UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
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<strong>Bobby</strong> <strong>Sands</strong><br />
Só Deus sabe quantos de nós passárom por essa tortura.<br />
O coitado Pee Wee e os outros dous rapazes ham de estar a<br />
passar por isso agora mesmo. Quantos mais ham de ir depois?<br />
E quanto tempo vai transcorrer até que se lhes vaia a mao e<br />
matem um de nós a paus? Quando vai rematar todo isso...?<br />
Voltei a sentar no colchom. Já estava bem entrada a<br />
tardinha e comecei a preocupar-me. Onde estava a minha<br />
visita? Sentei à espreita, desejando que o telefone do final<br />
da galeria soasse de umha vez para que A avisasse de que<br />
chegara a minha família. Comecei a esfianhar um dos meus<br />
cobertores nojentos e a trançar os fios para passar o tempo,<br />
figem umha corda comprida que oxalá precisasse mais<br />
tarde. Pola janela aberta entrárom as primeiras folerpas de<br />
neve, anunciando umha nevarada intensa. A luz da tardinha<br />
apagava-se pouco a pouco. A brisa da tarde trouxo o<br />
grasnido dos corvos que regressavam a casa dos campos<br />
dos arredores. Levantei-me e fum para a janela, olhei os<br />
corvos afastarem-se na distância e os milhares de luzes iluminando<br />
as vizinhanças dos arredores à medida que se iam<br />
acendendo. A paisagem ante os meus olhos converteu-se<br />
numha cheia de luzes brilhantes que se refletiam na aramagem<br />
coberta de neve e a faziam cintilar. A luz do dia<br />
invernal apagou-se e o exterior sumiu-se na escuridom. Fazia-se<br />
tarde. Agachei a corda trançada com fio num buraco<br />
do colchom, enquanto sentia como o pânico se ia apoderando<br />
de mim. Comecei a especular e a me perguntar que<br />
lhe acontecera à minha visita. Haviam de ser as 16:30 como<br />
pouco. O que acontecera?<br />
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