Ano 11 Ed 127 dez 2010.pdf - Colégio Pena Branca
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Página -2 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010<br />
J<br />
á faz tempo que queria escrever sobre<br />
este tema, da relação de inclusão<br />
social com a Umbanda.<br />
Temos em nossa religião linhas de trabalho<br />
que se formaram a partir de arquétipos<br />
daqueles que são historicamente<br />
excluídos, inclusive por aqueles<br />
que eram legalmente excluídos, como o<br />
“Preto Velho” (arquétipo do negro escravo)<br />
e do Caboclo (arquétipo do índio).<br />
Hoje não há mais uma exclusão<br />
legal, todos são iguais perante a lei, no<br />
entanto, há outras formas de exclusão,<br />
principalmente a decorrente da condição<br />
socioeconômica e também da discriminação<br />
com que alguns grupos são<br />
tratados.<br />
Por exemplo, há aqui na região sudeste,<br />
mais especificamente São Paulo,<br />
EXPEDIENTE:<br />
Diretor Responsável:<br />
Alexandre Cumino<br />
Tel.: (<strong>11</strong>) 3441-9637<br />
E-Mail: alexandrecumino@uol.com.br<br />
Endereço: Av. Irerê, 292 - Apto 13 -<br />
Planalto Paulista São Paulo - SP<br />
<strong>Ed</strong>itoração e Arte:<br />
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Tel.: (<strong>11</strong>) 7215-9486<br />
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Consultora Jurídica:<br />
Dra. Mirian Soares de Lima<br />
Tel.: (<strong>11</strong>) 2796-9059<br />
Jornalistas Responsáveis:<br />
Marcio Pugliesi - MTB: 33888<br />
Wagner Veneziani Costa - MTB:35032<br />
Alessandro S. de Andrade - MTB: 37401<br />
um grande preconceito com o nordestino,<br />
é fato. E é justamente nesta<br />
cidade e Estado que mais se trabalha<br />
com a linha dos Baianos. Temos também<br />
na Umbanda a Linha de Ciganos, que<br />
por muito tempo estiveram à margem<br />
da sociedade; eram qualificados com os<br />
piores adjetivos e por conceitos como<br />
“cigano é ladrão de criancinha”.<br />
As crianças que muitas vezes são<br />
tratadas sem o devido cuidado, aqui<br />
também recebem posição de destaque<br />
assim como o idoso, o “velho”, que é<br />
sempre sinônimo de sabedoria e tratado<br />
com muito mais amor que boa parte dedica<br />
realmente aos seus avós e bisavós,<br />
quando os tem. Marinheiros, Boiadeiros,<br />
Cangaceiros, Piratas, Exus, Pombagiras<br />
e Malandros. O marginalizado<br />
É uma obra filantrópica, cuja missão é contribuir<br />
para o engrandecimento da religião,<br />
divulgando material teológico e unificando<br />
a comunidade Umbandista.<br />
Os artigos assinados são de inteira<br />
responsabilidade dos autores, não<br />
refletindo necessariamente a opinião<br />
deste jornal.<br />
As matérias e artigos deste jornal podem e<br />
devem ser reproduzidas em qualquer<br />
veículo de comunicação. Favor citar o<br />
autor e a fonte (J.U.S.).<br />
passa por uma re-significação de valores<br />
dentro da Umbanda. Mesmo um<br />
Cangaceiro que em vida representou,<br />
morte, medo e terror, agora pode vir<br />
trabalhando para ajudar e proteger;<br />
um Malandro não é vagabundo e sim<br />
aquele que nos ensina a passar com<br />
“jogo de cintura” e bom humor as<br />
maiores dificuldades; Exu e Pombagira<br />
são guardiões do templo e da religiosidade;<br />
Pirata não é ladrão e sim um<br />
guardião do mar; Boiadeiros e Marinheiros<br />
todos tem seu valor. Por mais que<br />
possam ter errado, ainda assim possuem<br />
qualidades e virtudes e é por meio delas<br />
que vamos buscar o que há de melhor<br />
a oferecer ao próximo.<br />
O Umbandista frente a esta diversidade<br />
de arquétipos aprende a não julgar<br />
o diferente, aprende a amar o excluído,<br />
aprende que um mesmo espírito<br />
pode reencarnar muitas vezes em diferentes<br />
condições culturais, raciais e<br />
sociais.<br />
Aprendemos que nosso valor não<br />
está na roupagem, não está na cor da<br />
pele ou dos olhos ou mesmo da orientação<br />
sexual. Nosso valor está na vida<br />
e no outro, em nossas atitudes perante<br />
a vida e perante o semelhante, por mais<br />
diferente que ele seja, todos temos<br />
uma essência original em comum, todos<br />
somos irmãos. Tudo isso aprendemos<br />
na Umbanda, uma religião que não exclui<br />
nada nem ninguém, a religião da inclusão<br />
em todos os sentidos.<br />
Justamente pelo fato de nos sentirmos<br />
excluídos em muitas situações em<br />
que outras religiões ganham destaque,<br />
como no cenário político, por exemplo,<br />
por sua força de pressão.<br />
Nós umbandistas desenvolvemos um<br />
grande senso de justiça e também o bom<br />
senso para ver o diferente com olhos de<br />
amor, pois somos também a religião dos<br />
diferentes. Enquanto muitas religiões hoje<br />
pregam discriminação e preconceito, que<br />
alimentam homofobia e agressões de<br />
todos os tipos, a Umbanda nos ensina a<br />
respeitar as diferenças.<br />
Uma criança que cresça no ambiente<br />
de Umbanda desde cedo aprende<br />
amar o diferente em todos os sentidos<br />
e é incentivada a pensar a religiosidade<br />
de um ponto de vista racional e emocional<br />
ao mesmo tempo. Racional pois tudo<br />
tem um porquê de ser e emocional pois<br />
há uma dimensão mística de profundidade<br />
na experiência religiosa de Umbanda<br />
que nem sempre dá para ser explicada.<br />
Poderia me estender muito mais<br />
ainda, no entanto, o objetivo aqui é<br />
chamar a atenção para algo muito grave<br />
que vem acontecendo, pois há tempos<br />
estamos alertando a sociedade para<br />
uma guerra religiosa que vem sendo<br />
travada contra nós, mas que vem se<br />
estendendo contra todos que sejam diferentes<br />
dos intolerantes e fundamentalistas<br />
religiosos que vem dominando<br />
o quadro social e político no Brasil.<br />
Pouca atenção e pouca mídia se tem<br />
dado aos fatos de agressão sofridos<br />
por adeptos dos segmentos afrobrasileiros.<br />
Com o passar do tempo os<br />
estragos tendem não só a aumentar na<br />
quantidade como no raio de ação.<br />
Pouca relação se faz entre ataques<br />
de homofobia e religião, mas é fato que<br />
muitas religiões não aceitam uma diferente<br />
orientação sexual.<br />
Temos visto em todas as escalas de<br />
valor social o desrespeito e a agressão,<br />
que muitas vezes começam com o<br />
“bulling” nas escolas entre crianças e<br />
termina em casos de polícia entre adultos<br />
que tiram as vidas um do outro<br />
apenas por não aceitarem que o outro<br />
seja diferente.<br />
Na Umbanda somos moldados a uma<br />
postura inclusiva, naturalmente somos<br />
lapidados. Qual preconceituoso, arrogante,<br />
soberbo, vaidoso que não muda<br />
ou começa um processo de mudança<br />
ao tirar os sapatos e ajoelhar no pé de<br />
um preto velho como ultima esperança<br />
para suas “urucubacas”, “ziqueziras” e<br />
outras “coisas feitas”; que muitas vezes<br />
ele mesmo se fez ao agredir o outro<br />
com sua postura. Quem não aprende<br />
humildade, simplicidade e respeito ao<br />
outro na Umbanda, ainda não aprendeu<br />
nada...<br />
Contatos: alexandrecumino@uol.com.br
JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010 Página -3<br />
Saudação a Iansã e a Iemanjá<br />
por SANDRA SANTOS<br />
com fotos de EDUARDO BACANI<br />
D<br />
ia 04 de <strong>dez</strong>embro, foi um dia especial<br />
para a comunidade umbandista, que<br />
saudou as Mães Iansã e Iemanjá, na<br />
cidade de Mongaguá, em São Paulo. Fiéis<br />
vieram de diversas regiões do estado, para<br />
participar da festividade, lotando mais uma<br />
vez a tenda da AUEESP e do <strong>Colégio</strong> de<br />
Umbanda, no já tradicional ritual coletivo.<br />
A festa começou com a formação da<br />
ais uma vez tivemos a oportunidade<br />
de participar da Festa de Iemanjá<br />
realizada pela AUEESP (Sandra Santos)<br />
e dirigida por Rubens Saraceni.<br />
Há cerca de <strong>dez</strong> anos atrás comecei a<br />
participar da Festa de Iemanjá junto de<br />
Rubens e Alzira Saraceni; convidávamos os<br />
médiuns de nosso terreiro para se unirem<br />
aos médiuns de outros terreiros e assim realizar<br />
uma única festa em que todos os sacerdotes<br />
(Pais, Mães, Padrinhos, Madrinhas,<br />
Babás e Dirigentes em geral) eram chamados<br />
a abrir a gira (os trabalhos) em homenagem<br />
à Mãe Iemanjá juntos. Todos à frente tendo<br />
seus filhos homenageando à Mãe da Vida<br />
como uma única tenda.<br />
Assim foi durante alguns anos, e com a<br />
criação da AUEESP a Festa de Iemanjá realizada<br />
por Rubens e Alzira Saraceni ganhou<br />
um novo fôlego, mais organização e a participação<br />
de uma diretoria composta de gente<br />
que arregaça as mangas para trabalhar e<br />
faz acontecer a maior gira de Iemanjá que<br />
já tivemos a oportunidade de presenciar.<br />
Um único terreiro a céu aberto formado<br />
por milhares de médiuns (cerca de uns três<br />
mil) trabalhando em uma única vibração, sem<br />
arroubos de vaidade, de um querendo aparecer<br />
mais que o outro. Dezenas de sacerdo-<br />
corrente mediúnica, seguida de uma procissão<br />
em homenagem a Iansã, também comemorada<br />
neste dia. Durante a festa, o irmão<br />
Marcos Mozol apresentou a sociedade umbandista<br />
21 novos sacerdotes, que durante<br />
dois anos frequentaram o curso de Doutrina,<br />
Teologia e Sacerdócio de Umbanda.<br />
Vários dirigentes espirituais aproveitaram<br />
a data para realizar batizados e coroações,<br />
nas águas sagradas de Mãe Iemanjá.<br />
A praia ficou lotada de flores, jogadas ao<br />
mar em agradecimento pelo auxílio sagrado,<br />
nesta festa que é a maior manifestação<br />
pública de religiosidade.<br />
O deputado federal Vicentinho do PT<br />
mais uma vez se fez presente, prestando<br />
também a sua homenagem as nossas Iabás.<br />
Gostaria de deixar aqui registrado nossa<br />
gratidão aos colaboradores e a toda diretoria<br />
da AUEESP, que não pouparam esforços para<br />
a realização de mais um grande evento.<br />
Registro também um agradecimento especial<br />
ao querido amigo Nélson, da Casa de Velas<br />
Santa Rita, por todo apoio e carinho.<br />
Festa de Iemanjá com Rubens Saraceni<br />
por ALEXANDRE CUMINO<br />
com fotos de EDUARDO BACANI<br />
M<br />
tes se juntam ao idealizador,<br />
para lado a lado<br />
conduzirem o ritual externo<br />
mais importante do<br />
calendário Umbandista. A<br />
cada linha de trabalho<br />
que é chamada um diferente<br />
sacerdote se reveza<br />
para colocar seu<br />
mentor em terra e assim<br />
conduzir a chamada de<br />
tal linha dando exemplo<br />
de respeito e convivência<br />
religiosa.<br />
A emoção toma conta<br />
dos corações, até que<br />
a festa atinge seu ponto<br />
alto com a incorporação das Mãe Iemanjá,<br />
todos os médiuns manifestam suas Iemanjás<br />
individuais que juntas recebem os sentimentos,<br />
pensamentos e pedidos de vida e esperança.<br />
Após a chamada da Linha de<br />
Marinheiros e de uma passada pela Esquerda<br />
a festa vai chegando ao seu término com<br />
lágrimas nos olhos daqueles que puderam<br />
participar desta homenagem a Rainha do Mar.<br />
Esta mesma emoção se repete em todos<br />
os terreiros que tem a oportunidade de realizar<br />
homenagem a Iemanjá nas areias de<br />
seu sagrado ponto de força. Todos compartilham<br />
do mesmo amor, dos mesmos sentimen-<br />
tos. Ainda assim uma única festa, uma única<br />
gira com milhares de médiuns é algo que vai<br />
além do individual fortalecendo o coletivo.<br />
Nosso agradecimento especial a Pai<br />
Ronaldo Linares que todos os anos se<br />
desdobra com a FUGABC para organizar a<br />
festa de Iemanjá em Mongaguá.<br />
Quem sabe daqui a algum tempo não<br />
existam mais cercas ou paredes entre os<br />
terreiros e todos possam trabalhar desta<br />
forma. Uma praia inteira manifestando-se<br />
em um único ritual em força, poder e harmonia.<br />
E Salve a Rainha do Mar, Salve Nossa<br />
Mãe Iemanjá.
Página -4 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010<br />
Síntese da palestra<br />
ministrada na I Semana<br />
Umbandista de SP<br />
F<br />
alar deste tema é para mim algo<br />
confortável, pois estou inserido<br />
nesta realidade tecnológica desde<br />
sempre. Meu pai é analista de sistemas,<br />
cresci vendo ele montar e desmontar<br />
computadores, aos 13 anos o ajudava<br />
no ofício. Era natural para mim ver chips,<br />
placas, cabos, enfim, peças e sistemas.<br />
Sou desta geração tecnológica e<br />
a influência natural da profissão de meu<br />
pai me levou a entender a tecnologia<br />
como uma ferramenta aliada ao homem,<br />
que pode ser usada em todas as<br />
circunstâncias e o uso que se faz dela<br />
é que determina sua utilidade.<br />
Quando a internet começou a se<br />
popularizar, eu já estava inserido na<br />
rede, muito diferente dos dias de hoje,<br />
não existiam redes de relacionamento<br />
e a ferramenta de entrosamento comum<br />
eram as salas de bate-papo oferecidas<br />
pelos principais portais provedores<br />
da época.<br />
Sites ainda eram estruturas complexas,<br />
caros e burocráticos. Não eram<br />
comuns sites de Umbanda ou de terreiros,<br />
conheci alguns poucos que já<br />
sinalizavam a importância da rede para<br />
divulgar a religião.<br />
Após algum tempo, a internet e suas<br />
possibilidades evoluíram muito, bem<br />
como a sua popularização e massificação,<br />
“pipocam” na rede centenas de<br />
sites de Umbanda, numa consulta ao<br />
site de busca Google com o termo “terreiro<br />
de umbanda” nos deparamos com<br />
96.400 resultados, com o advento do<br />
Orkut e a idéia de redes de relacionamento,<br />
ao pesquisar comunidades de<br />
Umbanda encontramos exatamente<br />
1000 registros de comunidades, a mais<br />
frequentada é a “Umbanda, Amigos e<br />
Espiritismo” com 25.000 membros e a<br />
“Umbanda - Reino de Oxalá -” com<br />
23.450 membros, esta no entanto uma<br />
das mais antigas, criada em 01 de abril<br />
de 2004. No entanto, estes números<br />
aumentam a cada dia.<br />
Com a Internet 2.0, ou seja, uma<br />
nova linguagem de programação e<br />
possibilidade de transmissão de áudio,<br />
vídeo, notícias, textos e imagens em<br />
tempo real. Blogs, Microblogs, Youtube,<br />
Facebook, Orkut e tudo o mais são<br />
ferramentas atuais para diversos formatos<br />
de comunicação e disseminação<br />
de mensagens e idéias.<br />
É preciso aceitar que a Internet<br />
não é mais uma mídia indireta como há<br />
cinco anos, hoje a Internet é uma mídia<br />
direta e talvez uma das mais eficazes<br />
para o público mais jovem. Também<br />
a mídia mais possível, pois podemos<br />
usá-la gratuitamente ou com baixos<br />
custos.<br />
As religiões no geral, antenadas a<br />
este movimento cultural, se instalaram<br />
na rede e disseminam sua crença e<br />
criam um canal de aproximação com<br />
seus fiéis, isto é natural, é necessário.<br />
RESISTÊNCIA ORTODOXA<br />
Apesar dos números e da introdução<br />
acima, ainda encontramos no meio<br />
Umbandista uma massiva resistência no<br />
uso de tecnologias, como se tecnologia<br />
desconstruísse o sagrado ou que venha<br />
a ferir a espiritualidade. Tem-se o pensamento<br />
de que tecnologia é sinônimo<br />
de “materialismo” e matéria é antievolução,<br />
pois só evolui quem se “des-<br />
prende” ou melhor, repulsa tudo o que<br />
é material, então seria “evoluído” aquele<br />
que nem aprendeu mexer no computador<br />
ou que ainda usa “telefone à manivela”,<br />
escuta música na vitrola, assiste<br />
televisão em preto e branco, melhor<br />
ainda seria não ter nada, viver maltrapilho,<br />
o que acha?<br />
Enquanto pensarem que evolução<br />
está no que se tem ou na falta do que<br />
tem e não no ser, no interior do indivíduo,<br />
no comportamento, realmente<br />
será muito difícil o entendimento da<br />
tecnologia como sinalização de<br />
evolução.<br />
Esquecem-se estes “puristas” do<br />
além, os “guardiões dos bons costumes”<br />
ou os zeladores da “verdadeira<br />
evolução”, que tudo o que acontece<br />
de desenvolvimento material no plano<br />
físico, que auxilia a vida humana é uma<br />
inspiração do astral. Eu diria que o astral<br />
já está na Internet 20.0.<br />
André Luiz já falava de projeção<br />
holográfica há 50 anos, parecia ficção<br />
pura, hoje a CNN e a Rede Globo já<br />
usam esta tecnologia, muito em breve<br />
será algo comum.<br />
Há <strong>dez</strong> anos atrás era comum ver<br />
a proibição do uso de máquinas fotográficas<br />
dentro do terreiro, não por preservação<br />
da imagem ou coisa do tipo,<br />
mas porque acreditava-se que prenderiam<br />
os guias nas fotos, que enfraqueceriam<br />
os médiuns... Hoje é comum<br />
registrar eventos, festividades com ou<br />
sem incorporação dos guias. Aprendemos<br />
que nada de ruim acontecerá.<br />
Lembro que, há cerca de 7 anos<br />
atrás, o irmão Rubens Saraceni foi severamente<br />
atacado pelos “ortodoxos”<br />
por seu guia espiritual, Mestre Seiman<br />
se utilizar do microfone para falar<br />
diretamente aos milhares de presentes<br />
nos eventos de formatura de Egrégoras.<br />
Acaso deveria o guia espiritual<br />
falar de ouvido a ouvido a mesma mensagem?<br />
Porque é estranho um Ogum<br />
falar no microfone afim de amplificar<br />
sua mensagem e ser compreendida por<br />
todos?<br />
Na verdade este “purismo barrista”<br />
é um grande engodo mascarado na idéia<br />
de pureza ou preservação que revela<br />
um grande despeito daqueles que não<br />
conseguem acompanhar de fato a<br />
evolução planetária, ao menos tecnológica.<br />
No entanto, é histórico este tipo<br />
de resistência no processo de transição<br />
entre gerações e tecnologias. Houve<br />
quem não aceitou trocar a carroça por<br />
carro, trem por ônibus, ônibus por avião<br />
e assim por diante. Aceitem ou não, a<br />
tecnologia está aí, que usemos a nosso<br />
favor.<br />
INTERNET E TRANSMISSÃO<br />
DE VALORES<br />
A rede, como é conhecida a internet,<br />
está minada de perigos, de informações<br />
equivocadas, ainda é um ambiente<br />
um tanto caótico, qualquer um<br />
escreve o que quer e mesmo no ambiente<br />
de Umbanda existem coisas contraditórias<br />
e mesmo repugnante. Cabe a<br />
nós Umbandistas de fato contribuir com<br />
a transmissão de valores, da nossa cultura,<br />
de nossos saberes, de nossa<br />
crença. Mais que isso, é importante<br />
cuidar deste conteúdo e da maneira que<br />
é transmitido.<br />
Não basta jogar as informações de<br />
qualquer maneira. É importante sim que<br />
se tenha muitos e muitos sites, com toda<br />
nossa diversidade, mas que a Umbanda<br />
como motivo central seja apresentada<br />
com responsabilidade e requinte.<br />
A maneira como se constrói um site,<br />
um blog ou um vídeo, da maneira que<br />
se apresenta é o que será “julgado”<br />
pelo internauta. A Umbanda ou o terreiro<br />
será avaliado pela imagem que ele<br />
vai transmitir. De modo que um site todo<br />
confuso, cores sem harmonia, uma bagunça<br />
de informação, poderá não só<br />
confundir o internauta visitante sobre<br />
o site, mas sobre a própria Umbanda.<br />
Temos muito conteúdo a oferecer,<br />
mas não de qualquer jeito.<br />
A<br />
FUTURO PROMISSOR<br />
Quando a Internet possibilitou a<br />
transmissão de saberes com estrutura<br />
e metodologia com segurança, surgiu<br />
um novo contexto na área da educação,<br />
emergiam na rede o Ensino à Distância,<br />
que hoje já é comum, mas que<br />
até o momento é visto com reserva pelos<br />
educadores “ortodoxos”.<br />
Em 2005 um mentor espiritual pediu<br />
que eu possibilitasse uma maneira para<br />
a divulgação da Umbanda sem fronteiras.<br />
Pesquisei bastante e criei a TVUS<br />
- TV Umbanda Sagrada, a primeira TV<br />
WEB Umbandista e quando percebi eu<br />
tinha tudo o que era necessário para<br />
um ambiente de estudos à distância,<br />
em 2006 implantamos o <strong>Colégio</strong> Virtual<br />
Umbanda Sagrada de Bauru, também<br />
o primeiro colégio virtual de Umbandista,<br />
enfim, na sequencia, outros<br />
irmãos, outras instituições vieram a<br />
somar nesta iniciativa, deixando de<br />
lado aqueles que barrariam toda<br />
iniciativa inovadora para deixar história<br />
na história da Umbanda.<br />
Posso citar relevantes iniciativas<br />
como a do irmão Manoel Lopes (São<br />
Vicente-SP), que em 2006 lançou a RBU<br />
- Rede Brasileira Umbandista, mas em<br />
1995 ele já lançara a lista virtual “Saravá<br />
Umbanda”, Manoel é super engajado<br />
nesta tecnologia, atua nesta área pro-<br />
fissionalmente e foi neste sentido que<br />
também lançou a TV Saravá Umbanda<br />
e em 2009 começou a transmitir cursos<br />
do Núcleo Mata Verde pela Internet.<br />
Também em 2006, o irmão Marcos<br />
Mozol, lança o <strong>Colégio</strong> Virtual de Umbanda<br />
Sagrada -SP. Tivemos também a<br />
TV Espiritualista, uma iniciativa do irmão<br />
Rubens Saraceni, enfim, há muita coisa<br />
boa pela rede, que enaltece a nossa<br />
religião e engrandece a nossa fé.<br />
No último dia 15 de Novembro, Rubens<br />
Saraceni lançou o Jornal de Umbanda.com,<br />
um ambiente para a fomentação<br />
de textos e artigos sobre a religião,<br />
onde todo aquele que queira divulgar<br />
seus saberes, experiências e vivências,<br />
desde que em conformidade com o respeito<br />
ao próximo, terá nesta plataforma<br />
um ambiente de divulgação, mais que<br />
isso, é a convergência de irmãos Umbandista<br />
de todo o planeta somando<br />
num ponto em comum com informações<br />
preciosas a todos.<br />
O ICA lançará neste mês o Portal<br />
ICA 2.0, reativando a Rádio Umbanda<br />
Sagrada e usando as ferramentas mais<br />
modernas para a divulgação da religião.<br />
SAGRADA INTERNET<br />
Por fim, entre o sagrado e o profano<br />
estamos nós, o uso que faremos da<br />
tecnologia virtual em prol da religião é<br />
que determinará sua utilidade e eficácia.<br />
A Internet pode ser um ambiente<br />
caótico e promíscuo, mas podemos em<br />
nosso meio torná-la um ambiente sagrado,<br />
falando do sagrado e agindo de<br />
maneira sagrada.<br />
Para a Umbanda, uma religião ainda<br />
sem força política, sem canais de TV ou<br />
rádios, onde tudo é muito difícil de realizar,<br />
a Internet é um grande advento.<br />
Não esqueçamos portanto que isso<br />
é uma iniciativa do astral e digo, em<br />
pouco tempo será normal um guia<br />
espiritual permitir ou solicitar a filmagem<br />
de uma mensagem e sua multiplicação<br />
via Internet.<br />
Que venha o futuro e que a evolução<br />
aconteça, façamos a nossa parte.<br />
www.rodrigoqueiroz.blogspot.com<br />
o sair de casa as 08h30min deparei com mais uma oferenda na esquina<br />
de casa, com alguidares, farofas, pingas, miúdos, velas, panos e fitas<br />
e algumas coisas que não decifrei.<br />
Moro ao lado de uma encruzilhada, esse tipo de oferenda é comum,<br />
tudo espalhado atrapalhando a passagem dos pedestres, um cheiro horrível,<br />
objetos que vão emporcalhar as ruas, fiquei muito indignada, mas qual a<br />
alternativa para quem quer fazer as suas oferendas? Como lidar com a<br />
religião e a sociedade visto que nem todo mundo tem condições de ir até os<br />
locais apropriados, como o Vale dos Orixás ou no ponto de força na natureza?<br />
E a questão de uma oferenda que não irá poluir o meio ambiente?<br />
Contraditório ser de uma religião que é tão ligada à natureza, ter oferendas<br />
que degradam a sua fonte.<br />
Será que o nosso problema é mais forte e importante que o respeito ao<br />
próximo e a natureza? Será que os Orixás e seus Guias não vão te ajudar, se você<br />
tiver uma atitude honesta e amorosa em não deixar os itens que poluem e que<br />
atrapalham a passagem das pessoas? Será que a magia da oferenda não vai funcionar<br />
se você recolher tudo gentilmente após as orações e alguns minutos?<br />
Nesta semana da Umbanda gostaria de propor uma reflexão de como podemos continuar<br />
com oferendas de uma forma limpa e respeitosa à outros indivíduos e a natureza. Já fiz sim oferenda igual a que fiquei<br />
indignada, mas graças ao estudo aprendi que tudo isso pode ser diferente.<br />
Que o nosso exemplo seja esclarecedor, e que o estudo seja sempre a base das nossas ações.<br />
Que a paz de Oxalá e o amor de Oxum nos guie.
JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010 Página -5<br />
A palavra “incorporar” tem vários<br />
significados:<br />
- Ela nos dá a idéia de unir (incorporar<br />
alguma coisa a algo que já temos;<br />
unir conceitos ou práticas);<br />
- Igualmente, nos traz o sentido de<br />
reunir ou fazer fusões (de empresas,<br />
instituições etc.);<br />
- Também a de introduzir (incorporar<br />
um conceito: assimilar e aplicar esse<br />
conceito a alguma coisa que já fazemos);<br />
- E ainda sugere a idéia de dar forma<br />
física, forma material ou forma<br />
corpórea (dar corpo).<br />
Na Umbanda, dentro do campo da<br />
mediunidade, falar em “incorporação”<br />
sugere a idéia de “dar passagem a uma<br />
Entidade”, geralmente um Guia Espiritual<br />
que vem trazendo uma mensagem<br />
de orientação; outras vezes ocorre a<br />
incorporação de Encantados (Crianças)<br />
ou a de Naturais (Orixá do médium). E<br />
a vontade de incorporar deixa muitos<br />
médiuns angustiados!<br />
Uns, porque temem o fenômenoesquecidos<br />
de que, na incorporação o<br />
que acontece é uma espécie de união<br />
de dois mentais: o do Guia Espiritual ou<br />
Entidade e o do médium, que se sintonizam,<br />
“unindo” os respectivos campos<br />
áuricos, para que um possa expressar<br />
suas idéias e “falar com a voz do outro”isso,<br />
resumindo de forma bem simples.<br />
Mas o que vai “ganhar corpo” ou<br />
“ganhar forma” é a expressão das idéias<br />
do Guia Espiritual ou da Entidade, bem<br />
como a energia do arquétipo. Ao<br />
incorporar, os Amparadores da Luz certamente<br />
que não se apossam do corpo<br />
do médium, apenas irão moldá-lo às<br />
próprias características, fazendo com<br />
que o médium assuma todo um gestual<br />
e movimentos de apresentação do arquétipo<br />
que representam (postura corporal,<br />
dança, giros, forma de caminhar,<br />
ritmo etc.). E aqui se pode inclusive distinguir<br />
a psicofonia, estudada no Espiritismo,<br />
da mediunidade de incorporação<br />
na Umbanda. A incorporação é mais do<br />
que “falar por intermédio do outro”, pois<br />
também envolve que o médium assuma<br />
características do Ser que se manifesta<br />
através da sua mediunidade e não se<br />
limita à comunicação com espíritos desencarnados.<br />
No início da atividade<br />
mediúnica, acontece de o médium ficar<br />
angustiado, querendo logo incorporar,<br />
para “se sentir médium”.<br />
Incorporar, “receber o Guia”, não é<br />
o mais importante. Fundamental é que<br />
nos dediquemos a assimilar as orientações<br />
e os exemplos dos Guias Espirituais<br />
e das Entidades que nos amparam,<br />
procurando entender-lhes o sentido para<br />
aplicá-los em nossa vida diária e ficando<br />
atentos para as intuições que eles nos<br />
dão (que podem chegar como novas<br />
idéias, como sensações, até como perfumes<br />
e odores variados que de repente<br />
invadem o ambiente etc.).<br />
Importante é “incorporar” (assimilar<br />
e aplicar) o fundamento da mensagem,<br />
assim como a lição embutida no exemplo<br />
de conduta dos Guias Espirituais diante<br />
de um consulente ou de um médium “difícil”,<br />
buscando analisar o quanto aquilo<br />
pode ter aplicação útil no dia-a-dia.<br />
Espiritualidade não é algo para se<br />
viver apenas entre as paredes do Terreiro.<br />
É algo para vivermos “dentro de nós”,<br />
em silêncio, com naturalidade, sem alarde,<br />
sem roupa especial, sem dia marcado,<br />
sem que ninguém precise elogiar e<br />
aplaudir. É um caminho interno, é aprender<br />
a olhar tudo com os olhos da alma,<br />
porque isso vai nos ajudar a encontrar<br />
novas soluções, novas formas de viver<br />
e enxergar a vida “lá fora”.<br />
Não tem sentido fazer as coisas para<br />
se receber elogios. O essencial é fa-<br />
zermos as coisas em que acreditamos,<br />
pelo bem que elas representam. Agir assim<br />
nos livra de muitas mágoas, de muitas<br />
bobagens... Espiritualidade é algo que nos<br />
ajuda a caminhar de mãos dadas com os<br />
outros, pelo prazer de ajudar e participar,<br />
apesar de sermos diferentes, apesar de<br />
pensarmos de forma diferente, apesar<br />
dos pesares...<br />
Ser médium é ser veículo, canal,<br />
meio de comunicação. Dentro e fora do<br />
Terreiro. A melhor forma de transmitirmos<br />
as mensagens do Astral é colocálas<br />
na prática: em família, no trabalho,<br />
com os amigos, com os vizinhos, com as<br />
pessoas “difíceis”... Espiritualidade é<br />
união, é a “incorporação” (assimilação e<br />
aplicação) do verdadeiro sentido da vida:<br />
somos todos filhos de Deus, somos todos<br />
feitos de Luz, temos valores e méritos,<br />
mas também temos nossas limitações e<br />
lições a aprender.<br />
Incorporar o Guia não é tudo, é apenas<br />
uma parte das infinitas possibilidades<br />
de aprendizado que a Vida nos concede,<br />
inclusive no campo mediúnico.<br />
Portanto, no desenvolvimento mediúnico,<br />
não nos preocupemos apenas<br />
em girar, em rodar, para “mostrar que o<br />
Guia chegou”... Na verdade, os Guias e<br />
Entidades chegam ali muito antes de<br />
nós, preparando o ambiente para o<br />
trabalho. Bom mesmo será a gente conseguir<br />
abrir o coração, para incorporar<br />
(assimilar, absorver) os ensinamentos<br />
do Astral e colocá-los em prática.<br />
E se o Guia quiser incorporar, por<br />
favor: se entregue, deixe, permita-se a<br />
experiência! Não perca mais tempo se<br />
perguntando: “Será que sou eu, será<br />
que é o Guia...? Abra o coração! Busque<br />
o contato com a Espiritualidade, que a<br />
resposta virá, do jeito que precisa e pode<br />
vir, sem dificuldade, naturalmente, e só<br />
por um motivo: somos seres espirituais!<br />
A<br />
lguma vez você parou para reparar<br />
e chegou à “triste” conclusão<br />
de que os Umbandistas fumam<br />
demais? Infelizmente, isto é um fato.<br />
A preocupação em nos cuidarmos<br />
deveria ser grande, aquela tríade corpo,<br />
mente e espírito é como um mantra<br />
para mim. Tento, dentro da correria do<br />
dia a dia, chegar ao melhor desta procura<br />
e cuidar de minha mente, do meu<br />
corpo e do meu espírito.<br />
Para a mente, meditação, leitura e o<br />
exercício intelectual ajudam muito. Para<br />
o espírito, cada um pode se encontrar<br />
sua essência de várias maneiras e não<br />
necessariamente numa religião, todavia,<br />
quem o faz por meio dela sabe onde<br />
melhor encontrar ressonância no que<br />
procura. Para o corpo, o exercício físico<br />
é fundamental para saúde e para uma<br />
melhor qualidade de vida.<br />
O uso do fumo e das bebidas no<br />
ritual da Umbanda é conhecido pela<br />
maioria e é sabido que estes elementos<br />
do ritual são da essência mágica para<br />
nossa Umbanda.<br />
Porém, até mesmo os Guias vêm<br />
diminuindo sensivelmente o uso de fumo<br />
e bebidas nos rituais, e se ainda em<br />
muitos lugares se usa exageradamente,<br />
na maioria das vezes é por vaidade do<br />
médium e não do Guia.<br />
Ouvi certa vez um doce e meiga<br />
preta velha dizer: “Se não pode fumá,<br />
eu uso a vela”.<br />
Este é um movimento que vem<br />
acontecendo nos terreiros, justamente<br />
para nos amoldarmos aos novos ditames<br />
ecológicos e politicamente corretos,<br />
e nos adaptarmos a nova lei antita-<br />
bagismo. Outro senão é não dar margem<br />
para que pessoas desinformadas<br />
e maldosas digam que a Umbanda incentiva<br />
o uso do fumo e da bebida,<br />
logo porque com os médiuns a diminuição<br />
não acontece.<br />
Percebemos que quando falamos<br />
de cuidados pessoais, muitos deixam a<br />
desejar nestes quesitos e principalmente<br />
no cuidado físico.<br />
É normal e usual antes de irmos<br />
para uma gira tomarmos banho de defesa,<br />
não comermos carne 24 horas<br />
antes, não termos relações sexuais,<br />
etc, assim pedem os chefes e sacerdotes<br />
dos terreiros. Porém, também é<br />
usual e muitas vezes comum, antes de<br />
começarmos a gira vermos muitos<br />
médiuns pelo lado de fora fumando sem<br />
parar até minutos antes de começar.<br />
Vivemos este contra senso: De nos<br />
cuidarmos e prepararmos para uma gira,<br />
deixar de comer carne, relações, banho<br />
de defesa etc, enquanto muitos médiuns<br />
algumas vezes incentivados pelo sacerdote<br />
da casa fumar antes e muitas vezes<br />
nos intervalos de uma gira.<br />
Não se trata de preconceito ou intolerância,<br />
absolutamente, pois é sabido<br />
por todos que um dos piores vícios é do<br />
tabagismo; mas se os umbandistas têm<br />
consciência do mal que isso faz é preciso<br />
um esforço maior para largar.<br />
Enfim, enquanto procuramos nos<br />
preparar melhor junto da espiritualidade<br />
para melhor servir a nossa mediunidade<br />
é preciso de fato atentar para o mal<br />
que causamos as nós mesmo e o tabagismo<br />
é um dos piores males existentes.<br />
contatos: micabarbosa@gmail.com
Página -6 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010<br />
E<br />
m todas as épocas e em todos os<br />
países política e religião têm tra-<br />
vado uma luta incessante para im-<br />
porem-se na mente das populações, e<br />
com isso doutriná-los segundo cada um<br />
acha ser melhor para todos.<br />
Essa luta, ora silenciosa e ora<br />
barulhenta, nós vimos acontecer<br />
recentemente durante a campanha<br />
eleitoral para a presidência do Brasil e<br />
no segundo turno a polemica em torno<br />
do aborto levou ambos os candidatos<br />
a assumirem posições públicas e claras<br />
sobre esse tema controvertido.<br />
De um lado vimos a Igreja Católica<br />
reafirmar sua oposição ao aborto e<br />
pressionar os candidatos com tal<br />
veemência que os obrigou a assumirem<br />
que não mudariam as leis já existentes.<br />
E por outro lado vimos lideres de Igrejas<br />
Evangélicas ostentarem uma força<br />
inimaginada e constrangerem a<br />
candidata Dilma Roussef, que havia<br />
feito declarações favoráveis ao aborto<br />
recuar e assumir diante deles que não<br />
mexeria nas leis já existentes durante<br />
o seu mandato.<br />
Isso faz parte do jogo do poder e<br />
não surpreende a ninguém e não temos<br />
nada a acrescentar além de que os<br />
umbandistas também são contrários à<br />
pratica do aborto livre, cerrando fileira<br />
com as outras religiões nesse tema.<br />
O tema desse editorial é abordar a<br />
inapetência dos seguidores dos cultos<br />
afros e espiritualistas para a política e<br />
a dificuldade de elegerem candidatos<br />
comprometidos com os anseios mais<br />
profundos dos seus seguidores.<br />
Pelo expressivo número de<br />
seguidores e que alcança a casa dos<br />
milhões, os candidatos eleitos e que<br />
se comprometeram com os nossos<br />
pleitos é muito pequeno. No entanto o<br />
trabalho que vimos o vereador Quito<br />
Formiga realizar com um projeto de lei<br />
que criou a semana da Umbanda na<br />
cidade de São Paulo e que deixou<br />
orgulhosos todos os umbandista deve<br />
ser motivo de reflexão para os seus<br />
seguidores, muitos dos quais contrários<br />
a qualquer envolvimento durante as<br />
campanhas eleitorais porque acreditam<br />
que não se mistura política com religião.<br />
Infelizmente essa crença esta<br />
arraigada na nossa comunidade<br />
religiosa e não vimos nenhum dos<br />
candidatos genuinamente umbandistas<br />
serem eleito deputado estadual ou<br />
federal, ainda que tenhamos ajudado<br />
na eleição daqueles que têm<br />
demonstrado respeito e interesse pelos<br />
nossos pleitos mesmo não tendo a<br />
Umbanda como sua religião.<br />
Acreditamos que já é hora dos<br />
umbandistas se conscientizarem de que<br />
política e religião são inseparáveis e são<br />
as duas faces de uma mesma coisa<br />
porque o político tem sua religião e o<br />
seguidor de uma religião quer exercer<br />
de forma livre o seu pensamento e sua<br />
crença, sem ser perseguido por políticos<br />
seguidores de outra.
JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010 Página -7<br />
T<br />
odo final de ano é passado o<br />
ritual de Pai Oxalá, que vocês<br />
poderão realizar no dia 24 de<br />
<strong>dez</strong>embro, na mesa junto com a sua<br />
ceia. Este ritual é uma prática umbandista<br />
ao Divino Trono da Fé. O Trono<br />
da Fé irradia as suas essências<br />
cristalinas que chegam até nós através<br />
de sentimentos, atuando<br />
em nosso intimo.<br />
Este ritual de Pai Oxalá<br />
realizado neste dia, beneficia<br />
a nossa casa, e principalmente<br />
nós mesmos.<br />
Refletindo em nós a paz,<br />
tranqüilidade, prosperidade,<br />
harmonia, congregação,<br />
humildade, caridade,<br />
saúde e principalmente fortalecendo<br />
nossa religiosidade,<br />
o melhor caminho para nos<br />
ligarmos ao nosso Divino Pai Olorum.<br />
ELEMENTOS<br />
1 toalha branca; 1 ramo de trigo<br />
seco; 1 taça de água mineral; 1 vela de<br />
7 dias branca; 1 cacho de uva Itália; 1<br />
taça de vinho tinto; 1 pão; Imagem de<br />
Pai Oxalá; Flores brancas; 1 taça de<br />
vinho branco; 1 prato branco; 1 cristal<br />
COMO ARRUMAR SUA MESA<br />
Forre a toalha branca, o prato branco<br />
para acender a vela de sete dias<br />
branca. Disponha todos os elementos à<br />
mesa. Pode-se cantar o ponto de Pai<br />
Oxalá, contido no CD da Mãe Monica. A<br />
toalha branca será guardada só para<br />
este ritual, a uva poderá ser consumida,<br />
as flores e o cristal poderão ser<br />
colocados em qualquer cômodo da casa.<br />
Depois que as flores murcharem deverão<br />
ser jogadas fora, o<br />
prato branco será guardado<br />
só para esse ritual. Todos<br />
ficam em volta da mesa,<br />
elevam o pensamento ao<br />
Trono da Fé, o nosso Divino<br />
Pai Oxalá, evocando este<br />
maravilhoso mistério,<br />
pedindo com fé e reverência<br />
que Pai Oxalá possa realizar<br />
as bênçãos, para a sua casa<br />
e na sua vida.<br />
Após o ritual, deixe até<br />
o dia seguinte esta<br />
oferenda sobre a mesa,<br />
então recolha a vela de 7<br />
dias e coloque no seu conga,<br />
se não tiver um conga, coloque sobre<br />
um lugar alto acima de sua cabeça, as<br />
taças de vinho e de água despeje em<br />
água corrente e o pãozinho guarde no<br />
seu pote de arroz cru (simbolizando a<br />
fartura na mesa).<br />
Veja no site www.luzdourada.<br />
org.br o vídeo em que explico como<br />
proceder o ritual, bem como o ponto<br />
cantado de Pai Oxalá.<br />
Que o Divino Pai Oxalá te proteja e<br />
derrame a sua paz em sua consciência.<br />
Natal em Pai Oxalá! <strong>Ano</strong> Novo em<br />
Mãe Oiá! Mãe do Tempo!<br />
Contatos:monica@luzdourada.org.br<br />
São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2010. Mônica Bergamo<br />
Bombeiro do Além<br />
A Fundação Cacique Cobra Coral, entidade “esotérico-científica” que diz ter o poder de controlar o<br />
clima, foi acionada pelo governo do Rio para fazer chover durante as operações da polícia e da<br />
Marinha nos morros da capital. A água ajudaria a apagar os veículos incendiados e as barricadas<br />
montadas pelo tráfico.<br />
NF: A hora da verdade no Rio: A invasão dos morros<br />
no Rio era impossível por mar, arriscada pelo ar e<br />
minada por terra. Com inédito apoio da Marinha e<br />
da FCCC que monitorava o Clima, tropas do Bope<br />
desembarcaram na Penha e ocuparam bunker<br />
de traficantes que fugiram em massa enquanto a<br />
chuva apagava-reduzia os incêndios nos automóveis<br />
e desmontava as Barricadas dos bandidos...<br />
Coluna do Estadão<br />
(Diana Fernandes e Claudia Carneiro)<br />
Sábado, 02 de abril de 1999.<br />
CHUVA PELA PAZ<br />
A Fundação Cacique Cobra Coral, entidade com<br />
sede em Guarulhos na Grande São Paulo<br />
especializada em alterações climáticas, passou<br />
a ter relações estreitas com o governo Sadam<br />
Hussein desde que previu a data do ataque<br />
americano a Bagdá na Guerra do Golfo. Ontem,<br />
assessores de Sadam ligaram para a médium<br />
Adelaide pedindo que a Fundação ajude o<br />
território sérvio.<br />
Querem que a fundação faça chover na região<br />
sérvia para impedir o ataque terrestre preparado<br />
pela Otan. A chuva é o único obstáculo ao<br />
ataque, que obrigatoriamente teria de ser adiado.<br />
P<br />
NF II: Esta não é a 1ª vez que a FCCC é convocada<br />
para monitorar o clima em conflitos armados mas<br />
sempre neutra e com o objetivo de restabelecer<br />
a Paz e a Ordem. A 1ª foi na Guerra das Malvinas<br />
e as demais nas guerras do Golfo e da Iugoslávia,<br />
abaixo registrado pela mídia:<br />
RIO DE JANEIRO 10 DE ABRIL DE 1.999<br />
RIO, (Agência O GLOBO) -<br />
Mau tempo dificulta<br />
ataques da Otan<br />
O mau tempo prejudicou os ataques da<br />
Otan na noite de ontem. Das quatro<br />
aeronaves que partiriam com mísseis para<br />
atacar, apenas uma conseguiu sair. Apesar<br />
da dificuldade, a Otan afirma que mais da<br />
metade de jatos Mig da Sérvia foram<br />
eliminados. Uma declaração do presidente<br />
da macedonia também traz mais dificuldade<br />
na conclusão de planos da Otan. Ele<br />
afirmou hoje que não vai permitir que seu<br />
território seja utilizado para uma invasão<br />
por terra à Iugoslávia.<br />
São Paulo, <strong>11</strong> de abril de 1999<br />
KENNEDY ALENCAR -<br />
enviado especial a Belgrado<br />
Mau tempo atrapalha<br />
ataques da Otan<br />
Pausa: Condições meteorológicas<br />
desfavoráveis a ação militar permitem<br />
que a população de Belgrado<br />
tenha noite tranqüila.<br />
Enquanto o mau tempo diminuía a<br />
intensidade dos ataques da Otan à<br />
Iugoslávia, os camelôs da praça da<br />
republica, no centro da capital, faturavam<br />
ontem com a venda de camisetas<br />
e broches contra o bombardeio.
Página -8 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010<br />
C<br />
om o apoio do vereador Quito Formiga<br />
(que não está em campanha<br />
política e é médium), a família um-<br />
bandista conseguiu, o tão esperado Dia<br />
da Umbanda e do Umbandista na cidade<br />
de São Paulo, visto que diversos municípios<br />
e outros estados, já tinham essa<br />
data em seus calendários.<br />
Segundo nossos decanos pais Jamil<br />
Rachid e Ronaldo Linares, na década de<br />
70, o então vereador Naylor de Oliveira,<br />
figura frequente em todos os eventos e<br />
reuniões umbandistas, cogitou algumas<br />
vezes colocar em votação o projeto, mas<br />
sem prosseguimento.<br />
Em maio deste ano, nosso irmão pai<br />
Engels de Xangô, presidente da Escola de<br />
Curimba Aldeia de Caboclos, propôs ao<br />
vereador o projeto e em apenas 6 (seis)<br />
meses a lei foi aprovada!<br />
Com menos de 15 dias para organizar<br />
um evento, pensamos por onde começar<br />
e foi decidido que uma semana de atividades<br />
poderia alcançar vários públicos, iniciando<br />
então com um belíssimo evento no<br />
Clube Parque da Mooca, no dia 15 de<br />
novembro, com show das Escolas de<br />
Curimba Aldeia de Caboclos, Tambor de<br />
Orixá, do ogã Severino Sena e da Escola<br />
Nilton Fernandes, com o ogã Zezinho de<br />
Oxalá e Conceição da Jurema.<br />
Os presidentes de federações presentes<br />
foram convidados a dar seus depoimentos<br />
sobre essa religião genuinamente<br />
brasileira, e fizeram suas colocações: pai<br />
Ronaldo Linares, da Federação Umbandista<br />
do Grande ABC, pai <strong>Ed</strong>son dos Anjos,<br />
da Associação Paulista de Umbanda,<br />
Sandra Santos, da Associação Umbandista<br />
e Espiritualista do Est. de SP - AUEESP, e<br />
pai Rubens Saraceni, do <strong>Colégio</strong> de Umbanda<br />
Sagrada. A seguir pai Ronaldo produziu<br />
e apresentou um dos espetáculos<br />
mais bonitos que a Umbanda têm: o Congá<br />
ao Vivo, que como sempre, emociona<br />
a quem assiste.<br />
No dia 16 de novembro, no Clube<br />
de Regatas Tietê aconteceu um workshop<br />
de tambor, toques e canto.<br />
Dia 17/<strong>11</strong>, na Câmara Municipal de<br />
São Paulo, a sessão solene com a oficialização<br />
da Semana da Umbanda e do Dia<br />
Municipal da Umbanda e do Umbandista,<br />
sob o comando do vereador Quito Formiga,<br />
que mais uma vez reafirmou seu compromisso<br />
com os umbandistas, informando<br />
que na medida do possível, irá elaborar<br />
leis que favoreçam ao bem-estar da comunidade.<br />
Texto de SANDRA SANTOS com fotos gentilmente cedidas pela APEU<br />
Presentes ao evento os vereadores<br />
Jamil Murad e Netinho de Paula, que se<br />
colocaram à disposição do vereador Quito<br />
para também defender essa bandeira em<br />
plenário e nas ações que forem necessárias.<br />
As principais federações e associações<br />
de Umbanda se fizeram presentes também<br />
nesse Ato Solene, sempre enfatizando os<br />
laços que nos ligam e fizeram com que<br />
fôssemos atores de momentos decisivos<br />
para a Umbanda paulista, e dispostos a<br />
ouvir e estudar projetos oferecidos, e que<br />
venham beneficiar a Umbanda.<br />
Dia 18/<strong>11</strong>, cerca<br />
de 300 pessoas<br />
assistiram um encontro<br />
de curimbas, entre os<br />
quais estavam Aldeia<br />
de Caboclos, Filhos de<br />
Umbanda, Razão para<br />
Viver, APEU.<br />
Dia 19/<strong>11</strong>, show<br />
com Lyz Hermann, ogã<br />
Élcio de Oxalá, entre<br />
outros.<br />
Dia 20/<strong>11</strong>, sob a<br />
coordenação de<br />
<strong>Ed</strong>son Rocha, presidente<br />
do Clube Tietê,<br />
e com a apresentação do ogã Juvenal e da<br />
Iyá Ekedji Ogunlade, aconteceu o “Tributo<br />
a Zumbi dos Palmares”, onde medalhas<br />
comemorativas foram entregues<br />
ao Obá José Mendes<br />
(tataraneto de Zumbi<br />
dos Palmares), Príncipe<br />
Otunba Adekunle Aderomu,<br />
Mãe Maria Aparecida<br />
Naléssio, presidente do Primado<br />
do Brasil, Sandra<br />
Santos, presidente da<br />
AUEESP, Pai <strong>Ed</strong>son, em<br />
nome de seu pai espiritual<br />
José Valdivino (In Memoriam),<br />
fundador da Escola<br />
de Curimba Umbanda e<br />
Ecologia, os deputados federais Arnaldo<br />
Faria de Sá, Penna do PV e Vicentinho do<br />
PT, vereador Quito Formiga, Mestre Tucano<br />
Preto, capoeirista e representando o carnaval<br />
paulista: Robson de Oliveira, Angelina<br />
Basílio, presidente da Sociedade Rosas<br />
de Ouro e Betinho em nome de seu pai, Sr.<br />
Nenê (In Memoriam), fundador da Escola<br />
de Samba Nenê da Vila Matilde.<br />
Encerrando o domingo 21/<strong>11</strong>, o fórum<br />
Cidadão Umbandista trouxe palestras com<br />
Alexandre Cumino falando sobre a<br />
História da Umbanda, Rodrigo Queiroz<br />
com a Internet e a Umbanda, Nélson<br />
Alves com Projetos Sociais e a dra Nanci<br />
comentando sobre a intolerância sofrida<br />
pela sua casa.<br />
Praticamente em todos os eventos os<br />
nomes dos nossos queridos decanos foram<br />
lembrados e saudados, com suas histórias<br />
de luta e perseguição. Os que já<br />
partiram para Aruanda também foram<br />
reverenciados com muito carinho e saudades.<br />
Numa semana muito atribulada, mas<br />
de intensa alegria para a família umbandista,<br />
cabe ressaltar que as principais<br />
federações e associações co-irmãs, e os<br />
umbandistas que realmente vestem a camisa<br />
desta religião centenária, estiveram<br />
presentes em todos os dias, unidos e irmanados,<br />
numa verdadeira corrente de religiosidade<br />
e solidariedade (entidades sociais<br />
foram beneficiadas com os alimentos<br />
arrecadados). Pessoas realmente sérias,<br />
éticas e compromissadas com a religião, e<br />
que resgatam diariamente o “Orgulho de<br />
Ser Umbandista”.<br />
A comunidade umbandista parabeniza<br />
pai Engels de Xangô pelo empenho e<br />
dedicação, nessa tarefa de juntar todos<br />
os nossos irmãos para essa importante<br />
comemoração.<br />
Agradecemos também a UDU, na pessoa<br />
do jornalista Marques Rebelo, por todo<br />
o trabalho realizado, ao Nelson Alves pelo<br />
apoio e incentivo, à família Aldeia de Caboclo<br />
pela organização brilhante desta<br />
semana, e de forma especial ao Vereador<br />
Quito Formiga, pela Lei número 15323/<br />
2010, que institui o Dia da Umbanda e do<br />
Umbandista na cidade de São Paulo.<br />
Parabéns UMBANDA !!!<br />
Contatos: sandracursos@hotmail.com
JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010 Página -9<br />
A<br />
primeira Semana Umbandista de Volta Redonda,<br />
realizada entre os dias 12 e 15 de<br />
novembro no município de Volta Redonda,<br />
na região Sul Fluminense, provou que no Século<br />
XXI, definitivamente, a fé e a democracia pisam<br />
firme no mesmo chão. A maior prova disso foi a<br />
diversidade de cores, sons, emoções e cultura que<br />
invadiu o palco do Memorial Zumbi durante os<br />
quatro dias de evento, e que mostrou a força de<br />
uma das mais antigas e tradicionais religiões de<br />
matriz afro existentes no Brasil: a Umbanda.<br />
P<br />
or solicitação do deputado Simão<br />
Pedro (PT), foi realizada, no dia 26/<br />
<strong>11</strong>, sessão solene, no plenário<br />
Juscelino Kubitschek, com a finalidade<br />
de homenagear os 50 anos do Primado<br />
Organização Federativa de Umbanda e<br />
Candomblé do Brasil. O início da sessão<br />
se deu com a Banda da Polícia Militar do<br />
Estado de São Paulo e a participação<br />
dos Lanceiros da Cavalaria 9 de Julho<br />
da Polícia Militar de SP. A Instituição,<br />
fundada em 28 de setembro de 1960,<br />
por Félix Nascentes Pinto, agrega<br />
tendas, ilês ases, cabanas e centros.<br />
A plenária recebeu<br />
naquela noite<br />
quase 350 pessoas,<br />
entre religiosos, sacerdotes,<br />
filiados,<br />
amigos e admiradores<br />
do Primado. Em seu<br />
discurso emocionado<br />
a Primaz do Primado<br />
do Brasil Maria Aparecida<br />
Nalessio reafirmou<br />
o compromisso<br />
deixado por Félix Nascentes<br />
Pinto em fun-<br />
Apenas para se ter<br />
uma ideia da importância<br />
do evento, que<br />
reuniu mais de 20 casas<br />
de umbanda e candomblé<br />
de toda a região<br />
e cerca de 500 médiuns,<br />
basta dizer que<br />
mais de mil pessoas passaram<br />
pelo Memorial<br />
Zumbi durante o evento.<br />
Um grande percentual<br />
deste público, sem dúvida, era formado por adeptos<br />
da religião, mas o evento também atraiu a atenção de um<br />
número significativo de pessoas que ousaram deixar de lado<br />
seu pré-conceito sobre o assunto e ir conhecer de perto a<br />
Umbanda, suas crenças e seus rituais.<br />
Ponto para os organizadores da Semana, em especial<br />
para a Mãe Sandra Mara, do Templo de Umbanda Luz Divina,<br />
e para o Pai Randolfo, que cuidou com especial carinho dos<br />
rituais espirituais realizado no local.<br />
damentar a humildade, a unidade e<br />
elevar o Povo do Santo ao patamar de<br />
igualdade perante todas as Religiões.<br />
Nesta premissa segundo Mãe Cidinha<br />
como é carinhosamente chamada citou<br />
dos avanços de sua Instituição no combate<br />
a intolerância religiosa e a participação<br />
direta nas políticas públicas existentes;<br />
onde o Primado do Brasil faz a<br />
diferença participando ativamente das<br />
conferências municipais, estaduais e<br />
nacionais que ocorrerão no ano de 2009<br />
e 2010, além é claro de sua participação<br />
direta nas maiorias dos eventos ocor-<br />
Um texto de<br />
MÁRCIA CHAVES<br />
com fotos de<br />
MANOEL CÉSAR<br />
ridos em São Paulo e em outros Estados.<br />
“Este é um legado que o nos diferencia<br />
das demais federações, pois além de<br />
assistirmos nossos federados fazemos<br />
a diferença em políticas públicas voltadas<br />
não somente para a Matriz Africana,<br />
mas para todos os segmentos<br />
religiosos e para aqueles que<br />
vivem e são taxados como as<br />
minorias” – afirma Mãe Cidinha.<br />
Houve ainda momentos culturais<br />
e a apresentação do Grupo<br />
Maculele Acaraçu Tamandaré e do<br />
Grupo Nega Nagô. Abrilhantaram<br />
este evento as grandes personalidades<br />
de nossa Religião e autoridades<br />
como: Babalorisá Francisco<br />
de Osun, Iyalorisá e Comendadora<br />
Carmen Prisco de Osun, Mam’etu<br />
Kayandewa, Iyalorisá Regina de Osossi<br />
do Rio de Janeiro representando a<br />
baluarte da Umbanda Fátima Damas e<br />
o Babalawo Ivanir dos Santos ambos<br />
do Rio de Janeiro, Pai Milton Aguirre,<br />
Mãe Maria Imaculada, Sacerdotisa de<br />
Umbanda Maria Adelina Bitencurt de<br />
Macedo, Maria Aparecida Pinto<br />
(Cidinha), Pai <strong>Ed</strong>son dos Anjos, Dr. Jader<br />
Freire de Macedo Junior – Vice Presi-<br />
“Estamos, todos, muito emocionados, pois<br />
trabalhamos arduamente para que essa homenagem<br />
aos 102 anos da Umbanda alcançasse seu<br />
objetivo e acho que conseguimos atingir nossa<br />
meta. Agradeço a todos que partilharam conosco<br />
deste sonho e que arregaçaram as mangas para<br />
realizá-lo, desde a Prefeitura de Volta Redonda,<br />
demais parceiros deste projeto, até os nossos Pais,<br />
Mães e Filhos de Santo, passando obviamente<br />
pelos oradores Rodrigo Queiroz e Alexandre<br />
Cumino, Sacerdotes de Umbanda que enriqueceram<br />
nosso encontro com seus conhecimentos”<br />
– ressaltou Sandra Mara, organizadora<br />
da Semana.<br />
Além das apresentações de dança, capoeira,<br />
curimba e atabaques que emocionaram o público,<br />
a Semana Umbandista também contou com a<br />
caminhada em homenagem a São Jorge, palestras,<br />
exposição, feira de livros e um gira pública onde<br />
<strong>dez</strong>enas de médiuns de várias casas de Umbanda<br />
incorporaram pretos velhos e caboclos, desmistificando<br />
a imagem que muitas pessoas ainda têm da<br />
religião e provando que a umbanda, como diz sabiamente<br />
Mãe Sandra, “é uma religião que pratica<br />
a caridade e só quer o bem”.<br />
Eu concordo e acrescento: “uma religião que<br />
merece ser respeitada e que acaba de romper barreiras<br />
e ganhar as ruas, provando que a diversidade,<br />
a democracia e a fé podem sim andar de mãos<br />
dadas e pisar o mesmo terreiro”.<br />
Saravá! Axé! Motumbá! Mucuiú! Nsala!<br />
Mojubá! Amém!<br />
Contatos: temploumbandaluzdivina@gmail.com<br />
dente da Comissão de Direito e Liberdade<br />
Religiosa da OAB-SP, Dra. Juliana<br />
Ogawa integrante da mesma Comissão<br />
da OAB-SP, o escritor Diamantino<br />
Fernandes Trindade representante do<br />
Pai Ronaldo Linares, Sandra Santos<br />
entre outros.<br />
No final houve um “pocket show”<br />
com a cantora Liz Hermann e a confraternização<br />
de todos num coquetel que<br />
fora oferecido pela Instituição homenageada.<br />
Primado de Umbanda:<br />
Rua Mendes Junior, 41 - Brás - SP - Brasil<br />
(0<strong>11</strong>) 2693-4399 /(0<strong>11</strong>) 2796-8466<br />
www.primado.com.br<br />
E-mail:primado@primado.com.br
Página -10 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010<br />
Q<br />
uando falamos de Falanges, muitos<br />
não entendem o termo e alguns,<br />
que tem algum conhecimento,<br />
muitas vezes definem como “gangues<br />
espirituais”.<br />
Bem, o termo gangue é um tanto<br />
pejorativo, pois dá a impressão de estarmos<br />
nos referindo a uma turma de<br />
arruaceiros, algo maléfico, bagunça,<br />
anarquia, etc.. Então, para tentar entender<br />
o que seria uma Falange e como<br />
é a sua formação teremos que abstrair<br />
alguns conceitos humanizados.<br />
Por enquanto, não podemos nos apegar<br />
a nomes de Guias. Por que eu digo<br />
isso? Para não nos limitarmos a uma única<br />
entidade. Este é um assunto interessante<br />
e um tanto confuso para muitos.<br />
Quantos de nós já tomou um passe<br />
com uma entidade, perguntou o seu<br />
nome, e quando a entidade responde<br />
achamos que já a conhecemos e informamos<br />
no mesmo instante: “Ah tomei<br />
passe com o Sr. ou com a Sra. no terreiro<br />
tal, lembra-se?”.<br />
Pode acontecer da entidade lhe responder:<br />
“Não me lembro”.<br />
Então alguns começam a achar que<br />
o médium é um fingidor, ou que o terreiro<br />
não presta, etc.. Inúmeros serão os<br />
pensamentos negativos com relação ao<br />
cenário de sua pergunta e à resposta<br />
da entidade.<br />
Mas vamos esclarecer isso em conjunto<br />
com a atuação das Falanges.<br />
Quando entramos em uma consulta<br />
com uma Entidade/Força com a qual já<br />
tomamos um passe em outro centro,<br />
achamos que estamos diante da mesma<br />
Entidade/Força e para espanto de<br />
muitos pode ser que não.<br />
Como assim? Na maioria das vezes<br />
estamos diante de um mesmo nome de<br />
Entidade, mas não da mesma Entidade/<br />
Força do atendimento anterior.<br />
Vamos encarar o nome do Guia como<br />
se fosse uma especialidade profissional,<br />
certo?<br />
Vamos dizer que uma Entidade Exu-<br />
Catacumba, por exemplo, ocupasse um<br />
cargo de um médico Cardiologista.<br />
Aí eu pergunto: no nosso plano material<br />
quantos cardiologistas existem?<br />
Inúmeros, certo? Por quantos médicos<br />
cardiologistas já passamos em consultórios<br />
e depois encontramos os mesmos<br />
médicos em um outro hospital? Poucas<br />
vezes, eu acredito. É dessa mesma forma<br />
que acontece no processo espiritual.<br />
Quando vamos ao terreiro tomar um<br />
passe com o Sr. Exu Catacumba e em<br />
visita a outro terreiro encontramos outro<br />
Exu-Catacumba, pode não ser o<br />
mesmo. Alguns poderão afirmar: “Ah,<br />
mas isso não é possível”.<br />
Se não é possível eu pergunto: Como<br />
explicar que dentro de uma mesma<br />
Gira podemos ter a manifestação da<br />
mesma Entidade/Força em vários médiuns<br />
diferentes? Desculpem a brincadeira,<br />
mas a Entidade sai correndo<br />
incorporando e desincorporando cada<br />
médium. A partir daí podemos enterder<br />
o que vem a ser uma Falange.<br />
Seguindo com o exemplo acima, um<br />
terreiro poderá abrir uma gira voltada<br />
para esta Entidade/Força, o Sr. Exu-<br />
Catacumba. Nessa gira, todos os médiuns<br />
vão incorporar o Sr. Exu-Catacumba,<br />
porque estarão “usufruindo” de<br />
uma força que possui o seu poder firmado<br />
e assentado e que está chamando<br />
seus vários “profissionais” para trabalhar.<br />
Se não fosse desta forma, como<br />
teríamos os nossos Cultos Coletivos,<br />
onde inúmeros médiuns incorporam o<br />
Orixá Ogum ao mesmo tempo; onde<br />
inúmeros médiuns recebem Yemanjá ao<br />
mesmo tempo?<br />
Já pararam para analisar que ao<br />
mesmo tempo em que ocorre o trabalho<br />
em sua casa, em seu terreiro, do outro<br />
lado da cidade está acontecendo uma<br />
Gira da mesma forma e que algumas<br />
entidades que estão trabalhando lá<br />
estão trabalhando no seu também?<br />
Por exemplo, um terreiro na Zona<br />
Norte de São Paulo está fazendo uma<br />
Gira de Esquerda e um médium é<br />
incorporante de Exu-Pimenta e na Zona<br />
Sul de São Paulo, ou seja, do outro lado<br />
da cidade existe um outro terreiro que<br />
um outro médium também é incorporante<br />
de Exu-Pimenta. Se usarmos uma<br />
visão humanizada, um dos dois ficará<br />
sem o trabalho. Mas isso não ocorre<br />
porque existem as falanges.<br />
Nesse exemplo, serão chamadas as<br />
Entidades/Forças representantes das<br />
Falanges e direcionadas para os médiuns<br />
que deverão trabalhar com a força<br />
de Exu-Pimenta.<br />
Há pouco tempo em um trabalho,<br />
eu observei um consulente perguntar<br />
ao médium incorporado no momento da<br />
consulta: “O Sr. é o Exu Tranca-Ruas”?<br />
Então a Entidade respondeu: “Não,<br />
sou o Exu-Toquinho”.<br />
Logo, o consulente responde: “É que<br />
eu achei que era o Sr. Tranca-Ruas, pois<br />
ontem eu tomei um passe com ele em<br />
outra casa e queria perguntar algumas<br />
coisas que não ficaram claras”...<br />
Não podemos pensar que existe<br />
apenas um Exu Tranca-Ruas. Mas sim<br />
dizer que existe apenas uma força que<br />
sustenta o Reino, o Trono, a Estrutura<br />
de Tranca-Ruas, mas que são vários os<br />
seus representantes. Este é o poder<br />
da Falange.<br />
Da próxima vez em que for tomar o<br />
seu passe e se questionar com relação<br />
ao nome do Guia ou da Entidade, lembrese<br />
que está diante de um dos inúmeros<br />
representantes daquela força.<br />
Espero ter ajudado aqueles que não<br />
tinham o conhecimento do termo Falange<br />
e aos que estavam com dúvidas que<br />
estas tenham sido sanadas.<br />
Grande abraço e axé.<br />
Contatos: dlg.guedes@gmail.com<br />
R<br />
Quantas histórias se perdem, quantas vidas são interrompidas,<br />
quantos caminhos desviados... Se não houver erro não há aprendizado.<br />
Contudo, o custo de ser você mesmo pode ser alto.<br />
Não me conformo com o que me faz sofrer. Sendo assim, como<br />
forma de expressão, ficam aqui algumas coisas que tenho aprendido:<br />
• Seja sempre você, mas analise a estrutura que o outro tem<br />
para receber a sua verdade. • Não hesite em voltar atrás, mas saiba<br />
colocar o limite de até que ponto você ceder é importante para o<br />
outro, para você mesmo e para o contexto. Saiba voltar atrás. Isso<br />
pode custar muito alto e o caminho nem sempre permite que você<br />
mude de idéia novamente.<br />
• Não mude se isso for ferir sua essência. Mas se o desejar, mude<br />
de vida porque nenhuma imposição social deve influenciar sua pessoa.<br />
• Priorize sua família, seus filhos, seu companheiro. Isto faz parte da<br />
vida real. Baladas passam, como tudo nesta vida. O que fica são suas<br />
raízes, seu lar. • Segurança, ou falta dela numa relação, nada tem a<br />
ver com desconfiança. Se você sente o solo firme não se preocupará<br />
ecebi diversos retornos positivos sobre<br />
o texto “Mediunidade de Desdobramento<br />
Espiritual” e muitos<br />
deles me questionando como fazê-lo.<br />
Na intenção de ajudá-los no processo<br />
de desenvolvimento dessa prática<br />
mediúnica, vou passar uma prática preparatória<br />
que me foi ensinada pelo<br />
astral.<br />
Gostaria de lembrar-lhes que da<br />
mesma forma que outra prática mediúnica,<br />
o desdobramento espiritual requer<br />
disciplina, estudo e prática constante.<br />
Como toda prática mediúnica, eu<br />
aconselho que antes de iniciar você faça<br />
suas firmezas e orações não se esquecendo<br />
de pedir a Pai Obaluayê, o<br />
Senhor das Passagens, permissão e<br />
amparo durante sua prática.<br />
O ideal é que você esteja deitado<br />
ou bem encostado, pois caso ocorra o<br />
desdobramento, você não “despertará”<br />
interrompendo o processo.<br />
Outra prática que deve ser comum,<br />
principalmente no começo enquanto você<br />
ainda não domina o processo, é fazer<br />
essa prática em horários onde o silêncio<br />
seja maior e seus familiares já estejam<br />
dormindo para que não haja interrupção.<br />
A prática que passarei abaixo visa<br />
preparar seu corpo espiritual e mental<br />
para o desdobramento. Pode ser que<br />
ele já ocorra, mas pode ser que você<br />
tenha que praticá-lo mais vezes. Pode<br />
ser também que você durma durante o<br />
procedimento interrompendo a prática.<br />
Não se preocupe, pois isso é normal e<br />
com o tempo você dominará isso também.<br />
VAMOS À PRÁTICA ENTÃO:<br />
Com os olhos fechados comece a<br />
respirar profundamente enquanto tenta<br />
silenciar a mente de seus pensamentos<br />
e procure prestar atenção em sua<br />
respiração.<br />
Mantenha esse procedimento por<br />
algum tempo até sentir-se relaxado.<br />
Comece a prestar atenção em seus<br />
dedos dos pés, um a um, imagine que<br />
eles estão saindo do seu corpo junto<br />
com seus pés, como que descolando.<br />
Faça esse procedimento lentamente,<br />
dedo a dedo, cada um dos pés, depois<br />
as pernas, o abdômen, os dedos das<br />
mãos, as mãos, braços e finalmente a<br />
cabeça. Lembre-se que é um exercício<br />
de visualização.<br />
Conduza seu “corpo espiritual e<br />
mental” para dar uma volta pelo local<br />
que você está, seu quarto é o limite<br />
nesse momento e o que você deve<br />
conseguir é “flutuar” por todo o cômodo<br />
visualizando todos os móveis que estão<br />
dentro dele.<br />
Depois de feito isso, retorne para<br />
próximo de seu corpo físico e deite-se<br />
novamente sobre ele para começar o<br />
processo de volta.<br />
Imagine cada parte de seu corpo<br />
espiritual agora voltando para o corpo<br />
físico um a um e quando terminar abra<br />
seus olhos e sente-se devagar.<br />
Agora agradeça sua primeira prática<br />
preparatória e se quiser mantenha<br />
um pequeno caderno-diário com as sensações<br />
e impressões do que aconteceu.<br />
Faça essa prática todas às noites<br />
ou alternando-as com outras práticas<br />
e certamente o resultado virá com o<br />
tempo.<br />
no que está ao redor.<br />
• Não permita a influência de energias negativas. Não dê força<br />
àqueles que não têm nada e querem que você também não tenha.<br />
• O amor verdadeiro é supremo. Se você não merecer um<br />
mínimo consideração, chame de qualquer coisa, menos de amor.<br />
• Seja digno, não desça nunca. Não exponha a única coisa que<br />
você tem por posse: sua vida. • Respeite para ser respeitado.<br />
• Confie no que você planta e no que você é. A evolução é<br />
individual e solitária por mais que isso possa doer. • Confiança e fé,<br />
são as bases da vida. • Confie em si próprio como o ser transformador<br />
que é. Sempre podemos nos tornar melhores. • o Amor é Incondicional<br />
mas apenas se não for unilateral, esta é a diferença. • e para<br />
encerrar, esta, de um grande amigo e mestre... “se é difícil é porque<br />
é para nós, os melhores” (por Adriano Camargo).<br />
“Andar com fé eu vou.. que a fé não costuma faiá...” Tenho o<br />
TEMPO a meu favor... em mim... minha essencia pura... sou parte<br />
DELE... o TEMPO... Salve minha Mae Oya...
JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010 Página -<strong>11</strong>
Página -12 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010<br />
ADRIANO<br />
CAMARGO<br />
S<br />
alve sagrados irmãozinho e irmãzinha<br />
em Mãe Natureza. Que as bênçãos<br />
vivas de Jurema possam ser<br />
verdadeiras em sua vida!<br />
Muito bem, chegamos a mais um fim<br />
de ano. Natal, <strong>Ano</strong> Novo, promessas, reflexões...<br />
Todos os anos no mês de <strong>dez</strong>embro<br />
nós aproveitamos para das dicas costumeiras,<br />
como ervas para limpeza e descarrego<br />
do ano que passou, abertura de<br />
caminhos para o próximo ano, além de<br />
valiosas dicas sobre organização para a<br />
próxima temporada.<br />
A maioria dos leitores aguarda por essa<br />
matéria, sabedora que é da importância<br />
de entrar o ano bem preparado. Por isso,<br />
além das já consagradas dicas, quero falar<br />
um pouco sobre a regência do ano.<br />
Muitos estudiosos (e outros nem tão<br />
estudiosos assim), fazem previsões para o<br />
ano que entra, qual Orixá regente, qual<br />
planeta e signos favorecidos, enfim, ferramentas<br />
facilitadoras do entendimento do<br />
novo, do rito de passagem, da nova etapa<br />
de doze meses que mexe tanto com a gente.<br />
Mas, como podemos perceber, as opiniões<br />
são muitas e variadas. Cada um prevê<br />
conforme seu prisma, seu ponto de<br />
vista. Quem é de Ifá, verificará no jogo de<br />
búzios e assimilará a resposta. Quem é de<br />
tarô, verificará em seu oráculo o que virá<br />
pela frente. Nós na Umbanda, onde o oráculo<br />
vivo é a mediunidade, ficamos à mercê<br />
das opiniões alheias e acabamos absorvendo<br />
o que melhor nos convém.<br />
Eu gosto muito de partir de um princípio<br />
lógico, racional mesmo, que é a astrologia,<br />
a numerologia (cabalística e pitagórica),<br />
muito além dos achismos que somos<br />
bombardeados todos os dias por pseudo<br />
conhecedores dos oráculos. Geminiano<br />
que sou, não poderia ser diferente. Sempre<br />
busco explicações lógicas para o que “ouço<br />
falar”, alias, é muito comum a gente ouvir<br />
falar de algo que alguém disse em algum<br />
lugar, não é?<br />
ESCOLA DE BARALHO CIGANO<br />
Carmem Romani Sunacai<br />
<br />
Prof.Rose de Souza<br />
2292-8296 / 7874-1060<br />
http://carmemromani.com/<br />
Templo UFFAD<br />
O próximo ano, de acordo com os<br />
especialistas em astrologia, será regido pelo<br />
planeta Mercúrio, esse fantástico astro que<br />
rege os signos de gêmeos e virgem, ligado<br />
aos assuntos do pensamento, comunicação,<br />
raciocínio, informação, e muitos outros.<br />
Na mitologia grega representa Hermes,<br />
o mensageiro entre os mundos. Na<br />
numerologia, 20<strong>11</strong> é um ano 4, que no<br />
tarô é a carta do imperador.<br />
Um ano de realizações concretas, ou<br />
seja, a colheita. Um ano ligado à natureza<br />
também. As situações cotidianas, aqueles<br />
probleminhas do dia a dia que insistem em<br />
aparecer podem ser acentuados para uma<br />
solução mais assertiva.<br />
Por associação, podemos chegar a<br />
vários orixás presentes na energia de 20<strong>11</strong>.<br />
Sendo mercúrio o mensageiro e o comunicador,<br />
encontramos os Orixás Exu e Oxóssi<br />
(comunicação, fala, expressão, velocidade),<br />
além de Oxumaré (a renovação e flui<strong>dez</strong>)<br />
e para os culto de nação Ibeji (os<br />
gêmeos), Logun <strong>Ed</strong>é – vibração de Oxóssi<br />
e Oxum, e o sagrado e poderoso Ossayn<br />
– Orixá das folhas e do axé vegetal nos<br />
candomblés.<br />
Muito alem de dar aqui a regência exata<br />
do ano, quero com essas pequenas informações<br />
apenas traçar uma linha que poderá<br />
nos conduzir aos nossos melhores resultados<br />
em 20<strong>11</strong>.<br />
Vamos encerrar o ano de 2010 com<br />
banhos e defumações de descarrego que<br />
esvaziem os acúmulos energéticos do período<br />
anterior, deixando a casa livre e desimpedida<br />
para receber o novo. Abusem<br />
das cascas de alho e cebola, dandá da<br />
costa, folhas de cana e folhas de bambu ,<br />
quebra pedra, pau tenente, angico e mutamba<br />
(açoita cavalo).<br />
Oferende Exu, Pomba Gira e Mirins<br />
sobre a folha da bananeira, não que seja<br />
uma folha específica desses mistérios, mas<br />
sobre a folha da bananeira “Eles” desencadeiam<br />
em nós e para nós a segurança e<br />
Formando<br />
turma para TEOLOGIA DE UMBANDA<br />
Rua Mohamed Ibrahim Saleh, 422 -<br />
Nova São Miguel Paulista - SP<br />
Tel: (<strong>11</strong>) 2956-4881<br />
proteção necessárias para a absorção do<br />
magnetismo adequado ao novo ano. Sigam<br />
as orientações sobre oferendas no<br />
livro Rituais Umbandistas de Rubens Saraceni<br />
– <strong>Ed</strong>itora Madras. Ao oferendarem<br />
esses mistérios á esquerda, não esqueça<br />
de por um pedaço de fumo de corda<br />
também.<br />
A preparação para a entrada do ano<br />
pode ser feita com banhos e defumações<br />
com folhas de graviola, capim cidreira,<br />
samambaia, alecrim, calêndula, folhas de<br />
louro, folhas de abacateiro, que devem<br />
ser usadas não somente antes da virada<br />
do ano, mas na primeira semana de 20<strong>11</strong><br />
também, pelo menos uma vez.<br />
Os grãos e sementes mais adequados<br />
para compor a mesa de réveillon, ou<br />
colocados no seu altar, podem ser o grão<br />
de bico, a ervilha, o milho seco, o feijão<br />
fradinho, a soja, o trigo, e o anis estrelado.<br />
Vale muito, para quem tem casas religiosas<br />
(centros, terreiros,etc), na virada<br />
do ano abrir uma mandala com sete grãos<br />
colocados em cima de sete folhas de taioba<br />
(um punhado de grão em cada folha dispostas<br />
em forma circular), com três<br />
velas de sete dias no centro desse<br />
círculo, em triângulo – uma branca<br />
em cima, uma verde e uma cor de<br />
rosa na base. Pedindo a força viva<br />
de Oxóssi e Jurema para abertura<br />
de caminhos, prosperidade e saúde<br />
e principalmente crescimento<br />
espiritual e material.<br />
Se puderem, oferendem Oxóssi<br />
na mata com sete frutas diferentes,<br />
sete sementes, e sete raízes, três velas<br />
verdes, três velas cor de rosa, uma<br />
vela branca, flores do campo, suco<br />
de milho com cerveja branca, um<br />
pedaço pequeno de fumo de corda<br />
e farinha de milho. Se quiser, coloque<br />
em torno de uma moranga levemente<br />
cozida, aberta e regada de<br />
mel, isso mesmo, podemos sim<br />
oferendar Oxóssi com mel!<br />
Leve no ato da oferenda, um ou mais<br />
vasos com flores, peça que seja abençoado<br />
pelo sagrado pai Oxóssi, seu poder divino<br />
e suas forças naturais, e traga para sua<br />
casa. Leve frutas a mais também para trazer<br />
de volta.<br />
Vale lembrar que os medos do dia a<br />
dia, a preocupação com o futuro, o transito<br />
infernal, as dificuldades financeiras e de<br />
relacionamento, tomam o tamanho e a<br />
proporção que damos a eles.<br />
Potencialize os sentidos positivos. O<br />
mesmo trabalho que seus mentores espirituais<br />
tem para lhe indicar um bom caminho,<br />
é o dos obsessores para lhe tirar dele.<br />
Dê atenção a quem pode te ajudar a evoluir,<br />
dê valor aos bons pensamento e boas<br />
intuições.<br />
Ofereça o que há de melhor em você.<br />
Sorria, agradeça, perdoe, seja generoso<br />
na matéria e no espírito. Dôe tempo a quem<br />
precisa, doe matéria a quem precisa, limpe<br />
seu guarda roupas, descarte o que você<br />
não precisa mais. Renove. Ouse. Seja feliz.<br />
Falando em ousadia, vou eleger uma<br />
erva para o ano de 20<strong>11</strong>: É o Abre<br />
Caminho – Lygodium volubile Sw.<br />
Essa poderosa erva trepadeira, é nativa<br />
e muito abundante na mata atlântica e faz<br />
jus ao nome popular: abre caminho.<br />
Entendemos “abrir caminhos” como<br />
melhorar o astral a ponto de aproveitar as<br />
oportunidades que acontecem e, às vezes<br />
estamos tão envolvidos com os problemas<br />
cotidianos que não as percebemos. Literalmente<br />
atrair a boa sorte.<br />
Nossa capa:<br />
A imagem publicada<br />
na capa desta edição,<br />
é uma reprodução de<br />
umas das obra da<br />
pintora mexicana<br />
FRIDA KHALO<br />
(1907-1954): o quadro<br />
“Love Embrace”<br />
(1949). Para a artista,<br />
as cores possuaim um<br />
significado particular:<br />
Para ela, amarelo significava loucura. O verde tépida e<br />
boa luz. O vermelho “Sangue, talvez, quem sabe!”<br />
Melhora o ânimo para a solução das<br />
dificuldades do dia a dia. Um verdadeiro<br />
levantador de astral.<br />
Pela sua capacidade expansora,<br />
também é usado na cabeça, na forma de<br />
“coroa”, para iniciação (coroação) de<br />
médiuns.<br />
Os nomes chamados genéricos – abre<br />
caminho, abre tudo, quebra demanda, etc.,<br />
vem sendo usados há muito tempo como<br />
forma de definir energeticamente o padrão<br />
de funcionamento de uma erva. Deve-se<br />
tomar cuidado com a definição da erva a<br />
ser usada e sua procedência para não sermos<br />
enganados por pessoas mal intencionadas<br />
que só procuram comercializar<br />
alguns “matos” sem critério.<br />
Sinônimos populares: samambaia<br />
abre caminho<br />
Indicações ritualísticas: Como o<br />
nome diz, uma excelente abridora de<br />
caminhos.<br />
Ação (verbos): abrir, motivar,<br />
expandir, direcionar, habilitar<br />
Cor energética: verde claro<br />
Orixás principais: Oxóssi e Ogum<br />
È isso ai turminha, muito obrigado por<br />
mais um ano, muito obrigado por tudo.<br />
Bençãos de Mamãe Jurema em nosas<br />
vidas! Um ótimo Natal e um 20<strong>11</strong> de muitas<br />
ervas e conhecimento!<br />
Adriano Camargo – O Erveiro da<br />
Jurema - (<strong>11</strong>) 4177-<strong>11</strong>78<br />
www.erveiro.blogspot.com<br />
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JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010 Página -13<br />
J<br />
á fui um daqueles que discriminavam os<br />
umbandistas; chamava de macumbeiros.<br />
Eu, quando bem jovem, abria champanhe<br />
que ofertavam a Iemanjá na praia e bebia<br />
dando risada. Eu não acreditava que se<br />
incorporassem espíritos, achava tudo uma<br />
grande fantasia.<br />
É... eu era igual aqueles que me recriminam<br />
hoje. Como posso eu hoje falar de<br />
quem me repudia por ser Umbandista? Tenho<br />
realmente que me resignar, perdoar, e<br />
muitas vezes me calar.<br />
Me pergunto por quê, justo eu, um descrente,<br />
um jovem que consumiu drogas, bebeu<br />
e cometeu tantos pecados, uma pessoa<br />
torta, sem a devida cultura, sem a necessária<br />
moral, Por quê fui arrebatado para o trabalho<br />
espiritual?<br />
Confesso. Entrei num terreiro de Umbanda<br />
por querer me livrar dos vícios; à procura<br />
de alívio para os meus conflitos. Procurei<br />
um terreiro de Umbanda porque não me<br />
livrava dos maus pensamentos, dos vícios,<br />
drogas e bebida.<br />
“VÍCIOS” eu disse.O vício maior é o<br />
desvio de caráter e de conduta. Tive ciência<br />
através da UMBANDA sobre o que sentia:<br />
Era obsediado por espíritos do baixo astral.<br />
Freqüentava um centro Kardecista desde<br />
pequeno levado por um médium muito<br />
amigo de minha mãe. Era ele quem insistia<br />
que eu tinha que freqüentar as mesas kardecistas,<br />
mas, para minha surpresa, depois<br />
de anos dentro de um centro espírita ele<br />
vem e me diz: “Antonio tem um terreiro de<br />
Umbanda lá perto da praça do Largo. Eu fui<br />
lá e é muito bom. Você tem de ir lá o mais<br />
rápido possível. Se não der certo lá, vá em<br />
outro até você encontrar o seu lugar.<br />
Não gostei da idéia de me envolver com<br />
aqueles macumbeiros. Mas fui numa quinta<br />
feira, e lá me defumaram, rezaram... achei<br />
legal, não havia tambores. Pensava que era<br />
de outro jeito.<br />
Fui atendido por um senhor negro que<br />
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me disse que estava compromissado em<br />
ajudar. Me falou que quando sentisse necessidade<br />
chamasse mentalmente pelo seu<br />
nome, CABOCLO TABAJARA.<br />
- Ué! – estranhei, - eu não disse nada,<br />
não pedi nada.<br />
Ele me disse calmamente: “Filho nunca<br />
entre nestes lugares que cobram para fazer<br />
caridade. Você não pode frequentar estes<br />
lugares, caridade é caridade”.<br />
Depois, me enfumaçou com um charuto,<br />
bateu com um maço de folhas por todo o<br />
meu corpo e pediu que eu acendesse uma<br />
vela branca por sete dias e oferecesse ao<br />
anjo da guarda. Bom, até aí, nada demais,<br />
e eu até gostei.<br />
Resolvi voltar outras vezes e só depois<br />
de alguns meses percebi que já não tinha<br />
aqueles desejos que conflitavam com o meu<br />
“EU”. Começava a refletir sobre mim mesmo,<br />
conversava sozinho e obtinha respostas.<br />
Comecei a sentir uma vibração uma<br />
energia, me desequilibrava quando tomava<br />
os passes. Cheguei a comentar com minha<br />
esposa, que me disse que eu estava “influenciável”.<br />
Um dia fui ao terreiro e estava fechado.<br />
Nunca mais abriu. Procurei outro, mas demorei<br />
a encontrar. Depois de 3 anos encontrei<br />
um dos bons, bem indicado quando o<br />
encontrei. Fui feliz e levei comigo minha filha<br />
mais velha, na época com 10 anos.<br />
Quando chegou a minha vez entrei radiante,<br />
feliz. “Que bom reencontrar esta corrente<br />
e agradecer por ser algo melhor hoje<br />
do que fui outrora”.<br />
Diante da entidade que me assistia, do<br />
nada, aconteceu um fenômeno mediúnico:<br />
Minha mente parecia turva, meu corpo se<br />
curvou. Uma energia passava pelo meu<br />
braço direito e era absorvida pelo chão. Eu<br />
tentava me pôr ereto e não conseguia.<br />
Lutava contra o meu próprio corpo. Eu ouvia<br />
a mim mesmo falar; mas não era eu! Eu estava<br />
ao lado de mim. Travou-se uma conversa<br />
entre as entidades ali presentes e eu não<br />
entendia nada. Não conhecia aqueles termos,<br />
aquela linguagem. Quando voltei a mim,<br />
parecia que foram segundos, mas soube que<br />
durara muito mais.<br />
Me deram água, conversaram comigo,<br />
mas eu não ouvi nada. Só queria estar o<br />
mais longe possível daquele lugar, e rápido!<br />
Minha filha chorava calada na cadeira.<br />
Naquele dia eu jurei que nunca mais entraria<br />
num terreiro de Umbanda.<br />
Mas, na outra semana lá estava eu. A<br />
curiosidade sobre o fenômeno acontecido<br />
foi maior que o medo.<br />
Após muito pensar fui entrando, entrando;<br />
aceitei o convite entrei para a corrente.<br />
Fui batizado; e comecei o meu desenvolvimento<br />
dentro dos trabalhos de Umbanda. Vi<br />
e vivenciei coisas maravilhosas, porém, me<br />
faltava o entendimento do que acontecia e<br />
fui em busca de conhecimento e de respostas<br />
que não tinha.<br />
Saí deste terreiro e retornei logo após.<br />
Neste meio tempo fui estudar Teologia de<br />
Umbanda e Magia Divina, com este irmão ,<br />
mestre e amigo Alexandre Cumino. Não satisfeito,<br />
frequentei por dois anos consecutivos<br />
o curso de Teologia e mais um pouquinho<br />
neste terceiro ano.<br />
Aconteceu que no astral me confiaram<br />
uma tarefa de suma responsabilidade, que<br />
me esforço em realizar todos os dias. Hoje<br />
eu sei que fui levado pelos mentores espirituais.<br />
Sou alertado todos os dias pelos meus<br />
santos anjos das qualidades divinas que<br />
devo mirar. E não me esqueço de como eu<br />
era, e vislumbro como deverei ser um dia.<br />
O tempo corre diferente hoje: Calmo e<br />
sereno, sou um dos moços de cabelos brancos<br />
com os olhos brilhando como uma criança que<br />
vê o mar pela primeira vez, sentado nas fileiras<br />
do conhecimento. Sinto hoje a Umbanda em<br />
minha vida plena e pela eternidade.<br />
Antonio Bispo (médium, leitor, aluno, aprendiz).<br />
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Página -14 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010
JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010 Página -15<br />
Este texto foi extraído da Coluna Panorama<br />
do site www.santuariodaumbanda.com.br<br />
por Maria Aparecida Calamari Linares<br />
N<br />
o último dia 09 de novembro de<br />
2.010, com início às 20hs, foi<br />
realizado no auditório do Hospital<br />
Santa Catarina (na Av. Paulista) um<br />
importante encontro inter-religioso<br />
patrocinado pelo MOFIC (Movimento de<br />
Fraternidade de Igrejas Cristãs) e a Casa<br />
de Reconciliação.<br />
Fazem parte do MOFIC as igrejas:<br />
Apostólica Armênia, Católica Romana,<br />
Episcopal Anglicana, Evangélica de<br />
Confissão Luterano no Brasil, Ortodoxa<br />
Antioquina e Presbiterianas Unida.<br />
A Casa de Reconciliação - católica<br />
romana - dirigida pelo Padre José Bizon,<br />
tem por objetivo aproximar as diferentes<br />
confissões religiosas num movimento<br />
inter-religioso que visa maior compreensão<br />
e harmonia inter-religiosa, respeitando<br />
direitos e opiniões de pessoas que,<br />
mesmo praticando outras religiões, respeitam<br />
e adoram ao mesmo Deus, Pai de<br />
todos nós.<br />
Mas seria a Umbanda uma religião<br />
cristã? Não nos resta a menor dúvida<br />
quanto a origem cristã da Umbanda:<br />
1. Todas as casas nascidas da Ten-da<br />
Nossa Senhora da Piedade (a primeira<br />
de Pai Zélio de Moraes) traziam o nomes<br />
de san-tos católicos; 2. Todo nosso<br />
calendário litúrgico co-in-cide com o<br />
calendário católico ro-mano; 3. Nossos<br />
altares são praticamente altares<br />
católicos, com os santos principais do<br />
catolicismo sincretizados com os orixás<br />
africanos; 4. Todos os umbandistas<br />
mantêm o maior respeito para com Sua<br />
Santidade o Papa.<br />
Mas como e por que Pai Ronaldo foi<br />
convidado a participar desse encontro<br />
inter-religioso?<br />
O convite foi formulado pelo Pe.<br />
Bizon da Casa de Reconciliação ao Pai<br />
Ronaldo por sua credibilidade, quer da<br />
FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE<br />
“ABC”, quer do SANTUÁRIO NACIONAL<br />
DA UMBANDA, ambos sempre citados<br />
como instituições exemplares, além de<br />
serem obras para as quais Pai Ronaldo<br />
dedicou mais de 50 anos de seus mais de<br />
sessenta anos de vida sacerdotal.<br />
Qual o objetivo desse<br />
encontro? O encontro teve por<br />
tema: “Vocês não podem ser-vir<br />
a Deus e ao dinheiro! ” Mateus<br />
c.6, v.24.<br />
“Economia a serviço da vida”<br />
é parte da campanha da fraternidade<br />
da C.N.B.B. que todos os<br />
anos desenvolve programa para<br />
reduzir a fome e a miséria no<br />
Brasil e nós, umbandistas de<br />
verdade, não podemos cruzar os braços,<br />
mas sim mergulhar de corpo e alma,<br />
fazendo todo o possível para estar ao<br />
lado de quem luta contra a pobreza.<br />
A propósito, vale lembrar que a<br />
presidente eleita Dilma Roussef tem como<br />
compromisso de campanha ERRADICAR<br />
a miséria em seus quatro anos de<br />
governo. ROGAMOS A DEUS, SENHOR<br />
DE NOSSOS DESTINOS, para que esse<br />
nobre objetivo seja alcançado.<br />
A cerimônia teve a participação do<br />
economista Thomaz Ferreira Jensen (do<br />
DIEESE), que fez um balanço da situação<br />
fundiária do país mostrando o enorme<br />
desequilíbrio entre os proprietários de<br />
terras. Lembrou que no Brasil 300<br />
proprietários são donos de uma área<br />
superior a todo o Estado de São Paulo,<br />
reforçando a necessidade de limitar a<br />
aquisição de terras por grupos<br />
econômicos estrangeiros.<br />
Ao término da palestra do<br />
economista, Sua Eminência, o Cardeal<br />
Arcebispo de São Paulo Dom Odilo Pedro<br />
Scherer usou a palavra para em seguida,<br />
num breve ritual simbólico, depositar<br />
algumas sementes de girassol numa<br />
pequena jardineira, simbolizando que<br />
todos devemos participar dessa<br />
campanha da fraternidade contra a fome<br />
e a miséria. Este gesto que foi<br />
posteriormente repetido por todas as<br />
dignidades eclesiásticas presentes.<br />
Todos trouxeram palavras de<br />
estímulo à fraternidade e repetiram o<br />
gesto de espargir as sementes. Pai<br />
Ronaldo foi muito feliz em sua fala<br />
lembrando que ao semear aquelas<br />
sementes esperava também estar<br />
semeando o amor no coração de todos,<br />
sendo muito aplaudido.<br />
Estiveram presentes nessa cele-<br />
Bispo da Diocese Anglicana de<br />
SP - Bispo Roger D. Bird<br />
Cardeal Arcebispo de São Paulo<br />
Dom Odilo Pedro Scherer<br />
bração os seguintes líderes religiosos:<br />
• Dom Odilo Pedro Scherer – Car-deal<br />
Arcebispo de São Paulo; • Dom<br />
Damaskinos Mansour – Arcebispo da<br />
Igreja Ortodoxa Antioquina • Bispo<br />
Ro-ger D. Bird – Bispo da Diocese<br />
Anglicana de São Paulo; • Pastor<br />
Mathias Tolsdorf – da Igreja Evangélica<br />
de Confissão Luterana no Brasil; •<br />
Mon-ge Josbim – da Tradição Zen Budista<br />
– Representando a Monja Coen; •<br />
Babalaô Ronaldo Antonio Linares –<br />
presidente da FEDERA-ÇÃO UMBAN-<br />
DISTA DO GRANDE “ABC” – mantenedora<br />
do SANTUÁRIO NACIONAL DA<br />
UMBANDA; • Sr. Afonso Moreira Júnior<br />
– da Federação Espírita do Estado de<br />
São Paulo; • Sr. Mustafá Goktepe –<br />
Mulçumanos Turcos, da Associação de<br />
Jornalista e Escritores da Turquia; •<br />
Swami Nirmalatmananda – Monge Hindu<br />
da Ordem Ramakrisna da Índia; • Pe.<br />
Demetrius – Igreja Ortodoxa Grega; •<br />
Pe. Yeznig – da Igreja Apostólica<br />
Armênia; • Pe. José Bizon – da Casa de<br />
Reconciliação; • Rabino Henry I. Sobel –<br />
Tradição Judaica; • Palestrante: Thomaz<br />
Ferreira Jansen – Economista do DIEESE.<br />
Para maior beleza do evento,<br />
aconteceu uma belíssima apresentação<br />
musical do Coral Resistência de Negros<br />
Evangélicos, sob a condução do Maestro<br />
Moisés da Rocha. Como cristãos-umbandistas<br />
que somos, desejamos que o<br />
espírito da fraternidade encontre guarida<br />
em todos os corações fazendo com que<br />
se empenhem por todos os meios para<br />
que a Campanha da Fraternidade<br />
alcance seus reais objetivos.
Página -16 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - DEZEMBRO/2010