Desempenho agronômico de vegetais cultivados em sistemas ... - UFV
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As espécies <strong>vegetais</strong> foram coletadas <strong>em</strong><br />
áreas <strong>de</strong> sua ocorrência natural e foram<br />
transplantadas com toda sua estrutura fisiológica<br />
(sist<strong>em</strong>a radicular e parte aérea).<br />
Os <strong>vegetais</strong> <strong>cultivados</strong> na casa <strong>de</strong> vegetação<br />
receberam a aplicação <strong>de</strong> água “limpa” durante<br />
um período <strong>de</strong> adaptação <strong>de</strong> quatro meses, <strong>de</strong><br />
modo que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> se restabelecer e atingir o<br />
pleno <strong>de</strong>senvolvimento vegetativo.<br />
Posteriormente, os <strong>vegetais</strong> foram submetidos à<br />
aplicação, durante oito meses, <strong>de</strong> água residuária<br />
da suinocultura (ARS), proveniente do tanque <strong>de</strong><br />
recepção <strong>de</strong> efluentes da higienização das baias<br />
<strong>de</strong> suínos do Departamento <strong>de</strong> Zootecnia, na<br />
<strong>UFV</strong>. Nesse tanque, o afluente era submetido a<br />
um t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> residência hidráulica <strong>em</strong> torno <strong>de</strong><br />
sete dias, <strong>de</strong> modo a sofrer <strong>de</strong>puração anaeróbia<br />
parcial. Desse tanque, o afluente foi bombeado<br />
para um reservatório com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.000 L,<br />
localizado próximo à casa <strong>de</strong> vegetação. Desse<br />
reservatório, o material sobrenadante foi<br />
novamente bombeado para um tanque com<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 500 L, havendo, assim, r<strong>em</strong>oção<br />
<strong>de</strong> parte dos sólidos sedimentáveis. Desse último<br />
tanque, foi distribuído por gravida<strong>de</strong> para os<br />
tanques <strong>de</strong> alvenaria e para os tanques <strong>de</strong><br />
fibrocimento, on<strong>de</strong> encontravam-se os <strong>vegetais</strong><br />
<strong>cultivados</strong>.<br />
Para quantificação da concentração química<br />
da ARS, foram utilizados os seguintes métodos<br />
<strong>de</strong> análise: nitrogênio total - processo s<strong>em</strong>imicro<br />
Kjeldahl.; cloreto - método titulométrico <strong>de</strong> Mohr ;<br />
boro - digestão via seca do material vegetal,<br />
seguindo-se extração e <strong>de</strong>terminação da<br />
concentração por colorimetria. Na análise dos<br />
<strong>de</strong>mais nutrientes, as amostras foram<br />
mineralizadas, via úmida, sendo que, nas<br />
soluções obtidas, foram quantificadas as<br />
concentrações <strong>de</strong> fósforo e enxofre - colorimetria;<br />
potássio e sódio - fotometria <strong>de</strong> chama, cobre,<br />
zinco, cálcio e magnésio - espectrofotometria <strong>de</strong><br />
absorção atômica (EAA). A concentração <strong>de</strong><br />
macro e micronutrientes no tecido vegetal foi<br />
310<br />
obtida por meio dos mesmos métodos <strong>de</strong> análise<br />
utilizados na caracterização da ARS.<br />
No início da aplicação da ARS, cuja<br />
caracterização química é apresentada no Quadro<br />
2, a água evapotranspirada dos tanques foi<br />
substituída por ARS, a cada dois dias, <strong>de</strong> modo<br />
que, ao final <strong>de</strong>sse período <strong>de</strong> 10 dias, toda água<br />
“limpa” tinha sido substituída. Em todos os<br />
<strong>vegetais</strong> <strong>cultivados</strong> na casa <strong>de</strong> vegetação, exceto<br />
a taboa e a tripa <strong>de</strong> sapo, foi mantida uma<br />
test<strong>em</strong>unha cultivada com água “limpa”. Por ser<br />
um experimento exploratório, e por não haver<br />
estrutura física e material disponível, o trabalho foi<br />
conduzido s<strong>em</strong> repetições. Após ter a<br />
substituição da água “limpa” por ARS, nos<br />
recipientes, iniciou-se o rebombeamento do<br />
efluente, drenado como exce<strong>de</strong>nte dos tanques<br />
<strong>de</strong> tratamento, para a caixa <strong>de</strong> distribuição. Esse<br />
procedimento contribuía para reposição do<br />
líquido perdido por evapotranspiração do sist<strong>em</strong>a<br />
e promovia a aeração da massa líquida.<br />
Vale ressaltar que os <strong>vegetais</strong> <strong>cultivados</strong> nas<br />
caixas <strong>de</strong> fibrocimento apresentaram alteração<br />
abrupta no aspecto visual, quando houve<br />
mudança da aplicação <strong>de</strong> água “limpa” para<br />
ARS.<br />
Para a avaliação da produção <strong>de</strong> massa seca,<br />
os <strong>vegetais</strong> foram submetidos a colheitas<br />
manejadas, s<strong>em</strong>pre que o estádio <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento vegetativo peculiar <strong>de</strong> cada<br />
cultura era atingido (florescimento), para<br />
comparação da biomassa produzida. As<br />
amostras <strong>de</strong> tecido vegetal coletadas foram<br />
<strong>de</strong>sidratadas <strong>em</strong> estufa a 65ºC, durante 72 horas,<br />
para posterior análise <strong>em</strong> laboratório.<br />
No cálculo da produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria seca<br />
dos <strong>vegetais</strong>, adotaram-se os seguintes<br />
espaçamentos entre as fileiras <strong>de</strong> plantas: 0,7 m;<br />
0,6 m; 0,6 m; 0,5 m, respectivamente para capim<br />
elefante, capim amargoso, Panicum sp. e tiriricão.<br />
Para a taboa, o inhame e a tripa <strong>de</strong> sapo adotouse<br />
a distribuição aleatória, à qual estas espécies<br />
são, naturalmente, encontradas.<br />
Quadro 2. Característica química (concentrações totais) da água residuária da suinocultura<br />
utilizada no cultivo dos <strong>vegetais</strong><br />
Amostras<br />
N P K Ca Mg Zn Na Cl Cu<br />
........................................................... mg L -1 .................................................................<br />
Em 29/03/03 800 2.667 927 63 8 66 742 190 5<br />
Em 16/05/03 3.200 6.819 350 152 17 497 629 290 13<br />
Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.15, n.3, 307-315, Jul./Set., 2007