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UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands

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<strong>Bobby</strong> <strong>Sands</strong><br />

Um regueiro de sangue correu pola barba desde a boca e<br />

começou a pingar no piso. Tinha a pele condecorada de<br />

maçaduras e tremia. Nem sequer me dera tempo a ter medo<br />

de tam asinha como fora todo. Graças a Deus que nom<br />

estava a dormir quando chegárom.<br />

Havemos de apanhar esses cabrons mais cedo ou mais<br />

tarde, dixem para mim. Já veremos o valentes que som,<br />

pensei, enquanto cuspia o sangue que tinha na boca.<br />

Já veremos o valentes que som.<br />

Comecei a dar voltas. O frio entrava pola janela aberta<br />

e penetrava o meu corpo coberto só pola toalha. Meu Deus,<br />

que malhado estava...<br />

Andavam a arrastar mais corpos pola galeria.<br />

Os cabrons do caralho berravam como possessos, faziam<br />

escárnio do sangue e a dor, o nosso sangue e a nossa<br />

dor, é claro. Deus sabe quanto tempo havia de passar até se<br />

decidirem a dar-nos um cobertor. Umha cela nua e gelada,<br />

o corpo congelado e espancado, com a pele azul e preta,<br />

do outro lado da porta um feixe de psicopatas a malharem<br />

em homens despidos... e ainda nom era a hora do almoço!<br />

Jesus, poderia ser pior? Depressa me respondim: sabelo<br />

bem. E isso preocupava-me muito.<br />

Continuei a dar voltas pola cela ignorando a dor que<br />

isso me provocava e tentando entrar em calor. Tinha os<br />

pés azuis do frio, pensei que estava a pique de sofrer umha<br />

hipotermia. Estava-me a passar a comoçom, mas a dor e o<br />

frio eram implacáveis.<br />

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