UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Um dia da minha vida<br />
Tínhamos de fazê-lo se nom queríamos que os carcereiros o<br />
figessem por nós a primeira hora da manhá. Nom era nada<br />
agradável que te despertassem salpicando os conteúdos de<br />
um penico por toda a cela. Nom havia muito que baldear<br />
porque já os esvaziáramos havia umhas horas. Aniquei-me<br />
junto à porta e tentei deitar todo fora. Quando acabei, sentei<br />
outra vez no colchom para descansar. Estava esgotado<br />
e sem fôlegos, o que experimentava o mal estado físico em<br />
que me achava, cansava em seguida. Aguardei polo isqueiro<br />
aceso que me ia dar lume para o cigarro. Ainda tivéramos<br />
sorte com os pitos. Se o carcereiro chega aparecer um par<br />
de minutos antes, apanhava-nos com todo o choio.<br />
Seán petou na parede.<br />
—Aí che vai, <strong>Bobby</strong>!<br />
Sabia a que se referia. Tirei a mao pola janela para aga-<br />
rrar a corda que abalava, com o isqueiro aceso num extremo.<br />
Apanhei-no e acendim o cigarro.<br />
—Aí tés, Seán!<br />
—Manda-mo —respondeu, e voltei-lhe a passar a corda.<br />
Bateu à parede do outro lado para passar o isqueiro aos<br />
companheiros. Eu deitei-me no colchom a fumar o meu cigarro.<br />
Era um alívio poder deitar-se e desfrutar de algumha<br />
distraçom, sem o temor de que a porta se abrisse de golpe.<br />
Nom guardavam as chaves das portas nos Módulos H. Os<br />
companheiros da outra galeria podiam ver se aparecia algum<br />
carcereiro com chaves e dar o alarme.<br />
—No pátio, mouros na costa! —berrárom, mas nom<br />
havia por que se preocupar, se nom estavas a mandar o<br />
carro pola janela justo nesse momento. Os carcereiros esta-<br />
97