UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
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Um dia da minha vida<br />
Tocou o telefone. Estiquei o corpo, aguardando para<br />
escuitar as cobiçadas palavras. O carcereiro que estava ao<br />
começo da galeria chamou por A. Aí vai, pensei excitado,<br />
e sentei outra vez, aguardando com impaciência. Os minutos<br />
duravam umha eternidade e nom vinha ninguém<br />
para me confirmar que a minha visita chegara. Cinco minutos<br />
já! Agora dez minutos... Por fim escuitei o tilintar<br />
das chaves e os passos que se aproximavam. A chave soou<br />
na fechadura e a porta abriu-se. Encontrei-me de frente<br />
com C e D.<br />
—Tés visita, escória —soltou o primeiro, com a voz<br />
destilando ódio. Se por ele for, poria-me contra a parede e<br />
daria-me um tiro na cabeça. Erguim-me do colchom, deixei<br />
os cobertores no chao e envolvim-me numha toalha. Saím<br />
ao corredor cheio de mijos.<br />
Fazia mais calor no corredor que nas celas, notei-no de<br />
seguida. Caminhei entre o rio de urina até a cela do fundo,<br />
onde guardavam os uniformes da prisom. A visita era o<br />
único momento em que aceitávamos pô-los. Olhei para a<br />
minha volta e apanhei o uniforme que tinha mais perto.<br />
Estava prestes a pôr a camisa quando D dixo: «Tira a toalha<br />
e pom-te acima do espelho». Assinalava um espelho<br />
grande que estava no chao. Figem o que me dizia. Entom<br />
dixo-me que me inclinasse para frente e tocasse as pontas<br />
dos pés. Neguei-me. Chamárom por A e, quando chegou,<br />
agarrárom-me entre os três e obrigárom-me a inclinar-me.<br />
A e D seguravam-me enquanto C inspecionava o meu ânus.<br />
Depois de vários segundos soltárom-me. Erguim-me e comecei<br />
a vestir-me.<br />
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