção de todos, mas, especialmente<br />
daqueles designados para o Ministério, que devem, acima de todas as<br />
coisas, fazer de seu próprio chamado e eleição certa, a fim de que,<br />
depois de ter pregado para outros, eles mesmos não possam ser<br />
lançados fora".<br />
Nada poderia movê-lo mais igualmente para a seriedade de<br />
propósito do que tais palavras da pena de sua afetuosamente amada, e<br />
sempre estimada mãe. Ele começa agora a aplicar-se com diligência<br />
ao estuda da teologia. Seu pai logo foi notificado de que ele tinha<br />
mudado de idéia, e estava inclinado a ser Ordenado naquele<br />
verão."Que Deus o prepare para sua grande obra! Jejue, vigie, ore;<br />
creia, ame, suporte, e seja feliz; para o que, você nunca lhe faltará as<br />
orações mais fervorosas de seu afetuoso pai".<br />
<strong>Wesley</strong>, mais tarde, escreveu: "Quando eu tinha cerca de vinte<br />
e dois anos, meu pai estimulou-me a entrar para as Ordenações<br />
Santas. Ao mesmo tempo, a providência de Deus dirigindo-me para o<br />
Padrão Cristão de Kempis, eu comecei a ver que a religião<br />
verdadeira estava situada no coração, e que a lei de Deus se estendia<br />
31
a todos os nossos pensamentos, assim como, palavras e ações. Eu<br />
fiquei, no entanto, muito aborrecido com Kempis por ser tão rigoroso,<br />
embora eu o lesse na tradução do Deão Stanhope. Ainda assim, eu<br />
tive frequentemente muito conforto em lê-lo, tal como se eu fosse um<br />
completo estranho, até então".<br />
As objeções de <strong>Wesley</strong> a Kempis referiram-se a dois pontos<br />
em específico, que ele assim expressa: "Eu não posso pensar que,<br />
quando Deus nos enviou ao mundo, ele tinha irreversivelmente<br />
decretado que nós seriamos perpetuamente miseráveis nele. Se nosso<br />
tomar nossa cruz implica em dar adeus a toda alegria e satisfação,<br />
como isto é reconciliável com o que Salomão afirma da religião, de<br />
que seus caminhos são prazerosos, e todas as suas veredas são paz?<br />
Outro de seus princípios pe, que toda alegria e prazer é inútil, se não,<br />
pecaminoso, e que nada é uma aflição para o bom homem, -- e que ele<br />
deve dar graças a Deus, até mesmo, por enviar a ele, miséria. Isto, em<br />
minha opinião, é contrário ao desígnio de Deus, em nos afligir;<br />
porque embora Ele castigue aqueles a quem Ele ama, ainda assim, é<br />
com o objetivo de humilhá-los". Com reserva característica, ele<br />
novamente recorre a seu pai e mãe, por ajuda em suas dificuldades. O<br />
primeiro responde: "Quanto a Thomaz Kempis, todo o mundo está<br />
apto a forçar tanto de um lado, quanto de outro; mas, por tudo isto, a<br />
mortificação é ainda um dever cristão indispensável. O mundo é uma<br />
mulher sedutora e bonita (syren), e nós devemos ter cuidado com ela;<br />
e, se o jovem se regozijar em sua juventude, ainda assim, que ele<br />
cuide de que suas alegrias sejam inocentes; e, para isto, se lembre,<br />
que por todas essas coisas, Deus o levará a juízo. Eu tenho apenas<br />
isto para acrescentar de meu amigo e velho companheiro, que,<br />
fazendo algumas poucas ressalvas, pode ser lido, com grande<br />
vantagem; mais ainda, que é quase impossível lê-lo seriamente, sem<br />
admirá-lo, e penso, em alguma medida, imitar sua heróica disposição<br />
de humildade, piedade e devoção. Mas eu suponho que você, antes<br />
desta, recebeu a carta de sua mãe, que tem tempo livre para<br />
transformar o assunto em farelo". Sim, sua mãe tinha debulhado o<br />
assunto para ele, fechando seus conselhos com: "Se você for julgar a<br />
legitimidade ou a ilegitimidade do prazer, a inocência ou malignidade<br />
32
das ações – utilize esta regra: O que quer que enfraqueça sua razão,<br />
prejudique a ternura de sua consciência. Obscureça sua consciência<br />
de Deus, ou tire o prazer das coisas espirituais: em resumo, o que<br />
quer que aumente a força e autoridade de seu corpo, sobre sua mente;<br />
esta coisa é pecado para você, por mais inocente que ela possa ser em<br />
si mesma".<br />
Um outro assunto no qual ele deferiu de Kempis, e no qual ele<br />
desejou os pontos de vista de sua mãe, foi a doutrina da Predestinação,<br />
um assunto que, mais tarde, ocupou muito de seu pensamento e<br />
tempo. Ele assim exprime sua compreensão: "Se fosse inevitavelmente<br />
decretado da eternidade que tal parte determinada da humanidade<br />
fosse salva, e ninguém além dela, uma vasta maioria do mundo teria<br />
apenas nascido para a morte, sem tanto quanto a possibilidade de<br />
evitá-la. Como é isto consistente com a Justiça ou a Misericórdia<br />
Divina? É misericordioso ordenar uma criatura para a miséria<br />
eterna? É justo punir o homem por crimes que ele não poderia deixar<br />
de cometer? Que Deus possa ser o autor do pecado e injustiça, que<br />
deve, eu penso, ser a conseqüência de manter esta opinião, é uma<br />
contradição para as idéias mais claras que temos da natureza e<br />
perfeições Divinas". A Sra. <strong>Wesley</strong> responde: "Eu tenho Kempis<br />
comigo, mas não o tenho lido ultimamente. Eu não posso reunir as<br />
páginas que você menciona; mas acreditando que você lhe faça<br />
justiça, eu positivamente afirmo que ele está extremamente no erro<br />
nesta impiedosa, eu quase diria, blasfema sugestão de que Deus, por<br />
um decreto irreversível, determinou que algum homem fosse<br />
miserável, até mesmo neste mundo. Suas intenções, como Ele mesmo,<br />
são santas, justas e boas; e todos os incidentes miseráveis para os<br />
homens aqui, ou daqui em diante, procedem deles mesmos".<br />
Uma outra dificuldade, na qual ele buscou conselho, referiu-se<br />
às sentenças ameaçadores do Credo Atanasiano. Ele era muito<br />
minucioso e consciencioso para permitir que alguma grande questão<br />
escapasse, sem completa investigação.<br />
33
Outras dificuldades foram sugeridas a ele, pela leitura das<br />
obras de Jeremy Taylor, e, como de costume, ele abriu sua mente<br />
sobre elas todos com seu melhor amigo. Taylor afirmou que: "Se Deus<br />
nos perdoou ou não, nós não sabemos, portanto, ainda estamos<br />
pesarosos, para sempre, por termos pecado". <strong>Wesley</strong> observa: "Eu<br />
firmemente acredito, que nunca poderemos estar tão certos do perdão<br />
de nossos pecados, de maneira a assegurarmos que eles nunca se<br />
erguerão contra nós. Nós sabemos que eles infalivelmente farão isto,<br />
se nós cometermos apostasia; e eu não estou convencido qual<br />
evidência pode existir de nossa perseverança final, até que tenhamos<br />
terminado nosso curso. Mas eu estou persuadido de que podemos<br />
saber, se nós agora estamos em um estado de salvação, uma vez que<br />
está expressamente prometido nas Escrituras para nossos sinceros<br />
esforços, e podemos certamente ser capazes de julgarmos de nossa<br />
própria sinceridade". Nós podemos dizer com seu biógrafo, Moore,<br />
que "ele viu a bênção até mesmo agora, mas não a maneira de obtêla".<br />
Deste período, ele escreve, em uma data subseqüente: "No ano<br />
de 1725, com vinte e três anos de idade, eu me deparei com as Regras<br />
e Exercícios do Viver e Morrer Santo, do Bispo Taylor. Ao ler<br />
diversas partes deste livro, eu fiquei grandemente afetado; com<br />
aquela parte, em especial, que se refere à pureza de intenção.<br />
Imediatamente, resolvi dedicar a Deus, todos os meus pensamentos, e<br />
palavras, e ações; estando totalmente convencido de que não existe<br />
meio-termo, mas que toda parte de minha vida (não apenas algumas)<br />
deve ser um sacrifício ou a Deus, ou a mim mesmo, ou seja, em efeito,<br />
ao diabo. Pode alguma pessoa séria duvidar disto, ou encontrar um<br />
meio-termo entre servir a Deus e servir ao diabo?". Ele acrescenta:<br />
"No ano de 1726, eu me encontrei com o Padrão Cristão de Kempis.<br />
A natureza e extensão da religião interior, a religião do coração,<br />
agora me pareceu, sob uma luz mais forte do que anteriormente. Eu<br />
percebi que entregar sempre toda minha vida a Deus (supondo que<br />
seja possível fazer isto, e não seguir adiante) não me traria proveito<br />
algum, exceto se eu desse meu coração, sim, todo meu coração, a Ele.<br />
Eu vi aquela 'simplicidade de intenção e pureza de afeição', um<br />
34
objetivo em tudo que falamos, ou fazemos, e um desejo governando<br />
todos os nossos temperamentos, são, de fato, -- as asas da alma, 'sem<br />
o que, ela nunca acenderá ao monte de Deus'".<br />
Um outro livro para o qual sua atenção foi conduzida, e que se<br />
tornou um grande favorito de <strong>Wesley</strong> em seus dias de Oxford, foi A<br />
Vida de Deus na Alma do Homem, de Scougall. Este foi o livro que<br />
Charles <strong>Wesley</strong> colocou nas mãos de Whitefield, logo depôs da<br />
primeira reunião deles, e do qual Whitefield diz: "Enquanto eu lia<br />
nele que a religião verdadeira era a união da alma com Deus, ou<br />
Cristo formado dentro de nós, um raio de luz divino instantaneamente<br />
foi arremessado na minha alma, e daquele momento, e não, até então,<br />
eu soube que eu deveria ser uma nova criatura... Embora eu tenha<br />
jejuado, vigiado, e orado, e recebi o Sacramento, por tanto tempo,<br />
ainda assim, eu nunca soube do que se tratava a religião verdadeira,<br />
até que Deus me enviou aquele excelente tratado pelas mãos do meu<br />
nunca esquecido amigo".<br />
Um incidente ocorreu por volta deste tempo, que tem um<br />
interesse especial, como sendo a primeira instância daquele apelo<br />
direto aos indivíduos, na questão da religião pessoal, que ele, mais<br />
tarde, praticou em toda a oportunidade útil, e com tais resultados<br />
marcantes. Ele é assim relatado por ele: "Por volta de um ano e meio<br />
atrás, eu deixei o grupo, às oito da noite, com um jovem cavalheiro a<br />
que eu estava familiarizado. Quando viramos em uma galeria da<br />
Igreja de St. Mary, na expectativa do funeral de uma jovem, da qual<br />
éramos ambos conhecidos, perguntei a ele, se ele realmente se<br />
acreditava meu amigo, e se assim fosse, por que ele não fazia a mim<br />
todo o bem que ele podia?".<br />
"Ele protestou; no que eu o interrompi, pedindo-lhe que me<br />
permitisse, na oportunidade, o que ele não negaria estar em seu<br />
próprio poder, ter o prazer de fazer dele um cristão completo, para o<br />
qual, eu sabia, ele estava, pelo menos, em parte, persuadido; e que ele<br />
não poderia fazer-me uma delicadeza maior, uma vez que nós dois<br />
estávamos completamente convencidos, quando viemos seguir aquela<br />
35
jovem. Ele ficou muito sério, e manteve alguma coisa daquela<br />
disposição, desde então. Ontem fez uma quinzena que ele morreu de<br />
tuberculose. Eu o vi três dias antes de morrer; e, no domingo<br />
seguinte, prestei-lhe o último bom ofício que eu poderia prestar aqui,<br />
pregando em seu sermão fúnebre, o que fora seu desejo enquanto<br />
vivo".<br />
Até aqui, ele parece ter mantido um combate sozinho; e ter<br />
lutado corajosamente só, confortado e consolado, apenas pelas<br />
palavras providenciais de seu lar distante. Mas, nesta ocasião, ele<br />
recebeu o inestimável benefício de um amigo cristão, que, ele diz,<br />
nunca teve, até então. Quem foi este amigo, nunca foi revelado; mas<br />
<strong>Wesley</strong> estava tão encorajado que ele diz: "Eu comecei a alterar toda<br />
a forma de minha vida, e propus começar seriamente uma nova. Eu<br />
separei uma hora ou duas no dia para o isolamento religioso. Eu<br />
comunguei toda semana. Eu vigiei contra todo o pecado, em palavra<br />
ou ação. Eu comecei a planejar e orar pela santidade interior".<br />
Acrescentado a isto, como conseqüência de um conselho dado pelo<br />
Bispo Taylor, um relato mais exato do que ele tinha feito antes, e da<br />
maneira como ele empregava seu tempo, e ocupava cada hora. Sua<br />
prática foi guardar na memória um pequeno livro memorando, onde<br />
uma simples página era assinada a cada dia, e uma simples linha a<br />
cada hora. Através de sinais e palavras encurtadas, ele foi capaz de<br />
registrar como cada hora foi gasta, das quatro da manhã, quando se<br />
levantava, até as nove da noite, quando se retirava. Diversos desses<br />
diários estão ainda preservados.<br />
Isto, ele continuou a fazer, onde quer que estivesse, por muitos<br />
anos. Quando ele deixou a Inglaterra, dez anos mais tarde, a variedade<br />
de cenários, através dos quais ele passou, o induziu também a<br />
transcrever, de tempos em tempos, as partes mais materiais do seu<br />
Diário, acrescentando aqui e ali, tais reflexões, como ocorreram em<br />
sua mente. Essas séries de memorando foram pretendidas apenas para<br />
sua própria vista; mas em 1739, depois de seu retorno da Geórgia,<br />
com o objetivo de justificar-se de algumas difamações sobre seu<br />
caráter, feitas por um certo Sr. Williams, ele publicou "extratos" do<br />
36
Diário, e, em intervalos de dois ou três anos, continuou a prática até o<br />
fim de seus dias. Vinte e um desses "extratos" foram publicados, e<br />
formam o que é agora conhecido como o Diário de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>.<br />
Até ai, o progresso de <strong>Wesley</strong> no conhecimento e caráter<br />
cristão está definido e decidido. Canon Overton comenta: "Enquanto<br />
acreditando totalmente na realidade e importância de uma mudança<br />
posterior, pode alguém negar que, desde este tempo, em direção ao<br />
fim de sua vida, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> levou a vida mais santa e devotada,<br />
objetivando apenas a glória de Deus, o bem-estar de sua própria<br />
alma, e o benefício de seus companheiros? E se isto não é ser um bom<br />
cristão, o que é?". A questão, se ele era um cristão ou não, até o<br />
incidente da Rua Aldersgate, é um assunto a se definir. No momento<br />
em que ele se afirmou não ser um, ele sabia, tanto quanto Overton, e<br />
melhor, o que ele queria dizer, com ser um cristão.<br />
O tempo aproximou-se, quando se esperou que a eleição de um<br />
Membro do Lincoln College aconteceria, e seus amigos se<br />
empenharam para assegurar isto em seu interesse. Quando Dr. Morley,<br />
o Reitor da Lincoln, falou sobre o assunto, ele disse: "eu vou inquirir,<br />
quanto ao caráter do Sr. <strong>Wesley</strong>". Ele o fez, e deu a ele permissão<br />
para se colocar como candidato, e, mais tarde, tornou-se seu amigo, na<br />
questão, e usou de toda a influência que ele tinha em favor dele. Não<br />
foi possível, por causa de sua seriedade incomum, escapar de seus<br />
oponentes, que derramaram sobre ele seus gracejos e ridículo. Seu pai<br />
o lembrou que era "uma bisonha virtude", não suportar que riam de si<br />
mesmo; acrescentando: "Eu penso que nosso Capitão e Mestre<br />
suportou alguma coisa mais por nós, antes que Ele entrasse na glória;<br />
e, exceto que sigamos Seus passos, em vão esperaremos dividir aquela<br />
glória com Ele". E sua mãe escreveu: "Se for uma virtude fraca, não<br />
poder suportar que riem a seu respeito, eu estou certo que é uma<br />
virtude forte e bem confirmada suportar o teste de uma forte<br />
bufonaria".<br />
Não obstante a oposição que se ergueu contra ele, seu alto<br />
caráter para erudição e diligência foi recompensado pelo sucesso, e ele<br />
37
foi eleito para membro na quinta-feira, em 17 de Março de 1726. Seu<br />
pai muito enfaticamente expressou sua gratificação na carta de 1º. De<br />
Abril "Eu recebi ambas as suas, desde a sua eleição; em ambas, você<br />
se expressa como lhe convém". E, então, depois de se referir à<br />
dificuldade, que ele teve no prover para as despesas da eleição, ele<br />
prossegue: "Qual será meu próprio destino, antes que o verão<br />
termine, Deus sabe; sed passi graviora – onde quer que eu esteja, meu<br />
Jack é Membro do Lincoln". E sua mãe lhe diz, em sua disposição<br />
usual de devoção: "Eu me sinto obrigada a retornar grandes graças<br />
ao Altíssimo Deus, por lhe dar sucesso no Lincoln. Quem quer que<br />
Ele se agrade que seja o instrumento, a Ele, e somente a Ele, a glória<br />
pertence".<br />
Isto marca uma época importante na carreira de <strong>Wesley</strong>. Ele já<br />
começa a buscar seriamente a salvação de sua alma, sujeitando-se à<br />
severa disciplina, e colocando toda sua conduta, sob o mais rigoroso<br />
controle; assim estabelecendo os alicerces daqueles hábitos de vida<br />
que foram, mais tarde, tão visivelmente ilustrados nele. Neste resoluto<br />
propósito de promover seu crescimento na santidade, ele aproveitou<br />
sua mudança da Christ Church para livrar-se de algumas associações<br />
que ele sentiu serem prejudiciais. Ao rever este período de sua vida,<br />
alguns anos mais tarde, ele diz: "Mudei-me logo depois [que ele<br />
entrou nas Ordenações Santas] para um outro colégio, e decidi aquilo<br />
do qual eu estava antes convencido fosse da mais extrema<br />
importância -- livrar-me de uma vez de todos os meus conhecimentos<br />
levianos. Eu comecei a perceber, mais e mais, o valor do tempo. Eu<br />
me apliquei mais intimamente ao estudo. Eu observei mais<br />
cuidadosamente contra os pecados presentes. Eu aconselhei outros a<br />
serem religiosos, de acordo com aquele esquema de religião, pelo<br />
qual eu modelei minha própria vida. Mas deparando-me agora com a<br />
Perfeição Cristã e Chamado Sério, do Sr. Law, embora eu estivesse<br />
muito ofendido, em muitas partes de ambos, ainda assim, eles me<br />
convenceram mais do que alguma vez a excessiva altura e largura e<br />
profundidade da Lei de Deus. A luz fluiu, tão poderosamente em<br />
minha alma, que tudo pareceu sob um novo panorama. Eu clamei a<br />
Deus por ajuda, e decidi não mais prolongar o tempo de obedecer a<br />
38
Ele, como eu nunca tinha feito antes. E por meu continuado esforço<br />
de manter toda Sua Lei, interior e exterior, no máximo de meu poder,<br />
eu estou persuadido de que eu poderia ser aceito por ele, e estaria,<br />
mesmo então, em um estado de salvação".<br />
Esta passagem muito significativa mostra o profundo propósito<br />
de <strong>Wesley</strong> de reformar toda sua vida e trazê-la, até onde fosse capaz,<br />
em inteira concordância com a vontade Divina. O fervor de seu apelo<br />
pela ajuda Divina nisto, e o cuidado com que ele se esforça para<br />
equilibrar sua conduta exterior, são também evidentes. Nem o fato de<br />
entrar em contato, pela primeira vez, com os escritos de William Law<br />
deve ser examinado, considerando a influência deles sobre suas visões<br />
futuras, e suas subseqüentes relações com seu autor. Num período<br />
anterior, ele publicou cuidadosamente resumos preparados da<br />
Perfeição Cristã, e do Sério Chamado.<br />
<strong>Wesley</strong> recebeu cartas proveitosas e estimulantes de seu pai.<br />
Em uma delas, ele o exorta a tornar-se mestre em Crisóstomo, e nos<br />
Artigos, e na Forma de Ordenação; manter-se firme, com bravura,<br />
contra o mundo, etc., manter um bom, honesto, e devoto coração, e<br />
orar e vigiar duramente. Em outras, seu pai anuncia que lhe foi<br />
designada uma edição da Bíblia, em Hebraico, Língua Caldaica,<br />
Septuaginta, e Vulgata, e, pede sua assistência, diz: "Eu quero que<br />
você, primeiro, se entregue imediatamente ao trabalho, e leia<br />
diligentemente o texto Hebraico, na poliglota, e o confronte<br />
exatamente com a Vulgata, escrevendo tudo, até mesmo, as menores<br />
variações entre elas. A essas, eu gostaria que você acrescentasse o<br />
texto Samaritano. Você pode aprender o alfabeto Samaritano, em um<br />
dia. No período de doze meses, colocando-se mais próximo a ele nas<br />
manhãs, você completará duas vezes Pentateuco; porque eu fiz isto<br />
quatro vezes o ano passado, e estou indo para a quinta. Você não<br />
deve perder sua recompensa, quer neste ou no outro mundo".<br />
Em Lincoln, ele encontra uma sociedade muito mais<br />
apropriada, do que foi capaz de assegurar em Christ Church.<br />
Escrevendo ao seu irmão Samuel, ele diz: "Até onde eu tenho sempre<br />
39
observado, eu nunca conheci um colégio, comparado ao nosso, em<br />
que os membros estejam tão perfeitamente, satisfeitos uns com os<br />
outros, e sejam tão inofensivos à outra parte da Universidade. Tudo<br />
que eu já vi dos Membros é que eles são de boa índole, bem<br />
educados; homens maravilhosamente dispostos, tanto a preservar a<br />
paz e boa vizinhança em meio a eles, quanto a promover isto, onde<br />
quer que tenham alguma familiaridade".<br />
<strong>Wesley</strong> aceitou que seu cabelo, castanho claro, crescesse no<br />
comprimento suficiente para alcançar seus ombros. Sua mãe, por<br />
razões de saúde, o aconselhou a cortar os cabelos. Em uma carta a seu<br />
irmão Samuel, ele diz: "As razões de minha mãe para eu corte os<br />
cabelos, é porque: ela imagina que isto prejudique minha saúde.<br />
Quanto a minha aparência, sem dúvida seria melhor cortá-los,<br />
permitindo-me um pouco mais de cor, e, talvez, contribua para criar<br />
uma aparência mais agradável. Mas esses, até que uma saúde má seja<br />
acrescida a eles, eu não posso persuadir a mim mesmo, sejam motivos<br />
bastante, para perder duas ou três libras por ano. Eu sou capaz o<br />
suficiente para poupá-los". Cinco anos mais tarde, ele escreveu:<br />
"Quanto ao meu cabelo, eu estou muito mais certo, de que o<br />
comprimento dele está mais de acordo com as Escrituras, do que<br />
contrário a elas". Seu irmão Samuel ficou no meio do caminho, e o<br />
aconselhou a cortá-lo mais curto, e este conselho ele seguiu. Na carta<br />
anterior, ele afirma que toda sua vida eterna confirmou, "O ócio e eu<br />
nos despedimos um do outro; eu proponho estar ocupado, por quanto<br />
tempo eu viva, se minha saúde me favorecer". Charles <strong>Wesley</strong> veio<br />
para Oxford da Westminster School, e entrou na Christ Chruch, logo<br />
depois que <strong>John</strong> a deixou. Durante alguns meses depois de sua<br />
chegada em Oxford, dizem que Charles foi virtuoso, em sua conduta,<br />
e muito de acordo com seu espírito e maneiras; mas a estrita<br />
autoridade sobre ele, que seu irmão Samuel exerceu, como seu tutor e<br />
guardião, estando agora afastada, ele estava longe da severidade e<br />
sinceridade em seus estudos. Depois de um tempo, tornou-se<br />
estudioso, embora seu espírito não fosse devotado. Seu irmão <strong>John</strong><br />
escreveu: "Ele buscou seus estudos diligentemente, e levou uma vida<br />
regular, inofensiva; mas se eu falava com ele a respeito de religião,<br />
40
ele respondia irritado:'O que? Você pretende que eu seja um santo de<br />
imediato?'. E não mais me ouvia".<br />
<strong>Wesley</strong> passou, do dia 26 de Abril a 21 de Setembro deste ano,<br />
em Epworth e Wroot, seu pai tinha ambos os benefícios sob sua<br />
responsabilidade, residindo ocasionalmente em uma pequena reitoria,<br />
em Wroot. Foi um tempo feliz, durante o qual ele leu orações e pregou<br />
duas vezes todo domingo; e, por outro lado, ajudava seu pai, quando<br />
era capaz. Ele dedicou-se aos seus estudos, neste meio tempo, e<br />
desfrutou das oportunidades freqüentes de conversar com seus<br />
honrados pais, mantendo um diário do que se passava, anotando os<br />
assuntos da conversa, e as observações práticas feitas por seus<br />
superiores, e algumas vezes, acrescentando as suas próprias.<br />
A aquisição de Wroot acrescentou pouco aos confortos<br />
domésticos da família Epworth, já que os benefícios meramente<br />
cobriram as despesas de atender a ele; enquanto a região em volta era<br />
pouco melhor do que um pântano.<br />
Os extratos seguintes de uma das cartas de Samuel <strong>Wesley</strong><br />
podem servir para dar uma idéia clara do estado das coisas no lar<br />
Epworth. "Eu me deparei com uma série de infortúnios. Meu celeiro<br />
paroquial desapareceu, antes que eu tivesse recuperado meu<br />
benefício; minha casa, grande parte dela, queimada, há cerca de dois<br />
anos; meu linho, grande parte de minha renda, agora em minhas<br />
próprias mãos (o principal cultivo na vizinhança era o cânhamo), eu<br />
duvido propositadamente incendiado e queimado durante a noite,<br />
enquanto eu estive, da vez passada em Londres; minha renda ficou<br />
pela metade, devido ao preço do grão; e meu crédito perdido, por ter<br />
tirado meu controle. Eu fui levado ao Lincoln Castle, em 23 de Junho,<br />
próximo passado. Aproximadamente três semanas atrás, minha gente,<br />
muito indelicada, pensando que ele ainda não tinham feito tudo,<br />
durante a noite, esfaquearam minhas três vacas, que eram a maior<br />
parte da subsistência de minha pobre família numerosa. Pelo que<br />
peço, Deus os perdoe".<br />
41
<strong>Wesley</strong>, ocasionalmente, escreveu alguns versos de<br />
caráter variado, e, enquanto em Epworth, começou uma paráfrase<br />
sobre Salmos 104:1-18 "Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Senhor,<br />
Deus meu, tu és magnificentíssimo! (...)"; que ele, mais tarde,<br />
terminou. Isto mostra sua aptidão na composição poética, assim como<br />
faz com as maravilhosas traduções do Alemão, Espanhol e língua<br />
Francesa, com as quais, num período anterior enriqueceu o Saltério da<br />
Igreja. Os conselhos de sua mãe podem ter reprimido seus exercícios<br />
nesta direção. "Eu não gostaria que você desistisse de fazer versos;<br />
antes que fizesse da poesia sua diversão, embora nunca seu trabalho".<br />
O poeta do Metodismo ainda não tinha sido revelado.<br />
<strong>Wesley</strong> retornou para Oxford, em 21 de Setembro de 1726, e<br />
retomou seus Estudos. Seu caráter literário estava agora estabelecido<br />
na Universidade. Ele era reconhecido por todas as facções, como um<br />
homem de talentos e uma critica excelente nas línguas eruditas; sua<br />
habilidade na lógica era universalmente conhecida e reconhecida, e<br />
suas composições eram distinguidas por uma elegante simplicidade de<br />
estilo e justeza de pensamento que fortemente marcaram a excelência<br />
de seu gosto clássico. A opinião elevada que foi mantida por ele, foi<br />
publicamente manifestada pela sua escolha como Professor e<br />
Moderador das Classes de Grego (em 6 de Novembro), embora ele<br />
fosse eleito Membro do Conselho, apenas por oito meses, ele estava<br />
com pouco mais do que vinte e três anos de idade, e não tinha ainda<br />
obtido o grau de Mestre das Artes. Suas obrigações iniciaram em<br />
Outubro, no período deste ano.<br />
Canon Overton oferece a seguinte explanação das obrigações<br />
vinculadas a esses ofícios: -- "Ser professor de Grego não significa<br />
geralmente, lecionar Grego; este é um termo técnico, e cuja<br />
explicação ilustra a tradição da religiosidade, assim como a<br />
aprendizagem que pertencia ao Lincoln College. O objetivo era<br />
garantir alguns tipos de instrução religiosa a todos os universitários;<br />
e para este propósito, um oficial especial era designado, com o<br />
salário modesto de 20 libras por ano, para quem se incumbisse de ser<br />
um professor, toda semana, no Saguão do Colégio, a que todos os<br />
42
estudantes deveriam atender, do Testamento Grego. Quando se<br />
tornava um grupo instruído, a preleção era colocada na Língua<br />
original; mas o verdadeiro objetivo era ensinar teologia, não Grego.<br />
A obrigação de um 'Moderador de Classes" era sentar-se no Saguão<br />
do Colégio, e presidir as "Disputas", que acontecessem no Lincoln<br />
College, todos os dias na semana, exceto aos domingos".<br />
Durante muitos anos, ele manteve este ofício, no qual ele diz,<br />
não poderia evitar adquirir alguns graus de perícia no argumentar, e,<br />
especialmente, no detectar falácias plausíveis, o que lhe trouxe<br />
vantagens em suas muitas controvérsias; e ele louvava a Deus por lhe<br />
dar "esta destreza honesta".<br />
<strong>Wesley</strong> obteve seu grau de mestre, em 14 de Fevereiro de<br />
1727. Ele entregou três preleções na ocasião – uma sobre a Filosofia<br />
Natural, de Anima Brutorum; outra sobre Filosofia Moral, de De Julio<br />
Caesare; e uma terceira sobre Religião, de De Amore Dei. Dizem que<br />
ele ganhou considerável reputação neste debate. Seu grau deu a ele<br />
uma vantagem, que ele agradavelmente saudou: ele o colocou em<br />
maior liberdade para escolher seu próprio empreendimento, e uma vez<br />
que, como ele disse, ele conheceu suas próprias deficiências, melhor, e<br />
quais delas necessitavam mais de serem supridas, ele esperou<br />
grandemente tirar proveito, através de sua liberdade.<br />
Antecipadamente, ele estabeleceu o seguinte plano de estudos, do qual<br />
ele não se permitia desviar: -- as segundas e terças-feiras eram<br />
devotadas aos historiadores e poetas clássicos Gregos e Latinos; as<br />
quartas-feiras, para lógica e ética; as quintas-feiras para Hebraico e<br />
Árabe; as sextas-feiras, para metafísica e Filosofia Natural; os<br />
sábados, para oratória e poesia, principalmente composição; os<br />
domingos, teologia. Nas horas intermediárias entre esses, dos estudos<br />
mais fixos, ele lia Francês, e uma grande variedade de autores<br />
modernos em quase todas as áreas de ciência. Ele seguiu o método de<br />
primeiro ler um autor regularmente; e, então, em uma segunda leitura,<br />
transcrever importantes passagens, quer devido à informação que elas<br />
transmitiam, ou às suas bonitas expressões.<br />
43
Em um dos seus sermões ele anota as seguintes observações<br />
sobre sua conduta naquele tempo: --<br />
"Quando agradou a Deus me dar uma resolução firme para<br />
ser, não um cristão nominal, mas um cristão real (estando, então, com<br />
vinte e dois anos de idade), meu conhecimento era tão ignorante de<br />
Deus, quanto de mim mesmo. Mas existia esta diferença: Eu sabia da<br />
minha própria ignorância; eles não sabiam da deles. Eu fracamente<br />
esforçava-me para ajudá-los, mas em vão. Entretanto, eu me<br />
certifiquei, através de uma triste experiência, que, até mesmo suas<br />
conversas inofensivas, assim chamadas, refreavam todas as minhas<br />
boas resoluções. Mas como me livrar em boa hora deles, era a<br />
questão que eu tentava, repetidas vezes, revolver em minha mente. Eu<br />
não vi maneira possível, exceto se agradasse a Deus me remover para<br />
outro colégio. E ele assim o fez, de uma forma totalmente contrária a<br />
toda a probabilidade humana. Eu fui eleito Membro do Conselho de<br />
um colégio, onde eu não conhecia pessoa alguma. Antes, eu pressupus<br />
que abundância de pessoas viria me ver, tanto por amizade,<br />
civilidade, ou curiosidade, e que poderia ter novos e velhos<br />
conhecidos. Mas agora estabeleci meu plano. Entrando, por assim<br />
dizer, em um novo mundo, eu resolvi não travar conhecimento, pela<br />
chance, mas por escolha, e escolher tais, apenas que eu tivesse razão<br />
para acreditar que me ajudaria em meu caminho para o céu. Em<br />
conseqüência disto, eu observei estritamente o temperamento e<br />
comportamento de todos que me visitaram. Eu não vi motivo para<br />
pensar que a maior partes desses verdadeiramente amavam ou<br />
temiam a Deus. Tal familiaridade, portanto, eu não escolhi; eu não<br />
poderia esperar que eles me fizessem algum bem. No entanto, quando<br />
algum deles vinha me ver, eu me comportava tão cortesmente quanto<br />
pudesse. Mas a pergunta, 'Quando você virá me ver', retornava sem<br />
resposta. Quando eles vinham algumas poucas vezes, eu ainda me<br />
declinava de retribuir a visita, até que não os vi mais. Abençoado seja<br />
Deus, isto tem sido minha regra invariável, por quase sessenta anos.<br />
Eu sabia que muitas censuras se seguiriam. Mas eu não me movi, uma<br />
vez que eu sabia perfeitamente bem, que era meu chamado seguir,<br />
'através do mau e do bom relato'".<br />
44
Essas últimas palavras estão apropriadamente colocadas nas<br />
bordas dos três quadros esculpidos da Virtude de <strong>Wesley</strong>, depois da<br />
pintura de Williams.<br />
Ele parece, nesta época, ter apreciado o espírito de um recluso,<br />
porque ele diz em uma de suas cartas a sua mãe (19 de Março de<br />
1727): "A conversa de uma ou duas pessoas, dos quais você me ouviu<br />
falar a respeito (e espero nunca sem gratidão), primeiro tirou meu<br />
gosto pela maioria dos outros prazeres; tanto que eu os desprezo, em<br />
comparação a este. Desde então, dei um passo adiante, para<br />
desprezá-los, completamente. No momento, estou tão pouco desejoso,<br />
até mesmo de companhia – o mais elegante entretenimento próximo<br />
aos livros – que, exceto se as pessoas tiverem uma mudança de<br />
pensamento religioso, eu fico muito mais satisfeito, sem elas".<br />
"Eu penso que é um firme temperamento de minha alma, que<br />
eu prefira, pelo menos, por algum tempo, tal retraimento, de maneira<br />
a isolar-me do mundo, para a condição em que agora me encontro.<br />
Não que este seja, de modo algum, desagradável a mim, mas eu<br />
imagino seria mais proveitoso estar em um lugar, onde eu<br />
confirmasse ou implantasse em minha mente, quais hábitos eu prefiro,<br />
sem interrupção, antes que a flexibilidade da juventude acabe".<br />
Uma escola em Yorkshire foi proposta a ele. Ela se situa em<br />
um pequeno vale, "assim confinado entre duas colinas, dificilmente<br />
acessível de qualquer lado; de maneira que você pode esperar poucas<br />
pessoas de fora, e dentro, não existe alguma, afinal". Isto pareceu<br />
oferecer o que ele desejava, mas, por alguma razão inexplicável, a<br />
proposta não foi renovada. Mais tarde, será visto quão<br />
freqüentemente, quando na agitação de sua obra pública, ele almeja<br />
tais condições de paz e retraimento, do qual ele, repetidas vezes, se<br />
desviava por conta da trombeta do chamado do dever. Como, em uma<br />
ocasião, depois de pregar, em um lugar atrativo, ele exclamou:<br />
"Quanto dias eu passaria aqui, eu fosse fazer minha própria vontade?<br />
Mas não deve ser assim; eu devo fazer a vontade Dele que me enviou,<br />
45
e terminar sua obra. Assim sendo, este é o primeiro dia que eu passo<br />
aqui, e, talvez, seja o último". E novamente: "Quão prazerosamente,<br />
eu passaria algumas semanas nesta solidão deliciosa. Mas eu não<br />
devo descansar ainda. Por quanto tempo, Deus me dê força para o<br />
trabalho, eu devo usá-la".<br />
O hábito de levantar-se cedo, deve ter acontecido em algum<br />
lugar, por volta desta época, e ele continuou isto, através de sua vida.<br />
No sermão sobre "Redimir o Tempo", ele faz a seguinte afirmação:<br />
"Se alguém deseja saber exatamente que quantidade de sono sua<br />
própria constituição requer, ele pode muito facilmente fazer o<br />
experimento que eu fiz, a cerca de sessenta anos atrás. Eu, então,<br />
acordei todas as noites, por volta da meia-noite à uma, e me mantive<br />
acordado por algum tempo. Eu rapidamente conclui que isto surgiu<br />
do fato de eu ficar deitado por mais tempo do que a natureza<br />
requereu. Para ficar satisfeito, eu procurei um despertador, que me<br />
acordou na manhã seguinte, às sete horas da manhã (perto de uma<br />
hora mais cedo do que eu me levantei no dia anterior); ainda assim,<br />
eu fiquei acordo até a noite. Na segunda manhã, eu me levantei ás<br />
seis; mas, não obstante isto eu me mantive acordado a segunda noite.<br />
Na terceira manhã, eu me levantei às cinco horas. Todavia, fiquei<br />
acordado a terceira noite. Na quarta manhã, eu me levantei ás quatro<br />
horas (o que, pela graça de Deus, eu tenho feito, desde então); e não<br />
fiquei acordado mais. E eu agora não fico acordado (durante o ano),<br />
um quarto de hora consecutivo em um mês. Pelo mesmo experimento,<br />
levantando, mais e mais cedo, cada manhã, qualquer um pode saber<br />
quanto sono ele realmente necessita".<br />
O Reitor de Epworth e Wroot [pai de <strong>Wesley</strong>] estava agora<br />
idoso e enfermo. Ele teve uma vida muito ativa; passou por muitos<br />
problemas, e não conheceu poucas privações. Sua saúde estava<br />
debilitada, e a paróquia de Wroot não estava em melhores condições<br />
de saúde. Ela era uma vila distante de Epworth, por volta de cinco<br />
milhas, e cercada por pântanos, de maneira que freqüentemente,<br />
quando o nível das águas estava baixo, a jornada de um local para<br />
outro podia ser feito apenas por barco, e no inverno era sempre<br />
46
perigoso. Ele ganhou o nome de Wroot-fora-da-Inglaterra, devido sua<br />
inacessível localidade. Pareceu agradável que <strong>John</strong> viesse para<br />
Epworth e ajudasse seu pai em sua obra. Assim sendo, depois de fazer<br />
uma visita a seu irmão Samuel em Westminster, ele seguiu para<br />
Lincolnshire, no início de Agosto de 1727. Uma vez que Wroot foi<br />
designada a ele, como sua esfera de trabalho, seu pai e ele<br />
ocasionalmente alternavam. Não fazia muito tempo que residia lá,<br />
quando ele foi atacado com febre intermitente, uma doença comum na<br />
vizinhança, considerada endêmica pelas condições da terra. Com esta<br />
enfermidade sobre ele, ele viajou a cavalo para Oxford, para favorecer<br />
Dr. Morley, retornando da mesma maneira para Wroot, depois de uma<br />
permanência de alguns dias, embora, diversas vezes, muito doente na<br />
estrada. Freqüentemente no futuro, ele viajaria e trabalharia, quando<br />
nas dores da enfermidade!<br />
A seguinte carta, escrita para <strong>Wesley</strong>, no encerramento deste<br />
ano, por um Membro de seu próprio colégio, confirma a afirmação por<br />
um dos seus primeiros biógrafos, de que "o conhecimento geral, e<br />
agradável conversa do Sr. <strong>Wesley</strong>, o fez estimado por todos os seus<br />
conhecidos em Oxford. Ele foi o companheiro mais engajado e<br />
instrutivo; aberto e comunicativo com seus amigos, e civilizado e<br />
prestativo a todos": --<br />
Lincoln College, 28 de Dezembro de 1727<br />
Senhor,<br />
'Ontem eu tive a satisfação de receber sua delicada e<br />
prestativa carta, por meio da qual, você me deu um exemplo singular<br />
daquela bondade e civilidade que é essencial ao seu caráter, e<br />
fortemente me confirmou os elogios que são feitos a você neste<br />
aspecto, por todos que têm a felicidade de conhecê-lo. Isto me faz<br />
infinitamente desejoso de sua familiaridade. E, quando eu considero<br />
aquelas qualidades iluminadas que eu ouço diariamente mencionadas<br />
a seu louvor, eu não posso deixar de lamentar o grande infortúnio que<br />
todos temos, na ausência de tão agradável pessoa do colégio, mas eu<br />
47
me satisfaço com os pensamentos de ver você aqui na reunião de<br />
cônegos, e da felicidade que teremos em sua companhia no verão.<br />
Neste meio tempo, eu retorno a você, os mais sinceros<br />
agradecimentos por este favor, e lhe garanto que, se estiver em meu<br />
poder, alguma vez, servi-lo, ninguém estará mais pronto para fazer<br />
isto, do que --<br />
Senhor,<br />
Seu mais prestativo e humilde servo<br />
Lew Fenton<br />
Eu não achei improvável que, no curso ordinário das coisas,<br />
<strong>Wesley</strong> permanecesse no retiro da vida paroquial, ajudando seu pai,<br />
até o fim dos dias dele, e, possivelmente, o sucedendo em Epworth.<br />
Mas, em direção ao encerramento de 1729, ele foi convocado, pelo Dr.<br />
Morley, Reitor do Lincoln College, para retornar a Oxford. Dr.<br />
Morley diz: "No encontro da sociedade, logo depois que eu deixei o<br />
colégio, para considerar o método próprio de preservar a disciplina e<br />
o bom governo; em meio às diversas coisas concordantes, na opinião<br />
de todos que estavam presentes, julgou-se necessário que os Membros<br />
juniores, que seriam escolhidos Moderadores, deveriam, em pessoa,<br />
atender às obrigações de seu ofício, se eles não convencerem alguns<br />
de seus Membros a exercerem a função por eles... Nós esperamos que<br />
possa ser vantagem para você residir no colégio, tanto quanto onde<br />
você se encontra, se você tiver alunos, ou pode conseguir um curato<br />
na vizinhança de Oxon. Seu pai certamente tem outro curato, embora<br />
não tanto de sua satisfação; ainda assim, estamos persuadidos que<br />
isto não fará com que ele impeça seu retorno para o colégio, desde<br />
que o interesse do colégio e obrigação do estatuto requeira isto".<br />
Tal carta não poderia deixar de receber uma resposta. O<br />
próprio <strong>Wesley</strong> sentiu as atrações da vida Universitária, e seu pai,<br />
igualmente rígido em submeter-se e impingir obediência à autoridade,<br />
tinha tamanha consideração pelo Dr. Morley, e lembrava-se grato de<br />
suas obrigações para com ele, que acostumava a dizer: "Eu não posso<br />
recusar coisa alguma ao Dr. Morley". <strong>Wesley</strong> pensou pouco, ao<br />
48
despedir-se de seu rebanho em Wroot, e da querida casa em Epworth,<br />
quais grandes questões dependiam de sua entrada novamente nas<br />
sombras do Lincoln College.<br />
<strong>Wesley</strong> retornou para Oxford em 22 de Novembro de 1729.<br />
Oxford apresentava agora, além disso, uma nova atração para ele.<br />
Como foi dito acima, seu irmão passou por uma mudança acentuada<br />
no caráter e hábitos, aparentemente, sem o uso de alguns meios<br />
específicos. Em seu segundo ano, ele começou a ser mais sério em seu<br />
comportamento geral, e a manifestar uma preocupação profunda com<br />
a salvação de sua alma. Para que ele mantivesse uma vigilância estrita<br />
sobre si mesmo, ele pediu conselho a seu irmão, para manter um<br />
diário, e anotar o estado de sua mente e os feitos do dia. Ele<br />
acrescentou: "Deus acha adequado (isto possa aumentar minha<br />
prudência), negar sua companhia e assistência, no momento. Será<br />
através Dele me fortalecer, que eu confio, manterei meu alicerce até<br />
que nos encontremos. E eu espero que, nem antes, nem depois deste<br />
tempo, eu possa reincidir, para meu estado anterior de inconsciência.<br />
Através dos meios que você utiliza, eu acredito firmemente que Deus<br />
irá estabelecer o que ele começou em mim; e não existe pessoa<br />
alguma que tão prontamente seja instrumento de Deus em minha vida,<br />
como você. É devido em grande medida á oração de algumas pessoas<br />
(da minha mãe, mais adequadamente), que eu cheguei a pensar como<br />
faço agora; porque eu não posso dizer a mim mesmo, como ou<br />
quando, eu despertei de minha letargia, apenas, que não foi muito<br />
tempo depois que você foi embora".<br />
Com o passar do tempo, ele se tornou, mais e mais, sincero no<br />
buscar a religião, ao se empenhar em fazer o bem de vários tipos, e em<br />
tentar despertar a atenção para a religião nas mentes de alguns de seus<br />
colegas estudantes. Em Maio deste ano, ele escreveu para seu irmão:<br />
"A Providência tem, no momento, colocado em meu poder, fazer<br />
algum bem. Eu tenho algumas vidas jovens, despretensiosas, bem<br />
dispostas, próximas a mim; e estou grato a Deus que, de certa forma,<br />
tenho sido instrumento em mantê-los assim. Eles estiveram em mãos<br />
desprezíveis e estão agora libertos. Eles não se atreviam a receber o<br />
49
Sacramento, a não ser nos momentos de costume, por medo que<br />
rissem deles. Ao convencê-los do dever de comunicar freqüentemente,<br />
eu prevaleci sobre nós em receber uma vez por semana. Eu<br />
sinceramente anseio, e desejo, que o abençoado Deus esteja pronto<br />
para me entregar a você. Eu estou consciente que este é meu dia de<br />
graça; e que, empregar o tempo, antes de nosso encontro e próxima<br />
partida dependerá, em grande medida, de minha condição ara a<br />
eternidade".<br />
<strong>John</strong> passou alguns poucos dias do mês seguinte, em Oxford.<br />
Se Charles se referiu àquele tempo, ou teve alguma esperança de um<br />
intercurso mais prolongado com seu irmão, isto não aparece. Naquela<br />
breve visita, no entanto, <strong>John</strong> viria, pela primeira vez, o início daquela<br />
que foi tão grande obra na terra, e ouvir, concernente a alguns poucos<br />
inquisidores esforçados um apelido desdenhoso, que se tornaria o<br />
símbolo do Cristianismo fervoroso em todos os cantos do globo. Mas<br />
à Charles, como instrumento, pertence a honra de iniciar esta obra;<br />
que ele, portanto, em suas próprias palavras a descreva. Ao escrever<br />
ao Dr. Chandler, ele diz: "Meu primeiro ano no colégio, eu perdi em<br />
diversões; o próximo eu me dediquei ao estudo. A diligência me<br />
conduziu a pensar seriamente; eu fui para o Sacramento semanal, e<br />
persuadi dois ou três jovens estudantes a me acompanharem, e<br />
observarem o método de estudo prescrito pelos estatutos da<br />
Universidade. Isto me deu o nome inofensivo de Metodista. No<br />
segundo semestre, meu irmão deixou seu curato em Epworth e veio<br />
para nossa assistência. Nós, então, prosseguimos regularmente em<br />
nossos estudos, e em fazer o bem que pudéssemos aos corpos e almas<br />
dos homens".<br />
Este é um indicativo da baixa condição de disciplina na<br />
Universidade naquele tempo, para que uma atenção estrita aos seus<br />
estatutos pudesse trazer surpresa. O que foi escrito em Oxford, trinta<br />
anos depois, também reflete a condição das coisas naquele tempo,<br />
como Os Estudos em Oxford, de J.R. Green, e outras obras históricas<br />
claramente testificam.<br />
50
Quão grandes controvérsias tiveram sua origem em incidentes<br />
levianos. A vida de um jovem estudante volúvel passava por uma<br />
mudança; de maneira que este jovem se tornou um dos mais doces<br />
salmistas que a Igreja Cristã conheceu. Seus números são cantados<br />
sobre a face dos continentes; neles, o Evangelho é cantado em muitas<br />
terras, e em muitos Línguas; e alimentam a vida espiritual de milhões.<br />
Cabeças coroadas, e filhos exaustos do campo igualmente cantam.<br />
Mas qual é o significado deste nome de reprovação que é fixado sobre<br />
esses três jovens? O grupo, através de objetivos comuns, se em<br />
menosprezo apenas ou por escolha, os une. Ele dá a eles, novos<br />
interesses comuns. Ele os distingue dos seus companheiros. Ele dá<br />
limitação às profissões formadas pela metade. Neste caso, esta era<br />
uma profissão de rompimento das companhias alegres e negligentes;<br />
uma profissão de disciplina, de devoção, de dever; uma profissão de<br />
um desejo, pelo menos, viver uma vida religiosa. Ele se tornou um<br />
emblema ao redor do qual, outros se ajuntariam. Hoje ele distingue<br />
mais de vinte e cinco milhões de pessoas!<br />
CAPÍTULO III<br />
Oxford: Vida Universitária<br />
51
Deste tempo, <strong>Wesley</strong> escreve: "No ano de 1729, eu começo,<br />
não apenas a ler, mas a estudar a Bíblia, como o único padrão da<br />
verdade, e o único modelo da religião pura. De onde eu vejo, em uma<br />
luz cada vez mais clara, a indispensável necessidade de ter a mente<br />
que havia em Cristo, e de caminhar como Cristo também caminhou;<br />
não apenas tendo parte, mas toda a mente que havia Nele; e de<br />
caminhar como Ele caminhou, não apenas em muitas ou na maioria,<br />
mas em todas as coisas. E esta foi a luz, em que, naquele momento, eu<br />
geralmente considerei a religião, como um seguir uniforme de Cristo,<br />
uma conformidade interior e exterior com nosso Mestre. Nem eu<br />
estava temeroso de alguma coisa mais, do que submeter-me a esta<br />
regra para a minha própria experiência, ou de outros homens; em me<br />
permitir, de maneira alguma, a menor desconformidade com nosso<br />
grande Exemplar".<br />
Em obediência aos chamados que ele recebera do Dr. Morley,<br />
Reitor do Lincoln College, retornou para Oxford, para encarregar-se<br />
dos alunos, onze dos quais, imediatamente, ficaram sob seu cuidado.<br />
Aqui ele encontrou uma sociedade Metodista iniciante, embora que<br />
ainda sem um nome definido; consistindo de Charles e dois<br />
companheiros, aos quais se juntou imediatamente, e através dos quais,<br />
ele rapidamente foi reconhecido como um líder espiritual. Sob sua<br />
direção, a pequena comunidade logo se transformou em um<br />
instrumento de propaganda espiritual, e gradualmente aumentou em<br />
número e influência – uma pequena semente que, mais tarde, tornouse<br />
uma grande árvore.<br />
Em seu, Breve História do Metodismo, publicado alguns anos<br />
mais tarde, <strong>Wesley</strong> dá o seguinte relato: - "Em Novembro de 1729,<br />
quatro jovens cavalheiros de Oxford — Sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, membro do<br />
Lincoln College; Sr. Charles <strong>Wesley</strong>, estudante da Igreja de Cristo;<br />
Sr. Morgan, homem do povo, da Igreja de Cristo; e o Sr, Kirkham, do<br />
College Merton —, começaram a passar algumas tardes da semana,<br />
lendo, principalmente, o Testamento Grego. No ano seguinte, dois ou<br />
três dos alunos do Sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> desejaram a liberdade de se<br />
encontrarem com eles; e, logo depois, um dos alunos de Charles<br />
52
<strong>Wesley</strong>. Foi em 1732, que o Sr. Ingham, do Queen’s College, e Sr.<br />
Broughton, de Exeter, foram somados ao número deles. A esses, em<br />
Abril, juntaram-se o Sr. Clayton, de Brazen-nose, com dois ou três de<br />
seus alunos. Por volta da mesma época, o Sr. James Hervey foi<br />
permitido encontrar-se com eles; e em 1735, o Sr. Whitfield". Ele diz:<br />
"Eles eram todos membros zelosos da Igreja da Inglaterra; não<br />
apenas tenazes, em todas as doutrinas delas; até onde eles as<br />
conheciam, mas de todas as suas disciplinas, nas menores<br />
circunstâncias. Eles eram, igualmente, observadores zelosos de todos<br />
os Estatutos da Universidade, e isto, por causa da consciência. Mas<br />
eles observaram que nem esses, nem qualquer coisa além do que eles<br />
conceberam estavam em ligação estreita com o único livro deles, a<br />
Bíblia; sendo o único desejo e desígnio deles serem cristãos bíblicos<br />
sinceros; tomando a Bíblia, como é interpretada pela igreja primitiva<br />
e nossa própria, como a regra total e única deles".<br />
Este foi o "Clube Santo" do qual <strong>Wesley</strong> foi, devido sua<br />
sabedoria, chamado de Curador. Esses foram os "Fanáticos Bíblicos";<br />
"Traças Bíblicas", quem seus escarnecedores diziam, fartarem-se de<br />
Bíblia, como as traças das roupas; e contra os quais eram dirigidos as<br />
zombarias e escárnio dos negligentes. Mas a oposição dos espíritos<br />
mundanos, pelos quais eles estavam cercados não os impediu em seu<br />
sublime propósito, enquanto sua coragem e simplicidade de objetivo<br />
tornaram-se mais óbvias. Eles não confinaram a atenção deles, cada<br />
homem, em sua própria alma, ou geralmente no bem-estar da pequena<br />
comunidade ou grupo, mas buscaram resgatar outros jovens<br />
estudantes de seus caminhos pecaminosos, e conduzi-los à vida<br />
religiosa; eles visitaram a prisão e a fortaleza, onde eles leram as<br />
orações, nas quartas-feiras e sextas-feiras, e administraram o<br />
Sacramento uma vez por mês; eles levantaram dinheiro, e procuraram<br />
livros, ajuda médica, e outras necessidades para os pobres<br />
prisioneiros; visitaram e ajudaram as famílias pobres, e ensinaram em<br />
escolas e em casas de correção. Em todas essas <strong>Wesley</strong> assumiu o<br />
comando. Ele mesmo fundou uma das escolas, pagou as professoras, e<br />
vestiu algumas, se não todas as crianças.<br />
53
Ao pregar em Dress, muitos anos depois, ele diz que, enquanto<br />
estava em Oxford, "em um dia frio de inverno, uma jovem criada<br />
(uma daquelas que cuidavam da escola), visitou-se. Eu disse: 'Você<br />
parece subnutrida. E você tem alguma coisa para vestir, a não ser<br />
este linho fino?'. Ela respondeu: 'Senhor, isto é tudo que tenho'. Eu<br />
coloquei minha mão em meu bolso, mas certifiquei-me que eu não<br />
tinha dinheiro restante, depois de ter gastado tudo que eu tinha. Isto<br />
imediatamente me veio à mente, será que teu Mestre diria, 'Bem feito,<br />
bom e fiel mordomo? Tu adornaste os muros com o dinheiro que teria<br />
abrigado esta pobre criatura do frio! Ó, justiça! Ó, misericórdia!<br />
Esses quadros não são feitos com o sangue dessa pobre criada?'".<br />
Assim, ele insistiu com seus ouvintes, a "não ajuntarem coisa<br />
alguma; sim, pior do que isto, com o que poderia vestir um pobre, nu,<br />
e trêmulo de frio, cidadão". E em outra ocasião, quando prega sobre O<br />
Caminho Mais Excelente, ele exorta: "Em Primeiro Lugar, se você<br />
não tem família, depois de ter providenciado para si mesmo, dê tudo<br />
que restar". "Esta", ele diz, "foi a prática de todos os jovens de<br />
Oxford, que eram chamados de Metodistas. Por exemplo: Um deles<br />
[ele mesmo] tinha trinta libras por ano. Ele viveu com vinte e oito, e<br />
abriu mão de quarenta xelins. No ano seguinte, recebeu sessenta<br />
libras, ele ainda viveu com vinte e oito, e deu trinta e duas. No<br />
terceiro ano, ele recebeu noventa libras, e deu sessenta e duas. No<br />
quarto, ele recebeu cento e vinte libras. Ela inda viveu, como antes,<br />
com vinte e oito libras; e deu ao pobre, noventa e duas. Este não foi o<br />
caminho mais excelente?<br />
Assim, nas obras de benevolência e serviço cristão, em meio à<br />
maldade abundante, esses jovens viveram na pureza da vida,<br />
fortalecendo uns aos outros, na fé e prática santa, vivendo como luz no<br />
mundo, manifestando a palavra de vida, em meio a uma geração<br />
verdadeiramente desonesta e perversa. Mas este zelo exterior não foi<br />
mantido sem a maioria dos diligentes exercícios religiosos. A rigorosa<br />
vigília que <strong>Wesley</strong> manteve sobre si mesmo naquele tempo, e os<br />
esforços ardorosos que ele fez para promover seu progresso espiritual,<br />
são notavelmente exibidos em O Esquema de Auto-Exame, que ele<br />
nos diz, foi usado pelos primeiros Metodistas em Oxford, e que foi<br />
54
indubitavelmente sua compilação. O documento é extremamente<br />
interessante, não apenas como amostra da vida interior da pequena<br />
comunidade Metodista, mas, aqui especificamente, como lançando<br />
uma luz sobre o sistema severo de autodisciplina que <strong>Wesley</strong><br />
costumava impor, com a mais rigorosa precisão, sobre si mesmo, e o<br />
que ele estimulava junto aos outros.<br />
Um Esquema de Auto-exame Usado pelos Primeiros<br />
Metodistas em Oxford<br />
são:<br />
Domingo --- Amor a Deus e Simplicidade: Cujos meios<br />
Oração e Meditação<br />
1. Eu tenho sido simples e coerente em tudo que eu digo ou<br />
falo? (1) Simples em todas as coisas, ou seja, olhado para Deus; meu<br />
Deus, meu Exemplo, meu único Desejo, meu Árbitro, Origem do bem;<br />
agido totalmente para Ele; adequando meu entendimento com a ação<br />
presente ou hora? (2) Coerente? Ou seja, este simples propósito é<br />
distinto e ininterrupto? Com a finalidade de mantê-lo assim, eu tenho<br />
usado as marcas, como combinado com meus amigos, onde quer que<br />
eu esteja? Eu tenho feito qualquer coisa, sem uma prévia percepção de<br />
que aquilo se trata da vontade de Deus? Ou sem a percepção de que<br />
seja um exercício ou meios de virtude, para aquele dia? Eu tenho dito<br />
alguma coisa, sem isto?<br />
2. Eu tenho orado com fervor? Ao ir para a Igreja, e quando<br />
saio dela? Dentro da igreja? De manhã, e tarde, em privativo?<br />
Segunda, quarta e sexta-feira, com meus amigos, ao amanhecer?<br />
Depois de me deitar? No sábado ao meio-dia? Todo o tempo que eu<br />
esteja engajado em uma obra exterior pessoal? Antes de me dirigir a<br />
um local público ou oração privada, para obter ajuda? Onde quer que<br />
eu esteja, eu vou à igreja de manhã e a noite, exceto se para a<br />
misericórdia necessária? Eu gasto uma a três horas em privativo? Na<br />
oração pessoal, eu freqüentemente faço uma interrupção breve e<br />
55
observo se há fervor? Eu a tenho repetido diversas vezes, até que eu<br />
atento para cada palavra? Quando no começo de cada oração ou<br />
parágrafo, eu tenho reconhecido que eu não posso orar? Eu<br />
interrompo, antes de concluir em Seu nome, e me referir ao meu<br />
Salvador agora intercedendo por mim, à mão direita de Deus, e<br />
ofereço essas orações?<br />
3. Eu uso devidamente as exclamações? Ou seja, a toda hora,<br />
eu oro por humildade, fé, esperança, amor, e em especial, virtude para<br />
o dia? Considero com quem eu estive a última hora, o que fiz, e<br />
como? Com respeito à lembrança, amor ao homem, humildade,<br />
abnegação, resignação, gratidão? Considero a próxima hora, nos<br />
mesmos aspectos, e ofereço tudo que faço ao meu Redentor, peço sua<br />
assistência em cada pormenor, e recomendo minha alma ao seu<br />
cuidado? Tenho feito isto deliberadamente, sem pressa, seriamente,<br />
sem fazer nada mais, naquele momento, e tão ardorosamente quanto<br />
eu posso?<br />
4. Eu oro devidamente por virtude para o dia? Ou seja, oro por<br />
ela, quando saio e quando entro? Deliberada, séria, e fervorosamente?<br />
5. Eu uso da Coleta [oração que na missa precede a epístola],<br />
às nove horas, doze, e quinze horas? E dou graças antes e depois de<br />
comer? Em voz alta, em minha própria sala? Deliberada, séria, e<br />
fervorosamente?<br />
6. Eu medito devidamente? Todo dia, exceto se pela<br />
misericórdia necessária? (1) Desde as seis horas, etc, para as orações?<br />
(2) Das quatro às cinco horas da manhã? No que for específico para a<br />
providência daquele dia? Como a virtude do dia deve ser mostrada<br />
junto a ela? Como isto é frustrado? (Aqui as faltas) (3) No domingo,<br />
das seis a sete horas com Kempis? Das três às quatro, sobre a<br />
redenção, ou os atributos de Deus? Quarta e sexta-feira, do meio-dia à<br />
uma hora, sobre a Paixão? Antes de terminar um livro, no que eu<br />
assinalei nele?<br />
56
Segunda-feira – Amor ao Homem<br />
1. Eu tenho sido zeloso e ativo no fazer o bem? Ou seja: (1) Eu<br />
tenho aproveitado toda oportunidade possível, para fazer o bem,<br />
prevenir, remover ou diminuir o mal? (2) Eu tenho exercido isto com<br />
toda minha força? (3) Eu considero alguma coisa muito importante,<br />
para partilhar ou para servir ao meu próximo? (4) Eu gasto uma hora,<br />
pelo menos, todos os dias, para falar com um ou com outro? (5) Eu<br />
desisto de alguém, até que ele expressamente renuncie a mim? (6)<br />
Antes de falar com alguém, eu procuro conhecer, até onde eu posso,<br />
seu temperamento, modo de pensar, vida passada, e obstáculos<br />
peculiares, internos e externos? Eu fixo o ponto a ser alcançado?<br />
Então, os meios para isto? (7) Ao falar com ele, eu proponho os<br />
motivos, então, as dificuldades, e pondero sobre eles, e, então, o<br />
exorto a considerar a ambos, calma e profundamente. E orar<br />
sinceramente por ajuda? (8) Ao falar com estranhos, eu explico o que<br />
a religião não é? (nem negativa, nem externa) e o que ela é? (o<br />
recuperar a imagem de Deus), procurando saber em que passo ele<br />
parou, e o que o fez parar ali? Eu o exorto e dirijo? (9) Eu procuro<br />
persuadir a todos que atendam às orações públicas, sermões e<br />
sacramento; e, em geral, a obedecerem as leis da Igreja Universal, a<br />
Igreja da Inglaterra, o Estado, a Universidade, e seus respectivos<br />
colegas? (10) Quando reprovado por algum ato de desobediência, eu o<br />
confesso, e revido o ataque com delicadeza e ardor. (11) Eu contesto<br />
algum ponto prático, exceto se ele tiver que ser praticado naquele<br />
momento? (11) Na discussão: (1) Eu desejo que ele defina os termos<br />
da questão; limitá-la; o que ele admite e o que ele nega? (2) Demoro<br />
em dar a opinião? Deixo que ele explique e prove a sua? Então,<br />
insinuo ou faço objeções? (13) Depois de cada visita, eu pergunto<br />
àquele que veio comigo: "Eu disse alguma coisa errada?". (14)<br />
Quando alguém me pede conselho, eu o direciono e exorto com todo<br />
meu poder?<br />
2. Eu me regozijo com meu próximo e por causa dele, na<br />
virtude ou prazer? Eu me aflijo com sua dor, ou porque ele está em<br />
pecado?<br />
57
3. Eu recebo suas enfermidades com piedade, e não ira?<br />
4. Eu penso ou falo indelicadamente dele ou com ele? Eu<br />
revelo algum mal de alguém, exceto se necessário para algum bem<br />
específico que eu tenha em vista? Eu, então, faço isto com toda<br />
ternura, e de maneira consistente com esta finalidade? De alguma<br />
maneira pareço aprovar aqueles que fizeram o contrário?<br />
5. A boa vontade é e parece ser a fonte de todas as minhas<br />
ações em direção a outros?<br />
6. Eu uso de intercessão devidamente? (1) Antes? (2) Depois<br />
de falar com alguém? (3) Com meus amigos no domingo? (4) Com<br />
meus alunos na segunda-feira? (5) Com aqueles a quem eu<br />
pessoalmente desejo, na quarta e sexta-feira? (6) Com a família com a<br />
qual estou todos os dias?<br />
Uma carta de um dos colegas íntimos de <strong>Wesley</strong>, Robert<br />
Kirkham, um dos primeiros da Band dos Metodistas de Oxford, lança<br />
uma nova luz quanto aos sentimentos de <strong>Wesley</strong> naquele tempo.<br />
<strong>Wesley</strong> tinha visitado Kirkham, em sua casa, em Stanton,<br />
Gloucestershire, e fora recebido com boas-vindas. Aqui ele<br />
familiarizou-se com a irmã de Kirkham, Betty, e parece ter ficado<br />
impressionado com seu charme; nem ela pareceu indiferente aos<br />
atrativos pessoais de <strong>Wesley</strong>. Isto não escapou da observação de seu<br />
irmão. Escrevendo a <strong>Wesley</strong>, Kirkham diz :—<br />
2 de Fevereiro de 1727<br />
Seu caráter meritório, e fantástico; sua educação pessoal<br />
notável; seus nobres dons de mente; sua pessoa simples e bonita, e<br />
sua conversa prestativa e amável têm sido o agradável objeto de<br />
nossa conversa por algumas horas prazerosas. Você freqüentemente<br />
está nos pensamentos de Srta. B. [Srta. Betty], que eu curiosamente<br />
observei, quando sozinho com ela, através de sorrisos, sinais, e<br />
58
expressões com respeito a você. Isto é suficiente? Esta manhã, eu a<br />
peguei de joelhos, em uma postura humilde e devota... Há muito, eu<br />
espero que você supra a ausência de meu pai. Mantenha o conselho e<br />
queime esta, quando ler atentamente. Você terá as minhas razões em<br />
minha próxima carta. Eu devo concluir, e subscrever-me, seu afetuoso<br />
amigo, e irmão, eu desejo que possa me escrever,<br />
Robert Kirkham.<br />
A irmã de <strong>Wesley</strong>, Marta, parece ter despertado os ternos<br />
sentimentos dele, porque em uma carta próxima a esta data, ela diz:<br />
"Quando eu soube que você havia retornado de Worcestershire, onde<br />
eu suponho viu sua Varanese [um nome fictício e fantasioso para Srta.<br />
Krkiham, usada de acordo com o costume do tempo], eu, então, cesse<br />
de me surpreender com seu silêncio, porque a visão de tal mulher,<br />
'tão notável, tão amada', bem poderia fazê-lo esquecer-me. Eu<br />
realmente tenho um grande respeito por ela, assim como<br />
necessariamente tenho por alguém que seja tão querido a você".<br />
Uma correspondência, com a Sra. Pendarves, mostra que<br />
<strong>Wesley</strong>, então, reteve sua paixão por Varanese, e que não foi sua falta<br />
que isto não conduzisse a uma união duradoura. Porque, por mais de<br />
três anos, <strong>Wesley</strong> manteve uma correspondência com a Srta. Betty<br />
Kirkham, e falou dela, carinhosamente; mas em 1731, sua amizade foi<br />
interrompida, se pela interferência de seu pai, ou pela preferência dela<br />
por outro, não ficou determinado. Parece provável que ela se casou<br />
com o Sr. Wilson, e morreu no ano de 1732.<br />
A intimidade de <strong>Wesley</strong> com a Srta. Betty Kirkham o conduziu<br />
à familiaridade com uma amiga de sua irmã, Sra. Pendarves, a filha<br />
mais velha de Bernard Granville, e sobrinha de lorde Lansdowne. Ela<br />
se casou cedo, aos dezessete anos, e, com vinte e três, estava viúva.<br />
Ela era uma brilhante senhora da Corte, opulenta, talentosa, educada, e<br />
bonita; familiarizada com tudo que aquele nível social e costume<br />
podiam dispor; ainda assim, dizem que era doce e modesta,<br />
inteligente, e inquiridora; tão feliz na vida do campo, como se nunca<br />
59
tivesse conhecido uma Corte, ou brilhado nas assembléias de Londres;<br />
como se a assembléia e a ópera fossem completamente estranhas a ela;<br />
e, acima de tudo, ela era interessada, e preocupada com respeito aos<br />
assuntos da devoção religiosa e dever. Não é de se surpreender que o<br />
jovem colegial, com a mente aberta para todo charme do refinamento<br />
e bondade, assim como para toda graça de pessoa, estivesse<br />
completamente deslumbrado e envolvido.<br />
<strong>Wesley</strong> e a Sra. Pendarves corresponderam-se livremente; ele<br />
sob o pseudônimo de Cyrus, e ela de Aspásia. Diversas cartas estão na<br />
Vida e Correspondência da Sra. Delany, de Lady Llanover. Dr. Rigg,<br />
que teve a oportunidade de examinar toda a correspondência diz:<br />
"Em todas as outras correspondências anteriores, assim como<br />
posteriores, deste período de sua vida, <strong>Wesley</strong> é sempre claro, limpo,<br />
e parcimonioso nas palavras; simples, inocente e impassível. Nesta<br />
correspondência, ao contrário, ele é formal, sentimental, e quase se<br />
poderia dizer afetado; certamente, artificial, e, algumas vezes,<br />
excessivo, quando fala da própria lady, ou tenta fazer-lhe um elogio.<br />
Alguém poderia quase se surpreender, como a lady, que nunca se<br />
comporta de maneira inadequada, e cujo estilo é sempre natural e<br />
apropriado, fosse capaz de suportar o estilo no qual ele se endereçava<br />
a ela".<br />
"É apenas, quando uma questão de casuística religiosa, ou de<br />
teologia, ou de dever, ou de devoção, era tratado, que <strong>Wesley</strong> volta a<br />
ser ele mesmo; então, seu estilo está singularmente em contraste com<br />
o que ele é, com respeito aos pontos de personalidade ou de<br />
sentimento. Suas expressões de respeito e admiração são tão<br />
extravagantes, como se ele pertencesse a um romance espanhol; suas<br />
discussões são simples e frugais. É difícil entender como o mesmo<br />
homem pode ser o escritor de todas essas cartas".<br />
Esta correspondência parece ter continuado até Agosto de<br />
1731, quando a Sra. Pendarves foi residir na Irlanda; e, embora seja<br />
provável que <strong>Wesley</strong> escreveu para ela, mais de uma vez, depois disto,<br />
60
ainda assim, ela não escreveu para ele, num intervalo de três anos, até<br />
que retornou para a Inglaterra. Então, ficou muito tarde. Durante<br />
aqueles anos, <strong>Wesley</strong> avançou grandemente, no caráter e na devoção<br />
séria, para os propósitos sublimes de seu chamado, e ganhou uma<br />
influência maior e mais ampla como líder e guia espiritual. Dr. Rigg,<br />
apropriadamente observa que, "em adição ao interesse curioso desta<br />
correspondência, ela revela um segundo plano do caráter natural que<br />
nos capacita a ver em uma luz muito mais clara o maduro, e em boa<br />
parte, transformado, <strong>Wesley</strong> dos últimos anos. Ele nos revela a<br />
extrema suscetibilidade natural de <strong>Wesley</strong> para o que quer que fosse<br />
gracioso e agradável em uma mulher, especialmente, se unido ao<br />
vigor mental e excelência moral ... Ele foi naturalmente um<br />
admirador da natureza feminina, pelo menos, um admirador de tais<br />
mulheres. Uma cortesia quase reverente; uma afeição calorosa, mas<br />
pura; um deleite, mas estrita familiaridade, marcou, através da vida,<br />
suas relações com as agradáveis e talentosas mulheres -- foi com<br />
esses talentosas mulheres, na maioria das vezes, que ele manteve<br />
amizade e correspondência"<br />
Mas, com a vida futura de <strong>Wesley</strong> em vista, este episódio<br />
propicia alicerce para reflexão sobre o maravilhoso controle da<br />
providência, que, então, e não até então, impediu a vida destinada para<br />
a heróica abnegação, e para o quase trabalho sem paralelo, no serviço<br />
da Igreja e da raça humana, de contender-se com as limitações da<br />
comum, mesmo que neste caso a distinguida carreira de um pároco, ou<br />
de um membro do colégio.<br />
Retornando a nossa história, nós nos certificamos que, no<br />
início do ano de 1730, <strong>Wesley</strong> aceitou, por alguns meses, um curato,<br />
oito milhas de Oxford, provavelmente em Stanton Harcourt, do qual<br />
seu amigo Gambold ficou incumbido, mais tarde. Ele não ficava muito<br />
longe de South Leigh, onde <strong>Wesley</strong> pregou seu primeiro sermão. De<br />
lá ele cavalgava nos domingos, mas que outro serviço ele fazia, não se<br />
sabe. Ele recebeu pagamento, a razão de 30 libras por ano. Este curato<br />
propiciou a ele um novo campo de benefício, e o capacitou a manter<br />
seu cavalo, sem privar suas caridades.<br />
61
Na primavera do ano seguinte, ele começou a observar os<br />
jejuns das quartas e sextas-feiras, depois da prática da Igreja matinal,<br />
não provando alimento até as três horas da tarde. Ele nos diz que ele<br />
se esforçou diligentemente contra todo o pecado; omitiu nenhuma<br />
sorte de abnegação que ele pensou útil; cuidadosamente usou, tanto<br />
em público, como em privado, de todos os meios da graça em todas as<br />
oportunidades. Ele não omitiu ocasião de fazer o bem, e por esta razão<br />
ele diz que ele suportou o mal. Mas sabendo que tudo isto significava<br />
nada, exceto se fosse direcionado em direção à santidade interior, ele<br />
objetivou continuamente a alcançar a imagem de Deus, fazendo a<br />
vontade de Deus e não a sua própria.<br />
Nesta época, ele e seu irmão começaram a prática de<br />
conversarem em Latim, quando estavam sozinhos; uma prática que<br />
eles continuaram durante a vida. Na primavera deste ano, ele fez uma<br />
visita a Epworth, permanecendo lá, por três semanas. Eles<br />
caminharam, de um lado a outro, descobrindo que vinte e quatro ou<br />
vinte e cinco milhas eram um dia de jornada, tão fácil e seguro, em<br />
tempo quente, quando em tempo frio; e que era fácil lerem enquanto<br />
caminhavam, por uma distância de dez ou doze milhas, sem se<br />
sentirem fracos ou cansados; e, em seu retorno, <strong>Wesley</strong> conta a sua<br />
mãe que o movimento e o sol, juntos, em suas últimas cento e<br />
cinqüenta milhas de caminhada, tão completamente eliminaram seus<br />
"humores supérfluos", que eles continuaram em perfeita saúde,<br />
embora a época em Oxford fosse de muita enfermidade; e, como<br />
muitos pensavam que seu irmão e ele eram muito cuidadosos, e<br />
colocavam fardos em si mesmos, que eles não eram capazes de<br />
suportar, ele pede que, se ela os julga, supersticiosos ou fanáticos, de<br />
um lado, ou muito remissos de outro, que ela os informe tão<br />
rapidamente quanto possível. E, escrevendo ao seu pai, nesta mesma<br />
época, ele diz: "Desde nosso retorno, nossa pequena companhia,<br />
acostumada a se encontrar no domingo de manhã, reduziu-se a quase<br />
nenhuma pessoa, afinal. O Sr. Morgam está doente em Holt; Sr.<br />
Boyce está com seu pai em Barton; Sr. Kirkham deve brevemente<br />
deixar Oxford; e um jovem cavalheiro que usou ser o quarto homem,<br />
62
temeroso e envergonhado, ou mesmo ambos, retornou para os<br />
caminhos do mundo, e cuidadosamente afastou-se de nossa<br />
concordância". Mas, embora ele narre o fato, ele não usa palavra<br />
alguma significando desencorajamento de sua parte. Na verdade, tal<br />
sentimento, tão inteiramente desconhecido na vida anterior, quando<br />
havia tanta oportunidade para isto, não parece ter encontrado lugar, até<br />
mesmo neste período inicial. "No entanto", ele acrescenta, "o pobre na<br />
fortaleza tinha o evangelho pregado para ele, e algumas de suas<br />
necessidades supridas, e os filhos estavam sendo ainda cuidados".<br />
Em meio às cartas interessantes, escritas por ele, para sua<br />
sempre sábia conselheira, sua mãe, existe uma datada de 28 de<br />
Fevereiro de 1732. Ela diz: "Eu reconheço que eu nunca entendi, que<br />
a presença real, mais do que da natureza Divina de Cristo, esteja<br />
eminentemente presente para conceder, através da operação de Seu<br />
Espírito, o benefício de Sua morte para os recebedores meritórios".<br />
Ao que ele responde: "Alguma consideração é suficiente para me<br />
fazer concordar com seu julgamento, concernente ao Santo<br />
Sacramento, que é, o de que não podemos admitir que a natureza<br />
humana de Cristo esteja presente nele, sem admitir tanto a<br />
consubstanciação ou transubstanciação. Mas que Sua divindade está<br />
tão unida a nós, então, como nunca esteve, a não ser para os<br />
recebedores meritórios, eu firmemente acredito, embora a maneira<br />
desta união seja completamente um mistério para mim". Falando de<br />
seus muitos privilégios espirituais, ele pergunta: "O que devo fazer<br />
para tornar todas essas bênçãos efetivas; para conseguir, através<br />
delas, aquela mente que estava também em Cristo Jesus? A todos que<br />
dão mostras, de não serem estranhos a isto, eu proponho esta<br />
questão, e por que não a você, antes do que qualquer outro? Eu devo<br />
interromper minha busca de todo aprendizado, a não ser pelo que<br />
imediatamente se incline à prática? Uma vez, eu desejei fazer uma<br />
mostra justa nas Línguas e Filosofia; mas isto é passado. Existe um<br />
caminho mais excelente, e, se eu não posso obter algum progresso<br />
nele, sem renunciar a todos os pensamentos do outro, porque,<br />
concordo, ainda que, em pouco tempo, devamos ser todos iguais no<br />
conhecimento, se formos iguais na virtude".<br />
63
"Você diz que 'renunciou ao mundo'. E o que eu tenho feito<br />
todo este tempo? O que tenho feito desde que nasci? Por que eu tenho<br />
mergulhado nisto mais e mais. É suficiente: 'Acorda, tu que dormes'.<br />
Não existe 'um Senhor, um Espírito, uma esperança de nosso<br />
chamado?'. Uma maneira de obter aquela esperança? Então, eu<br />
renuncio ao mundo assim como você. Esta é a mesma coisa que eu<br />
quero fazer – tirar minhas afeições deste mundo, e colocá-las em um<br />
caminho melhor. Mas como? Qual o caminho mais certo, e o mais<br />
curto? Não é ser humilde? Certamente este é um passo largo neste<br />
caminho. Mas a questão retorna: Como eu farei isto? Reconhecer a<br />
necessidade disto não é ser humilde. Em muitas coisas você<br />
intercedeu por mim e prevaleceu. Que sabe, nesta também você possa<br />
ter sucesso!".<br />
Essas palavras mostram com que avidez ele se esforçava na<br />
busca da santidade; elas revelam seu espírito dócil e educável; e eles<br />
indicam o tipo de autodisciplina a que ele se submeteu – uma<br />
disciplina exercida dentro do tranqüilo recinto fechado da vida<br />
Universitária, que tão bem o ajudou a prepará-lo para as lutas<br />
exteriores que ainda viriam.<br />
Em Londres, no mês de Julho deste ano, <strong>Wesley</strong> familiarizouse<br />
com William Law, que estava, então, vivendo com Gibbons, em<br />
Putney, e começou a ler os escritores místicos. Isto, como poderemos<br />
ver, ultimamente acrescentou um outro elemento à sua complexa<br />
experiência, envolvendo novas perplexidades a serem resolvidas, e<br />
novos conflitos a serem suportados. Em 23 de Novembro de 1736, ele<br />
escreveu a Samuel <strong>Wesley</strong>: "Eu penso que a rocha na qual eu quase<br />
naufraguei na fé foram os escritos dos místicos; sob cujo termo eu<br />
compreendo todos aqueles que desprezam os meios da graça, e não<br />
apenas esses". Ele também se tornou conhecido de muitos membros<br />
da Sociedade para a Propagação do Conhecimento Cristão, com<br />
cujas reivindicações, ele mais inteiramente simpatizou. Ele foi<br />
admitido na Sociedade em 3 de Agosto deste ano.<br />
64
Em 26 de Agosto, o Sr. Morgan morreu. Ele foi um dos três<br />
primeiros a serem alcunhados de homens e Metodistas de<br />
Supererrogação. Como falsos relatos se espalharam de que sua morte<br />
fora ocasionada por excessivo jejum e outras austeridades que os<br />
<strong>Wesley</strong>s o induziram a praticar, <strong>Wesley</strong> escreveu uma longa carta ao<br />
pai de Morgan, dando algum relato do caráter cristão e as obras de<br />
caridade de seu filho, e dos procedimentos gerais da pequena<br />
companhia deles.<br />
Isto tanto satisfez o Sr. Morgan, que ele subseqüentemente<br />
colocou seu filho mais jovem como um aluno sob o cuidado de<br />
Charles <strong>Wesley</strong>. No prefácio de seus Diários publicados, <strong>Wesley</strong><br />
inseriu esta carta, como "um claro relato do surgimento daquela<br />
pequena sociedade que tinha sido, de maneira tão variada,<br />
representada".<br />
Durante o curso deste verão, <strong>Wesley</strong> fez duas viagens a<br />
Epworth. Na primeira, enquanto de pé no muro do jardim da casa de<br />
um amigo, este se espatifou debaixo dele, mas <strong>Wesley</strong> escapou ileso.<br />
Sua segunda jornada foi mais aflitiva. Como seu pai, ficando velho e<br />
enfermo, e seu irmão Samuel, preste a residir em Tiverton, não foi<br />
provável que toda a família se reunisse novamente dentro dos muros<br />
daquela velha residência paroquial em Epworth – a casa da dotada e<br />
honrada família, cujo nome se tornaria familiar para as raças de língua<br />
inglesa, em todos os cantos do globo habitado; a casa para o qual os<br />
pensamentos de tantos em gerações futuras se voltaram, e para o qual<br />
os passos de tantos peregrinos desta terra e de além mares se<br />
lançariam.<br />
No primeiro dia do ano de 1733, <strong>Wesley</strong> pregou na Igreja de<br />
St. Mary, Oxford, diante da Universidade, sobre "A Circuncisão do<br />
Coração", de Romanos 2:29. Escrevendo a um amigo, trinta anos<br />
depois, ele diz: "O sermão contém tudo que eu agora ensino,<br />
concernente à salvação de todos os pecados, e amor a Deus com um<br />
coração não dividido". Mas sobre um tópico, ele não ensinou tudo<br />
que ele mais tarde ensinou. Sobre a questão da fé, faltou o ensino que<br />
65
o próprio <strong>Wesley</strong> naquele tempo não tinha. Ele define a fé como "uma<br />
concordância inabalável de tudo que Deus revelou nas Escrituras, e,<br />
em especial, àquelas importantes verdades, que Jesus Cristo veio ao<br />
mundo para salvar pecadores; que Ele carregou nossos pecados<br />
sobre seu corpo no madeiro; que Ele espiou nossos pecados, e não<br />
apenas os nossos, mas todos os pecados de todo o mundo". Mas,<br />
quando ele, mais tarde, publicou o sermão, em 1748, no segundo de<br />
seus primeiros quatro volumes de sermões, ele acrescentou a seguinte<br />
passagem notável: ("não apenas uma concordância inabalável", etc),<br />
"mas igualmente a revelação de Cristo em nossos corações; uma<br />
evidência ou convicção divina de Seu amor, Seu livre, imerecido amor<br />
a mim um pecador; uma confiança certa em Sua misericórdia<br />
perdoadora; forjada em nós pelo Espírito Santo; uma confiança, por<br />
meio do qual o crente verdadeiro é capaz de testemunhar: Eu sei que<br />
meu redentor vive; que eu tenho um advogado com o Pai, e que Jesus<br />
Cristo, o justo, é meu Senhor a expiação por meus pecados. Eu sei<br />
que Ele amou. Que Ele me reconciliou, mesmo a mim, a Deus; e eu<br />
tenho redenção, através de Seu sangue, até mesmo o perdão dos<br />
pecados". Presentemente será visto, quão exatamente similar essas<br />
palavras são daquelas usadas por ele, já que ele registrou sua fé,<br />
depois do memorável encontro na Rua Aldersgate, no qual ele<br />
primeiro alcançou a verdade de seu interesse pessoal e individual na<br />
expiação de Cristo; aquele evento sendo a linha divisória entre: "Ele é<br />
a expiação dos pecados de todo o mundo", e "Ele é a expiação para<br />
meus pecados".<br />
Este ano foi marcado, pelo fato de ele imprimir ("a primeira<br />
vez que me aventuro a imprimir alguma coisa") Uma Coleção de<br />
Formas de Oração, designada para o uso de seus alunos. Assim<br />
começou aquele prolífico trabalho literário que continuou até o fim de<br />
seus dias, e que nenhum de seus trabalhos árduos diminuiu. O número<br />
e variedade de suas publicações espantaram todo estudante de sua<br />
vida.<br />
Seu pai, em um péssimo estado de saúde e aparentemente<br />
declinando rapidamente, <strong>Wesley</strong> retirou-se para Epworth. Passando<br />
66
por sobre a ponte em Daventry, seu cavalo caiu sobre ele; mas <strong>Wesley</strong><br />
escapou ileso, e, tão freqüentemente mais tarde, encontrou<br />
oportunidade de dar graças a Deus, pela preservação em iminente<br />
perigo. Seus pais estavam muito ansiosos que ele se estabelecesse em<br />
Epworth, no caso da morte de seu pai; Depois de seu retorno a<br />
Oxford, ele escreveu para sua mãe: “Eu observei quando estive com<br />
você, que eu estava muito indiferente, quanto a ter ou não o benefício<br />
de Epworth. Eu, na verdade, fui inteiramente incapaz de determinar<br />
um caminho ou outro; e por esta razão: eu sei, que se eu pudesse<br />
estabelecer meu alicerce aqui, e me aprovar como um fiel ministro, de<br />
nosso abençoado Jesus, pela honra e desonra, através do bom e mau<br />
relato; então, não haverá lugar sob o céu como este para o<br />
aperfeiçoamento em todo o bem”. E novamente: “Eu tenho tantos<br />
alunos e tantos amigos quanto preciso; quando mais for melhor para<br />
mim, eu terei mais. Se eu não tiver mais alunos depois que estes<br />
tiverem ido, eu, então, ficarei feliz do curato perto de você; se eu<br />
tiver, eu tomarei isto como um sinal de que eu devo permanecer<br />
aqui”.<br />
Em Maio, ele parte novamente para Epworth, para visitar, em<br />
Manchester, seu amigo Clayton, que havia agora deixado a<br />
Universidade. Em seu retorno para Oxford, ele viu os maus efeitos de<br />
sua ausência sobre seus alunos e membros de sua pequena sociedade.<br />
Ele agora se viu cercado pelos inimigos, triunfando sobre ele,<br />
enquanto amigos desertavam dele; e viu os frutos de seu trabalho em<br />
perigo de ser destruído, antes que tivesse alcançado a maturidade. Mas<br />
ele permaneceu firme, como uma rocha, e consciente de sua própria<br />
integridade, e que ele tinha nada em vista, a não ser servir a Deus e o<br />
benefício de seu próximo, ele viu sua situação com calma, e na<br />
simplicidade de seu coração, escreveu assim para seu pai: --<br />
13 de Junho, 1733.<br />
“Os efeitos de minha última viagem, eu acredito, me fará mais<br />
cauteloso de estar algum tempo longe de Oxford, para o futuro; pelo<br />
menos, até que eu não tenha alunos para cuidar, o que provavelmente<br />
67
acontecerá dentro de um ano ou dois. Um dos meus jovens<br />
cavalheiros disse-me, quando de meu retorno, que ele estava, ‘mais e<br />
mais, temeroso da singularidade; um outro, que ele leu uma excelente<br />
peça do Sr. Locke, que o tinha convencido do dano de respeitar a<br />
autoridade. Ambos concordaram que o observarem a quarta-feira,<br />
como um jejum, foi uma singularidade desnecessária; a Igreja<br />
Universal (ou seja, a maioria dela), tendo há muito repelido, por<br />
costume contrário, a injunção que ela anteriormente deu concernente<br />
a isto. Uma terceira, que não pode ceder a este argumento, foi<br />
convencido por uma perturbação de espírito, e Dr. Frewin. Nossos<br />
vinte e sete comunicantes na Igreja de St. Mary, que estiveram na<br />
quarta-feira, diminuíram em cinco; e um dia antes, o último dos<br />
alunos do Sr. Clayton que continuou conosco, me informou que ele<br />
não pretendia nos encontrar mais. ‘Meu prejudicial sucesso’, como<br />
eles chamam a isto, parece ser o que amedrontou a cada um, da<br />
queda da casa”.<br />
“Ele agora redobrou sua diligência com seus alunos, para que<br />
eles recuperassem o alicerce que haviam perdido. Eles haviam sido<br />
culpados por seus amigos e inimigos pela regularidade dele, e por<br />
algumas práticas especiais que ele observava; Escrevendo a sua mãe<br />
sobre esses assuntos, ele revela seus pensamentos e métodos. Ele diz,<br />
em 17 de Agosto de 1733: “O que causa ofensa aqui é o ser singular<br />
com respeito ao tempo, gasto e companhia. Isto é evidente, além de<br />
exceção, do caso do Sr. Smith, um de nossos Camaradas, que tão logo<br />
começou a economizar seu tempo; a cortar gastos desnecessários, e<br />
evitar seus conhecidos irreligiosos, ele foi atacado, não apenas por<br />
todos aqueles conhecidos, mas muitos outros também, como se ele<br />
tivesse entrado em uma conspiração para cortar a garganta de todos<br />
eles; embora até este dia, ele não tenha aconselhado uma só pessoa,<br />
exceto em uma ou duas palavras por acaso, a agir como ele fez em<br />
algumas dessas instâncias”. E ele acrescenta:<br />
“De fato, é verdade que ‘o demônio odeia mais a guerra<br />
ofensiva’; e que quem quer que tente livrar mais do que a própria<br />
alma de suas mãos, terá mais inimigos, e encontrará maior oposição,<br />
68
do que se ele estiver contente em ‘ter a sua própria vida como uma<br />
presa’. Que eu tente fazer isto é igualmente certo; mas eu não posso<br />
dizer, se eu ‘imporei rigorosamente algumas observâncias sobre<br />
outros’, até que eu sabia o que aquela frase signifique. O que eu faço<br />
é isto: Quando eu estou encarregado de uma pessoa, que deve<br />
primeiro entender e praticar, e, depois ensinar a lei de Cristo, eu me<br />
esforço, pela leitura e conversação adicionadas, a mostrar a ele o que<br />
aquela lei significa; ou seja, a renunciar a todo amor desordenado do<br />
mundo, e a amar e obedecer a Deus, com toda sua força. Quando ele<br />
parece seriamente sensível a isto, eu proponho a ele os meios que<br />
Deus tem ordenado a ele usa, com o objetivo desta finalidade; e uma<br />
semana, um mês, ou um ano depois, quando o estado de sua alma<br />
parece requerer isto, os diversos meios providenciais recomendados<br />
pelos homens sábios e bons. Quanto aos momentos, ordem, medida, e<br />
maneira em que esses devem ser propostos, eu dependo do Espírito<br />
Santo me dirigir, em minha, e através da minha própria experiência e<br />
reflexão, juntamente com os conselhos de meus amigos religiosos,<br />
aqui e em outros lugares. Apenas duas regras é meu princípio<br />
observar em todos os casos: Primeiro, começar, continuar e terminar<br />
todos os meus conselhos, em espírito de humildade; como sabendo<br />
que ‘a ira’ ou a severidade ‘do homem não opera a retidão de Deus’;<br />
e, em segundo lugar, acrescentar à humildade, longanimidade: no<br />
prosseguimento de uma regra que eu fixei há muito tempo – nunca<br />
desistir de alguém, até que eu o tenho testado, pelo menos dez anos –<br />
Por quanto tempo Deus teve piedade de mim?”.<br />
<strong>Wesley</strong> se prepara verdadeiramente para ser um grande líder<br />
de homens.<br />
Tyerman observa que “O Metodismo em Oxford foi<br />
organizado em 1729. Dois anos mais tarde, enquanto ‘<strong>Wesley</strong> e seu<br />
irmão estavam em Epworth’, ele foi reduzido para quase nada; e dois<br />
anos mais tarde ainda, quando tinha aumentado para vinte e sete<br />
comunicantes, durante uma outra visita breve para Epworth, foi<br />
quase completamente destruído, porque vinte e sete foram reduzidos a<br />
cinco. Tudo isto mostra que <strong>Wesley</strong> foi a alma deste movimento, e<br />
69
que, sem ele, teria se dissolvido e se tornado extinto... Os cinco<br />
pobres Metodistas remanescentes, não considerando o próprio<br />
<strong>Wesley</strong>, eram sem dúvida, Charles <strong>Wesley</strong>, Benjamin Ingham, James<br />
Hervey, <strong>John</strong> Gambold, e, provavelmente, Charles Kinchin. Todos<br />
honrem tais nomes! Eles mantiveram o fogo ardendo, quando ele<br />
estava em perigo de extinguir-se. <strong>Wesley</strong> foi seu espírito-mestre; mas<br />
eles foram fiéis e dispostos colaboradores”.<br />
Não existe um quadro mais exato de <strong>Wesley</strong> e seus métodos, e<br />
do pequeno grupo de Metodistas, naquele tempo, do que aquele<br />
fornecido na carta de um deles, Gambold. Ele é tão preciso e exato em<br />
seus detalhes para ser omitido, não obstante, seu comprimento.<br />
Gambold escreve:<br />
“Sr. <strong>Wesley</strong>, professor do Lincoln College, tem sido o<br />
instrumento de tanto bem para mim, que eu nunca o esquecerei.<br />
Pudesse eu me lembrar dele, como deveria, teria quase o mesmo<br />
efeito como se ele ainda estivesse presente; para uma conversa, tão<br />
sem reservas, como era a dele, tão zelosa em envolver seus amigos em<br />
cada instância da devoção cristã, que nada restaria a ser dito, a não<br />
ser o que nos ocorre, quando dispostos a nos lembrar dele<br />
imparcialmente”.<br />
“Por volta da segunda quinzena de Março de 1730, eu conheci<br />
pessoalmente o Sr. Charles <strong>Wesley</strong> da Christ Church. Eu havia, então,<br />
recém chegado do interior, e estava decidido a encontrar algumas<br />
pessoas piedosas da religião para me manter em companhia delas, ou<br />
instilar alguma coisa naqueles que eu já conhecia. Eu havia estado,<br />
durante os dois anos anteriores, em profunda melancolia, de maneira<br />
que Deus agradou-se de me ordenar isto, desapontar e quebrantar um<br />
espírito orgulhoso, e tornar o mundo angustiante para mim; já que eu<br />
estava inclinado a apreciar suas vaidades”.<br />
“Durante este tempo, eu não tive amigo com quem eu pudesse<br />
me abrir, para algum propósito. Nenhum homem cuidava de sua<br />
alma; ou nenhum, pelo menos, entendia os caminhos dela. Eles que<br />
70
estavam na comodidade não imaginavam a tristeza em que eu me<br />
encontrava. O erudito esforçou-se para me dar noções corretas, e o<br />
amistoso para divertir-me. Mas eu tinha um peso sobre meu coração,<br />
que apenas a oração poderia em algum grau remover”.<br />
“Eu me preparei para provar o valor e a ajuda da sociedade,<br />
ficando um pouco restabelecido. Um dia, um velho conhecido me<br />
entreteve com algumas reflexões sobre o excêntrico Sr. Charles<br />
<strong>Wesley</strong>, sua precisão e extravagâncias piedosas. Embora eu tivesse<br />
convivido com ele durante quatro anos no mesmo colégio, ainda<br />
assim, eu fui incapaz de tomar algum conhecimento do que se<br />
passava, de maneira que eu nada sabia de seu caráter, a não ser, ao<br />
ouvir isto, que eu suspeitava ser de um bom cristão. No entanto, fui<br />
até sua sala, e, sem qualquer cerimônia, pedi o benefício de sua<br />
conversa. Eu tive tão larga porção dela, dali em diante, que<br />
dificilmente passei um dia, enquanto estive no colégio, a não ser que<br />
estivéssemos juntos uma vez, se não, o mais freqüentemente possível”.<br />
“Depois de algum tempo, ele me apresentou a seu irmão,<br />
<strong>John</strong>, do Lincoln College. ‘Porque’, ele disse, ‘ele é de certa forma<br />
mais velho do que eu, e pode resolver suas dúvidas, melhor’. Isto,<br />
como eu me certifiquei mais tarde, foi a coisa com a qual este estava<br />
profundamente consciente; porque eu nunca observara alguma<br />
pessoa ter uma referência mais verdadeira por outra, do que ele<br />
constantemente tinha pelo seu irmão. Na verdade, ele o seguia<br />
inteiramente. Pudesse eu descrever um deles, eu descreveria a ambos.<br />
Portanto, nada mais há que se dizer de Charles, a não ser que ele era<br />
um homem feito para a amizade; que, através de seu bom humor e<br />
vivacidade, revigorava o coração de seu amigo; com atenta<br />
consideração, de maneira a entrar dentro dele, e acalmar todas as<br />
suas preocupações; e até onde ele fosse capaz, faria alguma coisa por<br />
ele, grande ou pequena; e através da abertura e liberdade, habituais,<br />
não daria espaço para mal-entendidos”.<br />
“Os <strong>Wesley</strong>s já falavam de algumas práticas religiosas, que<br />
foram, primeiro, ocasionadas pelo Sr. Morgan, da Christ Church.<br />
71
Dessa associação de amigos começa uma pequena sociedade; já que<br />
diversas outras, de tempos em tempos, terminaram; a maioria delas<br />
apenas aperfeiçoada, através dos discursos sérios e úteis; e algumas<br />
poucas aderindo a todas as suas resoluções, e todo seu modo de<br />
vida”.<br />
“O Sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> foi sempre o principal dirigente, porque<br />
ele era muito preparado; ele não apenas tinha mais aprendizado e<br />
experiência do que os demais, mas fora abençoado com tal atividade,<br />
de maneira a estar sempre ganhando terreno, e tal firmeza, que ele<br />
nunca perdeu um. Quais propostas ele fizesse a alguém, era certo que<br />
os envolviam, porque ele era muito sincero; nem eles poderiam, mais<br />
tarde, menosprezá-las, porque ele era sempre o mesmo. O que ajudou<br />
neste vigor uniforme foi o cuidado que ele tomava ao considerar bem<br />
cada assunto, antes de envolver-se nele, tomando todas as suas<br />
decisões, com base no temor a Deus, sem paixão, capricho, ou<br />
autoconfiança; porque, embora ele tivesse naturalmente uma<br />
compreensão clara, ainda assim, sua exata prudência dependia mais<br />
da humanidade e singeleza de coração”.<br />
“A isto eu posso acrescentar que ele tinha, eu acredito,<br />
alguma coisa de autoridade em seu semblante; embora, como não lhe<br />
faltasse discurso, ele poderia suavizar sua maneira, e designá-la<br />
como a ocasião requeresse. Ainda assim, ele nunca assumiu alguma<br />
coisa para si mesmo, acima de seus companheiros. Alguns deles<br />
falariam de suas mentes, e suas palavras eram tão estritamente<br />
consideradas por ele, como as suas eram por eles”.<br />
“Era costume deles se encontrarem, a maioria das tardes,<br />
quer em seu aposento, ou no aposento de algum outro, onde, depois<br />
de algumas orações (o principal assunto era a caridade), eles<br />
tomavam sua refeição, e liam algum livro. Mas a ocupação principal<br />
era rever o que cada um havia feito naquele dia, na busca do objetivo<br />
comum deles, e consultar quais os passos que deveriam ser tomados<br />
em seguida”.<br />
72
“O empreendimento deles incluía esses diversos pormenores:<br />
‘Conversar com os jovens estudantes; visitar as prisões; instruir<br />
algumas famílias pobres; e cuidar de uma escola e uma paróquia da<br />
casa de correção”.<br />
“Eles se esforçavam com os mais jovens membros da<br />
Universidade, para resgatá-los das más companhias, e encorajá-los a<br />
uma vida zelosa e sóbria. Se eles tinham algum interesse em alguns<br />
deles, eles os convidavam para o desjejum, e, sobre uma travessa de<br />
chá, empenhavam-se para fixar alguma boa sugestão junto a eles.<br />
Eles os ajudavam naquelas partes do aprendizado que estivessem<br />
presos; e juntamente com os melhores sentimentos, os direcionavam<br />
para as convicções deles, dando a eles regras de devoção, e quando<br />
as recebessem, os vigiavam com grande ternura”.<br />
“Um ou outro deles iria à fortaleza todos os dias; e outros<br />
mais comumente ao Bocardo [originalmente o nome de uma velha<br />
fortaleza ao norte de Oxford, que era usado como uma prisão]. Quem<br />
quer que fosse para a fortaleza deveria ler na capela para os quantos<br />
prisioneiros atendessem, e falar com o homem ou homens com os<br />
quais fosse particularmente responsável. Antes de ler, perguntaria se<br />
eles tinham lido as orações ontem. (Porque alguns homens sérios, em<br />
meios aos prisioneiros liam orações familiares com os demais). Se<br />
eles leram novamente o que leram por último, e o que eles se<br />
lembravam disto. Então, examinava os assuntos; e, mais tarde,<br />
prosseguia no mesmo livro, por um quarto de hora”.<br />
“Os livros que ele usava eram o Monitor Cristão, o Conselho<br />
do Pároco da Região aos seus Paroquianos, e similares. Quando<br />
terminava, resumia os diversos pormenores que tinham sido<br />
discutidos, reforçava os conselhos dados, e reduzia tudo, pelo menos,<br />
a duas ou três sentenças, que eles facilmente se lembrariam. Então,<br />
chamava seu homem de lado, e perguntava se ele foi a capela ontem;<br />
e outras questões, concernentes ao cuidado de servir a Deus, e<br />
aprender sua obrigação”.<br />
73
“Quando um novo prisioneiro viesse, a conversa com ele, por<br />
quatro ou cinco vezes, era especialmente pessoal e inquiridora. Se ele<br />
não carregava malignidade em direção àqueles que o processaram,<br />
ou alguns outros. O primeiro momento, depois das profissões de boavontade,<br />
eles apenas inquiriam de suas circunstâncias no mundo. Tais<br />
questões importavam amizade, e comprometiam o homem a abrir seu<br />
coração. Mais tarde, eles entravam em tais inquirições, na maioria,<br />
concernente a um prisioneiro. Se ele se submeteria à disposição da<br />
Providência: Se ele se arrependeu de sua vida passada. Por último,<br />
eles perguntavam, se ele usava constantemente de oração pessoal, e<br />
se, alguma vez, havia comungado”.<br />
“Assim, a maioria, ou todos os prisioneiros falava em seu<br />
turno. Mas, se algum deles estivesse sob a sentença de morte, ou<br />
parecesse ter algumas pretensões de uma nova vida, eles viriam todos<br />
os dias em sua assistência; e compartilhariam do conflito e suspense<br />
daqueles que agora seriam considerados capazes, e não capazes de<br />
firmarem-se na salvação. Com o objetivo de aliviar aqueles que<br />
estavam confinados por pequenos débitos, e eram sobrepujados por<br />
suas aflições; e igualmente comprar livros, medicamentos, e outras<br />
coisas necessárias, eles levantavam um pequeno fundo, para o qual<br />
muitos de seus familiares contribuíam trimestralmente. Liam as<br />
orações na fortaleza, na maioria das vezes, nas quartas e sextas<br />
feiras; um sermão nos domingos, e o Sacramento uma vez por mês”.<br />
“Quando se incumbiam de alguma família pobre, eles os viam,<br />
pelo menos, uma vez por semana; algumas vezes, davam dinheiro,<br />
advertiam em seus maus hábitos; liam para eles, e examinavam seus<br />
filhos. A escola era, eu penso, do próprio Sr. <strong>Wesley</strong>. Em todo o caso,<br />
ele pagava as professoras, vestia algumas, se não, todas as crianças.<br />
Quando eles iam até lá, eles inquiriram como cada criança se<br />
comportava; viam seus trabalhos (porque algumas podiam tricotar e<br />
fiar); os ouvia lerem; ouviam suas orações e catecismo, e explicavam<br />
parte dele. Da mesma maneira, eles ensinavam as crianças na casa de<br />
correção; e liam para as pessoas idosas, como faziam com os<br />
prisioneiros”.<br />
74
“Embora algumas práticas do Sr. <strong>Wesley</strong> e seus amigos<br />
fossem muitas – eles jejuam na quarta e sexta-feira – segundo o<br />
costume da Igreja primitiva; a vinda deles naqueles domingos,<br />
quando não havia sacramento em seus próprios colégios, para<br />
recebê-lo na Christ Church – ainda assim, nada era tão desagradável<br />
quanto esses empreendimentos caritativos. Eles raramente tomavam<br />
conhecimento das acusações trazidas contra eles; mas se eles davam<br />
alguma resposta, era comumente tal ‘resposta clara e simples, como<br />
se não houvesse mais nada no caso, a não ser que eles tinham ouvido<br />
tais doutrinas de seu Salvador, e acreditado e feito<br />
concordantemente’”.<br />
“Nós poderíamos ser mais felizes em outra vida, mais<br />
virtuosos do que somos nesta? Nós somos mais virtuosos, quanto mais<br />
intensamente amamos a Deus e ao homem? É o amor, assim como<br />
todos os hábitos, o mais aplicado, e o mais exercitado nisto? O<br />
ajudar, ou tentar ajudar o homem, por causa de Deus, não é um<br />
exercício de amor a Deus e ao homem? O alimentar o faminto, dar de<br />
beber ao sedento, vestir o nu, e visitar os doentes e prisioneiros, não é<br />
especialmente um exercício de amor ao homem? O se empenhar em<br />
instruir o ignorante, admoestar os pecadores, encorajar o bom,<br />
confortar o aflito, confirmar o indeciso, e reconciliar os inimigos, não<br />
é o exercício do amor a Deus ou ao homem? Nós podemos ser mais<br />
felizes em outra vida, se nós não fizermos as primeiras dessas coisas,<br />
e tentarmos ser conduzidos pela última? Ou se nós não fizermos uma,<br />
nem tentarmos fazer a outra?’”.<br />
Esta é uma minuciosa delineação dos procedimentos do Clube<br />
Santo, escrita na grande simplicidade de um deles. Pode-se ver quão<br />
proeminente parte <strong>Wesley</strong> toma nisto tudo. Ela é um indicativo de sua<br />
atenção aos menores detalhes, e mostra a influência de sua mente<br />
metódica, lógica e sincera. No restante da narrativa de Gambold,<br />
porque tal ela é, <strong>Wesley</strong> é mais diretamente falado, e somos melhores<br />
capacitados a imaginá-lo na busca de sua obra.<br />
75
Gambold prossegue:<br />
“O que eu observaria principalmente, é a maneira na qual o<br />
Sr. <strong>Wesley</strong> dirigia seus amigos. Porque ele requereu tal regularidade<br />
em nossos estudos, de maneira a devotá-los todos a Deus, pelo que foi<br />
criticado como alguém que desencorajava o aprendizado. Muito<br />
longe disto; a primeira coisa que ele atacava no jovem, era aquele<br />
indolência que não se submeteria a um pensamento reservado. Nem<br />
ele era contra ler muito, especialmente, a princípio, porque, então, a<br />
mente deveria preencher-se com elementos e experimentar tudo que<br />
parecesse inteligente e perfeito.<br />
“Ele recomendava a eles seriamente um método e ordem em<br />
todas as suas ações. Depois das devoções matinais (que eram em uma<br />
hora fixa, das cinco às seis da manhã; assim como à tarde), ele os<br />
aconselhava a determinarem o que eles deveriam fazer em todas as<br />
partes do dia. Através de tal previdência, eles deveriam, no final de<br />
cada hora, não ter dúvida, em como se prepararem, e se submeterem<br />
à necessidade de tal plano, para que pudessem corrigir a impotência<br />
de uma mente que tinha sido usada para viver, pelo humor e<br />
possibilidade, e prepará-la, gradualmente, para suportar as outras<br />
restrições de uma vida santa”.<br />
“A próxima coisa, era fazer com que eles mantivessem os<br />
jejuns, a visita aos pobres, e a vinda semanalmente ao Sacramento;<br />
não apenas para subjugarem o corpo, aumentarem a caridade, e<br />
obterem a graça Divina, mas (como ele expressou) acabarem com o<br />
refúgio do mundo. Ele julgou que, se eles fizessem essas coisas, os<br />
homens baniriam seus nomes como demônios, e, pela impossibilidade<br />
de continuarem corteses com o mundo, os obrigariam a encontrar<br />
todo o refúgio deles no Cristianismo. Mas aqueles cujas resoluções,<br />
ele acreditou, não suportariam este teste, ele deixaria juntar forças,<br />
através de seus exercícios reservados”.<br />
“Foi seu cuidado intenso, introduzi-los nos tesouros da<br />
sabedoria e esperança das Santas Escrituras; ensiná-los, não apenas<br />
76
a preservar aquele livro, mas a formarem-se, através dele, e a fugirem<br />
para ele, como grande antídoto contra as trevas deste mundo.<br />
Durante alguns anos antes, ele e seus amigos leram o Novo<br />
Testamento, juntos, à tarde. Depois de cada porção dele, e depois de<br />
ouvir as conjeturas que os demais ofereciam, ele fazia suas<br />
observações sobre a frase, objetivo, e passagens difíceis. Um ou dois<br />
escreveram: ‘Ele colocava muita ênfase no auto-exame. Ele os<br />
ensinava (além do que ocorre em sua Coleção de Orações) a fazer um<br />
relato de suas ações, de uma maneira exata, através de um diário<br />
constante. Neste, eles anotavam em cifras, uma vez, se não mais<br />
freqüentemente no dia, o que principalmente os empreendimentos<br />
deles tinham sido, nas diversas partes dele, e como eles haviam<br />
executado cada um. O Sr. <strong>Wesley</strong> fazia esses registros de sua vida, há<br />
muitos anos. E alguns eu conheci, que selaram suas convicções e<br />
arrependeram-se mais solenemente, e escreveram tais reflexões junto<br />
a si mesmos, conforme as angústias de suas almas sugeriram, naquele<br />
momento, acrescentando alguma máxima espiritual que algumas<br />
experiências próprias tinham confirmado a eles’”.<br />
“’Então, para manter em suas mentes um terrível sentido da<br />
presença de Deus, com uma constante dependência da ajuda Dele, ele<br />
os aconselhava as Orações exclamatórias. Eles tinham um livro de<br />
exclamações, relativas às principais virtudes, e, guardando para uso<br />
futuro, como faziam com seus estudos, eles, em intervalos, tiravam<br />
uma pequena súplica dele. Mas, por fim, em vez daquela variedade,<br />
eles se contentavam com as seguintes aspirações (contendo atos de fé,<br />
esperança, amor e auto-resignação, no final de cada hora) –<br />
‘Considere e me ouça’, etc.”.<br />
Embora os assim chamados “Metodistas”, fossem, pelas suas<br />
práticas, distinguidos do restante da Universidade, não parece que eles<br />
tivessem se constituído em uma Sociedade Religiosa definida! Que<br />
<strong>Wesley</strong> contemplou seu feito, desta forma, parece provável de uma<br />
carta endereçada a ele pelo seu amigo Clayton, que residia agora em<br />
Manchester. Clayton diz: “Eu estava na casa do Sr. Deacon, quando<br />
sua carta me chegou em mão, e nós tivemos uma conversa a respeito<br />
77
de seu projeto de se admitirem como uma sociedade, e fixar nela uma<br />
série de regras. O doutor pareceu pensar que o melhor para você é<br />
deixar como está; porque para que finalidade isto serviria? Isto não<br />
seria vínculo adicional junto a vocês mesmos; e, talvez, fosse uma<br />
armadilha para as consciências daqueles irmãos que por acaso<br />
viessem até vocês. Observando que as estações [o jejum nas quarta e<br />
sextas-feiras], e a comunhão semanal, são obrigações que se situam<br />
em um patamar muito acima de uma regra de uma sociedade;aqueles<br />
que podem reservar o mandamento de Deus e a autoridade da Igreja,<br />
eu duvido, dificilmente se vincularão pelas regras de uma sociedade<br />
privada”.<br />
Em 11 de Junho de 1734, <strong>Wesley</strong> novamente pregou diante da<br />
Universidade, e por causa de seu sermão – “seu sermão Jacobita” –<br />
foi “muito mais criticado e ameaçado”. Mas ele foi sábio o suficiente<br />
para fazer com que o Vice-Chanceler o lesse e o aprovasse, antes que<br />
ele o pregasse, portanto, impediria Wadham, Merton, Exeter, e a<br />
Christ Church de fazer seu pior. Isto é tudo que se sabe deste sermão.<br />
Mas existe um sermão, pregado, por volta desse tempo, por <strong>Wesley</strong>,<br />
para o uso de seus alunos, e publicado por ele, cinqüenta anos mais<br />
tarde, cujos sentimentos ele diz que não teve em todo aquele tempo<br />
oportunidade de alterar. O sermão é sobre O Dever da Constante<br />
Comunhão. Ele ilustra igualmente seu entendimento sobre o assunto, e<br />
o extremo cuidado com que ele buscava guiar seus alunos.<br />
As constantes viagens de <strong>Wesley</strong>, freqüentemente a pé, assim<br />
como a cavalo, e o grande e contínuo trabalho de pregação, leitura,<br />
visitação, etc., onde quer que estivesse, com estudo fatigante, e uma<br />
dieta muito abstêmia, tinham agora afetado grandemente sua saúde.<br />
Sua força estava muito reduzida, e ele freqüentemente cuspia sangue.<br />
Na noite de 16 de Julho, teve uma recaída disto, em tal quantidade, a<br />
mantê-lo acordado. A maneira repentina e inesperada de sua vinda,<br />
com a solenidade da ocasião noturna, fez com que a eternidade<br />
parecesse perto. Ele clamou a Deus: “Ó, prepara-me para Tua vinda,<br />
e venha quando Tu quiseres!”. Seus amigos ficaram alarmados pela<br />
sua segurança, e sua mãe escreveu duas ou três cartas, culpando-o pela<br />
78
negligência geral com sua saúde. Ele procurou e aceitou o conselho de<br />
um médico; e, através de cuidado apropriado, e uma conduta prudente<br />
de seu exercício diário, gradualmente recuperou sua força.<br />
No outono deste ano (21 de Setembro, Moore diz), ele<br />
começou a “prática de ler, a cavalo, o que ele continuou por quase<br />
quarenta anos. ‘Perto de trinta anos atrás’, ele escreveu, em Março<br />
de 1770, ‘eu estive pensando: como é que nenhum cavalo alguma vez<br />
tropeçou, enquanto eu estava lendo História, poesia, e Filosofia, o<br />
que eu comumente lia a cavalo (tendo outras ocupações em outros<br />
momentos). Nenhum relato pode possivelmente ser dado a não ser<br />
este: Depois de cavalgar centena de milhares de milhas, com a rédea<br />
solta, em seu pescoço; eu observei e posso afirmar, que eu<br />
dificilmente me lembrei de algum cavalo (exceto dois, que caíram com<br />
a cabeça sobre os joelhos, de qualquer modo) cair; ou tropeçar<br />
consideravelmente.. Fantasiar, portanto, que uma rédea firme impede<br />
o obstáculo, é uma asneira capital. Eu tenho repetido o experimento,<br />
mais freqüentemente, do que a maioria dos homens do reino pode<br />
fazer. Se alguma coisa pode impedir o obstáculo, esta é uma rédea<br />
solta. Mas, em alguns cavalos, nada pode’.<br />
A saúde do veterano Reitor de Epworth estava agora<br />
rapidamente decaindo. Compreendendo a aproximação de seu fim, ele<br />
pediu que o benefício de Epworth permanecesse na família, e escreveu<br />
para seu filho, solicitando a ele para buscar a próxima apresentação, e,<br />
por meio disto, assegurar o velho lar para sua mãe e irmãs. Seu irmão<br />
Samuel argumentou o mesmo.<strong>Wesley</strong> escreveu uma carta<br />
consideravelmente grande para seu pai, dando suas razões, sob vinte e<br />
seis tópicos, em favor de sua permanência em Oxford, e contra sua<br />
remoção para Epworth.<br />
79
CAPÍTULO IV<br />
Geórgia: Experiência Missionária<br />
Na terça-feira, 14 de Outubro de 1735, então, com trinta e três<br />
anos de idade, ele pega um barco para Gravesend, com o objetivo de<br />
embarcar para a Georgia, sob a sanção da Sociedade para a<br />
Propagação do Evangelho em Partes Estrangeiras, em companhia de<br />
seu irmão Charles, Sr. Benjamin Ingham, do Queen's College, Oxford,<br />
80
e Sr. Charles Delamotte, filho de um mercador em Londres. Ele diz<br />
que a finalidade que ele tinha em vista não era escapar da penúria<br />
(Deus tem dado a eles grande quantidade de bênçãos temporais), nem<br />
ganhar riquezas ou honra, mas simplesmente isto: salvar suas próprias<br />
almas, viver totalmente para a glória de Deus. É estranho, mas<br />
significativo do estado de mente de <strong>Wesley</strong> naquele tempo, que ele<br />
não dê proeminência aqui – nem mesmo faça menção -- ao propósito<br />
de ser útil para as colônias no novo assentamento da Geórgia, ou aos<br />
Índios por outro lado.<br />
Eles tiveram, a bordo, como companheiros de viagem, vinte e<br />
seis Morávios, que estavam também indo para a Geórgia. <strong>Wesley</strong>,<br />
imediatamente começou a aprender a Língua Alemã, para conversar<br />
com eles; e ao mesmo tempo David Nitschman, Bispo dos Morávios,<br />
com outros dois, começaram a aprender Inglês. Esses foram os<br />
estágios iniciais da associação de <strong>Wesley</strong> com uma comunidade que<br />
estava destinada a exercer tão grande influência em toda a sua carreira<br />
futura. No primeiro domingo, o tempo a favor e calmo, o serviço<br />
aconteceu no convés, quando <strong>Wesley</strong> pregou espontaneamente, e,<br />
então, administrou o Sacramento da Ceia do Senhor para seis<br />
comunicantes.<br />
Acreditando que negar a si mesmo, até mesmo, nas menores<br />
instâncias seria, pela bênção de Deus, útil a eles, <strong>Wesley</strong> e seus três<br />
companheiros deixaram de fazer uso de carne e vinho, e se limitaram a<br />
alimentos vegetarianos, principalmente arroz e pãezinhos. O quadro<br />
da ocupação diária da pequena companhia é instrutivo. Ele é assim<br />
descrito por <strong>Wesley</strong>: “Nós agora começamos a ser um pouco<br />
regulares. Nossa maneira comum de viver era esta: das quatro da<br />
manhã até as cinco, cada um de nós usava das orações pessoais. Das<br />
cinco às sete horas, líamos a Bíblia, juntos, cuidadosamente<br />
comparando-a (para que não fôssemos conduzidos por nosso próprio<br />
entendimento), com os escritos das primeiras épocas. Às sete horas<br />
tínhamos o desjejum. Às oito horas, líamos as orações públicas. Das<br />
nove ao meio dia, eu usualmente aprendia Alemão, e o Sr. Delamotte,<br />
Grego. Meu irmão escrevia sermões, e o Sr. Ingham instruía as<br />
81
crianças. Ao meio-dia, nos encontrávamos para prestar contas um ao<br />
outro do que tínhamos feito, até então, desde nosso último encontro, e<br />
o que pretendíamos fazer antes do próximo. Por volta da uma hora,<br />
jantávamos. O tempo do jantar até as quatro horas da tarde,<br />
passamos lendo para aqueles aos quais cada um de nós estava<br />
responsável, ou em falar com eles pessoalmente, quando a<br />
necessidade requeria. Às quatro horas, eram as orações da tarde,<br />
quando tanto a lição era explicada (como acontecia na manhã),<br />
quanto as crianças eram catequizadas e instruídas antes da<br />
congregação. Das cinco às seis horas, novamente usávamos da<br />
oração privativa. Das seis às sete horas, eu lia em nossa cabine, para<br />
dois ou três dos passageiros (dos quais havia por volta de oito<br />
ingleses a bordo), e cada um dos meus irmãos para alguns poucos<br />
mais em suas cabines. Às sete horas, eu me reunia com os alemães em<br />
seu serviço público; enquanto o Sr. Ingham lia entre os convés para<br />
quantos desejassem ouvi-lo. Às oito horas, nós nos encontrávamos<br />
novamente, para exortar e instruir um ao outro. Entre nove e dez<br />
horas, íamos para a cama, onde nem o roncar do mar, nem o<br />
movimento da embarcação podia nos tirar do sono restaurador que<br />
Deus nos deu”.<br />
A embarcação ficou detida em Cowes por algum tempo.<br />
Enquanto eles caminhavam no na margem, as seguintes resoluções<br />
eram traçadas e assinadas:<br />
“Em nome de Deus, Amém! Nós, cujos nomes estão subscritos,<br />
completamente convencidos de que é impossível, tanto promover a<br />
obra de Deus em meio aos ateus, sem uma inteira união entre nós,<br />
quanto que tal união deva subsistir, exceto se cada um desistir de seu<br />
juízo simples para aquele da maioria, concordamos, com a ajuda de<br />
Deus: -- (1) que nenhum de nós empreenderá alguma coisa de<br />
importância, sem primeiro propô-la para os outros três; (2) que,<br />
quando quer que nosso julgamento difira, cada um deverá desistir de<br />
seu julgamento simples ou inclinação a outros; -- (3) que, em caso de<br />
uma igualdade, depois de pedir a direção de Deus, o assunto possa<br />
82
ser decidido pela sorte”. Assinam: -- J.<strong>Wesley</strong>; Charles <strong>Wesley</strong>;<br />
Benjamin Ingham; Charles Delamotte.<br />
Quando eles estavam na Baía de Biscay, uma tempestade<br />
surgiu, o mar, quebrando sobre o navio de popa a popa. <strong>Wesley</strong> diz:<br />
“Por volta das onze horas, eu me deitei na grande cabine, em pouco<br />
tempo, adormeci, embora muito incerto se eu deveria ficar acordado,<br />
e muito envergonhado de minha relutância em morrer”. Muito<br />
impressionado com a seriedade dos passageiros alemães; sua<br />
humildade em executar serviços servis para outros, sua mansidão, que<br />
nenhuma injúria parecia capaz de mover, e sua paciência, sob<br />
provocação, uma oportunidade ele teria agora, de testar, se eles<br />
estavam libertos do medo. Ele diz: “Em meio aos Salmos, em que<br />
nosso serviço começou, o mar quebrou sobre a embarcação, partiu a<br />
vela mestra, em pedaços, cobriu o navio, e afluiu entre os conveses,<br />
como se uma grande depressão já nos tivesse tragado. Um grito<br />
terrível se ouviu em meio aos ingleses. Os alemães, calmamente<br />
cantavam. Eu perguntei a um deles mais tarde: ‘Eu dou glória a<br />
Deus, não tenho medo’. Eu perguntei: ‘Mas não existem mulheres e<br />
crianças com medo?’. Ele respondeu serenamente: ‘Não; nossas<br />
mulheres e crianças não têm medo de morrer!’”. Este incidente o<br />
impressionou profundamente, e teve um importante testemunho em<br />
sua mente nos dias seguintes.<br />
Em 5 de Fevereiro de 1736, o Rio Savannah foi alcançado, e<br />
no dia seguinte, os primeiros imigrantes colocaram os pés em solo<br />
americano, em uma pequena ilha desabitada, defronte o Tybee. Eles se<br />
ajoelharam, e deram graças pela chegada sãos e salvos. No dia<br />
seguinte, <strong>Wesley</strong> buscou conselho, com respeito a sua conduta, com o<br />
Sr. Spangenberg, um dos pastores (Morávio) alemães, e um dos que<br />
primeiro o cumprimentou no cais da Geórgia, que prontamente<br />
inquiriu: “Você tem testemunho em si mesmo? O Espírito de Deus<br />
testemunha com seu espírito, que você é um filho de Deus?”.<br />
Surpreso, ele não sabia o que responder. <strong>Wesley</strong> estava fora de seu<br />
meio aqui. Novamente ele foi pressionado: “Você conhece Jesus<br />
Cristo?”. Ele pausou e disse: “Eu sei que Ele é o Salvador do<br />
83
mundo?”. “Verdade, mas você sabe que Ele salvou a você?”. “Eu<br />
espero que Ele tenha morrido para me salvar”. Então, <strong>Wesley</strong> diz que<br />
ele apenas acrescentou: ‘Você conhece a si mesmo?’. “Eu disse,<br />
‘conheço’”. Mas ele temeu que foram “palavras em vãs”. Seu<br />
interesse nestas pessoas se aprofundava, e ele aproveitou uma<br />
oportunidade antecipada de fazer muitas questões a Spangenberg, com<br />
respeito à Igreja Moravia.<br />
Dividindo seus aposentos com os alemães, ele estava<br />
capacitado diariamente para observar todo o comportamento deles.<br />
Vagarosa, silenciosa, e inconscientemente, aquelas humildes pessoas<br />
estavam ajudando a preparar o doce discípulo para sua grande obra<br />
futura. A simplicidade e solenidade de uma eleição e ordenação de um<br />
bispo da Igreja Alemã o fizeram esquecer, ele diz, os mil e setecentos<br />
anos neste intervalo, e imaginar-se em “uma daquelas assembléias,<br />
onde a formalidade e o estado não existiam; mas Paulo, o fabricador<br />
de tendas, ou Pedro, o pescador, presidia; ainda assim, com a<br />
demonstração do Espírito e do poder”.<br />
Domingo, 7 de Março, <strong>Wesley</strong> inicia seu ministério em<br />
Savannah, seu irmão e o companheiro deles, Ingham, removeram-se<br />
para Frederica, enquanto Delamotte permaneceu em Savannah. Eles,<br />
imediatamente, começaram a experimentar se a vida seria sustentada<br />
por um só tipo de alimento, ou por uma variedade dele. Eles fizeram o<br />
experimento com pão, e disseram que nunca se sentiram mais<br />
vigorosos e com saúde, do que enquanto provaram nada mais.<br />
Sem encontrarem alguma porta aberta, até agora, para<br />
prosseguirem no intento principal deles de pregar para os índios, mas<br />
mantendo isto sempre em vista, eles consideraram como poderiam ser<br />
mais úteis ao pequeno rebanho em Savannah, já que o ministro da<br />
cidade, Sr. Mr. Quincy removera-se para Carolina.<br />
Ao receber cartas de Frederica, pedindo que fosse até lá, ele e<br />
Delamotte embarcaram em uma 'pettiawga,' uma espécie de barco de<br />
fundo chato. A caminho, eles ancoraram perto da ilha de Skidoway.<br />
84
<strong>Wesley</strong> deitou-se para dormir, envolto, da cabeça aos pés, em um<br />
largo capote. Entre uma e duas horas, ele acordou, debaixo d’água,<br />
depois de rolar fora do barco, mas dormindo tão profundamente, que<br />
não percebeu onde estava, até que sua boca estivesse cheia de água.<br />
Mas ao despertar, ele deve ter se afogado. No entanto, nadou até o<br />
barco, e escapou, sem nada mais sério, do que suas roupas molhadas.<br />
Ele encontrou seu irmão excessivamente fraco e doente.<br />
Depois de ajustar os assuntos em Frederica, o melhor que pôde, ele<br />
retornou para Savannah. Imediatamente, comunicou seu desejo de<br />
administrar a Comunhão Santa, todos os domingos, “de acordo com<br />
as regras de nossa Igreja”. Fiel à rubrica, ele batizava por imersão,<br />
salvo onde os pais afirmavam que a criança estava fraca. Ao ser<br />
solicitado para batizar uma criança de um dos magistrados de<br />
Savannah, e com a recusa dos pais, em declarar se mesma estava fraca<br />
ou se poderia ser submetida ao mergulho, ele se retirou, deixando que<br />
a criança fosse batizada por um outro.<br />
Ele dividiu as orações públicas de “acordo com o desígnio<br />
original da Igreja”. O serviço matinal começava às cinco horas; o da<br />
comunhão, com um sermão, às onze horas; o serviço da tarde, por<br />
volta das três horas. “Os paroquianos eram visitados em ordem, de<br />
casa em casa, do meio-dia às três da tarde, quando estavam mais<br />
livres, e, então, incapazes de trabalhar, devido ao calor do dia. Os<br />
membros mais sérios da congregação eram aconselhados a se<br />
formarem em uma espécie de pequena sociedade, e a se encontrarem<br />
uma ou duas vezes por semana, com o objetivo de melhorarem,<br />
instruírem e exortarem uns aos outros; a selecionarem desses, um<br />
número menor para uma união mais próxima um com o outro, o que<br />
poderia ser estimulado, parcialmente, pela sua conversa individual<br />
com cada um; parcialmente, por reuni-los em sua própria casa. Esses<br />
métodos eram evidentemente emprestados de seus vizinhos Moráveis,<br />
e antecipam a classe e as reuniões das Bands do Metodismo, em<br />
período subseqüente”.<br />
85
Bolzius, o pastor de Salzburger, diz: "No momento, as orações<br />
acontecem diariamente em Savannah, manhã e noite, na igreja; e toda<br />
a quarta-feira, o Sr. <strong>Wesley</strong> prega um sermão ou catequiza as<br />
crianças. Dizem que ele leva seu ofício mais seriamente ao coração,<br />
mas também tem sua parcela de aflições a respeito dele... O Sr.<br />
<strong>Wesley</strong> está nenhum pouco preocupado e desencorajado pela<br />
obstinação de seus ouvintes, embora ele se esforce muito para<br />
conduzir o modo de vida deles, através da exposição da palavra de<br />
Deus, que é certamente perfeita e edificante". Este era o bom pastor<br />
Bolzius, a quem <strong>Wesley</strong> recusou admitir na Ceia do Senhor, porque<br />
ele não tinha sido ordenado pelo bispo.<br />
Pastor Gronau escreve: "O Sr. <strong>Wesley</strong> está em harmonia com o<br />
bem que ele tem aprendido de nossa comunidade, e desejaria realizar<br />
mais do que vê feito em Savannah. Quando ele nos ouviu dizer<br />
recentemente da visitação casa a casa que tínhamos estabelecido, e<br />
da bênção divina e despertar que atenderam isto, tanto para os<br />
pastores, e o povo, ele ficou satisfeito, mas lamentou a falta de<br />
sucesso até aqui, em meio aos seus próprios ouvintes. Ele apresentou<br />
diversas razões, porque o povo de Savannah não se tornou mais<br />
obediente ao Evangelho de Cristo. Dessas, uma foi o ridículo e a<br />
perseguição que teriam sofrido aqueles que mostraram uma mudança<br />
de coração, mas eu tive de dizer-lhe, da experiência, que Deus tem<br />
conduzido as almas em nosso lugar, pelo mesmo velho caminho,<br />
'todos que viverem santamente em Cristo, sofrerão perseguição',<br />
mesmo que não seja tão manifesta... Ele freqüentemente canta hinos<br />
alemães, e elogia o proveito que nossa Igreja tem sobre as outras, na<br />
posse de tal rica hinologia".<br />
<strong>Wesley</strong> não tinha ainda aprendido a exercer o verdadeiro poder<br />
do Evangelho, como poderá claramente ser visto, se o seguinte puder<br />
ser considerado uma descrição acurada do seu ensino naquele tempo:<br />
"Temos diante de nós, um número de sermões não publicados,<br />
escritos por <strong>Wesley</strong> de Oxford, durante os dez anos que se seguiram a<br />
sua ordenação... Em nenhum deles, existe uma visão, qualquer que<br />
86
seja; algum vislumbre, propiciado por Cristo em algum de seus<br />
ofícios. Seu nome ocorre na bênção. Que está sobre todos. Como<br />
fonte de despertar espiritual, insiste-se na comunhão freqüente; a<br />
regeneração pelo batismo é admitida como a verdadeira doutrina da<br />
Igreja; mas Cristo não está em lugar algum, quer Sua vida, Sua<br />
morte, ou Sua intercessão. O formalismo religioso e a moralidade<br />
estrita, cerimônias e ética, são tudo em tudo".<br />
Charles <strong>Wesley</strong> passou nove semanas em Frederica; todo o<br />
tempo, sendo marcado pelo heróico trabalho árduo e persistência;<br />
através de muito sofrimento mental, tratamento indelicado, e as muitas<br />
dores corpóreas. Diariamente, de manhã à tarde, ele trabalhava para<br />
promover o bem-estar de seu pequeno rebanho, ambos pela<br />
reprovação pessoal, e pelos quatro serviços públicos que ele mantinha<br />
diariamente, freqüentemente em campo aberto, dando uma exposição<br />
espontânea das lições diárias, nas orações da manhã e da tarde. Cada<br />
hora que pudesse ser poupada de suas obrigações secretariais era<br />
assim utilizada. Esses deveres não se colocavam levemente sobre ele.<br />
No término da primeira semana, ele escreve: "Eu gastei todo o tempo<br />
em escrever cartas para o Sr. Oglethorpe. Eu não passaria mais seis<br />
dias, da mesma maneira, por toda a Geórgia". Mas seu trabalho<br />
trouxe pouco sucesso. Ele era rigoroso em sua adesão à ordem<br />
eclesiástica; ele batizava as crianças pela trina imersão, e pregava com<br />
coragem e singeleza de intenção. Ele expunha os maus hábitos das<br />
pessoas com uma mão muito inclemente; mas não lhes trazia<br />
livramento desses males. Ele ainda não tinha aprendido, para si<br />
mesmo, o Evangelho da salvação, para os pecadores, e, portanto, "não<br />
poderia pregá-lo". Existem diversos desses seus sermões de<br />
Frederica. As doutrinas são aquelas de William Law. Os prazeres<br />
deste mundo são todos inúteis e pecaminosos, e, portanto, devem ser<br />
renunciados; os males de nossa natureza nos tornam inadequados para<br />
o serviço de Deus, e devem ser mortificados pelo jejum, oração, e um<br />
constante curso de universal abnegação; nós somos criaturas de Deus,<br />
e, portanto, devemos nos devotar a Ele, em corpo, alma e espírito,<br />
com o mais extremo fervor, simplicidade e pureza de intenção. Mas<br />
procuramos em vão pelas visões corretas da expiação e intercessão de<br />
87
Cristo, e pelos ofícios do Espírito Santo. Nenhuma resposta<br />
satisfatória é dada para a questão: O que eu devo fazer, para ser<br />
salvo? Aos homens é requerido correr a corrida da santidade cristã,<br />
com o peso da culpa sobre suas consciências, e com a corrupção de<br />
sua natureza, não subjugada pela graça renovadora. Ele não tem a<br />
justa concepção da justificação dos pecadores diante de Deus. Ele<br />
nunca representa isto como consistente com o completo e imerecido<br />
perdão de todos os pecados passados, obtidos, não através das obras<br />
de retidão, mas através do simples exercício da fé, no estado penitente<br />
do coração; e, imediatamente seguido pelo dom do Espírito Santo,<br />
produzindo paz de consciência, espírito filial, poder sobre o pecado, e<br />
esperança jubilosa da vida eterna. Ele se satisfaz com a reprovação<br />
dos maus hábitos e pecados das pessoas com severidade inclemente, e<br />
em mostrar o padrão da santidade prática, proclamando a vingança<br />
divina contra todos aqueles que falham nela; mas dirigindo-os pelo<br />
único meio, pelo qual eles poderiam obter o perdão e um novo<br />
coração.<br />
Mas outras circunstâncias o impediram: As pessoas estavam<br />
inseguras, em constante alarme quanto aos espanhóis. Suas<br />
reprovações fiéis incitaram antagonismo, o que rapidamente<br />
desenvolveram-se em vingança em meio àqueles de moralidade<br />
frouxa. Conspirações eram tramadas contra ele, e até mesmo disparos<br />
eram feitos contra ele, das florestas. Mentiras ociosas eram feitas para<br />
o todo também susceptível Governador, que infelizmente dava crédito<br />
a elas, conduzindo-o a um curso de maus tratos severos e muitas<br />
indignidades: "O Sr. O. tirou minha armação da cama, e me recusou a<br />
me reservar uma dos carpinteiros, para ser consertada". Faltando-lhe,<br />
algumas vezes, o necessário para a vida, sofrendo de febre e<br />
disenteria, lhe eram negados, até mesmo, todos os meios de conforto e<br />
alívio, salvo que ele mudou sua cama usual, o chão, para o topo de<br />
uma caixa. Em conseqüência de sua crescente fraqueza, o pobre<br />
sofredor chegou à beira da morte, o que pareceu quase desejar. "Meu<br />
irmão", ele diz, "trouxe-me uma resolução, que a honra e a<br />
indignação tinham formado, de morrer de fome, em vez de pedir pelo<br />
necessário... À noite, quando minha febre estava de certa forma<br />
88
diminuída, eu fui conduzido a enterrar o barqueiro, e o enviei para<br />
sua quieta sepultura". Da disposição delicada, ele passou através da<br />
agonia do sofrimento mental e físico.<br />
Ele passou um pouco mais do que duas semanas em Frederica,<br />
quando seu coração entrou em colapso. Ao escrever para seu irmão,<br />
ele diz: "Fique até que você esteja em desgraça, em perseguição,<br />
pelos irmãos, pelos seus próprios conterrâneos; até que você seja<br />
considerado o refugo de todas coisas (como você deve infalivelmente<br />
ser, se Deus for verdadeiro), e, então, veja quem irá admitir você".<br />
Ele estava no noviciado; ele estava sendo treinado para um<br />
trabalho mais sublime. O desapontamento que revelou o erro de seus<br />
métodos atuais foi em parte uma preparação para uma firme<br />
obediência, junto á fé, quando ela fosse revelada a ele. Ele não foi<br />
favorecido, como seu irmão, com a camaradagem diária dos<br />
agradáveis e felizes Morávios, que, para o momento, eram os<br />
instrumentos escolhidos, para abrir os olhos desses nobres jovens, e<br />
para conduzi-los a uma luz e liberdade do Evangelho. Ele não<br />
"progrediu igualmente no mesmo conhecimento espiritual, de seu<br />
irmão, nem foi pressionado em busca dele, com a mesma" 'avidez<br />
constante. Ele não teve igual autocontrole; nem, com sua<br />
suscetibilidade peculiar à depressão, agravada pela sua condição física<br />
fraca, teve igual conforto em sua obra.<br />
Por fim, as obrigações de seu secretariado o trouxeram para<br />
Savannah. Ao deixar Frederica, ele diz: "Eu fiquei cheio de alegria de<br />
meu livramento desta fornalha, e nem um pouco envergonhado de<br />
mim mesmo por me sentir assim". Ele permaneceu em "Savannah,<br />
nove semanas", como encarregado, enquanto seu irmão estava em<br />
Frederica.<br />
Tendo que retornar para a Inglaterra como transportador dos<br />
despachos do Governador para os fiduciários das colônias, ele<br />
embarcou em 11 de Agosto, pretendendo não mais retornar como um<br />
secretário, cujo ofício ele se submeteu, mas como um missionário.<br />
Este propósito, no entanto, foi frustrado.<br />
89
Ambos, <strong>Wesley</strong> e Ingham desejavam ser missionários para os<br />
índios, e não capelães das colônias inglesas; e Ingham arranjou três<br />
dias em cada semana para gastar no aprendizado da Língua indígena,<br />
com uma mestiça; e, nos outros três, para ensinar o que ele aprendera<br />
para <strong>Wesley</strong> e Nitsehman, o bispo Morávio. Ele também procurou<br />
suprir nos turnos em lugar de Charles em Frederica.<br />
<strong>Wesley</strong> tinha agora esperanças de que a porta fosse aberta<br />
para seguir imediatamente para os Choctawas, 'a menos polida, ou<br />
seja, a menos corrompida de toda as nações indígenas'. Mas ao<br />
informar o General de seu objetivo, mas foi objetado, não apenas,<br />
pelo perigo de ser interceptado ou morto pelos franceses lá, mas<br />
muito mais pela inconveniência de deixar Savannah destituída de um<br />
ministro. Essas objeções, ele relatou a seus amigos, à noite, com seu<br />
desejo característico de ser conduzido, preferivelmente a conduzir; e<br />
eles eram todos da opinião 'de que não deveriam ir ainda'".<br />
Quanto a afetar suas visões eclesiásticas, pode ser mencionado<br />
aqui que, lendo Sr. Delamotte, Bispo do Pandectae Canonum<br />
Conciliorum de Beveridge, ele fora efetivamente convencido que<br />
tanto os Concílios Especiais quanto Gerais podem errar, e têm errado;<br />
e da infinita distância que existe entre as decisões dos homens mais<br />
sábios e aquelas que o Espírito Santo registra na Palavra.<br />
Já no encerramento de Novembro, Oglethorpe partiu para a<br />
Inglaterra, deixando <strong>Wesley</strong>, Delamotte e Ingham na Savannah,<br />
"mas", diz <strong>Wesley</strong>, "com menos perspectiva de pregar para os índios<br />
do que tivemos no primeiro dia que colocamos os pés na América".<br />
Quando quer que ele mencionasse o assunto, a resposta era: "Você não<br />
pode deixar Savannah sem um ministro". A isto, ele respondia: "Eu<br />
não sei, se estou sob alguma obrigação ao contrário. Eu nunca<br />
prometi ficar aqui um mês. Eu abertamente declarei ambos antes; e<br />
desde a minha vinda para cá, que eu não faria, nem poderia ficar<br />
responsável pelo Inglês, mais tempo, do que até que eu pudesse estar<br />
em meio aos índios". Se fosse dito: "Mas os fiduciários da Savannah<br />
90
não haviam apontado você para ser ministro em Savannah?", ele<br />
respondia: "Eles o fizeram; mas não foi feito, através de minha<br />
solicitação; isto foi feito sem meu desejo ou conhecimento; portanto,<br />
eu não posso conceber que a designação me coloque sob alguma<br />
obrigação de continuar lá, mais do que até que a porta seja aberta<br />
para os pagãos; e isto eu expressamente declarei, quando consenti em<br />
aceitar essa nomeação". No entanto, a pedido insistente da maioria<br />
dos sérios paroquianos, ele consentiu em permanecer, até que alguém<br />
viesse suprir seu lugar.<br />
Gronau, um dos pastores de Saltzburger, escreve para um<br />
amigo e diz: "Aqui, com nossos índios, o panorama da conversão dos<br />
pagãos, é ainda muito pobre, e alguém poderia quase se desesperar<br />
com isto, se nós não tivéssemos as claras e simples promessas disto<br />
nas Escrituras Sagradas... É evidente que os obstáculos colocados no<br />
caminho da conversão dos pagãos, pelos cristãos devem primeiro ser<br />
removidos".<br />
Logo no início do ano, ele e Dellamotte foram novamente para<br />
Frederica, apenas para encontrar as coisas, como eles esperavam: frias<br />
e sem entusiasmo; não havia um que retivesse seu primeiro amor.<br />
Assim, depois de dar socos no ar, neste lugar infeliz, por vinte dias,<br />
<strong>Wesley</strong> partiu finalmente de lá, em 26 de Janeiro; não, ele declarou, de<br />
alguma apreensão do perigo para si mesmo, embora sua vida fosse<br />
ameaçada muitas vezes, mas do completo desespero de fazer algum<br />
bem lá.Ele descrevera a condição do lugar, como "uma cidade,<br />
dividida contra si mesma. Onde não existe amor fraternal, humildade,<br />
paciência, ou perdão de uns para com os outros; mas inveja, malícia,<br />
vingança, suspeita, ira, queixa, amargura, maledicência, sem fim!".<br />
Uma disputa surgiu naquele tempo, entre os cavalheiros da<br />
Carolina e aqueles da Geórgia, com respeito ao direito de comércio<br />
com os índios; e <strong>Wesley</strong> que tinha até aqui confinado sua atenção aos<br />
assuntos imediatamente relativos ao seu ministério, estava convencido<br />
de que o caso surgiria, naquela parte de seu tempo que deveria ser<br />
empregado em outros assuntos. Isto foi o que ele pensou. No entanto,<br />
91
fez uma consideração a respeito dele, concluindo que a questão<br />
deveria vir para esta breve discussão, por fim: "(1) Os Creeks,<br />
Cherokees, e Chicashaws estão dentro dos limites da Geórgia, ou<br />
não? (2) Existe um Ato do Rei no Concílio, em conseqüência de um<br />
Ato do Parlamento, de alguma força dentre desses limites ou não? O<br />
primeiro desses, o Alvará Georgiano determina; o último, não foi<br />
questionado por alguém, mas pelas partes interessadas na Carolina".<br />
Ele, portanto, concluiu que "nada justificaria o envio de comerciantes<br />
não licenciados para esses índios, mas provar que o Ato não tem<br />
força, ou que aqueles índios não estão na Geórgia".<br />
Em 4 de Março, <strong>Wesley</strong> escreveu aos fiduciários, dando um<br />
relato das despesas anuais, de 1º. De Março de 1736, a 1º. De Março<br />
de 1737, que, deduzindo as despesas extraordinárias, tais como reparar<br />
a casa paroquial, e as viagens para Frederica, somaram para o Sr.<br />
Delamotte e ele mesmo, £44 4s 4d – uma prova da abnegação<br />
praticada por esses bons homens. Ele tomou a resolução de não aceitar<br />
£50, por ano, enviadas pela Sociedade, para sua manutenção, dizendo<br />
que a camaradagem deles era suficiente. Seu irmão Samuel o<br />
censurou, mostrando a ele que ao recusar isto, ele insultaria aqueles<br />
que viessem depois dele; e que, se ele não quisesse para si mesmo, ele<br />
poderia dar, de tal maneira que ele achou apropriado. Ele, por fim,<br />
autorizou neste assunto as solicitações da Sociedade e os conselhos de<br />
seus amigos.<br />
As idéias de <strong>Wesley</strong> da religião, neste período, podem ser<br />
reunidas dos seguintes excertos de uma carta, datada de Savannah, 28<br />
de Março, 1737, e endereçada ao Ilustríssimo Sr. William Wogan, em<br />
Spring Gardens, Londres.<br />
"Eu, certamente, concordo com você, que a religião é amor,<br />
paz, e alegria no Espírito Santo; que, como se trata da coisa mais<br />
feliz; então é a coisa mais alegre no mundo; que é completamente<br />
inconsistente com a melancolia, mau humor, severidade, e, na<br />
verdade, com o que não está de acordo com a brandura, delicadeza e<br />
gentileza de Jesus Cristo. Eu acredito que ela é igualmente contrária<br />
92
a toda meticulosidade, inflexibilidade, presunção, e desnecessária<br />
singularidade. Eu admito, também, que a prudência, assim como o<br />
zelo, é da mais extrema importância para um cristão sorver".<br />
"Mas eu ainda não vejo um caso possível em que a<br />
conversação possa ser um exemplo dela. Nas seguintes escrituras, eu<br />
considero que todas estas são completamente proibidas: (Mateus<br />
12:36) 'Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens<br />
disserem, hão de dar conta no dia do juízo'; (Efésios 5:4) 'Nem<br />
torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas<br />
antes, ações de graças'. (Efésios 4:29) 'Não saia da vossa boca<br />
nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a<br />
edificação, para que dê graça aos que a ouvem'; (Colossenses 4:6) 'A<br />
vossa palavra seja sempre com graça, temperada com sal, para<br />
saberdes como deveis responder a cada um'".<br />
"Mas devem rir de mim, por isto, eu sei. Assim foi com meu<br />
Mestre. Eu não gosto da maneira dura, austera de conversar. Não!<br />
Que toda a alegria da fé esteja lá; que todo o júbilo da esperança;<br />
toda a amável doçura – a atraente tranqüilidade do amor. Se nós<br />
devemos ter princípios, 'Hic mihi erunt artes': tão logo Deus deva<br />
adornar minha alma com eles, e sem quais outros do que esses, com o<br />
poder do Espírito Santo preveniente, acompanhando, e me seguindo,<br />
eu sei que eu (ou seja, a graça de Deus que está em mim) deverei<br />
salvar a mim mesmo e aqueles que me ouvem".<br />
Sentimentos similares são expressos em outra carta, escrita,<br />
por volta do mesmo tempo: --<br />
"Você parece compreender que eu acredito que a religião seja<br />
inconsistente com a alegria, e com o temperamento social fraterno.<br />
Muito longe disto, eu estou convencido de que a religião verdadeira<br />
não pode existir sem a alegria; que a alegria assim constante não<br />
pode existir sem a verdadeira religião. Eu estou igualmente<br />
convencido de que a religião tem nada de amargo, austero,<br />
insociável, descortês, nela; mas, ao contrário, implica a mais atraente<br />
93
doçura, a mais amável delicadeza e gentileza. Você tem tanta alegria,<br />
quanto você pode? Eu também. Você se esforça para manter vivo seu<br />
gosto por todas os prazeres verdadeiramente inocentes da vida?<br />
Também eu. Você recusa nenhum prazer, a não ser o que seja<br />
obstáculo a algum bem maior, ou que tenha inclinação a algum mal?<br />
Esta é minha própria regra. Em especial, eu sigo esta regra no comer,<br />
o que eu raramente faço, sem muito prazer. Eu sei que esta é a<br />
vontade de Deus: que eu possa desfrutar de cada prazer que me<br />
conduza a ter prazer Nele; e, em tal medida, que a maioria me conduz<br />
a isto. Não devemos fazer nada, mas o que, direta ou indiretamente,<br />
conduz à nossa santidade; e fazer tudo com este objetivo, e em tal<br />
medida, que possamos promovê-la mais".<br />
Em Abril deste ano, <strong>Wesley</strong> começa a aprender Espanhol, com<br />
o objetivo de conversar com um número de judeus que estavam em<br />
meio aos seus paroquianos. Isto evidenciou o serviço subseqüente a<br />
ele; houve revolta, sem benefício para outros, porque antes que ele<br />
deixasse a Geórgia, ele traduziu um hino muito bonito: "Ó, meu Deus,<br />
meu Tudo, tu és", que ele inseriu em seu primeiro hinário, impresso<br />
em Charlestown, no ano seguinte. O hino foi freqüentemente<br />
reimpresso, em suas várias coleções de hinos.<br />
Tanto <strong>Wesley</strong> quanto Delamotte fizeram seus deveres como<br />
professor. O seguinte incidente refere-se a eles nesta conexão: "Alguns<br />
dos meninos na escola de Delamotte usavam meias e sapatos e outros<br />
não. Os primeiros ridicularizaram os últimos. Delamotte tentou<br />
colocar um fim nesta brincadeira descortês, mas disse a <strong>Wesley</strong> que<br />
ele falhara. <strong>Wesley</strong> replicou: 'Eu penso que eu posso curar isto. Se<br />
você tomar conta de minha escola, na semana que vem, eu tomarei<br />
conta da sua, e tentarei'. A troca foi feita, e no domingo de manhã,<br />
<strong>Wesley</strong> foi para a escola sem sapatos. As crianças pareceram<br />
surpresas, mas sem alguma referência a zombaria passada. <strong>Wesley</strong> os<br />
manteve em seus trabalhos. Antes que a semana terminasse, os<br />
descalços criaram coragem; e alguns dos outros, vendo que seu<br />
ministro e mestre vinha sem sapatos e meias, começaram a copiar seu<br />
exemplo, e assim, o mal foi efetivamente curado".<br />
94
A Revista dos Cavalheiros é responsável pela seguinte história:<br />
"Uma mulher pecaminosa, a qual ele havia ofendido, o atraiu para<br />
dentro da casa dela, o jogou no chão, e, com sua tesoura, cortou, de<br />
um lado de sua cabeça, todas aquelas longas mechas de cabelos<br />
avermelhados, que ele estava acostumado a manter na mais perfeita<br />
ordem. Depois disto, ele pregou na Savannah, com seus longos<br />
cabelos, cortados de um lado, a que aqueles que se sentaram do lado<br />
que tinha sido cortaram, observaram: 'Que cabelo aparado o jovem<br />
pároco tem"'. Não existe o menor sinal de verdade nisto.<br />
Logo depois de sua chegada na colônia, <strong>Wesley</strong> tornou-se<br />
familiarizado com a Srta. Sophia Christina Hopkey, sobrinha do Sr.<br />
Causton, principal magistrado em Savannah, uma jovem, bonita na<br />
aparência, de maneiras atrativas, e além disto, inteligente e refinada.<br />
Ele logo começou a nutrir um interesse nela, que se desenvolvia, na<br />
mesma medida da afeição, que parece ter sido recíproca, embora da<br />
parte dela, talvez, não muito ardentemente. Ela apareceu diante de<br />
<strong>Wesley</strong>, como uma inquiridora religiosa, buscando a direção dele; ela<br />
também se tornou sua aluna, pedindo que ele a assistisse em seus<br />
estudos de Francês. Ela consultou Oglethorpe, que tipo de vestuário<br />
mais igualmente agradaria <strong>Wesley</strong>, e colocando de lado seus<br />
ornamentos, aparecia sempre em um traje esmerado e de um branco<br />
simples. Acredita-se que Oglethorpe desejou, se possível, levá-la ao<br />
casamento com vistas a manter <strong>Wesley</strong> na colônia.<br />
Depois de Charles partir de Frederica, no final de Julho,<br />
<strong>Wesley</strong> freqüentemente visitou aquele lugar, onde ele encontrou a<br />
mais violenta oposição e abuso. Ele a visitou, de tempos em tempos,<br />
até 16 de Outubro, quando recebeu um melancólico relato do estado<br />
das coisas, por lá. O serviço público tinha sido descontinuado, e desde<br />
então, tudo havia se tornado pior. Ele escreveu: "Até mesmo a pobre<br />
Sophy, que, por algum tempo, vivera lá, escassamente era a sombra<br />
do que era, quando eu a deixei. Eu me esforcei para convencê-la<br />
disto, mas em vão; e para colocar isto efetivamente fora do meu<br />
poder, ela resolveu retornar para a Inglaterra imediatamente".<br />
95
Depois de diversas tentativas ineficazes, ele, por fim, prevaleceu.<br />
"Nem foi muito tempo depois", ele diz, "antes que ela recuperasse o<br />
chão que havia perdido". Menosprezado em uma ocasião por<br />
Oglethorpe, ele mencionou a circunstância para ela, e ela disse:<br />
"Senhor, você me encoraja em meus maiores julgamentos; não<br />
desencoraje a si mesmo. Nada tema; se o Sr.Oglethorpe não o ajudar,<br />
Deus o fará". Ele, então, pegou um barco para Savannh, com a Srta.<br />
Sophy, e chegou depois de uma passagem demorada e perigosa, "mas<br />
não tediosa" -- de seis dias, por centenas de milhas. Ele escreve: "No<br />
início de Dezembro, eu aconselhei a Srta. Sophy a cear mais cedo, e<br />
não imediatamente antes de ir para a cama. Ela assim o fez, e desta<br />
pequena circunstância, que série de conseqüências inconcebíveis<br />
dependiam! Não apenas 'todo o colorido de sua vida restante', mas,<br />
talvez, toda minha felicidade também". O significado disto não está<br />
óbvio, a menos que, neste tête-à-tête, ele fizesse uma declaração da<br />
afeição. Ela também cuidou dele, em uma enfermidade, de alguns dias<br />
de duração. Moore diz: "Aqueles que conhecem o Sr. <strong>Wesley</strong> evitarão<br />
nosso julgamento aqui. Eles bem sabem que impressão tudo isto<br />
igualmente fará. Ele, de fato, -- tinha uma natureza constante,<br />
amorosa, nobre; que acredita que os homens são honestos, se eles<br />
assim parecem. Como, então, esta aparência de forte afeição, de uma<br />
mulher de sabedoria e elegância, mais do que isto, e como pareceria,<br />
da piedade também, deveria afetá-lo! Especialmente considerando<br />
(este é seu próprio relato), que ele nunca antes conversou<br />
familiarmente com alguma mulher, exceto com suas parentes<br />
próximas!". Muitas passagens nos diários mostram o profundo<br />
interesse que <strong>Wesley</strong> teve no bem-estar desta jovem.<br />
Existe uma diferença de opinião aqui da parte dos dois<br />
primeiros biógrafos de <strong>Wesley</strong>: Whitehead e Moore, ambos<br />
conhecidos pessoais de <strong>Wesley</strong>. Whitehead, que teve acesso aos<br />
diários pessoais de <strong>Wesley</strong>, diz que, de uma leitura atenta daquele<br />
documento, a ele parece que <strong>Wesley</strong> pretendia se casar, e que ele não<br />
ficou pouco aflito, quando o intercurso foi rompido. Moore, por outro<br />
lado, comenta nestas palavras: "Ele sei que ela, no final das contas,<br />
rompeu com ele, mas eu sei também que ele, em tempo algum,<br />
96
determinara se casar. Eu tenho um relato completo dele, e não sei se<br />
ele alguma vez disse isto a alguma outra pessoa".<br />
Que <strong>Wesley</strong> estava impressionado, talvez, fascinado, por esta<br />
jovem, dificilmente pode admitir discussão. Mas que ele, alguma vez,<br />
propôs diretamente casamento a ela, é altamente improvável; com as<br />
palavras de Moore em vista, seguramente pode-se afirmar que ele não<br />
o fez. Entretanto, que ele contemplou o casamento, como uma última<br />
possibilidade, pode tão pouco ser negado, sem lançar um insulto em<br />
sua honra. Ele pode ter prudentemente esperado, como qualquer<br />
homem sensato faria. Nós sabemos de um manuscrito recentemente<br />
publicado, que ele a manteve no coração, talvez, com uma declaração<br />
de amor, e que ele questionara a Deus, se deveria continuar, postergar,<br />
ou descontinuar suas atenções.<br />
Em 4 de Março, ele escreve: "Das direções que recebi de<br />
Deus, até hoje, no tocante a um assunto da maior importância, eu não<br />
pude deixar de observar, como tenho feito, muitas milhares de vezes,<br />
o completo equivoco daqueles que afirmam, que 'Deus não responde<br />
nossas orações, exceto se o coração estiver totalmente resignado à<br />
vontade Dele'. Meu coração não está totalmente resignado a Sua<br />
vontade. Entretanto, sem me atrever a depender de meu próprio juízo,<br />
eu clamei o mais sinceramente a Ele para suprir o que estava faltando<br />
em mim. E eu sei, e estou seguro de que Ele ouviu minha voz, e me<br />
enviou Sua luz e Sua verdade". Isto provavelmente se refere a lançar<br />
a sorte. Whitehead pensa que neste dia o namoro fora finalmente<br />
rompido. Ou que ele pode ter se referido ao seguinte, relatado de<br />
Moore: "O Sr. Delamotte não aprendeu (para usar uma expressão<br />
comum do Sr. <strong>Wesley</strong>) a 'resistir abertamente à dúvida'. Ele pensou<br />
que ele viu – a aparência do mérito, não da essência. Ele, portanto,<br />
aproveitou a oportunidade de examinar com o Sr. <strong>Wesley</strong>; e<br />
perguntou a ele, se ele pretendia casar-se com a Srta. Sophy. Ao<br />
mesmo tempo, demonstrou, em uma luz mais clara, a inteligência dela<br />
e a simplicidade dele. Embora sarisfeito com as atenções de seu fiel<br />
amigo, o Sr. <strong>Wesley</strong> não se permitiu admitir o casamento. A pergunta<br />
do Sr. Delamotte, portanto, nem um pouco o deixou perplexo. Ele<br />
97
desistiu de uma resposta naquele tempo; e, percebendo o preconceito<br />
do Sr. Delamotte, contra a senhorita, ele chamou o Bispo Nitschman.<br />
'Casamento', ele disse, 'você sabe que não é ilícito. Quer seja agora<br />
expediente para você, e quer esta senhorita seja uma esposa<br />
apropriada para você, deve ser considerado com maturidade'. Vendo<br />
que a perplexidade dele aumentava, ele decidiu propor suas dúvidas<br />
aos presbíteros da Igreja Morávia. Quando ele entrou na casa, onde<br />
eles se reuniam, ele encontrou o Sr. Delamotte com eles. Ao propor<br />
seu assunto, o Bispo respondeu: 'Nós consideramos sua franqueza.<br />
Você aceitará nossa decisão?'. Ele respondeu, depois de alguma<br />
hesitação: 'Aceitarei'. 'Então", disse o Bispo, 'nos aconselhamos a<br />
você a não prosseguir mais além neste assunto'. Ele respondeu: 'Que<br />
seja feita a vontade de Deus'. Desde aquele tempo, ele se comportou<br />
com a maior precaução em direção a ela, e evitou tudo que tendesse a<br />
continuar a intimidade, embora ele facilmente percebesse que dores<br />
esta mudança em sua conduta causou a ele, como também causou a<br />
ele próprio".<br />
O acima ilustra a extrema falta de confiança em si mesmo, e<br />
sua boa vontade, para ser conduzido pelas opiniões de outros, exibidas<br />
tão freqüentemente em sua vida subseqüente. Também mostra a<br />
poderosa influência que os Morávios tinham começado a exercer<br />
sobre ele. Dificilmente precisa ser acrescentado que não existe a mais<br />
leve sombra de dúvida de sua conduta perfeitamente honrada e<br />
honesta em todo o assunto. Três dias depois, do incidente recém<br />
relatado, ele escreve em seu diário pessoal:<br />
"7 de Março – Quando eu caminhei com o Sr. Causton, para<br />
sua região, eu senti plenamente que Deus me dera tal isolamento, com<br />
a companhia que eu desejava, que eu teria esquecido a obra pelo qual<br />
eu havia nascido, para estabelecer meu descanso neste mundo". No<br />
entanto, o assunto foi rapidamente terminado, porque ele escreve no<br />
dia seguinte: "A Srta. Sophy comprometeu-se com o Sr. Williamson, e<br />
no sábado, dia 12, eles se casaram em Purrysburgh; fazendo hoje um<br />
ano que primeiro conversei com ela. O que Tu, Ó Deus, fazes eu não<br />
sei dizer agora, mas saberei daqui por diante".<br />
98
Escrevendo para um dos seus paroquianos, Sr. S. Bardsley, em<br />
1786, cinqüenta anos depois do ocorrido, ele diz: "Eu me lembro,<br />
quando li essas palavras na Igreja em Savannah: 'Filho do homem,<br />
veja, eu tiro de ti o desejo de teus olhos com um golpe'. Eu fui<br />
perfurado, como que por uma espada, e não pude proferir uma<br />
palavra mais. Mas nosso conforto é que Ele faz com que o coração<br />
possa curar o coração".<br />
Quer a paciência da senhorita se esgotara, devido ao<br />
procedimento vagaroso de <strong>Wesley</strong> nesta questão – uma vez que não<br />
parece que ele estivesse com pressa de terminá-la – ou se ela declinou<br />
do convite para casar-se com ele, devido a sua vida abstêmia e a<br />
maneira rígida de viver; é incerto; mas qualquer que fosse a causa, fica<br />
evidente, de suas próprias palavras, que ele ficou desapontado, quando<br />
ela se casou com o Sr. Williamson. Parece que ele expressou isto mais<br />
completamente em uma carta a seu irmão Samuel, que diz a ele, em<br />
sua resposta: "Eu sinto muito que você esteja desapontado, com um<br />
casamento, porque é muito improvável que você encontre outro".<br />
Isto não foi muito tempo, no entanto, antes que ele visse que<br />
ele tinha suficiente motivo para ser grato que não lhe fosse permitir<br />
escolher por ele mesmo. Ele freqüentemente teve oportunidade de<br />
descobrir que a Sra. Williamson era de um outro caráter que aquele<br />
religioso que ele havia suposto. Três meses depois do casamento dela,<br />
ele escreve: "Deus me mostrou, ainda mais da grandeza de meu<br />
livramento, abrindo-me para uma nova e inesperada cena da<br />
dissimulação da Srta. Sophy. Oh, que eu nunca ceda aos desejos de<br />
meu próprio coração, nem siga minha própria imaginação".<br />
<strong>Wesley</strong> fora assim, felizmente resgatado do que poderia não ter<br />
sido um casamento feliz, e ele foi também resgatado das limitações de<br />
uma vida paroquial em uma colônia pequena. Ele estava predestinado<br />
para uma obra maior, cujo casamento naquela distante terra teria<br />
impedido. Ele encontrou sua esfera lá. Tivesse ele encontrado seu<br />
99
campo de trabalho lá, o grande avivamento Metodista não teria<br />
existido!<br />
Como se pode supor, em tal país, ele não escapou dos perigos e<br />
sofrimentos exteriores. Em uma de suas jornadas a pé, com o Sr.<br />
Delamotte e um guia, depois de caminhar, durante três ou quatro<br />
horas, o guia lhes disse que não sabia onde eles estavam. Em uma<br />
hora ou duas mais, chegaram em um pântano cipreste, que atravessava<br />
diretamente o caminho deles. Estava muito longe para voltarem;<br />
portanto, caminharam, através dele, com a água na altura do peito.<br />
Uma milha adiante, completamente fora do caminho, e com o sol se<br />
pondo, eles pararam, pretendendo fazer um fogo, e permanecerem ali<br />
até o amanhecer; mas se certificaram que os fósforos estavam<br />
molhados. <strong>Wesley</strong> aconselhou a seguirem adiante, mas seus<br />
companheiros estavam muito fracos e cansados, de maneira que se<br />
deitaram, por volta das seis da tarde. O chão estava tão molhado<br />
quanto as roupas deles, que com a geada constante, logo se<br />
congelaram. "No entanto", diz <strong>Wesley</strong>, "eu dormi até de manhã. Caiu<br />
um orvalho pesado à noite que nos deixou brancos como neve". Uma<br />
hora depois do amanhecer, eles vieram para uma plantação, e à tarde,<br />
sem qualquer ferimento, chegaram em Savannah. Alguns dias mais<br />
tarde, eles atravessaram um rio em uma pequena canoa, seus cavalos<br />
nadavam ao lado dela. Fizeram fogo na margem, e, não obstante a<br />
chuva, dormiram tranqüilamente, até de manhã.<br />
Mas provas de outra natureza esperavam por ele, <strong>Wesley</strong> era<br />
um "Alto Clérigo", que conduziu seus princípios, com rigorosa<br />
exatidão. Além de alguns particulares já mencionados, ele requereu<br />
que os pretensos comunicantes o notificassem do mesmo, de açodo<br />
com a rubrica; recusou o Sacramento a todos que não haviam sido<br />
confirmados pelo bispo; rebatizou os filhos de Dissidentes, e recusouse<br />
a enterrar alguém que não tivesse recebido o batismo episcopal.<br />
Nem sem razão, ele tem sido descrito como intolerante, ritualista. Isto,<br />
ele mesmo reconheceu alguns anos mais tarde, quando inserindo em<br />
seu Diário, uma carta que ele recebeu do Rev. <strong>John</strong> Martin Bolzius (já<br />
referido), um ministro em Ebenezer, na Georgia, ele acrescenta: "Que<br />
100
a piedade e simplicidade verdadeiramente cristãs respirem nestas<br />
linhas. E ainda assim, este mesmo homem, quando eu estava em<br />
Savannah, eu recusei admitir na mesa do Senhor, porque ele não era<br />
batizado; ou seja, não era batizado por um ministro que tivesse sido<br />
ordenado pelo bispo. Pode alguém levar o zelo do Alto Clero, mais<br />
alto do que isto? E como eu tenho sido, desde então, açoitado pela<br />
minha própria vara".<br />
Ele continuou suas atenções pastorais com a Sra. Williamson,<br />
como uma de suas paroquianas. Isto afligiu o marido dela que, logo<br />
depois do casamento, a proibiu de atender aos serviços de <strong>Wesley</strong>, ou<br />
de falar com ele novamente. Ela apareceu, no entanto, quatro meses<br />
depois, para o serviço Sacramental; depois do qual, <strong>Wesley</strong> teve a<br />
oportunidade de admoestá-la pela conduta que ele julgou repreensível.<br />
Um mês depois, ela aparece novamente, quando <strong>Wesley</strong> negou o<br />
Sacramento a ela, já que ela nem expressou seu arrependimento pelas<br />
suas faltas, nem prometeu emendar-se. Este foi um ato de disciplina,<br />
que ele executou em outros casos. No dia seguinte, uma ordem foi<br />
expedida para sua apreensão, para responder à queixa de William<br />
Williamson, por difamar sua esposa e recusar a ela o Sacramento da<br />
Ceia do Senhor, sem uma razão, e colocando um prejuízo de £1000.<br />
<strong>Wesley</strong> foi preso, e levado diante do Bailio [magistrado<br />
principal em certas cidades] e o Juiz municipal. Sua resposta a<br />
acusação foi que, o dar ou recusar a Ceia do Senhor, sendo um assunto<br />
puramente eclesiástico, ele não reconhecia o poder deles de interrogálo<br />
quanto a isto. Ele foi dirigido a comparecer na próxima corte,<br />
mantida em Savannah. Ao ser solicitada uma fiança, a resposta foi: "A<br />
palavra do Sr. <strong>Wesley</strong> é suficiente".<br />
Dois dias depois, o Sr. Causton, que tinha mostrado, até então,<br />
um respeito amigável por <strong>Wesley</strong>, o visitou e exigiu que ele enviasse,<br />
por escrito, suas razões à Sra. Williamson, para repeli-la do<br />
Sacramento, diante de toda a congregação. Isto, <strong>Wesley</strong> fez, nos<br />
seguintes termos:-<br />
101
"Sra. Sophia Williamson"<br />
"A pedido do Sr. Causton, escrevo uma vez mais. As regras<br />
por meio das quais eu procedi são essas: 'Todos que pretendem<br />
compartilhar da Comunhão Santa, devem apresentar seus nomes ao<br />
pároco auxiliar, pelo menos, um dia antes'. Isto, você não fez. 'E se<br />
algum desses causou algum mal ao seu próximo, pela palavra ou<br />
ação, de maneira que a congregação ficou ofendida, por meio disto, o<br />
pároco deve adverti-lo, que, de maneira alguma, ele pretenda vir para<br />
a Mesa do Senhor, até que ele tenha se declarado abertamente,<br />
verdadeiramente arrependido'. 'Se você se oferecer à Mesa do Senhor,<br />
no domingo, eu advertirei você (como fiz mais de uma vez), naquilo<br />
que você fez de errado. E quando você declarar abertamente ter-se<br />
arrependido, eu administrarei a você os mistérios de Deus".<br />
"J. <strong>Wesley</strong>".<br />
"11 de Agosto de 1737"<br />
O Sr. Causton, depois disto exerceu sua influência contra<br />
<strong>Wesley</strong>, buscando de toda maneira possível, envenenar a mente das<br />
pessoas contra ele; enquanto o restante da família espalhou o relato<br />
tolo de que <strong>Wesley</strong> agiu desta maneira para com a Sra. Williamson,<br />
puramente por vingança, porque ela não aceitou casar-se com ele.<br />
Pode-se pensar que <strong>Wesley</strong> fora imprudente, ou que foi severo<br />
na administração da disciplina; que, em vez de prosseguir para os<br />
extremos, ele poderia ter tentado persuadir a lady a se colocar de<br />
maneira correta para receber o Sacramento. Ele era sempre severo,<br />
onde havia o dever, e nunca temia as conseqüências de algum ato que<br />
o dever desfrutasse. Mas deve-se lembrar que o marido dela a havia<br />
proibido de falar com ele, e que, em adição à reprovação dela, <strong>Wesley</strong><br />
havia escrito, informando-lhe os pormenores da conduta que ele<br />
objetara. <strong>Wesley</strong> escreveu naquela oportunidade:-<br />
"Eu me sentei quieto em casa, e agradeci a Deus tranqüilo,<br />
tendo oferecido minha causa a Ele; e lembrando de Sua palavra:<br />
102
'Abençoado é o homem que resiste a tentação; porque quando ele é<br />
tentado, ele recebe a coroa da vida; que o Senhor prometeu àqueles<br />
que O amam'. Eu, primeiro, fiquei temeroso que aqueles que fossem<br />
fracos na fé saíssem do caminho, pelo menos, até a ponto de<br />
negligenciarem a adoração pública, por atenderem o que eles<br />
igualmente estão sujeitos em suas preocupações temporais. Mas eu<br />
temi, onde não existia medo. Deus cuidou disto igualmente; de tal<br />
maneira, que no domingo, dia 14, mais estiveram presentes nas<br />
orações matinais, do que havia acontecido nestes meses anteriores".<br />
Um grande júri foi chamado, e quarenta e quatro jurados<br />
prestaram juramento. Desses, um não entendia Inglês, um era um<br />
Papista, outro um infiel professo, três eram Batistas, dezesseis ou<br />
dezessete outros, Dissidentes, e diversos outros tinham problemas<br />
pessoais com ele tinha abertamente declarado vingança.<br />
Uma lista de queixas foi apresentada, mas alterada pelo grande<br />
juro, para dez sessões. Alguns dias foram gastos no exame dessas; e,<br />
em Setembro, a maioria do júri concordou com as seguintes acusações<br />
formais: -<br />
1. "Que, depois de 12 de Março último, o dito Sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong><br />
diversas vezes forçou uma conversa privativa com Sophia Christina<br />
Williamson, contrário ao desejo expresso e recomendação de seu<br />
marido; e igualmente escreveu e privativamente enviou papéis a ela,<br />
por meio dos quais, ocasionando muita intranqüilidade entre ela e seu<br />
marido".<br />
2. "Que, em 7 de Agosto último, ele recusou o Sacramento da<br />
Ceia do Senhor a Sophia Christina Williamson, sem qualquer razão<br />
aparente, para a muita inquietação da mente dela, e para a grande<br />
desgraça e prejuízo de seu caráter".<br />
3. "Que ele, desde sua chegada em Savannh, nunca emitiu<br />
qualquer declaração pública da sua aderências a princípios e<br />
regulamentos da Igreja da Inglaterra".<br />
103
4. "Que, por muitos meses anteriores, ele dividiu no dia da<br />
Ceia do Senhor, a ordem da oração matinal, e a litania dàs cinco ou<br />
seis horas,omitindo totalmente a mesma, entre as nove e onze horas, o<br />
tempo costumeiro da oração publica matinal".<br />
5. "Que, por volta do mês de Abril de 1736, ele recusou<br />
batizou, de outra maneira do que por imersão, o filho de Henry<br />
Parker, exceto, se o dito Henry Parker e sua esposa certificassem que<br />
a criança estava fraca e incapaz de suportar a imersão; e acrescentou<br />
a sua recusa, que, a menos que os ditos pais consentissem tê-la<br />
imersa, ela morreria pagã'.<br />
6. "Que, não obstante, ele administrasse o Sacramento da Ceia<br />
do Senhor para William Gough, por volta do mês de Março, 1736, ele,<br />
um mês depois, recusou o Sacramento para o dito William Gough,<br />
dizendo que ele ouvira que William Gough era um Dissidente".<br />
7. "Que, em Junho de 1736, ele se recusou a ler o Ofício do<br />
Morto, sobre o corpo de Nathaniel Polhill, apenas porque Nathaniel<br />
Polhill não era da mesma opinião que ela; e, devido a esta recusa, o<br />
dito Nathaniel Polhil foi enterrado sem o apontado Ofíco para o<br />
Enterro do Morto".<br />
8. "Que em Agosto, ou por volta de 10 de Agosto de 1737, ele,<br />
na presença de Thomaz Causton, presunçosamente chamou a si<br />
mesmo de 'Superior Eclesiástico de Savannah', assumindo por meio<br />
disto uma autoridade que não pertencia a ele".<br />
9. "Que na semana de Pentecostes passada, ele recusou<br />
William Aglionby de ser padrinho do filho de Henry Marley, dando<br />
nenhuma outra razão do que o fato de William Aglionby não ter<br />
estado na mesa de Comunhão com ele".<br />
104
10. "Que, por volta do mês de Julho passado, ele batizou o<br />
filho de Thomas Jones, tendo apenas um padrinho e madrinha, não<br />
obstante Jacob Matthews se oferecesse como padrinho".<br />
Tais foram os veredictos da maioria do grande júri. A maioria<br />
dos doze, incluindo três condestáveis, e seis Juizes de Paz, esboçou e<br />
assinou um documento, e o transmitiu "para os honoráveis<br />
Fiduciários pela Geórgia", prefaciando o todo com o seguinte:<br />
"Nós, cujos nomes estão subscritos, membros do dito grande<br />
júri, humildemente pedimos permissão para demonstrar nosso<br />
descontentamento com as ditas denúncias. Estamos, por muitas e<br />
diversas circunstâncias, totalmente persuadidos de que toda a<br />
acusação formal contra o Sr. <strong>Wesley</strong> é um artifício do Sr. Causton,<br />
com o objetivo, antes de enegrecer o caráter do Sr. <strong>Wesley</strong>, do que<br />
libertar a colônia da tirania religiosa, como ele ficou satisfeito em<br />
denominar sua acusação. Mas como essas circunstâncias serão muito<br />
tediosas para perturbar Sua Reverência com elas, nós pedimos<br />
apenas para deixar as razões de nossa discordância das queixas<br />
pessoais":<br />
1. "Que eles foram totalmente persuadidos de que as<br />
acusações contra o Sr. <strong>Wesley</strong> foram um artifício do Sr. Causton, com<br />
a intenção de enegrecer o caráter do Sr. <strong>Wesley</strong>, mais do que livrar a<br />
colônia de uma tirania religiosa, como ele alegou".<br />
2. "Que não parece que o Sr. <strong>Wesley</strong>, quer falou em privativo<br />
ou escreveu para a Sra. Williamson, desde o dia do casamento dela,<br />
exceto uma carta, que ele escreveu em 6 de Julho, a pedido de seu tio,<br />
como pastor, para exortar e reprová-la".<br />
3. "Que, embora ele recusasse o Sacramento da Sra.<br />
Williamson, em 7 de Agosto, ele não se admitiu em alguma autoridade<br />
contrária à lei, já que toda pessoa que pretendesse comungar, era<br />
obrigada a apresentar seu nome para o pároco auxiliar, pelo menos,<br />
um dia antes; o que a Sra. Williamson não fez; embora o Sr. <strong>Wesley</strong><br />
105
freqüentemente, diante da congregação lotada, declarasse que ele<br />
insistia em uma submissão àquela rubrica, e antes repelira diversas<br />
pessoas pela não submissão a ela".<br />
4. "Que, embora ele não tivesse emitido alguma declaração<br />
pública, em Savannah, de sua aderência aos princípios e<br />
regulamentos da Igreja da Inglaterra, ele freqüentemente discordava,<br />
de uma maneira mais incisiva do que pela declaração formal,<br />
explicando e defendendo três Credos dos Trinta e nove Artigos, todo o<br />
livro da Oração Comum, e as homilias; além de uma declaração<br />
formal não ser 0equerida, a não ser daqueles que receberam a<br />
instituição e indução".<br />
5. "Que, embora ele dividiu no Dia do Senhor, a ordem da<br />
oração matinal, isto não estava contrário a alguma lei existente".<br />
6. "Que sua recusa em batizar o filho de Henry Parker, de<br />
outra forma do que por imersão, estava justificada pela rubrica".<br />
7. "Que, embora ele recusasse o Sacramento a William Cough,<br />
o dito William Cough (um dos jurados que assinaram o documento<br />
enviado aos fiduciários) publicamente declarou que a recusa não foi<br />
injustiça com relação a ele, porque o Sr. <strong>Wesley</strong> lhe deu razões que o<br />
satisfizeram".<br />
8. "Que, com referência à alegada recusa em ler o Serviço de<br />
Funeral de Nathaniel Polhill, eles tinham boas razões para acreditar<br />
que o Sr. <strong>Wesley</strong> estava em Frederica, ou em seu retorno de lá,<br />
quando Polhill foi enterrado; além do que, Polhill era um Anabatista,<br />
e desejou, durante sua vida, que não fosse enterrado com o ofício da<br />
Igreja da Inglaterra".<br />
9. "Que eles estavam em dúvida quanto a acusação, com<br />
respeito a <strong>Wesley</strong>, chamando a si mesmo de 'Superior Eclesiástico de<br />
Savannah', sem conhecer bem o significado da palavra".<br />
106
10. "Que, embora o Sr. <strong>Wesley</strong> recusasse admitir William<br />
Aglionby para ser padrinho do filho de Henry Marley, e Jacon<br />
Matthews para padrinho do filho de Thomas Jones, ele estava<br />
suficientemente justificado pelos cânones da Igreja, porque nem<br />
Aglionby, nem Matthews tinham certificado <strong>Wesley</strong> que eles tinham<br />
alguma vez recebido a Santa Comunhão".<br />
No dia seguinte, <strong>Wesley</strong> fez um pedido para uma audiência<br />
imediata da primeira acusação, sendo a única de natureza civil. A<br />
corte esquivou-se do pedido. Por seis vezes ele apresentou<br />
requerimento, sem proveito.<br />
No meio desta tempestade, mantida pelas artimanhas de seus<br />
inimigos declarados, sem um xelim em seu bolso, e três mil milhas de<br />
casa, <strong>Wesley</strong> tinha sua alma em paz, e dedicou-se a sua obra;<br />
acrescentando uma visita semanalmente a um número de famílias<br />
francesas, residentes em uma vila, cinco milhas distante, aos quais,<br />
todo o sábado de tarde, ele lia as orações; e o mesmo para alguns<br />
alemães, em outra vila; então, a pedido dos franceses, em Savannah,<br />
nos domingos à tarde. De maneira que, durante as semanas restantes<br />
de sua estada em Savannah, ele tinha completa ocupação para o dia<br />
santo. As primeiras orações inglesas duravam das cinco horas até as<br />
cinco e meia. As italianas, para o beneficio de alguns Vaudois,<br />
começavam às nove horas. O segundo Serviço para o inglês, incluindo<br />
sermão e Comunhão, era das dez e meia até as onze e meia. O Serviço<br />
francês começava a uma hora. Às duas horas, ele catequizava as<br />
crianças. Por volta das três horas, começava o Serviço inglês<br />
vespertino; depois do que, ele tinha a felicidade, ele dizia, de juntar-se<br />
com tantos quanto sua sala mais ampla suportasse, em leitura, oração<br />
e louvor. E por volta das seis horas, o serviço dos Morávios<br />
começava, ao qual ele ficava feliz de estar presente, não como<br />
professor, mas como discípulo. Porque, com todos os seus Altos<br />
sentimentos Religiosos, ele não ficava envergonhado de se sentar aos<br />
pés daqueles que, ele estava consciente, tinham um conhecimento<br />
experimental da religião que estava além de suas próprias realizações.<br />
Ele, então, se reuniu a eles, no início de Agosto, para uma festa do<br />
107
amor deles --- provavelmente a primeira vez que ele compareceu a tal<br />
serviço. Assim, ele fala dela: "Ele começou e terminou com ação de<br />
graças e oração, e celebrado de uma maneira tão decente e solene,<br />
como um cristão da era apostólica teria permitido ser merecedor de<br />
Cristo". Nos anos subseqüentes, a festa do amor tornou-se um serviço<br />
favorito e proveitoso em meio aos Metodistas, e as festas de amor<br />
ainda acontecem, embora não tão freqüentemente como antes.<br />
Em Novembro, ele recebeu um alívio temporário em suas<br />
necessidades prementes. Ele escreve: "Coronel Stephens chegou,<br />
através de quem eu recebi um benefício de dez libras esterlinas;<br />
depois de diversos meses, sem um xelim em casa, mas não sem paz,<br />
saúde e contentamento".<br />
No início de Outubro, ele consultou seus amigos, se Deus não<br />
o chamara para retornar para a Inglaterra; vendo que a razão pela qual<br />
ele a deixara, não tinha agora força, não havendo possibilidade, até o<br />
momento, de instruir os índios, nem ele se certificara ou ouvira, de<br />
alguns índios no continente americano que tivessem o menor desejo<br />
de serem instruídos. E quanto à Savannah, como ele nunca se<br />
comprometera, quer verbalmente ou por carta, a permanecer um dia<br />
mais do que julgasse conveniente, nem, alguma vez, encarregou-se<br />
das pessoas, de alguma outra maneira, do que quando em sua<br />
passagem para o ateu, ele se viu completamente desembaraçado de<br />
alguma obrigação de permanecer mais tempo. Além do que, parecia<br />
uma probabilidade de fazer um serviço para a colônia na Inglaterra,<br />
mais do que na Geórgia, visto que ele poderia representar, sem medo<br />
ou favor, aos fiduciários, o verdadeiro estado em que se encontrava a<br />
colônia. Depois de considerar profundamente essas coisas, seus<br />
amigos foram unânimes de que ele deveria ir, mas não ainda. Assim,<br />
ele colocou o pensamento de lado por hora, persuadido de que quando<br />
o momento chegasse, o caminho se tornaria claro diante dele.<br />
Dois meses depois, tornou-se evidente que não havia a mais<br />
remota perspectiva de obter justiça nas cortes, e que aqueles no poder,<br />
combinaram oprimi-lo, e poderiam procurar evidência (como já havia<br />
108
acontecido) de palavras que ele nunca falara, e feitos que ele nunca<br />
realizara. Estando, além do mais, desapontado de pregar o evangelho<br />
ao pagão, ele novamente consultou seus amigos, que agora decidiram<br />
que ele deveria partir imediatamente. Assim sendo, ele colocou o<br />
seguinte anúncio em uma grande praça:<br />
"Considerando que <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> pretende partir brevemente<br />
para a Inglaterra, pede-se que aquele que emprestaram alguns livros<br />
dele, que os retornem tão logo seja conveniente fazê-lo". J.<strong>Wesley</strong>;<br />
Imediatamente, ele pediu dinheiro ao magistrado principal para<br />
pagar suas despesas para a Inglaterra, objetivando partir<br />
imediatamente. O magistrado lhe disse que ele não poderia sair da<br />
província, até que fosse intimado a comparecer na corte, e responder<br />
pelas alegações colocadas contra ele. Ele respondeu que ele havia<br />
comparecido a seis cortes sucessivamente, e abertamente pediu um<br />
julgamento, mas que lhe foi recusado. Eles pediram que ele desse<br />
alguma garantia de que compareceria novamente. Ele perguntou que<br />
garantia. E eles responderam uma fiança para comparecer em<br />
Savannah, quando quer que fosse requerido, sob a penalidade de £50,<br />
além do que, uma fiança em resposta à ação do Sr. Williamson de<br />
£1000 de prejuízo. "Eu, então", diz <strong>Wesley</strong>, "vi a intenção deles de<br />
prolongar o tempo e fazer nada, e disse claramente ao oficial: Senhor<br />
eu não assinarei nem uma fiança, e nem a outra".<br />
Depois das orações vespertinas, a maré de acordo, "ele partiu<br />
de Savannah, com três outras pessoas, ninguém tentando impedi-lo,<br />
não obstante uma ordem requerendo a todos os oficiais que<br />
impedissem sua saída da província, proibindo qualquer pessoa de<br />
ajudá-lo nisto". Parece provável, que os magistrados estavam<br />
realmente felizes por se livrarem dele.<br />
Sua própria história gráfica pode ser lida em seu Diário, do<br />
qual o seguinte é extraído: -<br />
109
Em 2 de Dezembro, tão logo as orações vespertinas<br />
terminaram, por volta das oito da noite, a maré, então, a favor, ele diz,<br />
"Eu tirei o pó dos meus pés e deixei a Geórgia, depois de ter pregado<br />
o evangelho lá, não como eu deveria, mas como fui capaz, um ano e<br />
nove meses depois". Cedo, na manhã seguinte, o pequeno grupo de<br />
quatro, alcançou Purrysburg, e tentando encontrar um guia, partiu uma<br />
hora antes do nascer do sol. Depois de caminhar duas ou três horas,<br />
eles se encontraram com um velho homem que os conduziu em uma<br />
trilha perto da qual havia uma fileira de árvores "marcadas" (árvores<br />
marcadas, com parte da casca arrancada), e seguindo por essas, ele os<br />
assegurou que eles chegariam em Porto Royal, em cinco ou seis horas.<br />
Por volta das onze horas, eles chegaram em um largo pântano, no qual<br />
eles vagaram por três horas; até encontrarem uma outra "marca", e<br />
seguiram-na até que ela se dividiu em duas. Seguindo uma dessas,<br />
através do mato trançado, intransitável, uma milha além do que fora<br />
pretendido, eles atravessaram de novo, através do mato trançado, e<br />
seguiram uma outra marca, até que esta também terminou. O pôr-dosol<br />
estava agora a caminho; assim, fracos e cansados, eles se deitaram,<br />
sem qualquer alimento para aquele dia, exceto a terceira parte de um<br />
bolo de gengibre, que <strong>Wesley</strong> havia carregado em seu bolso. Eles<br />
dividiram em outras três partes, reservando o restante até a manhã,<br />
mas não havia água o dia todo. Um do grupo, empurrando uma vara<br />
no chão, certificou-se que o fundo dele estava úmido, no que dois<br />
deles, começaram a cavar com suas mãos, e por volta de três pés de<br />
profundidade, encontraram água. Eles deram glórias a Deus, beberam,<br />
e estavam renovados; e, depois da adoração, deitaram um perto do<br />
outro, e adormeceram.<br />
Na manhã seguinte, retomaram seu caminho, mas como a<br />
floresta ficava mais e mais densa, eles retrocederam seus passos do dia<br />
anterior. No dia anterior, na parte mais densa da floresta, <strong>Wesley</strong>, não<br />
sabendo porquê, tinha quebrado muitas árvores jovens, enquanto o<br />
pequeno grupo caminhava ao longo delas. Essas agora seriam úteis no<br />
guiá-los, através da parte mais densa da floresta, e entre uma e duas,<br />
eles vieram para a casa do velho homem que eles deixaram um dia<br />
antes. À tarde, <strong>Wesley</strong> leu as orações para uma numerosa família<br />
110
francesa, um dos quais empreendeu ser o guia deles, no dia seguinte.<br />
Eles caminharam de manhã, até o pôr-do-sol, quando o guia deles<br />
confessou que não sabia onde estavam. No entanto, eles continuaram<br />
em frente, até as sete horas, quando vieram para uma plantação; e, no<br />
dia seguinte, depois de muitas dificuldades e demoras, eles<br />
embarcaram na Ilha Port Royal.<br />
Em 7 de Dezembro, <strong>Wesley</strong> caminhou para Beaufort, e, no dia<br />
seguinte, se juntou ao Sr. Delamotte, com quem pegou um barco para<br />
Charlestown, que ele alcançou no dia 13, depois de uma passagem<br />
vagarosa, em razão dos ventos contrários, e do mesmo conflito com<br />
fome e frio, e com as provisões diminuindo. No dia seguinte, leu as<br />
orações, a pedido, foi uma vez mais renovado, e igualmente visitou<br />
um moribundo; e, no dia 16, partiu com o Sr. Charles Delamotte, com<br />
quem havia estado, apenas alguns dias separados, desde 14 de<br />
Outubro de 1735. No dia 18, ele foi atacado por um violento<br />
corrimento, mas teve força para pregar, uma vez mais, para as pessoas<br />
desatentas, e "poucos acreditaram em nosso relato". No dia 22, ele<br />
deixou a América, "embora, se agradasse a Deus, não para sempre".<br />
Embora sofrendo muito a bordo, ele se dedicou à sua obra,<br />
começando por instruir um criado negro, nos princípios do<br />
Cristianismo. Ele decidiu deixar de "viver delicadamente", e retornou<br />
à sua velha simplicidade de dieta, com o feliz efeito, de que nem o<br />
estômago, nem a cabeça se queixaram do movimento do navio.<br />
Vitima do muito medo do perigo, embora não soubesse de<br />
qual, ele fez as seguintes reflexões: (1) "Que nenhuma dessas horas<br />
deveriam ficar fora da minha lembrança, até que eu tenha um outro<br />
tipo de espírito – um espírito igualmente desejoso de glorificar a<br />
Deus, através da vida ou da morte". (2) "Que, quem quer esteja<br />
apreensivo, por alguma razão (com exceção da dor física), leva em si<br />
mesmo sua própria convicção de que ele é, até então, um descrente.<br />
Ele está apreensivo com relação à morte? Então, ele não crê que<br />
morrer é ganho. De algum dos eventos da vida? Então, ele não tem a<br />
firme crença de que todas as coisas operam para seu bem. E se ele<br />
111
trouxer a questão para mais perto, ele se certificará que, além da<br />
falta geral de fé, todo desconforto pessoal é devido evidentemente à<br />
falta de algum temperamento cristão".<br />
Alguns poucos dias mais tarde, sentindo-se triste e muito<br />
oprimido (embora ele não desse alguma razão especial para isto), e<br />
também extremamente sem vontade de falar intimamente com alguém<br />
a bordo, ele temeu que esta fosse a causa de sua incontável aflição,<br />
então, começou a instruir um camaroteiro. Diversas vezes, durante os<br />
dias seguintes, ele seguiu com um desejo de falar com os marinheiros,<br />
mas não pode, e quis saber se esta era uma proibição do bom Espírito<br />
ou uma tentação do diabo.<br />
Durante a viagem, ele terminou seu resumo da Vida do<br />
Monsieur de Retry, sobre o qual, ele trabalhou durante algum tempo.<br />
Este foi o primeiro, de um grande número de resumos feitos e<br />
publicados por ele, e a que ele fará referência mais tarde. Nesta<br />
oportunidade, ele reduziu um volume de 358 páginas, em um panfleto.<br />
CAPITULO V<br />
Inglaterra: O Conflito Espiritual (1738)<br />
Depois de mais arremessos e ameaças de transtorno, no<br />
domingo, 29 de Janeiro, ele chegou, são e salvo, em Downs. Logo<br />
cedo, na manhã da quarta-fera, 1º. de Janeiro, <strong>Wesley</strong> embarcou para<br />
Deal. Lá ele ficou sabendo que, um dia antes, seu amigo Whitefield<br />
embarcara para Savannah, sem saber nada do outro. Sim; Whitefield<br />
112
tinha começado seu poderoso e extraordinário ministério, seu coração<br />
quase incendiando pela alegria evangélica, o que seu amigo estava<br />
lutando para encontrar, e em seu exuberante contentamento,<br />
despejando sua vida no serviço, tão feliz quanto maravilhoso. Ele<br />
descreve assim, seu ultimo Sabbath, antes de embarcar:<br />
"Domingo, 29 de Janeiro – Subi a bordo, logo cedo na manhã,<br />
li as orações, preguei para o soldados, e visitei o doente; então,<br />
retornei para a margem, e me apressei com um grupo de amigos<br />
piedosos [que se reuniram de longe, para dar-lhe boa viagem], para a<br />
Igreja Shroulden [Sholden], por volta de uma milha e meia de Deal,<br />
onde eu preguei para uma congregação lotada e lacrimosa. À tarde,<br />
eu preguei na Igreja de Upper Deal, que estava completamente<br />
lotada, e muitos foram embora porque faltava espaço; alguns<br />
permaneceram nos corredores da Igreja, do lado de fora, e olharam<br />
para dentro do topo das janelas, e todos pareceram ansiosos para<br />
ouvir a Palavra. Que o Senhor possa fazê-los executores dela. À<br />
tarde, eu fui obrigado a dividir meus ouvintes, em quatro grupos, e fui<br />
capaz de expor para eles, das seis às dez horas. Que Deus me livre de<br />
ficar cansado, ou, do sucesso". Um modelo de vida de trabalhos<br />
desgastantes deste homem extraordinário.<br />
Assim eram os homens, que, mais tarde, tornaram-se tão<br />
notáveis na história da Igreja de Deus na Inglaterra, vinculada ao<br />
benevolente experimento colonizador e esforço missionário nos<br />
distantes ancoradouros da América. <strong>Wesley</strong> desembarcou em Deal, às<br />
quatro horas, na manhã de 1º. de Fevereiro de 1738, depois de uma<br />
ausência da Inglaterra, de mais de dois anos. Ele tinha feito grande<br />
progresso, embora inconsciente, no conhecimento espiritual durante<br />
aquele tempo. Seu zelo, tão longe de sofrer abatimento pelas coisas<br />
que passara, havia se inflamado em uma intensidade ainda maior. Na<br />
manhã de sua chegada, ele leu as orações e explicou uma porção das<br />
Escrituras para uma larga companhia na estalagem. Alcançando<br />
Faversham, ele leu as orações e expôs a segunda lição para alguns<br />
poucos, "chamados cristãos, mas mais selvagem em seu<br />
113
comportamento", ele foi obrigado a observar, "do que os mais<br />
selvagens índios", com os quais ele se encontrara.<br />
Em Blendon, ele visitou a casa de seu amigo Delamotte,<br />
recebendo calorosas boas-vindas. No dia 3, ele alcançou Londres. Em<br />
adição aos muitos assuntos que ele tão cuidadosamente considerou<br />
durante sua viagem, ele, como era de se esperar, atenciosamente reviu<br />
os resultados de sua residência e obra na América. Ele tinha mais do<br />
que uma vez, deplorado seu fracasso, em executar seu propósito de se<br />
tornar um missionário para os índios; e ele dificilmente olharia para<br />
suas ocupações, em meio aos ingleses, com perfeita satisfação. Mas<br />
nem tudo era fracasso; e ele estava em condições de expressar sua<br />
gratidão, por ele ter sido levado para aquela terra estranha, contrário a<br />
todas as suas resoluções precedentes; e que, embora o principal<br />
desígnio de sua ida não se realizasse – a pregação do Evangelho para<br />
as tribos nativas na América do Norte – ainda assim, ele tinha obtido<br />
muito proveito pessoal; ele tinha sido humilhado e provado; ele tinha<br />
aprendido a tomar cuidado com os homens; a saber seguramente, que<br />
se em todos os nossos caminhos, nós reconhecermos Deus, Ele irá,<br />
onde a razão falhar, dirigir nossos passos "pela sorte, ou por outros<br />
meios". Ele estava também livre do medo do mar, que ele temia, desde<br />
sua juventude. Foi-lhe dado conhecer muitos servos de Deus,<br />
especialmente aqueles da Igreja de Hermut. Através de seus estudos<br />
de Alemão, Espanhol e Italiano, seu caminho tinha se aberto para os<br />
escritos dessas Línguas. Além disto, todos na Geórgia ouviram a<br />
Palavra de Deus, que alguns entregaram, e começaram a seguir bem; e<br />
alguns poucos passos foram tomados, em direção à pregação do<br />
Evangelho para o pagão africano e americano. Muitas crianças<br />
aprenderam como deviam servir a Deus, e serem úteis ao seu próximo.<br />
Além do que, aqueles, aos quais isto mais diz respeito, tiveram agora<br />
uma oportunidade, através de seus relatos, de conhecer o verdadeiro<br />
estado da colônia ainda não desenvolvida, e assim, o firme alicerce de<br />
paz e felicidade poderia ser colocado para muitas gerações seguintes.<br />
Esses não foram frutos insignificantes de sua expedição.<br />
114
Mas resultados muitos reais foram determináveis por outros;<br />
Whitefield alcançou Savannah em 7 de Maio. Em 2 de Junho, seu<br />
amigo Delamotte partiu pela Inglaterra. "O bom povo", Whitefield diz,<br />
"lamentou a perda dele, e foi à margem do rio, dar seu último adeus;,<br />
e boa razão eles tiveram para fazer isto; porque ele tinha sido<br />
incansável no alimentar os cordeiros de Cristo, com o leite sincero da<br />
Palavra, e muitos deles (abençoado seja Deus) se desenvolveram por<br />
meio disto. Certamente eu devo trabalhar mais vigorosamente, uma<br />
vez que eu vim depois de tais predecessores meritórios. O bem que Sr.<br />
<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> fez na América, sob a vontade de Deus, é inexprimível.<br />
Seu nome é muito precioso em meio às pessoas; e ele colocou tal<br />
alicerce, que eu espero nem homens, nem demônios, alguma vez,<br />
serão capazes de estremecer. Oh! Que eu possa segui-lo, como ele faz<br />
com Cristo".<br />
Muitos dos incidentes na vida de <strong>Wesley</strong>, durante sua carreira<br />
missionária são de interesse emocionante, mas para o biógrafo, a luta<br />
espiritual, pela qual ele passou, com as suas forças sutis ocultas, deve<br />
ser considerada de primeira importância. Foi um processo formativo,<br />
silencioso, pelo qual este grande servo de Deus foi preparado para sua<br />
suprema obra; aquela de uma evangelização ativa, através da Ilhas<br />
Britânicas. Este processo deve ser cuidadosamente traçado, se<br />
gostaríamos de entender <strong>Wesley</strong> e seu lugar na história da Igreja. Ele<br />
tem registrado isto com alguma exatidão, como temos visto. É apenas<br />
necessário acrescentar aqui que suas altas visões religiosas receberam<br />
um impacto muito severo, e que ele passou, para um largo grau, do<br />
domínio dela, para aquele dos ensinamentos Morávios. O cavalheiro<br />
de Oxford, que, manteve as tradições de sua infância, e que faria nada<br />
"sem uma razão", aprendeu em grandes exigências de sua vida a<br />
decidir seu curso pela sorte!<br />
"As viagens de <strong>Wesley</strong>, para lá e para cá, e os meses de sua<br />
estada na colônia, foram conseqüentemente importantes no trazê-lo<br />
dentro do círculo da influência Moravia. Foi dentro daquele círculo,<br />
que ele se encontrou com a nova e estranha idéia de um Cristianismo<br />
mais elevado e excelente do que o próprio. Um ou dois dos ministros<br />
115
Morávios eram – e ele sentiu isso – muito avançados no conhecimento<br />
e experiência, além de seu próprio padrão de capacidade. Em Oxford,<br />
ele se encontrou caminhando, sempre na frente daqueles ao redor<br />
dele".<br />
"Mas, a bordo, do navio no qual ele cruzou o Atlântico, e,<br />
mais tarde, na colônia, ele se encontrou com homens, que, sem<br />
assumirem um tom de arrogância em direção a ele, falaram-lhe como<br />
que para um aprendiz, os quais, no poder da verdade, trouxeram sua<br />
consciência para uma defesa de questões; que, enquanto admitiu a<br />
pertinência delas, não pode responder com alguma satisfação para si<br />
mesmo. Assim foi que ele retornou para a Inglaterra, em um estado de<br />
desconforto espiritual e desamparo. Ele havia se despojado daquela<br />
religiosidade arrogante junto a qual, como seus princípios, seu<br />
egotismo asceta tinha até agora descansado. Ele tornou a reunir seus<br />
amigos em uma disposição para pedir e receber orientação,<br />
preferivelmente do que fornecê-la".<br />
<strong>Wesley</strong> imediatamente começa a pregar nas igrejas de<br />
Londres. Mas sua experiência no primeiro Sabbath foi indicativa do<br />
que o esperava. Foi pedido que pregada na igreja de <strong>John</strong> the<br />
Evangelist. Ele assim o fez, nestas palavras: "Se algum homem estiver<br />
em Cristo, ele é uma nova criatura", e mais tarde, foi informado de<br />
que muitos das melhores paróquias ficaram tão ofendidos, que ele não<br />
deveria mais pregar lá. Ele agora visitava muitos de seus velhos<br />
amigos e parentes para sua grande alegria e conforto.<br />
<strong>Wesley</strong> assinala o dia 7 de Fevereiro, terça-feira, como "um<br />
dia para ser muito lembrado", porque neste dia, ele se encontrou com<br />
Peter Böhler, na casa do Sr. Weynanz (ou Weinantz), um mercador<br />
alemão, e <strong>Wesley</strong> entregou a ele uma carta endereçada a Zinzendorf,<br />
que ele havia trazido de <strong>John</strong> Tolsching, um Ministro Morávio, cujo<br />
conhecimento se formara na Geórgia. Böhler foi um agente escolhido<br />
de Deus, para levá-lo até a luz que eles estava, então, buscando. Com<br />
outros dois representantes da Igreja Moravia, Böhler havia recém<br />
chegado na Inglaterra, e <strong>Wesley</strong> procurou alojamento para eles, perto<br />
116
da casa do Sr. Hutton, onde ele mesmo havia estado; e não perdeu<br />
oportunidade, ele nos diz, de conversar com eles, enquanto<br />
permaneceram em Londres. Ele esperou pelos Fiduciários georgianos<br />
com seu relato da colônia, que ele teve razão para acreditar, não foi<br />
aceitável para muito deles, já que este diferia grandemente dos relatos<br />
que eles geralmente recebiam. Ele, então, em companhia de Böhler,<br />
partiu para Oxford, onde foram recebidos pelo único "remanescente<br />
de lá", ele diz, "dos muitos que, em seu embarque para a América,<br />
foram usados para tomar doces conselhos juntos, e regozijarem-se em<br />
testemunharem" a reprovação de Cristo, enquanto em Oxford, eles<br />
eram freqüentemente os objetos de ridículo e motivo de riso. Um dia,<br />
percebendo que <strong>Wesley</strong> estava preocupado, com a opinião dos outros,<br />
Böhler disse, com um sorriso: "Meu irmão, isto nem mesmo<br />
traspassou as suas roupas". Eles juntos visitaram seu amigo<br />
Gambold, e o encontraram "recuperado de sua ilusão mística, e<br />
convencido que Paulo era um escritor melhor do que até mesmo<br />
Tauler ou Behmen". Todo este tempo, ele conversou muito com<br />
Böhler, a quem ele confessa que ele não entendia, especialmente<br />
quando ele dizia: "Mi frater, mi frater, excoquenda est ista tua<br />
philosophia". "Meu irmão, meu irmão, esta sua filosofia precisa ser<br />
eliminada". Latim era o meio de intercurso, porque Böhler não<br />
entendia o Inglês. Böhler, escrevendo a Zinzendorf, diz: "Eu viajei<br />
com dois irmãos, <strong>John</strong> e Charles <strong>Wesley</strong>, de Londres a Oxford. O<br />
mais velho, <strong>John</strong>, é um homem benévolo. Ele sabia que ele não<br />
propriamente acreditava no Salvador, e estava desejoso de ser<br />
ensinado". Ele agora retornou para Londres; e, depois de encontrar<br />
sua mãe, uma vez mais, partiu novamente para Oxford, chamado até<br />
lá, por conta de um recado de que seu irmão estava morrendo. Em seu<br />
caminho, ele falou claramente a diversos bem intencionados, quanto à<br />
religião, e à tarde para os servos e estranho na estalagem. Ele, então,<br />
resolve, com respeito à sua própria conduta:<br />
1. Usar de absoluta franqueza e desembaraço, com todos que<br />
eu possa conversar;<br />
2. Trabalhar em busca da seriedade contínua; não disposto a<br />
ser indulgente comigo mesmo, em alguma da menor<br />
117
leviandade de comportamento, ou no rir; não, nem por um<br />
momento;<br />
3. A falar nenhuma palavra que não conduza à glória de<br />
Deus; em especial, não falar de coisas mundanas. Outros<br />
pode, mais do que isto, devem, mas o que é aquilo para ti?;<br />
4. Não ter prazer, que não conduza à glória de Deus;<br />
agradecendo a Deus todo o momento, por tudo que eu<br />
recebo, e, portanto, rejeitando todo tipo e grau disto que eu<br />
sinta que não possa assim agradecer a Ele, nisto ou por<br />
causa disto.<br />
Ele encontrou seu irmão com Peter Böhler, "através de quem,<br />
durante um caminhar, na tarde do dia seguinte, ele foi 'convencido da<br />
descrença, da falta daquela fé, por meio da qual apenas, somos<br />
salvos'". Böhler diz: "Eu caminhei com o mais velho dos <strong>Wesley</strong>s, e<br />
perguntei a ele com respeito ao seu estado espiritual. Ele me disse<br />
que, algumas vezes, sentiu certeza de sua salvação; mas, algumas<br />
vezes, teve muitas dúvidas; e que ele poderia apenas dizer isto: 'Se o<br />
que existe na Bíblia for verdadeiro, então, eu estou salvo'. Nisto, eu<br />
falei com ele, muito abertamente, e sinceramente pedi para que fosse<br />
até a fonte generosa, e não frustrasse a eficácia da graça livre,<br />
através de sua descrença'. Imediatamente, ele diz, que passou por sua<br />
mente deixar de pregar, porque, como ele poderia pregar a outros, se<br />
não tem a fé em si mesmo!". Apelando a Böhler, ele recebeu por<br />
resposta: "De modo algum, faça isto: pregue a fé até que a tenha, e,<br />
então, porque você a tem, você pregará sobre ela". "Assim sendo, em<br />
6 de Março, segunda-feira, eu comecei a pregar esta nova doutrina,<br />
embora minha alma retroceda na obra. A primeira pessoa a quem eu<br />
ofereci Salvação pela Fé apenas foi a um prisioneiro, sob sentença de<br />
morte. Seu nome era Clifford. Peter Böhler desejou, muitas vezes,<br />
falar com ele antes. Mas eu não poderia prevalecer sobre mim mesmo<br />
assim fazer; sendo ainda, como eu tenho sido há muitos anos, zeloso<br />
defensor da impossibilidade de um arrependimento nos últimos<br />
momentos". Esta é uma das horas críticas na vida de <strong>Wesley</strong>. Que<br />
revelação suas palavras contêm; ele nunca antes pregara salvação<br />
somente pela fé! Ele nunca antes acreditou que a salvação fosse assim<br />
118
obtida. Que luz existe aqui lançada junto aos seus esforços passados.<br />
Ele poderia agora dizer verdadeiramente: "A fé que eu necessito é<br />
esta".<br />
Böhler retornou para Londres, e <strong>Wesley</strong> partiu para visitar seu<br />
amigo Clayton, em Manchester, com o Sr. Kinchim, Membro do<br />
Corpus Christi, e o Sr. Fox, recém prisioneiro na prisão da cidade.<br />
Eles determinaram, decididamente, a não perder oportunidade de<br />
despertarem, instruírem, ou exortarem qualquer um que eles<br />
encontrassem em sua jornada; mas, negligenciando o dever deles em<br />
Birmingham, eles foram "reprovados por uma severa chuva de<br />
granizo". Durante a tarde, nas estalagens, onde permaneceram, eles<br />
mantiveram a oração familiar, com a leitura e exposição das<br />
Escrituras, com todos que estivessem desejosos de se juntarem a eles.<br />
Ao retornar para Oxford, ele se encontrou novamente com Peter<br />
Böhler, que agora se surpreendia, mais e mais, com os relatos que ele<br />
dava da santidade e felicidade, atendendo a fé viva. Ele, então,<br />
começou novamente a verificação do Testamento Grego, resolvido a<br />
continuar, através da lei e do testemunho, e confiante de que, por meio<br />
disto, ele seria ensinado, se esta doutrina era mesmo de Deus.<br />
Ele pregou em Whitham sobre "a nova criatura", e foi, à tarde,<br />
para a sociedade em Oxford, onde, como de costume em todas as<br />
sociedades, depois de usar uma coleta [oração que precede a Epístola]<br />
ou duas, e a Oração do Senhor, ele expôs um capítulo no Novo<br />
Testamento, concluindo com três ou quatro coletas mais, e um saldo.<br />
Em Castle, depois de ler as orações e pregar, ele e seu companheiro<br />
Kinchin oraram com um criminoso condenado; "primeiro nas diversas<br />
formas de oração, e, então, em tais palavras, como nos eram dadas<br />
naquela hora". "O prisioneiro ajoelhou-se com grande opressão e<br />
confusão, tendo nenhum descanso em seus ossos, em razão de seus<br />
pecados". Depois de um tempo, ele se levantou, e decididamente<br />
disse: "Eu estou agora, pronto para morrer. Eu sei que Cristo tirou<br />
fora os meus pecados, e não existe mais condenação em mim". A<br />
mesma alegria serena, ele mostrou, quando foi levado para a<br />
execução; e em seus últimos momentos, ele era o mesmo, desfrutando<br />
119
da perfeita paz, na confiança de que fora "aceito no amado". Isto<br />
prendeu a atenção de <strong>Wesley</strong>. Este foi um caso, com respeito a ele; um<br />
caso de súbita convicção do pecado, seguido pela convicção do<br />
perdão, e acompanhado, até mesmo, naquela hora solene, com a mais<br />
segura paz e alegria. Mas <strong>Wesley</strong> não poderia dizer, com o pobre<br />
criminoso por quem ele tinha orado: "Eu sei que Jesus Cristo tirou<br />
fora todos os meus pecados". Ele estava, no entanto, aproximando-se<br />
da hora feliz! Em outra sociedade, ele diz que seu coração estava tão<br />
cheio que ele não poderia confinar a si mesmo às formas de oração<br />
geralmente em uso; e resolveu no futuro orar, indiferentemente, com a<br />
forma ou sem, como parecesse adequado.<br />
Seis dias depois, na Páscoa, de 5 de Abril, ele pregou na capela<br />
do colégio, e novamente, à tarde, em Castle, e em Carfax; e escreveu:<br />
"Eu vejo a promessa, mas muito distante; e, julgando que fosse<br />
melhor para mim, esperar por seu cumprimento em silêncio e<br />
isolamento"; ele se retirou, a pedido de seu amigo Kinchin, para<br />
Dummer, em Hampshire. Mas, em poucos dias, ele foi convocado<br />
para Londres, onde encontrou Böhler novamente; e confessou que ele<br />
tinha agora nenhuma objeção para o que ele disse quanto à natureza da<br />
fé; que, nas palavras da Homilia, era "a segurança e confiança certa<br />
que um homem tem em Deus, de que, através dos méritos de Cristo,<br />
seus pecados são perdoados, e ele reconciliado para o favor de<br />
Deus". Mas, ele não poderia compreender o que fora dito, com<br />
respeito a obra instantânea. Pesquisando as Escrituras, no entanto, ele<br />
dificilmente encontrou, para seu completo espanto, algumas instâncias<br />
lá de outras do que as conversões instantâneas. Seu único refúgio<br />
agora era: "Assim foi nas primeiras épocas do Cristianismo, mas qual<br />
é a evidência de que Deus opera da mesma maneira agora?". Mas no<br />
dia seguinte, ele foi vencido pela evidência coincidente de diversas<br />
testemunhas vivas, que testificaram que Deus tinham assim forjado<br />
nelas, dando-lhes, no mesmo momento, tal fé no sangue de seu Filho,<br />
de maneira a transportá-las da escuridão para a luz; do pecado e temor,<br />
para a santidade e felicidade.<br />
120
O interessante relato seguinte desta ocorrência é dado por<br />
Böhler: --<br />
"Eu levei quatro dos meus irmãos ingleses para <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>...<br />
para que eles pudessem relatar suas experiências a ele; como o<br />
Salvador, tão prontamente e tão poderosamente tem compaixão e<br />
aceita o pecador. Eles disseram, um após o outro, o que fora forjado<br />
neles; Wolff especialmente, em quem a mudança era completamente<br />
recente, falou muito calorosamente, poderosamente e na confiança de<br />
sua fé. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> e aqueles que estavam com ele ficaram como que<br />
atingidos por um raio com essas narrações. Eu perguntei a <strong>John</strong><br />
<strong>Wesley</strong> no que ele, então, acreditava. Ele disse que quatro exemplos<br />
não foram suficientes para provar a coisa. Para satisfazer suas<br />
objeções, eu respondi, que eu traria oito mais aqui em Londres.<br />
Depois de pouco tempo, ele se levantou, e disse: 'Nós cantaremos<br />
aquele hino: Hier egt mein Sinn sich vor dir nieder" [By C. F.<br />
Richter]:<br />
Minha alma se encontra prostrada diante de Ti;<br />
A Ti, a fonte dela, meu espírito voa;<br />
Minhas vontades eu pranteio, minhas algemas eu vejo:<br />
Ó, permita que Tua presença me liberte!<br />
"Durante o louvor da versão Moravia", Böhler continua: "Ele<br />
freqüentemente enxugava os olhos. Imediatamente depois, ele me<br />
levou sozinho para sua própria sala, e declarou, 'que ele estava agora<br />
satisfeito com o que eu disse sobre a fé, e que ele não faria mais<br />
perguntas a respeito dela; que ele agora estava claramente<br />
convencido da necessidade dela; mas como ele ajudaria a si mesmo, e<br />
como poderia obter tal fé? Ele era um homem que não havia pecado<br />
tão grosseiramente como as outras pessoas'. Eu respondi que já era<br />
pecado suficiente que ele não cresse no Salvador: ele não poderia<br />
desviar-se da porta do Salvador, até que Ele o ajudasse. Eu me senti<br />
muito pressionado a orar por ele; portanto, eu recorri ao nome do<br />
Salvador, para que tivesse compaixão deste pecador.... Mais tarde,<br />
121
ele me contou quais contradições ele havia encontrado, com respeito<br />
ao clero piedoso ao qual ele tinha pedido conselho, porque ele não<br />
teve, na ocasião apropriada, de dizer-lhes o que ele sabia, e o que ele<br />
ainda necessitava; mas ele não estava preocupado com isto. E ele me<br />
perguntou, ainda, o que ele poderia fazer naquele momento, quer ele<br />
dissesse a todas as pessoas seu presente estado ou não? Eu respondi<br />
que nisto eu não daria regra alguma; e que ele deveria fazer o que o<br />
Salvador havia ensinado a ele; e não deveria colocar a fé, como ela<br />
se encontra em Jesus, tão longe dele, mas crer que ela estaria cada<br />
vez mais perto; que o coração de Jesus ainda permanece aberto, e<br />
que Sua misericórdia em direção a ele é grande. Ele enxugou<br />
emocionado e asperamente as lágrimas, enquanto eu lhe falava sobre<br />
este assunto, e [insistia] que eu deveria orar por ele. O que eu posso<br />
dizer dele, é que ele é verdadeiramente um pobre pecador, e tem um<br />
coração contrito, e sedento em busca de uma melhor retidão do que<br />
aquela que ele já possuía".<br />
"À tarde, ele pregou de (I Cor. 1:23) 'Nós pregamos a Cristo<br />
crucificado', etc. Ele teve acima de quatro mil ouvintes, e falou sobre<br />
este assunto, até que a congregação ficasse atônita, porque ninguém<br />
tinha ouvido tais coisas dele. Suas primeiras palavras foram: 'Eu me<br />
considero, do meu próprio coração, não merecedor de pregar Jesus<br />
crucificado'".<br />
"Aqui", <strong>Wesley</strong> diz, "terminou minha contenda. Eu posso<br />
agora apenas clamar: Senhor, ajuda-me em minha descrença". Este<br />
foi para ele, um tempo de grande conflito espiritual. Ele estava<br />
passando através de um portão estreito. Desde seu intercurso com os<br />
Morávios, ele havia sido gradualmente conduzido a ver que ele tinha<br />
colocado muita confiança em sua atenção estrita aos desempenhos da<br />
religião. Em atribuir a esses seu lugar e proporção, apropriados, não<br />
há necessidade de diminuir a importância deles. O perigo de <strong>Wesley</strong><br />
estava nos exageros deles. Um aspecto surpreendente de sua instrução<br />
até aqui, tinha sido a redução de sua inteira conduta à regra; de<br />
maneira que as horas individuais do dia, e mesmo as porções<br />
separadas da mesma hora, tinham sua tarefa distribuída. Em seu diário<br />
122
de bolso, mantido com a maior precisão por muitos anos, a ocupação,<br />
até mesmo dos minutos, é registrada. Toda a sua conduta, suas<br />
palavras, seus próprios pensamentos, estavam sob controle, e eram<br />
regulados pelas leis, que ele observava estritamente, e todo<br />
afastamento que lhe trouxesse dor.<br />
Nunca um homem foi mais resoluto neste processo de<br />
autocontrole e autodisciplina. Ele se acostumara, há muito tempo, às<br />
freqüentes interrogações quanto à sua fidelidade. Questões precisas<br />
eram esboçadas e fielmente propostas em tempos determinados, cujos<br />
exemplos têm sido dados. Ele foi o mais rígido "Metodista", mesmo<br />
antes deste nome, como um estigma, ter sido ligado a ele. Ele não<br />
esteve sem luz e conforto, mas foi gradualmente sendo conduzido a<br />
ver, que ele estava muito longe da luz perfeita e do descanso do<br />
evangelho. Esta luz, no entanto, estava rompendo sobre ele. Quer<br />
possa ser dito que ele era ou não um cristão verdadeiro, é, em grande<br />
parte, uma questão de definição. Quanto está incluído em ser um<br />
cristão? Ele tinha fé, mas ela não era a fé perfeita. Ele não tinha a fé<br />
que trazia segurança. Ele era um bom homem. Ele era, em muitos<br />
aspectos, um verdadeiro santo, um padrão para os crentes; mas, por<br />
outro lado, ele não tinha ainda alcançado. Ele estava na luz, mas não<br />
era o dia perfeito. Ele tinha descanso, mas ele era duvidoso, inseguro.<br />
Havia, mais além, um estágio mais feliz. "Eu quero aquela fé que<br />
ninguém pode ter, sem saber que a tem. Porque, quem quer que a<br />
tenha está liberto do medo, tendo paz com Deus, através de Cristo, e<br />
regozijando-se na esperança da glória de Deus. E ele está livre da<br />
dúvida, tendo o amor de Deus, espalhado em seu coração".<br />
Como poderia ser explicado que <strong>Wesley</strong>, depois de tantos anos<br />
de busca sincera, falhasse em encontrar a salvação evangélica? Ele<br />
estava no ministério, há mais de doze anos. Ele era diligente no<br />
cumprimento de cada dever; ele se apressou e orou e deu donativos;<br />
ele atendeu com cuidado escrupuloso todos os meios da graça,<br />
incluindo o atendimento freqüente à mesa do Senhor; ele trabalhou<br />
assiduamente, mesmo no extremo de suas forças, para o bem-estar de<br />
outros. Ainda assim, ele não havia encontrado a paz do evangelho?<br />
123
Como pode ser isto? Sua própria resposta não seria, "Israel que seguiu<br />
em busca da lei da retidão, não atingiu esta lei. Por que? Porque não<br />
a buscavam pela fé, mas como que pelas obras da lei". (Romanos<br />
9:31-32).<br />
Ele agora estava persuadido de que esta fé é dom de Deus, e<br />
que Deus certamente concede a toda alma que sinceramente e de<br />
maneira perseverante a busca; e ele decidiu, pela graça de Deus,<br />
buscá-la até o fim. (1) "Pela absoluta renuncia de toda dependência,<br />
no todo, ou em parte de minhas próprias obras ou retidão, no qual eu<br />
tenho realmente alicerçado minha esperança de salvação, embora eu<br />
não soubesse disto, desde minha juventude". (Quão verdadeiro! Esta<br />
confissão é extremamente emocionante). (2) "Ao adicionar para o<br />
contínuo uso de todos os outros meios da graça, uma oração contínua<br />
por esta mesma coisa, a graça justificadora, e salvadora; uma<br />
completa confiança no sangue de Cristo, espalhado por mim; uma<br />
confiança Nele, como meu Cristo, como minha única justificação,<br />
santificação, e redenção".<br />
É necessário dar atenção cuidadosa a esses detalhes na luta<br />
espiritual de <strong>Wesley</strong>, porque sem prestar atenção a eles, nem ele, nem<br />
sua obra futura, pode ser entendida. Depois de um tempo, ele olhou<br />
para trás, como seus seguidores fazem agora, para uma hora suprema e<br />
crítica de sua vida; uma hora para a qual, anos de treinamento o<br />
prepararam; uma hora, investida com uma significância em sua<br />
história religiosa, que seria tolice ignorar, e quase tanta tolice,<br />
depreciar. O período agora sob consideração é uma parte integral e<br />
importante da preparação para esta hora. Falsidade havia sido<br />
ensinada, e pela eficiência, se modestos professores. Em muitos<br />
assuntos, ele não precisava de tutor, ele mesmo poderia ensinar. Mas,<br />
aqui, ele era um aprendiz. Quão freqüentemente, um filho do reino<br />
leva o buscador adulto para seus portões!<br />
Ele novamente hesitou ensinar, mas foi instruído a não<br />
esconder na terra, o talento que Deus dera a ele. Conseqüentemente,<br />
ele falou clara e completamente em Blendon, para a família do Sr.<br />
124
Delamotte, sobre a natureza e fruto da fé. O Sr. Broughton, e seu<br />
irmão estavam lá. O primeiro objetou: "Ele, que não fez e nem sofreu<br />
tais coisas, nunca poderia pensar que eu não tenho fé". Em anos<br />
seguintes, <strong>Wesley</strong> acrescentou: "Ele tinha razão. Eu certamente tinha<br />
a fé de um servo, embora não a fé de um filho". Seu irmão estava<br />
muito irado, e disse a ele que ele não sabia que dano ele havia causado<br />
por falar assim, e <strong>Wesley</strong> acrescenta: "E, de fato, agradou a Deus,<br />
então, acender um fogo que eu confio, nunca será extinto!".<br />
Ele foi novamente estimulado por Böhler a não interromper a<br />
graça de Deus. Em Gerrard's Cross, ele declarou plenamente a fé<br />
como ela está em Jesus; como fez no dia seguinte para um jovem que<br />
ele alcançou na estrada, e à tarde, para seus amigos em Oxford. Em<br />
um ou dois dias, mais tarde, ele foi muito confirmado na verdade,<br />
pelas experiências de dois de seus colegas, que testemunharam que<br />
Deus pode, se Ele não faz sempre, fornecer aquela fé, por meio da<br />
qual, vem a salvação imediata, como um raio que cai do céu.<br />
Apressando-se para Londres, por conta do relato da saúde de<br />
seu irmão, ele o encontrou melhor do que ele esperava; mas<br />
fortemente avesso ao que ele chamou de "A Nova Fé".<br />
<strong>Wesley</strong> escreve em "1º. de Maio [1738], nossa pequena<br />
sociedade teve início, o que mais tarde se encontrou em Fetter Lane".<br />
Usualmente se supôs que eles se encontraram em Neville's Court, em<br />
uma capela sombria, provavelmente erguida nos dias de Charles II.<br />
Esta foi a primeira casa Metodista em Londres, e em redor dela,<br />
muitos incidentes ligados com os primeiros agrupamentos do<br />
Metodismo. Foi neste lugar que o Lorde e Lady Huntingdon<br />
atenderam, pela primeira vez, os encontros da sociedade; e Sir <strong>John</strong><br />
Phillips e Sir <strong>John</strong> Thorold foram despertados aqui, e se tornaram<br />
membros da Sociedade de Fetter Lane. A pequena sociedade nomeada<br />
por <strong>Wesley</strong>, erroneamente foi chamada de Sociedade Moravia. É<br />
verdade que suas regras foram esboçadas em harmonia com o<br />
conselho de Peter Böhler. Mas <strong>Wesley</strong> já tinha tido experiência na<br />
formação de sociedades. Foi a Sociedade da Igreja da Inglaterra; uma<br />
125
acrescentada a muitas sociedades religiosas, então, existentes em<br />
Londres e espalhadas em todos os lugares. Isto continuou assim, até<br />
que um professor Morávio, Molther, espalhou suas peculiares idéias,<br />
em meio aos membros, assim conduzindo <strong>Wesley</strong> a uma separação<br />
dele, para a qual futura referência será feita. Whitefield, um ano<br />
depois da data acima, registra em seu Diário:<br />
1. "Domingo – 20 de Maio: Eu fui com nosso irmão da<br />
Sociedade Fetter Lane para a Igreja de St. Paul, e recebemos as faltas<br />
santas, um do outro, e oramos um pelo outro, para que pudéssemos<br />
ser curados".<br />
2. "Que todas as pessoas, assim reunidas, sejam divididas em<br />
diversos grupos, ou pequenas companhias; nenhuma delas<br />
consistindo de menos do que cinco, ou mais de dez pessoas".<br />
3. "Que cada um fale tão francamente, claramente e<br />
concisamente, quanto ele puder, do real estado de seu coração, com<br />
suas diversas tentações e livramentos, desde o último encontro".<br />
4. "Que todas as bands tenham uma conferência, todas as<br />
quartas-feiras, às oito horas, começando e terminando com louvor e<br />
oração".<br />
5. "Que todos que desejam ser admitidos nesta sociedade<br />
sejam questionados quanto às suas razões para desejarem isto. Você<br />
será inteiramente franco, usando de nenhum tipo de reserva? Você<br />
tem alguma objeção quanto a alguma de nossas ordenanças?". (O que<br />
pode, então, ser lido).<br />
6. "Que, quando algum novo membro é proposto, cada um<br />
presente, fale claramente e livremente, qualquer objeção que tenha<br />
contra ele".<br />
126
7. "Que aqueles contra os quais nenhuma objeção razoável<br />
aparece façam parte, por um período de experiência, de uma ou mais<br />
bands distintas, e algumas pessoas concordem em assistir a eles".<br />
8. "Que depois de dois meses de experimentação, se nenhuma<br />
objeção, então, surgir, eles podem ser admitidos na sociedade".<br />
9. "Que a cada quatro sábados, seja observado, como um dia<br />
de intercessão geral".<br />
10. "Que no sábado, sete noites seguintes, seja a festa do amor<br />
geral, das sete às dez da noite".<br />
11. "Que nenhum membro em específico seja admitido para<br />
agir em alguma coisa contrário a alguma ordem da sociedade; e que,<br />
se algumas pessoas, depois de serem admoestadas, três vezes, não se<br />
adequarem a ela, eles não mais serão considerados como membros. O<br />
Sacramento, como um testemunho fiel à Igreja da Inglaterra".<br />
Três semanas depois, Charles <strong>Wesley</strong> escreveu: "Irmão Hall<br />
propôs expulsar Shaw e Wolf. Nós consentimos que seus nomes sejam<br />
apagados de nosso livro da Sociedade, porque eles não se admitiram<br />
membros da Igreja da Inglaterra".<br />
Este é um fato interessante que <strong>Wesley</strong> assinala da formação<br />
desta sociedade, como o começo do atual Metodismo. Em sua Breve<br />
História do Povo Chamado Metodista, ele diz: "Em 1º. de Março de<br />
1738, segunda-feira, nossa pequena sociedade começou em Londres.<br />
Mas pode-se observar que o primeiro surgimento do Metodismo,<br />
assim chamado, foi em Novembro de 1729, quando quatro de nós se<br />
encontrou em Oxford; o segundo foi em Savannah, em Abril, de 1736,<br />
quando vinte e três pessoas se encontraram em minha casa; o último<br />
foi em Londres, neste dia, quando quarenta ou cinqüenta de nós<br />
concordou em se encontrar toda quarta-feira à tarde, com o objetivo<br />
de uma conversa livre, que começou e terminou com louvor e oração.<br />
Em todos os nossos passos, nós fomos grandemente assistidos pelo<br />
127
conselho e exortações de Peter Böhler, um excelente jovem,<br />
pertencente à sociedade comumente chamada de Moravia".<br />
Referência futura será feita a esta sociedade.<br />
Em 3 de Maio, Peter Böhler teve uma longa conversa com<br />
Charles <strong>Wesley</strong>, quando <strong>John</strong> diz: "Agradou a Deus abrir seus olhos,<br />
de modo que ele também viu claramente qual era a natureza daquela<br />
fé verdadeira, viva, por meio da qual somente, através da graça,<br />
somos salvos". No dia seguinte, Böhler deixou Londres para Carolina,<br />
e <strong>Wesley</strong> escreve: "Ó, que obra Deus começou, desde que vim para a<br />
Inglaterra! Tal como nunca chegará ao fim, até que o céu e terra<br />
passem".<br />
Pregando "salvação livre, pela fé no sangue de Cristo", em<br />
diversas igrejas em Londres, <strong>Wesley</strong> é informado, por quase todas elas<br />
que ele não pode mais pregar lá. Ele registra que o Rev. G.<br />
Stonehouse, Vigário de Islington, foi convencido da verdade como ela<br />
está em Jesus. Por alguns dias, ele esteve triste e muito oprimido,<br />
incapaz de ler ou meditar, cantar ou orar, ou fazer alguma coisa; mas<br />
foi de certa forma restaurado, por uma carta terna e afetuosa de seu<br />
amigo Böhler, pedindo que não demore a crer em "seu Jesus Cristo;<br />
declarando quão grande, quão inexprimível; quão inesgotável é Seu<br />
amor. Certamente, Ele está agora pronto a ajudar; e nada pode<br />
ofender a Ele, a não ser nossa descrença".<br />
Na segunda-feira, 19 de Maio, <strong>Wesley</strong> faz a seguinte entrada<br />
em seu Diário: "Meu irmão teve um segundo ataque de sua pleurisia.<br />
Alguns de nós passamos o sábado a noite em oração. No dia seguinte,<br />
Domingo de Pentecostes, depois de ouvir Dr. Heylin pregar um<br />
sermão verdadeiramente cristão (sobre: Eles todos foram preenchidos<br />
com o Espírito Santo; 'e assim', diz ele, 'todos vocês podem ser, se não<br />
for por sua própria falta'), e assistindo a ele na Comunhão Santa<br />
(porque seu pároco auxiliar estava doente na igreja, eu recebi as<br />
surpreendentes notícias de que meu irmão tinha encontrado descanso<br />
para sua alma. Suas forças corpóreas também retornaram daquele<br />
momento. Quem é tão grande Deus, como nosso Deus?".<br />
128
Sua opressão e tristeza de coração retornaram, e ele irrompe<br />
nas seguintes palavras emocionadas em uma carta para um amigo: --<br />
"Eu sinto o que você diz (embora não o suficiente); porque eu<br />
estou sob a mesma condenação. Eu vejo que toda a lei de Deus é<br />
santa, justa, e boa. Eu sei que todo pensamento, todo temperamento<br />
de minha alma deve carregar a imagem e endereço de Deus. Mas<br />
como eu estou caído da glória de Deus! Eu sinto que eu estou<br />
vendido, sob o pecado. Eu sei que eu também mereço coisa alguma,<br />
mas a ira, sendo cheio de todas as abominações; e tendo nenhuma<br />
coisa boa em mim, para expiar por elas, ou remover a ira de Deus.<br />
Todas as minhas obras, toda a minha retidão, precisa de uma<br />
expiação para si mesmas. Assim é que minha boca está fechada. Eu<br />
tenho nada a reivindicar. Deus é santo. Eu sou impuro. Deus é um<br />
fogo ardente; eu sou um complete pecado, adequado para ser<br />
destruído".<br />
"Ainda assim, eu ouvi uma voz (e não é a voz de Deus?)<br />
dizendo, Crê e tu serás salvo. Aquele que crê passa da morte para a<br />
vida. Deus assim amou o mundo, que deu Seu Unigênito para que<br />
aquele que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".<br />
"Ó, que ninguém nos decepcione com palavras vãs, como se<br />
nós já tivéssemos obtido esta fé. Pelos frutos saberemos. Nós já<br />
sentimos paz com Deus, e alegria no Espírito Santo? O Espírito Dele<br />
testemunha com nosso espírito que somos filhos de Deus? Ai de mim!<br />
Com o meu, Ele não testemunha!".<br />
Essas estavam em meio às suas últimas palavras, antes que a<br />
memorável mudança tomasse lugar. Elas mostram mais claramente,<br />
que havia um passo definitivo que ele ainda não tomara, embora<br />
desejasse; um estado que ele não entrara, apesar de seu extremo desejo<br />
de entrar. Mas o portão está aberto para admiti-lo naquele reino de paz<br />
e alegria; e seu pé estava levantado para dar o passo final e entrar. É<br />
certo que ele, em suas próprias palavras declararia o que aconteceu<br />
129
naquela momentosa quarta-feira, 24 de Maio de 1738. Depois de rever<br />
sua vida, desde os seus dez anos, ele escreve: -<br />
"Eu penso que era por volta das cinco da manhã, quando eu<br />
abri meu Testamento nessas palavras(II Pedro 14) 'Pelas quais ele<br />
nos tem dado grandessíssimas e preciosas promessas, para que, por<br />
elas, fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da<br />
corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo'. Assim que fechei<br />
o livro, eu o abri novamente nessas palavras: (Marcos 12:34) 'E,<br />
Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe· Não estás<br />
longe do Reio de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais<br />
nada"'.<br />
"À tarde, pediram-me que fosse para a igreja de St. Paul. O<br />
hino era'Fora do abismo, eu tenho chamado por Ti, Ó, Senhor.<br />
Senhor, ouça minha voz. Oh! Deixe teus ouvidos considerarem boa a<br />
voz da minha queixa. Se, Tu, Senhor, fores rigoroso para marcar o<br />
que é feito de errado, Ó, Senhor, quem poderá agüentar isso? Porque<br />
há misericórdia em Tipor esta razão, Tu deves ser temido. Ó, Israel,<br />
confie no Senhor, porque com o Senhor há misericórdia, e, com Ele<br />
redenção plena. E Ele também deverá redimir Israel de todos os seus<br />
pecados'”.<br />
"À noite, eu fui, muito de má vontade, até uma Sociedade, na rua<br />
de Aldersgate, onde alguém estava lendo Lutero - prefácio à<br />
Epístola aos Romanos. Por volta de quinze para as nove horas,<br />
enquanto ele estava descrevendo as mudanças que Deus opera no<br />
coração, pela fé em Cristo, eu senti meu coração estranhamente<br />
aquecido. Eu senti que eu confiei em Cristo — Cristo apenas, para<br />
a salvação; e uma garantia me foi dada de que Ele tinha tomado<br />
meus pecados, até mesmo os meus, e tinha me salvo da lei de<br />
pecado e morte".<br />
"Eu comecei a orar com todas as minhas forças, por aqueles que<br />
tiveram, de uma maneira mais especial, rancorosamente, me usado<br />
130
e perseguido. Então, testemunhei, abertamente, a todos, isso que eu<br />
agora, pela primeira vez, sentia em meu coração. Mas não muito<br />
tempo antes do inimigo ter sugerido'Isto não pode ser fé; pois,<br />
onde está a tua alegria?'. Então, eu fui ensinado que aquela paz e<br />
vitória, sobre o pecado, eram essenciais para a fé, no Capitão de<br />
nossa salvaçãomas, como transporte da alegria, que usualmente<br />
assiste o começo dela, especialmente, naqueles que têm lamentado<br />
profundamente, Deus, algumas vezes, as retém, de acordo com as<br />
deliberações de Sua própria vontade".<br />
"Depois de retornar para casa, fui esbofeteado por muitas tentações,<br />
mas eu clamei, e elas fugiram. Elas retornaram novamente e<br />
novamente. Eu, como, freqüentemente, erguia meus olhos, e Ele<br />
'me enviava ajuda do seu santo lugar'. E, nisto, eu descobri no que<br />
consistia, principalmente, a diferença entre essa e a minha condição<br />
anterior. Eu estava me esforçando. Sim, lutando com todas as<br />
minhas forças, debaixo da lei, tanto quanto debaixo da graça.<br />
Entretanto, se eu era algumas vezes, se não freqüentemente,<br />
conquistado, agora, eu sou sempre um conquistador".<br />
Na quinta-feira, 25 de Maio, ele escreve: "No momento em que<br />
despertei, 'Jesus, Mestre', estava em meu coração, e em minha<br />
boca; e, eu encontrei minhas forças, mantendo meus olhos fixados<br />
Nele, e minha alma atendendo continuamente a Ele. Estando,<br />
novamente, em St. Paul, pela tarde, eu pude provar a palavra boa de<br />
Deus, no hino que começou'Minha canção será sempre sobre a<br />
amorosa-generosidade do Senhor: com minha boca, eu estarei<br />
mostrando, sempre adiante, Tua verdade, de uma geração a outra'.<br />
Contudo, o inimigo injetou-me um medo: 'Se tu acreditas, por que<br />
não há uma mudança mais significativa?'. Eu respondi (contudo,<br />
não eu): 'Que eu não sei! Mas, que tudo que sei, é que eu agora<br />
tenho paz com Deus. E não mais peco hoje, e Jesus, meu Mestre,<br />
me proibiu de me preocupar com o amanhã'”.<br />
131
"Minha alma continua em paz, mas ainda pesada, por causa<br />
das múltiplas tentações. Eu perguntei ao Sr. Toeltschig, um Morávio,<br />
o que fazer. Ele me disse que eu deveria não lutar contra elas, como<br />
eu tinha feito antes, mas, para escapar delas, no momento, em que<br />
aparecem, e encontrar refúgio nas machucaduras de Jesus. O mesmo<br />
eu aprendi também da antífona vespertina que foi: 'Minha alva<br />
verdadeiramente espera ainda junto a Deus; porque Dele vem minha<br />
salvação; Ele é minha defesa; de maneira que eu não cairei.Ó,<br />
coloquem sua confiança Nele sempre; derramem seus corações diante<br />
Dele; porque Deus é nossa esperança'".<br />
Por alguns dias, ele caminhou como uma criancinha, com<br />
tremor, e com dúvidas e medos, e tentações súbitas o atacando; nem<br />
ele estava livre da oposição externa. Ele encontrou um refúgio na<br />
oração sincera; na diligente leitura das Escrituras, e na ativa obra<br />
cristã. Durante este tempo, ele observou estritamente os estados<br />
variados da mente, através do que ele estava passando. Ele escreve em<br />
27 de Maio: "Acredito que uma razão para minha falta de alegria seja<br />
a falta de tempo para orar, eu resolvi não realizar tarefa alguma, até<br />
que eu fosse para a Igreja, de manhã, mas continuar derramando meu<br />
coração diante de Deus. E este dia, meu espírito foi ampliado. De<br />
maneira que, embora eu fosse agora assaltado por muitas tentações,<br />
eu era mais do que vencedor, ganhando mais poder, por meio disto,<br />
para confiar e regozijar-me em Deus, meu Salvador".<br />
28 de Maio: "Eu caminhei em paz, mas não em alegria. No<br />
mesmo plano, estado silencioso, eu estava ainda à tarde, quando fui<br />
atacado asperamente por uma larga companhia [na casa do Sr.<br />
Hutton], como um Fanático, um Sedutor, e um Anunciador de novas<br />
Doutrinas. Através da bênção de Deus, eu não fiquei irado, mas,<br />
depois de uma resposta tranqüila e breve fui embora; mesmo que não<br />
com tão terna preocupação, como seria devida àqueles que estivessem<br />
buscando a morte no erro da vida deles".<br />
Os escritores críticos da vida de <strong>Wesley</strong> têm quase que<br />
totalmente omitido o significado do evento, que ele havia justamente<br />
132
evisto; mas não escapou do sutil discernimento de Lecky, que<br />
escreve: "Dificilmente é um exagero dizer que a cena que toma lugar<br />
naquele humilde encontro na Rua Aldersgate forma uma época na<br />
História Inglesa. A convicção que, então, surge junto a um dos mais<br />
poderosos e mais ativos intelectos na Inglaterra é a fonte verdadeira<br />
do Metodismo Inglês".<br />
Charles <strong>Wesley</strong>, como seu irmão, há muito vinha buscando<br />
sinceramente por "redenção". Ele estava nesta época, seriamente<br />
doente, e estava residindo temporariamente com o Sr. Bray, a quem<br />
ele descreve como "um pobre mecânico ignorante, que sabe nada, a<br />
não ser Cristo". Bray era um feliz crente, um Morávio, com quem<br />
Charles <strong>Wesley</strong> tornou-se intimamente unido. A respeito dele,<br />
escreveu: "O Sr. Bray deve suprir o lugar de Böhler. Nós pregamos<br />
juntos em prol da fé. Eu quase fui subjugado e derreti em lágrimas".<br />
Parece que um espírito de inquisição sobre o assunto da<br />
religião foi, nesta época, extensivamente estimulado em Londres,<br />
parcialmente pela recente pregação de Whitefield, parcialmente pelos<br />
trabalhos pessoais de Peter Böhler, que ultimamente deixara Londres,<br />
e, parcialmente pela pregação de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, que foi admitido em<br />
diversos púlpitos de Londres, e seguido por imensa multidão.<br />
Em 17 de Maio, Charles escreve:<br />
"Hoje, eu vi, pela primeira vez, Lutero sobre os Gálatas. Nós<br />
começamos, e o achamos esplendidamente cheio de fé. Eu me<br />
maravilhei que estivéssemos tão logo, e tão inteiramente afastados<br />
dele que nos chamou para a graça de Cristo, junto a outro Evangelho.<br />
Quem acreditaria que nossa igreja tinha sido fundada sobre este<br />
importante artigo da justificação pela fé somente? ... Eu passei<br />
algumas horas esta tarde, em privativo com Martinho Lutero, que foi<br />
grandemente abençoado, especialmente em sua conclusão do segundo<br />
capítulo. Eu trabalhei, esperei, e orei para sentir, 'quem me amou e<br />
deu a si mesmo por mim'".<br />
133
"Quando a natureza, quase exausta, forçou-me a ir para a<br />
cama, eu abri o livro em: 'Porque Ele terminará sua obra sobre a<br />
terra, e a abreviará na retidão'. Depois desta confortável segurança<br />
de que ele viria e não tardaria, eu dormi em paz... Por volta da meianoite,<br />
eu estava acordado, pelo retorno da minha pleurisia. Eu senti<br />
grande dor, e dificuldade em meu coração; mas encontrei imediato<br />
alívio em sangrar. Eu conversei com o Sr. Bray: embora eu mesmo<br />
desejasse morrer no momento seguinte, se eu pudesse acreditar nisto:<br />
mas eu estava certo de que eu não morreria, até que eu cresse. Eu<br />
sinceramente desejei isto... às cindo horas da manhã, a dor e<br />
dificuldade em respirar retornaram. O cirurgião foi chamado; mas<br />
adormeci, antes que ele pudesse me sangrar pela segunda vez".<br />
"Eu recebi o Sacramento, mas não Cristo. A Sra. Turner veio<br />
me ver, e me disse que eu não me levantaria da cama, até que eu<br />
cresse. Eu acreditei no que ela disse, e perguntei: 'Deus, então,<br />
concedeu fé a você?'. 'Sim, Ele me concedeu'. 'Você tem paz com<br />
Deus?'. 'Sim, perfeita paz'. 'E você ama a Cristo, acima de todas as<br />
coisas?'. 'Eu amo, acima de todas as coisas, incomparavelmente'.<br />
'Então, você está desejosa de morrer?'. 'Eu estou, e ficaria feliz de<br />
morrer, neste momento; porque eu sei que meus pecados estão<br />
apagados; a escrita que havia contra mim foi tirada fora do caminho,<br />
e pregada na cruz. Ele me salvou com a Sua morte; Ele me lavou com<br />
Seu sangue; Ele me ocultou com Suas feridas. Eu tenho paz Nele, e<br />
me regozijo com alegria inexplicável e cheia de glória'. A resposta<br />
dela era tão completa a essas e a maioria das perguntas, que eu<br />
poderia fazer, que eu não tive dúvida que ela recebeu a redenção: e a<br />
esperei para mim esmo com uma esperança mais segura. Sentindo<br />
uma antecipação da alegria, por conta do relato dela, e agradecendo<br />
a Cristo como eu pude, eu busquei por Ele a noite toda, com orações<br />
e sinais, e desejos incessantes".<br />
O freqüente retorno de sua pleurisia, e seu estado muito<br />
debilitado, pareceu ter alarmado seus amigos, que começaram a ficar<br />
apreensivos de que seu fim estava próximo. Seu irmão, portanto, e<br />
alguns outros, se encontraram no sábado à tarde, e passaram a noite<br />
134
em oração. No dia seguinte era Domingo de Pentecostes. Ele diz: "Eu<br />
acordei, na esperança e expectativa da vinda Dele. Às nove horas,<br />
meu irmão e alguns amigos vieram, e cantaram um hino para o<br />
Espírito Santo. Meu conforto e esperança foram, deste modo,<br />
aumentados. Por volta de meia hora, eles saíram. Eu me dirigi em<br />
oração: a essência, como segue: O, Jesus, Tu dizes: Eu irei até você.<br />
Tu dizes: Eu enviarei o Confortador até você. Tu dizes: Meu Pai e eu<br />
viremos até você, e faremos nossa morada em você. Tu és Deus, que<br />
não podes mentir. Eu confio totalmente em tua promessa verdadeira.<br />
Execute isto a Teu tempo e modo". Depois de dizer isto, ele se<br />
apaziguou e adormeceu, em quietude e paz, quando ouviu alguém que<br />
tinha entrado na sala, dizer: "Em nome de Jesus de Nazaré, levanta e<br />
crê, e tu serás curado de todas as tuas enfermidades". As palavras o<br />
golpearam no coração. Ele suspirou e disse dentro de si mesmo: "Ó,<br />
só Cristo falaria assim". Num instante, ao perguntar quem falara as<br />
palavras que tanto o afetaram, ele diz: "Eu senti, naquele momento,<br />
uma estranha palpitação no coração, e disse, ainda que temeroso de<br />
dizer: 'Eu creio, eu creio!'".<br />
Bray leu para ele as palavras: 'Abençoado é o homem cuja<br />
transgressão é perdoada, cujo pecado é oculto. Abençoado é o homem<br />
junto a quem o Senhor não imputou iniqüidade, e em cujo espírito não<br />
existe culpa'. "Eu ainda senti", ele diz, "uma violenta oposição e<br />
relutância em crer; ainda assim, o Espírito de Deus lutou com o meu,<br />
e o espírito diabólico, até que, aos poucos, ele afugentou as trevas da<br />
minha descrença. Eu me encontrei convencido; eu não sei como, nem<br />
quando; e imediatamente cai em oração". Ele, mais tarde, acrescenta:<br />
"Eu agora me encontrava em paz com Deus, e regozijado na<br />
esperança do Cristo amoroso. Meu temperamento, para o restante do<br />
dia, foi desconfiar da minha própria grandeza, mas diante da<br />
fraqueza desconhecida, eu vi que, através da fé, eu resisti; e o<br />
contínuo suporte da fé, me protegeu de cair, embora de mim mesmo,<br />
eu esteja sempre sucumbindo no pecado. Eu fui para a cama, ainda<br />
consciente de minha própria fraqueza (eu humildemente espero ser<br />
mais e mais assim), ainda assim, confiante da proteção de Cristo".<br />
Este foi o 'Dia de Pentecostes' de Charles.<br />
135
Na quarta-feira seguinte, confinado em seu quarto, ele passou<br />
o dia de uma maneira devota e piedosa. "Às oito horas", diz ele, "eu<br />
orei por amor, com algum sentimento, e segurança de sentir mais. Já<br />
perto das dez horas, meu irmão foi trazido em triunfo, por um grupo<br />
de nossos amigos, e declarou: 'Eu creio!'. Nós cantamos o hino com<br />
grande alegria, e partimos com oração. À meia-noite, eu me entreguei<br />
a Cristo, certo de que eu estava a salvo, dormindo ou acordado!".<br />
O hino que eles cantaram naquele tempo foi, com toda<br />
probabilidade, o que ele havia composto dois dias antes, quando ele<br />
pôde, pela primeira vez, clamar: "Eu creio! Eu creio!". Ele aparece<br />
no Livro de Hinos Metodista (no original havia oito versos):-<br />
Por onde minha alma maravilhada deveria começar?<br />
Como deverei todo o céu ansiar?<br />
Um escravo remido da morte e pecado<br />
Um tição arrancado do fogo eterno,<br />
Como poderei levantar triunfos iguais,<br />
Ou cantar o louvor do meu grande Libertador?<br />
Ó, como eu deverei dizer ao meu Senhor,<br />
Pai, o que Tu tens me mostrado?<br />
Que eu sou um filho da ira e inferno,<br />
Eu deveria ser chamado de filho de Deus,<br />
Deveria saber, deveria sentir meus pecados perdoados,<br />
Abençoado com esta antecipação do céu!<br />
Eu poderia desprezar o amor do meu Pai?<br />
Ou, de maneira aviltante, temer possuir os dons Dele?<br />
Desatento da prova de Seus favores?<br />
Eu deveria evitar a cruz sagrada?<br />
Recusar Sua retidão, conceder,<br />
Ocultando-a, dentro de meu coração?<br />
Homens réprobos, a você eu chamo,<br />
Prostitutas, e publicanos, e ladrões,<br />
Ele estende seus braços para abraçá-los todos;<br />
Pecadores somente a graça Dele recebe:<br />
136
Nenhuma necessidade Dele, o justo tem;<br />
Ele veio para buscar e salvar o perdido.<br />
Venha, ó, meu irmão culpado, venha,<br />
Gemendo debaixo do fardo de seu pecado!<br />
O coração sangrando Dele lhe hospedará,<br />
Seu lado aberto o levará para dentro;<br />
Ele chama você agora, convida-o para sua casa?<br />
Venha, ó, meu irmão, venha!<br />
O seguinte é tomado de um número de versos evidentemente<br />
endereçado a <strong>John</strong>, intitulado:<br />
Congratulação a um Amigo por Crer em Cristo<br />
Abençoado seja o nome que te libertou.<br />
O nome, que salvação certa, traz!<br />
O Sol da Retidão sobre ti<br />
Surgiu com cura em Suas asas.<br />
E para longe, levou a aflição e o suspiro;<br />
Jesus morreu por ti – por ti!<br />
Ele agora vai desistir do que é Dele?<br />
Ou perder a compra de Seu sangue?<br />
Não; porque Ele olha com pena para baixo.<br />
Ele zela por ti, para o bem:<br />
Olha gracioso para ti, do alto,<br />
E guarda e alimenta a ti com Seu amor.<br />
Visto que foste precioso aos olhos Dele,<br />
Quão sublime favor tu tens tido!<br />
Erguido pela fé, para a altura da glória,<br />
Teus olhos têm visto o Deus Salvador;<br />
Teu coração tem sentido teus pecados perdoados,<br />
E testado o céu antecipado.<br />
Ainda, possa o amor Dele ser tua fortaleza,<br />
E ainda fazer de você, Sua diligência cuidadosa,<br />
Colocar, Confirmar, e te Estabelecer,<br />
137
Nas asas da águia teu espírito carregar;<br />
Preencher-te com céu, e sempre derramar<br />
Suas bênçãos especiais em tua cabeça.<br />
Assim, possa Ele confortar a ti, aqui embaixo;<br />
Assim, possa Ele toda a sua graça dar:<br />
A Ele, em parte, tu podes aqui conhecer;<br />
Ainda assim, aqui, através da fé, submeter-se a viver;<br />
Ajuda-me a defender minha passagem,<br />
Nem se apodere do céu, até que eu também possa.<br />
Ou, se o decreto do sábio soberano<br />
O numerar primeiro em meio aos abençoados<br />
(O único bem que eu cobiço de ti);<br />
Transportado para um descanso antecipado,<br />
Próximo, em tuas últimas horas, que eu possa<br />
Instruir, e aprender de ti, a morrer.<br />
Agora, esses três homens, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, Charles <strong>Wesley</strong>, e<br />
George Whitefield são trazidos juntos para um plano de experiência<br />
religiosa. Cada um deles havia se submetido a severa disciplina<br />
espiritual. Eles tinham, cada um, como tem sido mostrado,<br />
compartilhado da bem-aventurança daquele que crê; tinham alcançado<br />
a justificação pela fé, e provado que eles não poderiam ser justificados<br />
por nenhum outro meio. Eles eram únicos nos limites de uma afeição<br />
familiar, constrangidos como irmãos e colaboradores, e ajudadores, na<br />
grande obra deles, e já que eles criam, designada por Deus. Eles têm<br />
um evangelho – os evangelhos para os pobres, miseráveis e pecadores<br />
homens e mulheres; em cujo evangelho, eles tinham fé, aquela fé<br />
maior que está baseada na experiência pessoal deles de seu poder. Eles<br />
eram únicos no reconhecimento do pecado humano, e da redenção<br />
humana, através de Jesus Cristo; no reconhecimento da obra suprema<br />
do Espírito Santo, da absoluta autoridade das Santas Escrituras, e da<br />
pregação, como o instrumento divinamente ordenado da conversão<br />
humana. Eles eram únicos em sua submissão a uma paixão dominante<br />
de amor pelas almas dos homens, e da prontidão para usar e ser usado<br />
por eles. Eles permaneceram juntos, como os três grandes líderes, no<br />
glorioso avivamento da religião espiritual que tomou lugar no século<br />
138
dezoito. A divergência, mais tarde, levantou-se da sepultura, mas<br />
questões subordinadas de eleição e predestinação. Mas isto conduziu a<br />
adaptação deles para falar a duas classes de pessoas, em uma Igreja<br />
Protestante dividida, de maneira que poderia ser dito: "Ele que forjou<br />
junto a Pedro o apostolado da circuncisão forja-me também junto aos<br />
gentios". Isto <strong>Wesley</strong> logo discerniu. Ele escreveu para seu amigo:-<br />
"9 de Agosto de 1740"<br />
"Eu agradeço a você, pela sua carta de 24 de Maio. O caso<br />
está completamente claro. Existem fanáticos, ambos pela<br />
predestinação, e contra ela. Deus envia uma mensagem para aqueles<br />
de ambos os lados. Mas ninguém a receberá, exceto de alguém de sua<br />
própria opinião. Portanto, por um tempo, você é forçado a ser de uma<br />
opinião, e eu de outra. Mas quando o tempo Dele chegar, Deus fará o<br />
que o homem não pode – ou seja, nos fazer ambos de uma mesma<br />
opinião. Então, a perseguição falhará, e será visto se nós<br />
consideramos nossas vidas queridas junto a nós mesmos, de maneira<br />
que possamos terminar nosso curso com alegria".<br />
"Eu sou, meu mais querido irmão, sempre seu",<br />
J.<strong>Wesley</strong><br />
<strong>Wesley</strong> se encontrava ainda em um estado inseguro de mente,<br />
alternadamente, exaltado e depressivo. Suas suscetibilidade a cada<br />
mudança de vento da influência exterior era quase uma fraqueza.<br />
Dificilmente é de se admirar, considerando sua fragilidade corpórea, o<br />
resultado de suas muitas austeridades, e a severa e quase contínua<br />
tensão mental que ele suportou por algum tempo.<br />
Em 4 de Junho, ele escreveu: "Foi de fato um dia de festa.<br />
Porque, desde o tempo de meu levantar, até uma da tarde, eu estive<br />
orando, lendo as Escrituras, cantando, ou chamando os pecados ao<br />
arrependimento. Todos esses dias, eu dificilmente me lembro de ter<br />
aberto o Testamento, a não são em algumas grandes e preciosas<br />
139
promessas. E eu vi mais do que nunca que o Evangelho é, na<br />
verdade, uma grande promessa do começo ao fim".<br />
Em 6 de Junho, ele diz: "Eu tive ainda mais conforto e paz e<br />
alegria: na qual eu temi que eu começasse a conjecturar. Porque, à<br />
tarde, eu recebi uma carta de Oxford, que me atirou em muita<br />
perplexidade. Estava afirmado nela 'que nenhuma dúvida consistiria<br />
com o menos grau de fé verdadeira; que, quem quer que, em qualquer<br />
tempo, sinta alguma dúvida ou temor, não estava fraco na fé, mas não<br />
tinha fé, afinal: e que ninguém teria alguma fé, até que o Espírito da<br />
vida o tornasse totalmente livro da lei do pecado e da morte".<br />
"Pedindo a Deus que me dirigisse, eu abri meu Testamento em<br />
I Cor. 3:1 etc., onde Paulo fala daqueles a quem ele denomina bebês<br />
em Cristo, que não eram capazes de suportar um alimento mais forte,<br />
em um sentido carnal; a quem, não obstante, ele diz: vocês são a<br />
construção de Deus; vocês são o templo de Deus. Certamente, então,<br />
esses homens tinham algum grau de fé; embora esteja claro que a fé<br />
deles era fraca".<br />
"Depois de passar algumas horas nas Escrituras e oração, eu<br />
me senti muito confortado. Ainda assim, eu senti uma espécie de<br />
sensibilidade em meu coração, de maneira que eu me encontrei<br />
preocupado porque não estava completamente curado. Ó, Deus,<br />
salva-me, e tudo que está fraco na fé, das disputas duvidosas".<br />
Ele agora determinou cumprir um propósito que ele tinha<br />
nutrido na Geórgia, de retirar-se para Hernhut, por um tempo. O<br />
momento pareceu propicio: – sua "mente fraca não suportaria ser<br />
dividida em partes". E ele esperava conversar com aqueles que eram<br />
as testemunhas vivas do completo poder da fé, e ainda que capazes de<br />
testemunhar com o fraco, seriam um meio, pela bênção divina, de<br />
estabelecê-lo na fé e força espiritual. Despedindo-se de sua mãe, em<br />
Salisbury, ele passou por Oxford, onde pregou um sermão sobre a<br />
"Salvação pela Fé", falando com notável clareza e precisão, sobre a<br />
fé, através da qual somos salvos, e sobre a Salvação, que é através da<br />
140
fé; e aproveitando a oportunidade para responder às objeções da<br />
doutrina, especialmente, aquela de que pregar Salvação ou<br />
Justificação pela Fé apenas, é pregar contra a santidade e boas obras.<br />
O sermão foi, mais tarde, impresso, e passou por muitas edições. Ele<br />
se situa, onde tal sermão deveria, no começo de sua própria coleção de<br />
obras publicadas. Ele foi a primeira publicação feita por ele, depois de<br />
sua "conversão".<br />
Em 13 de Junho, em companhia de seu amigo Ingham, ele<br />
partiu, permanecendo três meses na Alemanha, e retornando para a<br />
Inglaterra na noite do sábado, 16 de Setembro.<br />
Ele fez minuciosas observações da aparência da cidade e dos<br />
hábitos e costumes do povo, anotando com cuidado o estado religioso<br />
daqueles com os quais ele conversou, o que o levou a registrar: "E eu<br />
encontrei continuamente aqui com o que eu busquei, a saber, viver as<br />
provas do poder da fé. Pessoas que foram salvas do pecado interior,<br />
assim como exterior, através do amor de Deus espalhado em seus<br />
corações; e de todas as dúvidas e temores, pelo testemunho interior<br />
do Espírito Santo dado a elas".<br />
Ele visitou o Conde Zinzendorf, em Marienborn, e conversou<br />
largamente com ele, e, mais tarde, com os principais oficiais da Igreja<br />
em Herrnhut, cujo lugar ele alcançou em 1º. de Agosto. Ele fornece<br />
com alguma minúcia, os relatórios feitos, pela quase metade do<br />
número de oficiais e membros da igreja, com respeito à história da<br />
vida deles; também um relato da organização da igreja, e dos seus<br />
serviços e práticas religiosas, seu objetivo evidentemente era tornar-se<br />
totalmente familiar com o que distinguisse um povo a quem ele se<br />
sentiu tão profundamente em dívida.<br />
Ele estava muito impressionado com o que ele viu, e declara<br />
que ele alegremente teria passado sua vida em Herrnhut, não tivesse<br />
seu Mestre o chamado para o trabalho em outra parte de Seu vinhedo.<br />
Ele acrescenta: "Eu fui excessivamente confortado e fortalecido pela<br />
conversa com este povo amável; e retornei para a Inglaterra mais<br />
141
completamente determinado a passar minha vida no testemunho do<br />
evangelho da graça de Deus".<br />
Ele também observa que "eles têm uma estima peculiar por<br />
decidir pela sorte, e assim a usam, em público ou privado, para<br />
decidir pontos de importância, 'quando as razões trazidas de cada<br />
lado parecem ser de igual peso. E eles acreditam que este seja, então,<br />
o único caminho de totalmente colocar de lado a vontade própria<br />
deles, de se absolverem de toda a culpa, e claramente saber qual é a<br />
vontade de Deus".<br />
Durante a ausência de <strong>Wesley</strong> da Inglaterra, seu irmão Charles<br />
foi excessivamente útil, especialmente em conduzir indivíduos ao<br />
Salvador, em visitar prisioneiros e outros, e em pregar.<br />
Para seu irmão Samuel, <strong>Wesley</strong> escreveu: "Deus tem me dado,<br />
por fim, o desejo em meu coração. Eu sou com a Igreja, cujo modo de<br />
vida está no céu; em quem está a mente que estava em Cristo, e quem<br />
assim caminha, como Ele caminhou. Como eles todos têm um Senhor<br />
e uma fé, então, eles são todos parceiros de um Espírito, o espírito da<br />
mansidão e amor, que uniforme e continuamente anima todo nosso<br />
modo de vida". Ao escrever para Charles, no mesmo dia (7 de Julho),<br />
ele diz: "O Espírito dos irmãos está acima de nossa mais alta<br />
expectativa. Jovem e velho, eles respiram nada, além da fé e amor,<br />
todos os momentos, e em todos os lugares". E ele se regozija de que<br />
ele tenha visto com seus próprios olhos, mais de centenas de<br />
testemunhas da verdade eterna: "que todo aquele que crê tem paz com<br />
Deus, e está livre do pecado, e é, em Cristo, uma nova criatura".<br />
Logo depois, de seu retorno da Alemanha, <strong>Wesley</strong> parece ter<br />
adotado uma regra de conduta que ele, mais tarde, recomendou<br />
insistentemente aos seus pregadores, nas Doze Regras de um<br />
Ajudador: "Diga a cada um, o que você acha de errado nele, amável e<br />
claramente, e tão logo quanto possível, para que isto não envenene<br />
seu próprio coração". Assim ele previamente escreveu para William<br />
Law, em 14 de Março de 1738, e novamente no dia 30 de Maio; a seu<br />
142
irmão Samuel, em 7 de Julho de 1738; aos Morávios, em Marienborn<br />
e Herrnhut, e para Samuel novamente em 30 de Outubro de 1738.<br />
"Ao Rev.William Law"<br />
14 de Maio de 1738<br />
Reverendo Senhor,<br />
"Em obediência ao que eu penso ser o chamado de Deus, eu,<br />
que tenho a sentença de morte, em minha própria alma, decidi<br />
escrever a você, de quem eu freqüentemente desejei aprender os<br />
primeiros elementos do Evangelho de Cristo".<br />
"Se você é nascido de Deus, você aprovará o objetivo, embora<br />
possa ser, fracamente executado. Se não, eu me angustiarei por você,<br />
não por mim mesmo. Porque, como eu não busco o louvor de homens,<br />
nem me preocupo com o desprezo quer seu ou algum outro".<br />
"Por dois anos (mais especialmente), eu tenho pregado,<br />
segundo o modelo de seus dois tratados práticos; e todos que ouviram<br />
têm admitido que a lei é grande, maravilhosa, e santa. Mas eles não<br />
tentam cumpri-la, o quanto antes; eles a consideram muito acima<br />
para um homem; e que, ao realizarem 'as boas obras da lei, nenhuma<br />
carne poderá ser justificada".<br />
"Para remediar isto, eu os exortei, e me encorajei a orar<br />
sinceramente para a graça de Deus, e usar todos os outros meios de<br />
obter aquela graça, que o sábio Deus designou. Mas, ainda, tanto eles<br />
quanto eu, estamos mais e mais convencidos de que esta é a lei pela<br />
qual um homem não pode viver; a lei em nossos membros,<br />
continuamente guerreando contra ela, e nos trazendo em uma<br />
escravidão mais profunda à lei do pecado".<br />
"Sob este jugo pesado, eu teria gemido até a morte, não tivesse<br />
um homem santo, a quem Deus ultimamente me direcionou, devido ao<br />
meu lamento, respondido imediatamente: 'Creia, e tu serás salvo.<br />
143
Creia no Senhor Jesus Cristo, com todo teu coração, e nada será<br />
impossível a ti. Esta fé, na verdade, assim como a salvação que ela<br />
traz, é dom livre de Deus. Mas busca e tu encontrarás. Desnuda de<br />
tuas obras, e de tua própria retidão, e fuja para ele. Porque quem<br />
quer que venha até Ele, de modo algum, será lançado fora'".<br />
"Agora, senhor, permita-me perguntar, como você responderá<br />
ao nosso Senhor, em comum, que você nunca me deu este conselho?<br />
Você nunca leu os Atos dos Apóstolos, ou a resposta de Paulo àquele<br />
que disse: 'o que devo fazer para ser salvo?'. Ou você é mais sábio do<br />
que ele? Por que eu dificilmente ouvi você dizer o nome de Cristo?<br />
Nunca, de maneira a fundamentar alguma coisa, junto 'a fé em Seu<br />
sangue?'. Quem é este que está colocando um outro alicerce? Se você<br />
diz que você aconselhou outras coisas, como preparatórias para isto;<br />
o que é isto, a não ser colocar um alicerce embaixo do alicerce?<br />
Cristo, então, não é o primeiro, assim como o último? Se você diz que<br />
os aconselhou porque você sabia que eu já tinha fé, verdadeiramente,<br />
você sabia nada de mim; você não discerniu meu espírito, afinal".<br />
"Eu sei que eu não tenho fé, exceto a fé de um diabo, a fé de<br />
Judas, aquela especulativa, imaginária, sombra etérea, que vive na<br />
cabeça, não no coração. Mas o que é isto para a fé viva, justificadora<br />
no sangue de Jesus? A fé que nos limpa de todo o pecado; que nos<br />
permite livre acesso ao Pai; para 'nos regozijarmos na esperança da<br />
glória de Deus'; ter 'o amor de Deus espalhado em nossos corações<br />
pelo Espírito Santo', que habita em nós, e 'o próprio Espírito<br />
testemunhando com nosso espírito, que somos filhos de Deus?".<br />
"Eu imploro a você, senhor, pelas misericórdias de Deus, para<br />
considerar profunda e imparcialmente, se a verdadeira razão de você<br />
nunca pressionar isto em mim, não foi o fato de você nunca tê-la tido<br />
em si mesmo? Quer aquele homem de Deus não estivesse certo, quem<br />
deu este relato da última entrevista que ele teve com você? –'Eu<br />
comecei falando a ele da fé em Cristo: ele ficou em silêncio. Então,<br />
começou a falar de assuntos místicos. Eu falei a ele da fé em Cristo<br />
novamente: ele ficou em silêncio. Então, ele começou a falar de<br />
144
assuntos místicos novamente. Eu vi seu estado imediatamente'. E um<br />
muito perigoso, em seus julgamentos, quem eu sei ter o Espírito de<br />
Deus".<br />
"Uma vez mais, senhor, permita-me pedir que você considere,<br />
se sua extrema aspereza, e melancolia, e comportamento amargo,<br />
pelo menos, em muitas ocasiões, pode possivelmente ser o fruto de<br />
uma fé viva em Cristo: Se não, possa o Deus da paz e amor,<br />
preencher o que ainda está faltando em você!".<br />
[<strong>Wesley</strong> havia estudado zelosamente A Lei da Perfeição<br />
Cristã, e o Sério Chamado. Ele diz: "Eu fiz objeções em quase todas<br />
as páginas; mas elas me convenceram mais do que nunca a excessiva<br />
altura, largura, e profundidade da lei de Deus". Por doze anos, Law<br />
tinha sido um dos seus principais mentores].<br />
É impossível confirmar os termos desta carta a alguém de<br />
quem ele tinha recebido grandes benefícios; nem pode ser encontrada<br />
suficiente desculpa, no fato de que ela foi escrita duas semanas antes<br />
que ele obtivesse a paz do Evangelho, e, quando seu espírito estava<br />
em um estado muito agitado; mais do que isto, embora, como ele<br />
afirme, "então, o pecado teve domínio sobre mim", não obstante ele<br />
lutasse com ele continuamente. Ele parece naquele momento ter<br />
esquecido o que era devido a um cavalheiro, a uma pessoa mais velha,<br />
e a um benfeitor. Isto foi requerido, através da autoridade com que<br />
Law falou sobre essas questões?<br />
Law respondeu, na mesma extensão, e com moderação, mas<br />
não sem uma veemente, embora delicada severidade. A isto, <strong>Wesley</strong><br />
fomentou uma resposta no dia seguinte, encerrando com essas<br />
palavras: "Mas como você está atribuindo a mim, não ter esta fé? Se<br />
você insinua, que você discerniu meu espírito, então você está<br />
atribuindo assim: 1. Você não me disse claramente que eu a tinha ou<br />
não. 2. Você nunca me aconselhou a buscar ou orar por ela. 3. Seu<br />
conselho para mim foi apenas apropriado para tal que já tivesse fé;<br />
conselhos que me conduziam para mais longe dela, quanto mais eu<br />
145
aderia a eles. 4. Você me recomendou livros, que não tinham<br />
inclinação a esta fé, mas condutiva a destruir as boas obras".<br />
"No entanto, 'que a falta seja dividida', você diz, 'entre mim e<br />
Kempis'. Não; se eu entendi Kempis erroneamente, era seu dever,<br />
quem discerniu meu espírito, e viu meu erro, ter explicado a ele, ter<br />
me corrigido".<br />
"Eu peço perdão, senhor, se eu disse alguma coisa<br />
inconsistente, com as obrigações que eu devo a você, e o respeito que<br />
eu devo a seu caráter".<br />
Não é necessário seguir a correspondência mais além. Law a<br />
termina com as palavras: "Se foi minha tarefa colocar esta questão a<br />
você, e se você tem o direito de me culpar por negligenciá-la, não<br />
seria mais razoável que você acusasse aqueles que têm<br />
autoritariamente responsabilizado você? A igreja, na qual você é<br />
educado colocou esta questão para você? O bispo que o ordenou, o<br />
diácono, ou sacerdote fizeram isto por você? O bispo que o enviou<br />
como missionário na Geórgia, requereu isto de você? Peço-lhe,<br />
senhor, esteja em paz comigo".<br />
Mas, como Canon Overton muito habilmente observa: "não é<br />
uma tarefa agradável, nem proveitosa contrapor as disputas entre<br />
dois bons cristãos. É muito mais prazeroso registrar que a conduta<br />
posterior de <strong>Wesley</strong> foi totalmente característica da nobre e generosa<br />
natureza do homem. Embora a divergência entre ele e seu último<br />
mentor aumentasse em vez de diminuir com os anos, ainda assim, ele<br />
constantemente se referiu a Law em seus sermões, e sempre em<br />
termos da mais calorosa admiração e respeito".<br />
Ao seu irmão Samuel, ele escreveu, de Marienborn, em uma<br />
das cartas encaminhadas:-<br />
"Eu fiquei muito preocupado, quando meu irmão Charles,<br />
incidentemente mencionou uma passagem que ocorreu em Tiverton:<br />
146
'Quando me ofereci para ler', disse ele, 'um capítulo do Sério<br />
Chamado, minha irmã disse: 'Para quem você está lendo isto? Não<br />
para essas jovens senhoritas, eu presumo; e seu irmão e eu não<br />
precisamos disto''. Sim, minha irmã, eu devo dizer-lhe, no espírito do<br />
amor, e diante de Deus, que sonda o coração, você precisa disto; você<br />
precisa muito disto. Eu não conheço uma alma que necessite ler, e<br />
considerar profundamente, tanto o capítulo do Amor Universal, e<br />
aquela da Intercessão. O caráter de Sussurrus, lá, é o seu. Eu seria<br />
falso para com Deus e você, se eu não lhe falasse assim. Ó, que isto<br />
não demore muito; mas posso você amar seu próximo, como você<br />
mesma, na palavra e língua, e na ação e verdade!".<br />
E, novamente, de Londres, em 30 de Outubro de 1738:<br />
"Que você sempre receberá delicadamente o que é assim<br />
pretendido, eu não duvido. Entretanto, eu novamente recomendo o<br />
caráter de Sussurrus, a você e minha irmã, como (quer real ou<br />
fictício), golpeando na raiz de uma falta, da qual, ela e você foram, eu<br />
penso, mais culpadas, do que outras duas pessoas que eu tenho<br />
conhecido em minha vida. Ó, possa Deus livrar você e eu de toda<br />
amargura e maledicência, assim como, de toda falsa doutrina,<br />
heresia, e cisma!...".<br />
"Ó, irmão, possa Deus permitir que você desista da disputa<br />
concernente às coisas que você não conhece (se, de fato, você não as<br />
conhece), e peça a Deus para completar o que ainda está faltando em<br />
você. Por que você também não buscaria 'aquela paz de Deus que<br />
ultrapassa todo entendimento', até que você receba? Quem o<br />
impediria, não obstante as múltiplas tentações, de regozijar-se, 'com<br />
alegria inexprimível, em razão da glória?'. Amém! Senhor Jesus!<br />
Possa você e todos que estão perto de você (se você ainda não tem),<br />
sentir esse amor, espalhado em seu coração, pelo Espírito daquele<br />
que habita em você; e ser selado com o Espírito Santo da promessa,<br />
que é a garantia de sua herança. Eu sou...".<br />
"Seu irmão mais afetuoso"<br />
147
Essas foram palavras severas para aplicar ao seu irmão mais<br />
velho, um honrado clérigo da Igreja da Inglaterra. Que <strong>Wesley</strong> julgou<br />
ser seu dever escrever assim, deve ser admitido; e no que diz respeito<br />
a ele, dever era lei absoluta. Não parece que ele escreveu, pela mera<br />
mania de censurar. Ele escreveu, na delicada e sensível fidelidade de<br />
seu espírito. Ele estava disposto a escrever na mesma tendência da<br />
Igreja em Hernhut, como aprendemos do fragmento seguinte de uma<br />
carta que não foi enviada.<br />
Ele diz: "Pode-se observar que eu vi anteriormente algumas<br />
coisas dos Morávios, que eu não poderia aprovar. Nesta viagem, eu vi<br />
um pouco mais, no meio de muitas coisas excelentes; em<br />
conseqüência do que, em Setembro de 1738, logo depois de meu<br />
retorno para a Inglaterra, eu comecei a seguinte carta para a Igreja<br />
Moravia. Mas temeroso de confiar em meu próprio julgamento, eu<br />
determinei esperar um pouco mais, e então a deixei inacabada":<br />
"Meus queridos irmãos"<br />
"Eu não posso deixar de me regozijar com sua fé<br />
imperturbável, por seu amor a nosso abençoado Redentor, o fato de<br />
estarem mortos para o mundo, sua mansidão, temperança, decência, e<br />
amor um ao outro. Eu grandemente aprovo, de suas Conferências e<br />
Bands, seus métodos de instruir as crianças; e, em geral, seu grande<br />
cuidado com as almas entregues à responsabilidade de vocês".<br />
"Mas, quanto a algumas outras coisas, eu permaneço em<br />
dúvida, o que eu mencionarei no amor e humildade. E espero que,<br />
com o objetivo de remover essas dúvidas, você possa, em cada um<br />
desses tópicos, primeiro, responder claramente, se o fato é como eu<br />
suponho; e se for assim, em segundo lugar, considerar se ele está<br />
correto".<br />
"O Conde é tudo em tudo, entre vocês? Vocês não glorificam<br />
em demasia a sua própria Igreja? Vocês não usam de fraude e<br />
148
dissimulação, em muitos casos? Vocês não têm um temperamento e<br />
comportamento, fechado, obscuro, reservado?".<br />
A severidade do tom adotado nestas cartas prende a atenção.<br />
Deve ser atribuído ao fervor de seu zelo, o que o levou, além dos<br />
limites da prudência? Ou ele escreveu na esperança de que ele<br />
pudesse, por meio disto, mais efetivamente chamar a atenção para um<br />
assunto importuno?<br />
Mas ele é mais profundamente espantoso na questão de sua<br />
experiência religiosa pessoal. Ele declarou que ele não era um cristão,<br />
até o incidente da Rua Aldersgate. Seu irmão Samuel, escrevendo ao<br />
Sr. Hutton, diz: "O que Jack quis dizer, com ele não ser um cristão,<br />
até o mês passado, eu não entendo. Ele nunca esteve em aliança com<br />
Deus? Então, como o Sr. Hutton observou, o batismo dele significou<br />
nada. Ele não teria cometido apostasia com isto? Eu me atrevo a<br />
dizer que não:e ainda assim, ele deveria tanto não ser batizado,<br />
quanto ser um apóstata para tornar suas palavras verdadeiras.<br />
Talvez, ele se sentisse em um estado de pecado mortal, sem<br />
arrependimento, e há muito vivera em tal conduta. Isto eu não creio;<br />
no entanto, ele deve responder a si mesmo... Além disto, uma conduta<br />
pecadora não é uma anulação da aliança; por esta mesma razão,<br />
porque é uma brecha dela. Se não fosse, não seria quebrada".<br />
Mas, se <strong>Wesley</strong> está aquém de seu próprio ideal, ele está muito<br />
acima do de seu irmão Samuel. A concepção de um cristão tal como<br />
ele deseja ser – tal como ele é – está muito adiante do que a carta<br />
descreve como "estando na aliança do batismo". Esses dois irmãos<br />
não eram representantes de dois ideais da vida cristã, amplamente<br />
distintos? Eles não se situaram em lados diferentes de uma linha que<br />
hoje divide a Igreja cristã?<br />
<strong>John</strong> responde a Samuel nos seguintes termos:<br />
"Com respeito ao meu próprio caráter, e minha própria<br />
doutrina igualmente, eu respondo a você muito claramente. Por<br />
149
cristão, eu quero dizer alguém que assim acredita em Cristo, de<br />
maneira que o pecado não tenha mais domínio sobre ele: neste<br />
sentido óbvio da palavra, eu não fui um cristão, até 24 de Maio<br />
próximo passado. Porque, até então, o pecado tinha domínio sobre<br />
mim, embora eu lutasse com ele, continuamente; mas certamente,<br />
então, desde aquele tempo até agora, não; -- tal é a graça livre de<br />
Deus em Cristo. Quais eram os pecados que, até então, reinaram<br />
sobre mim, e do qual, pela graça de Deus, eu estou agora livre, eu<br />
estou pronto a declarar publicamente, se for para a glória de Deus".<br />
"Se você perguntar, por quais meios eu me tornei livre<br />
(embora não perfeito, nem infalivelmente certo de minha<br />
perseverança), eu respondo: Pela fé em Cristo; por tal tipo ou grau<br />
de fé que eu não tive até aquele dia. Meu desejo desta fé eu conhecia<br />
muito antes, embora não tão claramente até domingo, dia 8 de<br />
Janeiro último".<br />
"Alguma medida desta fé que traz a salvação, ou vitória sobre<br />
o pecado, e que implica paz e confiança em Deus, através de Cristo,<br />
eu agora desfruto pela sua livre misericórdia; embora em muito do<br />
que faço, ela está em mim, como um grão de semente de mostarda:<br />
porque a completa persuasão da fé – o selo do Espírito, o amor a<br />
Deus espalhado em meu coração, e produzindo alegria no Espírito<br />
Santo; 'alegria que o homem não tira, alegria inexprimível e cheia de<br />
glória'; este testemunho do Espírito eu não tenho, mas pacientemente<br />
espero por ele. Eu conheço muitos que já o receberam; mais do que<br />
um ou dois, na mesma hora em que estavam orando por ele. E tendo<br />
visto e falado com uma nuvem de testemunha no exterior, assim como<br />
em meu próprio país, e não posso duvidar, que os crentes que<br />
esperam e oram por ele encontrarão essas escrituras cumpridas em si<br />
mesmos. Minha esperança é que elas sejam cumpridas em mim":<br />
"Eu confio em Cristo; em suas misericórdias descritas em Sua<br />
palavra, e em Suas promessas, todas que eu sei são sim, e amém.<br />
Esses que não receberam ainda a alegria no Espírito Santo, o amor<br />
de Deus, e a completa persuasão da fé (alguém ou todos eles é um<br />
150
cristão perfeito?) Certamente um cristão verdadeiro pode dizer: 'Não<br />
que eu já tenha obtido, ou que eu já tenha me tornado perfeito?".<br />
Mas este não é o limite da dificuldade. Em 4 de Janeiro, do ano<br />
seguinte (1739), ele escreveu: obviamente, referindo a si mesmo:<br />
"alguém que tinha a forma da santidade muitos anos, escreveu as<br />
seguintes reflexões":<br />
"Meus amigos afirmam que eu estou louco, porque eu disse<br />
que eu não era um cristão há um ano. Eu afirmo que eu não sou um<br />
cristão agora. Na verdade, o que eu deveria ter sido eu não sei,<br />
tivesse eu sido fiel à graça, então, dada, quando, esperando nada<br />
menos, recebi tal senso do perdão de meus pecados, como, até então,<br />
eu nunca soube. Mas que eu não sou um cristão, até hoje, eu estou tão<br />
seguro de saber, quanto Jesus é o Cristo".<br />
"Porque um cristão é alguém que tem os frutos do Espírito de<br />
Cristo, que (para mencionar não mais) são o amor, paz e alegria.<br />
Mas esses eu não tenho. Eu não tenho amor algum a Deus. Eu não<br />
amo o Pai, ou o Filho. Você pergunta, como eu sei, se eu amo a Deus,<br />
ou não, eu respondo, através de uma outra questão: 'Como você sabe<br />
se você me ama?'. Ora, da mesma forma que você sabe, quando você<br />
está quente ou frio! Você sente neste momento, se você me ama ou<br />
não. E eu sinto neste momento, que eu não amo a Deus; e que,<br />
portanto, eu sei, porque eu sinto isto".<br />
"E sei isto também, através da regra clara de João: 'Se algum<br />
homem ama o mundo, o amor do Pai não está nele'. Porque eu amo o<br />
mundo. Eu desejo as coisas do mundo; e tenho feito isto toda minha<br />
vida. Eu sempre coloquei alguma parte de minha felicidade, em uma<br />
ou outra das coisas que são vistas; especialmente, na carne e bebida<br />
[!], e na companhia daqueles os quais eu amei. Por muitos anos, eu<br />
busquei a felicidade e ainda busco, no amar e ser amado, por um ou<br />
outro. E nisto, eu tenho, de tempos em tempos, tido mais prazer do<br />
que tenho em Deus".<br />
151
"Novamente: alegria no Espírito Santo eu não tenho. Eu tenho,<br />
de vez em quando, alguns ímpetos de alegria em Deus. Mas não é<br />
aquela alegria. Porque ela não está no meu interior. Nem ela é maior<br />
do que eu tenho em algumas ocasiões mundanas. De forma que eu<br />
posso, de maneira alguma, dizer que me 'regozijarei sempre mais';<br />
muito menos, 'regozijar-me com alegria inexprimível e cheia de<br />
glória".<br />
"Ainda novamente: eu não tenho 'a paz de Deus'; aquela paz,<br />
peculiarmente assim chamada. A paz que eu tenho pode ser<br />
considerada sobre princípios naturais. Eu tenho saúde, força, amigos,<br />
uma fortuna suficiente e um temperamento calmo e agradável. Quem<br />
não teria uma espécie de paz nestas circunstâncias: Mas eu tenho<br />
nada que possa, com alguma propriedade, ser chamada de 'a paz que<br />
ultrapassa todo entendimento".<br />
"Assim sendo, eu concluo, embora eu tenha dado, e dou, todos<br />
os meus bens para alimentar o pobre, eu não sou um cristão. Embora<br />
eu tenha suportado privação; embora eu tenha em todas as coisas<br />
negado a mim mesmo, e tomado minha cruz, eu não sou um cristão.<br />
Minhas obras são nada; meus sofrimentos são nada; eu não tenho os<br />
frutos do Espírito de Cristo. Embora eu tenha constantemente usado<br />
de todos os meios da graça por vinte anos, eu não sou um cristão".<br />
Tyerman está satisfeito em dizer que "isto é extremamente<br />
intrincado", e deixa seu leitor "formar sua própria opinião", como fez<br />
Southey e os primeiros biógrafos, a não ser que eles omitem<br />
completamente alguma referência ao assunto. Mas tudo isto deve ser<br />
lido, sob a luz da carta endereçada a seu irmão Samuel, no qual ele<br />
afirma que ele não era um cristão, até 24 de Maio, porque o pecado<br />
tinha domínio sobre ele; mas que, através de "tal grau débil de fé",<br />
como ele teve naquele dia, o domínio do pecado foi quebrado, e ele,<br />
então, tornou-se um cristão – um cristão, é verdade, em "um sentido<br />
imperfeito". Mas nesta carta de Janeiro de 1739, ele tinha em vista<br />
outra condição, o obter o que ele julga ser necessário com o objetivo<br />
de ser um cristão. Esta é "a completa persuasão da fé"; uma condição<br />
152
que ele define como a mais extrema maturidade cristã. Esta ele não<br />
tinha obtido. Ainda assim, ele não poderia duvidar de que ele tinha<br />
"alguma medida da fé". Ao dizer que ele "não tinha amor algum a<br />
Deus", ele não estaria se desviando, por olhar para os fortes<br />
sentimentos emocionais, que são tão variáveis, sob condições<br />
diversas? Uma voz competente declara que "aquele que mantém sua<br />
palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus tem sido<br />
aperfeiçoado".<br />
<strong>Wesley</strong> não deve ser culpado por se submeter ao teste mais<br />
severo possível. Mas seria um erro grave ensinar que alguém não é<br />
cristo, até que ele estivesse completamente desenvolvido".<br />
Para um outro, ele escreve: "Depois de um longo sono, parece<br />
haver agora um grande despertar neste lugar também. O Espírito do<br />
Senhor já tem estremecido os ossos secos, e alguns deles estão de pé e<br />
vivos. Mas eu ainda estou morto e gelado; tendo paz, de fato, mas<br />
nenhum amor ou alegria no Espírito Santo".<br />
Para outro: "Verdadeiramente o Espírito do Senhor tem<br />
levantado seu estandarte contra a iniqüidade, que se espalhou em<br />
nossa terra. Ó, orem vocês por nós, para que Ele envie mais<br />
trabalhadores para Sua colheita! E que ele capacite a nós que ele já<br />
enviou, para nos aprovar fiéis ministros da Nova Aliança, pela honra<br />
e desonra, pelo mal e bom relato. Em especial, que todos os irmãos e<br />
irmãs que estão com você, orem para que Deus aqueça, com Seu<br />
amor, o coração frio, querido senhor"<br />
"Seu muito afetuoso irmão em Cristo".<br />
Uma vez mais: "Não pense, meu querido irmão, que eu me<br />
esqueci de você. Eu não posso me esquecer, porque eu amo você:<br />
embora eu não possa amar alguém ainda, como eu deveria, porque eu<br />
não amo nosso abençoado Senhor, como eu deveria. Meu coração<br />
está frio e insensível. Ele é, na verdade, um coração de pedra. Ore<br />
por mim, e permita que toda sua casa ore por mim, sim, e todos os<br />
153
irmãos também, de maneira que nosso Deus possa me dar um coração<br />
ferido, um coração amoroso, um coração em que Seu Espírito possa<br />
sentir prazer em habitar... Acima de tudo, eu quero que você ore, em<br />
consideração por seu pobre e fraco irmão".<br />
Verdadeiramente, ele caminhou no vale da humildade!<br />
Quanto mais cuidadosa, clara, e justificadamente, <strong>Wesley</strong>,<br />
mais tarde, escreveu e falou sobre esses assuntos, seus sermões<br />
impressos mostram abundantemente. Dr. Rigg, um cuidadoso<br />
estudante de <strong>Wesley</strong> e de suas obras diz: "As flutuações nas próprias<br />
visões e experiência de <strong>Wesley</strong>, durante os primeiros meses de sua<br />
conversão, mostram que suas idéias com respeito à natureza do<br />
testemunho do Espírito, e o caráter e extensão da regeneração,<br />
estavam, como era de se esperar, não totalmente definidas, ou<br />
totalmente estabelecidas, até algum tempo depois". E acrescenta: "Ao<br />
fazerem a maioria da preparação de coração antecedente de <strong>Wesley</strong>,<br />
convertidos, que, até agora, estão necessariamente em falta na<br />
experiência das dificuldades, perplexidades, e tentações espirituais, e<br />
cujas expectativas naturais, mas injustificadas da alegria e<br />
tranqüilidade estabelecidas, têm sido arduamente desapontadas, é<br />
possível diminuir as proporções e obscurecer as relações da grande<br />
mudança primordial no caráter espiritual de <strong>Wesley</strong>".<br />
<strong>Wesley</strong> tem sido muito atacado, por seus críticos, por sua<br />
credulidade nos assuntos relativos às feitiçarias, e aparições de ação de<br />
bons e maus espíritos, e outros assuntos relativos. Issac Taylor diz: "A<br />
mais proeminente enfermidade de <strong>Wesley</strong> foi sua credulidade<br />
espantosa; desde o começo, até o fim de seu curso, esta fraqueza o<br />
governou. Poucas foram as instâncias em que ele exercitou a devida<br />
discriminação, no ouvir os contos envolvendo o que era miraculoso,<br />
ou fora da ordem da natureza. É mortificante, de fato, contemplar<br />
uma instância como esta, da mente poderosa se dobrando como uma<br />
vara ao vento, diante de toda brisa do sobrenatural". A acusação não<br />
é negada. O próprio <strong>Wesley</strong> é explicito no assunto. Ele escreveu:<br />
"Com meus últimos respiros, eu testemunharei contra apresentar aos<br />
154
infiéis uma grande prova do mundo invisível; eu quero dizer, daquela<br />
feitiçaria e aparições, confirmadas pelo testemunho dos tempos".<br />
Mas existe um comportamento deste assunto nas<br />
características mentais de <strong>Wesley</strong> que tem escapado de observação.<br />
Credulidade e incredulidade são correntes que não raramente correm<br />
lado a lado, uma prontidão para crer, acompanhada de uma<br />
dificuldade em crer. O homem de fé fraca nas coisas invisíveis – das<br />
quais apenas a fé toma conhecimento – freqüentemente agarra-se a<br />
algum fato exterior ou visível, para sustentá-lo em sua oscilação. Em<br />
quão grande proporção é o caso hoje, tanto dentro da Igreja, quanto<br />
além de suas fronteiras! Como muitas pessoas não podem<br />
tranqüilamente confiar nos verdadeiros alicerces da fé.<br />
Conseqüentemente, eles são incrédulos. Eles não estão relutantes, mas<br />
incapazes de crer. Eles, portanto, desejam confirmação do que é<br />
visível ou tangível; de onde brota a credulidade. Agora, não obstante<br />
a forte fé de <strong>Wesley</strong>, ele não estava pouco preocupado, com os<br />
questionamentos do descrente. Esses dois estados de mente,<br />
aparentemente conflitantes, se não, contraditórios, são óbvios nele.<br />
Porque, enquanto o encontramos, lutando pela crença no invisível e<br />
espiritual, e habitualmente vivendo, sob a influência do que ele<br />
mesmo crê; ainda assim, evidências não são necessárias de que ele<br />
tinha grande dificuldade em mantê-la. Em um notável sermão, sobre O<br />
Caso da Razão Considerada, enquanto mostra a inabilidade da razão<br />
de produzir a fé, ele diz: "Muitos anos atrás, eu me certifiquei da<br />
verdade disto, através de uma triste experiência. Depois de<br />
cuidadosamente empilhar os mais fortes argumentos que eu pude<br />
encontrar, tanto nos autores modernos, quando antigos, com respeito<br />
à própria existência de um Deus (o que está proximamente ligado a<br />
isto), e a existência de um mundo invisível, eu tenho perambulado,<br />
para cima e para baixo, meditando comigo mesmo: 'O que, se todas<br />
essas coisas que eu vejo ao meu redor, esta terra e céu, esta estrutura<br />
universal, têm existido desde a eternidade? O que, se a geração de<br />
homens está exatamente paralela com a geração das folhas? Se a<br />
terra deixa cair seus sucessivos habitantes, assim como as árvores<br />
deixam cair suas folhas? O que, se aquelas palavras de um grande<br />
155
homem forem realmente verdade: 'Morte é nada; e nada existe depois<br />
da morte?'".<br />
"Como posso estar certo de que este não é o caso; e que eu<br />
não tenho seguido astuciosamente fábulas inventadas? E eu adotei o<br />
pensamento, até que não houvesse espírito em mim, e eu estava<br />
pronto a escolher estrangulação, preferivelmente à vida".<br />
Essas palavras, enquanto fornece um insight mais além dentro<br />
dos hábitos mentais de <strong>Wesley</strong>, mostra também com que trabalho ele<br />
se empenhou, para criar, ou manter, a apreensão viva das coisas<br />
invisíveis. Ele foi, pela natureza, um racional; e a faculdade tinha sido<br />
alimentada pelo treino. Mas ele não poderia demonstrar a existência<br />
de Deus, ou um mundo espiritual, ou uma imortalidade. Das coisas<br />
vistas ou demonstráveis, a fé não é evidência. Portanto, sua prontidão<br />
para buscar por tais provas visíveis e tangíveis como ele julgou,<br />
seriam encontradas nos eventos sobrenaturais. Sob a luz desta<br />
confissão, estamos mais bem capacitados a entender as palavras em<br />
uma carta notável de 27 de Julho de 1766, a seu irmão Charles: "Eu<br />
não tenho evidência direta (eu não digo que eu seja um filho de Deus,<br />
mas) de alguma coisa invisível ou eterna".<br />
É observável que, desde este tempo (1738), toda referência ao<br />
seu estado religioso desapareceu de seu Diário. Mas Cânon Overton<br />
não está completamente certo no dizer que "doravante, durante toda a<br />
sua longe vida, dificilmente uma sombra de dúvida cruzou seu<br />
caminho; nuvens e trevas eram constantemente varridas para fora de<br />
sua vida, mas havia um perpétuo e desanuavido brilho interior do<br />
sol".<br />
<strong>Wesley</strong> endereçou a seguinte carta interessante à Igreja<br />
Morávia:<br />
"A Igreja de Deus que se localiza em Herrnhut, <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>,<br />
um imerecido Presbítero da Igreja de Deus na Inglaterra, deseja toda<br />
graça e paz em nosso Senhor Jesus Cristo".<br />
156
"14 de Outubro de 1738".<br />
"Glória seja dada a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,<br />
por Seu inexplicável dom! Por me fazer testemunha ocular de sua fé, e<br />
amor, e conversão santa em Jesus Cristo! Eu tenho testemunhado<br />
disto, com toda clareza de discurso, em muitas partes da Alemanha, e<br />
graças seja dada a Deus, pelo muito em seu favor".<br />
"Estamos nos empenhando aqui também, pela graça que nos é<br />
dada, para sermos seus seguidores, como você é de Cristo. Quatorze<br />
foram acrescidos a nós, desde nosso retorno, de maneira que temos<br />
agora oito grupos (Bands) de homens, consistindo de cinqüenta e seis<br />
pessoas; todos que buscam por salvação apenas no sangue de Cristo.<br />
Como ainda temos apenas dois pequenos grupos de mulheres; um<br />
com três, e outro com cinco pessoas. Mas aqui existem muitos outros<br />
que apenas esperam até que tenhamos tempo livre para instruí-los,<br />
como eles podem mais efetivamente edificaram um ao outro, na fé e<br />
amor Dele, que deu a Si mesmo por eles".<br />
"Embora meu irmão e eu não sejamos permitidos pregar, na<br />
maioria das Igrejas em Londres, ainda assim (graças seja dada a<br />
Deus), existem outras restantes, em que temos liberdade de falar a<br />
verdade como ela está em Jesus. Igualmente, toda as noites, em noites<br />
estabelecidas durante a semana, em dois lugares diferentes,<br />
publicamos a palavra da reconciliação para vinte ou trinta; algumas<br />
vezes, trezentas ou quatrocentas pessoas, reunidas para ouvi-la.<br />
Começamos e terminamos todos os nossos encontros, com louvor e<br />
oração; e sabemos que nosso Senhor ouve nossa oração; porque por<br />
mais de uma ou duas vezes (e isto não foi feito em uma situação<br />
difícil), recebemos resposta na mesma hora".<br />
"Nem Ele deixou a Si mesmo, sem outro testemunho de Sua<br />
graça e verdade. Dez ministros, eu sei agora em Londres, colocaram<br />
o alicerce correto: 'O sangue de Cristo que nos limpa de todos os<br />
pecados'. Além disto, eu encontrei um Anabatista, e um, se não dois,<br />
157
dos professores em meio aos Presbiterianos aqui, os quais, eu espero,<br />
amam o Senhor Jesus Cristo, na sinceridade, e ensinam o caminho de<br />
Deus na verdade".<br />
"Ó, não pare, você que é altamente favorecido, de implorar a<br />
nosso Senhor, que Ele possa estar conosco para a mesma finalidade;<br />
remover o que é desagradável em Seus olhos; apoiar aquele que é<br />
fraco em nosso meio; nos fornecer toda a mente que havia Nele, e nos<br />
ensinar a caminhar, até mesmo, como Ele caminhou! E possa o<br />
próprio Deus da paz preencher o está faltando em sua fé, e edificá-lo,<br />
mais e mais, em toda humildade de mente, e em toda clareza de<br />
discurso, e em todo zelo e vigilância; para que Ele possa apresentar<br />
você, a Si mesmo, como uma igreja gloriosa, sem mácula, ou ruga, ou<br />
alguma dessas coisas, mas que você possa estar santo e sem culpa no<br />
dia da vinda Dele".<br />
Ele agora escreveu palavras alegres para vários amigos, com<br />
respeito à obra que estava sendo feita, mas algumas depreciativas,<br />
concernentes a si mesmo. Ao Sr. Ingham, em Herrnhut: "Ó, meu<br />
querido irmão, Deus tem sido maravilhosamente gracioso comigo,<br />
desde nosso retorno a Inglaterra. Existem muitos adversários, mas<br />
uma grande e efetiva porta está aberta; e continuamos, através do<br />
mau e bom relato, a pregar o Evangelho de Cristo, a todas as<br />
pessoas, e, sinceramente, contender pela fé, uma vez entregue aos<br />
santos. Na verdade, Ele nos tem fornecido muitos de nossos<br />
opositores mais ferozes,que agora recebem com humildade a palavra<br />
imprimida...".<br />
"Sr. Stonehouse, por fim, determinou conhecer nada mais a<br />
não ser Jesus, e Ele crucificado; e pregar a todos, a remissão dos<br />
pecados, através da fé em Seu sangue. O Sr. Sparkes também é um<br />
professor da sã doutrina. O Sr. Hutchins é forte na fé e convence<br />
poderosamente contraditores, de maneira que nenhum homem, até<br />
agora, foi capaz de contestá-lo. Sr. Kinchin, Gainbold, e Wells não<br />
receberam ainda conforto, mas estão pacientemente esperando por<br />
ele. O Sr. Robson, que é agora também um ministro de Cristo, está<br />
158
cheio de fé e paz e amor. Assim está o Sr. Combes, um pequeno filho<br />
que foi chamado para ministro em coisas santas, duas ou três<br />
semanas atrás. De fato, eu confio que o Senhor nos deixará ver, e isto<br />
brevemente, uma multidão de sacerdotes que crêem".<br />
Ao Conde Zinzendorf, ele escreve: "A Palavra do Senhor<br />
novamente corre e é glorificada; e Sua obra segue em frente e<br />
prospera. Grandes multidões estão em todo canto despertas e<br />
clamam: 'O que devemos fazer para sermos salvos?'. Muitos deles<br />
vêem que existe apenas um único nome, debaixo do céu, por meio do<br />
qual, eles podem ser salvos; e mais e mais daqueles que a buscam,<br />
encontram salvação em Seu nome, e são de um só coração e uma só<br />
alma".<br />
"A viagem de <strong>Wesley</strong>, de volta para casa em 1735", diz um dos<br />
mais hábeis críticos da vida e obra de <strong>Wesley</strong>, "marca a conclusão de<br />
seu período de Igreja Anglicana. Ele em nada diminuiu, de sua<br />
dedicação às ordenanças da Igreja, quer naquela época, ou nos<br />
últimos dias de sua vida, e ele não alcançou logo de início aquele<br />
grau de independência da hierarquia dela, e algumas de suas regras<br />
que marcam seus pontos de divergência mais distantes; mas seu<br />
Diário, durante esta viagem registra aquele profundo<br />
descontentamento, que é sentido, sempre que uma natureza sincera<br />
desperta para a imperfeição de uma religião tradicional; e sua vida<br />
posterior, comparada com seus dois anos na Geórgia, torna evidente<br />
que ele passou por uma nova região espiritual. Seus [primeiros]<br />
Diários são marcados por uma depressão, com a qual nunca nos<br />
encontramos novamente".<br />
"Em 1739, Whitefield, escrevendo para as sociedades, a qual<br />
Woodward tinha ansiosamente defendido, da responsabilidade de<br />
alguma tendência de separar-se da Igreja, solicitou a eles, que nem<br />
fossem confinados pela Liturgia dela, nem submissos às suas regras.<br />
Esta não foi a linguagem de <strong>Wesley</strong>; foi a linguagem que ele teria<br />
condenado. Mas a lealdade à Igreja não era mais a primeira<br />
condição de membresia em alguma sociedade, com a qual ele<br />
159
estivesse em concordância. O aniversário de um cristão já era<br />
deslocado de seu batismo para sua conversão, e nesta mudança a<br />
linha dividida de dois grandes sistemas é transposta". Essas últimas<br />
são palavras importantes, e mostram o claro discernimento do escritor.<br />
<strong>Wesley</strong>, como vimos, retornou para Londres da Alemanha, na<br />
tarde do sábado, 16 de Setembro, e no dia seguinte, ele diz: "Eu<br />
comecei a declarar, em meu próprio país, as boas novas da salvação,<br />
pregando três vezes, e, mais tarde, expondo as Escrituras Santas para<br />
uma larga companhia em Minories". "No domingo", ele diz, "eu me<br />
regozijei de me encontrar com nossa pequena sociedade que, agora,<br />
consistia de trinta e duas pessoas" (a sociedade que foi formada em<br />
1º. de Maio, e que se encontrava em Fetter Lane). "No dia seguinte, eu<br />
fui até os réus condenados, em Newgate, e ofereci a eles a livre<br />
salvação. À tarde, eu fui para a sociedade em Bear Yard, e preguei o<br />
arrependimento e remissão dos pecados. Na tarde seguinte, eu falei a<br />
verdade no amor, na sociedade na rua Aldersgate. Alguns<br />
contradisseram, a princípio; mas não por muito tempo, de maneira<br />
que nada, a não ser o amor apareceu em nossa despedida".<br />
"Na quinta-feira, dia 21, eu fui para a sociedade em Gutter<br />
Lane; mas eu não pude declarar as obras poderosas de Deus lá, como<br />
eu fiz mais tarde, em Savoy, com toda simplicidade. E a Palavra não<br />
retornou vazia. Encontrei abundância de pessoas grandemente<br />
exasperada pela grosseira distorção das palavras que eu falei, e eu<br />
fui até muitas delas em privativo, a medida que meu tempo permitia.<br />
Deus me deu muito amor em direção a todas. Algumas foram<br />
convencidas de que estavam enganadas. E quem sabe, a não ser Deus,<br />
logo o restante retornará e deixará uma bênção atrás dele? No<br />
sábado, eu fui capaz de falar fortes palavras em Newgate, e na<br />
sociedade do Sr. E.; e no dia seguinte na Igreja de St. Anne, e duas<br />
vezes na de St. <strong>John</strong>, em Clerkenwell; de maneira que eu temo eles<br />
não me suportarão mais tempo". Ele teve muitas experiências<br />
similares, como quando no domingo, 8 de Outubro, ele pregou na<br />
Capela de Savoy, sobre a parábola: "ou história, antes, do fariseu e<br />
publicano, eu suponho pela última vez".<br />
160
Nesta forma, ele continuou a trabalhar, pregando "o novo<br />
caminho", com muito fervor e freqüência, em tais igrejas que<br />
estivessem abertas a ele, nas visitas, e no expor nas várias sociedades,<br />
onde ele era bem-vindo. Em Novembro, ele fez uma visita a Oxford,<br />
onde ele começou mais estritamente a inquirir qual é a doutrina da<br />
Igreja da Inglaterra, concernente a muitos pontos de controvérsia<br />
sobre a Justificação pela Fé. A somatória do que ele encontrou, ele<br />
publicou no início do ano seguinte, para o uso de outros. Isto ele<br />
seguiu um pouco mais tarde, através de um segundo volume sobre o<br />
mesmo assunto. Ele reviveu a leitura das orações em Bocardo – o<br />
tribunal sobre o portão norte, usado como uma prisão; também em<br />
duas das casas de correção da cidade, onde ele pregou duas vezes na<br />
semana; e em ambos os dias em Castle; e expôs na Sociedade do Sr.<br />
Fox. Ouvindo que o Sr. Whitefield havia regressado da Geórgia, ele se<br />
apressou para Londres para encontrá-lo, onde "Deus nos permitiu uma<br />
vez mais tomar doces conselhos juntos". Ele pregou em Antholin, em<br />
Islington, e em St. Swithin, "pela última vez". No domingo, 5 de<br />
Novembro, ele pregou em St. Botolph, em Bishopsgate; à tarde, em<br />
Islington, e à noite, ele diz: "para tal congregação, como eu nunca vi<br />
antes, na Igreja de St. Clement, em the Strand. Como foi a minha<br />
primeira pregação aqui, eu suponho deva ser a última". De tais<br />
congregações lotadas, onde quer que pregasse, os atendentes comuns<br />
nas igrejas queixavam-se. Isto foi uma causa do fechamento das portas<br />
contra ele. Uma outra se deve à estranheza da mensagem que ele<br />
trazia.<br />
Em 24 de Dezembro, ele pregou na Igreja de Great St.<br />
Bartholomew, de manhã, e em Islington, à tarde, onde ele diz: "Nós<br />
tivemos um abençoado Sacramento, todos os dias desta semana, e<br />
formos confortados de todos os lados". No domingo seguinte, 31 de<br />
Dezembro, ele pregou para muitos milhares na Igreja de St. George,<br />
em Spitalfields, e para uma congregação ainda mais lotada em<br />
Whitechapel, à tarde. Assim terminou este ano memorável.<br />
161
CAPÍTULO VI<br />
Os Alicerces do Metodismo (1738-1740)<br />
O novo ano foi prenunciado por um serviço extraordinário<br />
acontecido na noite de Primeiro de Ano, de 1739. Os senhores, Hall,<br />
Kinchin, Ingham, Whitefield, Hutchins, e os dois irmãos <strong>Wesley</strong>s<br />
estavam presentes na festa do amor, em Fetter Lane, com cerca de<br />
sessenta outros, o número da Sociedade Fetter, naquele tempo. 'Por<br />
volta de três da manhã', <strong>Wesley</strong> disse: "Enquanto estávamos em<br />
oração contínua, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós, de<br />
162
tal maneira, que muitos gritaram por excessiva alegria, e muitos<br />
caíram ao chão. Tão logo nos recuperamos um pouco daquele temor e<br />
espanto à presença de Sua Majestade, nós irrompemos a uma só voz:<br />
'Nós louvamos a Ti, ó Deus, nós reconhecemos que Tu és o Senhor'".<br />
Whitefield, escrevendo neste dia, diz que ele recebeu o<br />
Sacramento Santo, pregou duas vezes, e expôs duas vezes, e<br />
considerou este o mais feliz Primeiro de Ano que ele havia visto; e<br />
mais tarde, acrescentou que ele passou toda a noite em oração íntima,<br />
salmos, e ação de graças, com a Sociedade Fetter Lane. Nem este foi o<br />
único dia de varar a noite de serviço que eles tiveram, porque, em 5 de<br />
janeiro, ele escreve novamente: "Aconteceu uma Conferência em<br />
Islington, 'concernente a muitas coisas de importância, com sete<br />
ministros de Jesus Cristo, Metodistas desprezados, aos quais Deus,<br />
em sua providência reuniu. Nós continuamos em jejum e oração, até<br />
as três horas, e, então, partimos com a completa convicção de que<br />
Deus estava preste a fazer grandes coisas em nosso meio'; e<br />
novamente, em no dia 7, domingo, pregou duas vezes, expôs para três<br />
Sociedades, e, mais tarde, passou a noite toda em oração e ação de<br />
graças em Fetter Lane"<br />
Assim, começa um ano de suprema importância na historia do<br />
grande avivamento espiritual naquelas ilhas, como os incidentes a<br />
serem registrados mostrarão. <strong>Wesley</strong> continuou a mesma rotina de<br />
trabalho sincero que ele tinha buscado, desde seu retorno para a<br />
Inglaterra. Ele visitou Oxford, Dummer, e Reading, e em Londres,<br />
encontrou trabalho integral em meio a muitas sociedades, onde ele foi<br />
continuamente solicitado a expor. De todas as igrejas, não obstante,<br />
ele estava excluído, com exceção a de Basingshaw, Islington, St.<br />
Giles, and St. Katherine; de maneira que nos primeiros meses do ano,<br />
antes de sua ida a Bristol, ele não pregou mais do que meia dúzia de<br />
sermões nas igrejas.<br />
O caráter da obra de <strong>Wesley</strong>, naquele tempo, pode ser reunido<br />
do seguinte extrato de uma carta escrita por ele a Whitefiedl:--<br />
163
26 de Fevereiro de 1739.<br />
Meu querido irmão:<br />
"A mão de nosso Senhor não tem sido de pouco alcance em<br />
nosso meio. Ontem eu preguei na Igreja de St. Katherine, e em<br />
Islington, onde a igreja estava quase tão quente quanto algumas das<br />
salas da sociedade costumam ser. Os campos, depois do serviço,<br />
estavam brancos com pessoas louvando a Deus. Por volta de<br />
trezentas estiveram presentes na casa do sr. S--; de onde eu fui para a<br />
casa do sr. Bray, então, para Fetter Lane, e, às nove horas, para a<br />
casa do sr. B--; onde também nós apenas faltou espaço. Hoje, eu<br />
expus em Minories, às quatro horas; na casa da sra. W--, às seis<br />
horas, e para uma grande companhia de pecadores pobres, em Gravel<br />
Lane (no portão do Bispo), às oito horas. A sociedade na casa do sr.<br />
Cronch não se encontraria até as oito horas, de maneira que eu<br />
expus, antes de ir até ele, perto da Quadra de St. James; onde uma<br />
jovem havia sido recentemente preenchida com o Espírito Santo, e<br />
transbordara com alegria e amor".<br />
"Na quarta-feira, às seis horas, tivemos um nobre grupo de<br />
senhoras, não adornadas com ouro e vestuário caro, mas com um<br />
espírito humilde e tranqüilo, e boas obras. Em Savoy, na quinta-feira<br />
à noite, tivemos usualmente duzentas ou trezentas pessoas, a maioria<br />
delas, pelo menos, completamente acordada. A moradia do sr. A —<br />
estava mais do que preenchida, na sexta-feira, assim como a sala do<br />
sr. P--, duas vezes mais; onde eu penso, eu tenho tido comumente<br />
mais poder dado a mim, do que em qualquer outro lugar. Uma<br />
semana ou duas atrás, uma noticia me foi dada lá, até onde posso me<br />
lembrar, nestas palavras: 'Suas orações são desejadas por uma<br />
criança enferma que é lunática, e está cheia de feridas, dia e noite,<br />
para que nosso Senhor o curasse, como Ele fez com aqueles, nos dias<br />
de Sua carne; e que, com isto, ele daria aos seus pais, fé e<br />
perseverança, até o tempo de sua vinda'.<br />
164
'No sábado, à noite, uma senhora de meia-idade, bem vestida,<br />
em Beech-Lane (onde eu exponho usualmente para quinhentas ou<br />
seiscentas pessoas, antes de eu ir para a sociedade da casa do sr. E--,<br />
foi acometida, como pareceu a diversos ao redor dela, com pouco<br />
menos do que as agonias da morte. Orações foram feitas, e, depois de<br />
cinco dias de procura diligente, ela foi preenchida com amor e<br />
alegria, o que declarou abertamente, na manhã seguinte; de maneira<br />
que ação de graças foram feitas a Deus, por muitos, por iniciativa<br />
dela. Deve-se observar, que seus amigos a consideravam louca, por<br />
esses três anos; e, assim sendo, a expulsaram, atacaram com palavras<br />
rudes, e sabe-se lá o que mais. Venham e louvemos ao Senhor, e<br />
glorifiquemos Seu nome, juntos'.<br />
Durante as primeiras poucas semanas do ano, Whitefield havia<br />
pregado por volta de trinta sermões em diferentes igrejas, dentro e nos<br />
arredores de Londres. No início de Fevereiro, ele foi para Bath e<br />
Bristol; mas em sua volta, encontrou todas as igrejas fechadas contra<br />
ele. Em poucos dias, no entanto, ele foi beneficiado com o uso da<br />
Igreja de St. Werburgh e de St. Mary Redcliff. Mas o Chanceler de<br />
Bristol interferiu, e ameaçou que se ele continuasse a pregar ou expor<br />
na diocese, sem licença, ele primeiro o suspenderia, e, então, o<br />
expulsaria. Esta foi a gota d'água. Whtefield não era submisso à ordem<br />
da Igreja, como seu companheiro <strong>Wesley</strong>, que, em tais circunstâncias,<br />
teria hesitado desobedecer tão direta proibição. Suprimir totalmente<br />
Whitefield, com tais medidas, era impossível; e, conseqüentemente,<br />
sendo expulso das Igrejas de Bristol, ele foi e pregou em campo aberto<br />
para duzentos mineiros de carvão, em Kingswood. Este foi o mais<br />
corajoso passo, já tomado por algum dos Metodistas; e, talvez,<br />
ninguém mais, a não ser o impulsivo, enorme, e sincero Whitefield<br />
teria sonhado, com tal chocante separação da regra e uso da Igreja. O<br />
passo decisivo foi dado. Um clérigo havia se atrevido a ser tão<br />
irregular, de maneira a pregar nos campos, e Deus havia sancionado a<br />
irregularidade, fazendo disto uma oportunidade de muita bênção. Este<br />
foi um incidente tão interessante, conduzindo a tão grandes<br />
conseqüências na missão do heróico pequeno grupo de evangelistas<br />
165
cristãos, que a minuta seguinte, relatada do Diário de Whitefield, não<br />
seria inserida inadequadamente. Ele diz:<br />
Domingo, 21 de Janeiro – Eu preguei duas vezes, com grande<br />
liberdade em meu coração e clareza em minha voz, para duas<br />
congregações apertadas, especialmente à tarde, quando, como eu fui<br />
informado, perto de mil pessoas permaneceram no pátio da Igreja, e<br />
duzentas mais retornaram para casa, porque não puderam entrar.<br />
Isto me levou primeiro a pensar numa pregação sem portas. Eu<br />
mencionei isto para alguns amigos, que viram isto como uma idéia<br />
maluca. No entanto, nós nos ajoelhamos e oramos para que nada<br />
pudesse ser feito estouvadamente.<br />
Sexta-feira, 16 de Fevereiro – Tendo há muito sentido uma<br />
sincera aspiração, com respeito aos pobres mineiros de carvão, que<br />
eram muito numerosos, e, ainda assim, como ovelhas sem pastor, eu<br />
fui a um monte e falei para tantos quantos vieram me ouvir; acima de<br />
duzentos. [Aqui ele irrompe em um júbilo santo], "Abençoado seja<br />
Deus, que o gelo está quebrado, e eu tenho agora tomado o campo.<br />
Alguns podem me censurar. Mas é flautear, não porque os Púlpitos<br />
são negados, mas porque os pobres mineiros de carvão estão prestes<br />
a perecer por falta de conhecimento".<br />
Quarta-feira, 21 de Fevereiro – [Todas as portas de Igreja<br />
estão agora fechadas contra ele, e se abertas, não são capazes de<br />
conter metade dos que vêm para ouvir; às três da tarde, ele foi para<br />
Kingswood, em meio aos mineiros de carvão. Foi um dia maravilhoso,<br />
e perto de duas mil pessoas estavam reunidas. Ele diz]: "Eu preguei e<br />
expliquei João 3:3, por aproximadamente uma hora, e espero, para o<br />
conforto e edificação daqueles que me ouviram". [Ele prossegue]:<br />
Sexta-feira, 23 de Fevereiro – Depois do jantar, eu me senti<br />
muito doente, então, fui obrigado a ficar na cama; mas às três horas,<br />
eu fui, conforme o compromisso, e preguei para perto de quatro a<br />
cinco mil pessoas, de um monte em Kingswood, com grande<br />
liberdade. O sol brilhou muito, e as pessoas de pé, de tal maneira<br />
166
tremenda, ao redor do monte, no mais profundo silêncio,<br />
preencheram-me com uma santa admiração.<br />
Domingo, 25 de Fevereiro – Quando eu me levantei de<br />
manhã, eu pensei que seria capaz de 'fazer coisa nenhuma, mas a<br />
divina força foi grandemente glorificada em minha fraqueza. Por<br />
volta das seis da manhã, eu preguei, cantei, e exortei meus visitantes<br />
matinais, como eu fiz no último dia do Senhor. Às oito horas, eu li as<br />
orações, e preguei para a mesma congregação aglomerada, em<br />
Newgate; de onde cavalguei para Bustleton Brislington; um vilarejo,<br />
mais ou menos duas milhas de Bristol, onde havia tal numerosa<br />
congregação, que, depois que eu li as orações na Igreja, eu achei<br />
melhor sair e pregar no pátio. As pessoas estavam excessivamente<br />
atentas, e, mais tarde, com a permissão do ministro, que me visitou lá,<br />
nós tivemos um Sacramento; e, eu espero, foi uma comunhão de<br />
santos, de fato. Às quatro horas, eu me apressei para Kingswood.<br />
Num cálculo razoável, havia acima de dez mil pessoas. As ruas e<br />
esquinas estavam cheias; tudo era silêncio, quando eu comecei; o sol<br />
brilhava forte, e Deus capacitou-me para pregar por uma hora, com<br />
grande poder, e tão alto, que todos (me disseram) puderam ouvir-me.<br />
Abençoado seja Deus, o sr. Brain falou corretamente. O fogo está<br />
aceso na cidade. Possam os portões do inferno nunca ser capazes de<br />
prevalecerem contra ele!<br />
Em uma data anterior, ele calculou sua congregação, não<br />
menos do que vinte mil, e anota: "Observar tais multidões de pé ao<br />
nosso redor em tal silêncio tremendo, e ouvir o eco de sua canção, é<br />
muito solene e surpreendente. Meu discurso continuou, por perto de<br />
uma hora e meia".<br />
Na Revista Gentleman's, de 1739, ele é descrito: "O sr.<br />
Whitefield tem sido maravilhosamente laborioso e bem sucedido,<br />
especialmente em meio aos pobres prisioneiros de Newgate, Bristol, e<br />
em meio aos rudes mineiros de carvão de Kingswood. No sábado, dia<br />
18, ele pregou no Monte Hannam [Hanham], para cinco ou seis mil<br />
pessoas, e à noite, removeu-se para Common, meia milha distante,<br />
167
onde três montes e planícies ao redor estavam lotados com tão grande<br />
quantidade de carruagens, homens a pé e a cavalo, que eles cobriram<br />
três acres, e foram calculadas vinte mil pessoas".<br />
Durante o mês de Fevereiro, <strong>Wesley</strong> teve três entrevistas<br />
separadas com bispos da Igreja Estabelecida. No dia 6, ele foi com<br />
Whitefield até o Bispo de Gloucester, para solicitar uma subscrição<br />
para a Geórgia. No dia 21, ele e seu irmão Charles visitaram Potter, o<br />
Arcebispo de Canterbury, que lhes mostrou grande afeição; falou<br />
brandamente de Whitefield, advertiu-os para que não causassem mais<br />
ofensa do que necessária; para que omitissem frases contestáveis; e<br />
mantivessem as doutrinas da Igreja. Eles lhe disseram que esperavam<br />
perseguição; mas seriam fiéis à Igreja, até que seus artigos e homilias<br />
fossem revogados. De Potter, eles prosseguiram direto para Gibson,<br />
Bispo de Londres, que negou que os tivesse condenado, ou mesmo,<br />
ouvido muito a respeito deles. O Diário de Whitefield, ele disse, foi<br />
manchado com fanatismo, embora o próprio Whitefield fosse m jovem<br />
devoto, e bem-intencionado. Ele os advertiu contra o<br />
Antinomianismo, e despediu-se deles com cordialidade.<br />
Por volta deste tempo (Março de 1739), um certo capitão<br />
Williams fez uma declaração diante do Prefeito de Bristol,<br />
escandalosamente afetando a conduta de <strong>Wesley</strong>, quando na Geórgia,<br />
especialmente, em referência ao seu tratamento à sra. Williamson<br />
(Srta. Hopkey), e as circunstâncias ligadas com sua partida da colônia.<br />
Isto foi publicado, para o subseqüente e grande detrimento da recém<br />
formada sociedade.<br />
Este grosseiro panfleto não mereceria atenção, não fosse pelo<br />
fato de que foi a ocasião de <strong>Wesley</strong> dar ao mundo uma das mais<br />
interessantes e instrutivas autobiografias, alguma vez, publicada. No<br />
prefácio ao seu Diário, ele diz: "Eu não tenho o objetivo ou desejo de<br />
perturbar o mundo com algum dos meus pequenos romances; como<br />
não pode deixar de ser aparente a toda mente imparcial, por eu ter<br />
sido por tanto tempo, 'como alguém que não ouve'; não obstante os<br />
altos e freqüentes chamados que eu tenho tido que responder por mim<br />
168
mesmo. Nem eu teria feito isto agora, não tivesse o panfleto do<br />
capitão William, sido publicado, tão logo ele deixou a Inglaterra, me<br />
colocando na obrigação de fazer o que me cabe, em obediência ao<br />
mandamento de Deus: 'Que não se fale mal, do bem que existe em<br />
você'. Com esta visão, eu, por fim, 'darei uma resposta a cada homem<br />
que me perguntar a razão da esperança que está em mim', de que, em<br />
todas as coisas, 'eu tenho uma consciência nula de ofensa, em direção<br />
a Deus, e em direção aos homens!"'. Este primeiro extrato de seu<br />
Diário particular compreende o período de seu embarque para a<br />
Geórgia, e seu retorno para Londres, e foi publicado em 1739.<br />
'O caráter real dos homens que tinham começado este<br />
processo judicial, logo apareceu. Causton foi processado por desvio<br />
de dinheiro público, e Williamson fugiu clandestinamente da colônia,<br />
para evitar as conseqüências de ofensas mais graves'.<br />
Dois anos mais tarde, para checar os efeitos danosos do<br />
panfleto, <strong>Wesley</strong> reimprimiu tanto de seu Diário, quando relacionado<br />
a este romance. Felizmente, <strong>Wesley</strong> foi levado a continuar a<br />
publicação dos extratos de seu Diário até o fim de sua vida.<br />
--------<br />
[O caso Sophia Hopkey]<br />
<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> prosseguiu, em suas próprias dificuldades, com a<br />
amizade de Sophia Hopkey. Eles haviam se encontrado durante os<br />
longos quatro meses de ida para a Geórgia. Enquanto viajando no<br />
navio, <strong>Wesley</strong> foi empregado pela mãe de Sophia, para ensinar<br />
Francês a ela. Uma afeição surgiu, fora do relacionamento, dominando<br />
<strong>Wesley</strong>. Depois de aportar em Savannah, o afeto de um para com o<br />
outro continuou. Sophia estava confiante de que as intenções de<br />
<strong>Wesley</strong> eram honradas e a conduziriam ao casamento. <strong>Wesley</strong> buscou<br />
o conselho de seu amigo de confiança, Bispo Spangenberg, dos<br />
Morávios, e foi aconselhado a evitar contado com admiradores do<br />
sexo feminino. <strong>Wesley</strong> acatou o aviso, e sem qualquer explicação a<br />
169
Sophia, ele parou abruptamente de buscar por ela. Para piorar ainda<br />
mais a situação, Sophia era sobrinha de Causton.<br />
Em 12 de março de 1737, Sophia Hopkey casou-se com<br />
William Williamson, um balconista na loja de seu tio. Os dois foram<br />
embora para a Carolina do Sul, e se casaram em Sprysburg, que ficava<br />
vinte milhas acima do rio, fora das admoestações de <strong>Wesley</strong>. A<br />
colônia de Savannah era pequena em tamanho e de mente estreita. Os<br />
mexeriqueiros locais despedaçaram a reputação de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>.<br />
Acreditou-se que <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> havia assegurado uma promessa de<br />
Sophia, de nunca se casar com outro, mas que ele não a tinha pedido<br />
em casamento. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> deve ter se sentido completamente<br />
desapontado ao perder admiradora tão ardente. Depois do casamento,<br />
ele pareceu inconsolável, já que ele sempre admitiu seu mais extremo<br />
amor por ela. As preocupações de <strong>Wesley</strong> aumentaram, em 07 de<br />
Agosto de 1737, quando ele se recusou a dar a Sophia Williamson o<br />
Sacramento da Comunhão Santa na igreja.<br />
No dia seguinte, um mandado de prisão foi emitido contra<br />
<strong>Wesley</strong> por Williamson e sua esposa, Sophia. A queixa era por<br />
difamar Sophia, recusando-se a administrar a ela o Sacramento na<br />
Ceia do Senhor, em uma congregação pública, sem um motivo devido.<br />
Williamson moveu ação judicial por mil libras esterlinas, pelos danos<br />
por difamação do caráter de sua esposa. <strong>Wesley</strong> foi trazido diante do<br />
magistrado principal e o juiz municipal, mas ele não tinha<br />
conhecimento do poder de uma corte civil sobre ele, porque esse era<br />
um assunto de caráter eclesiástico. Ele foi requerido retornar para a<br />
corte seguinte que aconteceu em Savannah. Causton respondeu às<br />
circunstâncias confusas com uma reação de mexerico. Ele começou a<br />
declarar que a razão de <strong>Wesley</strong> ter repelido sua sobrinha foi vingança,<br />
porque ela havia declinado de seu pedido de casamento. A Sra. Sophia<br />
Williamson assinou um depoimento juramentado que <strong>Wesley</strong> havia<br />
proposto, inúmeras vezes, e que ela sempre o recusara. Causton<br />
tornou-se impaciente e requereu um ultimato com a espada. <strong>Wesley</strong><br />
recusou-se a lutar com Causton, em vez disso, escreveu uma carta para<br />
a Sra. Williamson explicando seus motivos.<br />
170
A carta que <strong>Wesley</strong> escreveu, como explicação, forneceu<br />
detalhe das razões, porque ele sentiu necessário recusar a comunhão<br />
dela; situando que os participantes da Comunhão Santa deveriam<br />
indicar seus nomes para o pároco auxiliar, pelo menos, um dia antes, e<br />
que a Sra. Williamson não tinha feito isto. <strong>Wesley</strong> também a<br />
aconselhou que, para oferecer-se à mesa do Senhor, aquele que tivesse<br />
feito alguma coisa errada, deveria abertamente declarar estar<br />
verdadeiramente arrependido. Foi nesse tempo, que <strong>Wesley</strong> pôde, com<br />
uma consciência clara, administrar a Comunhão Santa para a Sra.<br />
Williamson. Um outro ponto a ser tomado em consideração, foi que,<br />
desde seu casamento, em Março, ela não tinha atendido a igreja, e esse<br />
incidente aconteceu em Agosto. Em 22 de Agosto, o julgamento de<br />
<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> começou diante de um júri formado e assegurado por<br />
Causton. Esta não foi a primeira vez que Causton assegurou um júri,<br />
outros cidadãos queixavam-se de que ele poderia, até mesmo, ordenar<br />
um júri para requerer um certo tipo de veredicto. O júri consistiu de<br />
um francês, que não entendia Inglês; de um Papista; um Infiel; três<br />
Batistas e dezessete Dissidentes. O julgamento terminou com um<br />
julgamento incorreto. Doze dos jurados recusaram-se a assinar a conta<br />
de acusação; e suas razões eram que as contas eram falsas ou<br />
conflitantes com a lei. <strong>Wesley</strong> apareceu na corte diversos dias, em<br />
Setembro, mas sem qualquer proveito, já que o Sr. Williamson estava<br />
sempre convenientemente fora da cidade.<br />
No encerramento do incidente, <strong>Wesley</strong> nunca foi capaz de<br />
recuperar suas boas relações com as pessoas boas de Savannah. Elas<br />
começaram a olhar para <strong>Wesley</strong> como um Católico Romano, por<br />
causa de sua resistência para com os Dissidentes, e sua recusa em<br />
administrar-lhes a Comunhão. Estando associado com o Catolicismo<br />
Romano era contra a permissão dos Fiduciários. Muito pouco dos<br />
colonos atendeu a igreja, regularmente, nesse tempo. Em 03 de<br />
Novembro de 1737, <strong>Wesley</strong> apareceu na corte novamente. Agora o Sr.<br />
Causton provou ser um oponente formidável, e pareceu sábio para<br />
<strong>Wesley</strong> fazer preparações para deixar a colônia. Estava claro para ele<br />
171
que havia, realmente, uma balbúrdia da oposição construída contra ele<br />
nessa colônia.<br />
Os Fiduciários enviaram William Stephens, como<br />
representante, para desanuviar as afirmações, que cercaram esse caso<br />
sórdido. O Sr. Stephens conferiu com ambas as partes, e concluiu que<br />
a cidade estava dividida na controvérsia. <strong>Wesley</strong> continuou a pregar<br />
sobre tais assuntos, em como regular as paixões de uns, e o perdão<br />
mútuo. O Sr. Stephens ficou impressionado com o ardor e sinceridade<br />
da pregação de <strong>Wesley</strong>. Em 24 de Novembro, <strong>Wesley</strong> notificou<br />
publicamente suas intenções de retornar para a Inglaterra. Isto foi dois<br />
dias antes que o Sr. Williamson publicasse um aviso que ele tinha uma<br />
causa de mil libras contra <strong>Wesley</strong>. O aviso estabelecia que qualquer<br />
um que tentasse ajudar <strong>Wesley</strong> na partida seria processado da mesma<br />
forma.<br />
Em 26 de Janeiro, <strong>Wesley</strong> parte de Frederica: "Depois de ter<br />
dados socos no ar, nesse lugar infeliz, por vinte dias, em 26 de<br />
Janeiro, eu pedi minha licença final de Frederica. Não foi por alguma<br />
apreensão do meu próprio perigo, embora minha vida tenha sido<br />
ameaçada, muitas vezes, mas por um desespero absoluto de querer<br />
fazer o bem, que me fez lamentar a possibilidade de não vê-la mais".<br />
-------------------<br />
No tocante a publicação deste Diário, o seguinte extrato de<br />
uma recente parte dele pode apropriadamente encontrar lugar aqui. Ela<br />
é datada de 3 de Dezembro de 1738. O Diário foi publicado tanto no<br />
encerramento deste ano, ou (provavelmente) no início do ano<br />
seguinte. <strong>Wesley</strong> diz: "Eu recebi uma carta, sinceramente desejando<br />
que eu publique meu relato da Geórgia; e uma outra igualmente<br />
sincera, dissuadindo-me disto, 'porque traria muita perturbação sobre<br />
mim'. Eu consultei a Deus, em Sua Palavra, e recebi duas respostas; a<br />
primeira em (Ezequiel 33:26) [De acordo com o dever, a obrigação<br />
de uma atalaia é advertir as pessoas, o profeta é advertido de sua<br />
obrigação]. 'Vós vos estribais sobre a vossa espada; cometeis<br />
abominações, e cada um contamina a mulher do seu próximo! E<br />
172
haveis de possuir a terra?". A outra: II Timóteo 2:3 "Tu, portanto,<br />
sofre comigo como bom soldado de Cristo Jesus".<br />
Tyerman cede a seguinte carta interessante de <strong>Wesley</strong> a seu<br />
amigo Whitefield. Ela é datada de 16 de Março de 1739, e fornece<br />
uma compreensão da ocupação de <strong>Wesley</strong> naquele tempo:<br />
16 de Março de 1739<br />
Meu querido irmão,<br />
Na terça-feira, dia 8 do corrente, nós tomamos o desjejum na<br />
casa do sr. Score, Oxford, que está pacientemente esperando pela<br />
salvação da parte de Deus. De lá, fomos até o sra. Campton, que tem<br />
um coração de pedra, e reconhece que ela não deve estar<br />
envergonhada. Depois de passarmos algum tempo em oração, o sr.<br />
Washington veio com o sr. Gibb, e leu diversas passagens do livro do<br />
Bispo Patrick, Parábola do Peregrino, para provar que nós<br />
estávamos todos, sob ilusão, e que seriamos justificados pela fé e<br />
obras. Charles Metcalf opôs-se a ele diretamente, e declarou a<br />
simples verdade do evangelho. Quando eles se foram, nós novamente<br />
imploramos que nosso Senhor mantivesse Sua própria causa.<br />
Encontrando-nos com o sr. Gibbs, logo depois, e ele estava quase<br />
persuadido a buscar salvação apenas no sangue de Jesus. Entretanto,<br />
o sr. Washington e Watson, estavam indo a todas as partes e<br />
confirmando a descrença.<br />
Às quatro horas, nós os encontramos (sem pretendermos), e<br />
nos opusemos a eles novamente Das cinco às seis horas, nos<br />
estávamos confirmando os irmãos. Às seis horas, eu expus na casa da<br />
sra. Ford; como eu pretendia fazer na casa da sra Compton, às sete.<br />
Mas o sr. Washington foi até lá, antes de mim, e havia começado a ler<br />
o Bispo Ball, contra o Testemunho do Espírito. Ele me disse que foi<br />
autorizado pelo ministro da paróquia a assim proceder. Eu aconselhei<br />
a todos que valorizavam suas almas a irem embora; e, percebendo<br />
que este seria o mal menor dos dois; e, para que aqueles que<br />
173
permanecessem não fossem pervertidos, eu entrei diretamente em<br />
controvérsia, tocando tanto na causa, quanto nos frutos da<br />
justificação.<br />
No meio da disputa, a esposa de James Mear começou a sentir<br />
dores. Eu orei com ela um pouco, quando o sr. Washington foi<br />
embora; e, então, (tendo confortado o restante, como eu estava<br />
capacitado), descemos até Sister Thomas. No caminho, as dores da<br />
sra. Mears aumentaram, de tal forma, que ela não pode evitar gritar<br />
na rua. Com muita dificuldade, a levamos para a casa da sra. Shrieve<br />
(onde também o sr. Washington tinha estado antes de nós). Nós<br />
fizemos nosso pedido conhecido a Deus, e Ele nos ouviu e enviou um<br />
livramento para ela na mesma hora. Houve grande poder, em nosso<br />
meio, e seu marido também foi colocado em liberdade. Logo depois,<br />
eu senti tal desânimo golpear minha alma (e assim, a sra. Compton, e<br />
diversos outros), que eu não me lembro de ter alguma vez me<br />
encontrado assim antes.Eu acreditei que o inimigo estava perto de<br />
nós. Nós imediatamente clamamos por nosso Senhor para incitar Seu<br />
poder e vir e nos ajudar. Naquele momento, a sr. Shrieve caiu em uma<br />
estranha agonia; e todo seu corpo tremia excessivamente. Nós<br />
oramos, e dentro de uma hora a tempestade cessou. Ela agora<br />
desfruta de uma doce calma, tendo remissão dos pecados, e sabendo<br />
que seu Redentor vive.<br />
Em meu retorno à casa do sra, Fox, eu encontrei nosso<br />
querido irmão Kin-chin justamente vindo de Dummer. Nós nos<br />
regozijamos, e demos graças, e oramos, e tomamos doces conselhos<br />
juntos; e o resultado disto foi que, em vez de partir de Londres (como<br />
eu designara) na sexta-feira de manhã, eu partiria para Dummer, não<br />
havendo pessoa alguma para suprir aquela igreja no domingo. Na<br />
sexta-feira, portanto, eu parti, e vim, à noite para Reading, onde eu<br />
encontrei um jovem, Cennick, de nome, forte na fé de nosso Senhor<br />
Jesus. Ele começou uma Sociedade lá a semana anterior, mas o<br />
ministro da paróquia tinha agora quase a aniquilou. Diversos<br />
membros dela passaram a tarde conosco, e agradou a Deus fortalecêlos<br />
e confortá-los.<br />
174
Na manhã nosso irmão Cennick cavalgou comigo, quem eu me<br />
certifiquei disposto a sofrer; sim, a morrer, por seu Senhor. Nós<br />
viemos para Dummer, à tarde. A srta. Molly [a irmã de Charles<br />
Kinchin's, que era inválida] estava muito fraca na cama, mas forte no<br />
Senhor e no poder de Sua força. Certamente, a luz dela não seria<br />
assim oculta, sob o alqueire. Ele tinha o perdão, mas não o<br />
testemunho do Espírito (talvez, pela convicção de nosso querido<br />
irmão Hutchings, que pareceu acreditar que eles são inseparáveis).<br />
No domingo de manhã, nós tivemos uma larga e atenta<br />
congregação. À noite, a sala em Basingstoke estava cheia e minha<br />
boca estava aberta. Nós esperávamos muita oposição, mas<br />
encontramos nenhuma afinal.<br />
Na segunda-feira, a sra. Cleminger, com dor e medo, nós<br />
oramos e nosso Senhor trouxe-paz. Por volta do meio-dia, passamos<br />
uma hora ou duas em conferência e oração com a srta. Molly; e,<br />
então, partimos em uma gloriosa tempestade, mas, até mesmo eu, tive<br />
calma nela. Nós tínhamos designado a pequena Sociedade em<br />
Reading para nos encontrar à tarde; mas o inimigo estava muito<br />
vigilante. Quase tão logo saímos da cidade, o ministro mandou aviso,<br />
ou foi a cada um dos membros, e, tendo discutido e ameaçado,<br />
confundiram-nos extremamente, de modo que eles todos se<br />
dispersaram amplamente. A própria irmã do sr. Cennick não se<br />
atreveu a nos ver, mas saiu de propósito para nos evitar. Eu confio,<br />
no entanto, que nosso Deus irá reuni-los novamente, e que os portões<br />
do inferno não prevalecerão contra eles.<br />
Por volta da uma da tarde, na terça-feira, eu vim para Oxford<br />
novamente, e da casa do sr. Fox (onde tudo estava em paz), eu fui<br />
para a casa da sra. Compton. Eu me certifiquei que o ministro da<br />
paróquia tinha estado antes de mim, a quem ela declarou francamente<br />
a coisa como ela era – 'que ela nunca teve uma fé verdadeira em<br />
Cristo, até as duas horas da tarde da terça-feira precedente'. Depois<br />
de alguns outros avisos e expressões severas, 'ele disse a ela que ele<br />
deveria repeli-la da Comunhão Santa'. Certificando-se de que ela não<br />
175
estava convencida de seu erro, até mesmo por aquele argumento, ele<br />
a deixou calmamente regozijando-se em Deus, seu Salvador.<br />
Às seis da tarde, fomos para a Sociedade do sr. Fox; por volta<br />
das sete horas, para a casa da sra. Compton: o poder de nosso<br />
Senhor estava presente em ambas, e todos os nossos corações<br />
estavam unidos em amor.<br />
No dia seguinte, tivemos a oportunidade de confirmar a<br />
maioria, se não todas, das almas que tinham sido estremecidas. À<br />
tarde, eu preguei no Castelo. E, mais tarde, me reuni em oração,<br />
tendo agora Charles Graves acrescentado a nós, enraizado e<br />
alicerçado na fé. Nós, então, fomos para a sala do sr. Gibb, onde<br />
estava o sr. Washington e Watson. Aqui uma hora se passou em<br />
conferência e oração, mas sem qualquer disputa. Às quatro da<br />
manhã, eu deixei Oxford. Deus, de fato, plantou e regou. Ó, possa Ele<br />
fornecer o crescimento. –<br />
Eu sou,<br />
J.<strong>Wesley</strong><br />
----------<br />
[<strong>John</strong> Cennick]<br />
Quando nos tempos de <strong>Wesley</strong> foi necessária a supervisão do<br />
crescente número de novas Sociedades, ele começou a apontar pessoas<br />
para dividir a responsabilidade pelo trabalho em várias locações. Um<br />
desses primeiros foi <strong>John</strong> Cennick que tinha sido convertido em 1737,<br />
sob a influência de um Metodista (<strong>John</strong> Kinchin), em Oxford. Cennick<br />
tinha mostrado habilidades de liderança, na Sociedade, em Reading.<br />
No verão de 1739, <strong>John</strong> pediu a ele que fosse para Bristol preencher<br />
sua ausência. A intenção de <strong>Wesley</strong> era que Cennick comandasse as<br />
pessoas nas orações, nos estudos bíblicos e exortações ocasionais (mas<br />
176
não que pregasse, como era reservado aos clérigos). Quando foi<br />
questionado a ir para Bristol, e liderar as Sociedades lá, o jovem ficou<br />
muito excitado. Cennick tinha aspirações de se tornar um professor, e<br />
ele tinha ouvido de George Whitefield que havia planos de construir<br />
uma escola em Kingswood.<br />
A maior preocupação que <strong>John</strong> e Charles <strong>Wesley</strong> tinham a<br />
respeito de Cennick era se ele poderia se refrear de ensinar a doutrina<br />
Calvinista que se opunha aos ensinos de <strong>Wesley</strong> da redenção<br />
universal. "Por algum tempo ele se conteve", até Dezembro de 1740.<br />
Por aproximadamente um mês, <strong>Wesley</strong> foi chamado a estar em<br />
Londres. Retornando a Bristol, em meados de Fevereiro, ele começou<br />
a investigar as divisões e ofensas, as quais foram causando rachaduras,<br />
nas Sociedades de lá. <strong>John</strong> Cennick e Thomas Bissicks tinham<br />
afirmado, na ausência de <strong>Wesley</strong>, que ele estava pregando uma falsa<br />
doutrina e dando assistência ao papa. Cennick, em uma carta para<br />
Whitefield, disse que o efeito das pregações de <strong>Wesley</strong> colocava-o, ao<br />
lado de Satã, fazendo guerra contra os santos.<br />
<strong>Wesley</strong> podou a Sociedade e publicou acusação formal contra<br />
o grupo opositor. "Diversos membros do grupo da Sociedade, em<br />
Kingswood, tinham feito disso uma prática comum para ridicularizar<br />
as pregações do Sr. <strong>John</strong> e Charles <strong>Wesley</strong>. Eles falaram mal deles,<br />
pelas costas, da mesma maneira que professavam amor e estima, na<br />
presença dos mesmos". <strong>Wesley</strong>, então, elucidou que eles não estavam<br />
sendo escolhidos por suas opiniões, mas por ridicularizarem a Palavra<br />
e os ministros de Deus, dizendo falsidades, calúnias, mentiras,<br />
difamando e dissimulando. Com Cennick, no palanque, ao seu lado,<br />
<strong>Wesley</strong> leu essas palavras à Sociedade: "Eu <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, pelo<br />
consenso do grupo da Sociedade, em Kingswood, declaro que essas<br />
pessoas mencionadas não mais são membros, daqui por diante".<br />
Depois de ter sido expulso da Sociedade de Kingswood, <strong>John</strong><br />
Cennick escreveu em seu Diário "Eu fiquei um pouco surpreso,<br />
embora eu tenha mostrado pouco disso, para as almas, apenas eles me<br />
viram chorar, quando eu fui embora". <strong>Wesley</strong> exigiu lealdade, mas sua<br />
177
afeição por Cennick, rapidamente, o impediu. "Ele implorou a<br />
Cennick para lutar em orações, esperando que ele pudesse reconhecer<br />
suas falhas e ser readmitido. Cennick estava certo de que as ofensas<br />
dele, aos olhos de <strong>Wesley</strong>, eram por ele acreditar na predestinação.<br />
<strong>Wesley</strong> opôs-se dizendo que ele não tinha sido expulso por causa de<br />
suas opiniões". Em 8 de Março, Cennick e cinqüenta e um outros<br />
membros retiraram-se da Sociedade de Kingswood, e noventa deles<br />
permaneceram com <strong>Wesley</strong>. Embora os dois homens mantivessem a<br />
amizade, duas Sociedades rivais ergueram-se em Kingswood.<br />
Em 22 de Março de 1739, Whitefield escreveu para <strong>Wesley</strong>,<br />
implorando a ele, da maneira mais incisiva, a vir para Bristol, sem<br />
demora. Disto, "<strong>Wesley</strong>" recuou, principalmente, sob a influência das<br />
Escrituras, que, de acordo com seu método de consultá-las nas<br />
emergências, mostrou-se a ele. A viagem foi proposta para a<br />
Sociedade em Fetter Lane. Charles opôs-se, até que, apelando<br />
igualmente para a Palavra, ele recebeu a mensagem: "Como falado<br />
para si mesmo, 'Filho do homem, eis que dum golpe tirarei de ti o<br />
desejo dos teus olhos; todavia não te lamentarás, nem chorarás, nem<br />
te correrão as lágrimas'" (Ezequiel 24:16). A questão foi entregue à<br />
Sociedade, mas eles, incapazes de chegarem a um acordo,<br />
concordaram decidi-la pela sorte; pelo que, foi determinado que ele<br />
deveria ir. Mais tarde, diversos, pedindo que pudessem "abrir a<br />
Bíblia", concernente ao resultado desta, eles o fizeram nas seguintes<br />
passagens, "que", diz <strong>Wesley</strong>, "eu deverei registrar, sem qualquer<br />
reflexão sobre elas". (II Samuel 3:1) "Ora, houve uma longa guerra<br />
entre a casa de Saul e a casa de Davi; porém Davi se fortalecia cada<br />
vez mais, enquanto a casa de Saul cada vez mais se enfraquecia". (II<br />
Samuel 4:11) "Quanto mais quando homens cruéis mataram um<br />
homem justo em sua casa, sobre a sua cama, não requererei eu o seu<br />
sangue de vossas mãos, e não vos exterminarei da terra?" (II<br />
Crônicas 28:27) "E Acaz dormiu com seus pais, e o sepultaram na<br />
cidade, até mesmo, em Jerusalém".<br />
178
Não é fácil ver que instrução poderia ganhar deste apelo<br />
aleatório à Sagrada Palavra; ou que impressão tais passagens como as<br />
acima fariam na mente dos inquiridores, outra do que uma triste e<br />
sombria. Sua relevância não está em alguma maneira indicada na<br />
história subseqüente.<br />
<strong>Wesley</strong> deixou Londres. Na quinta-feira, 29 de Março, expôs<br />
para uma pequena companhia, à noite, em Basingstoke, e alcançou<br />
Bristol, no sábado de tarde. Whitefield escreve:<br />
Sábado, 31 de Março – "Eu fiquei muito reanimado ao ver<br />
meu honrado amigo, sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, a quem eu desejei estar mais<br />
perto, e a que eu agora tive o prazer de apresentar aos meus amigos;<br />
ele nunca antes esteve em Bristol". No domingo, Whitefield pregou<br />
em campo aberto, e <strong>Wesley</strong> observou: "Dificilmente poderia<br />
reconciliar-me, a principio, com esta estranha idéia de eu pregar nos<br />
campos, tendo minha vida, até muito recentemente, tão obstinada em<br />
cada ponto, relativo à decência e ordem, que eu teria pensado que a<br />
salvação das almas seria quase um pecado, não fosse feita em uma<br />
igreja".<br />
À tarde, no entanto, ele expôs o Sermão da Montanha, de<br />
nosso Senhor, para uma pequena sociedade que encontrou uma ou<br />
duas vezes na semana, em Nicholas Street. Ele considerou esta<br />
questão "de pregação no campo", um "precedente muito notável". E<br />
no dia seguinte, segunda-feira, dia 2 de Abril, às quatro horas da tarde,<br />
ele "se submeteu a ser mais vil, e proclamou nas estradas, as boas<br />
novas da salvação, para aproximadamente três mil pessoas". Seu<br />
texto nesta mais interessante ocasião foi: "O Espírito do Senhor está<br />
sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos<br />
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e<br />
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,<br />
no aceitável ano do Senhor" (Lucas 4:18).<br />
Isto deve ser lembrado, como um passo, supremamente<br />
significativo, em sua carreira de evangelista, e no progresso daquele<br />
179
avivamento espiritual que foi destinado a mudar a inteira moral e<br />
aspecto religioso daquelas ilhas, alterar a condição da vida da Igreja, e<br />
inaugurar a era do entusiasmo religioso, da benevolência, e da<br />
atividade cristã, que encontrou sua mais sublime exemplificação na<br />
vitalidade re-despertada das Igrejas desta terra, no estabelecimento e<br />
expansão das Igrejas, no recente mundo transatlântico em formação, e<br />
naquele afloramento do zelo pelas missões estrangeiras que<br />
distinguiram o último século.<br />
Esta abertura de um novo caminho foi seguida por uma<br />
atividade imediata e muito difundida, na pregação do evangelho, e por<br />
alguns muitos extraordinários fenômenos na conduta de muitos<br />
daqueles que ouviram.<br />
À tarde, depois da pregação no campo, <strong>Wesley</strong> expôs os Atos<br />
dos Apóstolos para uma sociedade reunida em Baldwin Street; e, no<br />
dia seguinte, o Evangelho de João na Capela de Newgate, onde ele<br />
também leu o serviço matinal da Igreja. No dia seguinte, em Baptist<br />
Mills, ele "ofereceu a graça de Deus, para aproximadamente cento e<br />
quinze pessoas". À tarde daquele dia, três mulheres concordaram em<br />
se encontrar, para confessarem suas faltas, umas às outras, e orarem<br />
umas pelas outras, para que fossem curadas; e quatro jovens também,<br />
para o mesmo propósito. Esses encontros eram uma imitação dos<br />
encontros na Sociedade Fetter Lane de Peter Bohler [Morávio].<br />
É interessante notar quão intimamente esta sociedade<br />
completamente independente foi modelada, de acordo com as regras<br />
de Bohler, desde o começo e encontrando-se às quartas-feiras. Este foi<br />
o início de uma instituição que, mais tarde, tornou-se de um de grande<br />
valor no relacionamento e expansão da vida espiritual em meio dos<br />
Metodistas. Ele pergunta: "Como algum homem se atreve a negar que<br />
esta seja, quanto à sua essência, um meio da graça, ordenada por<br />
Deus? Exceto se ele afirmar com Lutero, na fúria de seu<br />
solifidianismo [mantém que a fé somente, sem as obras, é suficiente<br />
pás a justificação], que A Epístola de Tiago é uma epístola sem<br />
valor?".<br />
180
Nos três dias seguintes, ele expôs as Escrituras em três outras<br />
sociedades. No domingo seguinte, pregou às sete horas, para<br />
aproximadamente mil pessoas, em Bristol, mais tarde, para cento e<br />
cinqüenta, no topo do Monte Hanham, em Kingswood, e por volta de<br />
cinco mil mais à tarde, em Rose Green. Na terça-feira, pretendeu ir<br />
para Bath, onde pregou para aproximadamente mil almas, e, na manhã<br />
seguinte, para duas vezes mais o número, e para uma multidão<br />
igualmente grande em Baptist Mills, à tarde. No sábado seguinte, dia<br />
14, ele pregou em um albergue, trezentas ou quatrocentas pessoas<br />
havia dentro, e duas vezes mais do lado de fora. No domingo de<br />
manhã, às sete horas, ele proclamou a verdade para quinhentas ou<br />
seiscentas pessoas; mais tarde, para três mil no Monte Hanham, para<br />
uma congregação lotada em Newgate, depois do jantar; entre cinco e<br />
seis horas, para cerca de cinco mil em Rose Green; e concluiu o dia<br />
com um discurso para uma das sociedades. Na terça-feira seguinte,<br />
numa pequena sociedade, o peso das pessoas fez com que o solo<br />
desabasse; mas logo todos já estavam tranqüilamente atendendo às<br />
coisas que eram faladas; mais tarde, ele expôs em outra sociedade.<br />
Foi nesta época, que o estranho fenômeno começou a aparecer,<br />
e que, por um tempo, caracterizou os serviços. <strong>Wesley</strong> deu o seguinte<br />
relato: "Nós, então, clamamos a Deus para confirmar sua palavra.<br />
Imediatamente alguém de pé ao lado, para nossa não pequena<br />
surpresa, gritou com a mais extrema veemência, como se nas agonies<br />
da morte. Mas nós continuamos em oração, até que uma nova canção<br />
foi colocada em sua boca, uma ação de graças a nosso Deus. Logo<br />
depois, duas outras pessoas foram acometidas com forte dor, que as<br />
constrangeram a gemer pela inquietude de seus corações. Mas não<br />
muito tempo antes que elas irrompessem em louvor a Deus, seu<br />
Salvador. Um outro clamou por Deus, do ventre do inferno; e, num<br />
curto espaço de tempo, ele já estava dominado com alegria e amor,<br />
sabendo que Deus havia curado suas apostasias. Deus nos tem dado<br />
tantas testemunhas vivas; Sua mão ainda se estende para curar, e<br />
estes sinais e maravilhas são, até mesmo agora, forjadas pelo Santo<br />
Filho Jesus".<br />
181
Exemplos adicionais ocorreram nos dias seguintes. Em um<br />
caso, "um jovem foi subitamente acometido de um violento tremor por<br />
todo o corpo, e, em poucos minutos, com as tristezas de seu coração,<br />
ampliadas, ele caiu ao chão. Mas ele não cessou de chamar por Deus,<br />
até que Ele o levantou cheio de paz e alegria no Espírito Santo". Na<br />
Páscoa, choveu, e ele pode apenas pregar em Newgate, às oito da<br />
manhã e duas da tarde; na casa perto do Monte Hanharn, às onze, e em<br />
um próximo a Rose Green, às cinco horas; concluindo o dia na<br />
sociedade, na tarde; quando "muitos tiveram o coração contrito, e<br />
muitos, confortados". No dia seguinte, ele foi, depois de repetidos<br />
convites, para Pensford, por volta de cinco milhas de Bristol, e pediu<br />
permissão ao ministro, para pregar na Igreja; mas, depois de esperar<br />
por algum tempo, e sem resposta, ele pregou "em campo aberto"; e, à<br />
tarde, em um lugar conveniente, perto de Bristol, para mais de três<br />
mil. Novamente, na quarta-feira, em Bath, para aproximadamente mil<br />
pessoas; às quatro da tarde, para os pobres mineiros de carvão, em<br />
Two Mile Hill, em Kingswood; e, à tarde, em Baldwin Street, quando<br />
"um jovem, depois de dolorosa agonia, embora breve, tanto de corpo<br />
quanto de mente, encontrou sua alma preenchida com paz, sabendo o<br />
Deus, em quem acreditava".<br />
No começo da semana, enquanto pregando em Newgate, ele<br />
"foi inconscientemente conduzido", ele nos disse, "sem qualquer<br />
objetivo prévio, a declarar forte e explicitamente que Deus fará com<br />
que todos os homens sejam assim salvos; e a orar, para que, se esta<br />
não fosse a verdade de Deus, que Ele não permitisse que o cego saísse<br />
do caminho; mas se fosse, que Ele testemunhasse Sua palavra.<br />
Imediatamente, um, após outro, caiu ao chão, de todos os lados, como<br />
que aturdidos. Uma jovem gritava. Nós imploramos a Deus em seu<br />
benefício, e Ele transformou a opressão dela em alegria. Uma<br />
segunda, na mesma agonia, nós clamamos a Deus por ela também; e<br />
Ele lhe falou paz à sua alma". "Na manhã", ele disse, "Eu fui<br />
novamente pressionado no espírito, a declarar que Cristo deu a si<br />
mesmo, como resgate por todos. E pouco antes que clamássemos por<br />
Ele, para colocar Seu selo, Ele respondeu. Uma jovem foi tão ferida<br />
182
pela espada do Espírito, que você teria imaginado que ela não viveria<br />
mais. Mas imediatamente sua abundante bondade foi mostrada, e ela<br />
cantou em voz alta, Sua retidão. No sábado, toda Newgate ressoava<br />
com os gritos daqueles a quem a Palavra de Deus cortava o coração;<br />
dois dos quais, foram imediatamente preenchidos com alegria".<br />
No domingo seguinte, ele primeiro declarou a livre graça de<br />
Deus, para cerca de quatro mil pessoas em Bristol; então, em Clifton,<br />
a pedido do ministro (Rev. <strong>John</strong> Hodges), que estava enfermo; de lá,<br />
ele retornou para uma pequena planície perto do Monte Hanham,<br />
onde, por volta de três mil pessoas estavam presente. Em Clifton, à<br />
tarde, a igreja estava completamente cheia quando das orações e<br />
sermão; e o pátio da igreja no sepultamento que se seguiu. Em Rose<br />
Green, mais tarde, foi calculado perto de sete mil reunidos; de onde<br />
ele se dirigiu para a Sociedade Gloucester Lane , depois, para a<br />
primeira festa do amor em Baldwin Street. Ele bem exclamaria: "Ó,<br />
como Deus renovou minhas forças. Há dez anos eu me sentia fraco e<br />
cansado com a pregação duas vezes ao dia".<br />
Se esses extraordinários trabalhos zelosos tivessem<br />
rapidamente diminuído, não teriam despertado surpresas; mas, embora<br />
o número de serviços verdadeiramente conduzidos por ele, não fosse,<br />
em geral, sempre tão numeroso (porque ele freqüentemente atendia<br />
ao Serviço matinal e noturno comum da Igreja, onde quer que ele<br />
fosse, pregando em campo aberto e para as sociedades fora dos<br />
horários da Igreja), ainda assim, em outros aspectos, esses são<br />
apenas exemplos de seus esforços continuados com a devoção<br />
incansável, até o limite extremo de sua força física, mesmo no fim de<br />
seus dias.<br />
Não é de se admirar, que muitas pessoas ficassem ofendidas<br />
com o estranho fenômeno físico que elas testemunhavam. Em meio a<br />
elas, havia um médico, que estava muito temeroso que houvesse<br />
fraude ou impostura no caso. "Hoje", <strong>Wesley</strong> diz, "alguém a quem ele<br />
[o médico] conhecia há muitos anos foi a primeira, enquanto eu<br />
estava pregando em Newgate, a irromper em estranhos gritos e<br />
183
lágrimas. Ele quase não acreditou em seu próprios olhos e ouvidos.<br />
Ele foi até ela, e observou todos os sintomas, até que grandes gotas de<br />
suor correram por sua face, e todo os seus ossos estremeceram. Ele,<br />
então, não soube o que pensar, estando claramente convencido de que<br />
não se tratava de fraude, nem ainda de alguma desordem natural.<br />
Mas quando ambos sua alma e corpo foram curados, no mesmo<br />
instante, ele reconheceu o dedo de Deus!". Este foi provavelmente Dr.<br />
Middleton, um amigo muito antigo dos <strong>Wesley</strong>s, em Bristol, cuja<br />
morte, Charles <strong>Wesley</strong> lamentou em uma elegia de vinte e um versos;<br />
leitura que sensibilizou a alma amorosa de Fletcher às lágrimas.<br />
Provavelmente foi por causa dele que o "Hino ao Médico" foi escrito.<br />
Na terça-feira, 1º. de Maio, ele escreve: "Muitos ficaram<br />
ofendidos novamente, e, de fato, muito mais do que antes. Porque, em<br />
Baldwin Street, minha voz mal podia ser ouvida, em meio aos gemidos<br />
de alguns, e gritos de outros, chamando por Ele que é poderoso para<br />
salvar. Eu desejei que todos que fossem sinceros de coração<br />
suplicassem comigo ao Príncipe louvado por nós, para que Ele<br />
proclamasse livramento aos cativos. E Ele logo mostrou que ouviu<br />
nossa voz. Muitos daqueles que estiveram na escuridão viram o<br />
alvorecer de uma grande luz, e dez pessoas, eu me certifiquei, mais<br />
tarde, disseram na fé: 'Meu Senhor e meu Deus'. Um Quacre, que<br />
estava ao lado, não ficou pouco descontente 'com a dissimulação<br />
daquelas criaturas", e mordia os lábios e cerrava as sobrancelhas,<br />
quando ele caiu ao chão como que atingido por um raio. A agonia em<br />
que ele se encontrou foi até mesmo difícil de observar. Nós<br />
imploramos a Deus para que ele não enlouquecesse. E ele logo<br />
levantou sua cabeça, e gritou: 'Agora, eu sei que tu és um profeta do<br />
Senhor'.<br />
Em Newgate, enquanto eles estavam em oração, um outro<br />
murmurador foi confortado, e outro que havia sido atirado na<br />
perplexidade por um opositor, também. Quando eles se levantaram<br />
para dar graças por este um, outro "cambaleou quatro ou cinco<br />
passos, e, então, tombou". Eles oraram por ele, e o deixaram<br />
"fortemente convencido do pecado, e sinceramente pedindo por<br />
184
livramento". Um outro, que era zeloso pela Igreja, e se opôs muito a<br />
todo Dissidente, sendo informado de que pessoas "eram acometidas<br />
de estranhos ataques nas sociedades", ele veio ver pessoalmente, e se<br />
esforçou para convencer seus conhecidos que "aquilo era uma ilusão<br />
do diabo". Mas, enquanto lia o sermão sobre a Salvação pela Fé, "ele<br />
mudou de cor, tombou de sua cadeira, e começou a gritar<br />
terrivelmente, e a debater-se no chão", seu peito levantando-se, ao<br />
mesmo tempo, como nas agonias da morte, e grandes gotas de suor,<br />
gotejando em sua face. <strong>Wesley</strong> diz: "Todos nós nos entregamos à<br />
oração. Suas agonies cessaram, e tanto seu corpo quanto sua alma<br />
estavam livres".<br />
Que <strong>Wesley</strong> dê sua própria impressão sobre essas ocorrências<br />
singulares. Ele escreve:<br />
Durante todo este tempo, eu quase continuamente me<br />
perguntei: Como essas coisas podem ser? Para alguém que tem me<br />
escrito muito sobre este assunto, a somatória de minha resposta foi<br />
como se segue: A questão entre nós torna-se uma questão realmente.<br />
Você nega que Deus agora opere esses efeitos; pelo menos, que Ele os<br />
opera desta maneira. Eu afirmo ambos, porque eu tenho ouvido essas<br />
coisas, e visto essas coisas. Eu vi, até onde coisas desse tipo podem<br />
ser vistas, muitas pessoas mudadas, de repente, do espírito de temor,<br />
horror, desespero, para o espírito do amor, alegria, e paz; e do desejo<br />
pecaminoso, até, então, reinando sobre elas, para o desejo puro de<br />
fazer a vontade de Deus. Essas são questões de fato, das quais tenho<br />
sido, quase diariamente, testemunha ocular e auditiva. O que eu tenho<br />
a dizer no tocante às visões ou sonhos é isto: Eu conheço diversas<br />
pessoas em quem esta grande mudança foi forjada em um sonho, ou<br />
durante uma forte representação em sua mente, de Cristo, quer na<br />
cruz, ou na glória. Este é o fato; que alguém o julgue, como lhe<br />
agradar. E que tal mudança foi, então, forjada, aparece, não do seu<br />
derramar-se em lágrimas apenas, ou em seus ataques, ou gritos: esses<br />
não são os frutos, como você parece supor, por meio do qual eu julgo;<br />
mas de todo o teor da vida deles, até, então, muitos caminhos<br />
pecaminosos que, desde aquele momento, se tornaram santos, justo, e<br />
185
ons. Eu mostrarei a você, alguém que era um leão, até então, e<br />
agora é um cordeiro; aquele que era um bêbado, e agora está<br />
exemplarmente sóbrio; o devasso que agora abomina a mesma<br />
vestimenta maculada pela carne. Esses são meus argumentos vivos,<br />
para os quais eu afirmo, ou seja, que Deus agora, como<br />
anteriormente, dá remissão dos pecados, e o dom do Espírito Santo,<br />
até mesmo a nós, e nossos filhos; sim, e que sempre, de repente, até<br />
onde eu sei, e freqüentemente em sonhos ou em visões de Deus. Se<br />
não for assim, eu serei uma falsa testemunha perante Deus. Porque<br />
essas coisas eu testifico, e pela Sua graça, testificarei.<br />
Dessas estranhas condições físicas ele diz: --<br />
Talvez, devido à dureza de nossos corações, não preparados<br />
para receber alguma coisa, exceto aquilo que vemos com nossos<br />
próprios olhos, e ouvimos com nossos ouvidos, Deus, em<br />
complacência com nossa fraqueza, permitiu tantos sinais exteriores,<br />
ao mesmo tempo em que ele forjou esta mudança interior,<br />
continuamente vista e ouvida em nosso meio. Mas, embora eles vissem<br />
sinais e maravilhas (porque é desta forma que devemos denominálos),<br />
ainda assim, muitos não acreditaram. Eles não negariam os<br />
fatos, na verdade, mas não poderiam dar satisfações. Alguns<br />
disseram: 'Esses foram efeitos puramente naturais; as pessoas<br />
sugeriram isto, apenas devido ao calor e falta de ventilação das<br />
salas'. E esses estavam certos de que 'tudo fora um logro; que eles<br />
impediriam se pudessem. Ou, por que essas coisas eram restritas às<br />
sociedades privadas? Por que elas não aconteciam à luz do sol?'.<br />
Hoje, 21 de Maio de 1739, nosso Senhor respondeu por Ele mesmo;<br />
porque enquanto eu estava reforçando essas palavras: "Aquietai-vos,<br />
e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado<br />
na terra". [Salmos 46:10], Ele relevou seu braço, não apenas em uma<br />
sala fechada, nem em privativo, mas em campo aberto, e diante de<br />
mais de duas mil testemunhas. Uma e outra, e outra se prostraram ao<br />
chão; excessivamente tremendo à presença do poder de Deus. Outras<br />
soltaram um grito alto e doloroso: 'O que devo fazer para ser salvo?'.<br />
E, em menos de uma hora, sete pessoas, completamente<br />
186
desconhecidas por mim, até aquele momento, estavam se regozijando<br />
e cantando, com toda sua força, dando graças ao Deus de sua<br />
salvação.<br />
À noite, ele foi interrompido, em Nicholas Street, quase tão<br />
logo começou a falar, pelos "gritos de alguém que teve seu coração<br />
afligido, e implorou fortemente pelo perdão e paz. Ele prosseguiu, e<br />
declarou o que Deus já havia feito, como prova daquela importante<br />
verdade, a de que Ele 'não deseja que alguém pereça, mas que todos<br />
se arrependam'. Uma outra pessoa caiu perto de alguém que fora um<br />
forte defensor da doutrina contrária. Enquanto ele permaneceu<br />
atônico, com o que via, um garoto perto dele foi acometido da mesma<br />
maneira. Um jovem, logo atrás, fixou seus olhos nele, e sucumbiu,<br />
como que morto; mas logo começou a gemer e a debater-se ao chão,<br />
de maneira que seis homens mal conseguiram segurá-lo". Este foi<br />
Thomaz Maxfield, de quem nós ouviríamos falar logo mais. <strong>Wesley</strong><br />
acrescenta: "Eu nunca vi alguém tão dilacerado pelo diabo.<br />
Entretanto, muitos outros começaram a clamar para o Salvador de<br />
todos, para que Ele viesse e os ajudasse, de tal maneira, que todos da<br />
casa, e, na verdade, todos da rua, por algum período de tempo,<br />
estavam em grande alvoroço. Mas nós continuamos em oração; e<br />
antes das dez, a maior parte encontrou o descanso para suas almas'".<br />
Ele foi chamado para ministrar a Ceia a alguém "em violenta agonia",<br />
e, por volta do meio-dia, para outro. "Eu penso", ele acrescenta,"vinte<br />
e nove no total tiveram sua opressão transformada em alegria, neste<br />
dia".<br />
Que as pessoas foram convencidas do pecado, pelo Espírito<br />
Divino, através da mediação da Palavra pregada, não há do que se<br />
duvidar. Mas, quaisquer explicações que sejam dadas desses estranhos<br />
fenômenos físicos, não os considerariam como afetando, de alguma<br />
forma, a devoção daqueles que estiveram sujeitos a eles; nem, no<br />
entender de <strong>Wesley</strong>, houve neles alguma evidência de mudança de<br />
caráter, ainda que o caráter pudesse ser mudado, durante a<br />
continuidade deles. Talvez, suas próprias palavras, escritas, em um<br />
187
período mais tarde, possam servir, no momento, como uma explicação<br />
satisfatória, assim como qualquer uma que possa ser dada. Ele diz:<br />
Eu asseguro que circunstâncias extraordinárias têm atendido<br />
esta convicção em algumas instâncias. Eu tenho freqüentemente dado<br />
um relato pessoal. Enquanto a Palavra de Deus era pregada, algumas<br />
pessoas tombaram como mortas; algumas, por assim dizer, em fortes<br />
convulsões; algumas gemendo alto, embora que não com voz<br />
articulada; e outras falaram da angústia de suas almas. Isto é<br />
facilmente considerado tanto pelos princípios da razão quanto pelos<br />
das Escrituras:<br />
Primeiro, quanto aos princípios da razão. Porque quão fácil é<br />
supor que uma forte, viva, e súbita apreensão do pecado abominável,<br />
da ira de Deus, e das dores amargas da morte eterna, possam afetar o<br />
corpo, assim como a alma, durante as leis presentes da união vital; -possam<br />
interromper ou perturbar as circulações comuns, e colocar a<br />
natureza fora de seu curso! Sim, nós podemos questionar se, enquanto<br />
esta união subsiste, é possível para a mente ser afetada, em um grau<br />
tão violento, sem um ou outro dos sintomas que se seguem.<br />
É igualmente fácil considerar, quanto aos princípios das<br />
Escrituras. Porque, quando temos uma visão de dentro desta luz, nós<br />
devemos acrescentar à consideração das causas naturais, a atividade<br />
daqueles espíritos que ainda sobressaem pela força, e, até onde têm a<br />
permissão de Deus, não falharão em atormentar aqueles que eles não<br />
podem destruir; em despedaçar aqueles que estão vindo para Cristo.<br />
É também notável que existe uma Escritura clara; precedente a todo<br />
sintoma, que ultimamente tem surgido, de maneira que não podemos<br />
admitir que se trate de loucura a convicção atendida por esses, sem<br />
desistir tanto da razão, quanto das Escrituras.<br />
Ele garante, mais adiante, que "os toques de extravagância,<br />
beirando a loucura", podem, algumas vezes, atender convicções<br />
severas, e que isto pode ser facilmente considerado pelas leis<br />
presentes de nossa estrutura física. Portanto, ele conclui: "não é<br />
188
estranho que alguns, enquanto sob fortes impressões de aflição ou<br />
temor, da consciência da ira de Deus, possam, por um período,<br />
esquecer quase todas as outras coisas, e dificilmente serem capazes<br />
de responder a uma questão comum; que alguns possam imaginar que<br />
eles vêm estranhas visões, ou que outros possam ser atirados dentro<br />
de grandes temores. Mas todos esses efeitos desaparecem, de repente,<br />
quando quer que a pessoa convencida prove do amor perdoador de<br />
Deus".<br />
Várias opiniões foram, então, e têm sido assim levadas em<br />
consideração, não quanto à boa credibilidade de <strong>Wesley</strong>, em seus<br />
relatos desses fenômenos singulares; isto nunca foi questionado – não<br />
quanto à realidade da ocorrência deles; nem quanto às mudanças<br />
forjadas no caráter e vidas de muitas "vítimas" dessas estranhas<br />
experiências. Mas as opiniões têm diferido quanto à exata natureza e<br />
causa principal. Southey [Robert – poeta -1774-1843] os ataca com<br />
muita severidade. Ele é questionado por Watson, e pelo editor de uma<br />
edição de sua própria obra. Charles <strong>Wesley</strong> foi importunado por elas,<br />
embora tenham, ocorrido, algumas vezes, sob sua própria pregação; e<br />
ele, até mesmo, esforçou-se para impedi-las, dando instruções, a um<br />
serviçal que, se alguns fossem assim afetados, que eles fossem<br />
carregados para fora, e ele relata que, naquela ocasião, os carregadores<br />
não foram perturbados!<br />
Não é completamente surpresa que esses efeitos se seguiriam,<br />
até mesmo, se nós colocarmos de lado qualquer referência à atuação<br />
sobre-humana. Como foi mostrado acima, o próprio <strong>Wesley</strong><br />
reconheceu completamente as obras comuns das leis da natureza<br />
humana, físicas e mentais. É razoável perguntar, se não existiram<br />
causas naturais suficientes para esclarecê-las mais amplamente.<br />
Vamos lembrar que havia uma apatia religiosa geral, e, até mesmo,<br />
uma profunda e abundante pecaminosidade, em quase todas as partes<br />
da terra, e que a pregação de <strong>Wesley</strong> foi de um caráter peculiarmente<br />
efetivo. Se ele necessitava do dramático caráter pitoresco de<br />
Whitefield, seu estilo era singularmente claro, vívido, e incisivo.<br />
Ninguém poderia interpretá-lo mal. Ele denunciou o pecado em<br />
189
termos inteiramente livres de ambigüidade. Ele apelava, com<br />
penetrante intimidade, às consciências de seus ouvintes, na larga<br />
proporção da sua inevitável responsabilidade de auto-condenação; de<br />
maneira que, sob sua pregação, homens e mulheres, eram<br />
profundamente convencidos da pecaminosidade pessoal. Nem ele<br />
escondia as terríveis conseqüências de um mau procedimento, que<br />
para ele, era uma certeza terrível. Se ele não descrevia um inferno de<br />
tormentos, ele proclamava um. Não havia o que ocultar deste terrível<br />
assunto, na perplexidade de uma linguagem indefinida, mas uma<br />
afirmação, sem hesitação dela, em termos bíblicos calmos, simples,<br />
uniformes. Porque nos auto-condenados não havia esperança de<br />
isenção. As punições do pecado permaneciam diante deles claramente<br />
reveladas. Eles não buscariam coisa alguma, a não ser julgamento, e<br />
uma ardente indignação que devoraria os adversários. Em uma<br />
consciência culpada, auto-condenada, o medo da vingança inevitável<br />
produziria medo e terror esmagador.<br />
Mas uma outra categoria de emoções foi levada à cena. Com<br />
igual clareza, com igual confiança indubitável, e com um apelo terno,<br />
ele pregou para o aterrorizado, o amor Divino pela humanidade, e a<br />
suficiência de uma redenção divinamente providenciada para todos.<br />
Os homens poderiam não ouvir <strong>Wesley</strong> pregar, e, ainda assim,<br />
duvidariam, se Deus os amava e desejava a salvação deles; ou se ele<br />
havia aberto um caminho acessível para Si mesmo para todos. Em<br />
tons compassivos ele exclamava:<br />
"Venham todos do mundo, vem tu, pecador. Todas as coisas estão<br />
prontas agora em Cristo".<br />
A mesma mensagem era lida, pelo mais vil e pelo pior de<br />
todos, aqueles que estavam nos espasmos da angústia mais terrível.<br />
Em meio a tais revulsões de sentimento, até mesmo o forte autocontrole<br />
dificilmente preservaria um equilíbrio mental. A alegre<br />
esperança sucedendo o medo esmagador; as primeiras pulsações da fé<br />
que abria com algum grau de segurança para a possibilidade de uma<br />
salvação certa – tudo isto era suficiente para perturbar o equilíbrio das<br />
190
pessoas, por outro lado, calmas e auto-controladas. Não se pode<br />
questionar que algumas instâncias desses fenômenos compartilhavam<br />
com a natureza da histeria, hipocondria, condições de prostração física<br />
e exaltação mental, com falta de controle mental e físico, produzidos<br />
por uma severa, e freqüentemente prolongada tensão nervosa, ou por<br />
um forte excitamento emocional. A esta causa pode ser atribuída a<br />
risada incontrolável, que <strong>Wesley</strong>, mais tarde, registra, e do qual tanto<br />
ele quanto seu irmão Charles, em uma ocasião anterior, pelo menos,<br />
tornaram-se vítimas sem querer. Essas condições são de um caráter<br />
mais contagioso; o próprio ato de uma pessoa sendo sugestão para<br />
outra. Que eles eram produzidos diretamente por intervenção<br />
sobrenatural não está completamente claro. <strong>Wesley</strong> acreditou que<br />
poderiam surgir tanto de causas divinas quanto diabólicas; como<br />
sinais de uma fonte, ou os obstáculos, designados a lançar descrédito<br />
sobre toda a obra, de outra. Seu irmão Samuel se referiu a elas como<br />
totalmente do diabo. Mas certamente se pode dizer que se tais<br />
perturbações mentais e físicas não são totalmente suficientes para<br />
responder por esses fenômenos, elas certamente fornece condições<br />
aceitáveis para sua ocorrência.<br />
Com vistas à acomodação das sociedades em Bristol, foi<br />
decidido construir uma grande sala, suficiente para o uso delas, e para<br />
aqueles que estivessem dispostos a atenderem quando as Escrituras<br />
fossem expostas. A primeira pedra da construção foi colocada no<br />
sábado, 12 de Maio de 1739, "com a voz de louvor e ação de graças".<br />
A sala da Nova Sala, como <strong>Wesley</strong> a chamou até o fim de seus<br />
dias – foi, de certa forma, construída muito rapidamente e, talvez, a<br />
preço muito baixo; como resultado, por volta de 1748, ela se tornou<br />
tão precária, a quase necessitar de uma inteira reconstrução. A<br />
oportunidade de ampliá-la, e de assegurar a bem conhecida entrada<br />
para a Broadmead, foi aproveitada grandemente. A original<br />
extremidade da Feira de cavalos, com o "pátio" e uma das "aléias",<br />
subseqüentemente mencionados, ainda permanecem, muito pouco<br />
mudados, se, afinal, embora em uma condição tristemente dilapidada.<br />
Como será visto, os arranjos monetários para atender o custo da<br />
191
econstrução tiveram as mais frutíferas emissões no sistema financeiro<br />
da Igreja Metodista. Este foi o primeiro exemplo da construção de<br />
algum edifício para o uso das Sociedades Metodistas; e, como era de<br />
se esperar, originou vários comentários em meio aos amigos de<br />
<strong>Wesley</strong>.<br />
A princípio, <strong>Wesley</strong> não tinha expectativa ou objetivo algum<br />
de estar pessoalmente envolvido, quer na despesa, ou na direção desta<br />
obra, tendo apontado onze feudatários em quem, ele supôs, esses<br />
encargos cairiam. Mas rapidamente descobriu seu equívoco. Ele se<br />
certificou de que era obrigado a tomar para si o pagamento dos<br />
operários, de maneira que, antes que ele estivesse bem consciente<br />
disto, contraiu um débito de 150 libras. Whitefield e outros de seus<br />
amigos em Londres declinaram restituir alguma ajuda que fosse,<br />
exceto se os feudatários fossem desobrigados, uma vez que, de acordo<br />
com a Escritura existente, eles teriam todo o poder de controle do uso<br />
da construção e até mesmo negar seu uso ao próprio <strong>Wesley</strong>. Com o<br />
consentimento deles, portanto, a Escritura foi cancelada, e <strong>Wesley</strong><br />
tomou todo o encargo da questão sobre seus próprios ombros.<br />
<strong>Wesley</strong> combinou pregar, dentro e nos arredores de Bristol,<br />
para multidões atentas e despertas. Em Bath – "Em uma campina, de<br />
um lado de uma colina, perto da cidade", mostrada nos mapas<br />
modernos como "Barton Fields", agora cobertas com os edifícios da<br />
Gay Street, e o Circus – ele pregou para cerca de mil pessoas,<br />
"diversas criaturas finas e alegres, em meio deles"; em Rose Green ---<br />
"o primeiro púlpito em campo aberto" de Whitefield, havia pilhas de<br />
refugos das minas de carvão, que dava a ele elevação para a mais larga<br />
congregação que ele tinha tido lá: mais de dez mil almas; na King's.<br />
Weston-Hill, quatro ou cinco milhas da Bristol daqueles dias, onde<br />
dois cavalheiros, em atitude de escárnio zombou de muitas pessoas<br />
das vilas vizinhas, <strong>Wesley</strong> proclamou a grande verdade do Dia da<br />
Ascensão.<br />
Na manhã do domingo seguinte, ele pregou para seis mil<br />
pessoas; então, em Hanham, e novamente à tarde, em Rose Green para<br />
192
oito ou nove mil; e à noite, ele se encontrou na parte externa da sala da<br />
nova Sociedade. No dia seguinte, ele foi sinceramente advertido para<br />
não pregar nos arredores, à tarde, já que havia um acordo de diversas<br />
pessoas que ameaçavam com coisas terríveis. O rumor, no entanto,<br />
apenas trouxe muitos "dos melhores tipos de pessoas (chamados do<br />
Sul)", e acrescentou mais do que uma congregação comum, "mas<br />
ninguém zombou, ou interrompeu, ou abriu sua boca". Um rumor<br />
similar o alcançou em uma audiência mais larga em Bath, "em meio<br />
aos quais estavam muitos dos ricos e importantes". Ele diz:<br />
"Eu lhes disse claramente que as Escrituras os compreendia<br />
todos, debaixo do pecado; o mais importante e o menos importante; o<br />
rico e o pobre, um com o outro. Muitos deles não pareceram pouco<br />
surpresos, e foram mergulhando, em passos largos, na seriedade,<br />
quando o campeão deles apareceu – o famoso Beau Nash, o líder e<br />
juiz da vida e costume de Bath – que se aproximando de mim,<br />
perguntou: 'Com que autoridade eu fazia essas coisas?' – Eu<br />
repliquei: 'Pela autoridade de Jesus Cristo, transmitida a mim pelo<br />
(agora) Arcebispo de Canterbury, quando ele impôs as mãos sobre<br />
mim e disse: 'Tu tens autoridade para pregar o Evangelho'. Ele disse:<br />
'Isto é contrário ao Ato do Parlamento. Isto é uma Coventículo'<br />
[reunião secreta]".<br />
"Eu respondi: 'Senhor, os Conventículos mencionados naquele<br />
Ato (como o preâmbulo mostra) são encontros sediciosos. Mas este<br />
não é assiml. Aqui não existe sombra de sedição. Portanto, não é<br />
contrário àquele Ato. Ele replicou: 'Eu digo que é. E, além disto, sua<br />
pregação aterroriza as pessoas'. 'Senhor, você alguma vez já me<br />
ouviu pregar'. 'Não'. 'Como você pode julgar o que nunca ouviu?'.<br />
'Senhor, eu o faço pelo relato comum'. 'Um relato comum não é<br />
suficiente. Permita-me, senhor, perguntar: seu nome não é Nash?'.<br />
'Meu nome é Nash'. 'Senhor, eu não me atrevo a julgá-lo pelo relato<br />
comum. Eu penso que não seria suficiente julgar desta forma'. Aqui<br />
ele pausou por um momento, e tendo revelado a si mesmo, perguntou:<br />
'Eu gostaria de saber o que essas pessoas vêm fazer aqui'. Alguém<br />
respondeu: 'Senhor, deixo-o comigo. Deixe que uma senhora<br />
193
esponda a ele. Você, Sr. Nash, cuida de seu corpo. Nós cuidamos de<br />
nossas almas, e é pelo alimento de nossas almas que estamos aqui'.<br />
Ele nada disse, e foi embora".<br />
Naquela ocasião, <strong>Wesley</strong> foi levado a pensar muito sobre o<br />
caráter incomum de seu ministério, e a considerar as objeções que<br />
eram levantadas contra ele. Depois de muita oração, ele determinou<br />
aderir aos seguintes princípios. Quanto ao passado, ele declara que<br />
agiu do desejo de ser um cristão (porque ele não admitia ter sido um<br />
no sentido mais completo), e da convicção de que, o que quer que ele<br />
julgue condutivo para isto, ele era compelido a fazer; e quando quer<br />
que ele julgue fosse a melhor resposta a esta finalidade, para lá era sua<br />
obrigação de ir. "Sob esses princípios", ele diz, "eu parti para a<br />
América; eu visitei a Igreja Moravia, e sob este mesmo princípio, eu<br />
estou pronto agora (Deus sendo meu Ajudador) para ir para<br />
Abissínia, ou China, ou até onde agrade a Deus, através desta<br />
convicção, me chamar". Quanto a se estabelecer no colégio, ele objeta<br />
que ele não tinha trabalho lá, tendo agora nenhum ofício e nenhum<br />
aluno; e quanto a aceitar a cura de almas, haveria tempo suficiente<br />
para considerar isto, quando tal situação se oferecesse a ele. Mas se<br />
perguntado como, sob princípios Católicos, ele justificaria a<br />
assembléia dos cristãos, que não eram de sua responsabilidade, cantar<br />
salmos, e orar, e ouvir as Escrituras expostas, ele replica:<br />
"Se por 'Princípios Católicos [Universais]', você quer dizer<br />
algum outro do que Bíblico, eles valem nada para mim. Eu não<br />
permito outra regra, quer de fé ou de prática, do que as Sagradas<br />
Escrituras. Mas quanto aos princípios bíblicos, eu não acho difícil<br />
justificar o que quer que eu faça. Deus, nas Escrituras, me ordena, de<br />
acordo com meu poder, instruir o ignorante, reformar o mau,<br />
confirmar o virtuoso. Os homens me proíbem de fazer isto em outras<br />
paróquias; ou seja, em efeito, de fazer isto, afinal, vendo que eu agora<br />
não tenho minha própria paróquia, nem provavelmente terei. A quem,<br />
então, eu devo ouvir? A Deus ou ao homem?".<br />
194
"Se for justo obedecer ao homem, preferivelmente que a Deus,<br />
julgue você. A dispensação do Evangelho é confiada a mim, e ai de<br />
mim, se eu não pregá-lo. Mas onde eu deveria pregá-lo, sobre os<br />
princípios que você menciona? Por que não, na Europa, Ásia, África,<br />
ou América: não em alguma das partes cristãs da terra habitada?<br />
Porque todas essas estão, de certa forma, divididas em Paróquias. Se<br />
me for dito: 'Volte, então, para os pagãos [referindo-se aos índios na<br />
América] de onde você veio'. Não. Eu não poderia agora, pregar, sob<br />
esses princípios, a eles. Porque todos os pagãos na Geórgia<br />
pertencem á paróquia tanta de Savana quanto de Frederica".<br />
Ao escrever ao seu irmão Charles sobre os assuntos em Junho<br />
deste ano, ele diz:<br />
"O homem me manda não fazer isto na paróquia de outro; ou<br />
seja, em efeito, não fazer isto, afinal. Se for justo obedecer ao homem,<br />
preferivelmente do que a Deus, julgue você. 'Mas' (dizem eles), 'é<br />
justo que você se submeta a toda ordenança do homem por amor a<br />
Deus'. Verdade; a toda ordenança do homem, que não seja contrária<br />
ao mandamento de Deus. Mas, se algum homem (bispo ou qualquer<br />
outro) ordenar que eu não faça o que Deus me ordenou fazer,<br />
submeter-me a esta ordenança seria obedecer ao homem,<br />
preferivelmente do que a Deus. E para fazer isto, eu tenho tanto um<br />
chamado comum, quanto um extraordinário. Meu chamado comum é<br />
minha ordenação pelo Bispo: 'Tens autoridade para pregar a Palavra<br />
de Deus'. Meu chamado extraordinário é testemunhado pelas obras<br />
que Deus realiza, através de meu ministério; o que prova que Ele<br />
está comigo, como a verdade neste exercício de meu ofício. Talvez,<br />
isto fosse melhor expressado de outra maneira: Deus testemunha, de<br />
uma maneira extraordinária, que o fato de eu exercitar assim o meu<br />
chamado comum, é bem agradável aos Seus olhos". E ele encerra com<br />
as resolutas Palavras: "Deus sendo meu Ajudador, eu o obedecerei, e<br />
ainda que eu sofra por isto, Sua vontade será feita".<br />
"Permita-me agora lhe dizer meus princípios neste assunto. Eu<br />
vejo o mundo todo como minha paróquia; até aqui, eu quero dizer,<br />
195
que em qualquer parte dele que eu esteja, eu julgo adequado, correto,<br />
e meu dever sagrado, declarar a todos que estejam dispostos a ouvir<br />
as boas novas da salvação. Esta é a obra que eu sei Deus me chamou<br />
a fazer. E certo estou de que suas bênçãos a atendem. Grande<br />
encorajamento eu tenho, portanto, para ser fiel, no cumprimento da<br />
obra que Ele me incumbiu. Seu servo, eu sou, e como tal, empregado,<br />
de acordo com a clara direção de Sua Palavra, a quando tiver<br />
oportunidade, para fazer o bem a todos os homens. E Sua providência<br />
claramente concorda com sua palavra; o que me desobriga de todas<br />
as coisas mais, de maneira que eu poderia simplesmente atender esta<br />
mesma coisa, e trabalhar fazendo o bem".<br />
As próprias palavras de <strong>Wesley</strong> são a melhor exposição da<br />
frase notável que ele aqui explica, que compreende seu compromisso<br />
de pregar o evangelho, e pregá-lo a todos; e isto, em qualquer parte do<br />
mundo, em que ele estivesse. Ele não se apoderou da prerrogativa do<br />
homem, através disto. Ele sempre reconheceu as reivindicações do<br />
clero paroquial, e onde quer que ele fosse, ele preferia pregar na igreja<br />
a pregar em qualquer outro lugar. Pregar ele devia; ele sentia que fora<br />
chamado por Deus para isto; e ele sentia que seu chamado era<br />
encontrar uma necessidade que não fosse satisfeita pelo clero<br />
paroquial ou o sistema paroquial. Essas palavras adotadas logo<br />
encontrou seu eco em outra forma de expressão significante, que<br />
afirma uma convicção que parece ainda brotar nele, de que o propósito<br />
para o qual os Metodistas foram levantados, dos quais ele era o<br />
representante, era para "reformar a nação, especialmente a Igreja, e<br />
espalhar a santidade bíblica por toda a terra".<br />
Por ocasião da inauguração do memorial na Abadia de<br />
Westminster, o falecido deão Stanley chamou a atenção para a<br />
escultura que mostra <strong>Wesley</strong> pregando no pátio em Epworth, e ele<br />
disse: "Ele se posicionou na tumba de seu pai – sobre as tradições<br />
veneráveis e ancestrais do país e da Igreja. Este foi o lugar, de onde<br />
ele discursou para o mundo". A frase escolhida está esculpida sob o<br />
cenário.<br />
196
Ao receber uma carta urgente para se apressar para Londres,<br />
uma vez que os irmãos em Fetter Lane estavam em grande confusão,<br />
pela falta de sua presença e conselho, ele recomendou seu rebanho em<br />
Bristol à graça de Deus, em quem eles criam, fazendo uma reflexão<br />
esperançosa: "Certamente, Deus tem uma obra a realizar neste lugar.<br />
Eu não encontrei tal amor, nem na Inglaterra. Nem tal inocência,<br />
inexperiência, um temperamento receptivo ao ensino como Ele deu a<br />
este povo".<br />
Chegando em Londres, na quarta-feira, dia 13 de Junho, ele<br />
recebeu a Comunhão em Islington, à tarde, visitou sua mãe, e às seis<br />
horas, exortou as mulheres em Fetter Lane, sabendo como elas haviam<br />
sido ultimamente estremecidas, não para crer em todo espírito, mas<br />
para provar os espíritos, se eles eram de Deus. Às oito horas, ele<br />
encontrou os irmãos, quando muitos dos desentendimentos e ofensas<br />
que tinham se arrastado em meio a eles, foram removidos, e a<br />
camaradagem fora novamente, em uma boa medida, renovada.<br />
No dia seguinte, ele foi com seu amigo Whitefield para<br />
Blackheath, onde doze ou quatorze mil pessoas estavam reunidas.<br />
Whitefield surpreendeu-o pedindo a ele para pregar, o que ele fez,<br />
"embora com a natureza recuada", sobre seu assunto favorito, "Jesus<br />
Cristo, a quem Deus fez junto a nós sabedoria, retidão, santificação e<br />
redenção". Em outra ocasião, ele pregou às sete da manhã, em Upper<br />
Moorfields, para seis ou sete mil pessoas, e, às cinco horas para cerca<br />
de quinze mil.<br />
Uma semana foi gasta para ajustar os incidentes das<br />
sociedades, de um lado a outro de Londres. Isto lhe trouxe<br />
preocupação e grande tristeza. Na tarde de 15 de Junho, ele foi para a<br />
sociedade em Wapping, "cansado no corpo e abatido no espírito". A<br />
Sociedade de Fetter Lane, mais tarde, se encontrou para se<br />
humilharem diante de Deus. "Naquela hora", ele diz, "nos<br />
certificamos que Deus está conosco, como no princípio. Alguns<br />
caíram prostrados ao chão. Outros irromperam, como em um<br />
consenso, em louvores e ação de graças. E muitos abertamente<br />
197
testificaram que não houve tal dia como este, desde o primeiro de<br />
Janeiro precedente". No dia seguinte, ele pregou às sete horas, em<br />
Moorfields, para seis ou sete mil pessoas, e às cinco horas em<br />
Kennington Common para cerca de quinze mil, além de atender aos<br />
serviços públicos e encontros da Sociedade.<br />
Cenários similares a esses, testemunhados em Bristol, foram<br />
repetidos em Londres. <strong>Wesley</strong> diz: "Enquanto eu estava sinceramente<br />
convidando todos os pecadores a entrarem no mais santo, através do<br />
novo e vívido caminho, muitos dos que ouviram começaram a clamar<br />
por Deus com fortes gritos e lágrimas. Alguns caíram ao chão, e lá<br />
permaneceram, sem forças; outros tremeram e estremeceram<br />
excessivamente; alguns foram acometidos com uma espécie de<br />
movimento convulsivo, em todas as partes de seus corpos, e tão<br />
violentamente, que freqüentemente quatro ou cinco pessoas não<br />
podiam segurá-los. Eu tenho visto muitos ataques histéricos e<br />
epiléticos; mas nenhum deles era como esses, em muitos aspectos. Eu<br />
imediatamente orei a Deus, para que não permitisse que esses que<br />
estavam fracos fossem ofendidos. Mas uma mulher foi ofendida<br />
grandemente, certa de que 'eles ajudariam, se quisessem', e ninguém<br />
pôde persuadi-la do contrário; quando alcançou três ou quatro<br />
jardas, ela também tombou, em agonia tão violenta quanto os<br />
demais". Vinte e seis daqueles que tinham sido afetados desta forma<br />
(a maioria durante as orações que foram feitas para eles, foi, no<br />
mesmo instante, preenchida com a paz e alegria), prometeram visitá-lo<br />
no dia seguinte. Mas apenas dezoito deles vieram; ao conversar mais<br />
reservadamente com eles, ele teve razões para acreditar que alguns<br />
foram para suas casas, justificados. O restante pareceu pacientemente<br />
esperar por isto.<br />
Na segunda-feira, dia 18 de Junho, ele deixou Londres, cedo, e<br />
pregou em Bristol, na noite seguinte, para uma numerosa<br />
congregação. Howel Harris visitou-o mais tarde, e lhe disse que ele<br />
havia sido muito despersuadido de ouvi-lo e vê-lo, por muitos que<br />
disseram toda sorte de mal sobre ele; mas acrescentou: "tão logo eu o<br />
ouvi pregar, eu rapidamente me certifiquei de que espírito você era. E<br />
198
antes que tivesse terminado, eu estava tão dominado pela alegria e<br />
amor, que eu tive dificuldades de ir para casa".<br />
Ele conclui que, no breve oito dias de sua ausência, as disputas<br />
haviam se arrastado dentro da pequena sociedade. No dia seguinte, ele<br />
lhes mostrou, no entanto, que tipo de pessoas eles eram, pregando<br />
duas vezes, "Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos<br />
cirandar como trigo" (Lucas 22:31). E ele fora capacitado a registrar:<br />
"Quando nos encontramos à noite, em vez de avivarmos a disputa,<br />
todos nós nos dirigimos em oração. Nosso Senhor esteve conosco.<br />
Nossas divisões foram curadas. Desentendimentos eliminados, e todos<br />
os nossos corações estavam docemente contraídos, e unidos como no<br />
princípio". Ao visitar alguém que, até então, prosseguira bem, até ser<br />
impedido por alguns dos chamados profetas franceses, ele respondeu:<br />
"Não; este lugar é tomado pelos alemães".<br />
Na sexta-feira, dia 18 de Julho, <strong>Wesley</strong> diz: "Poucos de nós<br />
reunimo-nos com minha mãe no grande sacrifício de ação de graças,<br />
e, então, consultamos como proceder com respeito ao nosso pobre<br />
irmão em Fetter Lane. Lady Huntingdom também estava presente.<br />
Todos constatamos que a coisa seguia para uma crise, e, portanto,<br />
concordou-se unanimemente com o que fazer". Assim sendo, no<br />
domingo seguinte, ele foi, à noite na festa do amor em Fetter Lane; em<br />
seu término, ele leu um documento, com o seguinte propósito:<br />
"Por volta de nove meses atrás, alguns de vocês começaram a<br />
falar de maneira contrária à doutrina que nós temos, até então,<br />
recebido; a somatória de que vocês afirmaram é esta":<br />
(1) Que não existe tal coisa como fé fraca; que não existe<br />
justificação pela fé, onde existe alguma dúvida ou temor,<br />
ou onde não existe, em um sentido completo, um novo e<br />
limpo coração.<br />
(2) Que um homem não deve usar daquelas ordenanças de<br />
Deus, que nossa Igreja denomina meios da graça, antes<br />
199
que tal fé exclua toda dúvida e medo, e implique em um<br />
coração novo e limpo.<br />
"Vocês freqüentemente afirmaram que o buscar as Escrituras,<br />
orar, ou comungar, antes que tivessem tal fé, é buscar salvação pelas<br />
obras, e que até que essas obras sejam colocadas de lado, nenhum<br />
homem pode receber a fé".<br />
"Eu acredito que essas afirmações sejam diretamente<br />
contrárias à Palavra de Deus. Eu os adverti disto, diversas vezes, e<br />
imploro que voltem para a Lei e o Testemunho. Eu tenho<br />
testemunhado com vocês, há muito tempo, esperando que vocês se<br />
transformassem. Mas como eu encontrei vocês, mais e mais,<br />
confirmados no erro de seus caminhos, nada agora resta, a não seu<br />
eu entregá-los a Deus. Vocês que são do mesmo juízo, 'sigam-me'".<br />
Ele acrescenta: "Eu, então, sem dizer coisa alguma mais, sai,<br />
como fizeram dezoito ou dezenove da Sociedade". Lady Huntingdon e<br />
o amigo de Charles <strong>Wesley</strong>, sr. Seward, estavam na companhia.<br />
No dia seguinte, 23 de Julho, a pequena companhia de<br />
dissidentes se encontrou na Fundição, em vez de Fetter Lane. A eles<br />
se juntaram cerca de vinte e cinco membros da própria pequena<br />
Sociedade Metodista de <strong>Wesley</strong>, "todos que pensavam e falavam a<br />
mesma linguagema", juntamente com quarenta e sete ou oito das<br />
cinqüenta mulheres que havia nas sociedades [Band].<br />
Assim a associação de <strong>Wesley</strong> com os Morávios se encerrou;<br />
as pessoas pelas quais ele tinha nutrido a mais viva afeição; às quais<br />
ele sempre reconheceu sua profunda dívida, e com os quais, se a<br />
simplicidade da vida cristã, espírito e doutrina de seus primeiros<br />
associados tivessem permanecido intocáveis, pelos falsos<br />
ensinamentos místicos, ele alegremente teria continuado em<br />
camaradagem até o fim de seus dias.<br />
200
É certo dizer que <strong>Wesley</strong> desculpou inteiramente a Igreja<br />
Morávia da responsabilidade de abraçar as doutrinas "ainda”. Ele diz:<br />
"Esta doutrina, desde o começo até hoje, tem sido ensinada, como<br />
sendo a doutrina da Igreja Morávia. Eu penso, portanto, que seja meu<br />
dever sagrado esclarecer os Morávios desta difamação, porque eu,<br />
talvez, seja a única pessoa agora na Inglaterra que tanto pode e fará<br />
isto". Ele atribuiu o ensino a "certos homens que se infiltraram no<br />
meio deles, por descuido, por volta de Setembro de 1739, quando ele<br />
e seu irmão estavam ausentes". Não foi a Igreja Morávia que<br />
defendeu esses pareceres, mas certos membros líderes e oficiais dela --<br />
Molther, Spangenberg, Bray, e outros.<br />
Tyerman, como temos visto, erra plenamente, ao nomear esta<br />
como a data da fundação da Sociedade Metodista. Ela simplesmente<br />
marca o momento da separação de <strong>Wesley</strong> de Fetter Lane, que, então,<br />
tornou-se totalmente Morávia, e tem continuado assim até hoje. Fetter<br />
Lane é agora o centro da província Britânica da honorífica Igreja<br />
Morávia, ou a Igreja dos Irmãos Unidos, cuja divulgação das<br />
atividades cristãs, pureza de doutrina, fervor ao zelo missionário, e<br />
nobre e heróico sacrifício são a admiração de todas as igrejas<br />
evangélicas.<br />
A separação de <strong>Wesley</strong> dos Morávios marca uma época em sua<br />
carreira. Até aqui, desde sua primeira associação com eles, em sua<br />
viagem exterior à Geórgia, ele fora conduzido por eles, submetendose,<br />
com uma simplicidade pueril, ao controle do que ele julgou ser a<br />
sabedoria mais perfeita deles nos assuntos espirituais. A quarta seção<br />
de seu Diário de Novembro de 1739 a Setembro de 1741, que inclui o<br />
relato da separação, ele não publica até 1744. No prefácio, que é<br />
dedicado à "Igreja Morávia, mais especialmente aquela parte dela<br />
agora ou ultimamente residindo na Inglaterra", ele registra que ele<br />
demorou na sua publicação, porque ele os amava, e porque ele estava<br />
temeroso de criar um outro obstáculo àquela união que (se ele<br />
conhecia alguma coisa de seu próprio coração) ele desejava acima de<br />
todas as coisas debaixo do céu. Ele se sentiu, no entanto, por fim,<br />
compelido a falar de seus sentimentos concernentes a eles.<br />
201
Enquanto ele sentia que ele devia, em relatos graves, manter<br />
sua independência dos Morávios, ele, não obstante, cultivava um<br />
longo desejo de renovar sua camaradagem com eles. Depois de<br />
encontrar Peter Böhler novamente algum tempo depois, subseqüente à<br />
separação, <strong>Wesley</strong> escreveu "Eu me admiro de como eu me contenho<br />
de me reunir com eles. Eu dificilmente vejo algum deles, sem que meu<br />
coração queime dentro de mim. Eu gostaria de estar com eles; ainda<br />
assim, eu me mantenho longe". Southey, a quem o próprio Alexander<br />
Knox — pessoalmente apresentou a <strong>Wesley</strong> – mais tarde, convencido<br />
de seu equivoco, erra em atribuir a ambição, da parte de <strong>Wesley</strong>, como<br />
a principal razão pelo qual ele não pode mais trabalhar<br />
harmoniosamente com os Morávios. <strong>Wesley</strong> escreveu muito tempo<br />
depois: "Não pode haver um erro maior do que este, o de que<br />
eu, alguma vez, cedi, ou de que eu o faça assim agora. Não houve um<br />
dia, durante esses sete anos passados, em que minha alma não<br />
almejou a união"; e ele declara que "embora o corpo da Igreja<br />
Morávia esteja equivocado, alguns deles são, em sua maior parte, de<br />
todos que eu tenho visto, os melhores cristãos no mundo".<br />
<strong>Wesley</strong>, agora, separado dos Morávios, dali por diante,<br />
permaneceria sozinho, atirado às suas próprias iniciativas, em todos os<br />
seus futuros movimentos. Quaisquer vantagens que ele pudesse ter<br />
ganhado dessa associação com eles foi sacrificada; mas ele se<br />
desprendeu dos limites que o teriam restringido, na grande obra para a<br />
qual ele foi destinado, e estava livre das controvérsias turbulentas que,<br />
por algum tempo oprimira tão pesadamente seu espírito, e o impedira<br />
em suas tarefas.<br />
A nova era inaugurava-se com um registro alegre: "Na Igreja<br />
de St. Luke [Old Street, City Road], nossa paróquia", ele diz, "teve tal<br />
sinal, que eu acredito nunca tinha sido visto antes; centenas de<br />
comungantes, alguém poderia julgar, pelos seus próprios rostos, que,<br />
de fato, teriam visto a Ele crucificado". Os frutos de seu trabalho, e<br />
daquele de seu irmão não estavam todos reunidos dentro da própria<br />
sociedade deles, nem eram encontrados em meio aos Morávios. Eles<br />
202
eram também visto nas várias sociedades religiosas, onde os irmãos<br />
ainda freqüentemente expunham, e em diferentes paróquias de<br />
Londres.<br />
Os ataques que foram feitos, com respeito aos pecados das<br />
pessoas não foram desacompanhados de dificuldade. Oposição de<br />
várias formas estava agora começando a se manifestar. Em Long<br />
Lane, muitos causaram turbulência, e propuseram que uma vil mulher<br />
desse início a ela. No momento em que ela irrompeu, <strong>Wesley</strong> disse:<br />
"Eu me virei para ela, e declarei o amor de nosso Senhor para sua<br />
alma. Nós, então, oramos para que Ele confirmasse a palavra de Sua<br />
graça. Ela teve seu coração quebrantado, e envergonhou-se. Dela, eu<br />
me virei para o restante, que se dissolveu como água, e era como<br />
homens sem força".<br />
Ele sinceramente advertiu a todos que haviam testado da graça<br />
de Deus, "a não pensarem que eles estavam justificados, antes que<br />
tivessem uma clara segurança de que Deus havia perdoado seus<br />
pecados, trazendo com isto, a paz, e o amor a Deus, e domínio sobre o<br />
pecado. E, então, a não pensarem coisa alguma sobre si mesmos, mas<br />
seguirem adiante, até serem totalmente renovados na retidão e<br />
santidade verdadeira". Esses eram dois temas centrais em todos os<br />
seus ensinamentos.<br />
Quarenta ou cinqüenta daqueles que buscavam salvação<br />
pediram permissão para passarem a noite, juntos, na sala da Sociedade<br />
na Fundição, em oração e dando graças. Antes das dez horas, ele os<br />
deixou e deitou-se, mas não adormeceu. Entre duas ou três da manhã,<br />
ele estava acordado e suplicava ao descer para a parte inferior, onde<br />
gritos altos e amargos eram ouvidos, e que aumentavam, à medida que<br />
ele entrava na sala e começava a orar. Mas, em pouco tempo, "Deus<br />
ouviu, de Seu santo lugar". A tristeza e o lamento desapareceram, e<br />
foram substituídos por canções de louvor. Seu trabalho naquele tempo<br />
era muito grande, com suas numerosas visitas aos doentes, ou ao<br />
pesaroso; sua assídua atenção às sociedades; e seus freqüentes<br />
203
serviços públicos. Mas, felizmente, as disputas estavam no fim, pelo<br />
menos, por um tempo, e a obra era apenas uma alegria.<br />
Domingo, no Outubro seguinte, em seu retorno de casa, de seu<br />
serviço vespertino, em Kennington, uma turba estava reunida em volta<br />
da porta da Fundição, e ele nem havia descido da carruagem, quando<br />
eles o cercaram completamente. Ele imediatamente começou a falar<br />
com aqueles que estavam mais perto dele, da retidão e julgamento<br />
vindouro. A princípio não muitos ouviram, com o barulho<br />
aumentando; mas gradualmente o silêncio se espalhou, mais e mais<br />
além, até que ele teve uma quieta e atenta congregação; e, quando ele<br />
os deixou, eles todos mostraram a ele muito amor, e se despediram<br />
dele com uma bênção. Dois dias depois, muitos mais, vindo em meio<br />
às pessoas, "como leões, em pouco tempo, tornaram-se como<br />
cordeiros; as lágrimas escorrendo por suas faces, que a princípio<br />
contradiziam e blasfemavam em alta voz". Dois dias mais tarde, uma<br />
cena similar ocorreu. Enquanto ele estava lendo um capítulo de Atos,<br />
um grande número de homens atravessou no meio da sala, e começou<br />
a falar "muitas palavras inflamadas", de maneira que sua voz<br />
dificilmente podia ser ouvida. "Mas", ele diz, "imediatamente depois,<br />
o martelo da Palavra quebrou a rocha em pedaços: todos ouviram<br />
quietamente as boas novas da salvação, e, alguns, eu confio, não o<br />
fizeram em vão".<br />
Como era quase impossível para ele assegurar um isolamento,<br />
em Londres, ele foi para a casa de seu amigo Piers, em Bexley, onde<br />
de manhã e à tarde, ele expôs o Sermão do Monte, e teve tempo livre<br />
durante o resto do dia para ocupações de outro tipo. Ele, mais tarde,<br />
incorporou seu ensino sobre o Sermão do Monte, em treze discursos,<br />
que estão incluídos em seus recentes volumes de sermões. Eles são,<br />
talvez, os mais belos exemplos do ensino ético, que ele, alguma vez,<br />
redigiu, e são as melhores respostas à acusação de que o Metodismo<br />
não tem mensagem ética.<br />
Ao voltar para sua casa, à tarde, no enceramento de um<br />
cansativo trabalho de Sabbath, ele novamente se encontrou com "uma<br />
204
inumerável turba", em volta da porta, que abriu sua garganta, no<br />
momento que o viu. Pedindo aos amigos que vieram com ele que<br />
entrassem em casa, ele caminhou em direção ao povo, proclamando o<br />
nome do Senhor, gracioso e misericordioso, e que eles se<br />
arrependessem do mal. Eles se entreolharam. Ele continuou a falar, e,<br />
então, os exortou a se juntarem em oração. A isto, eles concordaram, e<br />
ele mais tarde, seguiu sem ser perturbado para a companhia que o<br />
esperava dentro da sala.<br />
Dois dias mais tarde, enquanto ele estava pregando, um jovem<br />
entrou correndo com outros, praguejando e amaldiçoando<br />
veementemente, e assim perturbou todos perto dele, que o colocaram<br />
para fora. <strong>Wesley</strong>, observando isto, os chamou, para que deixassem o<br />
jovem entrar. No encerramento do sermão, o intruso declarou, diante<br />
de todos, que ele era um contrabandista, então, indo para seu trabalho<br />
pecaminoso. Mas que ele agora resolveu aceitar o Senhor como seu<br />
Deus, e não mais seguir aquelas práticas execráveis.<br />
No outro domingo, enquanto <strong>Wesley</strong> estava explicando a<br />
diferença entre ser chamado de cristão, e ser um, de fato, a loucura das<br />
pessoas foi dominada, de maneira que, em pouco tempo, elas estavam<br />
quietos e atentas, e permaneceram assim, até o fim. Uma outra vez,<br />
enquanto estava pregando, muitos se reuniram com o propósito de<br />
suplantaram sua voz; ele, então, "se dirigiu a eles, e lhes ofereceu<br />
livramento de seu terrível mestre". A Palavra que ele entregou,<br />
mergulhou profundo em seus corações e eles ficaram silenciosos.<br />
Um dos lugares de diversão pública, e de má fama, foi o<br />
Short's Gardens, em Drury Lane; para onde ele foi, e aos publicanos e<br />
pecadores reunidos, declarou que o Evangelho de Cristo é o poder de<br />
Deus, até mesmo para a salvação de tais ouvintes.<br />
No domingo seguinte, ele diz: "Enquanto eu reforçava aquela<br />
grande questão, com um olho para a ressurreição espiritual: 'Por que<br />
é que se julga entre vós incrível que Deus ressuscite os mortos?' [Atos<br />
26:8], muitos obstinados começaram a rugir novamente. Eu<br />
205
proclamei novamente a libertação dos cativos, e a profunda atenção<br />
deles mostrou que a Palavra enviada a eles não retornou vazia".<br />
Assim ele começou a duelar com a violência do rude, turbas<br />
desenfreadas, e conheceu seu poder para encontrá-los e silenciá-los.<br />
Este poder era notável, porque ele tinha uma estatura baixa, e esta era,<br />
como vimos, repetidas vezes, heroicamente exposta em dias<br />
subseqüentes, sob circunstâncias do mais grandioso perigo.<br />
O inverno de 1740-41, sendo usualmente severo, ele pediu<br />
roupas para aqueles que podiam se privar delas, distribuindo-as em<br />
meio aos numerosos pobres da Sociedade.<br />
Apressando-se para Bristol, sempre uma jornada de dois dias,<br />
para suprir o lugar de seu irmão, que tinha ido para Gales, em uma<br />
viagem de pregação, ele passou nove ou dez dias falando<br />
pessoalmente com tantos quanto pode, também visitando inúmeras<br />
pessoas doentes, muitas delas sofrendo de "febre com manchas"<br />
(provavelmente tifo, ou febre gaol [da cadeia], ou febre tifóide), que<br />
tinha sido extremamente fatal em meio às pessoas de Bristol.<br />
Em seu retorno a Londres, depois de uma ausência de quinze<br />
dias, ele encontrou muitas pessoas sem trabalho. Para ir ao encontro<br />
das necessidades delas, ele contratou um professor, e levando doze das<br />
mais necessitadas para dentro da Sociedade, ele as empregou por<br />
quatro meses, para cardar e fiar algodão; assim ocupou-as em trabalho<br />
útil, e as manteve, durante os frios meses de inverno, a um custo baixo<br />
sobre o produto de seus trabalhos.<br />
Muitos da Sociedade ficaram ofendidos uns com os outros. Ele<br />
trouxe os acusados e os acusadores, face a face, e no decurso da<br />
semana, a maioria das ofensas desapareceu.<br />
Os Diários mostram que <strong>Wesley</strong> tinha freqüente oportunidade<br />
de ajustar diferenças e exercer disciplina em meio aos membros de<br />
suas sociedades. Mas isto não será considerado surpreendente, nem<br />
206
será motivo para depreciar a realidade da obra do Reavivamento,<br />
quando se é lembrado em que condições degradantes de vida e moral a<br />
maioria deles tinha sido resgatada, e, em que curto período de tempo,<br />
eles estavam sujeitos a qualquer restrição e instrução religiosa; e,<br />
quando, além disto, é trazido em mente que seus ambientes diários<br />
eram os mais desfavoráveis para o cultivo da bondade.<br />
Muitos relatos desagradáveis, concernentes à Sociedade, em<br />
Kingswood, o alcançaram. Ele, portanto, deixou Londres; e, com<br />
considerável dificuldade, e algum perigo, por causa do muito gelo e<br />
das estradas mal feitas e mal preservadas, ele veio novamente para<br />
Bristol, onde seu irmão confirmou os dolorosos relatos. Ele foi,<br />
imediatamente, para Kingswood, na esperança de reparar as brechas<br />
que tinham sido feitas na Sociedade. Começou expondo o Sermão do<br />
Monte de nosso Senhor, nos serviços matutinos e vespertinos,<br />
trabalhando o dia todo para curar as desconfianças e mal entendidos<br />
que se levantaram. A raiz do mal se revelou, quando, indo ao encontro<br />
de seu amigo Cennick, que estava retornando de uma curta viagem, e<br />
desejando recebê-lo como de costume, com os braços abertos, ele se<br />
certificou, para sua grande surpresa, que Cennick estava<br />
"completamente frio, de maneira que um estranho julgaria que ele<br />
nunca tinha me visto antes". No dia seguinte, Cennick disse-lhe que<br />
não concordaria mais com ele, porque <strong>Wesley</strong> não pregou a verdade;<br />
em especial, com respeito à eleição. <strong>Wesley</strong> diz significantemente:<br />
"Nós, então, entramos em uma pequena controvérsia, mas sem efeito".<br />
Ele encontrou algum conforto, no entanto, na tarde do domingo<br />
seguinte, na festa do amor em Bristol, onde setenta ou oitenta da<br />
Sociedade de Kingswood estavam presentes. Eles todos retornaram<br />
para casa juntos, com a neve até os joelhos, na mais violenta<br />
tempestade de neve e granizo, que ele pôde se lembrar; mas seus<br />
corações estavam aquecidos, e eles se regozijavam e louvavam a Deus<br />
pela consolação.<br />
Em cinco dias, no entanto, ele foi pregar no serviço matinal em<br />
Kingswood, quando ele registrou: "Minha congregação foi embora,<br />
para ouvir o sr. Cennick, de maneira que, com exceção de poucos de<br />
207
Bristol, eu tive não mais do que dois ou três homens, e o mesmo tanto<br />
de mulheres; o mesmo número que eu tive uma ou duas vezes antes".<br />
Aqui nós vemos o primeiro vestígio da telha, do que se tornaria<br />
uma nuvem negra que o ofuscaria por muitos anos – a primeira<br />
indicação do que provaria ser um dos mais opressivos julgamentos;<br />
embora, na assembléia, ele conseguisse um dos seus maiores triunfos.<br />
As últimas horas do ano encontraram os membros da<br />
Sociedade com seu amor grandemente confirmado em direção uns dos<br />
outros. E, com a casa, preenchida de uma extremidade a outra, eles<br />
"concluíram o ano, lutando com Deus, em oração, e louvando a Ele,<br />
pela maravilhosa obra que Ele já havia forjado sobre a terra".<br />
Nós agora chegamos a um ponto na carreira de <strong>Wesley</strong>,<br />
quando seria proveitoso fazer um intervalo. Nós traçamos sua<br />
interessante história pessoal, desde seu nascimento, até seus trinta e<br />
oito anos, e, intencionalmente, com alguma clareza. Nós seguimos o<br />
curso de sua prolongada luta espiritual, sua emancipação final da<br />
sombria incerteza, e sua entrada no completo desfrute da salvação<br />
evangélica. Nós assinalamos os primeiros esforços para promover a<br />
regeneração moral e espiritual de seus conterrâneos, e vimos os<br />
primeiros exemplos da violenta oposição à sua obra, por parte das<br />
turbas selvagens e brutais. Testemunhamos o começo da pregação no<br />
campo; a fundação da Sociedade; e o trabalho parcial dos pregadores<br />
leigos – os traços especialmente peculiares de seu método. Todos<br />
esses devem ser considerados como estágios preparatórios em seu<br />
progresso em direção da única obra suprema de sua vida – o mais<br />
grandioso, o mais evidente, o mais frutífero de todos os serviços<br />
apresentados por ele, para o levante espiritual do século dezoito, ou<br />
seja, seus cinqüenta anos de ininterrupta pregação itinerante,<br />
moldando um apelo contínuo à consciência da nação inglesa. O que<br />
mais <strong>Wesley</strong> pudesse ter feito, sua obra se levanta acima de tudo. Ele<br />
pode ser distinguido como um organizador, como um escritor de<br />
muitos volumes, como o fundador de várias instituições benevolentes;<br />
208
mas sua principal, sua inalcançável obra foi seu prolongado apelo ao<br />
povo inglês.<br />
Para a realização de tal obra, nenhum estratagema poderia<br />
igualar à pregação do campo; de fato, a não ser por esta, não há<br />
probabilidade de que a finalidade contemplada teria sido alcançada.<br />
Nenhum outro meio se aproximaria disto, na aptidão para alcançar as<br />
massas descrentes, indiferentes. A pregação no campo o trouxe, face a<br />
face, com milhares e milhares de pessoas que nunca entraram nas<br />
igrejas. Através deste recurso, ele travou conhecimento com o brutal e<br />
o negligente, assim como, com os famintos e sedentos. Sem empenho,<br />
sem vontade, freqüentemente em oposição à vontade deles, os homens<br />
ouviram a voz que os prendia, ouviram palavras inflamáveis,<br />
penetrantes, de condenação e advertência. Como que num poder<br />
mágico, o telhado dos compartimentos escuros de seus corações foi<br />
examinado, e seus pensamentos interiores revelados para eles; retrato<br />
no qual eles se viram, diante de seus próprios olhos. Eles estavam<br />
presos, fascinados, pela graça da voz e maneira, mas muito mais pelas<br />
palavras convincentes, com as quais, como que com uma espada<br />
saindo de sua boca, o <strong>Evangelista</strong> dividiu seus corações e seus<br />
pensamentos dentro deles, em pedaços. Mas aquele que feriu curou.<br />
Eles ouviram do amor e misericórdia, Divinos. Foi uma mensagem<br />
nova para eles, e foi falada em novos tons de ternura, fervor e<br />
convicção, que os comoveu e humilhou e ganhou.<br />
Nenhuma voz falaria ao coração da nação, como a voz de um<br />
pregador no campo. Centenas de clérigos paroquianos devotados,<br />
confinados, em seus limites paroquiais, não teriam se certificado das<br />
necessidades do momento. As pessoas de mente sóbria, decente,<br />
respeitável, teriam atendido às suas paróquias, mas o impuro, e o<br />
corrupto, o devasso, e o indolente não poderiam – não obscureceriam<br />
as portas da igreja. Essas eram as classes que mais necessitavam<br />
serem alcançadas. O enfermo precisa do médico; o perdido deve ser<br />
salvo. Toda a honra para <strong>Wesley</strong>, porque essas eram as pessoas que<br />
ele buscava; que em meio a essas, seus maiores troféus foram ganhos.<br />
Mas eles poderiam ser apenas ganhos pela pregação no campo. E,<br />
209
enquanto sua sagacidade prática em planejar métodos para o cuidado<br />
dos convertidos estimula nossa admiração, o primeiro lugar deve ser<br />
dado para seus apelos reiterados nos campos, ou estradas, ou pátios<br />
das pousadas; da pedra tumular, ou muros, ou encostas, ou travessas<br />
do mercado; em meio ao barulho da plebe, ou em um vale quieto,<br />
onde quer que uma companhia pudesse se reunir; e esses apelos não<br />
foram interrompidos por cinqüenta longos anos, salvo quando ele se<br />
afastava por doença ou acidente. Não existe o que se iguale a isto na<br />
história do Cristianismo Britânico.<br />
Mas, no momento, ele está sob restrição, Londres e Bristol<br />
propiciam amplo alcance para todas as atividades dos dois irmãos.<br />
Aqui também, <strong>Wesley</strong> teve suas únicas construções. As Sociedades<br />
nelas estavam sob seu cuidado absoluto; e nelas ele estava<br />
desenvolvendo um Metodismo modelo, mesmo quando trabalhando<br />
em Kingswood, uma espécie de apanágio para Bristol, para<br />
estabelecer um modelo de escola cristã. Isto pode responder pela sua<br />
detenção, naquele presente momento, a esses dois centros; e eles<br />
fizeram incríveis exigências, com respeito ao seu tempo, sua atenção,<br />
sua força. Porque ele não diminuiu seus serviços matutinos, sua<br />
explanação para suas próprias sociedades e para a de outros, ou seus<br />
sermões para multidões que se reuniam em Moorfields, e em qualquer<br />
outro lugar em Londres, ou em espaços abertos em Bristol.<br />
É verdade que ele fez breves excursões para Oxford, e para<br />
algumas poucas cidades na vizinhança de Bristol, como vimos.<br />
Também visitou algumas cidades no caminho de suas jornadas entre<br />
Londres e Bristol. E fez uma curta viagem evangelista em South<br />
Wales. Mas além desses limites ele foi incapaz de passar.<br />
Nós podemos vê-lo verdadeiramente estendendo sua esfera ao<br />
norte de Newcastle, e para Inverness; para o sul de Land's End; acima<br />
dos Condados do Leste, Oeste, e do Interior; através de Gales e da<br />
Irlanda. E ano após ano, por cinco décadas, ele dirigiu seus passos<br />
através de estradas desiguais, no calor do verão, no frio do inverno,<br />
em época de plantio, e colheita, com uma mensagem – a mensagem da<br />
210
misericórdia para um povo culpado; chamando-os, como que com<br />
uma voz de trombeta; denunciando seus pecados, como um profeta do<br />
passado; demandando o arrependimento deles; proclamando o perdão<br />
e paz, e tudo com fidelidade imperecível e trabalho incansável. É para<br />
registrar essas décadas que os capítulos seguintes serão devotados.<br />
Mas este estranho método de pregação nos campos não falhou<br />
em excitar a mais vigorosa oposição, principalmente por parte<br />
daqueles cuja posição e profissão os teriam justificado em aclamá-lo<br />
como um subsidiário valioso para a própria obra deles. Assim <strong>Wesley</strong><br />
responde a esses oponentes em um de seus Apelos aos Homens de<br />
Razão e Religião:<br />
"Mas que necessidade existe", diz alguém de um espírito mais<br />
moderado, "deste pregar nos campos e ruas? Não existem igrejas<br />
suficientes para se pregar?". Não, meu amigo, não existe; não para<br />
que preguemos. Você se esquece que não nos é permitido pregar lá, a<br />
menos que prefiramos a elas a quaisquer outros lugares. [Isto deve ser<br />
levado em consideração]. "Bem, existem ministros suficientes, sem<br />
vocês". Ministros suficientes, e igrejas suficientes! Para o que? Para<br />
reformar todos os pecadores dentro dos quatro mares? Se houvesse,<br />
eles todos estariam reformados: portanto, é evidente que não existem<br />
igrejas suficientes. E uma razão clara, porque eles não estão nem perto<br />
de estarem reformados, não obstante todas essas igrejas, é esta: -- eles<br />
nunca entraram em uma igreja; talvez, nem uma só vez, em doze<br />
meses; talvez, nem por muitos anos consecutivos. E você irá dizer<br />
(como eu soube de alguns cristãos de bom coração): "Então, é culpa<br />
deles; que eles morram, e sejam condenados?". Eu admito que seja<br />
culpa deles mesmos; e assim, é minha culpa e de vocês, quando nós<br />
desviamos do caminho, como ovelhas que estão perdidas. Ainda<br />
assim, o Pastor de almas foi atrás de nós, foi ao nosso encalço no<br />
deserto. E "tu não deverias ter compaixão de teus subordinados,<br />
como ele teve pena de ti?". Nós não deveríamos também "buscar", até<br />
onde nos cabe, "salvar aquele que está perdido?".<br />
211
"Observem o espantoso amor de Deus para com os banidos<br />
dos homens. Sua terna condescendência à tolice deles! Eles não<br />
dariam atenção à coisa alguma feita da maneira usual. Tudo isto<br />
estava perdido para eles. A pregação comum da Palavra de Deus,<br />
eles nem mesmo se permitiam ouvir. Assim, o diabo certificou-se<br />
desses descuidados; porque quem os arrancaria da mão dele? Então,<br />
Deus afligiu-se, e saiu do caminho usual para salvar as almas que Ele<br />
criou. Desta forma, além do que era comumente falado em Seu nome,<br />
em todas as casas de Deus na terra, Ele ordenou uma voz para<br />
clamar no deserto: 'Preparem o caminho do Senhor. O tempo está<br />
cumprido. O reino dos céus está à mão. Arrependam-se, e creiam no<br />
Evangelho".<br />
"Considerem calmamente, se não foi altamente expediente que<br />
alguma coisa deste tipo existisse ... Tivesse o ministro da paróquia<br />
pregado como um anjo, de nada valeria para eles; porque eles não<br />
ouviriam. Mas quando alguém veio e disse: 'Lá está um homem<br />
pregando no topo da montanha', eles correram, como numa boiada,<br />
para ouvir o que ele dizia; e Deus falou aos seus corações. É difícil<br />
conceber alguma coisa mais que os teria alcançado. Não tivesse sido<br />
pela pregação no campo, a notabilidade da qual era a própria<br />
circunstância que recomendava, eles teriam corrido para o erro de<br />
seus caminhos, e perecido em seu sangue".<br />
II PARTE – A Grande Obra<br />
CAPÍTULO VII<br />
A Década do Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong> (1741-1750)<br />
A Condição Moral da Inglaterra<br />
Antes de entrar mais completamente no registro da carreira<br />
evangelista de <strong>Wesley</strong>, é necessário considerar brevemente o estado,<br />
moral e religioso do país, que clamava tão ruidosamente pela obra a<br />
212
que ele foi levantado a realizar. Já se falou tão freqüentemente da<br />
degeneração da nação, que quase tende ao desgaste repeti-la. Mas tem<br />
sido bem observado que a justiça a um reformador pode nunca ser<br />
feita, até que as tendências contra aquilo a que seus efeitos são<br />
dirigidos sejam bem entendidas. Não é difícil fixar sobre condições<br />
precisas da vida nacional da época, que fez da reforma uma<br />
necessidade absoluta, se a nação não sofreria daquelas conseqüências<br />
que tomam a forma de julgamento, e que tão freqüentemente seguem<br />
para degenerações grosseiras da sociedade humana. Existe um<br />
consenso comum do testemunho que, nas primeiras décadas do século<br />
dezoito, a Inglaterra apresentava a aparência de uma degradação<br />
deplorável, nas maneiras nacionais, afetando, não apenas uma, mas<br />
todas as seções da sociedade; e mostrando-se, não meramente em<br />
poucos detalhes da vida nacional, mas em muitos, os resultados de um<br />
processo de declínio, que tinha secretamente avançado.<br />
Com uma voz quase uniforme, nossos melhores historiadores<br />
do último século representam o precedente como tendo alcançado as<br />
mais baixas condições da corrupção civilizada, e o testemunho deles é<br />
apoiado por inumeráveis registros contemporâneos. O próprio <strong>Wesley</strong><br />
foi testemunha digna de crédito, e seu relato, escrito naquele tempo,<br />
na primeira parte de seu Apelo aos Homens de Razão e Religião, é<br />
corroborado completamente pelos muitos escritores contemporâneos e<br />
subseqüentes. Muitos incidentes em sua história, como já vimos, e<br />
como veremos mais adiante no decurso desta narrativa, lançou dentro<br />
de um forte contraste, a ignorância e a grosseira pecaminosidade das<br />
pessoas.<br />
Não é possível, sob as limitações imperativas destas páginas,<br />
entrar minuciosamente nos detalhes da degeneração nacional; mas isto<br />
é o menos necessário, já que relatos completos serão encontrados em<br />
todas as histórias daquele tempo. Poucos exemplos devem ser<br />
suficientes.<br />
Os professores autorizados da religião eram muitos deles<br />
deploravelmente deficientes, tanto com respeito aos bons princípios,<br />
213
quanto à superioridade e pureza de caráter. Dentro da igreja, a heresia<br />
era predominante, e a convicção moral, deficiente; onde não era<br />
deficiente, era medíocre; e, até mesmo em meio aos melhores de seus<br />
filhos, os princípios da Reforma eram amplamente deixados de lado.<br />
Ai de mim, as fontes da influência moral não fossem puras. Um dos<br />
bispos daquele tempo diz: "Eu não posso observar isto, sem a mais<br />
profunda inquietação, quando vejo a ruína iminente, pendendo sobre<br />
a Igreja; e, em conseqüência, sobre toda a Reforma. O estado exterior<br />
das coisas está negro o suficiente, Deus sabe; mas o que alimenta<br />
meus temores surge principalmente do estado interior, no qual<br />
infelizmente caímos". Ele lamenta a condição semelhante do clero e<br />
dos candidatos às Ordens Santas. "O caso não é muito melhor", ele<br />
diz, "em muitos que, tendo entrado nas Ordens, vêm para a<br />
instituição, e não podem deixar transparecer que leram as Escrituras,<br />
ou algum outro bom livro, desde que foram ordenados".<br />
O menos surpreso ficará impressionado, com a declaração<br />
acima, quando for lembrado, como afirma Justin McCarthy que,<br />
naqueles dias, "Os homens eram ordenados com nenhum pensamento,<br />
quanto à santidade de seu chamado; quanto ao solene serviço, a que<br />
isto obrigava; às suas terríveis obrigações e demandas inexoráveis.<br />
Eles desejavam simplesmente manter a escassez longe da porta, e ter<br />
alimento e fogo e abrigo, e eles eram ordenados, como que sob outras<br />
condições do que as que haviam tomado quando do recrutamento,<br />
com não mais sentimentos de reverência pela sotaina preta, do que<br />
pelo casaco escarlate". Com este, o testemunho do falecido bispo,<br />
claramente coincide: -- "Por toda a Inglaterra, as cidades vivas eram<br />
freqüentemente preenchidas com a caça, tiro, jogo, bebida, cartas de<br />
baralho, praguejamento, clérigo ignorante, que não cuidava, nem da<br />
lei, nem do evangelho, e negligenciava extremamente suas paróquias.<br />
Quando eles pregavam, eles tanto pregavam para bancos vazios,<br />
quanto para ovelhas famintas que procuravam alimento, mas não<br />
eram alimentadas".<br />
Um observador perspicaz, do lado da ortodoxia, notaria que<br />
havia, naquele tempo, pouco descrente, especulando na Inglaterra,<br />
214
porque havia pequeno interesse em alguma questão teológica; e um<br />
grande cético descreveria a nação como acomodada na maior<br />
indiferença apática, com respeito aos assuntos religiosos, que seriam<br />
encontrados em alguma nação do mundo. Latitudinarismo [onde seus<br />
representantes acreditavam que a revelação concordava plenamente<br />
com a razão e com os princípios religiosos discerníveis através dela,<br />
dando origem à teologia inglesa] se espalhara amplamente, mas quase<br />
silenciosamente, embora todo o corpo religioso, e ensino dogmático<br />
tivessem quase excluídos do púlpito. A despeito de ocasionais<br />
explosões do fanatismo popular, o abatimento religioso caiu sobre a<br />
Inglaterra, como se tivesse caído sobre o Continente.<br />
William Law descreve a região como "um reino cristão de<br />
imoralidade pagã, junto com uma crença só de boca de uma Igreja<br />
Universal Santa, e Comunhão dos Santos". Canon Overton diz: "Esta<br />
descrição muito exatamente retrata o estado da Inglaterra. Ela foi um<br />
reino cristão, visto que não rejeitara o Cristianismo, como uma fé<br />
histórica; por outro lado, eu imagino que, em alguns poucos períodos,<br />
tem acreditado, em um sentido, sido mais geral, do que foi neste<br />
tempo, exatamente depois do completo colapso do Deismo". Mas ela<br />
estava cheia da imoralidade pagã. Law dificilmente esboçou um<br />
quadro tão negro, quando disse: "Não existe corrupção ou depravação<br />
da natureza humana; nenhum tipo de orgulho, ira, inveja, malícia, e<br />
amor-próprio; nenhuma sorte de hipocrisia e fraude; nenhuma<br />
libertinagem da luxúria, em todo tipo de devassidão; que seja tão<br />
comum por toda a Cristandade, quanto é nas cidades e vilas". "Como<br />
prova disto", ele acrescenta, em uma nota, "Veja Rapin, Smollett,<br />
Horace Walpole, as exortações de Secker, os Diários de <strong>Wesley</strong>, etc.,<br />
aqui e ali. De fato, da quase unânime voz de todos os escritores<br />
contemporâneos ecoa o lamento melancólico".<br />
Lecky, que deu minuciosa consideração à história nacional do<br />
século dezoito, tem retratado com doloroso pormenor, a condição das<br />
maneiras da época, e seus detalhes sombrios são confirmados por<br />
muitas testemunhas concorrentes.<br />
215
Que os primeiros anos do século testemunharam a maior<br />
inatividade e degradação das duas Universidades, é óbvio para muitos<br />
escritores, e, como já se referiu ao assunto, não é mais necessário<br />
considerá-lo. Mas é alguma surpresa que a condição moral e os<br />
conhecimentos intelectuais da massa do clero fossem tão baixos,<br />
quando o estado da vida colegial era tão deplorável?<br />
Além disto, nos seminários Presbiterianos, o Arianismo estava<br />
vagarosamente aprofundando-se no Socianismo, e as sociedades<br />
religiosas, que, no século anterior, tinham prometido exercer uma<br />
influência mais amplamente proveitosa, tinham, infelizmente,<br />
sucumbido em insignificância comparativa.<br />
Socianismo [doutrina introduzida por Fausto Socino, um<br />
adepto do movimento teológico dos séculos 16 e 17, professando<br />
crença em Deus e adesão às Santas Escrituras, mas negando a<br />
divindade de Cristo].<br />
Arianismo [doutrina herética de Ário contra o dogma da<br />
Santíssima Trindade, pois atribuía ao Filho de Deus uma espécie de<br />
divindade secundária].<br />
Um latente ceticismo e uma indiferença difundida<br />
prevaleceram em todos os lugares, em meio às classes educadas. A<br />
velha religião pareceu perder a sua forte influência sobre as mentes<br />
dos homens, e freqüentemente teve nenhuma preponderância, até<br />
mesmo, sobre seus defensores. Butler, no prefácio de sua Analogia,<br />
declarou que "chegou a se ter como certo que o Cristianismo não é<br />
tanto mais um objeto de questionamento, mas que ele agora,<br />
finalmente, se revelou fictício". Ele fala, por todo lado, de uma<br />
"decadência geral da religião nesta nação, que é agora observado<br />
por cada um, e tem sido, por algum tempo, queixa de todas as pessoas<br />
sérias".<br />
A Corte, que geralmente é sempre tão influente, quanto ao bem<br />
ou o mal, na conduta e maneiras das pessoas, encontrava-se, naquele<br />
216
tempo, em uma condição gravemente imoral; sua grosseira corrupção,<br />
durante o reinado dos dois Georges, é assunto de notoriedade comum.<br />
E descendo, através de diversos graus, nos quais a sociedade humana<br />
necessariamente dividiu os males fatais: o da vida imoral era<br />
predominante.<br />
Em meio às classes reinantes, havia um modelo degradante de<br />
honra política; a corrupção política, na verdade, foi, talvez, a<br />
imoralidade mais evidente da sociedade inglesa. Dizem que apenas<br />
uma meia dúzia de membros do Parlamento atendia à adoração<br />
pública. As maneiras e gostos da pequena nobreza eram<br />
freqüentemente vulgares e ignorantes, no nível mais baixo; a massa<br />
dos cavalheiros vivia pobre e miseravelmente em seus estados,<br />
excluída da comunhão com o mundo, sem uma ocupação, a não ser<br />
aquela da caça; ou uma ambição, a não ser aquela de ser o mais sagaz<br />
beberrão dos membros.<br />
Se tal era a condição da pequena nobreza, não é de se admirar<br />
que as classes mais inferiores, estimuladas pelo exemplo dos seus<br />
"superiores", e desimpedidas, quer pelos princípios religiosos, ou<br />
instrução moral, pudessem descer tão baixo, de maneira a justificarem<br />
o período, descrito como uma das barbáries sociais.<br />
O drama tem sempre exercido uma poderosa influência em<br />
moldar o gosto e maneiras das pessoas. A devassidão do teatro,<br />
durante a geração que se seguiu à Restauração, pode dificilmente ser<br />
piorada. Os teatros eram fontes de grande corrupção; o teatro inglês<br />
sendo muito inferior ao francês em decoro, modéstia, e moralidade.<br />
A grosseria prevalecente da vida e sentimento modernos era<br />
pouco mitigada pela Imprensa. Os escritos de Swift, Defoe, Fielding,<br />
Coventry, e Smollett, eram suficientes para ilustrar a grande diferença<br />
que, neste aspecto, separou a primeira metade do século dezoito de<br />
nosso próprio tempo.<br />
217
Um de nossos recentes historiadores observa: "A Igreja estava<br />
absolutamente fora da relação com a grande massa de pessoas. O<br />
pobre e o ignorante eram deixados tranqüilamente aos seus próprios<br />
recursos. O clérigo não era, de fato, de modo algum, um corpo de<br />
homens deficiente na moralidade pessoal, ou mesmo no sentimento<br />
religioso; mas eles tinham pouca, ou nenhuma atividade religiosa,<br />
porque eles tinham pouco ou nenhum zelo religioso. Eles executavam<br />
negligentemente suas obrigações mecânicas, e isto, como uma regra,<br />
era tudo que eles faziam... Atterbury, Burner, Swift, toda sorte de<br />
escritores que eram, eles próprios, ministros da Igreja da Inglaterra,<br />
unem-se para testemunhar a apática condição em que a Igreja havia<br />
caído... As coisas eram ainda piores na Igreja da Irlanda. Dificilmente<br />
um pastor daquela Igreja poderia soletrar três palavras da Língua do<br />
povo irlandês".<br />
Retomando para onde iremos, em nossa pesquisa da nação,<br />
deparamo-nos com um estado de coisas mais deplorável, e ao mesmo<br />
tempo, o mais prodigioso. Das mais altas classes na terra -- a Corte, o<br />
Parlamento, a Igreja, as escolas, e os ricos proprietários de terra –<br />
descendo para os comerciantes e o grande populacho, todos<br />
apresentam aspectos que clamam altamente pelo advento do<br />
reformador religioso. É doloroso, até mesmo, imaginar qual teria sido<br />
o resultado não tivesse um impedimento sido colocado neste processo<br />
de decadência moral.<br />
Exceções honrosas foram encontradas, em meio ao clero e à<br />
laicidade na Instituição, e em meio aos Dissidentes – os mais fiéis que<br />
lamentaram o aviltamento nacional, mas não tinham poder para atacálo.<br />
Eles brilharam como estrelas, em uma noite escura; mas o que a<br />
nação precisava era do brilho da luz de uma manhã ensolarada. Mas,<br />
quando a escuridão era a mais profunda, aquela luz surgiu. Quando a<br />
condição moral do país parecia estar perto de sua mais baixa<br />
decadência, e as pessoas mais próximas do limite extremo da<br />
degradação, foi, então, que agradou à Divina Providência levantar<br />
agentes preparados, adequados para impedirem a tendência declinante,<br />
e inaugurar uma nova era. Ao lado do mais notável processo de<br />
218
preparação, como as páginas prévias mostrariam, estavam os servos<br />
do Divino, prontos para seu alto chamado. Dotação individual, grande<br />
cultura, ou dons especiais, uma regeneração pessoal, uma disciplina<br />
religiosa severa, hábitos de abnegação, introduzindo austeridade, uma<br />
intrepidez destemida, zelo invencível, e entusiasmo fervente, juntos<br />
com o mais completo altruísmo, e uma fé mais profundamente<br />
enraizada em sua missão, na verdade deles, e na co-operação Divina –<br />
Deus operando com eles – foram, em meio às mais altas qualidades, o<br />
que adequou esses homens devotos a ser instrumentos preparados para<br />
o cumprimento de uma grande e espiritual reforma.<br />
Atenção é conseguida, através da maravilhosa obra de<br />
regeneração que <strong>Wesley</strong> e seus colaboradores começaram, e para tão<br />
surpreendente extensão, executaram; mas de cuja obra, ele deve<br />
sempre ser considerado o principal líder e o principal autor. E isto, não<br />
meramente porque sua carreira foi mais longa que a deles, nem porque<br />
ele era dotado de um grau mais elevado do que eles, com as<br />
qualificações necessárias para liderar uma grande obra; mas,<br />
principalmente, por causa de seu gigantesco e variado trabalho, sua<br />
atividade irrepreensível, e sua persistência inabalável, no uso das mais<br />
efetivas medidas. Ele não apenas foi o principal líder do movimento;<br />
ele foi a alma dele. Ao prestarmos honra a <strong>Wesley</strong>, portanto, não é<br />
necessário ocultar isto da vista de seus coadjutores, ou atirar o<br />
trabalho deles na sombra. Um instrumento frágil, na mão Divina;<br />
adequado, chamado, e usado, pelo poder Divino, sua obra foi muito<br />
grande.<br />
Mas outros também foram chamados e qualificados; e muito<br />
alegremente ele lhes deu as boas-vindas; a cada um, quem retribuísse<br />
com o menor apoio. Nunca um líder esteve, em tão grande<br />
empreendimento, livre do ciúme de qualquer honra que seus cooperadores<br />
ganhassem. Whitefield, com seu dramático poder<br />
espiritualizado, seu trabalho autodesgastante, e seu sucesso brilhante;<br />
Charles <strong>Wesley</strong>, não apenas o autor de hinos, escolhido por todos, mas<br />
um pregador mais vigoroso do que geralmente se supõe, ele tenha sido<br />
– talvez, em suas primeiras trajetórias, nem um pouco atrás, de<br />
219
qualquer um dos dois; Fletcher, mais tarde, com seu espírito seráfico,<br />
sua caneta poderosa, e seu trabalho inflamado; a gradual ampliação do<br />
círculo de clérigo simpatizante, e outros que o auxiliaram na obra; e<br />
não menos, os itinerantes "ajudadores leigos", um nobre grupo de<br />
homens, labutando em um serviço heróico, e freqüentemente<br />
penetrando onde o quase onipresente chefe não poderia ir, sempre<br />
pronto para cumprir sua ordem, uma vez que ele, com uma habilidade<br />
geral, os preparou para o amplo campo de conflito; os pregadores<br />
leigos que não foram colocados aparte da obra, mas que, quando<br />
capazes, seguiram seus comércios e pregaram seus sermões, em sua<br />
própria vizinhança, e, por este motivo, chamados de "pregadores<br />
locais"; líderes necessários das "classes" de crentes, em meio aos<br />
quais estavam muitas mulheres devotas, úteis e honradas; os<br />
administradores que cuidaram de todos os assuntos financeiros; e<br />
muitos outros, cada um contribuindo de acordo com sua habilidade<br />
para a condução da grande campanha – todos eram bem-vindos, todos<br />
eram devidamente reconhecidos e reverenciados, e, igualmente<br />
amados, por causa de suas obras.<br />
Mas <strong>Wesley</strong> foi o líder. Ele foi reconhecido como tal, até<br />
mesmo, em Oxford, imediatamente, do reunir-se no "clube santo", e<br />
sua posição nunca foi contestada; e ele foi o principal trabalhador.<br />
Ninguém fez tanto quanto ele. Ele trabalhou mais, ele pregou mais, ele<br />
escreveu mais do que qualquer um deles. É sua obra que essas páginas<br />
pretendem ilustrar. Ele se coloca diante de nós como o grande<br />
campeão desta campanha santa, com seus trabalhos incomparáveis,<br />
sua grande capacidade de tolerância, sua fidelidade resoluta, e com<br />
uma convicção, aprofundando e instalando-se em sua alma de que ele<br />
foi o mensageiro de Deus para um povo ignorante. À sua obra, ele<br />
devotou sua inteira força e tempo, sem se apressar, e igualmente, sem<br />
descanso. Como muitos de seus colaboradores, ele suportou privação,<br />
fadiga, calúnia, e tratamento brutal, pelas mãos das turbas violentas.<br />
Como um bravo capitão, ele esteve na mais abundante das lutas,<br />
nunca hesitando em tomar o lugar do maior perigo ou da maior labuta.<br />
Ele pregava, bem cedo de manhã, até que a sombra da noite caísse; ele<br />
continuou em frente em sua pregação, em qualquer condição de<br />
220
tempo, e em todas as horas, tendo seus planos em seu bolso, seus<br />
livros e papéis em seu alforje, ou sobre as prateleiras, preparadas em<br />
sua carruagem – sua "máquina" de viagem. Sua caneta estava tão<br />
pronta, quanto sua língua, surpreendendo todos que conheciam a<br />
extensão de seus escritos; suas cartas foram inumeráveis. Os originais<br />
e cópias de mais de duas mil dessas folhas efêmeras têm sido<br />
preservadas até hoje.<br />
Em meio às muitas qualidades que o distinguiram, no mínimo<br />
estava sua indomável firmeza de propósito. Os leitores das páginas<br />
antecedentes puderam observar quantos e quão grandes obstáculos se<br />
apresentaram em seu caminho; mas eles foram ineficazes para desviálo<br />
dele. É mais observável, ainda, quantas causas para o<br />
desencorajamento pareceram continuamente surgir a sua volta. Mas, é<br />
igualmente surpreendente que elas tiveram tão pouco efeito sobre ele.<br />
Ele não diminuiu suas tarefas em um grau mais leve por consideração<br />
a elas. A reincidência dos convertidos, nas mesmas circunstâncias<br />
desfavoráveis, na qual eles estiveram situados, pareceu estimulá-lo a<br />
renovar esforços para reformar aqueles acrescentados para defender a<br />
fidelidade, nem a apostasia dos amigos, não mais do que o declarado<br />
antagonismo de seus inimigos, o desviou de seu curso – não, nem por<br />
uma hora. Ele estava contente da autonomia, sustentado pela profunda<br />
e inalterável convicção de que, como ele foi chamado para sua obra,<br />
pela autoridade Divina, "então, ele seria sustentado pelo apoio<br />
Divino".<br />
Não está em nosso poder, traçar seus passos através dos longos<br />
anos, e manter o ritmo com ele, em sua rápida passagem de cidade a<br />
cidade, de vila a vila, ao longo de 250.000 milhas que o cuidadoso<br />
estima seja a extensão de sua viagem por todas essas ilhotas, em um<br />
grande chamado junto ao povo adormecido, para que acorde, e se<br />
levante, a fim de que Cristo lhes traga a luz. Assim, um relato<br />
minucioso é impossível, embora os materiais estejam, em grande<br />
proporção, à mão. De certa forma, isto tem sido feito até aqui, com o<br />
objetivo de dar uma idéia da multiplicidade e variedade de suas<br />
ocupações, e de sua incessante devoção à grande obra que ele tinha a<br />
221
ealizar. Afirmações subseqüentes devem ser mais genéricas,<br />
mencionando apenas os incidentes mais notáveis e o que quer que<br />
possa especialmente apontar para o desenvolvimento do que <strong>Wesley</strong><br />
usava chamar de "a Obra de Deus"; porque, por mais interessantes<br />
que os incidentes individuais possam ser, nos fatigaria examinar o<br />
relato deles. O que foi, então, pacientemente executá-los!<br />
Este ano, com exceção de aproximadamente um mês em<br />
Oxford, três meses em Gales, e uma semana em Midlands, <strong>Wesley</strong><br />
dividiu seu tempo em proporções quase iguais, entre Londres e<br />
Bristol. Charles <strong>Wesley</strong> alternou com ele, embora ele pregasse mais<br />
em Bristol, do que em Londres.<br />
No encerramento de 1740, nós vimos os primeiros vestígios da<br />
nuvem, na apostasia parcial do valioso ajudador leigo de <strong>Wesley</strong>, em<br />
Kingswood – <strong>John</strong> Cennick. O ano seguinte iniciou em meio a<br />
alternâncias de exultação jubilosa pelo poder de Deus manifesto, e<br />
tristes indicações da fraqueza do homem. Reunindo todas as Bands de<br />
Bristol e Kingswood, <strong>Wesley</strong> relatou o que Deus havia feito por eles,<br />
através dele, e qual retorno eles deram nos diversos meses passados,<br />
com as disputas contínuas, divisões, e ofensas, fazendo com que ele<br />
seguisse oprimido no decorrer do dia. Mas outros panoramas o<br />
alegrou. Muitos receberiam benefícios de seus trabalhos em pregar e<br />
expor, de forma que ele escreve, na alegria de seu coração: "À tarde,<br />
nossas almas foram preenchidas com o espírito da oração e ação de<br />
graças, de maneira que dificilmente eu conseguiria explicar como, até<br />
que eu encontrei onde isto estava escrito: 'Minha canção seja sempre<br />
da bondade amorosa do Senhor; com minha boca eu sempre<br />
mostrarei Tua verdade, de uma geração a outra'".<br />
Retornando a Londres, ele se encontrou com a Sociedade na<br />
Fundação. "Aqui", ele diz, em 22 de Janeiro, "eu comecei expondo<br />
onde meu irmão desistiu, ou seja, (I João 4). Ele não pregou na<br />
manhã anterior [por exemplo, no serviço das cinco da manhã], nem<br />
pretendeu fazer isto mais".<br />
222
Isto aponta para a apostasia da parte de Charles <strong>Wesley</strong>, que<br />
demanda uma breve consideração. O próprio Charles evidentemente<br />
alude para seu risco de desviar-se, e, como isto pareceria, em sua<br />
evasão, há algum tempo, no 22 de Junho do ano anterior, quando ele<br />
escreve: "Eu conclui o dia na festa de amor com os homens [em<br />
Bristol]. Paz, unidade, a amor havia aqui. Nós não nos esquecemos de<br />
nossos pobres irmãos desatentos que havia, até que os Morávios<br />
vieram. Como devo eu me regozijar do meu livramento das mãos e<br />
espírito deles! Minha alma escapou da armadilha do passarinheiro. E<br />
eu não amasse os cordeiros de Cristo [um termo Morávio], na<br />
verdade, os lobos terríveis, eu não veria a face deles mais. Eu não sou<br />
mais um devedor do Evangelho a vocês. Vocês me desobrigaram<br />
completamente; mas se vocês rejeitam meu testemunho, outros o<br />
recebem alegremente!". Três dias antes disto, ele descreveu para a<br />
Sociedade em Oxford, "A tranqüilidade dos primeiros cristãos, (Atos<br />
2:42), que perseveraram na doutrina dos apóstolos; e na comunhão,<br />
no partir do pão e nas orações'". E, em Abril daquele ano ele<br />
escreveu o hino intitulado, Os Meios da Graça, que, ele diz, ele<br />
"imprimiu como um antídoto para a tranqüilidade".<br />
Nos primeiros três meses deste ano, havia um completo espaço<br />
vazio no Diário de Charles <strong>Wesley</strong>; mas é evidente que muito deste<br />
tempo foi gasto por ele em Londres, e é provável que, enquanto por lá,<br />
ele esteve novamente sob a influência dos Morávios, e, especialmente,<br />
de seus amigos, Sr. Hutchings, Sr. Stonehouse, Vigário de Islington,<br />
Sr. Chapman, e seu cunhado, Sr. Westley Hall, que se manteve<br />
afastado da Fundição, associado aos Morávios, influenciado por eles,<br />
e pareceu inclinado a se juntar a eles.<br />
No entanto, em 12 de Fevereiro, <strong>Wesley</strong> escreve: "Meu irmão<br />
retornou de Oxford, e pregou sobre a maneira correta de esperar por<br />
Deus: assim, dispersando, imediatamente, os temores de alguns, e as<br />
vãs esperanças de outros, que confidentemente afirmaram que o Sr.<br />
Charles <strong>Wesley</strong> já era quietista, e não viria mais para Londres". Mas<br />
nisto, <strong>Wesley</strong> parece ter sido muito sanguíneo, porque em 21 de Abril,<br />
logo depois que Charles retornou de Bristol, <strong>Wesley</strong> escreveu uma<br />
223
carta para ele de Londres, em que, depois de dirigir-se, de diversas<br />
maneiras, ele fornece razões completas e abundantes, porquê ele "não<br />
poderia, de maneira alguma, juntar-se aos Morávios", e acrescenta o<br />
que pode explicar mais adiante seu sincero repúdio a eles:<br />
"Como eu ainda não me atrevo, de maneira alguma, a me<br />
juntar aos Morávios: (1) Porque o projeto geral deles é místico, não<br />
bíblico, -- infinitamente além das claras doutrinas do evangelho. (2)<br />
Porque existem trevas e estagnação em todo o comportamento deles,<br />
e fraude em quase todas as suas palavras. (3) Porque eles não apenas<br />
não praticam, mas menosprezam e depreciam extremamente, a<br />
abnegação e a cruz diária. (4) Porque eles, por princípio,<br />
conformam-se com o mundo no uso de ouro, e vestuário vistoso e<br />
caro. (5) Porque eles estendem a liberdade cristã, neste e em muitos<br />
outros aspectos, além do que é autorizado pelo menos, com respeito<br />
ao seu próprio povo. E, (por fim), porque eles fazem com que a<br />
religião interior reprima a exterior em geral. Por essas razões,<br />
principalmente, Deus sendo meu ajudador, eu antes prefiro ficar<br />
completamente só, do que me juntar a eles – Eu quero dizer, até que<br />
eu tenha segurança completa de que eles não irão espalhar mais esses<br />
erros em meio ao pequeno rebanho entregue aos meus cuidados".<br />
"Ó, meu irmão, minha alma está aflita por você: o veneno está<br />
em você: palavras bonitas roubaram seu coração. Eu temo que você<br />
não possa encontrar alguém em Bristol, em tão grande liberdade<br />
como Marschall! 'Nenhum homem ou mulher inglesa é como os<br />
Morávios'". [Charles <strong>Wesley</strong> estava agora em Bristol. Ele endossou a<br />
cópia desta carta na Coleção Colman: 'Quando eu me curvei aos<br />
Alemães'. Ele evidentemente usou as palavras: 'Nenhum homem ou<br />
mulher inglesa é como os Morávios'. Seu irmão se referiu ao perigo<br />
em seu Diário. A preocupação não estava terminada. Lady<br />
Huntingdon, em uma carta a <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, em 24 de Outubro, fala de<br />
Charles, como tendo declarado guerra à Quietude Morávia, e se refere<br />
a si mesma como "o instrumento nas mãos de Deus, que o livrou<br />
deles".] "Assim, o assunto vem para uma questão justa. Cinco de nós<br />
ainda permaneceram juntos, poucos meses, desde então; mas dois se<br />
224
foram para o lado direito (pobre Hutchings e Cennick); e dois mais,<br />
para o lado esquerdo, (Sr. Hall e você). Senhor, se for Teu evangelho<br />
o que eu prego, levanta e mantém tua própria causa [Adieu!]".<br />
O que foi o Quietismo: Uma corrente mística surgida no<br />
final do séc XVII, promovida principalmente por Miguel Molinos, que<br />
propicia a passividade absoluta no trabalho da própria perfeição --<br />
<strong>Wesley</strong> rompeu com os Morávios, cujas visões Quietistas tinham um<br />
efeito similar de fechar a igreja a todos aqueles que sinceramente<br />
buscavam a fé. Quando Peter Bohler, e, então, Philip Molther<br />
pressionaram a espiritualidade Quietista sobre a Sociedade de Fetter<br />
Lane, eles foram vigorosamente detidos por <strong>Wesley</strong>. Para o Quietista<br />
a aproximação com Deus era uma espera passiva Nele, por um<br />
movimento interior do Espírito. Não deveria haver coisa alguma desta<br />
natureza tumultuosa Metodista, de cantar e pregar, nem algum recurso<br />
para os Meios da Graça, incluindo a total abstinência da Comunhão<br />
Santa.<br />
Se Charles <strong>Wesley</strong> estava liberto de uma vez da armadilha não<br />
está aparente; mas no domingo, 20 de Julho, ele escreve: "Nossa<br />
esperança foi muito confirmada por aquelas palavras, que eu reforcei<br />
em Kingswood: 'Não temais; estai quietos, e vede o livramento do<br />
Senhor' (Êxodo 14:13); ou, como foi mais tarde afirmado: 'Por que<br />
clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem' (verso 15). Eu<br />
discursei à tarde, sobre o mesmo assunto, de (Isaías 64:5) ' Tu sais ao<br />
encontro daquele que, com alegria, pratica a justiça, daqueles que se<br />
lembram de ti nos teus caminhos. Eis que te iraste, porque pecamos;<br />
há muito tempo temos estado em pecados; acaso seremos salvos?'.<br />
Daqui, eu exaltei a lei das ordenanças cristãs, exortando aqueles que<br />
esperam pela salvação, a serem como vasos nas mãos do oleiro,<br />
encorajando-se a segurar firme no Senhor. Deus deu-me muita<br />
liberdade para explanar; aquela mais ativa, vigorosa, agitada idéia, a<br />
quietude verdadeira".<br />
O episódio completo pode ser encerrado pelo seguinte extrato<br />
de uma carta endereçada pela Condessa de Huntingdon a <strong>John</strong><br />
225
<strong>Wesley</strong>, que mostra similar ao perigo em que Charles havia caído, e a<br />
dívida dele para com sua senhoria por seu livramento:<br />
Quem foi Lady Huntingdon -- O caráter pessoal de Lady<br />
Huntingdon mereceu e ganhou o mais profundo respeito. Um escritor<br />
anglicano ressalta a coragem moral que a capacitou, quando exposta a<br />
todas as tradições de uma aristocracia, nas condições em que a<br />
aristocracia estava, nos reinados de George II e George III, ao deixar<br />
de lado todos os preconceitos da corte, e enfrentar todo o desprezo e<br />
ridículo por parte deles, para participar da mesma sorte, e sem reserva,<br />
com os Metodistas desprezados, é admirável. Se ela parecia, algumas<br />
vezes, adotar algum ar imperioso, em direção aos seus protegidos, nós<br />
devemos lembrar que uma condessa era uma condessa naqueles dias, e<br />
que ela foi, certamente encorajada, pela reverência extravagante<br />
prestada a ela por Whitefield e outros. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, de fato, nunca se<br />
deslumbrou pela sua grandeza, ao contrário, isso o levou a, mais de<br />
uma vez, censurar a imperiosidade "daquela mulher valorosa".<br />
É evidente que, mesmo na corte corrupta de George II, sentiuse<br />
que Lady Huntingdon tinha escolhido a melhor parte. Um dia na<br />
corte, o Príncipe de Gales inquiriu onde Lady Huntingdon estava, já<br />
que ela raramente visitava o círculo de amizades, naquele tempo. Lady<br />
Charlotte Edwin respondeu com escárnio: "Eu suponho que pregando<br />
com seus mendigos". O príncipe balançou a cabeça e disse: "Lady<br />
Charlotte, quando eu estiver morrendo, eu penso que ficarei feliz, em<br />
agarrar a beirada do manto de Lady Huntingdon, e me erguer com<br />
ela, até o céu".<br />
----<br />
21 de Outubro de 1741.<br />
"A sabedoria é justificada pelos seus frutos. Sua resposta à<br />
primeira parte da minha carta quase me silenciou completamente<br />
quanto a este assunto. Mas eu acredito que o Diário de seu irmão<br />
esclarecerá mais completamente a você o que eu quis dizer. Porque<br />
226
eu me esforcei muito, para que existissem tão poucas armadilhas no<br />
caminho dele, quanto possível. Desde que você nos deixou, os mais<br />
simples não ficaram sem os ataques deles. Eu temo muito mais por ele<br />
do que por mim, já que o conquistador de um poderia ser nada para o<br />
outro. Eles, através de seus representantes, me injuriaram muito, mas<br />
eu não tomei conhecimento, como se eu nunca tivesse ouvido alguma<br />
coisa a respeito".<br />
"Eu me conforto muito que você aprove uma medida, que seu<br />
irmão e eu tomamos com respeito a eles. Não menos do que ele<br />
declarar abertamente guerra contra eles. Ele pareceu ter alguma<br />
dificuldade quanto a isto, no início, mas eu dei a ele toda liberdade<br />
para usar meu nome, como instrumento nas mãos de Deus, para que<br />
ele se libertasse deles. Eu me regozijo muito com isto, esperando que<br />
este seja um meio de operar meu livramento deles também. Eu pedi a<br />
ele que incluísse seu sermão sobre a Perfeição Cristã, no<br />
endereçamento a eles. A doutrina que ele contém, eu espero viver e<br />
morrer por ela; é a coisa mais absolutamente completa que eu<br />
conheço. Deus ajudou em suas fraquezas; Seu Espírito esteve com<br />
você na sua fidelidade. Você não pode calcular o quanto eu me<br />
regozijo, no Espírito, por isto".<br />
"Seu irmão também dará suas razões para a completa<br />
separação; e eu terei uma cópia da carta que ele enviará a eles, para<br />
manter comigo. Eu tenho grande fé de que Deus não o fará cair; Ele<br />
certamente terá misericórdia dele, e não dele apenas, porque muitos<br />
caem com ele. Eu sinto que ele me faria vacilar com sua queda; mas<br />
eu fugirei deles, como que de um pólo a outro; porque eu serei<br />
correta em minha obediência. Suas habilidades naturais, seu<br />
julgamento e o progresso que ele alcançou, estão tão acima do que de<br />
melhor eles tenham feito, que eu imaginaria que nada, a não ser o<br />
delírio poderia tê-lo aprisionado; mas, quando refleti sobre ele, com<br />
tantos defensores da carne, em volta dele, tendo a forma de anjos de<br />
luz, que estremeci de medo por ele, eu não encontraria conforto, se eu<br />
não soubesse seguramente que Ele que é por ele é maior do que<br />
aquele que é contra ele".<br />
227
"Quando você receber o Diário dele, você se regozijará muito,<br />
quando vier na quinta-feira, 15 de Outubro...".<br />
Tivesse Charles se afastado de sua firmeza para com a<br />
verdade, e de sua fiel aliança com seu irmão, as conseqüências teriam<br />
sido irreparáveis. Felizmente, aquela calamidade foi evitada, e seu<br />
serviço no grande empreendimento evangelista foi superado apenas<br />
por aquele do próprio <strong>Wesley</strong>; enquanto que, através de seus hinos<br />
evangélicos inigualáveis, ele supre um ministério interminável para<br />
com a Igreja de Cristo sobre a terra.<br />
Erupções renovadas da violência popular agora apareceram,<br />
como, por exemplo, em Deptford, "onde muitos pobres miseráveis se<br />
reuniram, vazios extremamente de bom-senso e decência comum. Eles<br />
gritavam, como que saindo de suas tumbas. Mas a palavra tinha<br />
poder, e muitos deles ficaram completamente confusos". Antes que ele<br />
pudesse pregar em Shrove, na terça-feira, "muitos homens do tipo<br />
mais aviltante, tendo se misturado com as mulheres, comportaram-se<br />
tão indecentemente, que ocasionaram muita confusão. Um<br />
condestável ordenou a eles para manterem a paz. Pelo que eles o<br />
derrubaram". Poucos dias depois, enquanto pregando em Long Lane,<br />
Southwark, "o exército de forasteiros se reuniu, e uma enorme pedra<br />
caiu exatamente sobre seus ombros".<br />
Com todas as coisas, estabelecidas de acordo com sua vontade,<br />
ele deixou Londres em 17 de Fevereiro. Ele se deparou com a<br />
dolorosa condição dos assuntos em Kingswood, e vizinhança,<br />
principalmente causado pela atitude assumida por Cennick, que, com<br />
quinze ou vinte outros, veio até ele, e lhe disse que ele "pregou a<br />
fidelidade do homem, mas não a fidelidade de Deus". Havia problema<br />
também em Bristol, onde ele inquiriu, tão completamente quanto<br />
pode, concernente às divisões e ofensas que, não obstante, as<br />
preocupações sinceras que ele teve, começaram novamente a<br />
expandir-se.<br />
228
Ele passou um mês infeliz empenhando-se para reconciliar a<br />
agora instável Sociedade em Kingswood, mas sem efeito. Cennick<br />
declarou: "Nós estamos dispostos a nos juntarmos a você. Mas nós<br />
também queremos nos encontrar, aparte de você. Por isto, nós nos<br />
encontramos para confirmamos um ao outro, naquelas verdades, da<br />
qual você fala contra". A inevitável divisão tomou lugar; cinqüenta e<br />
dois simpatizantes de Cennick afastaram-se, enquanto mais de<br />
noventa foram expulsos. <strong>Wesley</strong> ocupou muito do seu tempo em<br />
visitar muitas pessoas doentes, e em ajustar a Sociedade de Bristol,<br />
que tinha sido muito prejudicada por essas tristes disputas.<br />
Ele, então, tendo organizado os assuntos, melhor do que<br />
esperava fazer, retornou, a pedido de seu irmão, para Londres, onde se<br />
afastou das atividades, durante quatro horas, todos os dias, exceto no<br />
sábado, para falar com alguém que pediu por isto, e uma hora, todos<br />
os dias, para examinar as "Bands", para que nenhuma pessoa<br />
desordenada, ou descuidada, ou contenciosa permanecesse em meio a<br />
eles. A doença, estando muito predominante, ele fixou um método<br />
regular de vistas, oito ou dez pessoas se oferecendo para a obra, "os<br />
quais", diz ele, escrevendo para seu irmão, "deve ter igualmente<br />
dedicação completa; porque mais e mais adoecem todos os dias". Esta<br />
obra estendeu-se grandemente mais tarde.<br />
Em 1º. de Maio, <strong>Wesley</strong> escreve: "À noite, eu fui para uma<br />
pequena festa do amor, que Peter Boher realizou para aqueles dez<br />
que se juntavam, há três anos, naquele dia, 'para confessar nossas<br />
faltas uns aos outros'. Sete de nós estivemos presente; um estando<br />
doente, e dois relutantes em virem. Certamente virá o tempo, quando<br />
haverá novamente 'união de mente, como se em nós todos houvesse<br />
apenas uma alma'<br />
Ele foi compelido a se separar deles, não obstante ele quisesse<br />
a união.<br />
229
No dia seguinte, ele teve uma conversa, de diversas horas, com<br />
Peter Böhler e Spangenberg. O assunto da conversa foi, "uma nova<br />
criatura", o relato de Spangenberg sobre o que foi assim falado: "No<br />
momento em que objetivamos ser justificados, uma nova criatura é<br />
colocada dentro de nós. Isto, de outra forma, é denominado, o novo<br />
homem. Mas, não obstante, a velha criatura, ou o velho homem,<br />
permanece em nós, até o dia de nossa morte. E com o velho homem,<br />
permanece o velho coração, corrupto e abominável. Porque a<br />
corrupção interior permanece na alma, por quanto tempo a alma<br />
permanece no corpo. Mas o coração que está no novo homem é limpo.<br />
E o novo homem é mais forte do que o velho; de maneira que, embora<br />
a corrupção continuamente nos despoje, ainda assim, enquanto<br />
olhamos para Cristo, ela não prevalece ".<br />
Mas <strong>Wesley</strong> não acredita na necessária permanência desta<br />
corrupção até a morte. Ele ensinou seu povo a sinceramente buscar<br />
pela sua inteira destruição. Isto seus amigos, as pessoas de Fetter<br />
Lane, chamou de sua doutrina da "perfeição sem pecado" – um termo<br />
que ele repudiou inteiramente. Ele pregou uma "Perfeição Cristã",<br />
justificando o uso do termo, não apenas das Escrituras, mas também<br />
da Coleta [oração que precede a epístola] no Serviço de Comunhão;<br />
"Limpa os pensamentos de nossos corações, pela inspiração do Teu<br />
Espírito Santo, para que possamos perfeitamente amar a Ti; e<br />
merecidamente glorificarmos Teu Santo Nome". Esta elevação do<br />
ideal da vida cristão foi um dos grandes serviços prestados por <strong>Wesley</strong><br />
à Igreja.<br />
Na semana seguinte, ele registra: "Nós concordamos em nos<br />
encontrarmos para orarmos e humilharmos nossas almas diante de<br />
Deus, para que Ele nos mostrasse Sua vontade, concernente a nossa<br />
re-união com outros irmãos em Fetter Lane. E com este objetivo,<br />
todos os homens e mulheres das Bands se encontraram a uma da<br />
tarde. Nem nosso Senhor desprezou nossas orações, nem deixou a Si<br />
mesmo sem testemunho diante de nós. Mas ficou claro para todos, até<br />
mesmo para aqueles que eram antes os mais ardorosos com relação a<br />
isto, que o tempo não virá".<br />
230
Um dos eventos proeminentes do ano de 1739 foi a pregação e<br />
publicação do sermão da Graça, para o qual foi anexado um hino de<br />
trinta e seis estrofes, ou a Redenção Universal, por Charles <strong>Wesley</strong>.<br />
Trata-se de um discurso notável; -- um dos mais hábeis de <strong>Wesley</strong>; -um<br />
tratamento cuidadoso e vigoroso do assunto, claro na declaração e<br />
conclusivo no argumento. Nenhuma resposta efetiva a ele foi escrita.<br />
<strong>Wesley</strong> parece ter sentido necessário fazer um pronunciamento<br />
antecipado e forte sobre a questão. Ele estava consciente do fato de<br />
que doutrina falsa circulara em meio às Sociedades, causando divisão,<br />
e seduzindo alguns dos membros da firmeza deles.<br />
Tyerman descreve o sermão como, em alguns aspectos, o mais<br />
importante que <strong>Wesley</strong>, alguma vez, publicou. Ele diz: "Eu me refiro<br />
à divisão que Whitefield [não mais do que <strong>Wesley</strong>] pleiteou, e também<br />
à organização da Conexão de Lady Huntingdon, e a fundação dos<br />
Metodistas Calvinistas em Wales; e, finalmente, culminada na feroz<br />
controvérsia de 1770, e a publicação do inigualável, 'Restrições ao<br />
Antinomianismo', que tão efetivamente silenciou a heresia Calvinista,<br />
de maneira que sua voz dificilmente foi ouvida naquele tempo a este".<br />
Talvez, isto atribua muito para a influência deste simples sermão. Foi<br />
o reconhecimento da doutrina, preferivelmente a alguma discussão<br />
específica dele, que conduziu para os resultados citados. Mas o<br />
sermão marca o começo da controvérsia, o decurso da qual Tyerman<br />
apontou:<br />
Durante a primeira viagem de Whitefield para a América, não<br />
havia sinal de ensino Calvinista; nem mesmo durante o tempo que ele<br />
passou na Inglaterra, depois de seu retorno, até imediatamente depois<br />
de seu segundo embarque, quando em um sermão, pregado em Stoke<br />
Newington, quinze dias antes que ele embarcasse, e, depois publicado<br />
em um volume de sermões, ele faz três referência aos "eleitos",<br />
afirmando em um deles que: "A verdade é esta: Deus, como<br />
recompensa pelos sofrimentos de Cristo, prometeu dar aos eleitos a fé<br />
e o arrependimento, com o objetivo de trazê-los para a vida eterna; e<br />
essas, e as todas as coisas mais, necessárias para a felicidade eterna<br />
231
deles, estão infalivelmente asseguradas para eles nesta promessa,<br />
como o Sr. Boston, um excelente clérigo escocês, docemente e<br />
claramente nos mostra, em um livro intitulado, 'A Aliança da Graça'",<br />
assim revelando uma fonte de suas idéias.<br />
Tyerman pensa que Whitefield absolveu esses sentimentos dos<br />
sermões dos irmãos Erskine, com os quais ele se declarou muito<br />
satisfeito e edificado, recomendando-os, e ao Cristo Místico, do Bispo<br />
Hall, e o sermão de Boehme, para todos. Tyerman está, portanto,<br />
correto em dizer que o Calvinismo de Whitefield "nasceu na<br />
Inglaterra, por volta do mês de Junho de 1739, mas foi cuidado e<br />
fortemente fortalecido na América em 1740".<br />
Embora, tanto <strong>Wesley</strong> quanto Whitefield fossem ferventes e<br />
resolutos em pregarem cada um seu próprio entendimento da verdade,<br />
ainda assim, eles eram sinceramente desejosos de que a diferença em<br />
suas opiniões não conduzisse a alguma diminuição do respeito e<br />
afeição fraternos, um pelo outro. A correspondência deles, durante a<br />
segunda estada de Whitefield na América, amplamente testifica isto.<br />
Algumas das cartas de Whitefield, enquanto afirma sua crença<br />
crescente nas doutrinas do amor eleito, era mais ternamente patética<br />
em suas afirmações, com relação aos seus velhos amigos. <strong>Wesley</strong>, da<br />
sua parte, evitou cuidadosamente alguma coisa que fosse igualmente<br />
perturbar sua feliz camaradagem. Whitefield, no entanto, auxiliado,<br />
dizem, por alguns dos ministros na América, preparou uma réplica ao<br />
sermão da Graça Livre, de <strong>Wesley</strong>, e a publicou em Charlestown e<br />
Boston. Durante sua viagem para casa, ele escreveu uma carta a seu<br />
amigo Charles <strong>Wesley</strong>, datada de 1º. De Fevereiro de 1741, na qual<br />
ele diz: "Meu querido irmão, por que você ofereceu o osso da<br />
contenda? Por que você imprimiu aquele sermão contra a<br />
predestinação? Por que você, em especial, meu querido irmão<br />
Charles, anexou seu hino, e reuniu e lançou seu recente hinário?<br />
Como você pode dizer que não contenderá comigo a respeito da<br />
eleição, e ainda assim imprime tais hinos, e seu irmão envia seus<br />
sermões, contra a eleição, para o Sr. Garden e outros, na América?<br />
Você não pensa, meu querido irmão, que eu devo estar tão<br />
232
preocupado com a verdade, ou que eu penso a respeito da verdade,<br />
como você? Deus é meu Juiz, eu sempre estive, e espero que eu<br />
sempre esteja, desejoso de que você possa ter preferência diante de<br />
mim. Mas eu devo pregar o Evangelho de Cristo, e isto eu não posso<br />
agora fazer, sem falar da eleição". Referindo-se à resposta dele, ele<br />
acrescenta: "Se isto ocasionar uma estranheza em nós, não será minha<br />
falta. Não existe nada em minha resposta estimulando a isto, que eu<br />
saiba. Ó, meu querido irmão, meu coração quase sangra dentro de<br />
mim. Eu penso que eu estaria disposto a permanecer aqui no mar<br />
para sempre, preferivelmente a vir para a Inglaterra me opor a você".<br />
Chegando em Londres, no mês de Março, Whitefield submeteu<br />
sua resposta a Charles <strong>Wesley</strong>, que a retornou endossada com as<br />
palavras "Ponha novamente tua espada dentro de seu lugar"; e isto<br />
conduziu à postergação de sua publicação por um tempo.<br />
Já para o encerramento do mês, <strong>Wesley</strong> escreve: "Após ouvir<br />
muito a respeito do comportamento indelicado do sr. Whitefield,<br />
desde seu retorno da Geórgia, fui até ele, ouvi-lo falar por si mesmo,<br />
para que eu soubesse como julgar. Eu aprovei grandemente sua<br />
franqueza de discurso. Ele me disse que eu preguei dois Evangelhos<br />
diferentes; e, portanto, ele não apenas não se juntaria a mim e meu<br />
irmão, ou me daria a mão direita de camaradagem, mas estava<br />
resolvido a publicamente pregar contra nós, onde quer que pregasse,<br />
afinal. Sr. Hall, que foi comigo, o lembrou da promessa que fizera<br />
alguns poucos dias antes, de que, qualquer que fosse sua opinião<br />
pessoal, ele nunca pregaria publicamente contra nós. Ele disse que a<br />
promessa foi apenas um efeito da fraqueza humana, e que agora ele<br />
pensava de uma outra forma". Assim sendo, ele pregou contra os<br />
<strong>Wesley</strong>s, quer em Moorfields ou em qualquer outro lugar. E, até<br />
mesmo quando convidado a ocupar o púlpito da Fundição, diante de<br />
alguns milhares de pessoas, e com Charles <strong>Wesley</strong> sentando-se ao seu<br />
lado, "ele pregava aos graus absolutos da maneira mais peremptória<br />
e ofensiva".<br />
233
Whitefield foi assim mostrado em um curso de ação que lhe<br />
trouxe, até mesmo, mais dor do que aos outros. Ele foi a vítima, por<br />
ocasião das muitas circunstâncias desfavoráveis e conflitantes. Suas<br />
relações hostis com os <strong>Wesley</strong>s tornaram-se uma obscura, se não<br />
admitida, fonte de tristeza para ele. Seu profundo amor e respeito por<br />
eles não se harmonizavam com suas ações em direção a eles, de<br />
maneira que seu coração estava dividido. Suas responsabilidades<br />
monetárias na conexão com o Orfanato na Geórgia eram muito<br />
grandes. Ele fora também severamente manipulado por vários críticos<br />
de suas cartas imprudentes sobre, "Todo o Dever do Homem, do<br />
arcebispo Tillotson. Por um tempo, sua popularidade diminuiu. Dizem<br />
que dos vinte mil que se reuniam em suas pregações, o número tinha<br />
decrescido para duzentos ou trezentos. Ele mesmo diz que, em vez de<br />
haver milhares atendendo a ele, dificilmente um de seus filhos<br />
espirituais vinha vê-lo de manhã à noite; e que, em uma ocasião,<br />
quando pregava em Kennington Common, nem mesmo umas cem<br />
pessoas estiveram presentes para ouvi-lo. As destruidoras exibições da<br />
eleição e reprovação de <strong>Wesley</strong> não igualmente acrescentariam a<br />
atratividade do professor deles. Mas, acima de tudo, simpatizantes<br />
imprudentes de suas idéias estimularam-no à ações que provavelmente<br />
nunca cometeria, tivesse sido deixado aos impulsos de sua generosa<br />
natureza. Não houve necessidade de pessoas insensatas que buscaram<br />
fomentar uma disputa, como quando, no início de Fevereiro deste ano,<br />
uma carta pessoal de Whitefield a <strong>Wesley</strong>, ilicitamente impressa, foi<br />
distribuída em grande quantidade na porta e na própria Fundição.<br />
Afortunadamente, <strong>Wesley</strong> conseguiu uma, e, depois de pregar, relatou<br />
o fato claro para a congregação, dizendo-lhes: "Eu farei exatamente o<br />
mesmo que acredito o Sr. Whitefield faria, estivesse ele aqui<br />
pessoalmente", e rasgou a carta em pedaços, diante de todos; cada um<br />
que a havia recebido, fazendo o mesmo; de maneira que, em dois<br />
minutos, não havia uma cópia completa em meio deles. <strong>Wesley</strong> algum<br />
tempo depois escreveu: "Em Março de 1741, o sr. Whitefield, tendo<br />
retornado para a Inglaterra, aqui estava a primeira brecha, que<br />
homens entusiasmados persuadiram o sr. Whitefield a criar,<br />
meramente por uma diferença de opinião. Aqueles que acreditaram<br />
na redenção universal não desejaram se separar; mas aqueles que<br />
234
abraçaram a redenção restrita não quiseram ouvir de algum<br />
entendimento, determinados a não ter camaradagem com os homens<br />
'em tais erros perigosos'. De modo que agora existem duas sortes de<br />
Metodistas: aqueles para redenção restrita, e aquelas para a redenção<br />
geral.<br />
Esta separação deve ser vista como uma ocorrência<br />
especialmente dolorosa e lamentável nos primeiros alvoreceres da<br />
grande Avivamento. O que parece ser a abertura de um dia brilhante<br />
foi obscurecido com nuvens. Mas, depois de um curto período de<br />
tempo, ela havia passado, a velha amizade havia sido restaurada, e<br />
permitiu não mais interrupção até a morte de Whitefield.<br />
Whitefield rapidamente recuperou sua popularidade. Ele<br />
pregou muito na Inglaterra, e já no encerramento do ano, tinha uma<br />
recepção mais calorosa na Escócia; e no ano seguinte, o notável<br />
avivamento em Cambuslang tomou lugar. Ele partiu novamente para a<br />
América, em Agosto de 1744. No início de 1776, <strong>Wesley</strong> escreveu:<br />
"O Sr.Whitefield visitou-me. Ele respira coisa alguma, a não ser paz e<br />
amor. O fanatismo não se posiciona mais diante dele, mas oculta sua<br />
cabeça onde quer que ele vá"; e, em confirmação da perfeita<br />
restauração e afeição e amizade, refere-se ao fato de que Whitefield,<br />
em seu último testamento, escreveu com sua própria mão,<br />
aproximadamente seis meses antes de sua morte: "Eu deixo um<br />
'mouning-ring' [um anel usado, como um memorial na morte de uma<br />
pessoa] para meus honrados e queridos amigos, e desinteressados<br />
colaboradores, o Rev. Srs. <strong>John</strong> e Charles <strong>Wesley</strong>, como sinal de<br />
minha indissolúvel união com eles, em coração e afeição cristã, não<br />
obstante nossa diferença em julgamento a respeito de alguns pontos<br />
específicos da doutrina". E Whitefield menciona mais adiante do<br />
desejo sempre repetido de que <strong>Wesley</strong> pregasse seu sermão fúnebre.<br />
Este serviço melancólico, <strong>Wesley</strong> executou no ano de 1770, tanto na<br />
capela de Tottenham Court Road, quanto no Tabernáculo, Moorfields,<br />
e deu o mais amplo testemunho das mais excelentes qualidades, o zelo<br />
profundo, os trabalhos quase sem paralelo, da eloqüência esmagadora,<br />
o sucesso maravilhoso de seu querido amigo.<br />
235
Embora neste tempo <strong>Wesley</strong> sofresse muito de dor e fraqueza,<br />
ele não diminuiu seu trabalho. Para seu espírito, uma vez, caridoso e<br />
metódico, saída renovada para a energia agora apareceu.<br />
Muitos da Sociedade, necessitando de alimento e vestuário, e<br />
sem emprego; enquanto outros, doentes e prontos para perecerem, e<br />
ele incapaz de sozinho atender às necessidades deles, ele visitou a<br />
Sociedade Unida para trazer as roupas que eles podiam dispor, e dar<br />
contribuições semanalmente de um pence ou mais, que pudessem<br />
proporcionar, para aliviar o pobre. Ele, então, empregou as mulheres<br />
paupérrimas em trabalhos de tricô, pagando valor comum para o<br />
trabalho delas, e acrescentando a ele o que elas necessitavam. Além<br />
disso, ele designou doze inspetores, cujo dever abraçaria a visitação e<br />
alívio, todos os dias, a todo o doente, em seus diversos distritos, e a<br />
provisão daquilo que era necessário a eles. Eles se encontravam uma<br />
vez por semana, davam um relato do trabalho deles, e consultavam<br />
sobre o que mais poderia ser feito.<br />
A pedido premente de seu irmão, ele partiu em 18 de Maio<br />
para Bristol. Quando ele entrou na sala, no encerramento do sermão<br />
de seu irmão, alguns choravam alto, alguns batiam as mãos, alguns<br />
gritavam, e os demais louvavam, com todos verdadeiramente unidos.<br />
Aqui ele passou uma semana, durante a qual ele encontrou<br />
abundante ocupação, examinando os novos membros da Sociedade,<br />
visitando o doente – nenhum dos quais, ele encontrou, quer temendo<br />
ou lamentando da pregação, e ajustando os assuntos pecuniários da<br />
Sociedade, e da escola em Kingswood. Ele, então partiu cedo de<br />
retorno para Londres. No dia seguinte, ele se regozijou com a pequena<br />
sociedade em Windsor, e à noite, pregou na Fundição. Ao encontrar o<br />
sr. Piers, de Bexley, "muito estremecido pelo irmão 'quietista'", ele<br />
falou claramente com ele; a armadilha foi quebrada, e ele o deixou<br />
regozijando-se na esperança e louvor a Deus. Não era de se<br />
surpreender que muitos dos simplórios e ignorantes abraçassem a<br />
ilusão "quietista", quando, até mesmo o clérigo foi vitima dela. Ele<br />
236
exortou uma congregação lotada a não receber a graça de Deus em<br />
vão, e reforçou o mesmo na Sociedade, que agora somava por volta de<br />
novecentas pessoas.<br />
A extensão gradual de sua obra agora começa, com ele tirando<br />
uma semana para o turismo dentro do país, na sincera persuasão de<br />
Lady Huntingdon. Durante os dois dias de sua jornada exterior, em<br />
Leicestershire, ele fez um experimento, para o qual ele fora<br />
freqüentemente e sinceramente pressionado a fazer; ou seja, "falar<br />
com ninguém, com respeito às coisas de Deus, exceto se seu coração<br />
estivesse livre para isto", como resultado ele não falou com ninguém,<br />
afinal, por oitenta milhas consecutivas; de maneira que ele não teve<br />
cruz para carregar ou tomar, e comumente, em uma hora ou duas, caia<br />
rápido no sono; também obteve muito respeito mostrado a ele, como<br />
um cavalheiro civilizado, e afável; ele acrescenta: "Ó, quão agradável<br />
é tudo isto para a carne e sangue! Você precisa circundar mar e<br />
terra, para fazer prosélitos para isto?". Ele atravessou de<br />
Northampton para Markfield, onde havia um grande despertamento,<br />
mas um pregador "quietista" tinha estado lá, e três quartos<br />
adormeceram tão depressa como sempre. Também para Ogbrook,<br />
onde o professor "quietista" estava instruindo as pessoas, se elas<br />
cressem, a serem quietistas; não pretenderem a prática das boas obras<br />
(o que não poderia ser feito até que cressem); a deixarem de lado o<br />
que elas chamavam de os meios da graça, tal como oração, e ir à<br />
Igreja e ao Sacramento.<br />
Seu amigo, Sr. Caspar Greaves ofereceu-lhe o uso da igreja, e<br />
<strong>Wesley</strong> explicou a verdadeiro evangelho quietista, e na manhã<br />
seguinte, pregou para uma larga congregação. Ele, então, cavalgou<br />
para Nottingham, onde uma sociedade tinha sido formada, mas ele a<br />
encontrou sem vida: a sala, que antes ficava lotada do lado de dentro e<br />
de fora, agora estava cheia pela metade; ninguém usava de alguma<br />
oração, nem se ajoelhava quando a oração era oferecida; e o hinário<br />
[um daqueles publicados pelos <strong>Wesley</strong>s, e que tinha sido enviado para<br />
uso na congregação] e a Bíblia desapareceram, "substituídos pelos<br />
hinos Morávios, e os sermões do Conde!" [Conde Nicholas Ludwig<br />
237
Vin Zinzendorf – líder Morávio]. Ele expôs, mas "com um coração<br />
oprimido", e, novamente, na manhã seguinte; e à noite em Markfield,<br />
onde a igreja estava completamente lotada. Depois do serviço matinal,<br />
ele partiu para Melbourne, onde a casa, demasiadamente pequena para<br />
a companhia, ele permaneceu, sob uma grande árvore e pregou; e<br />
novamente em Hemington, onde o povo teve que ficar na porta e<br />
janelas. Tyerman acredita que foi provavelmente nesta viagem, que<br />
ele se familiarizou com a Condessa de Huntingdon, que vivia na<br />
vizinhança, no Castelo Donington. Neste particular, ele estava errado,<br />
sua senhoria já era conhecida dos <strong>Wesley</strong>s, há algum tempo, e era<br />
membro da Sociedade Metodista de Fetter Lane. No dia seguinte,<br />
domingo, ele cavalgou em Nottingham, e, às oito horas, pregou no<br />
mercado para "uma imensa multidão", retornando para Markfield, à<br />
tarde, onde a igreja lotada estava tão quente que ele teve dificuldade<br />
de ler o serviço. Já que a abundante multidão não poderia entrar, ele<br />
foi até eles e pregou; e novamente à noite, na igreja.<br />
Em seu caminho para Londres, no dia seguinte, ele "leu o<br />
célebre livro de Martinho Lutero, Comentário sobre a Epístola aos<br />
Gálatas", quando se declarou inteiramente envergonhado do fato de<br />
ele ter tido tamanha consideração por este livro, meramente porque ele<br />
tinha sido recomendado por outros, ou tinha lido apenas alguns<br />
excelentes extratos dele. Agora ele declara que o autor "revela coisa<br />
alguma, não esclarece uma dificuldade considerável, é superficial em<br />
muitas passagens, confuso em quase todas; de maneira que ele está<br />
profundamente impregnado com o completo misticismo, e, por isto,<br />
com freqüência, perigosamente errado". Ele entende que a verdadeira<br />
origem do grande erro dos Morávios, como, então, ensinado, foi<br />
seguir Lutero para o melhor e para o pior. Vindo para Londres, à<br />
noite do dia seguinte, ele pregou sobre (Gálatas 5:15) "Se vós, porém,<br />
vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns<br />
aos outros"; e, citando o comentário de Lutero, abertamente advertiu a<br />
congregação contra o tratado, e publicamente retirou qualquer<br />
recomendação que ele ignorantemente tivesse dado dele. Algumas<br />
partes do comentário de Lutero tido sido, no entanto, muito útil nos<br />
238
primeiros períodos, especialmente para Charles <strong>Wesley</strong>, com respeito<br />
aos assuntos da fé e justificação.<br />
No dia seguinte, ele cavalgou para Oxford, e se certificou que<br />
lá restavam, em meio aos pobres, apenas dois dos vinte e cinco ou<br />
trinta comungantes semanais. Nenhum deles atendeu às orações<br />
diárias da Igreja, e, aquela companhia que fora, uma vez, unida estava<br />
separada e dispersa. Aqui, ele permaneceu uma semana, em que ele<br />
consultou o sr. Gambold, com respeito ao assunto de seu Sermão<br />
Acadêmico. Sr. Gambold lhe disse que não era o momento, "porque<br />
todos estão tão preconceituosos, que eles não se importam com nada<br />
do que você diz". Naquele momento, ele inquiriu "concernente aos<br />
exercícios prévios para o grau de Bacharel em Teologia". Alguns<br />
dias depois, ele encontrou novamente o sr. Gambold, que<br />
honestamente lhe disse que ele estava envergonhado da companhia<br />
dele; e, portanto, se recusaria a ir com ele para a Sociedade.<br />
Retornando a Londres, ele pregou em Short's Gardens, e, no<br />
domingo seguinte, em Charles' Square, quando uma turba trouxe um<br />
boi, que eles se esforçaram, mas em vão, para dirigir em meio às<br />
pessoas; porque o animal andava em volta, de um lado para outro, e,<br />
por fim, atravessou no meio de todos e desapareceu. Em Bristol, ele<br />
foi para Abingdon, a pedido sincero de alguns que havia por lá; mas<br />
registra: "povo tão estúpido, insensível, tanto no sentido espiritual<br />
quanto natural, eu dificilmente tinha visto antes. Ainda assim, Deus é<br />
capaz de levantar filhos para Abrão, dessas pedras".<br />
Em 25 de Julho, ele pregou diante da Universidade para uma<br />
numerosa congregação, sobre O Quase Cristão, e partiu à tarde, para<br />
pregar no dia seguinte na Fundição. Ele se emprenha, a todo hora, em<br />
pregar, visitar o doente, ou os membros da Sociedade, e expor. O<br />
último não parece ter sido um exercício apressado, porque, em um<br />
caso, quando chegou a vez do Nono Capítulo de Romanos, ele<br />
continuou "uma hora mais do que o usual, e foi persuadido pela<br />
maioria, se não todos, que estavam presentes, a ver se este capítulo<br />
não tinha mais a ver com a predestinarão irrestrita, do que o nono de<br />
239
Gênesis". Ele também começou a dar conferência sobre o Livro<br />
Comum de Oração.<br />
Em 3 de Setembro, ele teve uma conversa prolongada com<br />
Zinzendorf, em Latim, o que ele registra em seu Diário, anexando uma<br />
carta para a Igreja Morávia, escrita pouco antes. Nesta, ele declara, diz<br />
ele, da maneira mais clara que pôde, a verdadeira controvérsia, entre<br />
os Morávios e ele, uma tarefa desagradável, que ele protelou por<br />
quanto tempo pôde com a consciência limpa.<br />
A desejo do sr. Deleznot, um clérigo francês, para quem ele já<br />
havia pregado, "depois de ter sido muito importunado", <strong>Wesley</strong><br />
oficiou na Capela de Hermitage-street, Wapping, onde ele administrou<br />
o Sacramento da Ceia do Senhor, para aproximadamente duzentos<br />
membros, tantos quanto o lugar poderia acomodar. O mesmo número<br />
atendeu no domingo seguinte, e assim, no dia do Senhor, até que toda<br />
a Sociedade, por volta de mil, atendeu; aqueles que tinham o<br />
Sacramento em suas próprias paróquias foram avisados de atenderem<br />
lá.<br />
A caminho de Bristol, ele encontrou seu irmão, com o Sr.<br />
Jones, do Castelo Fonmon, que agora estava convencido da verdade,<br />
como ela está em Jesus. Em Kingswood, a casa foi preenchida, de<br />
uma extremidade a outra, e eles continuaram ministrando a Palavra de<br />
Deus, e na oração e louvor, até de manhã. Ele fez duas breves visitas a<br />
Wales, pregando onde quer que fosse. Em seu encontro com Howel<br />
Harris, Humphreys, e Seward — todos agora distintamente da seita<br />
Calvinista – eles "falaram sobre o assunto favorito deles". <strong>Wesley</strong><br />
pediu por oração, em vez de controvérsia, e Harris desistiu de alguns<br />
pontos, e esforçou-se sinceramente para assegurar a paz.<br />
Chegando em Bristol, ele encontrou a doença reinante, e logo<br />
se comprometeu a visitar os sofredores. Quando cavalgava para<br />
Kingswood, seu cavalo caiu, tentou levantar e caiu novamente sobre<br />
seu cavaleiro. <strong>Wesley</strong> foi socorrido em uma casa, onde, sempre<br />
mantendo sua única ocupação diante dele, ele encontrou três pessoas<br />
240
que "seguiam bem, até que satanás os impediu". Antes que ele<br />
partisse, eles resolveram se pôr a caminho novamente. Ele alcançou<br />
Kingswood, à tarde, e pregou, retornando a Bristol, pregou<br />
novamente; então, falou em um encontro da Sociedade, e, mais tarde,<br />
atendeu uma festa do amor. Ele escreve: "Eu não me lembro de coisa<br />
alguma parecida a isto, em muitos meses; um grito foi ouvido de uma<br />
extremidade da congregação a outra; não de aflição, mas de alegria e<br />
amor transbordante".<br />
No início de Novembro, <strong>Wesley</strong> regozijou-se muito no<br />
conforto que ele encontrou tanto em público, quanto em privativo. Isto<br />
foi, no entanto, logo seguido por um severo ataque de enfermidade,<br />
que continuou por um mês.<br />
Não sendo possível ir a igreja, no momento, comungou em<br />
casa. Ele foi avisado a permanecer dentro de casa, por algum tempo<br />
mais, mas, não entendendo que fosse necessário, ele foi para a Nova<br />
Sala, em Kingswood, e em Bristol, e, mais tarde, passou uma hora<br />
com a Sociedade, e, por volta de duas horas, na festa do amor. Seu<br />
corpo, não entanto, não pôde se manter no mesmo passo que sua<br />
mente, e, no dia seguinte, ele teve um outro ataque de febre; mas ela<br />
não durou muito tempo, e ele gradualmente se recuperou e retornou<br />
para suas tarefas completamente.<br />
Ele agora se sentiu obrigado a exercer disciplina, em mais de<br />
trinta da pequena companhia em Bristol, aos quais ele se certificou<br />
não estarem mais adornando o evangelho. Ele retornou a Londres, em<br />
tempo de pregar nas Vésperas do Natal, e encontrar a Sociedade, mais<br />
tarde, "quando", ele diz, "nós mal conseguimos partir, com nossos<br />
corações tão envolvidos em direção um ao outro".<br />
No último dia do ano, ele foi novamente acometido de febre,<br />
mas atendeu a um funeral, como prometera fazer, e "não pode refrear<br />
de exortar a quase inumerável multidão", que se reuniu em torno da<br />
sepultura. Ele, mais tarde, pregou, e se encontrou com a Sociedade,<br />
241
quando "muitos clamaram com um grito alto e amargo". Por volta das<br />
dez horas, ele os deixou e retirou-se para descansar.<br />
Muitos trabalhos pessoais de <strong>Wesley</strong> já haviam sido entregues,<br />
mas é impossível registrar todos. Cada hora, literalmente, cada<br />
momento, desde as quatro da manhã, foi usada para a devoção da sua<br />
obra. Se um intervalo ocorria entre os serviços públicos, seus<br />
encontros com as Sociedades, suas visitações ao enfermo, ele o<br />
ocupava em escrever ou concluir uma leitura. Porque até mesmo seu<br />
tempo gasto encima do cavalo era utilizado para leitura, como temos<br />
visto.<br />
Na manhã do novo ano, <strong>Wesley</strong> acordou com uma forte febre,<br />
mas consentiu em se manter na cama, com a condição de que cada um<br />
que desejasse teria liberdade para falar com ele. Cinqüenta ou sessenta<br />
pessoas fizeram isto. Naquela noite, ele dormiu bem, para o espanto<br />
de todos, o médico, em especial, que disse que ele nunca tinha visto<br />
tal febre em sua vida.<br />
Dois dias depois, ele encontrou os líderes das Bands, de manhã<br />
e a tarde, e se juntou com a pequena companhia em "grande sacrifício<br />
de ação de graças". À tarde, na festa do amor, dos homens, ele pediu<br />
que eles se aproximassem; e aqueles que a sala não pode conter<br />
ficaram do lado de fora, enquanto em uma só voz, eles louvavam a<br />
Deus.<br />
No dia 4, "acordou em perfeita saúde", e pregou manhã e<br />
noite, todos os dias, durante a semana. No sábado, enquanto pregava,<br />
"uma turba rude ergueu sua voz ao alto". Ele "foi ao encontro dela,<br />
sem demora. Alguns tiraram seus chapéus e não mais abriram suas<br />
bicas; o restante saiu devagarzinho, um após o outro".<br />
Ele escreveu:<br />
242
"Enquanto eu explanava em Longe Lane, 'Aquele que comete<br />
pecado é do diabo'; seus servos ficaram, sem medida, enfurecidos.<br />
Eles não apenas fizeram todo o barulho possível (embora, como eu<br />
pedira antes, nenhum homem se levantasse de seu lugar, ou<br />
respondesse a eles uma palavra), mas violentamente empurram<br />
muitas pessoas, de um lado para outro, golpearam outras, e<br />
derrubaram partes da casa. Por fim, começaram a atirar grandes<br />
pedras sobre ela, que, quando forçavam o caminho deles, para aonde<br />
quer viessem, caiu, junto com as telhas, em meio às pessoas, de<br />
maneira que elas corriam risco de morte. Eu, então, lhes disse: 'Vocês<br />
não devem prosseguir assim; eu tenho ordens do magistrado, que é,<br />
neste aspecto, para nós, o ministro de Deus, para informá-lo a<br />
respeito daqueles que não cumprem as leis de Deus e do rei; e eu<br />
devo fazer isto, se vocês persistirem nisto; do contrário, eu serei<br />
cúmplice do pecado de vocês'".<br />
"Quando eu parei de falar, eles estavam mais injuriosos do<br />
que antes. Ao que eu lhes disse: 'Que três ou quatro homens calmos<br />
venham para frente, e tragam o conflitante com eles, para que a lei<br />
possa tomar seu curso'. Eles assim fizerem, e o trouxeram para dentro<br />
da casa, praguejando e blasfemando, de uma maneira terrível. Eu<br />
pedi que cinco ou seis viessem comigo até o Juiz Copeland, para o<br />
qual eles narraram o fato claramente. O Juiz o encaminhou para as<br />
seções seguintes em Guildford".<br />
"Eu observei que, quando o homem foi trazido para dentro da<br />
casa, muitos de seus companheiros gritavam: 'Richard Smith, Richard<br />
Smith', que, como pareceu mais tarde, era um dos mais robustos<br />
campeões. Mas Richard Smith não respondeu; ele caiu no poder do<br />
Maior que eles; assim como uma mulher que falava palavras não<br />
adequadas para serem repetidas, e atirar o que lhe chegasse à mão, a<br />
quem Deus dominou no mesmo ato. Ela entrou na casa com Richard<br />
Smith, caiu de joelhos diante de todos, e fortemente exortou a Ele que<br />
nunca volta atrás; nunca esquece da misericórdia que tem mostrado a<br />
sua alma". Um bom exemplo do que <strong>Wesley</strong> chamava de "o leão que<br />
se transforma em cordeiro". Eles não tiveram mais perturbações em<br />
243
Long Lane; afastaram a perseguição e o ofensor prometeu um<br />
comportamento melhor.<br />
No dia seguinte, ele pregou, em Chelsea, sobre a fé que é<br />
operada pelo amor. Ele estava muito fraco, e nos diz que, quando<br />
entrou na sala, "quanto mais 'as bestas humanas' cresciam na loucura<br />
e raiva, mais eu me fortalecia, quer no corpo ou na alma; de maneira<br />
que eu acredito, poucos na casa, que estava excessivamente cheia,<br />
perderam uma sentença do que foi falado. Na verdade, eles não<br />
podiam me ver, nem alguém, a algumas poucas jardas de distância,<br />
devido à fumaça densa, que foi ocasionada pelo fogo grego e coisas<br />
deste tipo, continuamente atiradas na sala. Mas aqueles que puderam<br />
louvar a Deus, no meio do fogo, não ficariam temerosos por um<br />
pouco de fumaça".<br />
Depois da exclusão de alguns que não caminhavam de acordo<br />
com o Evangelho, ele se certificou que a Sociedade de Londres estava<br />
comprimida em cento e onze membros.<br />
Um assunto interessante, neste momento, clamava por nossa<br />
atenção.<br />
Desde o momento em que <strong>Wesley</strong> começou a pregar para seus<br />
compatriotas, depois de seu retorno da Geórgia, gradualmente surgiu<br />
diante dele uma grande idéia de espalhar a santidade bíblica, através<br />
da terra, o que ele verdadeiramente discerniu como o propósito da<br />
Providência Divina, no surgimento do Metodismo. Esta idéia deu<br />
forma a todos os seus planos e organizações. Se isto não fosse obtido,<br />
a reivindicação do Metodismo não estaria cumprida; todas as<br />
atividades eram bem-vindas, apenas quando prometiam auxiliar neste<br />
único propósito. O que não contribuísse para isto estaria fora da<br />
marca. O primeiro passo em direção a esta finalidade foi, é claro, o<br />
pregar o evangelho, e isto, a todos. Mas, antes que ele pudesse fazer o<br />
experimento de pregar a Palavra, e entregá-la, e estes a aceitarem, para<br />
as contingências da fidelidade individual, ele foi treinado na escola<br />
Morávia a guardar e cultivar a vida espiritual de um crente. Esta foi a<br />
lição inspecionada por Whitefield; e, embora seja impossível<br />
244
adequadamente estimar os grandes benefícios de seu extraordinário<br />
trabalho, ainda assim, deve-se reconhecer que ele falhou na<br />
continuidade e permanência visível que caracterizou a obra de<br />
<strong>Wesley</strong>, desde o início.<br />
<strong>Wesley</strong> tinha o convertido da Sociedade, e todo convertido à<br />
verdade era encorajado a entrar na proteção de seus companheiros, e<br />
era, depois de devido exame, engajado como um membro. Mas, por<br />
que entrar na Sociedade? Esta era a soma de todas as coisas?<br />
Certamente que não. Ela era um meio para a uma finalidade. Nós<br />
temos visto que dentro da Sociedade havia poucas companhias<br />
chamadas "Bands", sendo cada encontro da "Band", sob o cuidado de<br />
um sênior, algumas vezes, chamado de "líder", para propósitos de<br />
mútuo encorajamento e ajuda. Os encontros especiais, embora<br />
freqüentes, da Sociedade, fora das congregações, aconteciam onde as<br />
Escrituras eram expostas, as obrigações cristãs reforçadas, e a<br />
infidelidade checada. Mas, além disto, cada membro da Sociedade era<br />
visitado pessoalmente, e sua vida pessoal observada e cuidada pelo<br />
próprio <strong>Wesley</strong>. Ele levava em sua algibeira, escrito por ele mesmo, e<br />
renovado de tempos em tempos, o nome e endereço de cada um, até<br />
mesmo, quando a Sociedade somava diversas centenas. Quase através<br />
de esforços sobre-humanos, ele os visitou em suas casas, tão<br />
freqüentemente quanto sua força e atividade espantosa o capacitava,<br />
até mesmo quando suas residências estendiam-se "de Westminster a<br />
Wapping" — de uma extremidade a outra de Londres.<br />
Esta foi a primeira condição das coisas: nós agora<br />
testemunhamos o desenvolvimento da Sociedade, de sua organização<br />
imperfeita à completa organização, e do estabelecimento das classes<br />
de encontro Metodista.<br />
Partindo para Londres, pelo caminho de Chippenham (que ele<br />
alcançou com dificuldade; o tempo, tão inclemente e tempestuoso, que<br />
ele mal conseguia manter-se em seu cavalo), ele veio para Kingswood,<br />
Bath, e Bristol. Aqui ele passou alguns dias com todos aqueles que<br />
desejaram permanecer na Sociedade Unida, e, em 15 de Fevereiro, deu<br />
245
um passo da mais extrema importância para toda a estrutura e a<br />
história futura do Metodismo. O incidente, em si mesmo, foi<br />
comparativamente insignificante. <strong>Wesley</strong> assim o relata: "Eu<br />
conversava com diversos da Sociedade de Bristol, com respeito aos<br />
meios de pagar os débitos restantes da Horsefair Room, quando um<br />
tal capitão Foi, levantou-se e disse: 'Que cada membro da Sociedade<br />
dê um pêni, por semana, até que tudo esteja pago'. Um outro<br />
respondeu: 'Mas muitos deles são pobres, e não podem dispor disto'.<br />
'Então', ele respondeu, 'deixe onze dos mais pobres comigo; e se eles<br />
não podem dar alguma coisa, eu os visitarei semanalmente, e darei<br />
por eles, assim como por mim mesmo'. Isto foi feito. Em pouco tempo,<br />
alguns desses informaram-me que eles encontraram tais e tais que<br />
não viviam como eles deveriam. Isto me golpeou imediatamente. 'Esta<br />
é a questão, a própria questão que temos esperado há tanto tempo"'.<br />
Nela, ele viu de imediato um meio de aliviar o que estava se tornando<br />
uma tarefa muito grande, até mesmo para ele -- sua visitação pessoal à<br />
Sociedade, em suas próprias casas. "Eu chamei todos os líderes das<br />
classes (assim costumávamos denominá-los, e a seus companheiros),<br />
e pedi que cada um fizesse uma averiguação pessoal, quanto ao<br />
comportamento daqueles aos quais viam semanalmente. Eles o<br />
fizeram. Muitos caminhantes desordenados foram detectados. Alguns<br />
voltaram de seus caminhos maus. Alguns foram afastados de nós.<br />
Muitos viram isto com medo, e regozijaram-se em Deus, com<br />
reverência. Tão logo quanto possível, o mesmo método foi usado em<br />
Londres e em outros lugares".<br />
Ele prossegue para dizer que "era da competência de um líder:<br />
-- (1) Visitar cada pessoa de sua classe, uma vez por semana, pelo<br />
menos, com o objetivo de inquirir como suas almas prosperam,<br />
aconselhar, reprovar, confortar, ou exortar, conforme a ocasião<br />
requeresse; receber o que eles estavam desejosos de dar para aliviar<br />
o pobre. (2) Encontrar o ministro e administradores da Sociedade,<br />
para informar o ministro de alguém que esteja doente; ou de alguém<br />
que esteja confuso e não será reprovado; pagar aos administradores,<br />
o que eles receberam de suas diversas classes na semana precedente".<br />
246
"A princípio, eles visitaram casa pessoa, em sua própria casa;<br />
mas isto não se considerou mais expediente. E, de acordo com os<br />
muitos relatos: --<br />
(1) Isto tomava mais tempo do que a maioria dos líderes tinha<br />
para gastar.<br />
(2) Muitas pessoas viviam com patrões, patroas, ou parentes,<br />
que não permitiam que elas fossem assim visitadas.<br />
(3) Nas casas daqueles que não eram assim tão avessos, eles<br />
freqüentemente não tinham oportunidade de falar-lhes, a não ser em<br />
companhia de alguém, etc. Assim sendo, levando em conta todas essas<br />
considerações, concordou-se que aqueles de cada classe se<br />
encontrariam todos juntos". Assim, todos os objetivos pretendidos<br />
seriam assegurados. "Depois de uma ou duas horas juntos neste<br />
trabalho de amor, eles concluiriam com oração e ação de graças". A<br />
reunião de classe, assim, tornou-se uma característica distinta da<br />
Sociedade Metodista, e tem continuado assim, até o presente dia.<br />
Através do encontro dos membros para orar, louvar e<br />
intercurso espiritual, a classe elevou-se de uma mera organização<br />
conveniente para a supervisão de membros individuais, em um meio<br />
de camaradagem cristã e mútua ministração espiritual, na qual a idéia<br />
da comunhão bíblica é realizada da maneira mais prática e<br />
aproveitável; o objetivo sendo ajudar cada membro a salvar sua<br />
própria alma, e auxiliá-lo a salvar as almas de seus irmãos. Esta tem<br />
sido, desde então, a natureza das classes Metodistas; e para sua<br />
influência deve ser traçada a organização compacta e efetiva da Igreja<br />
Metodista.<br />
Subseqüentemente, com uma visão à consideração mais<br />
adiante da Sociedade, "eu determinei", ele diz, "pelo menos, uma vez,<br />
a cada três meses, conversar com cada membro, e inquirir, assim<br />
como de seus lideres e amigos, se eles cresceram na graça e no<br />
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo – Para cada um desses<br />
247
cuja seriedade e boa conduta eu não encontrei motivo para duvidar,<br />
eu dei um testemunho, escrevendo seus nomes em um ingresso<br />
preparado para aquele propósito; todo ingresso implicando, uma<br />
recomendação tão firme da pessoa a quem ele havia sido dado, como<br />
se eu escrevesse por fim: 'eu acredito que o portador desta seja um<br />
dos que temem a Deus e operam retidão'".<br />
Esses ingressos eram renovados trimestralmente; e assim,<br />
supriam um método tranqüilo e inofensivo de remover algum membro<br />
indigno, simplesmente retendo o ingresso. Quando as reuniões da<br />
Sociedade, à parte da congregação, aconteciam, os ingressos eram<br />
requeridos que fossem mostrados. <strong>Wesley</strong> encontrou seu precedente<br />
para o uso desses ingressos nas cartas de recomendação, mencionadas<br />
em II Cor. 3:1 "Começamos outra vez a recomendar-nos a nós<br />
mesmos? Ou, porventura, necessitamos, como alguns, de cartas de<br />
recomendação para vós, ou de vós?".<br />
No ano seguinte, <strong>Wesley</strong> publicou a Natureza, Objetivo e<br />
Regras Gerais das Sociedades Unidas, em Londres, Bristol,<br />
Kingswood, e Newcastle-upon-Tyne, datada de 22 de Fevereiro 1742-<br />
43, e assinada apenas por ele; todas as edições subseqüentes levaram<br />
as assinaturas de ambos os irmãos.<br />
Depois de se referir aos pormenores acima, ele acrescentou:<br />
(4) Existe apenas uma condição previamente requerida<br />
àqueles que desejam admissão nestas Sociedades: o desejo de fugir da<br />
ira vindoura; serem salvos de seus pecados. Porém, quando quer que<br />
isto seja realmente fixado na alma, será mostrado pelo seu fruto. É,<br />
portanto, de se esperar de todos que continuam nelas, que eles<br />
possam continuar a evidenciar seu desejo de salvação:<br />
1º. Não causando dano, evitando o mal de todo o tipo,<br />
especialmente aquele que é mais comumente praticado tal como:<br />
tomar o nome de Deus em vão; profanar o dia do Senhor, seja com<br />
trabalho comum, ou comércio de compra e venda; tomar, vender, ou<br />
248
comprar bebida alcoólica, exceto nos casos de extrema necessidade;<br />
lutar, discutir, brigar; irmão ir à justiça contra irmão, retribuir o mal<br />
com o mal, zombaria com zombaria; usar de muitas palavras, na<br />
compra ou venda; comprar ou vender bens, sem taxas aduaneiras;<br />
dar ou trazer coisas da agiotagem, por exemplo, interesse ilícito;<br />
manter conversa severa ou sem proveito; particularmente falando mal<br />
de magistrados ou de ministros; fazermos aos outros, o que não<br />
gostaria que fosse feito a nós; fazermos o que sabemos não é para a<br />
glória de Deus, como: -- usar ouro ou vestimentas caras; participar<br />
de tais diversões que não podem ser usadas em nome do Senhor<br />
Jesus; cantar aquelas canções, ou ler aqueles livros que não tendem<br />
ao conhecimento ou amor a Deus; fraqueza, e desnecessária autoindulgência;<br />
juntar tesouros na terra; pedir emprestado, sem a<br />
probabilidade de devolver; ou adquirir bens, sem a probabilidade de<br />
pagar por eles.<br />
(5) Espera-se de todos que continuam nestas Sociedades, que<br />
eles continuem a evidenciar seu desejo de salvação.<br />
2º. Sendo misericordiosos sempre que estiver em seu poder, ou<br />
tiverem oportunidade, fazerem todo tipo de bem possível, até onde<br />
seja possível, a todos os homens: Aos seus corpos, com a habilidade<br />
que Deus lhes deu -- alimentando o faminto, vestindo o nu; visitando<br />
ou ajudando os que estão enfermos ou na prisão: Às suas almas –<br />
ministrando, reprovando, ou exortando todos com os quais tem algum<br />
intercurso; pisoteando as doutrinas fanáticas do diabo, que diz que<br />
"não devemos fazer o bem, exceto se nosso coração estiver livre para<br />
isto"; fazendo o bem, especialmente, àqueles que são nossa família na<br />
fé, ou buscando ser; dando-lhes emprego, preferivelmente do que a<br />
outros; comprando um do outro; ajudando uns aos outros, nos<br />
negócios, e tanto mais, porque o mundo amará o que é seu, e a eles<br />
somente; através de toda diligência e sobriedade possível, para que o<br />
Evangelho não seja envergonhado; correndo, com perseverança, a<br />
corrida que se colocada à frente deles, negando a si mesmos, e<br />
tomando sua cruz diariamente; submetendo-se a suportarem a<br />
reprovação de Cristo; serem como sujeira e o refugo do mundo; por<br />
249
amor ao Senhor, olhar com respeito homens dizem toda sorte de mal<br />
deles, falsamente.<br />
(6) È de se esperar de todos que desejam continuar nestas<br />
Sociedades, que eles possam continuar a evidenciar seu desejo de<br />
salvação:<br />
3º. Atendendo a todas as ordenanças de Deus; tais como:<br />
adoração pública; ministração da palavra, quer lida ou exposta; a<br />
Ceia do Senhor; oração familiar ou pessoal; buscar as Escrituras; e<br />
jejuar ou abster-se.<br />
(7) Essas são as Regras Gerais de nossas Sociedades: todas<br />
que aprendemos de Deus, observar, até mesmo, em Sua Palavra<br />
Escrita; a única regra, e suficiente regra, ambas de nossa fé e prática.<br />
E todas essas, nós sabemos, Seu Espírito escreve em cada coração<br />
verdadeiramente desperto. Se existe algum, em nosso meio, que não<br />
as observa, que habitualmente quebra alguma delas, que isto seja<br />
conhecido daquele que vigia aquela alma, como quem deve prestar<br />
contas disto. Nós advertiremos a ele, quanto aos erros de seus<br />
caminhos: nós os suportaremos por um tempo. Mas, então, se ele não<br />
se arrepender, ele não mais terá lugar em nosso meio. Nós livraremos<br />
nossas próprias almas. -- J. <strong>Wesley</strong> / Charles <strong>Wesley</strong> — 1º. Maio de<br />
1743.<br />
No final do mês, ele partiu para Wales. Em Cardiff, ele<br />
encontrou o sr. Jones de Fonmon; em Wenvo, a igreja estava<br />
totalmente preenchida. À noite, embora em fraqueza e dor, ele pregou<br />
em Fonmon; na manhã seguinte, às oito horas, em Bonvilstone, quatro<br />
milhas distante. Em Lantrissent [Llantrisant], ele sentiu-se muito<br />
revigorado ao encontrar lá "a pequena e sincera Sociedade".<br />
Depois de seu retorno de Wales, já no serviço de "noite de<br />
vigília", em Kingswood, sua voz foi perdida, em meio aos gritos das<br />
pessoas. Centenas delas caminharam para casa juntas, regozijando-se<br />
e louvando a Deus. Uma semana depois, ele cavalgou para Pensford, a<br />
250
pedido sincero de diversos moradores. Mas, assim que começou a<br />
pregar, uma grande turba, escondida, como se certificou mais tarde,<br />
para aquele propósito, veio furiosamente sobre eles, trazendo um<br />
touro, que eles haviam atraído, e agora, esforçavam-se para atravessar<br />
em meio às pessoas. Mas a besta foi mais sábia que seus condutores,<br />
e, continuamente corria, de um lado a outro, enquanto a congregação,<br />
tranqüilamente cantou louvores a Deus, e orou por volta de uma hora.<br />
"Os pobres miseráveis", diz <strong>Wesley</strong>, "desapontados, por fim,<br />
prenderam o touro, agora fraco e cansando, depois de ter sido<br />
golpeado, por cães e homens; com toda a força, parcialmente<br />
arrastado, e, parcialmente empurrado, em meio às pessoas. Quando<br />
eles forçaram seu caminho, até a mesa onde eu estava, eles tentaram<br />
diversas vezes, derrubá-la, empurrando o impotente animal contra<br />
ela, que não se mexeu mais do que uma tora de madeira. Uma ou<br />
duas vezes, coloquei sua cabeça de lado, com minha mão, para que o<br />
sangue não pingasse em minhas roupas, pretendendo seguir em<br />
frente, tão logo o alvoroço diminuísse. Mas a mesa caiu, alguns de<br />
nossos amigos me pegaram em seus braços, e me carregaram em seus<br />
ombros, enquanto a turba deu largas à sua vingança, na mesa, que<br />
eles despedaçaram aos poucos. Nós ficamos um pouco afastados,<br />
onde eu terminei meu discurso, sem qualquer barulho ou<br />
interrupção".<br />
Retornando para Londres, ele pregou na Capela francesa em<br />
Wapping. No dia seguinte, encontrou-se, com hora marcada, com<br />
diversos "homens sinceros e sensíveis", aos quais ele mostrou<br />
dificuldade, que ele encontrou, para conhecer as pessoas que<br />
desejavam estar sob seus cuidados. Depois de muita consideração,<br />
eles concordaram que não existe caminho melhor do que enfrentar a<br />
dificuldade, e vir para o certo, e completo conhecimento de cada<br />
pessoa, do que copiar o plano de Bristol, e dividir o todo em classes,<br />
sob a inspeção de pessoas capazes, em quem ele confiasse. "Esta", ele<br />
diz, "foi a origem de nossas classes, pelo qual eu nunca serei<br />
suficientemente grato a Deus; a inexplicável utilidade da instituição,<br />
cada vez, mais e mais, manifesta".<br />
251
Na sexta-feira, 9 de Abril, ele teve a primeira noite de vigília<br />
em Londres (encontros similares tinham acontecido previamente em<br />
Kingswood); sobre a qual, ele diz: "Nós comumente escolhemos, para<br />
este serviço solene, a sexta-feira mais próxima da lua cheia, tanto<br />
antes, quanto depois, para que aqueles da congregação, que moram<br />
distantes, possam ter claridade até suas casas. O serviço começa oito<br />
e meia, e continua até depois da meia-noite. Nós freqüentemente<br />
encontramos uma bênção especial nestas ocasiões. Existe geralmente<br />
um profundo respeito, junto a congregação, talvez, em alguma<br />
medida, devido ao silêncio da noite; especialmente, no cantar o hino<br />
com o qual comumente concluímos:<br />
Escutem a voz solene!<br />
O terrível grito da meia-noite!<br />
Esperando que as almas se regozijem, se regozijem,<br />
E percebam o noivo se aproximando!<br />
Por um longo tempo, no passado, as noites de vigília foram<br />
confinadas a um serviço anual, que acontecia nas últimas horas do ano<br />
velho, e nos primeiros momentos do novo; uma prática agora geral, na<br />
maioria das igrejas. Para esses serviços, Charles <strong>Wesley</strong> compôs um<br />
número de hinos, que foram publicados em um panfleto intitulado,<br />
Hinos para a Noite de Vigília. Mas o hino popular começa assim:<br />
Vamos, mais uma vez,<br />
Seguir nossa jornada,<br />
Até que o ano aconteça,<br />
Sem nunca parar, até que o Mestre apareça!<br />
Hino que por um século e meio foi cantado por dez mil, na<br />
abertura de cada novo ano, não foi, então escrito. Ele foi publicado<br />
alguns anos mais tarde, em um panfleto de Hinos para o Ano Novo.<br />
Não existe um simples passo incomum tomado por <strong>Wesley</strong>, para o<br />
qual, objeção não foi feita. Mas ele raramente agiu sem consideração<br />
prévia. Quando as noites de vigília foram, primeiro, observadas em<br />
Kingswood, alguns o advertiram para colocar um fim nelas. Ele diz:<br />
252
"Ao considerar a coisa totalmente, e comparando-a com a prática dos<br />
antigos cristãos, eu não vejo motivo para proibi-la. Antes, eu acredito<br />
que ela seria de uso mais geral"; e ele juntou-se a eles no encontro<br />
seguinte. Em resposta a um clérigo, ele escreveu, posteriormente:<br />
"Você me culpa por manter 'reuniões à meia-noite'. Senhor, você<br />
alguma vez viu a palavra vigília, em seu Livro Comum de Oração?<br />
Você sabe o que ela significa? Se não, permita-me dizer-lhe, que ela<br />
foi costumeira com os antigos cristãos, que passavam todas as noites<br />
em oração, e que estas noites eram denominadas vigiliae, ou vigília.<br />
Portanto, por passar uma parte de algumas noites desta maneira, em<br />
oração pública e solene, nós não temos apenas a autoridade de nossa<br />
própria Igreja, mas da Igreja universal, nas zelosas épocas".<br />
Ele encontrou seu velho amigo Whitefield novamente, e foi<br />
persuadido de sua sinceridade em declarar seu sincero desejo de<br />
juntarem as mãos, com todos que amam o Senhor Jesus Cristo.<br />
Ele estava a ponto de partir de Bristol, quando, recebeu um<br />
sincero pedido da Condessa de Huntingdon para se apressar até<br />
Leicestershire, para ver uma lady, a Srta. Cowper, que estava em<br />
Donnington Park, em seu leito de morte, e se dirigiu para lá. A<br />
caminho, ele foi alcançado por um sério homem que, ele diz, "estava<br />
completamente inquieto para saber, 'se eu abraçava a doutrina dos<br />
decretos como ele'. Mas eu lhe disse, repetidas vezes, 'que deveríamos<br />
nos manter nas coisas práticas, a fim de que não ficássemos zangados<br />
um com o outro'. E assim fizemos por duas milhas, até que ele me<br />
pegou desprevenido, e me arrastou para uma disputa, antes que eu<br />
soubesse onde eu estava. Ele, então, ficou cada vez mais esquentado,<br />
e me disse que 'eu era podre no coração, e supostamente um dos<br />
seguidores de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>'. Ao que eu respondi a ele: 'Não; eu sou o<br />
próprio <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>'. Ao que, 'Improvisum aspris veluti qui sentibus<br />
anguem Pressit; ele alegremente teria fugido imediatamente. Mas,<br />
sendo o melhor montado dos dois, eu me mantive ao seu lado, e<br />
esforcei-me para mostrar a ele seu coração, até que ele entrou em<br />
uma rua de Northampton".<br />
253
Ele passou de Donnington para Birstal, onde recebeu do<br />
notório <strong>John</strong> Nelson o relato da estranha maneira, em que ele tinha<br />
sido conduzido.<br />
Nelson, um pedreiro de Yorkshire, enquanto trabalhando em<br />
Londres, ouviu Whtefield pregar em Moorfields, e ficou<br />
profundamente impressionado. A pregação foi agradável para ele,<br />
Nelson diz, e ele amou o homem; de maneira que, se alguém se<br />
oferecesse para perturbá-lo, ele estaria pronto a lutar por ele, mas,<br />
acrescenta: "eu não o entendia, embora eu o ouvisse vinte vezes, que<br />
eu saiba... Eu era como um pássaro errante, fora de seu ninho, até<br />
que o sr. <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> veio pregar seu primeiro sermão em<br />
Moorfileds. Oh! Aquela foi uma manhã abençoada para minha alma!<br />
Tão logo ele tomou o púlpito, jogou os cabelos para trás, e virou seu<br />
rosto em direção aonde eu estava, e eu pensei, seus olhos estão fixos<br />
em mim; seu semblante causou-me tal pavor, antes que eu o ouvisse<br />
falar, que meu coração bateu como um pêndulo de um relógio".<br />
Depois dessa conversa, Nelson retornou para sua casa em Birstal.<br />
Aqui muitos o pressionaram com algumas questões, concernentes à<br />
"nova fé". Ele reconheceu-se um crente, e que estava "tão certo de que<br />
seus pecados foram perdoados, como se ele pudesse ser um dos raios<br />
do sol". Isto causou um alarido nas redondezas, e mais e mais vieram<br />
inquirir. De improviso, ele começou a citar, explicar, e reforçar partes<br />
das Escrituras. Isto ele fez, a princípio, em sua casa, mas, a<br />
companhia, aumentando grandemente, ele foi compelido, ao retornar<br />
de seu trabalho diário, a ficar na sua porta e falar para o povo. Muitos<br />
aceitaram sua palavra, e uma sociedade foi estabelecida em Birstal.<br />
Aqui <strong>Wesley</strong> pregou "para diversas centenas das pessoas simples, e<br />
passou a tarde, falando separadamente com aqueles que tinham<br />
testado da Palavra de Deus". De Birstal, ele foi para Newcastle,<br />
lendo, pelo caminho, Memorablia, de Xenofon, e, como era sua<br />
vontade, registrando seu julgamento sobre ele.<br />
<strong>Wesley</strong> entrava agora na extensão de sua obra, para além das<br />
esferas às quais esteve confinado até aqui. Ao ir para Birstal e<br />
Newcastle, que eram cenários de trabalhos inteiramente novos para<br />
254
ele, ele acreditou que seguia a direção da Providência Divina, cujas<br />
indicações, ele vislumbrou, e pacientemente esperou, e esteve sempre<br />
pronto a responder, quando fossem conhecidas. Esses dois lugares<br />
distinguiram-se proeminentemente em todas as futuras operações de<br />
<strong>Wesley</strong>, e em todas as narrações cronológicas subseqüentes do<br />
reavivamento. Para os estudantes da história do Metodismo, elas têm<br />
uma espécie de interesse clássico.<br />
Ele alcançou Newcastle, na tarde da sexta-feira, 28 de Março.<br />
Depois de um breve descanso, ele caminhou na cidade, da qual ele<br />
escreve:<br />
"Eu fiquei surpreso: tanta bebedeira, praguejamento, e<br />
blasfêmia (até mesmo das bocas das crianças), que eu não me lembro<br />
de ter visto ou ouvido antes, em tão pequeno período de tempo.<br />
Certamente este lugar é propício para aquele que 'vem, não para<br />
chamar o correto, nós, mas os pecadores ao arrependimento'. Às sete<br />
horas, do domingo, eu caminhei para Sandgate, a mais pobre e<br />
corrupta parte da cidade; e, permanecendo no final da rua, com <strong>John</strong><br />
Taylor, comecei a especular centenas de salmos. Três ou quatro<br />
vieram para ver do que se tratava, o que logo aumentou para<br />
quatrocentos ou quinhentos. Eu suponho que havia mil e duzentos ou<br />
mil e quinhentos, antes que eu terminasse a pregação, para os quais<br />
eu apliquei aquelas solenes palavras: 'Ele foi ferido por nossas<br />
transgressões; Ele foi esmagado por nossas iniqüidades: o castigo de<br />
nossa paz está sobre Ele; e por Suas machucaduras fomos curados".<br />
[Isaías 53:5].<br />
"Observando as pessoas, quando eu terminei, de boca aberta e<br />
olhando fixamente em mim, com 'o mais profundo espanto, eu lhes<br />
disse: 'Se vocês desejam saber quem eu sou, meu nome é <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>.<br />
Às cinco horas da tarde, com a ajuda de Deus, eu pretendo pregar<br />
aqui novamente".<br />
"Às cinco horas, a notícia de que 'eu pretendia pregar,<br />
espalhou-se do topo ao chão. Eu nunca vi tão grande número de<br />
255
pessoas juntas, fosse em Moorfileds, ou em Kennington Common. Eu<br />
sabia que não seria possível para a metade me ouvir, embora minha<br />
voz estivesse forte e clara; e fiquei de maneira a tê-los todos em vista.<br />
Uma vez que eles estavam se agrupando nos lados da colina. A<br />
palavra de Deus, que eu coloquei diante deles foi: 'Eu sararei a sua<br />
apostasia, eu os amarei livremente'. [Oséas 14:4]".<br />
"Depois da pregação, as pobres pessoas estavam prontas a me<br />
pisotear, pelo excesso de puro amor e delicadeza. Foi algum tempo<br />
antes que eu pudesse escapar da multidão. Eu, então, voltei por um<br />
outro caminho, do que aquele que eu vim; mas diversos chegaram em<br />
nossa estalagem, antes de nós; pelos quais fui severamente<br />
importunado a ficar com eles, pelo menos, alguns dias, ou, quem<br />
sabe, um dia mais. Mas eu não poderia concordar, tendo dado minha<br />
palavra de estar em Birstal, com a permissão de Deus, na terça-feira<br />
á noite".<br />
De Newcastle, ele cavalgou para Boroughbridge; e de lá para<br />
Birstal, onde uma multidão se reuniu. Ele começou a falar com eles,<br />
por volta das sete horas, e não pode concluir até nove e meia.<br />
Ele também pregou perto de Halifax, e próximo a Dewsbury<br />
Moor, duas vezes; em Mirfield; em Adwalton, em uma parte ampla da<br />
rodovia; novamente em Birstal, onde "todos os ouvintes estavam<br />
profundamente atentos", em Beeston, onde ele leu Mysterium<br />
Magnum, de Behmen, e declarou se tratar do "mais sublime bobagem,<br />
linguagem bombástica inimitável; e empolada, sem paralelo".<br />
Cavalgando para Epworth, ele concluiu Madame Guyon, Método<br />
Resumido de Oração & Espirituais Torrentes, no qual ele se certificou<br />
que os irmãos quietistas "apenas recontaram esta pobre quietista".<br />
Retornando para Epworth, depois de um intervalo de alguns<br />
anos, ele logo foi descoberto por duas ou três pobres mulheres; uma<br />
delas era uma velha serva de seu pai. Ele perguntou, se elas<br />
conheciam alguém em Epworth que sinceramente quisesse ser salvo.<br />
"Eu sou uma, pela graça de Deus", disse uma delas, "e eu sei que sou<br />
256
salva pela fé; e muitos aqui podem dizer o mesmo". No dia seguinte,<br />
domingo, seu companheiro, <strong>John</strong> Taylor, depois do serviço,<br />
permaneceu no pátio da igreja, e avisou: "Sr. <strong>Wesley</strong>, não lhe sendo<br />
permitido pregar na igreja, pretende pregar aqui, às seis horas da<br />
tarde". Na hora marcada, <strong>Wesley</strong> permaneceu na tumba de seu pai, e<br />
pregou para tal congregação, que ele acreditou Epworth não tinha<br />
visto antes. Pressionado sinceramente por muitos, não apenas de<br />
Epworth, mas de diversas vilas adjacentes, e ao certificar-se que os<br />
irmãos quietistas tinham estado aqui também, ele permaneceu por<br />
alguns dias, pregando e falando individualmente com aqueles, em<br />
todos os lugares, que encontraram ou esperavam pela salvação; cada<br />
manhã tomar seu lugar na tumba de seu pai. Nós soubemos que todo<br />
um vagão desses novos heréticos foi trazido por seus raivosos<br />
vizinhos, diante do juiz de paz, Sr. George Stovin, de Crowle, uma<br />
cidade próxima, que inquiriu o que eles tinham feito; ao que houve um<br />
profundo silêncio. Por fim, alguém disse: "Porque, eles pretendem ser<br />
melhores do que as outras pessoas; e, além disto, eles oram de manhã<br />
à noite". "Mas eles têm feito nada além?". "Sim, senhor", disse um<br />
homem idoso, "Vossa Excelência, me permite, eles converteram<br />
minha esposa. Até que estivesse entre eles, ela tinha tal língua! E<br />
agora ela está tão quieta como um cordeiro". "Levem-nos de volta;<br />
levem-nos de volta", respondeu o juiz, "e que eles convertam todos as<br />
ranzinzas da cidade".<br />
Em Epworth, "os efeitos impressionantes acompanharam a<br />
pregação. Uma tarde, de todos os lados, como que num único acorde,<br />
as pessoas levantaram suas vozes, e choraram; na tarde seguinte,<br />
diversos caíram ao chão como mortos", e em meio aos demais houve<br />
tal grito, a quase suplantar a voz do pregador. Mas o murmurar deles<br />
transformou-se em alegria, e seus choros em canções de louvor.<br />
Um cavalheiro esteve presente, em um serviço que pretendia<br />
não ser de alguma religião, afinal, e não atendeu a adoração de<br />
qualquer tipo, por trinta anos. <strong>Wesley</strong>, ao observar que ele permanecia<br />
imóvel, como uma estátua, perguntou: "Senhor, você é um pecador?".<br />
Ele respondeu, com uma voz profunda e humilhada: "Pecador o<br />
257
suficiente"; e continuou com os olhos fixos ao alto, até que sua esposa<br />
e um servo, que estavam todos em lágrimas, o colocaram em sua<br />
carruagem e o levaram para casa. Visitando-o alguns anos depois,<br />
<strong>Wesley</strong> foi agradavelmente surpreendido ao encontrá-lo forte na fé,<br />
embora fraco no corpo, e capaz de testemunhar que, há muito tempo,<br />
ele se regozijava em Deus, sem tanto duvidar, quanto temer, e agora<br />
esperava pela hora bem-vinda, quando ele partiria e estaria com<br />
Cristo.<br />
No domingo, <strong>Wesley</strong> pregou, às sete horas, em Haxey; de<br />
manhã e à tarde, em Wroot, onde a igreja oferecida a ele não podia<br />
conter as pessoas; às seis horas, ele pregou no pátio da Igreja de<br />
Epworth, "para uma vasta multidão", quando, ele diz, "eu continuei<br />
com eles, por aproximadamente três horas; e, ainda assim, nós<br />
dificilmente soubemos como partir" – e este foi o quarto serviço no<br />
dia! Ele fez a seguinte reflexão: "Ó, que ninguém pense que seu<br />
trabalho de amor está perdido, porque o fruto não apareceu<br />
imediatamente. Por quase quarenta anos, meu pai trabalhou aqui; ele<br />
viu poucos frutos de todo seu trabalho. Eu sofri em meio a este povo<br />
também; e minhas forças pareceram ser gastas em vão. Mas agora o<br />
fruto apareceu. Quase não existe alguém na cidade, pelo qual, tanto<br />
meu pai, quanto eu sofremos anteriormente, mas a semente, semeada<br />
há tanto tempo, parece agora brotar, produzindo o fruto do<br />
arrependimento e remissão dos pecados".<br />
Na manhã seguinte, ele partiu para Sheffield, ver um tal de<br />
David Taylor, "a quem Deus fizera um instrumento de Deus para<br />
muitas almas". Não o encontrou, e pensou em seguir adiante, mas as<br />
pessoas o constrangeram a ficar e pregar de manhã e à tarde. Com o<br />
regresso de Taylor, <strong>Wesley</strong> soube dele; e registrou para sua orientação<br />
futura, que ele (Taylor) tinha ocasionalmente exortado multidões, em<br />
várias partes; mas, depois disto, ele não se preocupou mais, de<br />
maneira que a maior parte adormeceu novamente. Um testemunho que<br />
confirmava a prudência daquele cuidado defensivo que <strong>Wesley</strong><br />
tentava exercer sobre seus convertidos.<br />
258
Prosseguindo de Sheffield, ele pregou em Barley Hall,<br />
subseqüentemente, o cenário de muitos serviços consagrados, onde<br />
muitos se derreteram e foram preenchidos com amor ao seu Salvador.<br />
Na manhã seguinte, ele pregou por volta das cinco horas, mas foi<br />
compelido a interromper no meio de seu discurso; porque, ele diz,<br />
"seus corações estavam tão preenchidos com um sentimento de amor<br />
a Deus, e nossas bocas com louvor e adoração"; depois de um tempo,<br />
ele concluiu seu sermão.<br />
Deixando Sheffield, ele continuou para Ripley, Donnington<br />
Park, Ogbrook, Melbourne, Markfield, Coventry, e Evesham;<br />
pregando onde quer que fosse, e reunindo a pequena Sociedade, em<br />
todo o lugar que tivesse uma; o que, no mínimo, significava quase<br />
toda a cidade, através das quais ele previamente passara. Em cada<br />
Sociedade, ele corrigia tais erros ou males quando havia problemas.<br />
Ele prosseguiu para Stroud, pregando no mercado, ao meio-dia, onde<br />
"teria havido mais confusão; um bêbado já embriagado muito cedo<br />
estava tão insensatamente impertinente que, até mesmo seus<br />
camaradas estavam completamente envergonhados dele". À tarde,<br />
pregou em Minchin-Hampton Common, onde havia muitos da<br />
"Sociedade do Sr. Whitefield".<br />
No dia seguinte, domingo, 27 de Junho, ele pregou, às sete<br />
horas, em Painswick; às dez, atendeu a Igreja; à tarde, em Runwick,<br />
no encerramento do serviço, ele discursou para "uma vasta multidão",<br />
e concluiu o dia, através de um outro serviço em Minchin-Hampton<br />
Common. No dia seguinte, ele cavalgou para Bristol, onde se<br />
certificou que a disputa tinha causado muitos danos. Quando saía de<br />
Newgate, alguém despejou tal inundação de blasfêmia e amargura,<br />
que ele "dificilmente pensou que poderia ser encontrada fora do<br />
inferno". Assim, o espírito do mal, cujo território foi atacado<br />
verbalmente, encontrou expressão, através de seus agentes. Ele esteve<br />
ocupado por quatro dias inteiros, em reconciliar as pequenas<br />
diferenças que tinham se erguido em meio ao seu povo de Bristol.<br />
259
Cavalgou para Cardiff, onde encontrou muita paz e amor, na<br />
pequena Sociedade de lá. No dia seguinte, 7 de Julho, ele retornou,<br />
pregando para uma congregação pequena e atenta, perto de Henbury,<br />
e, antes das oito horas, alcançou Bristol, onde ele teve "um encontro<br />
confortável com muitos que sabiam em quem eles criam". "Agora,<br />
por fim", ele diz, "eu passei uma semana em paz; todas as disputas<br />
colocadas de lado". Ele retornou para Londres em 20 de Julho.<br />
Assim, terminou o primeiro traço da viagem evangelista, no<br />
qual se observa que ele sempre espera as indicações das<br />
circunstâncias, talvez, seja mais correto dizer, as indicações da<br />
Providência, -- antes pregar e estabelecer as sociedades em lugares<br />
novos. Também se observa que as pequenas sociedades esporádicas<br />
brotam em diferentes partes da região, devido a várias causas, sem sua<br />
intervenção direta. Pode-se notar mais ainda que ele começa a viajar<br />
acompanhado, se possível; e logo se tornou uma prática para um ou<br />
outro de seus colaboradores, se reunirem a ele em suas excursões.<br />
Várias circunstâncias prepararam o caminho para as visitas de<br />
<strong>Wesley</strong>. Em Wales, por exemplo, Howel Harris, um pregador de<br />
grande poder, de quem foi dito, "Ele rasga a todos diante dele, como<br />
um rastelo largo", trabalhou desde 1735, e organizou trinta<br />
sociedades, chamadas "Sociedades de Experiência Pessoal", antes que<br />
Whitefield ou <strong>Wesley</strong> visitasse o Principado.<br />
Em seu retorno de Londres, <strong>Wesley</strong> encontrou sua mãe nas<br />
bordas da eternidade; mas ela não tinha dúvida ou temor, nem algum<br />
desejo, a não ser (tão logo Deus a chamasse) partir e estar com Cristo.<br />
Três dias depois, ela faleceu. Ele assim descreve a cena, e o funeral:<br />
"Sexta-feira, 23 de Julho – Por volta das três horas da tarde, eu fui<br />
até minha mãe, e me certifiquei que sua mudança estava perto. Eu me<br />
sentei ao lado da cama. Ela estava em seu último conflito, incapaz de<br />
falar, mas eu acredito, completamente consciente. Sua aparência<br />
estava calma e serena, e seus olhos fixados no alto, enquanto<br />
recomendávamos sua alma a Deus. Das três às quatro horas, o<br />
cordão de prata desprendeu-se, e o cântaro despedaçou-se junto à<br />
260
fonte; e, então, sem qualquer esforço, ou sinal, ou gemido, a alma<br />
libertou-se. Nós permanecemos ao redor da cama, e cumprimos seu<br />
último pedido, dizendo um pouco antes de perder o seu discurso:<br />
'Filhos, tão logo eu esteja livre, cantem um salmo de louvor a Deus'".<br />
No domingo seguinte, ele diz: "Uma companhia quase inumerável<br />
reuniu-se, e, por volta das cinco da tarde, eu entreguei para a terra o<br />
corpo de minha mãe, para dormir com seus pais. Foi uma das mais<br />
solenes reuniões que eu tinha visto, ou esperava ver, deste lado da<br />
eternidade". Assim, encerrou-se a diversificada vida terrena desta<br />
mulher devota, que obtivera para si mesmo, uma posição quase<br />
inigualável, em meio às esposas e mães da Inglaterra.<br />
"Em 8 de Agosto, eu gritei alto em Radcliff Square: Por que você<br />
morrerá, ó casa de Israel? Apenas um pobre homem estava<br />
excessivamente barulhento e perturbado. Mas, de imediato, Deus<br />
tocou seu coração. Ele abaixou sua cabeça; as lágrimas cobriram seu<br />
rosto; sua voz não mais foi ouvida. Naquela tarde, eu me senti<br />
constrangido a separar dos crentes, alguns que não mostraram sua fé,<br />
através de suas obras. Um desses ficou profundamente insatisfeito;<br />
falou muitas palavras amargas, e saiu abruptamente. Em um dia ou<br />
dois, enviou uma nota, exigindo o pagamento de cem libras, que ele<br />
tinha emprestado, cerca de um ano antes, para pagar os operários da<br />
Fundição. Dois dias depois, Ele voltou e disse que queria seu<br />
dinheiro, e não poderia esperar mais. Eu disse que eu me esforçaria<br />
para devolvê-lo; e pedi que ele voltasse á tarde. Mas ele disse que não<br />
poderia esperar tanto tempo, deveria tê-lo ao meio-dia. Onde<br />
consegui-lo, eu não sabia", diz <strong>Wesley</strong>, e acrescenta, "Entre nove e<br />
dez horas, alguém veio e me ofereceu o uso de cem libras, por ano,<br />
mas outros dois estiveram comigo antes, e fizeram a mesma oferta. Eu<br />
aceitei a cédula, que um deles trouxe; e vi que Deus está sobre tudo".<br />
A caminho de Bristol, ele leu "aquele surpreendente livro, A<br />
vida de Inácio de Loyola, certamente um dos maiores homens que,<br />
alguma vez, se engajou no apoio de uma causa tão ruim! Eu gostaria<br />
de saber se algum homem poderia julgá-lo um fanático. Não, mas ele<br />
conhecia as pessoas com as quais lidava. E para demonstrar (como o<br />
261
Conde Z---), com uma completa persuasão, que ele usaria de fraude<br />
para promover a glória de Deus ou (o que ele pensou fosse a mesma<br />
coisa) os interesses da Igreja Dele, ele agiu, em todas as coisas,<br />
consistentemente com seus princípios".<br />
Em Oxford, ele encontrou seu irmão e o Sr. Charles Caspar<br />
Graves. Sr. Graves, anteriormente um estudante da Magdalen College,<br />
Oxford, foi convertido, sob a ministração de Charles <strong>Wesley</strong>, e se<br />
tornou um dos Metodistas de Oxford, depois que <strong>Wesley</strong> partiu. Seus<br />
amigos, acreditando que ele estivesse "completamente louco", o<br />
removeram do seu colégio. Quase coagido por eles, consentiu em<br />
endereçar um documento aos seus colegas do colégio, renunciando<br />
aos princípios e práticas dos Metodistas, declarando sua tristeza, por<br />
ter ofendido e escandalizado, ao atender aos encontros deles, e<br />
prometendo não ofender mais. Dois anos mais tarde, sob uma<br />
profunda depressão, por conta de seu erro, ele escreveu novamente,<br />
confessando que ele agiu sob a influência de um temor pecaminoso do<br />
homem, e em respeito ao julgamento daqueles a quem ele considerava<br />
mais sábios do que si mesmo; e agora abertamente se retratava da<br />
afirmação anterior, e declarava que ele não conhecia princípios<br />
Metodistas (assim chamados), que fossem contrários à Palavra de<br />
Deus, nem quaisquer práticas, mas o que estava de acordo, com as<br />
Escrituras e as leis da Igreja. Ele se tornou um clérigo muito útil, e um<br />
amigo e colaborador dos <strong>Wesley</strong>s.<br />
Depois de ter ajustado a Sociedade aqui, e em Kingswood, ele<br />
retornou para Londres, lendo no caminho, "aquele excelente tratado<br />
do Sr. Middleton, Ensaio Sobre o Governo da Igreja", e, "uma vez<br />
mais a vida daquele bom e sábio homem (embora equivocado),<br />
Gregório Lopez".<br />
Pressionado a visitar um pobre assassino em Newgate, ele<br />
objetou que os carcereiros, assim como o guarda, odiassem os<br />
Metodistas, e recusaram a admiti-lo, até mesmo, a alguém que<br />
sinceramente pediu por isto, na manhã que ia morrer. De qualquer<br />
forma, ele foi, e para sua surpresa, encontrou todas as portas abertas<br />
262
para ele. Enquanto exortava, o doente malfeitor clamou a Deus, o<br />
restante dos réus ao redor, para os quais ele falou "fortes palavras,<br />
concernentes ao Amigo dos Pecadores, que eles receberam, com tão<br />
grande sinal de assombro, como se tivessem ouvido a voz do céu".<br />
Quando veio para o corredor comum, um dos prisioneiros, fez-lhe<br />
uma pergunta, que lhe deu a oportunidade de falar em meio a eles,<br />
mais e mais, ainda juntos, enquanto ele declarava que Deus não<br />
desejava que algum deles perecesse, mas que todos viessem para o<br />
arrependimento.<br />
No domingo, 12 de Setembro, desejou pregar em um lugar<br />
aberto, comumente chamado de Great Gardens, estendendo-se entre<br />
Whitechapel e Coverlet-Fields, onde encontrou uma vasta multidão<br />
reunida, e apelou para que eles se arrependessem e cressem no<br />
Evangelho. "Muitas das bestas humanas", ele escreve, "esforçaram-se<br />
para perturbar aqueles de uma mente melhor. Eles tentaram dirigir<br />
um rebanho de vacas, em meio deles; mas os animais eram mais<br />
sábios que seus mestres. Eles, então, atiraram chuvas de pedras, e<br />
uma atingiu-me, bem entre os olhos. Mas eu não senti dor, afinal, e,<br />
quando enxuguei o sangue, prossegui testificando com voz bem alta,<br />
que Deus deu àqueles que crêem, não um espírito de temor, mas do<br />
poder e amor, e de uma mente sadia. E, através do espírito que agora<br />
surgiu, por toda a congregação, eu vi claramente qual a bênção que<br />
existe, quando nos é dado, até mesmo, no menor grau, sofrer por<br />
causa de seu nome". Ele carregou a cicatriz na testa, até o fim da sua<br />
vida.<br />
No dia seguinte ao incidente relatado, ele partiu depois do<br />
serviço da manhã; às nove horas, pregou em Windsor, e na tarde<br />
seguinte, veio para Bristol, onde passou uma quinzena, examinando a<br />
Sociedade, e falando individualmente com cada membro. Nos<br />
próximos dois meses, ele passou alternadamente em Londres e Bristol,<br />
onde ele diariamente exerceu seu trabalho evangelista e observou suas<br />
sociedades.<br />
263
Na segunda-feira, 8 de Novembro, às quatro horas, ele partiu<br />
de Londres, para Newcastle, e, pregando em várias cidades no<br />
caminho, ele chegou no sábado, e de imediato encontrou uma<br />
Sociedade, selvagem, olhando fixamente, e amorosa. Seu irmão<br />
trabalhara aqui por algumas semanas, mas acabara de retornar para<br />
Londres.<br />
No domingo, ele pregou às cinco horas da manhã (uma coisa<br />
nunca ouvida antes nestas partes), quando "a vitoriosa suavidade da<br />
graça de Deus estava presente com Sua palavra". Às dez horas, ele<br />
foi para All Saints, onde havia tal número de comunicantes, como ele<br />
dificilmente vira, a não ser em Londres ou Bristol. Às quatro horas,<br />
ele pregou na quadra do Hospital Keelmens, e encontrou a Sociedade<br />
às seis horas. Na segunda-feira, às cinco horas, começa expondo Atos<br />
dos Apóstolos.<br />
Cada tarde, ele falou separadamente com os membros da<br />
Sociedade. Nas terças-feiras, à tarde, ele expôs a Epístola aos<br />
Romanos, e, depois, o sermão adequado à Sociedade.<br />
Afetado pelas diferentes maneiras, com as quais Deus se<br />
agradou de operar em diferentes lugares, ele diz: "A graça de Deus<br />
flui aqui com uma correnteza mais larga, do que, a princípio, em<br />
Bristol e Kingswood; mas não mergulha tão fundo. Poucos estão<br />
totalmente convencidos do pecado, e, dificilmente alguém pode<br />
testemunhar que o Cordeiro de Deus levou seus pecados". Ele<br />
acrescenta: "Eu nunca vi uma obra de Deus, em qualquer outro lugar,<br />
tão uniforme e gradualmente conduzida. Ela continuamente se ergue,<br />
passo a passo. Nem tanto parece ter sido feito, em qualquer outro<br />
tempo, como tem sido freqüentemente feito em Bristol e Londres, mas,<br />
alguma coisa a cada momento. Acontece o mesmo com as almas. Eu<br />
não vi pessoa alguma naquele triunfo da fé, como tem sido tão comum<br />
em outros lugares. Mas os crentes seguem em frente, calmos e firmes.<br />
Que Deus faça o que parece bom a Ele". Ele começa a visitar os<br />
lugares circunvizinhos. No domingo, dia 28, depois de pregar em uma<br />
sala, às cinco horas, e no hospital, às oito horas, ele caminhou por<br />
264
volta de sete milhas para Tanfield Leigh, onde uma grande<br />
congregação estaca reunida, de todas as partes da região, mas "uma<br />
congregação tão morta, inconsciente, e impassível", como ele<br />
dificilmente vira. Sua experiência aqui, como em muitos outros<br />
lugares, o levou a não dar um golpe, em algum lugar, onde ele não<br />
pudesse seguir o vento.<br />
Em Newcastle, ele garantiu um terreno, no qual construiu uma<br />
sala para a Sociedade, e removeu-se para uma moradia adjacente. O<br />
frio extremo impediu a construção de começar, a não ser na segundafeira,<br />
de Dezembro, quando a primeira pedra da nova casa foi<br />
colocada. Esta foi mais tarde conhecida como o Orfanato, usado para<br />
outros propósitos como uma escola para órfãos. A construção foi<br />
calculada em 700 libras, e <strong>Wesley</strong> tinha vinte e seus xelins na mão.<br />
Muitos afirmaram que ela nunca seria terminada, ou que ele não<br />
viveria para vê-la coberta. Mas ele era de uma outra opinião, nada<br />
duvidando de que, como ela foi começada por causa de Deus, Ele<br />
providenciaria o que fosse necessário para concluí-la.<br />
Tyermam diz: "Ela foi consagrada pelas associações muito<br />
sagradas para ser facilmente esquecida. Aqui uma das primeiras<br />
Escolas Dominicais no reino foi estabelecida, e não teve menos do<br />
que mil crianças em atendimento. Aqui uma Sociedade Bíblica existiu,<br />
antes da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Aqui havia o<br />
melhor coral da Inglaterra; e aqui, em meios aos cantores, estavam<br />
os filhos do Sr. Scott, mais tarde, os célebres lordes Eldon e Stowell.<br />
Aqui ficava o lugar de descanso dos primeiros itinerantes de <strong>John</strong><br />
<strong>Wesley</strong>; e aqui os mineiros e os barqueiros, de todas as partes das<br />
regiões circunvizinhas, se reuniriam, e depois do serviço vespertino,<br />
jogar-se-iam nos bancos, e dormiam algumas poucas horas restantes,<br />
até que <strong>Wesley</strong> pregasse às cinco horas da manhã seguinte. Ela se<br />
tornou a casa do norte de <strong>Wesley</strong> e seus colaboradores, e o centro do<br />
Metodismo do norte por muitos anos".<br />
Enquanto pregava, à tarde, ele freqüentemente teve de parar,<br />
enquanto as pessoas oravam e davam graças a Deus.<br />
265
Em Horseley, a casa era muito pequena, de maneira que ele<br />
pregou em céu aberto, embora uma furiosa tempestade começasse. "O<br />
vento", ele diz, "nos dirigiu como uma torrente, vindo em turnos, do<br />
leste, oeste, norte e sul. A palha e o sapé voavam em redor de nossas<br />
cabeças, de maneira que alguém teria imaginado que não demoraria<br />
e a casa viria abaixo; mas escassamente alguém se agitou, e muito<br />
menos saiu do caminho, até que eu me despedi deles com a paz de<br />
Deus". No dia seguinte, ele pregou em Swalwell, quando novamente o<br />
vento estava alto e extremamente cortante, mas ninguém foi embora.<br />
Depois de pregar como de costume na Square, ele pegou o cavalo para<br />
Tanfield, no que foi, mais de uma vez, quase derrubado de seu animal.<br />
Às três horas, ele pregou para uma multidão, e, mais tarde, encontrou<br />
a Sociedade, em uma sala larga, que sacudia, de um lado para outro,<br />
com a violência da tempestade.<br />
Quando se despediu, diante da mais larga companhia que ele<br />
tinha visto em Newcastle, eles se dependuraram nele, de maneira que<br />
ele teve dificuldade de se desembaraçar; nestas circunstâncias, "uma<br />
mulher enorme", agarrou-se, e correu ao lado do cavalo para<br />
Sandgate. Ele e seu companheiro, Jonathan Reeves, alcançou<br />
Darlington aquela noite, e Boroughbridge, no ultimo dia do ano, e<br />
passou o dia primeiro em Epworth.<br />
"Neste ano", <strong>Wesley</strong> escreve, "muitas sociedades foram<br />
formadas em Somersetshire, Wiltshire, Gloucestershire,<br />
Leicestershire, Warwickshire, e Nottinghamshire, assim como nas<br />
partes sudestes de Yorkshire. E aquelas de Londres, Bristol, e<br />
Kingswood cresceram muito". E cada sociedade tornou-se um centro<br />
do conhecimento religioso e atividade e influência cristã, e preparou o<br />
caminho para a extensão das visitas evangelistas.<br />
<strong>Wesley</strong> começou o ano em Epworth, onde pregou às cinco<br />
horas; e, no túmulo de seu pai, às oito; mas o curador negou-lhe o<br />
Sacramento. "Peço-lhes que diga ao sr. <strong>Wesley</strong>", ele disse, "que eu<br />
não darei a ele o Sacramento, porque ele não é digno". Em Birstal,<br />
266
ele constatou que muitos se desviaram, por conta dos alemães. Ele<br />
chegou em Sheffield, molhado e fraco, e, então, seguiu para os<br />
mineiros de carvão, em Wednesbury, onde seu irmão precedera a ele.<br />
Ele pregou na Town Hall, de manhã e à tarde, e em campo aberto.<br />
Muitos ficaram profundamente afetados, e, cerca de uma centena<br />
desejou reunir-se novamente. Em dois ou três meses, eles aumentaram<br />
em torno de trezentos e quatrocentos. Passando por Evesham, ele veio<br />
para Stratford-on-Avon, onde "a maioria dos ouvintes ficou como que<br />
postes; mas alguns zombaram, outros blasfemaram, e poucos<br />
creram". O restante do mês foi gasto dentro e perto de Bristol. Em<br />
retorno para Londres, seu irmão e ele visitaram o todo da Sociedade, o<br />
que os ocupou por alguns dias, das seis da manhã às seis da tarde.<br />
Em meados de Fevereiro, ele parte para Newcastle, onde se<br />
certifica que as boas impressões feitas nas mentes das pessoas não<br />
foram profundas, de maneira que foi necessário colocar mais de<br />
sessenta deles fora, devido às várias ofensas grosseiras. Ele foi<br />
conduzido a concluir, das instâncias infelizes, com as quais deparou<br />
em todas as partes da Inglaterra, que era um grande mal para as<br />
pessoas, estarem meio-despertas, e, então, entregues à própria sorte,<br />
para adormecerem novamente; e ele resolveu não tentar aprofundar<br />
uma impressão que não tivesse evidência de ser permanente.<br />
Ele pregou em uma estrutura da nova casa de pregação, ainda<br />
em construção, quando uma grande multidão se reuniu, a maioria<br />
vigiou até tarde da noite.<br />
Então, visitou Placey, uma pequena vila de mineiros de carvão,<br />
dez milhas ao norte de Newcastle, onde seus habitantes sempre foram<br />
os primeiros a liderar pela selvagem ignorância e maldade de todo o<br />
tipo. Ele nos conta que ele sentiu grande compaixão por essas pobres<br />
criaturas, do primeiro momento em que ouviu sobre elas, e muito mais<br />
porque todos os homens pareciam os mais desesperados deles. Ele<br />
partiu com um guia; um vento norte incomum jogava granizo em suas<br />
faces, que congelavam com a queda, de maneira que eles mal podiam<br />
ficar de pé quando chegaram. Ele se levantou e declarou Aquele que<br />
267
estava "ferido por nossas transgressões, e machucado por nossas<br />
iniqüidades". "Os pobres pecadores", ele diz, "rapidamente se<br />
reuniram, e deram atenção sincera às coisas que eram faladas; como<br />
fizeram novamente à tarde, a despeito do vento e neve". Ele os visitou<br />
várias vezes, e teve oportunidade grandemente de se regozijar sobre<br />
seus trabalhos.<br />
No retorno de Newcastle através de Knaresborough, Leeds,<br />
Birstal, e Sheffield, ele veio para Wednesbury, onde encontrou<br />
comparativa quietude. No domingo à tarde, ele atendeu o serviço na<br />
igreja, e "nunca ouviu um sermão tão ruim, e entregue com tal<br />
amargura de voz e maneira". Sabendo quais efeitos danosos seriam<br />
produzidos por ele, <strong>Wesley</strong> se esforçou para fortalecer a mente das<br />
pessoas. Enquanto pregava, um clérigo vizinho, completamente<br />
bêbado, subiu no cavalo e, depois de muitas "palavras indecorosas e<br />
amargas, se esforçou muito para passar por cima das pessoas". Tudo<br />
isto produziu seu fruto em curto tempo, como podemos ver.<br />
Depois de uma semana de descanso e paz em Bristol,<br />
revigorado na mente e corpo, ele fez um turismo, pelos lugares de<br />
Wales; e tudo correu bem, exceto em Cowbridge, onde uma turba,<br />
"liderada por um ou dos miseráveis, chamados de cavalheiros,<br />
continuaram gritando, praguejando, blasfemando, e atirando chuvas<br />
de pedras, quase em interrupção". Assim, depois de algum tempo<br />
gasto em oração por eles, ele se despediu da congregação. Retorna a<br />
Bristol, e, depois de um trabalho de duas semanas lá, retira-se para<br />
Londres.<br />
No Domingo da Trindade, ele começou os serviços em uma<br />
capela em West Street, Seven Dials, construída, uns sessenta anos<br />
antes, pelos protestantes franceses. Esta foi, durante anos depois, o<br />
cenário de muitos serviços notáveis Metodista. Era costume dos<br />
<strong>Wesley</strong>s, quando em Londres, administrar a Ceia do Senhor, todo<br />
domingo. O primeiro serviço, em West Street, foi um serviço<br />
sacramental, que durou, não menos do que cinco horas, tão grande era<br />
a afluência dos comunicantes. <strong>Wesley</strong> estava temeroso que suas forças<br />
268
não agüentassem sua outra tarefa; mas diz: "Deus está vendo isto;<br />
assim eu devo pensar, e eles que quiserem chamar isto de fanatismo,<br />
que o façam". À tarde, ele pregou em Great Gardens, para uma<br />
"congregação imensa"; então, encontrou os líderes de classes, e<br />
depois deles, as Bands. "Às dez da noite", ele diz, "eu estava menos<br />
cansado do que às seis da manhã". No domingo seguinte, o serviço<br />
durou seis horas, assim ele dividiu os comunicantes em três grupos,<br />
para que não houvesse mais do que seiscentos de uma só vez. Ele<br />
ficou satisfeito em se certificar que poucos dos mil novecentos e<br />
cinqüenta membros, para o qual a Sociedade crescera, tivessem<br />
descuidado de sua firmeza.<br />
Charles havia partido, em direção ao norte, e seus trabalhos e<br />
sucessos mantiveram a paz com seus irmãos. Em Wednesbury, uma<br />
sociedade de mais de trezentos membros havia sido formada. Aqui um<br />
pedaço de chão fora dado, onde se construiu uma casa de pregação,<br />
que ele "consagrou com um hino", e, então, caminhou, cantando com<br />
muitos dos irmãos, para Walsall. Ele foi recebido com ruidosas<br />
saudações, por parte do povo rude. Na escadaria do mercado, ele abriu<br />
sua Bíblia para pregar. Ele diz: "Um exército de homens estava<br />
posicionado contra nós. A rua estava cheia da força das bestas de<br />
Ephesian (o principal homem em meio a eles), que bramiu e gritou, e<br />
atirou pedras incessantemente. Muitos me atingiram, sem me ferir. Eu<br />
supliquei a eles, no calmo amor, para se reconciliarem com Deus em<br />
Cristo. Enquanto eu partira, uma torrente de rufiões se esforçava<br />
para me tirar dos degraus. Eu me levantei, e deu a bênção, e fui<br />
derrubado novamente. Assim, a terceira vez, quando demos graças a<br />
Deus por nossa salvação. Eu, então, das escadarias declarei que eles<br />
partissem em paz, e caminhei tranqüilamente de volta, através dos<br />
mais grosseiros revoltosos. Eles nos ultrajaram, mas não tiveram<br />
autorização para tocar em um fio de nossas cabeças". Depois de<br />
esforçar-se para confirmar a fé dos convertidos, ele partiu para o norte,<br />
para encontrar, ainda mais, tratamento violento.<br />
<strong>Wesley</strong> não ficou surpreso com as noticias de Staffordshire;<br />
"nem eu me surpreenderia", diz ele, "se, depois dos conselhos que<br />
269
eles tão freqüentemente ouviram do púlpito, assim como da cadeira<br />
episcopal, o zeloso, e generoso clérigo tenha se levantado e feito os<br />
Metodistas em pedaços". Consultada a autoridade legal, ele certificouse<br />
de que haveria um remédio fácil, se ele resolutamente processasse<br />
"aqueles rebeldes contra Deus e o rei".<br />
Ele, então, partiu para o norte. Em Newcastle, constatou que,<br />
embora alguns tivessem saído, por volta de seiscentos continuaram<br />
fiéis, juntos pela esperança do Evangelho. Abalado, desde a sua<br />
primeira visita a Newcastle, com as multidões que todos os domingos<br />
saracoteavam de um lado a outro de Sandhills, ele resolveu encontrar<br />
uma melhor ocupação para eles, e caminhou direto para a igreja, e<br />
recitou um verso de um salmo. "Em poucos minutos", ele diz, "eu<br />
tinha uma companhia suficiente; milhares e milhares se<br />
aglomeraram". Ele teve uma prova de que a mesma turba de<br />
Newcastle, no alto de sua rudeza, tinha algum humanidade restante,<br />
porque, embora eles fizessem tão grande barulho, que sua voz mal<br />
conseguia ser ouvida, ainda assim, eles não atiraram coisa alguma,<br />
nem ele recebeu algum dano pessoal. Ele teve uma congregação<br />
similar em High Street, em Sunderland. Em Lower Spen, um dos seus,<br />
<strong>John</strong> Brown, através de suas rudes e fortes, embora simples palavras,<br />
deixou profundas convicções nos corações de seus vizinhos, de<br />
maneira que eles estavam preparados para a mensagem:"Aquele que<br />
crê terá a vida eterna".<br />
Na sua congregação favorita em Placey, ele "se reuniu com a<br />
pequena companhia, que desejava arrependimento e remissão dos<br />
pecados". Nestas simples palavras, seu método usual de proceder com<br />
aqueles que ficavam profundamente impressionados com sua<br />
pregação, está explicada a razão, porque a região tornou-se<br />
gradualmente coberta com a rede de sociedades, e nelas, o ignorante e<br />
o fraco eram reunidos como cordeiros em um curral, e eram vigiados,<br />
e provados, e treinados na verdade e santidade.<br />
Ao retornar com <strong>John</strong> Downes, de Horsley, que, durante trinta<br />
anos, mais tarde, prestou serviço como pregador, e deixou seu nome<br />
270
indelevelmente marcado nas páginas do recente Metodismo, ele<br />
voltou para Darlington.<br />
Ele passou alguns poucos dias na vizinhança de Birstal,<br />
pregando nas quantas pequenas cidades que ele pôde, e retornou<br />
vagarosamente para Londres, assim, terminando uma jornada de dois<br />
meses, cheio de interesse e aventura.<br />
Uma capela em Snowsfields, no lado Surrey do rio, construída<br />
por uma senhora Sociniana, foi oferecida a ele, e ele anunciou seu<br />
desejo de pregar lá, quando uma zelosa mulher, entusiasticamente<br />
replicou: "O sr. <strong>Wesley</strong> pregará em Snowfields? Certamente, ele não<br />
fará isto. Porque, não existe tal lugar, em toda a cidade. As pessoas<br />
lá, não são homens, mas demônios". Mas Snowfields tornou-se um<br />
valoroso centro Metodista.<br />
* Socianismo [Um movimento religioso anti-trinitariano do<br />
séc. XVI, chamado assim pelos nomes de seus fundadores. Faustus<br />
Socinus, em sua obra "De Auctoritate Scripturae Sacrae", rejeitava<br />
toda religião puramente natural. Para ele a Bíblia era tudo, mas tinha<br />
que ser interpretada pela luz da razão. Deus, diziam eles, é<br />
absolutamente simples; mas a distinção de pessoas destrói esta<br />
simplicidade; daí, eles concluíram que a doutrina da Trindade é<br />
errada].<br />
Três semanas depois, ele partiu para Bristol. Ele "cavalgou<br />
suavemente", para Snow Hill, quando a sela escorregou, e ele caiu<br />
sobre a cabeça do cavalo. Alguns garotos o ajudaram, mas<br />
blasfemaram e praguejaram todo o tempo. Ele falou claramente com<br />
eles, e eles prometeram se emendar. Dois ou três homens que o<br />
ajudaram a montar disseram palavrões em quase todas as palavras. Ele<br />
diz: "eu me virei para um e para o outro, e falei em amor. Eles todos<br />
aceitaram isto bem, e agradeceram-me muito". O cavalo perdeu a<br />
ferradura, o que deu a ele chance de falar mais reservadamente com o<br />
ferreiro e seu servo. Ele diz que ele menciona essas pequenas<br />
circunstâncias para mostrar quão fácil é redimir cada fragmento de<br />
271
tempo, quando sentimos algum amor para com essas almas, por quem<br />
Cristo morreu. Foi neste caminho, que o evangelista foi ao encalço de<br />
sua obra, sempre pronto a aproveitar a oportunidade, para tentar<br />
redimir os homens de seu mal, quer sozinhos ou em multidões.<br />
Ele agora pretendia estender a área de seus trabalhos para<br />
Cornwall, que seu irmão e um ou dois dos pregadores leigos já haviam<br />
visitado, e onde, no futuro, ele teria uma colheita mais abundante.<br />
Partindo para Bristol, ele fez uma parada considerável, até que<br />
alcançasse St.Ives, que se tornou, por um tempo, o centro do<br />
Metodismo de Cornwall, e onde havia uma Sociedade, com cerca de<br />
cento e vinte pessoas, que se reuniram no plano do Dr. Woodward,<br />
com os quais os Metodistas tiveram um intercurso, através do Capitão<br />
Turner de Bristol, que, algum tempo antes, tinha colocado sua<br />
embarcação lá. <strong>Wesley</strong> passou três meses aqui, e nas outras cidades,<br />
pregando em toda a oportunidade disponível. Ele também fez uma<br />
visita à St. Mary, uma das Ilhas Scilly. Suas congregações variaram de<br />
um punhado de pessoas, a dez mil, que se reuniram em Gwennap, em<br />
sua segunda visita. A disposição das pessoas foi peculiar, algumas<br />
pareciam "satisfeitas e despreocupadas", em outras, um pouco de<br />
impressão foi causada; o restante mostrou "enorme aprovação e<br />
absoluta despreocupação"; em um local ele observou "uma sincera<br />
atenção simplória ", enquanto em outro, ele encontrou "muita boavontade,<br />
mas nenhuma vida"; em outro, as pessoas estavam<br />
"maravilhadas, mas ele não encontrou um que tivesse uma profunda<br />
ou duradoura convicção". Mas, depois de algum tempo, ele é capaz<br />
de registrar que em St. Ives, "o pavor de Deus caiu sobre nós,<br />
enquanto eu falava, de maneira que eu dificilmente pude proferir uma<br />
palavra".<br />
Por fim, uma mudança de cenário acontece, enquanto ele<br />
pregava em St. Ives, uma turba da cidade, irrompeu dentro da sala, e<br />
criou muita confusão, rugindo e golpeando aqueles que permaneceram<br />
no caminho, "como se a própria Legião os possuíssem". Ao se<br />
certificar do aumento do alvoroço, ele foi para o meio e trouxe o<br />
cabeça para a mesa, recebendo um soco de um lado da cabeça,<br />
272
enquanto fazia isto. "Depois do que", ele diz, "nós debatemos a<br />
questão, até que ele ficou mais e mais compassivo, e, por fim,<br />
incumbiu-se de aquietar seus companheiros". Em um domingo, ele<br />
pregou em quatro lugares diferentes, e não sentiu fraqueza, afinal, e<br />
conclui o dia com a Sociedade em St. Ives, regozijando e orando a<br />
Deus.<br />
Depois de seu retorno para Bristol, ele fez uma breve viagem a<br />
Wales, pregando, orando, e falando, de hora em hora. Então, temendo<br />
que suas forças não fossem suficientes para pregar mais do que quatro<br />
vezes no dia, ele abreviou seu serviço matinal, com a Sociedade em<br />
Cardiff, para meia hora, depois aceitando dois serviços em Castle, um<br />
na Igreja Wenvo, e um em Porthkerry. Ele empregou diversos dias no<br />
exame e limpeza da Sociedade de Bristol, que, depois de diversos<br />
terem sido colocados para fora, ainda consistia de mais de setecentas<br />
pessoas. Ele se dedicou na semana seguinte a Kingswood, e encontrou<br />
poucas coisas para reprovar.<br />
Os líderes trouxeram agora o que tinham arrecadado nas suas<br />
diversas classes, para o débito da construção da Nova Sala, que foi<br />
imediatamente paga. Esta foi a finalidade em vista, quando a<br />
Sociedade foi dividida primeiro em classes. As contribuições foram,<br />
mais tarde, dadas ao pobre, e, subseqüentemente à obra de Deus, por<br />
via de regra.<br />
A caminho de Midlands, ele pregou em Painswick, Gutherston,<br />
e Evesham, e no dia seguinte, visitou o Rev. Samuel Taylor, de<br />
Quinton, Gloucestershire, um pregador poderoso e comovente; um<br />
bem sucedido evangelista itinerante; um dos diversos clérigos – como<br />
os Revs. <strong>John</strong> Hodges, de Wenvo; Henry Piers de Bexley; Charles<br />
Manning de Hayes; Vincent Perronet de Shoreham; <strong>John</strong> Meriton da<br />
Ilha de Man; Richard Thomas Bateman de St. Bartholomew's the<br />
Great, Londres, e outros – que, sendo muito beneficiados pelo<br />
ministro dos Metodistas, e totalmente simpatizantes com seus<br />
objetivos salutares, identificaram-se com eles, os recebiam em seus<br />
púlpitos, e atendiam em suas Conferências. Passando por<br />
273
Birmingham, ele veio para Wednesbury, onde encontrou tal<br />
tratamento, que parece quase inacreditável, e onde ele apareceu<br />
igualmente no fim de seus dias. Seu irmão o seguiu em dois ou três<br />
dias, e deu o seguinte relato descritivo:<br />
"Eu fui muito encorajado, pela fé e paciência de nossos irmãos<br />
de Wednesbury, que me forneceram alguns pormenores da última<br />
perseguição. Meu irmão, eles me disseram, tinha sido detido, por<br />
aproximadamente três horas, pela turba de três cidades. Aqueles de<br />
Wednesbury e Dadaston foram desarmados por algumas poucas<br />
palavras que ele falou, e, desde aquele momento, trabalharam para<br />
protegê-lo de seus velhos aliados de Waltsal; até que eles foram<br />
dominados e a maioria deles caiu ao chão. Três dos irmãos e uma<br />
jovem perto dele, todo o tempo, tentaram interceptar os golpes.<br />
Algumas vezes, ele era quase carregado nos ombros deles, através da<br />
violência da multidão, que o golpeava continuamente, para que ele<br />
caísse. E, se ele tivesse caído, uma só vez, ele não teria mais se<br />
levantado. Muitas vezes, ele escapou, devido à sua baixa estatura; e<br />
seus inimigos foram derrubados por eles. Seus pés nenhuma vez<br />
escorregou; porque nas mãos deles, os anjos o dirigiram. Os rufiões<br />
andaram, de um lado para outro, perguntando: 'Qual é o ministro?'.<br />
E o perdiam, e o encontravam, e o perdiam novamente. A mão que<br />
cegou os homens de Sodoma, e os sírios os deteve ou desviou. Alguns<br />
gritaram: 'Derrubem-no, eu vou atirá-lo no abismo'. Outros gritavam:<br />
'Dependurem-no na próxima árvore'. E outros: 'Acabe com ele! Acabe<br />
com ele!'. E alguns lhe deram a infinita honra ao clamarem, em<br />
termos expressos: 'Crucifiquem-no!'. E a uma só voz: 'Matem-no!'.<br />
Mas eles não chegaram a um acordo quanto a que tipo de morte<br />
colocá-lo. Em Watsal, diversos disseram: 'Tirem-no da cidade: não o<br />
matem aqui; não traga seu sangue sobre nós!'.<br />
"A alguns que clamavam: 'Desnudem-no, rasguem suas<br />
roupas', ele suavemente respondeu, 'vocês não precisam fazer isto: eu<br />
darei minhas roupas a vocês, se necessitam delas'. Nos intervalos do<br />
tumulto, ele falava, 'os irmãos punham-me fora de perigo, com tanta<br />
compostura e correção', como ele costumava fazer nas Sociedades<br />
274
deles. O Espírito da glória descansou junto a ele. Tanto quantos ele<br />
falou, ou ele impôs suas mãos, ele transformou em amigos. Ele não se<br />
surpreendeu (como ele mesmo me disse), que os mártires não<br />
sentissem dor nas paixões; porque nenhum dos golpes o feriu, embora<br />
um tenha sido tão violento, de maneira a fazer com que seu nariz e<br />
boca esguichassem sangue".<br />
CAPÍTULO VIII<br />
A Segunda Década do Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong> (1751/1760)<br />
Esta década foi marcada pela aflição e tristeza. De fato,<br />
<strong>Wesley</strong> não estava subjugado à violência da turba, na mesma<br />
extensão, que nos anos anteriores; mas preocupações sugiram de<br />
outras causas; algumas delas pessoais, e outras relacionadas à obra<br />
que ele tinha nas mãos. Nos anos de 1753 e 1754, ele sofreu de<br />
severas enfermidades. Nestas épocas sua prostração física era tão<br />
grande, que pareceu igualmente que ele não poderia continuar mais<br />
seu trabalho; ainda assim, repetidas vezes, ele reuniu suficiente força<br />
para pregar, embora a febre e a dor, e a hemorragia incomodassem.<br />
275
Durante um dos seus ataques, ele enfraqueceu-se muito, quando, como<br />
ele escreve, "não sabendo como agradaria a Deus dispor de mim, e<br />
impedir vil panegírico", ele escreveu o seguinte epitáfio, ordenando<br />
que esta inscrição, se alguma, fosse colocada em sua tumba: Aqui jaz<br />
o corpo de <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>. Um tição tirado do fogo. Que morreu de uma<br />
consumpção, aos cinqüenta e um anos de idade, não deixando atrás<br />
de si, depois de seus débitos pagos, dez libras: Orando que Deus seja<br />
misericordioso comigo, um servo inútil!<br />
Logo no ano seguinte, ele se retira para Bristol para aproveitar<br />
os benefícios dos Hot Wells. Aqui ele começa a escrever As Notas do<br />
Novo Testamento; "uma obra", ele diz, "que eu dificilmente tentaria,<br />
alguma vez, escrever, não estivesse tão doente, e incapaz de viajar ou<br />
pregar, e, ainda assim, bem capaz de ler e escrever. Eu agora<br />
prossegui em um método regular; levantando-me, no meu horário<br />
[quarto horas da manhã], escrevendo das cinco às nove da noite.<br />
Exceto quando lendo, meia hora em cada refeição, e entre cinco e seis<br />
da tarde". A pregação foi completamente interrompida por quarto<br />
meses. Mas recupera um pouco de força, e retorna para Londres, onde<br />
passa algumas semanas em Paddington, escrevendo, indo à cidade<br />
apenas nos sábado de tarde, e partindo novamente no domingo de<br />
manhã. Logo cedo em Junho, ele pregou na Fundição, o que não tinha<br />
feito, às tardes, por um longo tempo, embora sua voz e força ainda<br />
estivessem prejudicadas. Em Julho, ele sentiu-se capaz de reassumir<br />
sua obra em campo aberto, depois de um intervalo de nove meses, mas<br />
não em condições de renovar totalmente suas jornadas, até Abril do<br />
ano seguinte. Depois desta, nenhuma interrupção prolongada ocorreu,<br />
e ele logo estendeu suas visitas a muito mais número de lugares do<br />
que em algum tempo anterior; e isto continuou até o fim de sua vida.<br />
Em seus assuntos pessoais, o incidente mais considerável foi<br />
seu casamento com a Sra.Vazeille, que aconteceu em 19 de Fevereiro<br />
de 1751. Nove ou dez dias antes, ele estava atravessando a Ponte de<br />
Londres, quando seu pé escorregou; seu tornozelo, batendo em uma<br />
pedra, ficou seriamente ferido e uma de suas pernas, severamente<br />
deslocada; ainda assim, ele pregou, e tentou fazê-lo novamente à<br />
276
tarde, mas a dor estava muito grande. Ele passou uma semana na casa<br />
de sua futura esposa; "parcialmente, em oração, leitura, e conversa; e,<br />
parcialmente, no escrever a Gramática Hebraica, e terminar as<br />
Lições para as Crianças". No domingo seguinte, ele pregou na<br />
Fundição, de joelhos, e nos dias seguintes, estava casado. Ele pregou<br />
novamente, uma ou três vezes, de joelhos. Em duas semanas, estava<br />
capaz de cavalgar, embora não de caminhar, ele partiu sozinho para<br />
Bristol, onde teve uma Conferência com seus pregadores, depois do<br />
que, retornou a Londres. Seis dias mais tarde, iniciou sua jornada em<br />
direção ao norte. Escreve: "eu não posso entender, como um pregador<br />
Metodista pode responder a Deus, pregar um sermão, ou viajar um<br />
dia menos, casado, do que quando solteiro. Neste aspecto,<br />
certamente, 'resta que aqueles que têm esposas ajam como se não<br />
tivessem'". Dificilmente um dos seus amigos, naquele tempo, e<br />
nenhum de seus biógrafos mais recentemente, diriam uma palavra em<br />
favor do casamento. Edward Perronet permanece sozinho, ao dar sua<br />
aprovação. Charles <strong>Wesley</strong> e outros, que estavam muito interessados<br />
em seu bem-estar deploraram profundamente. Até onde podemos<br />
aprender, ele conseguiu pouca ou nenhuma ajuda da Sra. <strong>Wesley</strong>,<br />
enquanto fazia de tudo para prejudicar seu conforto, submetendo-o a<br />
muitas indignidades, e finalmente o deixou. <strong>Wesley</strong> ficou<br />
grandemente desapontado com seu casamento; e o que quer que possa<br />
ser dito, para desculpar a conduta da Sra. <strong>Wesley</strong>, neste terreno de<br />
circunstâncias muito peculiares, em que ela se situava, fica claro que,<br />
em vez de ser uma fonte de ajuda e felicidade para ele, ela foi a<br />
oportunidade de muita tristeza e aflição pessoal. Tyerman fornece<br />
inúmeros detalhes do assunto, e o julgou em seu estilo impulsivo<br />
usual.<br />
Uma grande preocupação surgiu do conflito de diversas de<br />
suas sociedades, pela difusão de visões errôneas, ou tolas e divisoras,<br />
como através dos Predestinacionistas, em Wednesbury. E os Místicos<br />
e Antinominianos, em Birmingham, a expansão das doutrinas<br />
Antinominiana e Calvinista, na Irlanda, e outras dificuldades<br />
similares. Essas ele buscou contra-atacar com ensino cuidadoso<br />
pessoal, onde se encontrasse com elas; escreveu panfletos para<br />
277
distribuição em sua ausência. A saída de <strong>John</strong> Bennet da série de seus<br />
ajudadores, e, especialmente a influência prejudicial de James<br />
Wheatley, um outro colaborador, na Irlanda, e sua subseqüente<br />
deserção em Wiltshire e Norwich, com efeitos desastrosos na<br />
sociedade, causou em <strong>Wesley</strong> a mais aguda dor, e o envolveu em<br />
muito trabalho sem proveito; enquanto causava destruição em meio a<br />
um largo número de pessoas, às quais Wheatley havia arrastado em<br />
torno dele. Tudo isto, <strong>Wesley</strong> combateu com a mais extrema<br />
honestidade e coragem, e, finalmente, com considerável sucesso. Mas<br />
isto tudo despejou nuvens ameaçadoras, durante anos, sobre a obra; e<br />
de dor e tristeza sobre wesley e seus companheiros evangelistas.<br />
Wheatley foi o primeiro colaborador em quem <strong>Wesley</strong> exerceu a<br />
extrema disciplina de expulsão.<br />
Mas uma preocupação mais profunda surgiu de uma corrente<br />
de um sentimento anti-igreja, que, naquele tempo, aconteceu com<br />
considerável força. Alguns dos colaboradores de <strong>Wesley</strong>, e muitos do<br />
seu povo nunca mantiveram alguma conexão vital com a Igreja da<br />
Inglaterra. <strong>Wesley</strong> esforçou-se para uni-los, e para persuadir –<br />
algumas vezes, quase compeli-los a atenderem os serviços e os<br />
sacramentos em suas paróquias, sempre estabelecendo o exemplo do<br />
comparecimento, e recusando-se a conduzir os serviços, nos "horários<br />
da igreja". Mas o tratamento dado a eles, por alguns do clero não<br />
estava encorajando; em não poucas situações, ele foi positivamente<br />
repelente. Não foi, portanto, surpresa, que eles desejassem que os<br />
sacramentos fossem administrados a eles, por homens, através dos<br />
quais eles receberam os benefícios espirituais. A moderação de<br />
<strong>Wesley</strong>, no lidar com eles, contrastava com o espírito de seus irmãos,<br />
mais conciso e inflexível. A controvérsia, algumas vezes, diminuía o<br />
afeto, e se prolongava por muitos anos. Isto foi debatido, diversas<br />
vezes, nas Conferências, quando <strong>Wesley</strong> foi geralmente capaz de<br />
assegurar a unanimidade, em resolver não se separar da Igreja. Charles<br />
<strong>Wesley</strong> foi primeiro um clérigo, então, um Metodista. <strong>Wesley</strong>, embora<br />
firme até o fim, em sua ligação com a Igreja, colocou "a obra de<br />
Deus", em primeiro lugar, perante ele. Charles disse que não seria leal<br />
separar-se: <strong>John</strong> disse que não era expediente; mas ele disse também<br />
278
"com Igreja, ou sem Igreja, eu devo salvar almas!". Esta diversidade<br />
de pontos de vista, junto com outras circunstâncias perturbadoras,<br />
causou uma medida de separação entre os irmãos, durante esta década.<br />
Mas não durou muito tempo. O velho amor fraternal inflamou<br />
novamente, a despeito de tudo. Mas a obra itinerante e o cuidado das<br />
sociedades, através da região, geralmente, caiu quase exclusivamente<br />
sobre os ombros de <strong>Wesley</strong>, porque Charles, parcialmente dirigido por<br />
um espírito que ele não poderia compartilhar; parcialmente, pelos<br />
atrativos da feliz vida familiar, gradualmente retirou-se da itinerância,<br />
e seus trabalhos, depois de um tempo, foram principalmente restritos a<br />
Londres e Bristol.<br />
<strong>Wesley</strong> foi também perturbado pelos controversistas, alguns<br />
dos quais ele não pôde ignorar, como ele fez com a maioria dos seus<br />
críticos. Ele respondeu ao Bispo Lavington, em três publicações<br />
separadas, embora a produção do senhor lorde pouco merecesse uma<br />
resposta. Ele também escreveu sua "Predestinação Calmamente<br />
Considerada", para corrigir o crescimento do erro na Irlanda, assim<br />
como diversas outras partes controversas. Este foi para ele "um<br />
trabalho pesado", tal como ele "nunca escolheria, mas que deveria<br />
ser feito". A vilania de um Imprensa obscena, que atacou o<br />
Metodismo com o veneno mais amargo, encontrou seu clímax nos<br />
escritos corruptos de Foote, cuja produção de maior alarido, The<br />
Minor: Uma comédia foi exibida para perverter e criar simpatia com<br />
as audiência, em Haymarket, por diversos meses.<br />
As obras mais importantes de <strong>Wesley</strong> estão em um volume<br />
intitulado, A Doutrina do Pecado Original, em resposta ao Dr. Taylor,<br />
de Norwich, o mais completo tratado teológico que ele publicou; Um<br />
Preventivo Contra as Noções Duvidosas na Religião, para o uso<br />
especial de seus jovens pregadores; quarenta e nove volumes da<br />
Livraria Cristã, As Notas Explanatórias do Novo Testamento, com a<br />
tradução revisada do texto; Razões Contra a Separação da Igreja da<br />
Inglaterra; e um Tratado sobre a Eletricidade. Essas, com muitas<br />
outras publicações menores, incluindo um hinário, para o uso de seu<br />
povo – Hinos e Canções Espirituais - e vários panfletos de hinos,<br />
279
mostram com quanta diligência e cuidado, seu tempo, que não foi<br />
gasto dirigir a obra evangelista, foi sagradamente aproveitado.<br />
Mas, embora a década fosse caracterizada, por muitas<br />
circunstâncias problemáticas, não foi totalmente obscura. A obra<br />
progrediu; a esfera de atividade de <strong>Wesley</strong> foi ampliada: ele fez quatro<br />
visitas a Escócia, a primeira em 1751; ele também pregou em muitos<br />
lugares na Inglaterra, não visitados anteriormente. Seus colaboradores<br />
aumentaram em número; sessenta e cinco itinerantes adicionais foram<br />
matriculados, de maneira que no encerramento da década, noventa<br />
estavam engajados, e muitos colaboradores "locais". Mais de<br />
cinqüenta capelas, ou casas de pregação, foram ocupadas. Sinais<br />
adicionais do avivamento espiritual apresentaram-se; <strong>Wesley</strong><br />
escreveu: "No início do ano de 1760, existia um grande avivamento<br />
da obra de Deus em Yorkshire". Este foi o presságio de uma obra<br />
muito grande, através do reino. Os assuntos seculares das sociedades,<br />
especialmente aqueles ligados aos seus empreendimentos de<br />
publicação, eram confiados aos administradores, deixando <strong>Wesley</strong><br />
mais livre para o trabalho espiritual. Diversos mais do clero -<br />
Berridge, Milner, e outros – simpatizavam com a obra Metodista; e a<br />
imitavam. Seu velho amigo Whitefield estava "todo amor e ternura".<br />
Mas uma fonte mais rica de ajuda, de bênção, e de alegria estava à<br />
mão. <strong>Wesley</strong> escreve: "No domingo, 13 de Março de 1757, encontreime<br />
fraco em Snowfields. Eu orei (se Ele considerasse bom), para que<br />
Deus me enviasse ajuda na capela [em West Street]; e eu a tive. Um<br />
clérigo, a quem eu nunca tinha visto antes, veio e ofereceu-me sua<br />
assistência; e tão logo eu terminei de pregar, chegou o Sr. Fletcher,<br />
recém ordenado sacerdote, e apressou-se para a capela com o<br />
propósito de assistir, já que ele supôs que eu estaria sozinho".<br />
A vinda de Fletcher (William de la Fléchère, de Nyon, na<br />
Suíça) para a ajuda de <strong>Wesley</strong> é um evento muito interessante e<br />
importante nesta história para se passar rapidamente por ele. Como<br />
vimos, Charles <strong>Wesley</strong> relaxou em seu trabalho itinerante, e antes do<br />
final da década, eles se limitaram à Londres e Bristol. Felizmente, por<br />
todos os lados, os ajudadores estavam surgindo, ou a obra não teria<br />
280
avançado, nem <strong>Wesley</strong> teria liberdade para desempenhar suas viagens<br />
evangelistas, através da região. Fletcher não entrou na corporação de<br />
itinerantes, mas tornou-se um conselheiro e amigo inestimável; e,<br />
através de suas visitas ocasionais a algumas das sociedades, levou até<br />
eles a influência de seu caráter puro e ministério espiritual. Sua caneta,<br />
hábil e pronta, era livremente usada, e com singular poder, no rebater<br />
os oponentes de <strong>Wesley</strong>, e em defender seus ensinamentos e sua obra,<br />
enquanto seu espírito, gracioso, imponente, e seráfico, era uma<br />
sagrada inspiração e conforto.<br />
Os trabalhos itinerantes de <strong>Wesley</strong>, através da década estão<br />
ilustrados no itinerário do último ano do período, que é dado nas<br />
páginas seguintes, embora até mesmo este não supra os nomes de<br />
todos os lugares, nos quais, em sua jornada, ele parou para pregar. As<br />
barreiras de preconceito estavam, em algumas instâncias, começando<br />
a ceder, embora, ainda assim, apenas poucas igrejas estivessem<br />
abertas a ele. Perto do encerramento da década ele estava, no entanto,<br />
grandemente alegre, por reunir-se com seu amigo Berridge, em alguns<br />
serviços muito notáveis na Everton Church.<br />
As Conferências gradualmente ampliando-se eram ocasiões de<br />
muitas bênçãos, e foram marcadas pela unanimidade, amor, e o<br />
controle de uma supremacia resolve continuar a obra, a despeito de<br />
todas as privações – e elas eram muitas - e não se separar da Igreja.<br />
Nos itinerários seguintes, tomados, principalmente de seus<br />
Diários, os nomes das cidades, embora ele tenha passado e não apenas<br />
parado para pregar estão em itálicos. Diversos nomes são omitidos,<br />
por falta de espaço.<br />
281
CAPÍTULO IX<br />
A Terceira Década do Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong> (1761-1770)<br />
A terceira década apresenta traços de um caráter misturado,<br />
diversos deles sendo de grande interesse. Sinais do avivamento e<br />
extensão apareceram em muitas partes do país. "No início do ano de<br />
1760", <strong>Wesley</strong> escreveu, "havia um grande aviamento da obra de<br />
Deus Yorkshire – Aqui começou aquela gloriosa obra de santificação,<br />
que ficou parada por quase vinte anos. Mas, de tempos em tempos,<br />
espalhou-se; primeiro, através de várias partes de Yorkshire; depois,<br />
em Londres; então, através da maioria das partes da Inglaterra; em<br />
seguida, Dublin, Limerick. E todas as sudestes e oestes da Irlanda. E,<br />
onde o trabalho da santificação crescesse, a obra de Deus crescia em<br />
todas as suas ramificações. Muitos foram convencidos do pecado;<br />
muitos justificados; muitos apóstatas curados. Assim foi na Sociedade<br />
de Londres, em específico. Em Fevereiro de 1761, ela continha mais<br />
de dois mil e trezentos membros. Em 1765, acima de mil e oitocentos".<br />
Esta expansão da obra foi observável, não apenas em redor de<br />
Londres, mas na maioria dos lugares da Inglaterra e Irlanda, e um<br />
similar testemunho foi feito em 1764.<br />
<strong>Wesley</strong> escreveu muito sobre "esta obra de santificação", que<br />
ele define mais acuradamente como "inteira santificação", em<br />
harmonia com (I Tessalonicenses 5:23) "E o próprio Deus de paz vos<br />
santifique completamente". Este é o "amor perfeito", ou "a perfeição<br />
cristã", que ele ardorosamente estimulou todas as suas sociedades a<br />
buscarem. "Por perfeição, eu quero dizer, o amor humilde, gentil,<br />
paciente, a Deus e ao homem, governando todos os temperamentos,<br />
palavras, e ações; todo o coração, e toda a vida". Esta não foi uma<br />
realização maior do que aquela que ele aprendeu, há muito tempo, das<br />
282
leis dos oráculos iniciais – dos quais ele tanto emprestou a frase,<br />
quanto aprendeu quão grande foi o privilégio espiritual possível ao<br />
homem, sob o Evangelho de Jesus Cristo. Mas uma peculiaridade do<br />
ensino de <strong>Wesley</strong> foi que "a perfeição é sempre forjada na alma, pela<br />
fé, pelo simples ato da fé; conseqüentemente, de imediato". Mas ele<br />
diz: "Eu acredito na obra gradual, tanto precedente quanto seguinte<br />
àquele instante. Quanto ao tempo", ele acrescenta, "eu acredito que<br />
este instante geralmente é o instante da morte, o momento antes que<br />
as almas deixem o corpo. Mas eu acredito também que possa ser dez,<br />
vinte, quarenta anos, antes da morte. Eu acredito que ela seja<br />
usualmente muitos anos depois da justificação; mas que ela pode ser<br />
dentro de cinco anos, ou cinco meses depois dela". Esta estava<br />
associada com uma inteira devoção do coração e vida a Deus, de<br />
maneira, a "regozijar-se sempre mais, orar, sem cessar, e em todas as<br />
coisas, dar graças". "O amar a Deus de todo o nosso coração, alma e<br />
força, e o amar a todos os homens, como Cristo nos amou, sempre<br />
será a somatória do que eu entrego como sendo a religião pura e<br />
imaculada". Enquanto isto, a inteira dedicação a Deus, e a feliz<br />
experiência do amor a Deus, espalhados pelo coração, estimulou<br />
muitos dos primeiros Metodistas para a santidade de caráter; muitos<br />
dos menos cuidadosos foram carregados por uma perversão do ensino,<br />
para um fanatismo selvagem que, por muitos anos, dificultou <strong>Wesley</strong>,<br />
em seus trabalhos, e, em diversos lugares, impediu o progresso da<br />
obra. De maneira que, olhando para trás, no encerramento do ano de<br />
1762, ele não pode deixar de agradecer pelo ano de bênçãos incomuns,<br />
e ainda assim, ele teve "mais cuidado e preocupação em seis meses,<br />
do que nos diversos anos precedentes!".<br />
Fletcher escreveu para Charles <strong>Wesley</strong>, neste tempo: "Muitos<br />
de nossos irmãos estão passando dos limites o Cristianismo moderado<br />
em Londres. Oh! Que eu possa permanecer na brecha! Oh! Que eu<br />
possa, pelo sacrifício próprio, fechar este imenso abismo de fanatismo<br />
que abre sua boca em nosso meio! A corrupção das melhores coisas é<br />
sempre a pior das corrupções".<br />
283
Os nomes de George Bell e Thomas Maxfield permanecem<br />
infelizmente associados a esta apostasia; e, ainda assim, foi para as<br />
mãos do último que a Sociedade de Londres esteve, em grande<br />
extensão, comprometida. Ele deixou <strong>Wesley</strong>, em 1763, arrastando<br />
consigo um número que simpatizou com suas extravagâncias.<br />
Charles <strong>Wesley</strong> e Whitefield (que estava agora na Inglaterra)<br />
estavam ambos enfermos, e o fardo sobre <strong>Wesley</strong> era imenso.<br />
Felizmente sua saúde estava totalmente restabelecida, e ele foi capaz<br />
de empreender trabalhos extraordinários. Em certo momento, ele<br />
escreveu: "Três dias na semana, eu posso pregar, três vezes ao dia,<br />
sem causar dano a mim mesmo; mas eu agora excedi em muito isto,<br />
além de encontrar as classes e exortar as sociedades". Em um<br />
período subseqüente, ele escreveu: "Neste e nos três dias seguintes, eu<br />
preguei em tantos lugares quanto eu pude, embora, eu estivesse, a<br />
princípio, em dúvida se eu poderia pregar oito dias, principalmente<br />
em lugares abertos, três ou quatro vezes por dia. Mas minhas forças<br />
estavam como minha obra. Eu dificilmente senti qualquer fraqueza no<br />
começo ou no fim".<br />
No inverno extremamente severo de 1763, <strong>Wesley</strong> distribuiu<br />
"caldo grosso de ervilha e cevada", na Fundição, e fez uma coleta de<br />
trezentas libras para enfrentar as necessidades do pobre faminto e<br />
destituído. No ano seguinte, a Fundição foi reformada e ampliada.<br />
No ano de 1764, <strong>Wesley</strong> endereçou uma carta para cinqüenta<br />
clérigos evangélicos, com vistas a promover uma união amigável em<br />
meio a eles. "O grande ponto em que eu agora trabalho", ele escreve,<br />
"é o bom entendimento com todos os irmãos do clero, que estão<br />
amorosamente engajados em propagar a religião vital. Três apenas<br />
dos cinqüenta responderam. Mas na Conferência daquele ano, <strong>John</strong><br />
Pawson, que estava presente, diz: 'Doze daqueles cavalheiros<br />
atenderam nossa Conferência em Bristol, com o objetivo de persuadir<br />
o Sr. <strong>Wesley</strong> a remover os pregadores de cada paróquia onde existisse<br />
um ministro avivado; e o Sr., Charles <strong>Wesley</strong> honestamente nos disse<br />
que se ele fosse um ministro estabelecido em algum lugar específico,<br />
284
nós não pregaríamos lá. A quem o sr. Hampson [um dos assistentes]<br />
replicou:' Eu pregaria lá, e nunca pediria sua permissão, e teria tanto<br />
direito a fazer isto quanto você'".<br />
Uma infeliz controvérsia impressa também surgiu nesta<br />
ocasião, da publicação de onze cartas escritas por Hervey, e<br />
publicadas depois de sua morte, em resposta a algumas críticas feitas<br />
por <strong>Wesley</strong> quanto às visões Calvinistas, expressadas em Theron e<br />
Aspásia de Harvey. A parte de <strong>Wesley</strong> na contenda foi publicar, Um<br />
Tratado Sobre a Justificação, extraído da obra do Sr. <strong>John</strong> Goodwin;<br />
com um prefácio em que todo o material das cartas recém publicadas,<br />
sob o nome do Rev. Sr. Hervey, é respondido. A controvérsia ficou<br />
mais amarga por conta de alguns que tomaram parte nele; e Tyerman<br />
acredita que a obra de <strong>Wesley</strong> na Escócia foi obstruída por causa<br />
disto, por vinte anos, e que foi a raiz de muito mais controvérsia<br />
importante, que datou do fim desta década.<br />
Na Conferência de 1766, quando muitos assuntos importantes<br />
foram considerados, a questão foi feita: "Nós somos Dissidentes?", e<br />
em resposta a isto foi dito: "Somos desiguais – (1) por chamar os<br />
pecados ao arrependimento em todos os lugares; (2) por usar de<br />
oração espontânea. Ainda assim, não somos Dissidentes, no único<br />
sentido que a lei reconhece: ou seja, as pessoas que acreditam que<br />
seja pecaminoso atender à Igreja. Porque nós a atendemos em todas<br />
as oportunidades. Nós não iremos; não nos atreveremos a nos<br />
separar da Igreja, pelas razões dadas diversos anos atrás... E como<br />
nós não somos Dissidentes agora, então não faremos nada<br />
prontamente que tenda à separação dela. Portanto, que todo<br />
assistente imediatamente ordene seu circuito que nenhum pregador<br />
pode ser impedido de atender à igreja mais do que dois domingos no<br />
mês". Foi afirmado também que os serviços eram adorações públicas,<br />
em um sentido; mas não tais que substituíssem o serviço da Igreja.<br />
Isto pressupunha oração pública. Se, se pretendesse que os serviços<br />
fossem usados, no lugar do serviço da Igreja, eles seriam<br />
essencialmente imperfeitos.<br />
285
<strong>Wesley</strong> faz uma completa explanação de sua posição em<br />
resposta à questão: "Que poder é este que você exercita sobre todos os<br />
Metodistas na Grã-Bretanha e Irlanda?". Ele também insistiu na<br />
condição das sociedades, e deu muitos conselhos francos e valiosos<br />
aos pregadores.<br />
De uma carta endereçada por Charles <strong>Wesley</strong> à sua esposa, e<br />
datada de 21 de Agosto de 1766, o seguinte resumo interessante pode<br />
ser feito: "A noite passada, meu irmão veio. Esta manhã, nós<br />
passados duas horas abençoadas com G. Whitefield. Nós confiamos<br />
que o cordão de três dobras nunca mais será quebrado. Na terça-feira<br />
seguinte, meu irmão deveria pregar na capela de Lady Huntingdon<br />
em Bath. Que esta e todas as suas capelas (para não dizer, como eu<br />
diria, dela mesma também) estão agora colocadas nas mãos de nós<br />
três". Isto indica uma reunião agradável, e que os irmãos eram bemvindos,<br />
onde quer que fossem pregar na capela de sua senhoria. Tudo<br />
isto era muito gratificante; mas subseqüentes controvérsias Calvinistas<br />
conduziram ao fechamento das portas contra os <strong>Wesley</strong>s, por ocasião<br />
da morte de Whitefield.<br />
Em 1769, ele fez sua última visita à América. Ele morreu de<br />
joelhos no ano seguinte (30 de Setembro de 1770), um mártir do<br />
trabalho excessivo, no serviço mais santo e abençoado.<br />
Dois passos importantes foram tomados na Conferência de<br />
1769. Um é explicado na seguinte entrada: "Nós tivemos um chamado<br />
urgente de nossos irmãos de Nova York (que construíram uma casa de<br />
pregação), para que fôssemos ajudá-los. Quem está disposto a ir?".<br />
"Responderam Richard Boardman e Joseph Pilmoor". Mais adiante,<br />
como um sinal de amor fraternal para com a pequena sociedade que<br />
tinha se formado em Nova York, os membros da Conferência fizeram<br />
uma coleta, entre eles, de setenta libras, para pagar as passagens dos<br />
irmãos, e auxiliar a sociedade do outro lado do oceano. Assim<br />
começou uma obra de remessa do que é visto hoje nas maiores Igrejas<br />
transatlânticas.<br />
286
Um outro passo importante foi a preparação de um esquema<br />
para a perpetuação do Metodismo, no caso da morte de <strong>Wesley</strong>.<br />
A Conferência do último ano da década mostrou que o número<br />
de circuitos Metodistas tinha aumentado para cinqüenta, incluindo a<br />
América; os pregadores itinerantes para cento e cinqüenta; e os<br />
membros das sociedades para vinte e nove mil. Em resposta à questão:<br />
"O que deve ser feito para reavivar a obra de Deus onde ela está<br />
diminuída?". Depois de diversas sugestões, observou-se em seguida:<br />
"Nós dissemos em 1744, que 'nós nos curvamos em demasiado em<br />
direção ao Calvinismo'", ao que foi perguntado: "No que?". A<br />
resposta para a questão deu margem a uma amarga e prolongada<br />
controvérsia, como aparecerá subseqüentemente.<br />
Durante esses anos, a imprensa, e seus numerosos ataques ao<br />
Metodismo, estava muito virulenta, e não raramente grosseira. Alguns<br />
poucos eram mais sérios, para os quais <strong>Wesley</strong> respondia. Ele fez um<br />
uso considerável da imprensa, para seus próprios propósitos, e<br />
algumas de suas publicações foram produtos de muito trabalho. Entre<br />
elas, as principais eram: Um Comentário Explanatório sobre o Velho<br />
Testamento, 3 volumes; A Visão da Sabedoria de Deus na Criação, ou<br />
Um Compêndio da Filosofia Natural, primeiro editado em dois<br />
volumes, então, expandido para três, e, mais tarde, para cinco<br />
volumes; Um Relato Claro da Perfeição Cristã,uma obra de muito<br />
valor, ao mostrar a maturidade de <strong>Wesley</strong> e pontos de vista<br />
cuidadosamente afirmados sobre este assunto; um volume dos<br />
Conselho sobre Saúde, extraído do Dr. Tissot; também diversas partes<br />
de seu Diário, muitos hinários, e um considerável número de panfletos<br />
de vários tipos, e alguns sermões. No decorrer de toda a década,<br />
<strong>Wesley</strong> trabalhou com a mais extrema assiduidade, não relaxando em<br />
seu trabalho, um único dia, ou gastando uma simples hora de tempo.<br />
Através das dificuldades e desencorajamentos que ele teve em seu<br />
caminho; até mesmo, as nuvens que se juntaram ao redor dele,<br />
algumas vezes, não obstruíram sua visão das indicações claras da<br />
287
ênção Divina sobre seus trabalhos; e, a despeito de tudo, a grande<br />
obra progrediu.<br />
CAPÍTULO X<br />
A Quarta Década do Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong><br />
(1771-1780)<br />
Ao entrarmos em outra década dos trabalhos evangelistas de<br />
<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, novamente podemos dizer que é impossível registrar os<br />
inumeráveis incidentes interessantes que ocorreram, na contínua, mas<br />
graciosa monotonia dos sagrados trabalhos árduos que preencheram<br />
esses anos. Apenas um pouco dos mais proeminentes deles, que<br />
interrompem seu inalterável fluxo, quando agitam a superfície de uma<br />
correnteza, podem ser dados, tão brevemente quanto possível.<br />
288
As últimas horas da década anterior foram gastas em trabalho,<br />
oração, e ação de graças. No Natal, <strong>Wesley</strong> começa seu trabalho com<br />
um sermão na Fundição, às quatro horas da manhã; manteve o serviço,<br />
e pregou em West Street, às nove horas; encontra as crianças, às três<br />
da tarde; pregou novamente às cinco horas; e, então, teve um<br />
"momento confortável com a Sociedade"; – verdadeiramente, "um dia<br />
cheio de trabalho". De acordo com o costume estabelecido, cada ano<br />
foi encerrado com uma celebração do solene festival, conforme o<br />
desejo da instituição deles, um dia de jejum e solene noite de vigília; e<br />
o novo ano foi consagrado por um serviço divino. A cada inicio do<br />
ano, ele se vê assim renovado com adoração santa, e pronto para<br />
entrar em outra série de trabalho árduo.<br />
No Diário, Fevereiro de 1771, ocorre a seguinte entrada:<br />
"Porquê, eu não sei até hoje, -- [Sra. <strong>Wesley</strong>] partiu para Newcastle,<br />
propondo 'nunca retornar'. 'Non eam reliqui: Non dimisi: Non<br />
revocabo.'E u não a deixei: nem a mandei embora: e não irei chamála<br />
novamente'". É necessário entrar aqui nos detalhes da conduta da<br />
Sra. <strong>Wesley</strong>. Todo seu comportamento pode apenas ser explicado, se<br />
alicerçado em ciúme opressivo. Ela parecer ter sido incapaz de<br />
discernir a grandeza de sua oportunidade, ou responder ao seu alto<br />
chamado, como colaboradora de alguém engajado em uma obra<br />
supremamente elevada. <strong>Wesley</strong> ficou desapontado, na expectativa de<br />
que seu proveito seria aumentado pelo casamento; mas, embora a<br />
superfície de seu conforto fosse perturbada, ele não permitiu que seus<br />
trabalhos fossem interrompidos.<br />
No decurso deste ano, uma zelosa e devotada senhora – Srta.<br />
Bosanquet, de Leytonstone, mais tarde, Sra. Fletcher, de Madeley –<br />
escreveu para <strong>Wesley</strong>, com respeito ao seu engajamento nos serviços<br />
de pregação. Ele respondeu na seguinte carta, que ilustra seus pontos<br />
de vista do Metodismo daquele tempo.<br />
Londonderry, 13 de Junho, 1771<br />
Minha Querida Irmã,<br />
289
"Eu penso que a força da causa repousa ai, -- em você ter um<br />
chamado extraordinário. De maneira que eu estou persuadido, tem<br />
cada um de nossos pregadores leigos; do contrário, eu não aprovaria<br />
sua pregação, afinal. Fica claro para mim, que toda a obra de Deus,<br />
denominada Metodismo, é uma dispensação extraordinária de Sua<br />
providência. Portanto, eu não me surpreendo, que diversas coisas<br />
ocorram nela, o que não caiam nas regras ordinárias de disciplina. A<br />
regra comum de Paulo era: 'eu não permito que uma mulher fale na<br />
congregação'. Ainda assim, em casos extraordinários, ele fez algumas<br />
poucas exceções; em Corinto, em especial".<br />
"Eu sou, minha querida irmão, seu afetuoso irmão",<br />
J.<strong>Wesley</strong>.<br />
----<br />
"Na Conferência de 1770, foi pedida atenção para certas<br />
medidas, consideradas necessárias para o avivamento da obra de<br />
Deus. Diversos conselhos foram dados, um deles sendo: 'Cuide de sua<br />
doutrina. Nós dissemos em 1744 que 'nós nos inclinamos em<br />
demasiado em direção ao Calvinismo. Em que?". As respostas a esta<br />
questão deram ocasião para uma amarga e prolongada controvérsia,<br />
que se estendeu através de toda a década. Fletcher encarregou-se da<br />
defesa de seu amigo, e um dos resultados mais importantes do conflito<br />
foi a publicação de seu afiado e inestimável Repressões ao<br />
Antinomianismo. Através desses, e de muitos panfletos escritos em<br />
seu favor, <strong>Wesley</strong> foi poupado da necessidade de falar mais do que<br />
uma pequena fração na disputa, e estava apto, portanto, a entregar-se,<br />
sem reserva, à sua obra evangelista. Isto ele fez, em tal extensão, que,<br />
não obstante o avançado dos anos, ele visitou mais cidades, e pregou<br />
em mais lugares, durante esta década, do que nas décadas anteriores,<br />
como aparece do itinerário, no final do capítulo. Em um ano apenas,<br />
ele pregou, em não menos do que duzentos e vinte lugares diferentes,<br />
além de muitos outros que não são citados, onde esteve, em suas<br />
visitas para as sociedades da região. Ele atravessou o país em todas as<br />
290
condições de tempo, através de sucessivos anos, salvo durante o<br />
período que usualmente passava em Londres, onde, embora ele<br />
viajasse menos, ele estava habitualmente interessado em outras<br />
tarefas; e tão escrupuloso no uso de seu tempo, quanto em qualquer<br />
dos anos anteriores de sua vida.<br />
Ele não esteve indiferente aos apelos de descanso e<br />
comodidade; ainda assim, ele nunca perdeu de vista os interesses<br />
espirituais e eternos, que estavam envolvidos em sua grande obra. Em<br />
uma de suas visitas a Newcastle, ele escreveu: "Eu descansei aqui.<br />
Um lugar adorável, e uma companhia adorável, mas eu acredito que<br />
exista outro mundo, portanto, eu devo 'me levantar e seguir em<br />
frente'". Ele não se permitia diminuição de trabalho, se com respeito à<br />
viagem, pregação, leitura, correspondência, escrito para a Imprensa,<br />
vigiar o crescimento das sociedades, ou promover obras de filantropia.<br />
E sua força não parecia ter-se abatido; embora em 1773, ele fizesse a<br />
curiosa observação, quando atravessa de Dublin: "Esta foi a primeira<br />
noite, em minha vida, que eu permaneci acordado, embora estivesse<br />
tranqüilo de corpo e mente. Eu acredito que poucos possam dizer isto:<br />
em setenta anos, eu nunca perdi uma noite de sono". Neste ano, ele<br />
pregou em Moorfields para, se supõem, a maior congregação que se<br />
reuniu por lá; mas sua voz estava suficientemente forte, para<br />
possibilitar que aqueles que estavam mais distantes ouvissem<br />
perfeitamente bem. Em Gwennap foi averiguado, por medição, que<br />
acima de trinta e duas mil pessoas estiveram presentes; ainda assim,<br />
em uma averiguação, certificou-se que ele pôde ser ouvido, "até<br />
mesmo nos limites da congregação". "Talvez", ele diz, "a primeira vez<br />
que um homem de setenta anos foi ouvido por trinta mil de uma só<br />
vez". Considerando seu constante recurso para a pregação em campo,<br />
prontamente se suporia que seria uma obra fácil e bem-vinda para ele;<br />
mas parece que tal não foi o caso, porque ele escreve: "Até hoje, a<br />
pregação no campo é uma cruz para mim. Mas eu sei minha<br />
incumbência, e vejo nenhuma outra maneira de pregar o evangelho<br />
para toda a criatura".<br />
291
Neste ano, um daqueles graciosos avivamentos espirituais<br />
ocorreu, o que ocasionalmente fez brilhar a história da Escola<br />
Kingswood, e abundantemente o recompensou por seus trabalhos<br />
árduos e sacrifícios, e desapontamentos dolorosos, no interesse dela.<br />
Geralmente, durante as Conferências, como ele falava de<br />
manhã à noite, ele pedia para um dos pregadores pregar, logo cedo, no<br />
serviço matutino; mas, em duas das Conferências, pelo menos, com<br />
muitas coisas para dizer, ele pregou durante as manhãs e tardes, e diz<br />
que não viu diferença, afinal; ele não estava mais cansado do que em<br />
seu "trabalho usual, ou seja, não mais do que se eu estivesse sentado<br />
quieto em meu estúdio, de manhã à noite". Durante sua residência em<br />
Londres, ele freqüentemente visitou todos os membros da Sociedade<br />
em suas casas, mesmo embora o número variasse entre dois mil e<br />
quatrocentos e dois mil e quinhentos.<br />
Poucos homens, se algum, alguma vez pregou em tantas<br />
circunstâncias peculiares. O caso seguinte, que ocorreu, por volta<br />
deste tempo, acrescentado a muitos já relatados, pode ilustrar este<br />
fato. Ele havia prometido pregar, às seis horas da manhã, para os<br />
prisioneiros em Whiteley. "Embora o chão estivesse coberto de neve,<br />
tantas pessoas se reuniram", ele diz, "que eu fui constrangido a<br />
pregar no pátio da prisão. A neve continuou a cair, e o vento norte a<br />
soprar ao nosso redor; mas eu confio que Deus aqueceu muitos<br />
corações". Seus dias foram tão cheios de trabalho quanto de<br />
aventuras, de livramentos de perigo, e de exemplos de sua grande<br />
resistência. Muitas proezas da viagem são também registradas, como<br />
em 9 de Maio de 1777, quando ele diz "fui para Malton; e no dia 10,<br />
depois de viajar, noventa ou cem milhas, eu voltei para Malton, e,<br />
depois de descansar por uma hora, fui para Scarborough, e preguei à<br />
tarde. Mas o fluxo que eu tivera por poucos dias aumentou de<br />
maneira que eu, a princípio, encontrei dificuldade para falar. Ainda<br />
assim, quanto mais eu falei, mais forte fiquei. Deus não é uma ajuda<br />
presente?". Ele continuou pregando, até a tarde do dia 14, quando<br />
chegou em York. Ele bem poderia dizer: "Eu de bom-grado<br />
descansaria o dia seguinte, sentindo meu peito muito desconfortável.<br />
292
Mas chegou aviso de que eu pregaria em Tadcaster, e eu parti, às<br />
nove da manhã. Por volta das dez, a carruagem quebrou. Eu<br />
emprestei um cavalo, mas ele não era um dos mais fáceis. Depois de<br />
cavalgar três milhas, eu estava tão completamente eletrificado, que a<br />
dor em meu peito estava completamente curada. Eu preguei á tarde<br />
em York; na sexta-feira tomei a diligência, e, no sábado à tarde, vim<br />
para Londres".<br />
Em Congieton, ele foi subitamente chamado a Bristol, para um<br />
negócio importante. Ele partiu, permaneceu em Bristol duas horas, e<br />
retornou para cumprir seus compromissos de pregação; perfazendo<br />
uma distância de duzentas e oitenta milhas, em cerca de quarenta e<br />
oito horas, ainda assim, não mais cansado no final, do que no início.<br />
Isto foi extraordinário, considerando sua idade, e as condições das<br />
estradas naquele tempo. Esses incidentes mostram o espírito resoluto<br />
do homem, e algumas de suas dificuldades. Ele ainda continuou a<br />
estender a área de suas viagens evangelistas. E, 1777, ele fez a<br />
primeira visita a Ilha de Man; e, como usual em suas primeiras visitas,<br />
ele cuidadosamente registrou suas observações minuciosas da<br />
aparência da região.<br />
A nação estava agora em um estado incerto, e viajar era<br />
perigoso. Por volta desta época, os condutores da carruagem, em uma<br />
das ruas públicas uniram-se para entregar seus passageiros, uns nas<br />
mãos dos outros, de maneira que muitos foram roubados e<br />
maltratados. <strong>Wesley</strong>, sempre pronto a reconhecer a boa providência de<br />
Deus sobre ele, registra: "Eu viajei todas as rodovias, de dia e de<br />
noite, por esses quarenta anos, e nunca fui interrompido".<br />
Por dois ou três anos, ele sofreu os efeitos de ser atirado sobre<br />
a maçaneta de sua sela, devido ao tropeço do cavalo. Isto se tornando<br />
sério, ele se submeteu a uma cirurgia, e, em poucos dias, estava<br />
efetivamente curado. Mas ele sofreu uma interrupção mais séria em<br />
sua obra, um ano depois, durante uma das suas visitas à Irlanda. Ele se<br />
encontrava em Castle Caulfield, onde, ele diz, "durante a noite, a<br />
chuva veio abundantemente, através do sapé, para dentro de meu<br />
293
quarto. Mas eu não vi inconveniência presente, e não me preocupei<br />
com o amanhã". Uma semana mais tarde, no entanto, ele escreveu:<br />
"Eu não me senti muito bem esta manhã, mas supus que isto passaria<br />
logo. À tarde, com o tempo extremamente quente, eu me deitei na<br />
grama, no pomar do Sr. Lark, em Cock Hill. Isto eu estava<br />
acostumado a fazer por quarenta anos, e não me lembro disto ter me<br />
causado algum dano; apenas eu nunca deitei sobre a minha face, em<br />
cuja postura, adormeci. Eu acordei um pouco, apenas um pouco,<br />
incomodado, e preguei com facilidade para uma multidão. Mais<br />
tarde, eu estava um bocado pior". No entanto, no dia seguinte, ele<br />
prosseguiu algumas milhas, e pregou ao lado de uma mesa, e com um<br />
vento forte e afiado soprando em sua face. Ele ficou extremamente<br />
doente, e os sintomas eram tão sérios que o medo mais ameaçador<br />
cogitado era de que ele não se recuperaria. Seu companheiro de<br />
viagem disse que sua língua estava muito inchada, e tão negra como<br />
carvão; que ele se agitava todo; e que, por algum tempo, seu coração<br />
não batia perceptível, nem havia pulso discernível. Como as notícias<br />
disto se espalharam, a ansiedade de seus amigos, e a tristeza de seu<br />
povo, tornaram-se extremamente grandes, como muito rapidamente<br />
podemos supor, e orações foram feitas a ele, de todas as partes.<br />
Tyerman, que menciona algumas circunstâncias relativas a esta<br />
enfermidade, cita diversas cartas escritas naquele tempo, das quais a<br />
seguinte, endereçada pelo seu irmão a Joseph Bradford, companheiro<br />
de <strong>Wesley</strong>, é tomada:<br />
Bristol, 29 de Junho, 1775<br />
Querido Joseph<br />
"Ânimo! O Senhor vive, e todos vivem para Ele. Sua última<br />
carta acaba de chegar, e elimina toda a esperança da recuperação de<br />
meu irmão. Se ele pudesse resistir até agora, ou seja, dez dias mais,<br />
ele poderia se recuperar, mas eu não me atrevo a me permitir esperar<br />
por isto, até que eu ouça de você novamente. As pessoas aqui, e em<br />
Londres, e em todas as partes, estão mergulhadas na tristeza. Mas a<br />
tristeza e morte logo serão tragadas na vida eterna. Você cuidará dos<br />
294
papéis de meu irmão, etc, até que você veja os testamenteiros dele;<br />
Deus recompense sua fidelidade e amor. Eu pareço dificilmente<br />
separado dele, a quem eu devo, em breve, alcançar. Nós fomos unidos<br />
em nossas vidas, e em nossa morte, não estaremos separados. Irmãos,<br />
orem um pouco mais por seu amoroso servo".<br />
Charles <strong>Wesley</strong><br />
----<br />
Quinta-feira, à tarde.<br />
"Sua carta do dia 20, eu recebi neste momento. Ela apenas<br />
confirma meus temores. Meu irmão, logo depois que você escreveu,<br />
com toda probabilidade, entrou na alegria do Senhor. Ainda assim.<br />
Escreva novamente e me envie os pormenores. Eu não tenho, e nunca<br />
mais terei, forces para tal jornada. O Senhor nos prepare para um<br />
rápida remoção para nossa região celestial!".<br />
Charles <strong>Wesley</strong><br />
---<br />
Mas os temores e tristezas dos seus amigos foram logo<br />
dissipados. Com rapidez, sua doença começou a diminuir, e, em<br />
menos de uma semana, ele partiu para Dublin, onde, em outra semana,<br />
ele pregou uma vez, e, em seis dias mais, deu início ao seu curso<br />
regular de pregação, manhã e tarde. Depois de pregar em Finstock, no<br />
outono, ele escreveu, como fez em diversos outros lugares atrativos<br />
em suas viagens: "Quantos dias eu poderia passar aqui, se eu fosse<br />
fazer minha própria vontade? Mas não pode ser assim: Eu devo 'fazer<br />
a vontade Dele que me enviou', e terminar Sua obra. Portanto, este é<br />
o primeiro dia que eu passo aqui; e, talvez, possa ser o último".<br />
<strong>Wesley</strong>, agora, completamente consciente de sua idade avançada, não<br />
estava sem razoável medo de que sua partida seria atendida por sérias<br />
conseqüências por suas sociedades, porque diversos dos pregadores<br />
295
estavam muito descontentes por não lhes ser permitido administrarem<br />
o Sacramento da Ceia do Senhor, e muitas congregações estavam<br />
igualmente insatisfeitas, porque não lhes era permitido recebê-la dos<br />
pregadores aos quais eles deviam tanto, e aos quais estavam muito<br />
ligados, enquanto o clero, cujas ministrações, <strong>Wesley</strong> requereu que<br />
seu povo atendesse, freqüentemente os tratava com rudeza e<br />
desmerecida reprovação. Ele, portanto, sugeriu que, no evento de sua<br />
morte, Fletcher tornasse seu sucesso, e ativamente recomendou que<br />
ele consentisse. Isto Fletcher resolutamente declinou, mas, como ele<br />
estava adoentado, ele consentiu em viajar com <strong>Wesley</strong> por alguns<br />
poucos meses. Eles partiram na primavera, e retornaram, no final do<br />
ano, muito melhor de saúde. Ele foi, no entanto, persuadido a<br />
permanecer em Londres, e seus velhos sintomas retornaram.<br />
<strong>Wesley</strong> já havia endereçado a ele a seguinte carta notável:<br />
Janeiro de 1773<br />
Prezado senhor,<br />
"Que espantosa obra, Deus tem forjado nestes reinos, em<br />
menos de quarenta anos". E ele não apenas continua, mas aumenta,<br />
através da Inglaterra, Escócia, e Irlanda; mais do que isto,<br />
ultimamente se espalhou para Nova York, Pensilvânia, Virginia,<br />
Maryland, e Carolina. Mas os homens sábios do mundo dizem:<br />
'Quando o Sr. <strong>Wesley</strong> morrer, então, tudo isto vai acabar!'. E, assim,<br />
certamente será, a menos que, antes que Deus me chame daqui,<br />
alguém seja encontrado para ficar em meu lugar. (...) O corpo de<br />
pregadores não está unido: nem uma parte dele se submete às<br />
demais; de maneira que deve existir um que governe sobre todos, ou a<br />
obra, de fato, chegará ao fim".<br />
"Mas quem é suficiente para essas coisas? Qualificado para<br />
governar, tanto sobre os pregadores, quanto o povo? Ele deve ser um<br />
homem de fé e amor, e um que tenha um olho puro para o avanço do<br />
reino de Deus. Ele deve ter um entendimento claro; um conhecimento<br />
296
de homens e coisas, especificamente da doutrina e disciplina<br />
Metodista; uma elocução pronta; diligência e atividade, com uma<br />
tolerável cota de saúde. Deve ser acrescentado a esses, generosidade<br />
para com as pessoas, e com os Metodistas em geral. Porque, exceto se<br />
Deus virar os olhos e corações deles em sua direção, ele será<br />
completamente incapaz de realizar a obra. Ele deve ter igualmente<br />
algum grau de cultura, porque existem muitos adversários, cultos,<br />
assim como iletrados, cujas bocas devem ser fechadas. Mas isto não<br />
pode ser feito, a menos que ele seja capaz de enfrentá-los em seu<br />
próprio terreno".<br />
"Mas Deus providenciou um tão qualificado? Quem é ele? Tu<br />
és o homem! Deus lhe deu uma medida de fé amorosa; e um olho puro<br />
para a glória Dele. Ele lhe deu algum conhecimento de homens e<br />
coisas; especialmente do antigo plano do Metodismo. Você é<br />
abençoado com alguma saúde, atividade, e diligência; junto com um<br />
grau de cultura. E para tudo isto, ele acrescentou ultimamente, de<br />
uma forma que ninguém poderia prever, favor ambos com respeito<br />
aos pregadores, quanto com todo o povo. Venha, em nome de Deus!<br />
Venha ajudar o Senhor contra o poderoso! Venha, enquanto estou<br />
vivo, e capaz de trabalhar!".<br />
"Venha, enquanto sou capaz, Deus me assistindo, de edificá-lo<br />
na fé, aprimorar seus dons, e introduzi-lo ao povo. Que possível<br />
ocupação você tem que seja de tão grande importância?".<br />
"Mas você naturalmente dirá: 'Eu não estou à altura da<br />
tarefa; eu nem tenho graça, nem dons, para tal empreendimento'.<br />
Você diz a verdade; é certo que você não tenha. E quem tem? Mas<br />
você não conhece Aquele que é capaz de dá-los? Talvez, não de uma<br />
só vez, mas, antes, dia-a-dia; como cada um é, de maneira que você<br />
se fortaleça? 'Mas isto implica', você pode dizer, 'em milhares de<br />
cruzes, tais que eu sinto que não sou capaz de suportar'. Você não é<br />
capaz de suportá-las agora; e elas ainda não vieram. Quando quer<br />
que elas venham, Ele não as enviará, na devida medida, peso e<br />
297
capacidade? E elas não serão todas para seu proveito, para que você<br />
possa ser um parceiro em sua santidade?".<br />
"Sem deliberar, portanto, com a carne e sangue, venha e<br />
fortaleça as mãos, conforte o coração, e compartilhe do trabalho de"<br />
Seu afetuoso amigo e irmão,<br />
J.<strong>Wesley</strong><br />
----<br />
Durante esta década, a obra de <strong>Wesley</strong> parecer ter alcançado<br />
seu auge. Sua saúde, não obstante as breves interrupções descritas,<br />
estava vigorosa; e seu trabalho, extraordinário, do qual as páginas de<br />
seu Diário abundam em detalhes interessantes. Ele sobreviveu à<br />
violenta oposição da turba, e sua influência no reino tornou-se muito<br />
grande, de maneira que suas visitas periódicas eram ocasiões de<br />
grande interesse, e criava não pequeno alvoroço em muitas partes da<br />
região. As igrejas, também, foram gradualmente reconhecendo a<br />
grandeza de seu serviço no interesse da religião, por toda a terra. Não<br />
apenas o antagonismo decresceu significativamente, mas, até mesmo,<br />
honras lhe foram conferidas. Ele foi feito Cidadão de Perth; e a<br />
Liberdade de Arbroath foi outorgada a ele. Mas o que ele mais<br />
apreciou foi a abertura das igrejas para ele, que não foi meramente um<br />
toque de respeito, mas um sinal de uma grande mudança no espírito<br />
do clero, e a primeira indicação do gracioso avivamento da religião<br />
dentro da Igreja, como um todo, que o século passado permitiu<br />
testemunhar.<br />
[A Declaração de Arbroath (1320) foi e tem sido inigualável<br />
em seu eloqüente apelo para a liberdade do homem. Da escuridão das<br />
mentes medievais, ela acendeu uma tocha sobre futuras disputas que<br />
seus signatários teriam previsto ou compreendido]<br />
Ao rever uma seção de seu Diário, então, recém publicado, o<br />
Lloyd's Evening' Post de 20 de Janeiro de 1772, faz a seguinte alusão<br />
à sua obra.<br />
298
"Neste intervalo, entre 27 de Maio de 1765, e 5 de Maio de<br />
1768 [período compreendido em seu Diário], este zeloso, e<br />
verdadeiramente laborioso missionário dos Metodistas, que parece<br />
considerar os três reinos como sua paróquia, percorre duas vezes a<br />
maior parte da Irlanda e Escócia, de Londonderry a Cork; de<br />
Aberdeen a Dumfries, visitando e confirmando as Igrejas, além de<br />
fazer um progresso, principalmente, montado a cavalo (em muitos<br />
lugares, mais do que uma vez), através de grande parte de Wales, e<br />
quase todas as regiões na Inglaterra, de Newcastle a Soutthampton;<br />
de Dover a Penzance".<br />
"Esses que esperam encontrar, neste Diário, apenas as<br />
doutrinas peculiares do Metodismo ficará favoravelmente<br />
desapontado, já que elas estão misturadas com tais reflexões<br />
ocasionais sobre homens e maneiras; sobre literatura refinada, e, até<br />
mesmo, sobre lugares refinados, como prova de que o escritor é<br />
dotado com um gosto bem cultivado, tanto pela leitura, quanto pela<br />
observação; e, sobretudo, com tal benevolência e delicadeza de<br />
temperamento, de tal maneira de pensar, ampliada, liberal, e<br />
verdadeiramente Protestante, em direção àqueles que diferem dele,<br />
como a mostrar claramente que seu coração, pelo menos, é correto, e<br />
exatamente o habilita a esta candura e indulgência, que, para a honra<br />
de nossa religião comum, estamos satisfeitos de saber, que ele agora<br />
usualmente recebe".<br />
Mas, embora sua obra fosse mais e mais apreciada, pela<br />
melhor classe de pessoas; ainda assim, ele nunca antes se sujeitou a<br />
um tratamento mais grosseiro, por parte da imprensa vulgar, cujo<br />
clímax foi a publicação, em 1778, de sete panfletos ilustrados de<br />
caráter mais torpe, no qual a sátira alcança seu limite extremo de<br />
aspereza, indecência, infâmia, e falsidade. É evidente, que ele ignorou<br />
toda essa classe de literatura, conforme ele ia se sujando ao longo da<br />
estrada.<br />
299
Para lançar uma luz lateral sobre parte de sua obra, o seguinte<br />
pode ser citado: refletindo sobre o que ele ouviu um bom homem<br />
dizer, "Uma vez, a cada sete anos, eu queimo todos os meus sermões;<br />
porque é uma vergonha que eu não possa escrever um sermão melhor<br />
agora do que pude sete anos atrás", ele afirma:<br />
"O que quer que outros possam fazer, eu realmente não posso.<br />
Eu não posso escrever um melhor sermão sobre O Bom Mordomo, do<br />
que eu fiz há sete anos; eu não posso escrever um melhor, sobre o<br />
Grande Julgamento, do que fiz há vinte; não posso escrever um<br />
melhor sobre o Uso do Dinheiro, do que fiz perto de trinta anos atrás;<br />
não, eu não sei se eu poderia escrever um melhor sobre a Circuncisão<br />
do Coração do que fiz há quarenta e cinco anos. Talvez, na verdade,<br />
eu possa ter lido quinhentos ou seiscentos livros mais do que li, então,<br />
e possa saber um pouco mais de História, ou Filosofia Natural, do<br />
que antes; mas eu não estou consciente de que isto tenha trazido<br />
alguma adição essencial ao meu conhecimento da Divindade. Por<br />
quarenta anos, eu sei e preguei cada doutrina cristã, que eu prego<br />
agora".<br />
Em 1º. de Novembro de 1778, ele inaugurou a nova Capela em<br />
City Road, dentro e em redor da qual, tantas memórias agradáveis se<br />
juntaram desde aquele dia até este. Ele descreve isto como<br />
perfeitamente asseada, mas não delicada, e diz que ela conteve bem<br />
mais pessoas do que a Fundição.<br />
A construção da Capela de City Road foi outro passo, na<br />
consolidação do Metodismo, e uma precaução direta, através de<br />
<strong>Wesley</strong> para sua permanência futura. Não se pode negar que ele<br />
desejou que suas Sociedades estivessem ligadas à Igreja; ou que ele<br />
tentou, com todo seu poder, trazê-las em aliança com ela. Mas, em<br />
quão grande extensão ele fracassou em seu esforço! Ele foi conduzido<br />
para a alternativa de "diversificar" da ordem religiosa, ou confiar seu<br />
rebanho resgatado à custódia de pastores legalmente designados. É<br />
possível se dizer que o cuidado deles para com o rebanho permitiu que<br />
ele fizesse o último? O clero estava, além de um pequeno número,<br />
300
desejoso ou capaz da supervisão espiritual deles? A história do século<br />
é a resposta. Todas as sociedades de <strong>Wesley</strong> seriam "Sociedades de<br />
Sacristia", não tivesse o clero tão desejoso disto. Ele viu a necessidade<br />
de fazer provisão para a segurança de seu povo. Sua preservação foi<br />
de uma consideração maior para ele do que a manutenção da ordem<br />
religiosa. Portanto, ele ergueu suas construções, e as deixou em<br />
fiança, o que assegurou, até onde a previsão do homem pudesse<br />
assegurá-la, não apenas suas doutrinas, que ele acreditou eram as<br />
verdadeiras doutrinas bíblicas, fossem ensinadas a eles.<br />
No Natal deste ano, ele pregou às quatro horas da manhã, na<br />
nova capela; no usual serviço matinal, em West Street, ele leu as<br />
orações, pregou, e administrou o Sacramento "para centenas de<br />
pessoas". À tarde, pregou novamente na nova capela, "cheia em cada<br />
canto", e, à tarde na igreja de St. Sepulchre, uma das mais largas<br />
paróquias de Londres, mas sentia-se mais forte, ele diz, depois de seu<br />
quarto sermão, do que antes de seu primeiro; ainda assim, ele estava<br />
nos seus setenta e seis anos de idade. Um registro similar é dado no<br />
ano seguinte.<br />
Em 1778, <strong>Wesley</strong> publicou o primeiro número de uma revista,<br />
o que, ele diz, desejava fazer há mais de quarenta anos. Ela foi<br />
intitulada A Revista Arminiana: Consistindo de Extratos e Tratados<br />
Originais sobre a Rendenção Universal. O título suficientemente<br />
declara seu caráter e propósito. Sua publicação foi ocasionada pelos<br />
ataques, principalmente da Revista Evangélica. Ela proporcionou a<br />
<strong>Wesley</strong> uma oportunidade de defender as doutrinas e obra do<br />
Metodismo. "Uma vez começada, eu me inclino a pensar que não terá<br />
fim, a não ser com minha vida", diz <strong>Wesley</strong>. Ela continua até o<br />
presente dia, mas em 1985 e 1904, "muda significativamente na forma<br />
e caráter".<br />
Em Agosto de 1776, ele foi apresentado ao cura de South<br />
Petherton, que, algum tempo antes, esteve sob profunda convicção<br />
religiosa, o que se mostrou em uma marcada mudança em suas<br />
ministrações no púlpito. Thomas Maxfield, um antigo pregador leigo,<br />
301
a quem é feito freqüente referência, e quem estava agora nas<br />
ordenações, quando em visita a South Petherson, conheceu-o, e foi útil<br />
no conduzi-lo para a feliz aquisição da salvação evangélica. Com sua<br />
atenção voltada para os Sermões e Diários de <strong>Wesley</strong>, e nas<br />
Restrições de Fletcher, o cura copiou os métodos de <strong>Wesley</strong>, pregando<br />
em vilarejos circunvizinhos, desta forma causando ofensa a alguns de<br />
seus paroquianos, que buscaram a sua demissão de seu curato. Ele<br />
decidiu juntar-se a <strong>Wesley</strong>, que assim descreve o encontro deles: "Eu<br />
preguei em Tauton, e, mais tarde, fui para Kingston. Aqui eu<br />
encontrei um clérigo, Dr. Coke [que recentemente tinha sido eleito<br />
Doutor de Lei Civil], recente Cavalheiro da Câmara dos Comuns do<br />
Jesus College, em Oxford, que viajou vinte milhas para este<br />
propósito. Eu conversei muito com ele, e uma união, então, começou,<br />
o que eu confio não terá fim". A vinda do Dr. Coke, naquele tempo,<br />
foi a mais providencial, porque a saúde de Fletcher começou a mostrar<br />
sinais de um sério definhamento, e <strong>Wesley</strong> logo estaria na necessidade<br />
da ajuda de um homem vigoroso. Esta ajuda, Dr. Coke prestou. E ele<br />
se tornou, se não o fundador, certamente o organizador das Missões<br />
Estrangeiras Metodistas, para as quais ele devotou sua força e fortuna,<br />
e, finalmente, sua vida. Ele morreu no mar, em uma viagem<br />
missionária, quando em seu caminho para a Índia.<br />
Em Maio de 1776, uma ordem foi expedida na Casa dos<br />
Lordes: "Que os comissários de Imposto de Sua Majestade<br />
escreveram cartas circulares para todas as pessoas que eles teriam<br />
razão para suspeitar tivessem prataria, assim como aquelas que não<br />
pagaram regularmente a obrigação sobre a mesma", etc. Uma cópia<br />
da ordem foi enviada a <strong>Wesley</strong>, no mês de Setembro seguinte, junto<br />
com uma carta declarando que "os comissários não duvidam que você<br />
tenha prataria, pela qual você tem até aqui negligenciado dar<br />
entrada", etc., e pede uma "resposta imediata". A que ele respondeu<br />
de imediato:<br />
"Senhor",<br />
302
"Eu tenho duas colheres de prata em Londres, e duas em<br />
Bristol. Esta é toda a prataria que eu tenho no momento, e não devo<br />
comprar mais, enquanto tantos a minha volta necessitam de pão".<br />
"Eu sou, senhor, seu mais humilde servo",<br />
J.<strong>Wesley</strong><br />
--<br />
Já no fim desta década, ele teve um livramento muito notável<br />
da morte, que ele descreve assim:<br />
"Segunda-feira, 20 de Junho [1774] – Por volta das nove<br />
horas, eu parti, de Sunderland para Horsley, com o Sr. Hopper e o Sr.<br />
Smith. Eu levei a Sra. Smith e suas duas garotinhas comigo na<br />
carruagem. Perto de duas milhas da cidade, justamente no topo da<br />
colina, os cavalos dispararam, sem qualquer motivo aparente, e<br />
voaram colina abaixo, como uma seta que escapou do arco. Em um<br />
minuto, <strong>John</strong> caiu fora da boléia. Os cavalos, então, seguiram<br />
velozes; algumas vezes, para a extremidade, à direita do abismo;<br />
outras, à esquerda. Uma carroça veio contra eles; que a evitaram,<br />
exatamente como se um homem os estivesse comandando da cocheira.<br />
Havia uma ponte, aos pés da colina, e eles foram diretamente sobre o<br />
meio dela; correndo, colina acima, com a mesma velocidade. Muitas<br />
pessoas nos encontraram, mas saíram fora do caminho. Já perto do<br />
topo, havia um portão que conduzia ao quintal de um fazendeiro, e<br />
que ficava aberto. Os cavalos viraram um pouco, e transpassaram por<br />
ela, sem tocarem no portão, de um lado, ou a coluna do outro".<br />
"Eu pensei, 'entretanto, o portão, do outro lado do pátio, fica<br />
fechado, e isso irá pará-los': mas eles dispararam através dele, como<br />
se fosse teia de aranha, e galoparam em frente, pelo trigal. As duas<br />
garotinhas gritaram: 'Vovô, nos salve!'. Eu disse a elas: 'Nada irá<br />
machucar vocês; não fiquem com medo!'; sentindo não mais medo ou<br />
preocupação (abençoado seja Deus!) do que se eu estivesse sentado<br />
em minha sala de estudos. Os cavalos correram, até que eles vieram<br />
303
para a beirada do precipício íngreme. Justamente no momento em<br />
que o Sr. Smith, que não pode nos alcançar antes, galopou entre eles,<br />
que pararam, num instante. Se os cavalos tivessem ido, em frente,<br />
apenas um pouquinho, tanto o Sr. Smith quanto nós teríamos ido para<br />
baixo juntos! Eu estou persuadido de que tanto os maus quanto os<br />
bons anjos tiveram uma partilha grande nessa transação: quão<br />
grande foi ela, nós não sabemos agora, mas saberemos daqui para<br />
frente".<br />
O seguinte relato vem da pena de Joseph Benson, por algum<br />
tempo, diretor da Escola de Kingswood, mais tarde, do Colégio<br />
Trevecca, do qual, ele foi demitido por defender os pontos de vista<br />
Arminianos, personificados nas minutas da Conferência de 1770, e<br />
quem era agora o sênior "Ajudador", em Edinburg – um dos mais<br />
ilustres filhos do Metodismo. Escrevendo da Escócia, ele diz:<br />
"Eu estive constantemente com ele [<strong>Wesley</strong>], durante uma<br />
semana. E tive a oportunidade de examinar mais de perto seu espírito<br />
e conduta; e, eu asseguro a você, estou mais do que nunca<br />
persuadido, que ele é tal, como ninguém. Eu não conheço sua<br />
condição; primeiro, para suas habilidades, naturais e adquiridas; e,<br />
segundo, para suas 'incomparáveis diligências na aplicação dessas<br />
habilidades para os melhores empreendimentos. Sua imaginação viva,<br />
memória firme, claro entendimento, elocução rápida, coragem<br />
varonil, diligência infatigável, realmente me causaram espanto".<br />
"Eu admiro, mas desejo, em vão, imitar, sua diligente melhora<br />
a cada momento da vida; sua maravilhosa exatidão, até mesmo, nas<br />
pequenas coisas; a ordem e a regularidade, por meio das quais ele<br />
executa e lida com tudo que tem nas mãos; aliadas à sua rápida<br />
presteza de negócios, e calma, e agradável serenidade de alma. Eu<br />
não devo omitir de mencionar o que é muito manifesto a todos que o<br />
conhecem, sua resolução, que nenhum impacto da oposição pode<br />
abalar; sua paciência, que a duração das provas não pode exaurir;<br />
seu zelo pela glória de Deus, e o bem do homem, que nenhuma água<br />
de perseguição ou tribulação já foi capaz de extinguir. Feliz homem,<br />
304
eu desejo que tu carregues o fardo e a fúria do dia, em meios aos<br />
insultos dos adversários. E a simples infidelidade dos amigos<br />
aparentes; mas tu poderás descansar de tuas labutas, e tuas obras,<br />
seguirão a ti!".<br />
Escrevendo sobre seu aniversário, em 1776, ele diz: "Eu tenho<br />
setenta e três anos, e sou muito mais capaz de pregar do que fui aos<br />
vinte e três anos"; e ele indaga, dentro dos meios naturais que Deus<br />
usou para produzir tão maravilhoso efeito. Ele os encontrou no<br />
contínuo exercício e mudança de ar; em seu viajar mais de quatro mil<br />
milhas no ano; em seu constante levantar-se às quatro horas da manhã;<br />
em sua habilidade para dormir imediatamente, quando quer que ele<br />
necessite; em nunca perder uma noite de sono na vida; e no que parece<br />
ter sido um forte medicamento – duas violentas febres e duas<br />
profundas consumações. Ele julgou que estas foram de considerável<br />
serviço, uma fez que fizeram sua carne voltar novamente, como a<br />
carne de uma criancinha. E acrescenta: "Por fim, a uniformidade de<br />
temperamento. Eu sinto, e me aflijo, mas, pela graça de Deus, eu me<br />
desgasto com nada. Mas, ainda assim, 'a ajuda que é dada na terra,<br />
Ele mesmo a dá'. E isto ele faz em respostas às muitas orações".<br />
Algum tempo depois, seu amigo e fiel "Ajudador", Sr. Thomas<br />
Olivers, autor do notável hino "Louvor ao Deus de Abraão" –<br />
escreveu como segue: -- "Sr. <strong>Wesley</strong> é agora um homem idoso, e,<br />
ainda assim, tem tal variedade e multiplicidade de ocupação, como<br />
poucos homens administrariam, até mesmo, no vigor da vida. Não<br />
existem duas semanas em que ele não viaja duzentas ou trezentas<br />
milhas; prega e exorta em público, entre vinte ou trinta vezes, e,<br />
freqüentemente mais; responde trinta ou quarenta cartas; fala com<br />
tantas pessoas em particular, com respeito às coisas de profunda<br />
importância; e, prepara, tanto no todo, quanto na parte, alguma coisa<br />
para a impressa. Acrescento a tudo isto, que, freqüentemente, naquele<br />
breve espaço de tempo, uma variedade de tratados sobre diferentes<br />
assuntos passa através de suas mãos, especialmente quando ele<br />
viaja".<br />
305
Nesta época, a região estava em um estado de desassossego. A<br />
nação estava imersa em crime e miséria. A guerra estava intensa, de<br />
quase todos os lados. O comércio estava paralisado, e as taxas<br />
intoleráveis. Grande alvoroço foi causado pelo Documento das<br />
Inabilidades Católicas. O espírito patriótico e Protestante de <strong>Wesley</strong> o<br />
moveu a escrever, Uma Carta para o Tipógrafo de 'Public Advertiser',<br />
ocasionado pelo último ato passado em favor do Papismo. Ele diz:<br />
"Ao receber mais e mais relatos, quanto ao crescimento do Papismo,<br />
eu acredito que seja minha obrigação escrever sobre isto, o que mais<br />
tarde, foi inserido nos documentos públicos. [Ele foi mais tarde<br />
publicado como um folheto amplo]. Muitos ficaram gravemente<br />
ofendidos; mas eu não posso ajudar nisto. Eu devo seguir minha<br />
própria consciência". Por outros, ele foi muito aplaudido. Até mesmo<br />
seu amargo antagonista, o Gospel Magazine, disse que ele tinha "sido<br />
quase unanimemente aprovado, e foi uma produção de real mérito".<br />
Esta década foi sinalizada mais adiante, com a publicação, em<br />
1780, do notório, e "enorme", hinário de <strong>Wesley</strong>, intitulado Uma<br />
Coleção de Hinos para o Uso do Povo Chamado Metodista. Este livro<br />
foi usado, com algumas leves variações, até o presente ano [1904]. Ele<br />
foi um hinário de <strong>Wesley</strong>; todos os hinos, a não ser dez, saíram das<br />
penas da família <strong>Wesley</strong>. Muito cuidado e trabalho foram gastos na<br />
coleção e revisão de seu conteúdo.<br />
Esta, a quarta, e mais ativa década do trabalho árduo<br />
evangelista de <strong>Wesley</strong>, agora chega perto do seu fim. A obra avançou<br />
com passos firmes, de maneira que, enquanto no começo dela havia<br />
vinte e oito mil, novecentos e sessenta e três membros nas Sociedades;<br />
cento e vinte e um pregadores na Grã-Bretanha; no encerramento,<br />
havia cento e setenta pregadores, e quarenta e três mil e oitocentos e<br />
trinta membros. Em 1769, os primeiros pregadores Boardman e<br />
Pilmoor, foram para a América, onde o Metodismo já havia sido<br />
introduzido, por alguns poucos e zelosos imigrantes. Em 1780, havia<br />
42 pregadores, e o número de membros matriculados era de oito mil,<br />
quinhentos e quatro. O total de membros nesta região e América<br />
306
alcançou, portanto, cinqüenta e dois mil, trezentos e trinta e quatro, e<br />
dos pregadores, duzentos e doze.<br />
Este é um registro da devoção espantosa e trabalho árduo da<br />
parte do grande <strong>Evangelista</strong> da Inglaterra, um registro de uma<br />
fidelidade resoluta e de esforço concentrado para cumprir o que ele,<br />
durante muitos anos, considerou ser seu grande e supremo chamado.<br />
Ele diligentemente semeou a semente da qual as Igrejas, desde então,<br />
têm feito as mais frutíferas colheitas. Ele lutou fielmente para servir a<br />
seu Deus, enquanto servia sua gente; e tudo inconscientemente teceu<br />
para ele mesmo uma coroa de imperecível honra.<br />
CAPÍTULO XI<br />
A Quinta Década de Trabalho Árduo <strong>Evangelista</strong><br />
(1781-179)<br />
Nós agora entramos na quinta, a última, década da notável<br />
carreira evangelista de <strong>Wesley</strong>. Ela compreende o período dos seus<br />
setenta e sete aos oitenta e sete anos de sua vida. Surpreendente como<br />
isto possa parecer, não existe diminuição provável, quer em suas<br />
viagens ou nas suas pregações, até os últimos dois anos do período.<br />
307
Muitos eventos importantes ocorreram durante esta década,<br />
que teve relação preferivelmente à consolidação do Metodismo, do<br />
que com a história pessoal de <strong>Wesley</strong>; e esses devem ser<br />
resumidamente reportados.<br />
A Conferência de 1781 foi distinguida por um serviço muito<br />
notável, que aconteceu na paróquia de Leeds. <strong>Wesley</strong> pregou. Havia<br />
dezoito clérigos presentes; e, por ocasião do Sacramento, certa de mil<br />
cento e dez comunicantes. Setenta pregadores atenderam a<br />
Conferência. <strong>Wesley</strong> pediu que Fletcher, Dr. Coke, e quarto outros o<br />
encontrassem toda a tarde, para que consultassem juntos sobre alguma<br />
dificuldade que ocorresse. Isto foi considerado necessário, devido ao<br />
conflito renovado de opinião sobre a questão bíblica, que continuou a<br />
ser afiada até o fim dos dias de <strong>Wesley</strong>, e, de fato, durante alguns anos<br />
depois. Uma das Sociedades, que representava muitas outras, escreveu<br />
para <strong>Wesley</strong>, dizendo que eles tinham, de acordo com seu conselho,<br />
atendido aos serviços da Igreja, mas o clérigo pregou que eles<br />
acreditavam em doutrinas erradas. A decisão da Conferência foi que,<br />
aqueles que tinham sido "instruídos na Igreja", atendessem aos<br />
serviços lá, tão freqüentemente quanto possível; mas que, se o<br />
ministro começasse a pregar os decretos absolutos, ou dizer insultos,<br />
ou ridicularizar a perfeição cristã, eles deveriam sair quietamente da<br />
Igreja, ainda que a atendessem numa próxima oportunidade.<br />
No ano seguinte, <strong>Wesley</strong>, com a assistência de Coke, instituiu<br />
a "Sociedade para a Distribuição de Tratados Religiosos entre os<br />
Pobres".<br />
Uma preocupação muito séria surgiu em Birstal em 1782, com<br />
respeito a autoridade pela qual a indicação de pregadores para a capela<br />
seria determinada; a questão era se a decisão deveria depender da<br />
Conferência ou dos Curadores. O mesmo problema surgiu também em<br />
outros lugares – notavelmente em Dewsbury – onde as capelas não<br />
foram organizadas nos termos do Documento Padrão de 1763. Isto<br />
ocasionou muita discussão, e ocupou o tempo e atenção de <strong>Wesley</strong>,<br />
que teriam sido mais bem empregados; e, assim, de certa forma,<br />
308
impediu a boa obra que ele tinha na mão. A dificuldade não foi<br />
superada por diversos anos.<br />
A depressão no estado da Escola Kingswood ocorreu em 1783,<br />
mas medidas enérgicas efetuaram a mudança, e ele foi<br />
subseqüentemente capaz de escrever:<br />
"Sexta-feira - 1º. de Setembro de 1789 – Eu fui para<br />
Kingswood. Doce recesso! Onde tudo agora está exatamente como eu<br />
quero. Mas… 'O homem não nasceu para repousar nas sombras.<br />
Vamos trabalhar agora, para que possamos descansar logo mais'".<br />
"Sábado – 12 – Eu passei algum tempo com as crianças, todas<br />
se comportaram bem; diversas estão muito despertas, e poucas se<br />
regozijam no favor de Deus".<br />
Um outro assunto da mais grave importância foi a preparação<br />
em 1784, do que foi chamado de Um Documento de Declaração. Em<br />
1763, ele foi redigido na forma do Documento agora referido, para o<br />
estabelecimento das capelas, que, em meio a outros itens,<br />
proporcionou "que os curadores pudessem admitir tais pessoas, que<br />
deveriam ser indicadas na Conferência anual.. e nenhuma outra, para<br />
terem e desfrutarem da ditas premissas", etc. Mas a Conferência<br />
constituiu-se de <strong>Wesley</strong> e tais outras pessoas que ele escolheu<br />
convidar para deliberar sobre a sugestão. Ficou acertado que, na<br />
possibilidade de sua morte, era necessário, mais estritamente, definir a<br />
palavra "Conferência", determinando seus constituintes individuais, e<br />
provendo para sua continuidade. Isto foi executado pela "Documento<br />
de Declaração e Estabelecimento da Conferência do Povo Chamado<br />
Metodista". Este Documento foi registrado na Corte de Justiça, em 9<br />
de Março de 1784, e deu à Conferência uma definição legal que, até<br />
aqui, estava em falta.<br />
<strong>Wesley</strong> teve alguma dificuldade em determinar o número de<br />
pregadores que constituiriam a Conferência. Ele finalmente decidiu<br />
sobre cem. Alguns desses que não foram escolhidos, ofendidos com<br />
309
sua exclusão, criaram grande desconforto na Conferência seguinte. A<br />
disputa foi tão afiada, que o Sr. Fletcher pediu às partes conflitantes,<br />
literalmente de joelhos, para suspenderam o conflito e se<br />
reconciliarem. Havia temores por parte de muitos pregadores, de que<br />
os "Cem", sem cujo voto nenhuma transação da Conferência seria<br />
legal, tirariam vantagem da posição deles, em detrimento do restante.<br />
<strong>Wesley</strong>, em antecipação disto, escreveu uma carta, na qual ele exortou<br />
os "Cem", a não tirar vantagem da posição deles, ao assumir alguma<br />
superioridade sobre seus irmãos. Esta carta ele consignou ao cuidado<br />
de Joseph Bradford, para ser lida na assembléia da primeira<br />
Conferência depois da morte de <strong>Wesley</strong>. A carta foi assim lida, e a<br />
Conferência unanimemente decidiu "que todos os pregadores, que<br />
estão em plena conexão com eles, desfrutem cada privilégio que os<br />
membros da Conferência desfrutam, de acordo com a carta acima<br />
escrita". Nesta hora, aquela promessa foi honrosamente observada.<br />
Todos os pregadores, devidamente qualificados, votavam em cada<br />
assunto, e os "cem legalizados", sempre afirmando o voto deles.<br />
Um outro assunto de interesse mais sério, que envolveu<br />
<strong>Wesley</strong> em muita controvérsia, referia-se às Sociedades Americanas.<br />
O Metodismo tinha crescido rapidamente no que era agora os Estados<br />
Unidos da América. Stevens, o eloqüente historiador Americano do<br />
Metodismo, diz que "A revolução tinha dissolvido, não apenas as<br />
relações civis, mas também as eclesiásticas das colônias da<br />
Inglaterra. Muitos do clero inglês, de quem as Sociedades Metodistas<br />
dependiam para os Sacramentos, tinham fugido para 'a terra, ou<br />
entrado para a vida política ou militar, e a Igreja Episcopal estava<br />
geralmente incapacitada. Na Virgínia, o centro de sua força colonial,<br />
ela rapidamente declinou, moralmente assim como numericamente.<br />
Na conclusão da disputa, muitas de suas igrejas estavam em ruínas,<br />
quase a quarta parte de suas paróquias, extintas ou abandonadas; e<br />
trinta e quatro das setenta e duas restantes estavam: sem suprimentos<br />
pastoral; vinte e oito apenas de seus noventa e um clérigos<br />
permaneceram, e, esses, com a adição, logo depois da guerra, de oito<br />
outras partes da região, ministravam em trinta e seis paróquias. Sob<br />
essas circunstâncias, os Metodistas requereram de seus pregadores a<br />
310
administração dos Sacramentos. Muitos, das sociedades, estavam há<br />
meses, alguns há anos, sem eles. A exigência não foi apenas urgente,<br />
mas logicamente correta... O que poderia <strong>Wesley</strong> fazer sob essas<br />
circunstâncias? O que, senão o exercício do direito da Ordenação,<br />
que ele tinha por anos teoricamente reivindicado, mas praticamente e<br />
prudentemente declinado? Se houve alguma imprudência da parte de<br />
<strong>Wesley</strong> nesta emergência, ela foi certamente em sua longa e<br />
continuada paciência. Quando ele autorizou, isto foi apenas depois do<br />
reconhecimento da independência das colônias americanas, e não, até<br />
que estimulado por seus mais respeitáveis conselheiros. Fletcher de<br />
Medeley era um deles".<br />
<strong>Wesley</strong> explica sua própria atitude na questão. Ele escreve:<br />
"O relato do Senhor Rei, sobre a Igreja primitiva convenceume,<br />
há muitos anos, que os Bispos e Presbíteros são da mesma ordem,<br />
e, conseqüentemente têm o mesmo conhecimento para conferir o<br />
Sacramento. Por muitos anos, eu tenho sido importunado, de tempos<br />
em tempos, a exercitar este combate, ordenando parte de nossos<br />
pregadores viajantes. Mas eu, até então, recusei; não apenas por<br />
causa da paz, mas porque eu estava determinado, o menos possível,<br />
violar a ordem estabelecida da Igreja nacional a qual eu pertencia".<br />
"Mas o caso é amplamente diferente entre a Inglaterra e a<br />
América do Norte. Aqui existem Bispos, que têm a jurisdição legal; na<br />
América existia ninguém, nem algum ministro paroquial, de maneira<br />
que por algumas centenas de milhas consecutivas, não existe alguém<br />
para batizar, ou para administrar a Ceia do Senhor. Aqui, portanto,<br />
meus escrúpulos terminam, e eu me julgo em completa liberdade, já<br />
que não violei ordem alguma, nem invadi os direitos dos homens,<br />
para apontar e enviar trabalhadores para a colheita".<br />
"Assim sendo, designei Dr. Coke e Sr. Francis Asbury para<br />
serem Superintendes comuns sobre nossos irmãos na América; assim<br />
também Richard Whatcoat e Thomas Vasey, para atuarem como<br />
presbíteros, batizando e administrando a Ceia do Senhor. Eu preparei<br />
311
a liturgia, ligeiramente diferente daquela da Igreja da Inglaterra (que<br />
eu penso, seja a melhor Igreja Nacional constituída no mundo), onde<br />
recomendo a todos os 'pregadores viajantes a usarem no Dia do<br />
Senhor, em todas as congregações, lendo a litania apenas nas quartas<br />
e sextas-feiras, e orando espontaneamente em todos os outros dias. Eu<br />
também aconselho os presbíteros a administrarem a Ceia do Senhor,<br />
a cada domingo do Senhor.<br />
"Se alguém indicar uma maneira mais racional e bíblica de<br />
alimentar e guiar essas pobres ovelhas no deserto, eu ficarei satisfeito<br />
em adotar. No momento, eu não posso ver algum método melhor do<br />
que eu usei".<br />
Talvez seja desnecessário dizer que este procedimento não teve<br />
a aprovação de Charles <strong>Wesley</strong>.<br />
Neste ano (1784), a "Sociedade para o Estabelecimento de<br />
Missões em meio aos Pagãos" foi fundada pelo Dr. Coke.<br />
A questão da separação da Igreja foi debatida, repetidas vezes,<br />
na Conferência, mas <strong>Wesley</strong>, até o fim de seus dias, manteve-se e a<br />
seus pregadores, em uma tão íntima conexão com ela, quanto pôde.<br />
Até 4 de Abril de 1790, ele escreveu: "Eu aconselho a todos os nossos<br />
irmãos que foram educados na Igreja, a continuarem lá, e lá eu deixo<br />
a questão. Os Metodistas devem espalhar vida em meio a todos as<br />
denominações; o que eles irão fazer, até que eles formem uma seita<br />
separada".<br />
O registro da história pessoal de <strong>Wesley</strong>, de suas viagens e<br />
serviços públicos (continuaram em seu Diário e em suas cartas), é tão<br />
pleno e tão interessante quanto em qualquer período de sua vida, e<br />
revela sua surpreendente energia, e sua devoção não diminuída, para a<br />
grande obra de sua vida. Mas a morte, cuja mão implacável rompe<br />
todas as relações terrenas, estava ocupada em meio aos seus amigos.<br />
A seguinte entrada ocorre: "Sexta-feira, 11 de Outubro de 1781 – Eu<br />
vim para Londres e fui informado de que minha esposa morreu na<br />
312
segunda-feira. Esta tarde, ela foi enterrada, embora eu não fosse<br />
informado, até um dia ou dois depois".<br />
O Rev. Vicent Perronet, Vigário de Shoreham, morreu em 9 de<br />
Março de 1785. Ele foi o amigo afeiçoado aos <strong>Wesley</strong>s, por mais de<br />
quarenta anos. Ele se simpatizou muito amavelmente com todos os<br />
objetivos, os ajudou com seus conselhos, e escreveu na defesa deles.<br />
Charles <strong>Wesley</strong> o chamava de Arcebispo do Metodismo. Ele<br />
continuou em sua obra paroquial, mas fez de sua casa, o lar de todos<br />
os pregadores Metodistas que visitavam Shoreham, e dois de seus<br />
filhos juntaram-se à série deles. Ele foi um pacífico, feliz, e devotado<br />
ministro cristão, vivendo em íntima comunhão com Deus. <strong>Wesley</strong><br />
estava fora na Irlanda, quando ele ouviu e registrou a morte de seu<br />
amigo, acrescentando: "Eu o segui duramente de perto nos anos,<br />
agora em meu octogésimo segundo ano de vida. Ó, que eu possa<br />
segui-lo também na santidade; e que meu último momento possa ser<br />
como o dele!".<br />
Mas um golpe mais severo atingiu o coração do evangelista<br />
quando, dentro de pouco mais de três meses depois da morte do Sr.<br />
Perronet, seu amigo do peito, Fletcher, também faleceu. Fletcher se<br />
situa no topo de todos os lideres do avivamento Metodista, por sua<br />
serena santidade de caráter. Mas não isto apenas o distinguiu.<br />
Santidade era o espírito que permeava todos seus poderes e todas suas<br />
obras. Sua aptidão para o grande serviço no despertar religioso, então,<br />
em progresso, é assim resumido por <strong>Wesley</strong>, de quem ninguém era<br />
mais bem qualificado para formar um correto julgamento dele: "Eu<br />
posso nunca acreditar que foi a vontade de Deus que tal luz ardente e<br />
brilhante pudesse estar escondida sob o alqueire. Não; em vez de<br />
estar confinado a um vila, ele deveria ter brilhado em cada canto da<br />
nossa terra. Ele era pleno para tocar um alarme, através de toda a<br />
nação, como o próprio Sr. Whitefield. Mais do que isto,<br />
abundantemente mais, vendo que ele era mais bem qualificado para<br />
aquela importante obra. Ele era uma pessoa mais surpreendente; de<br />
igual boas maneiras, um discurso igualmente atraente; junto com uma<br />
mais rica fluência de idéias, um forte entendimento, uma maior<br />
313
iqueza de erudição. Ambos nas linguagens, Filosofia, Filologia, e<br />
Teologia; e, acima de tudo (o que eu posso falar com a mais completa<br />
segurança, porque 'eu tive um conhecimento perfeito de ambos'), uma<br />
profunda e constante comunhão com o Pai e com o Filho, Jesus<br />
Cristo".<br />
Ele também testemunha o caráter de seu amigo: "Eu estive<br />
intimamente familiarizado com ele, por trinta anos. Eu conversei com<br />
ele, de manhã, ao meio-dia, à noite, sem a menor reserva, durante<br />
uma jornada de muitas centenas de milhas. E em todo aquele tempo,<br />
eu nunca ouvi dele uma palavra imprópria, ou o vi em alguma atitude<br />
imprópria. Para concluir. Nestes oitenta anos, eu conheci muitos<br />
homens excelentes, santos no coração e vida. Mas um igual a ele eu<br />
nunca conheci, um tão uniformemente e profundamente devotado a<br />
Deus. Tão irrepreensível em todos os aspectos, eu nunca encontrei,<br />
fosse na Europa ou América. Nem espero encontrar outro tal neste<br />
lado da eternidade".<br />
No entanto, um golpe ainda mais doloroso esperava por ele.<br />
Por alguns anos, seu irmão declinou em sua saúde. Depois que cessou<br />
de viajar, e como seu irmão pensou, provavelmente como resultado<br />
disto, ele sofreu gradualmente mais e mais de fraqueza e gota (uma<br />
queixa familiar), induzindo sensibilidade nervosa. Por fim, sua força<br />
declinou completamente. "Por alguns meses", sua filha escreveu, "ele<br />
pareceu totalmente desligado da terra. Ele falou muito pouco, nem<br />
desejou ouvir coisa alguma lida, a não ser as Escrituras". Alguns dias<br />
antes de sua morte, ele chamou sua esposa ao lado de sua cama, e<br />
implorou a ela que escrevesse, enquanto ele ditava, as seguintes<br />
linhas:<br />
Com idade e fraqueza extrema.<br />
Quem pode redimir um verme desamparado?<br />
Jesus, Tu és minha única esperança.<br />
Força da minha enfraquecida carne e coração.<br />
Ó, eu poderia conseguir um sorriso de Ti,<br />
E mergulhar na eternidade!<br />
314
Em 29 de Março de 1788, quando ele estava com seus oitenta<br />
anos, o fim chegou, e "foi, como ele especialmente esperou que fosse,<br />
em paz". <strong>Wesley</strong> estava fora, pregando em Shrospshire, e na época da<br />
morte de seu irmão, estava com sua congregação, cantando as<br />
emocionantes palavras do próprio Charles.<br />
Venham, vamos nos juntar aos irmãos no céu,<br />
Os que alcançaram o prêmio,<br />
E nas asas de amor da águia,<br />
Que os júbilos celestiais se levantem,<br />
Que todos os santos terrestres cantem.<br />
Com aqueles que para a glória foram;<br />
Porque todos os servos de nosso Rei,<br />
Na terra e no céu, são um só.<br />
Uma só família, habitamos Nele,<br />
Uma só Igreja, acima e abaixo,<br />
Embora agora, dividida pela correnteza,<br />
A estreita correnteza da morte:<br />
Um exército do Deus vivo,<br />
Ao Seu comando nós nos curvamos,<br />
Parte de seu exército atravessou a correnteza,<br />
E parte agora está atravessando<br />
Através do mau endereçamento de uma carta, <strong>Wesley</strong> não<br />
tomou conhecimento das tristes notícias, até um dia antes do funeral,<br />
quando ele estava em Macclesfield, e, portanto, completamente<br />
incapaz de estar presente.<br />
O enterro foi, de acordo com a própria orientação de Charles,<br />
no pátio de St. Marylebone, a paróquia em que ele residiu; e na tumba<br />
estão as palavras apropriadas de sua própria pena, escrita quando da<br />
morte de um de seus amigos:<br />
Com a pobreza do abençoado espírito,<br />
Descansa, o feliz santo, em Jesus descansa;<br />
315
Um pecador salvo, pela graça redentora,<br />
Remido na terra, para reinar no céu!<br />
Os trabalhos do amor incansável,<br />
Por ti, esquecidos, estão coroados acima;<br />
Coroados pela misericórdia de Teu Senhor,<br />
Com uma livre, completa e imensa recompensa!<br />
Na história do grande avivamento, os nomes de <strong>John</strong> e Charles<br />
<strong>Wesley</strong> devem sempre estar ligados. Eles foram um só, no objetivo<br />
comum, e em sua consagração; e foram, até o fim, um só, na forte<br />
devoção fraternal. A diferença em seus pontos de vista, sobre questões<br />
eclesiásticas, que, por um tempo, interferiram no mesmo propósito de<br />
ação, não enfraqueceu a afeição mútua.<br />
A ajuda atribuída a Charles para o grande avivamento é<br />
incalculável. E assim como a influência espiritual do avivamento se<br />
estendia para além dos limites do Metodismo, também os doces sons<br />
dos incomparáveis hinos de Charles <strong>Wesley</strong>, nos quais todas as<br />
grandes verdades do avivamento estão conservadas, como num<br />
relicário, têm até hoje, flutuado sobre cada brisa dos vastos campos do<br />
Cristianismo, encorajando, exaltando, e estimulando a vida cristã,<br />
onde quer que suas cadências vibrem. E ainda assim, <strong>Wesley</strong><br />
considera os poderes de seu irmão, colocados em sua poesia como<br />
"seu menor dom".<br />
Ele era um espírito amoroso e impulsivo, de grande ternura,<br />
capaz de elevada exaltação, mas não sem uma tendência a igual<br />
depressão. A um coração aquecido, que lhe trouxe muitos amigos, ele<br />
acrescentou um pouco do temperamento sensível, que lhe trouxe<br />
muitos inimigos; porque ele não tinha o auto-controle de seu irmão, ou<br />
o conhecimento de homens, ou seu poder para lidar com eles.<br />
Nenhum festival da Igreja foi era valorizado para <strong>Wesley</strong><br />
quanto o de Todos os Santos. Seu habitual deleite era contemplar a<br />
verdadeira comunhão dos santos na terra e no céu. Ele também estava<br />
muito acostumado a se regozijar sobre a morte, nas palavras dos<br />
316
jubilosos hinos fúnebres de seu irmão, em que a morte de um ou de<br />
outro parecia deixar apenas pequena, se alguma, sombra em seu<br />
espírito.<br />
No entanto, que as duas mortes, justamente referidas, foram<br />
uma prova severa para <strong>Wesley</strong>, agora tão verdadeiramente sozinho,<br />
não se pode duvidar. Ele pregou um sermão fúnebre em memória de<br />
seu amigo [Fletcher], e, mais tarde, publicou um breve, mas terno, A<br />
Vida. Ele também se dedicou à coleção do material para a memória de<br />
seu irmão. Mas, antes deste ser completado, sua própria mão<br />
esquecera sua destreza.<br />
Os incidentes na história pessoal de <strong>Wesley</strong>, durante esta<br />
década são muitos deles, de um caráter muito impressionante. Ele<br />
escreveu em 1783: "Eu preguei na Igreja de St. Thomaz, à tarde, e em<br />
St. Swithin, à noite. A maré agora virou; de maneira que eu tive mais<br />
convites para pregar nas igrejas do que eu posso aceitar". Podemos<br />
notar quão tenazmente ele se apega aos seus métodos adotados. Eles<br />
parecem ser investidos, na sua opinião, de um caráter quase sagrado.<br />
A pregação logo cedo de manhã, que começou quando ele estava na<br />
Geórgia, onde era mais adequado ao clima, levantar-se cedo, ele<br />
introduziu na Inglaterra em 1738, quando começou sua obra. Para ele,<br />
o serviço matinal era um prazer; mas, embora a principio seus<br />
pregadores, em seu zelo inicial, mantivessem a prática, ainda assim,<br />
isto se tornou cansativo, para eles e para as pessoas. Ao se certificar<br />
que esses serviços tinham fracassado, ele diz: "Se este for o caso,<br />
enquanto estou vivo, como será quando eu tiver ido? Desista disto, e o<br />
Metodismo também degenerará em uma mera seita, apenas<br />
distinguida por algumas opiniões e modos de adoração". Observações<br />
similares ocorrem em toda parte de seus últimos Diários. Não existe<br />
aqui uma falta de discernimento entre o que é essencial, e o que é<br />
meramente acidental? Está não é a única particularidade em que a<br />
mesma coisa aparece.<br />
Nada nesta década é mais surpreendente do que o empenho<br />
que ele continuamente emprega, na ocupação de sua grande obra. Ele<br />
317
pregou quase tão freqüentemente quanto em qualquer período de sua<br />
vida. Sua devoção persistente é vista em seu andar nas ruas de<br />
Londres, durante cinco dias, em 1785, freqüentemente com o<br />
tornozelo afundado, em neve lodosa e derretida, para pedir 200 libras<br />
para comprar roupas para o pobre! Em Março deste ano, ele partiu<br />
para a Irlanda, pregando todo o caminho para Liverpool,<br />
freqüentemente em campo aberto, não obstante a geada e neve. Passa<br />
uma semana em Dublin, e parte para as províncias. Dois meses foram<br />
ocupados nesta tarefa. Seus esforços foram quase inacreditáveis. Ele<br />
pregava duas ou três vezes ao dia, não apenas nas casas Metodistas,<br />
mas em igrejas, em capelas Presbiterianas, em fábricas, em gramado<br />
[para jogo de críquete], em salas de reuniões, nos palácios de justiça,<br />
em celeiros, em "pradarias inclinadas", nos pátios das igrejas, e ruas<br />
– onde tivesse uma chance.<br />
Logo no início do próximo ano, nós o encontramos<br />
diversificando seus discursos públicos, através de um sermão, para<br />
quinhentas crianças, nenhuma de suas palavras tendo mais do que<br />
duas sílabas de comprimento. Ele ocupou um mês em uma visita à<br />
Holanda, com dois de seus pregadores, no entanto, não como uma<br />
mera viagem de prazer. Quanto no barco para Hagne, ele se certificou<br />
que poderia escrever tão bem em um barco, quanto em seu estúdio; e<br />
continuou a escrever, quando quer que estivesse a bordo. Um dia,<br />
passou "muito calmamente escrevendo e visitando alguns amigos", e,<br />
durante a tarde, falou para um pequeno grupo em seu alojamento. Em<br />
outro, encontrou abundante ocupação, parcialmente em conversar, em<br />
Latim, com o clero; parcialmente, em pregar seus sermões, traduzidos<br />
por ele; mas, principalmente, em escrever – provavelmente, sobre a<br />
Vida de Fletcher, o prefácio do qual é datado em Amsterdã. Em seu<br />
retorno, ele se dedicou a este tributo de estima e afeição, mesmo em<br />
meio às suas jornadas; e, quando em Londres, dedicou a ele todo o<br />
tempo que pode gastar, até Novembro, "das cinco da manhã, até as<br />
oito da noite. Essas são minhas horas de estudo", diz ele, "eu não<br />
posso escrever mais tempo, durante o dia, sem prejudicar meus<br />
olhos".<br />
318
Nesta época, ele afirma que sua saúde estava melhor, nestes<br />
últimos dez anos, do que esteve por dez anos consecutivos, desde que<br />
ele nasceu. Algumas de suas ocupações eram espantosas para um<br />
homem de sua idade. O ano de 1787 começa com o serviço<br />
costumeiro, às quatro horas da manhã, com uma congregação<br />
notavelmente larga; ele pregou novamente duas vezes mais depois.<br />
Um dia, novamente, depois de pregar em West Sreet, e na nova capela<br />
em City Road, ele pegou a carruagem e viajou para Exeter, às dez da<br />
noite seguinte. Em outra jornada, depois de pregar duas vezes em<br />
Manchester, e assistir na administração da Ceia para aproximadamente<br />
mil e trezentas pessoas, ele começou à meia-noite, e, depois de<br />
dezenove horas viajando, alcançou Birmingham, às sete horas; foi<br />
diretamente para a capela, e pregou, agradecido que ele "não estivesse<br />
mais cansado, do se ele tivesse descansado o dia todo". Ele partiu na<br />
manhã seguinte, antes das cinco horas, viajou perto de onze horas, e<br />
pregou em Gloucester; na manhã seguinte, partiu novamente às duas<br />
horas, viajou até quatro e meia da tarde, e pregou à noite em<br />
Salisbury. Na manhã seguinte, ele estava em seu caminho para<br />
Southampton, onde ele pregou duas vezes, e, então, embarcou para as<br />
Ilhas Channel.<br />
Em seu aniversário, em 1788, ele escreveu: "Nesse dia em<br />
entrei em meu octogésimo quinto ano, e eu louvo a Deus, pelas mil<br />
bênçãos espirituais, e pelas bênçãos corporais, também. Quão pouco,<br />
eu tenho sofrido ainda pelo 'avanço de numerosos anos!' É verdade:<br />
eu não estou tão ágil, como eu estava em tempos passados. Eu não<br />
corro ou caminho, tão rápido, como eu fazia; meus olhos estão um<br />
pouco decaídos; meu olho esquerdo está mais opaco e, dificilmente,<br />
me servem para ler". Ele sofria de uma leve dor no olho direito e<br />
têmpora, ocasionada por um soco alguns meses antes. Tinha algum<br />
declínio da memória, mas nenhum na audição, olfato, gosto, ou<br />
paladar; nem se sentia cansado, quer para viajar ou pregar; nem estava<br />
consciente de algum declínio em escrever sermões. Tudo isto, ele<br />
atribuiu ao poder de Deus, adequando-o para a obra a que ele foi<br />
chamado; em segundo lugar, às orações de seus 'filhos', e aos meios<br />
naturais já falados a respeito. Ele, então, alegremente canta:<br />
319
Meus dias restantes, eu passarei para louvar a Ele;<br />
Que morreu, para redimir o mundo todo;<br />
Sejam eles muitos ou poucos;<br />
Meus dias são devidos a Ele;<br />
E serão todos devotados a Ele.<br />
Mas esses trabalhos estavam caminhando em direção a um<br />
encerramento. Em 1789, no entanto, ele visitou a Irlanda, uma vez<br />
mais. Aqui ele sofreu uma crise de diabetes. Ainda assim, foi<br />
incessante em seus trabalhos, que foram ainda muito grandes, não<br />
obstante, a diminuição de suas forças.<br />
Na Páscoa, ele escreve: "Tivemos uma solene reunião, de fato;<br />
muitas centenas de comunicantes, de manhã; e à tarde muito mais<br />
ouvintes do que a sala poderia conter; embora ela seja agora<br />
consideravelmente mais larga. Mais tarde, eu encontrei a Sociedade,<br />
e expliquei a eles, mais amplamente, o objetivo original do<br />
Metodismo; a saber, não ser uma seita distinta, mas encorajar a<br />
todos, cristãos ou ateus, a adorarem a Deus, em espírito e verdade;<br />
mas da Igreja da Inglaterra, em especial, ao qual eles pertenceram<br />
desde o início. Tendo isto em vista, eu segui invariavelmente por<br />
cinqüenta anos, nunca diversificando da doutrina da Igreja, afinal;<br />
nem da sua disciplina, não por escolha, mas por necessidade. Assim,<br />
no curso dos anos, a necessidade conduziu-me (como eu já provei):<br />
(1) a pregar em campo aberto; (2) a orar espontaneamente; (3) a<br />
formar sociedades; (4) a aceitar a assistência de pregadores leigos;<br />
e, em poucas instâncias, a usar de tais meios, como ocorreu, para<br />
impedir, ou remover os males, que tanto sentimos ou tememos".<br />
Sua saúde agora o compelia, em certos momentos, a ser um<br />
ouvinte, quando ele de bom grado pregaria; mas ainda assim, pregava<br />
freqüentemente, e, algumas vezes, sob circunstâncias penosas. Um dia<br />
ele partiu às cinco horas, alcançou Castlebar, entre três e quatro horas,<br />
e à noite pregou em Killchrist, para uma larga congregação, de<br />
320
maneira que ele foi obrigado a fazer isto do lado de fora, embora<br />
chovesse todo o tempo.<br />
Em Dublin, ele visitou todas as classes, embora houvesse<br />
acima de mil membros. No seu aniversário ele escreve: "Eu agora me<br />
encontro na idade avançada: (1) Minhas vistas estão decaídas, de<br />
modo que não posso ler um pequeno impresso, a menos que sob luz<br />
forte; (2) Minhas forças estão diminuídas; e eu caminho mais devagar<br />
do que eu fazia alguns anos antes; (3) Minha memória para nomes, de<br />
pessoas ou lugares, está prejudicada, até que eu parei um pouco de<br />
lembrá-los". Ele encontrou os pregadores irlandeses uma vez mais na<br />
conferência, encantado de encontrar tal grupo de homens, "de tão<br />
profunda experiência, tão grande piedade, e tão forte entendimento",<br />
e manteve um dia de jejum e oração, principalmente em favor do<br />
crescimento da obra de Deus, e seguiu com uma noite de vigília. Sua<br />
despedida do povo irlandês foi muito emocionante. Antes que ele<br />
subisse a bordo, ele leu um hino, e a multidão, até onde a emoção<br />
pode permitir-lhes, reuniu-se ao devoto patriarca em louvor. Caindo<br />
de joelhos, ele pediu a Deus para abençoá-los, suas famílias, a Igreja,<br />
e a Irlanda. Eles apertaram a mão trêmula; muitos choraram<br />
profusamente, e caíram em seu pescoço e o beijaram. Ele parou no<br />
convés, levantou suas mãos em oração, e se afastou da vista de um<br />
povo a quem ele amou afetuosamente. O mar estava calmo, e ele<br />
fechou-se em sua carruagem, que estava a bordo, e leu. À tarde, um<br />
hino foi cantado no convés, e ele pregou. Repetidas vezes, seus<br />
esforços durante os meses restantes do ano foram maiores do que se<br />
pode bem se imaginar.<br />
O ano de 1790 inicia-se com a confissão: "Eu sou agora, um<br />
homem velho, decaído da cabeça aos pés. Meus olhos estão<br />
ofuscados; minha não direita treme muito. Minha boca está quente e<br />
seca toda manhã – No entanto, abençoado seja Deus, eu não<br />
descuidei do meu trabalho: eu posso pregar e escrever ainda". E<br />
assim ele fez, até o fim do ano, como o itinerário para o ano mostrará.<br />
Mas sua obra foi a obra de alguém cuja estrutura corpórea estava em<br />
grande debilidade, embora seu espírito se elevasse às alturas no santo<br />
321
propósito; e repetidas vezes, a despeito de seu declínio físico, seus<br />
feitos eram realmente espantosos. Mas a falta de espaço proíbe relatos<br />
detalhados, embora eles sejam do completo interesse. Um incidente<br />
deve ser relatado. Em meio aos seus ainda contínuos esforços<br />
evangelistas, ele escreveu: "Eu percorri aquele pobre esqueleto da<br />
antiga Winchelsea. Ela está belamente situada no topo de uma colina<br />
íngreme. E foi regularmente construída na parte mais larga das ruas,<br />
atravessando uma e outra, e circundando uma quadra bem ampla; em<br />
meio da qual havia uma grande igreja agora em ruínas. Eu fiquei<br />
debaixo de uma grande árvore, de um lado dela, e clamei para a<br />
maioria dos habitantes da cidade: 'O reino de Deus está próximo;<br />
arrependam-se e creiam no Evangelho'. Pareceu como se todos que<br />
ouviram, estivessem, naquele momento, quase persuadidos a serem<br />
cristãos".<br />
O primeiro objetivo dessas páginas, um objetivo prontamente<br />
mantido em vista, do começo ao fim, tem sido dar a máxima<br />
proeminência possível aos trabalhos de <strong>Wesley</strong> como evangelizador,<br />
naquilo que constitui a suprema obra de sua vida; e ênfase especial<br />
tem sido colocada sobres seus serviços de campo, como o meio pelo<br />
qual ele entrou diretamente em contato com a massa da população<br />
inglesa, a quem ele não poderia possivelmente ter alcançado de outra<br />
maneira; as igrejas eles não podiam e não deviam entrar. <strong>Wesley</strong><br />
pregou seu primeiro sermão ao ar livre em Bristol, numa segundafeira,<br />
2 de Abril de 1739. O único em Winchelsea, referido acima, foi<br />
o último. Um período de mais de cinqüenta anos ocorreu, e foi dentro<br />
deste período que ele não cessou de fazer com que sua voz fosse<br />
ouvida, em apelos claros, francos, ternos, e efetivos, à consciência e<br />
convicção da nação. Esses dois eventos marcam o começo e o fim<br />
daquela grande obra. Uma testemunha ocular do último incidente diz:<br />
"A palavra foi atendida com poder, e as lágrimas das pessoas<br />
correram em torrentes". A cena foi muito comovente. Este venerável<br />
homem, oitenta e sete anos de idade, cansado, mas não fraco, seus<br />
flocos de neve caindo sobre seus ombros, sua mão trêmula, segurando<br />
pela última vez sua pequena Bíblia-de-bolso – sua companheira<br />
constante – seus olhos quase fechados, sua face, virada para o alto, seu<br />
322
semblante plácido, pacífico, revelando uma mente tranqüila, e serena.<br />
Bem fariam as pessoas chorarem. Porque cinqüenta anos, sem<br />
permissão ou obstáculo, este fiel apóstolo da retidão levantou sua voz<br />
"ao mundo", clara em sua verdade, assim como no seu tom, pregando<br />
fielmente, quase incessantemente, o glorioso Evangelho do abençoado<br />
Deus, em todas as partes do reino, provavelmente a mais pessoas do<br />
que qualquer professor daquele Evangelho, alguma vez discursou<br />
antes. Naquele dia de Outubro, debaixo daquele carvalho enorme, sob<br />
a sombra da velha Igreja de Winchelsea, a obra de <strong>Wesley</strong>, feliz,<br />
santa, útil, de pregação no campo, cessou. Ele, então, seguiu seu<br />
caminho e sua obra juntos, ambos terminando em Londres. Mas um<br />
final abrupto de seus Diários encerra as revelações daquele<br />
interessante documento. A décima década está completa.<br />
Pouco tem sido dito a respeito da obra de <strong>Wesley</strong> pela<br />
imprensa, durante as duas últimas décadas. Embora a quantidade fosse<br />
menor do que ele havia previamente escrito, ela foi considerável,<br />
especialmente em vista de sua outra obra. Em adição ao que já foi<br />
mencionado, ele emitiu mais do que cento e cinqüenta publicações<br />
separadas, incluindo diversos volumes de uma edição de suas Obras<br />
Coletadas; um Compêndio de Filosofia Natural, em cinco volumes;<br />
uma História Eclesiástica, em quatro volumes; a História da<br />
Inglaterra, em quatro volumes também; e uma revisão de sua própria<br />
tradução do texto em suas Notas sobre o Novo Testamento. Em cada<br />
volume da Revista Arminiana, também, estavam muitos artigos de sua<br />
pena.<br />
323
CAPÍTULO XII<br />
As Cenas Finais<br />
A obra de <strong>Wesley</strong> estava próxima do fim, quando a primeira<br />
luz do ano de 1791 brilhou sobre ele. Nós não temos registro do<br />
serviço da noite de vigília, no qual, como era de costume, as<br />
misericórdias do ano eram reconhecidas, com louvor e ação de graças;<br />
as falhas e pecados confessados, e o novo ano antecipado com oração<br />
fervorosa, ou de aliança e serviços Sacramentais; com os quais, o seu<br />
líder no comando, a Sociedade buscava preparar-se para os trabalhos<br />
árduos e as responsabilidades do futuro.<br />
324
Fomos informados, por várias fontes, que <strong>Wesley</strong> estava muito<br />
fraco, embora ele escrevesse, em Janeiro, que sua saúde, por quatro<br />
dias, esteve melhor do que, por diversos meses; ainda assim, ele foi<br />
compelido a reconhecer que "o tempo está me chacoalhando pela<br />
mão, e a morte não está muito atrás". Foi por querer se manter de<br />
acordo com toda sua vida anterior, que ele diz: "Eu espero que eu não<br />
viva para ser inútil". Assim, no último Fevereiro, ele declara seu<br />
propósito, se Deus permitisse, de visitar, no mês de Março,<br />
Gloucester, Worcester, e Stourport, e, verdadeiramente faz arranjos<br />
para sua visita usual a Bristol, e, então, para o Norte, com sua<br />
carruagem partindo, para Bristol, antes dele, para este propósito. Uma<br />
de suas últimas cartas foi escrita em 19 de Fevereiro para a Sra.<br />
Knapp, uma beata devota de Worcester, na qual ele diz:<br />
Londres, 19 de Fevereiro de 1791<br />
Minha querida Suky<br />
Como o estado de minha saúde está excessivamente oscilante,<br />
e cada vez piorando, eu não posso ainda estabelecer planos para<br />
minhas futuras jornadas. De fato, eu proponho, se Deus me permitir,<br />
partir para Bristol, em 28 do corrente; mas, quanto mais, vezes eu<br />
serei capaz de ir, eu não posso determinar. Se eu estiver muito bem,<br />
eu espero estar em Worcester, por volta de 22 de Março. Encontrar<br />
você e os seus, com saúde, de corpo e de mente, será um grande<br />
prazer,<br />
Minha querida Suky,<br />
Seu, afetuosamente,<br />
J. <strong>Wesley</strong><br />
Mas todas essas intenções foram frustradas. Na quinta-feira,<br />
ele pregou em Lambeth; e na sexta, leu e escreveu durante o dia,<br />
pregando em Chelsea, à tarde. No domingo seguinte, ele estava<br />
incapacitado para pregar, e muito do dia foi gasto em dormir. Na<br />
segunda-feira, suas forças se refizeram, e, embora incentivado a não<br />
325
fazer isto, ele cumpriu um compromisso para jantar em Twickenham.<br />
Ele foi acompanhado de sua sobrinha, Srta. Sarah <strong>Wesley</strong>, e Srta.<br />
Ritchie, que preservou um registro preciso desses últimos dias. A<br />
caminho, ele visitou Lady Mary Fitzgerald, e "conversou e orou muito<br />
docemente". Na terça-feira, ele pregou em City Road – seu último<br />
sermão lá. Assim, encerrou seu ministério público em meio a seu<br />
povo. Todos esses serviços foram conduzidos com grande fraqueza.<br />
Sua venerável aparência, no outono do ano seguinte é pitorescamente<br />
descrita por Henry Crabbe Robinson, nas seguintes palavras: -- "Foi,<br />
eu acredito, em Outubro de 1790, que ouvi <strong>John</strong> <strong>Wesley</strong> na grande<br />
abóbada da casa de reunião de Colchester. Ele ficou em um amplo<br />
púlpito, e de cada lado dele, ficava um ministro, e dois o levantaram,<br />
com as mãos sob suas axilas. Sua voz fraca era meramente audível;<br />
mas seu semblante reverente, especialmente suas longas mechas<br />
brancas, formavam um quadro para nunca ser esquecido. Havia uma<br />
vasta multidão daqueles que o amavam e de admiradores. Foi na<br />
maior parte uma pantomima; mas a pantomima saiu do coração,<br />
como eu não vi coisa alguma comparável a ela na vida eterna".<br />
Na quarta-feira, dia 23, ele visitou um cavalheiro em<br />
Leatherhead, e pregou na sala de jantar dele, sobre: "Busque o Senhor,<br />
enquanto Ele pode ser encontrado, clame a Ele, enquanto ele está por<br />
perto". Esta foi a última das longas séries, e ele não pregou<br />
mais."Naquele dia, a trombeta da verdade, que tinha soado o<br />
evangelho eterno, muitas vezes, e mais efetivamente, do que a de<br />
qualquer outro homem por mil e seiscentos anos, soprou agonizante --<br />
Admite-se que Whitefield pregou mais eloqüentemente, com poucas<br />
exceções para grandes assembléias, e viajou mais extensivamente<br />
(embora não mais milhas) que <strong>Wesley</strong>, dentro dos mesmos limites de<br />
tempo; mas <strong>Wesley</strong> sobreviveu a ele, mais de vinte anos, e seu poder<br />
tem sido mais produtivo e permanente. Whitefield pregou dezoito mil<br />
sermões, mais de dez por semana, durante seus trinta e dois anos de<br />
vida ministerial. <strong>Wesley</strong> pregou quarenta e dois mil sermões, depois<br />
de seu retorno da Geórgia; mais do que quinze por semana. Sua vida<br />
pública distinguiu-se na história do mundo, inquestionavelmente,<br />
proeminente nos trabalhos religiosos, acima de qualquer outro<br />
326
homem, desde a era apostólica. O dia seguinte, ele passou com seu<br />
amigo e testamenteiro, Sr. Wolff, em Balham, onde ele escreveu sua<br />
carta final. Ela foi endereçada a um grande advogado antiescravagista,<br />
William Wilberforce; e é datada:<br />
Londres, 24 de Fevereiro de 1791<br />
Meu Querido Senhor,<br />
A menos que o poder Divino levantasse você para ser como<br />
Atanásio contra o mundo, eu não vejo como você pode seguir, através<br />
de seu glorioso empreendimento, em oposição a essa execrável<br />
vilania que é o escândalo da religião da Inglaterra, e da natureza<br />
humana. Exceto se Deus o levantasse para esta mesma coisa, você<br />
estaria extenuado pela oposição de homens e demônios; mas, se Deus<br />
é por você, quem será contra você? Todos eles juntos são mais fortes<br />
do que Deus? Ó, 'não seja fraco no fazer o bem'. Siga em frente. Em<br />
nome de Deus, e no poder de Sua 'força, até que ' a escravidão'<br />
americana, 'a mais vil daquelas que alguma vez viram o sol,<br />
desapareça diante dele'.<br />
"Lendo esta manhã um panfleto, escrito por um pobre<br />
africano, eu fiquei pessoalmente chocado por esta circunstância, -que<br />
um homem que tenha a pele negra, sendo injustiçado ou<br />
ultrajado, por um homem branco, não possa ter reparação; havendo<br />
uma lei, em nossas colônias, de que a praga de um negro, contra o<br />
branco, não serve para nada. Que vilania é esta!".<br />
"Que Aquele que tem guiado você, desde sua juventude, possa<br />
continuar a fortalecê-lo, nesta e em todas as coisas, é a oração,<br />
querido senhor",<br />
De seu afetuoso servo,<br />
J. <strong>Wesley</strong><br />
327
No dia seguinte, ele foi trazido de casa para City Road. Ele<br />
subiu as escadas, e pediu que, por uma meia hora, fosse deixado<br />
sozinho; depois do que, seu amigo fiel, Joseph Bradford, o encontrou<br />
tão indisposto que o enviou para seu médico, Dr. Whitehead. Ele<br />
continuou fraco, por uma semana, e freqüentemente cantando ou<br />
repetindo fragmentos dos hinos de seu irmão, ou do Dr. Watt; ou<br />
passagens das Escrituras Santas, que ele tinha, há tanto tempo, e tão<br />
livremente proclamado, e repetidas vezes, exclamava na alegria de sua<br />
fé: "O melhor de tudo isto, é que Deus está conosco". Então, por volta<br />
das nove horas, na manhã de 2 de Março de 1791, na presença de<br />
alguns poucos dos seus mais queridos amigos, representativos de seu<br />
amado povo, e, enquanto eles o estavam encomendando a Deus, em<br />
oração silenciosa – Joserph Bradford, um de seus colaboradores<br />
itinerantes, dizendo: "Levantem suas cabeças, Ó, vocês, portões, e<br />
continuem levantados, para que o herdeiro da glória possa entrar" –<br />
<strong>John</strong> <strong>Wesley</strong>, com um simples "Adeus!", em seus lábios, aos oitenta e<br />
oito anos de idade, passou da cena do seu grande trabalho árduo, como<br />
evangelista, para a alegria de sua recompensa eterna.<br />
O pequeno grupo levantou-se, em lágrimas, cantou um hino,<br />
ajoelhou-se novamente em oração, e, então, consternados, deixaram a<br />
solene e dolorosa cena. O trabalho empreendido estava concluído –<br />
mesmo que não reconhecido perfeitamente. A abundância de material<br />
disponível, enquanto o torna uma tarefa comparativamente fácil, para<br />
compilar uma "Vida", apresenta uma dificuldade correspondente, na<br />
necessária exclusão de tão interessante assunto.<br />
Dois objetos se mantiveram firmes à vista, através do<br />
progresso das páginas precedentes. O primeiro foi o dar proeminência<br />
à preparação – divina e humana – de um agente distinto de Deus;<br />
obviamente levantado para trazer, de uma "maneira muito notável, o<br />
despertar espiritual deste reino; possivelmente, e como muitos<br />
acreditam, salvá-lo de mergulhar em uma escuridão mais profunda,<br />
se não, para uma catástrofe terrível".<br />
328
Um segundo objeto em vista foi realçar a coragem, a<br />
fidelidade, mas, mais especificamente, a continuidade de esforço<br />
ininterrupto, que caracterizou os trabalhos evangelistas de <strong>Wesley</strong>.<br />
Muitas são as minúcias, e, talvez, algumas justas – difamações feitas<br />
pela crítica capciosa e mal instruída, da dignidade e grandeza da vida e<br />
obra de <strong>Wesley</strong>. Mas uma pequena luz apenas é necessária para<br />
capacitar um observador imparcial a ver nele um agente preparado<br />
para o grande propósito, e uma nobre ilustração da devoção não<br />
desatenta a um alto chamado.<br />
Não se sugeriu que a obra começou, através de <strong>Wesley</strong> e seus<br />
assistentes – porque eles não devem ser separados – foi completada<br />
por eles. A própria natureza da obra demanda que atividades<br />
sucessivas devessem conduzi-la mais adiante nos anos seguintes, até<br />
mesmo, ao final dos tempos. Pode-se dizer que a obra, começada no<br />
tempo de <strong>Wesley</strong>, não foi uma obra nova. Sua obra foi a do<br />
avivamento. Ele não criou coisa alguma. Ele não tinha verdade<br />
alguma nova para proclamar, mas uma velha. Neste aspecto, ele<br />
diferiu de Lutero, como um reformador espiritual, não obstante Lutero<br />
condenasse a fé existente da Igreja e buscasse sua correção. <strong>Wesley</strong>,<br />
por outro lado, aderiu ao ensino de sua Igreja, quanto ele era<br />
apresentado em seus escritos oficiais, seus rituais, e suas tradições; e<br />
ele se esforçou para não desviar a atenção dela. Existia uma unidade e<br />
simplicidade marcante nos feitos de <strong>Wesley</strong>. Ele visualizava todos os<br />
homens, sob a luz de sua própria experiência. Ele sentiu a necessidade<br />
do evangelho; ele o buscou e encontrou. Ele tentou fazer de si mesmo,<br />
justo, pelas regras e desempenho, e fracassou. Pelo mesmo método,<br />
tentou mudar o outro, com resultados similares. Ele batizou crianças,<br />
pela trina imersão; ele administrou a Ceia do Senhor semanalmente, e<br />
"muitas coisas deste tipo", ele fez; mas elas não mudaram o coração;<br />
elas não concederam uma nova vida. Nunca o homem diria com mais<br />
veracidade: "Mas eu, dos meios, fiz meu motivo de orgulho". Ainda<br />
assim, com todas as medidas corretivas, com todos os rigores de uma<br />
autodisciplina, que ele trouxe para testemunhar sua própria vida, ele<br />
ainda sentia uma grande falta, um desejo insatisfeito. A necessidade<br />
foi suprida em seu pequeno santuário em Aldersgate. Ele foi, desde<br />
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então, não mais um teorista. Ele provou experimentalmente a eficácia<br />
destes meios de renovação. Ele o testou, através dos testes mais<br />
severos possíveis a ele, seu poder, para satisfazer as mais profundas<br />
demandas de sua própria vida. Ele sentiu o poder de uma nova vida,<br />
concedida a ele em resposta da fé.<br />
Ele agora trabalhava, sob condições inteiramente novas.<br />
Quando ele provou a salvação evangélica, ele desistiu de fazer os<br />
homens melhores, através das regras, e tentou o evangelho, e o<br />
considerou tão efetivo neles, como em si mesmo. Ele disse: "O<br />
bêbado tornou-se sóbrio, o imoral, virtuoso". As casas, assim como as<br />
vidas, eram mudadas, quando a nova vida evangélica entrava nelas.<br />
As formas exteriores agora tinham um novo propósito a servir – ou<br />
seja, cultivar, e nutrir a vida que eles não puderam conceder. Dessas<br />
posições, ele nunca se separou. Esta é a grande lição da vida de<br />
<strong>Wesley</strong>.<br />
O problema da regeneração do mundo foi primeiro forjado,<br />
dentro da esfera de sua própria experiência. Depois de sua própria<br />
mudança, quando ele foi capaz de apreciar a sua cegueira e<br />
pecaminosidade anterior; e sua necessidade, ele foi capaz também de<br />
calcular as necessidades, a cegueira e a pecaminosidade dos outros.<br />
Abrir os olhos dos homens cegos, como ele mesmo; conduzi-los às<br />
fontes, onde ele mesmo se lavou, foi a Obra para a qual sua vida<br />
doravante foi consagrada, como essas páginas pretendem mostrar. Ele<br />
teve uma idéia distinta e clara do que cada homem necessitava. Não<br />
foi uma mudança de opinião, mas uma mudança de vida – uma nova<br />
vida. No seu ponto de vista, todos estavam espiritualmente mortos, até<br />
que eles receberam a salvação evangélica. A salvação, ele acreditava,<br />
era providenciada para todos; e oferecida a todos: cada um era capaz<br />
de recebê-la; e era obrigação de cada um, aceitá-la. Essas eram suas<br />
verdades fundamentais. Sobre essas, ele empregou força até o fim; e o<br />
mundo viu e se regozijou no seu fruto. Dessas mesmas verdades, o<br />
mundo precisa hoje, e precisará sempre, a cada sucessiva geração de<br />
homens sobre a face da terra.<br />
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