UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Bobby</strong> <strong>Sands</strong><br />
va um silêncio inquietante, nem umha brisa, nem o canto<br />
de um pássaro... Também em Belsen nom tinham motivos<br />
para cantar. Atravessei a porta do inferno.<br />
Cruzei o pátio até a porta principal do módulo. Os<br />
companheiros da outra galeria estavam debruçados nas<br />
suas janelas à minha esquerda. As luzes estavam acesas em<br />
algumhas celas, o resto estavam sumidas na escuridom. As<br />
celas iluminadas pareciam pequenas furnas, com os seus<br />
habitantes envoltos em cobertores esfianhados. Davam um<br />
pouco de medo, com as barbas compridas e as caras pálidas,<br />
fitando-me por trás das grades de cemento. Nas celas que<br />
estavam a escuras distinguiam-se algumhas sombras a se<br />
mexerem.<br />
—Como vai, <strong>Bobby</strong>? —berrou um dos rapazes. Nom<br />
podia responder e saudei com a mao, sentindo-me um pouco<br />
imbecil.<br />
—Já nom fica muito! —berrou outro.<br />
Começárom a fazer brincadeiras e a olhar polas janelas.<br />
Olhei à minha direita, à parte da H em que estava a minha<br />
galeria. Ali nom havia janelas, nem sinal de luz. Todo o<br />
exterior da galeria estava cercado com a estrutura de madeira<br />
e ferro que tapava a luz e as vistas. Graças a Deus,<br />
ainda nom chegaram ao outro lado da galeria, onde estava<br />
a minha cela, mas pouco lhes faltava.<br />
Entrei no módulo e aguardei diante das grades de ferro,<br />
o meu escolta nom solicitado desapareceu. Passárom-me<br />
de umha grade à outra, até que A apareceu e me fijo entrar<br />
no meu módulo. Por todo o corredor ecoava o exasperante<br />
ruído da máquina que aspirava as poças de urina que ainda<br />
80