UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
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<strong>Bobby</strong> <strong>Sands</strong><br />
«Mouros na costa! Mouros na costa!»<br />
Corrim para a porta e colei o olho à fenda. Nada! Nom<br />
via nada. Escuitava-os, mas nom os via.<br />
«Registo! Registo!»<br />
Merda, outro registo! E que raio pensariam achar nas<br />
putas celas? Nom havia nada, acabávamos de fazer a troca...<br />
Escuitei a fechadura de umha porta. Pudem ver B e C a<br />
entrar na cela que tinha de frente. Era a cela de Pee Wee. O<br />
C começou a berrar, mas nom percebia o que dizia. Quase<br />
nom podia ouvi-los. Afinal escuitei B a dizer: «Dobra-te<br />
para frente, marica!»<br />
Deus bendito, iam fazer a inspeçom a Pee Wee. Acabava<br />
de fazer os dezoito e estavam-no a dobrar à força para lhe<br />
inspecionarem o ânus. Escuitei os ruídos surdos tam familiares<br />
enquanto os carcereiros golpeavam o corpo despido<br />
de Pee Wee.<br />
B e C saírom da cela sorrindo, como dous pistoleiros.<br />
—Filhos da puta! —Seán berrou-lhes da porta da sua cela.<br />
—A, pede um furgom para o módulo de castigo, fai favor.<br />
Pee Wee O’Donnell acaba de atacar C —dixo B rindo-se.<br />
Muito mal tivo de ir, pensei. Muito mal tivera de ir<br />
quando o iam acusar de assalto. Todo fazia parte do seu<br />
jogo repugnante, como se che ocorresse denunciá-los, carregavam-te<br />
com outra acusaçom de denúncia falsa. Eram<br />
criminosos de guerra. Umha banda nojenta de putos criminosos<br />
de guerra, do primeiro ao último.<br />
Tirárom Pee Wee da cela. Enxerguei o seu corpo pequeno<br />
e desvalido. Tinha a cara coberta de sangue. O olho<br />
direito estava muito inchado e do nariz pingava-lhe sangue.<br />
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