UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
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<strong>Bobby</strong> <strong>Sands</strong><br />
Tentei aproveitar ao máximo a refeiçom fria, comendo<br />
todo o que podia, o que supunha um grande esforço, e depois<br />
botei os sobejos no recuncho com o resto do lixo e os<br />
excrementos.<br />
Rematou The Sash My Father Wore e de ali a um pouco<br />
começárom a abrir-se as portas ao berro de «Recolhida<br />
de pratos», que retumbou por toda a galeria. Voltei-me a<br />
erguer e continuei a caminhar, sem incomodar-me em dar<br />
umha vista de olhos pola fenda da porta. Seguírom o seu<br />
caminho, recolhendo os pratos cela por cela. Escuitei Seán<br />
dizer ao seu vizinho que avisasse o O.C. de que lhes ia pedir<br />
papel higiénico 13 aos carcereiros.<br />
Pensar na visita da tarde ajudou-me a controlar a minha<br />
xenreira. A excitaçom que sentia só de pensá-lo chegou-me<br />
até as entranhas e as minhas tripas, que levavam cinco dias<br />
entupidas, começárom a protestar.<br />
A comitiva chegou à porta de Seán.<br />
—Senhor, poderiam-me dar um pouco de papel de tigre?<br />
—Limpa-te com a mao —soltou C, e fechou a porta de<br />
golpe.<br />
Pareceu-lhes umha ocorrência muito engraçada e carcereiros<br />
e zeladores fartárom-se a rir. Ainda se estavam a<br />
esmendrelhar quando abrírom a minha porta e recolhêrom<br />
o prato. Nom dixérom nada da minha dose, só B comentou<br />
«essa foi boa, C!» e voltárom a rir todos.<br />
—E tam boa, C! Escaralho-me contigo! —fechárom de<br />
um golpe.<br />
A C encantava-lhe humilhar-nos. Polo menos B tinha<br />
desculpa, nom lhe dava o cérebro para mais. A também des-<br />
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