UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Bobby</strong> <strong>Sands</strong><br />
Cabrons, pensei. Nem sequer me pediram que abrisse<br />
a boca, nom lhes interessava tanto registarem-me como<br />
humilharem-me.<br />
Saím da cela, vestido e deprimido, tomando nota mental<br />
de que nom me examinaram a boca e lembrando-me<br />
que o pior ainda estava por vir. Fechárom-me entre as duas<br />
grades da entrada da galeria. Apresentava um aspeto desolador:<br />
a cara suja, as grenhas e a barba emaranhadas,<br />
levando um uniforme de preso vários números mais grande...<br />
mas nom me importava, quanto antes o pudesse tirar<br />
melhor, que se foda o meu aspeto! Estavam-me a torturar e<br />
nom a fazer-me a manicura. Chegou um carcereiro e abriu<br />
a grade, fora aguardava outro para me acompanhar ao centro<br />
de visitas. Conduziu-me fora e meteu-me dentro de um<br />
furgom com as janelas cegadas que aguardava à porta do<br />
pátio, com o motor aceso e o escape a cuspir fume na escuridom.<br />
Tremim ao sentar no banco duro que tinha por<br />
assento. Tinha a esperança de que mais algum companheiro<br />
dos outros módulos estivesse dentro, também aguardando<br />
para ir à sua visita, mas estava vazio e escuro. O carcereiro<br />
que me escoltava subiu à parte traseira e fechou a porta,<br />
deixando-me na escuridom total.<br />
«Dá-lhe!» berrou, e o condutor arrincou o furgom. Saímos<br />
pola porta principal dos Módulos H, a porta principal do<br />
Inferno. O carcereiro cagou-se na porta, que estava solta, e segurou-na<br />
para evitar que se abrisse. Pretendia dar-me conversa:<br />
—Quanto tempo levas com o protesto do cobertor? —<br />
perguntou, e de seguida acrescentou: —Nom crês que já é<br />
hora de deixá-lo?<br />
64