UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
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Um dia da minha vida<br />
manchavam o chao. O carrinho da ceia estava na porta da<br />
cela de registo. Passei por diante dele e reparei na fina película<br />
que se formara sobre o chá gelado. As fatias de pam<br />
apiadas estavam cambadas e ressessas. Em cada prato havia<br />
um pedaço de carne que queria ser umha hamburguesa e<br />
uns vinte feijons.<br />
Entrei na cela de registo e a vista de C e D fijo-me esquecer<br />
a comida de golpe. Enquanto caminhava diante do<br />
carcereiro que me escoltara, fora quem de mexer o pacote<br />
na boca e tragar saliva, mas agora voltava a ter a gorja seca.<br />
Comecei a tirar a roupa, mais dous minutos e estaria a<br />
salvo, só dous minutos... Tirei as calças e pugem a toalha<br />
arredor da cintura outra vez. Nom acabara de enrolá-la<br />
quando D dixo: «Tira a toalha e dá a volta!». Figem o que<br />
me mandara, aguardando pola ordem de me dobrar, mas<br />
surpreendentemente nom aconteceu nada. Agarrei a toalha<br />
e enrolei-na outra vez na cintura enquanto caminhava para<br />
a porta. Agora saberia se o conseguira ou nom. Saím da cela<br />
à espera de que me detivessem outra vez para buscar o pacote,<br />
mas nom dixérom nada. Quase nom podia acreditar.<br />
A dixo em tom burlom:<br />
—Vai levando a tua ceia para a cela, nom vaia ser que<br />
se arrefeça...<br />
A C e a D pareceu-lhes muito engraçado. Os zeladores<br />
escaralhavam-se.<br />
Ignorei-nos e apanhei um prato e um copo, reparando<br />
outra vez no cotroso da ementa.<br />
Avancei polo corredor que já estava seco no meu lado.<br />
O carcereiro, que manejava a máquina, já quase acabara de<br />
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