UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Bobby</strong> <strong>Sands</strong><br />
nom fosse muito mau. Abriu-se a porta. Nem olhei para<br />
eles. Esvaziei o penico no chao, espargindo os conteúdos ao<br />
fazê-lo, e preguei para que nom alcançassem as suas putas<br />
botas reluzentes. Voltei atrás com a cabeça alta, aguardando<br />
umha pancada que nunca chegou. Fitei-nos. C e D estavam<br />
bêbedos. A sorria, como sempre. O zelador começou a empurrar<br />
o charco no interior da cela, enchoupando bem a<br />
parte de abaixo e os laterais do colchom antes de se retirar.<br />
Fecharam a porta. Levantei o colchom nojento e comecei<br />
a escorrer os mijos. Depois pugem-me a raspar e esfregar<br />
o chao, para deitar por debaixo da porta a poça que se formara.<br />
Era um processo lento, porque o espaço entre a porta<br />
e a parede era mínimo e a urina escoava por debaixo com<br />
muito trabalho. Fora andavam a esvaziar os penicos. O balde<br />
rangia anunciando o perigo. De vez em quando o som<br />
de um chorro delatava outro penico esvaziado no corredor.<br />
A tensom era insuportável.<br />
E por fim sucedeu. De repente, umha explosom de ruídos,<br />
berros e laídos cheios de carragem. O balde emborcou<br />
com um ruído metálico e umha chuva de golpes retumbárom<br />
na galeria. Sentim o som de algumha cousa que parecia<br />
umha cabeça golpeada contra as tubagens. Lancei o penico<br />
ao chao e olhei pola fenda. Umha voz berrava «Dá-lhe<br />
bem!» Continuárom os golpes até que escuitei A berrar «Já<br />
chega!». Vários carcereiros achegárom-se correndo do outro<br />
extremo da galeria, chapuzando nas poças de mijos que<br />
assolagavam o corredor.<br />
«Pede um furgom para o módulo de castigo», berrou D<br />
com o seu tom odioso. Escuitei mais golpes, patadas e risos<br />
52