UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
UM DIA DA MINHA VIDA Bobby Sands
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Um dia da minha vida<br />
«Meu Deus, aí o vem».<br />
Sem deixar de rir, pujo-se à minha beira e bateu-me. Em<br />
poucos segundos, entre lôstregos brancos, caim ao chao sob<br />
umha chuva de golpes que chegavam por toda a parte. Levantárom-me<br />
de novo e lançárom-me como um saco de patacas<br />
contra a mesa, de boca para baixo. Várias maos pegárom nas<br />
minhas extremidades, estendendo-as como se fosse umha<br />
pelica de couro. Um deles puxava o meu cabelo para trás enquanto<br />
outro pervertido explorava o meu ânus com o dedo.<br />
Para eles era umha festa, todos riam às gargalhadas<br />
enquanto golpeavam o meu corpo despido. Eu retorcia-<br />
-me de dor. Agarravam-me cada vez mais forte, enquanto<br />
cada pancada encontrava o seu objetivo no meu corpo.<br />
Tinham-me a cabeça esmagada contra a mesa, que se cobria<br />
de sangue baixo a minha cara. Estava malferido e atordoado.<br />
Tirárom-me de cima da mesa e deixárom-me cair ao<br />
chao. A minha primeira reaçom foi recolher a toalha do<br />
chao e voltá-la a pôr arredor da minha cintura inchada.<br />
Apanhárom-me de novo polos braços e arrastárom-me até<br />
o outro extremo do módulo. Pudem ver outro dos meus<br />
companheiros, ao que estavam a empurrar para a mesa, e<br />
escuitei como tiravam outro mais da sua cela. A porta de<br />
umha cela abriu-se e empurrárom-me dentro. Fechárom a<br />
porta de golpe e eu fiquei deitado no chao de cemento, com<br />
o coraçom acelerado e os nervos à flor da pele. Podia ter<br />
sido pior, tentei consolar-me, mas isso nom me convenceu<br />
em absoluto, nem tampouco ao meu corpo malhado.<br />
O frio fijo que me erguesse do chao. Cada parte do meu<br />
corpo protestava enquanto me punha em pé lentamente.<br />
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