UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
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Um dia da minha vida<br />
Agora iam-no banhar à força e iam-lhe cortar o cabelo.<br />
O que queria dizer que iam bater nele até o fazer puré e<br />
seria a terceira vez no que ia de dia.<br />
No corredor havia um silêncio sepulcral. Aquela atmosfera<br />
abafante e a tensom ficárom connosco o resto da<br />
manhá.<br />
«Havemos-te de apanhar, C» dixem para mim «Vá-las<br />
pagar todas juntas», e nom falara tam a sério em toda a<br />
minha vida.<br />
Continuava a tremer, mas nom me mexim do meu posto<br />
de vigilância na fenda da porta por se decidiam volver<br />
e fazer o mesmo com outro preso. Escuitei no escritório,<br />
rindo e gabando-se do espancamento que lhe deram a Pee<br />
Wee. O que acontecera já estava a chegar a ouvidos do O.C. 10<br />
do módulo. B arrastava um balde e berrava a C algumha<br />
cousa sobre esvaziar o lixo das celas, mais que nada para<br />
que todos o escuitássemos. Iam entrar nas celas e espargir<br />
a merda dos penicos polo chao. Nom os podíamos esvaziar<br />
polas janelas ou por debaixo da porta até a noite, mas o<br />
único que queria B era provocar os rapazes. O que mandava<br />
era A, pode que ele nom quigesse arriscar-se, sabia que os<br />
companheiros estavam cheios de carragem depois do que<br />
figeram a Pee Wee e podia haver problemas. Ademais, ainda<br />
nom meteram os colchons e os cobertores nas zelas para<br />
que se pudessem enchoupar com os mijos e a merda. Fiquei<br />
a pensar nos cobertores e no frio que ia até que escuitei os<br />
zeladores a empurrarem um carrinho polo corredor.<br />
«Venhem os cobertores!» berrei em gaélico para avisar<br />
os companheiros. O módulo explodiu em gritos de alegria.<br />
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