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Desempenho agronômico de vegetais cultivados em sistemas ... - UFV

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INTRODUÇÃO<br />

O crescimento abrupto da exploração<br />

confinada <strong>de</strong> suínos trazendo, conseqüent<strong>em</strong>ente,<br />

a concentração <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetos suínos <strong>em</strong> pequenas<br />

áreas, v<strong>em</strong> representando uma preocupação<br />

crescente com a poluição ambiental,<br />

principalmente, porque a ativida<strong>de</strong> gera gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos sólidos e líquidos. Os<br />

resíduos líquidos (água residuária) são compostos<br />

por fezes, urina, resíduos <strong>de</strong> ração, excesso <strong>de</strong><br />

água dos bebedouros e da limpeza das<br />

instalações (KONZEN, 1997). Em virtu<strong>de</strong> da<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água usada na higienização<br />

das instalações e daquela <strong>de</strong>sperdiçada nos<br />

bebedouros, acrescida da urina dos animais, os<br />

<strong>de</strong>jetos produzidos nas suinoculturas são<br />

predominant<strong>em</strong>ente líquidos. De acordo com<br />

Oliveira (1993), uma granja <strong>de</strong> suínos produz, <strong>em</strong><br />

média, 8,6 litros <strong>de</strong> efluentes líquidos, por animal<br />

dia -1 .<br />

Consi<strong>de</strong>rando que muitas formas <strong>de</strong><br />

tratamento secundário <strong>de</strong> água residuária,<br />

notadamente, as mais exigentes <strong>em</strong> tecnologia e<br />

recursos não se apresentam viáveis,<br />

economicamente, t<strong>em</strong>-se procurado alternativas<br />

<strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>nominado s<strong>em</strong>inaturais. Dentre<br />

esses métodos <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água residuária,<br />

estão incluídos o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> tratamento por<br />

escoamento superficial e o sist<strong>em</strong>a alagado<br />

construído (“wetland”), também <strong>de</strong>nominado<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> leitos <strong>cultivados</strong> com plantas.<br />

A vegetação <strong>de</strong>senvolvida <strong>em</strong> áreas alagadas<br />

naturais, freqüent<strong>em</strong>ente, <strong>de</strong>nominadas plantas<br />

macrófitas, é constituída por espécies <strong>vegetais</strong><br />

adaptadas ao crescimento <strong>em</strong> substratos<br />

saturados com a água e com baixa oxigenação.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do aspecto taxonômico, nas<br />

macrófitas inclui<strong>em</strong>-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> macroalgas, como o<br />

gênero Chara, passando por angiospermas como<br />

o gênero Typha (ESTEVES, 1998) até aos<br />

ciprestes (APHA, 1995). Contudo, suas maiores<br />

representantes são as plantas aquáticas<br />

vasculares florescentes, (VALENTIM, 2003)<br />

algumas das quais apresentam capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> oxigênio atmosférico para a zona<br />

da rizosfera (STOTTMEISTER et al., 2003).<br />

Os <strong>vegetais</strong> <strong>cultivados</strong> <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as alagados<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham importantes funções no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

tratamento <strong>de</strong> águas residuárias, <strong>de</strong>ntre as quais<br />

<strong>de</strong>stacam-se:<br />

308<br />

a) facilitar a transferência <strong>de</strong> gases – as macrófitas<br />

po<strong>de</strong>m facilitar a entrada <strong>de</strong> oxigênio e a saída <strong>de</strong><br />

CH4, CO2, N2O e H2S do sist<strong>em</strong>a (TANNER,<br />

2001). Entretanto, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio<br />

transferido (<strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 3,0 g m -2 d -1 <strong>de</strong> O2),<br />

equivalente a 30 kg ha -1 d -1 <strong>de</strong> DBO, é<br />

consi<strong>de</strong>rada baixa <strong>em</strong> comparação com a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material orgânico que, geralmente,<br />

é aportado nesses sist<strong>em</strong>as. Como agravante, a<br />

transferência direta <strong>de</strong> O2 da atmosfera para a<br />

água residuária através da superfície do meio<br />

suporte, estimada <strong>de</strong> 0,5 a 1,0 g m -2 d -1 , po<strong>de</strong> ser<br />

reduzida, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da barreira formada pelas<br />

plantas e o material orgânico <strong>em</strong> <strong>de</strong>composição<br />

no meio (BEHRENDS et al., 1993, reportado por<br />

U.S. EPA, 2005);<br />

b) estabilizar a superfície do leito – o <strong>de</strong>nso<br />

sist<strong>em</strong>a radicular das macrófitas <strong>em</strong>ergentes no<br />

substrato protege o sist<strong>em</strong>a do processo erosivo,<br />

impedindo a formação <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> escoamento<br />

preferencial na superfície do SAC (BRIX, 1997);<br />

c) absorver nutrientes e metais – no período <strong>de</strong><br />

crescimento, as plantas po<strong>de</strong>m absorver<br />

macronutrientes (N e P) e micronutrientes<br />

(incluindo metais), sendo que, no início da<br />

senescência, a maior parte dos nutrientes é<br />

translocada para as raízes e rizomas. A estimativa<br />

anual <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo por<br />

macrófitas <strong>em</strong>ergentes varia <strong>de</strong> 12 a 120 g m -2<br />

ano -1 e 1,8 a 18 g m -2 ano -1 , respectivamente<br />

(REEDDY & DEBUSK, 1985). A r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong><br />

nitrogênio com as colheitas da biomassa aérea<br />

varia <strong>de</strong> 7,4 a 18,9 g m -2 ano -1 (MANDER et al.,<br />

2004) enquanto a do fósforo varia <strong>de</strong> 0,4 a 10,5 g<br />

m -2 ano -1 <strong>em</strong> Phalaris arundinacea, <strong>de</strong> 0,6 a 9,8 g<br />

m -2 ano -1 <strong>em</strong> Phragmites australis e <strong>de</strong> 0,2 a 6,5 g<br />

m -2 ano -1 <strong>em</strong> Typha spp. (VYMAZAL, 2004). Para<br />

SAC utilizado no tratamento <strong>de</strong> esgoto urbano, a<br />

absorção pelas macrófitas é estimada <strong>em</strong> 1,9 %<br />

do nitrogênio aportado ao sist<strong>em</strong>a<br />

(LANGERGRABER, 2004);<br />

d) suprir carbono bio<strong>de</strong>gradável para o processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>snitrificação – a <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> plantas e<br />

exsudados das raízes po<strong>de</strong> servir como fonte <strong>de</strong><br />

carbono orgânico bio<strong>de</strong>gradável para<br />

microrganismos <strong>de</strong>snitrificantes e, assim,<br />

incr<strong>em</strong>entar a r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> nitrato <strong>em</strong> SAC (BRIX,<br />

1997; TANNER, 2001), <strong>em</strong>bora a matéria<br />

orgânica <strong>em</strong> <strong>de</strong>composição e os exsudados<br />

também possam ser fontes <strong>de</strong> nitrogênio orgânico,<br />

facilmente, conversível <strong>em</strong> nitrogênio amoniacal;<br />

Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.15, n.3, 307-315, Jul./Set., 2007

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