Mais louco - Cia. Atelie das Artes
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RANCE (FRIAMENTE A PRENTICE) - Há quanto tempo o senhor é pervertido? PRENTICE - Eu não sou pervertido. RANCE - Do que é que o senhor chamaria um homem que manuseia rapazes adolescentes, importuna policiais, e coabita com uma mulher que se barbeia duas vezes por dia? PRENTICE - De pervertido. RANCE - Ainda bem que o senhor está concordando a encarar a realidade dos fatos. ( A GERALDINE) - Se você não é Nicholas Beckett, então quem é? GERALDINE OLHA PRENTICE E MORDE O LÁBIO. PRENTICE - O nome dele é Gerald Barclay. RANCE (INDICANDO NICK) - Ele é irmão dessa jovem? PRENTICE - Não. RANCE - E então o que foi que aconteceu com Nicholas Beckett? PRENTICE - Saiu daqui há uma hora para retornar suas obrigações no Hotel da Estação. SRA. PRENTICE - Não é possível. Eu tirei o uniforme dele. Está nú. PRENTICE - Pelo que ouvi dizer do Hotel da Estação, ele raramente trabalha de uniforme. RANCE (SACUDINDO A CABEÇA, PREOCUPADO) - Espero que não tenhamos deixado escapar mais um. Daqui a pouco só vamos sobrar nós e as nossas drogas miraculosas. (À SRA. PRENTICE) - Faça o favor de descobrir se o rapaz voltou para o hotel. SRA. PRENTICE VAI PARA O HALL. RANCE VOLTA-SE PARA PRENTICE. - Prepare os papéis necessários. Vou atestar a loucura destes dois. GRITOS DE ALARME DE NICK E GERALDINE. NICK FALA A PRENTICE. NICK - O senhor não pode fazer alguma coisa com ele, doutor? Ele está ruim da cabeça. RANCE (SEVERO) - Eu represento a ordem, e vocês o cáos. A não ser que reconheçam essa verdade fundamental, não posso esperar curá-los. (A PRENTICE) - Preencha os formulários de internação para eu assinar. PRENTICE (AGITADO E RAIVOSO) - Não posso concordar com providências tão drásticas. Não há nenhuma prova de insanidade. RANCE - Vou afasta-lo de posto de chefe da clínica. De agora em diante o senhor fará apenas o que eu disser. 44
PRENTICE - Protesto contra o seu enfoque deste caso, doutor. Apresentarei meu ponto de vista à Superintendência Mental. RANCE - Acho muito difícil que as autoridades em questão se deixe impressionar muito pelos pontos de vista de um louco. PRENTICE - Eu não estou louco. Só pareço. RANCE - Suas ações no dia de hoje seriam suficientes para que se atestasse a demência do Arcebispo de Canterbury. PRENTICE - Mas eu não sou Arcebispo de Canterbury. RANCE - Realmente essa fase só vem um pouco mais tarde. PRENTICE - Sua interpretação do meu comportamento é mal dirigida e completamente errada. Se há aqui alguém no limiar da loucura é o senhor. RANCE - Levando em conta a sua anormalidade, essa reação é perfeitamente normal. As pessoas de mente sã parecem tão loucas para os malucos quanto estes se parecem para os lúcidos. Fique onde está. Vou darlhe um comprimido. (CORRE PARA A FARMÁCIA). GERALDINE (SOLUÇANDO) - Ser declarada louca duas vezes no mesmo dia. E tinham me dito que eu ia trabalhar num ambiente alegre e saudável! (ASSOA O NARIZ). NICK - Por que é que ele está usando o meu uniforme? PRENTICE - Ele não é ele, é ela. GERALDINE - Por que é que ela está usando os meus sapatos? PRENTICE - Ela não é ela, é ele. (SERVINDO WHISKY) - Eu nunca mais tentarei uma relação sexual, nem que viva até os noventa anos. NICK - Doutor, se nós dois trocássemos de roupa, talvez pudessemos fazer as coisas voltarem ao normal. PRENTICE - Mas nesse caso nós teríamos de explicar o desaparecimento da minha secretária e do boy do hotel. GERALDINE - Mas eles não existem. PRENTICE - Quando uma pessoa que não existe desaparece, a sua partida precisa ser muito convincente. NICK (PAUSA) - O sargento pode ser conversado? PRENTICE - Não. NICK - Eu preciso do uniforme dele. PRENTICE - Para que? NICK - Para me prender. PRENTICE (PASSANDO A MÃO NA TESTA, TONTO E CANSADO). Já passei tempo demais entre loucos para ainda saber quem não é NICK - Uma vez preso, todos podem me esquecer. 45
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PRENTICE - Protesto contra o seu enfoque deste caso, doutor.<br />
Apresentarei meu ponto de vista à Superintendência Mental.<br />
RANCE - Acho muito difícil que as autoridades em questão se deixe<br />
impressionar muito pelos pontos de vista de um <strong>louco</strong>.<br />
PRENTICE - Eu não estou <strong>louco</strong>. Só pareço.<br />
RANCE - Suas ações no dia de hoje seriam suficientes para que se atestasse<br />
a demência do Arcebispo de Canterbury.<br />
PRENTICE - Mas eu não sou Arcebispo de Canterbury.<br />
RANCE - Realmente essa fase só vem um pouco mais tarde.<br />
PRENTICE - Sua interpretação do meu comportamento é mal dirigida e<br />
completamente errada. Se há aqui alguém no limiar da loucura é o senhor.<br />
RANCE - Levando em conta a sua anormalidade, essa reação é<br />
perfeitamente normal. As pessoas de mente sã parecem tão loucas para os<br />
malucos quanto estes se parecem para os lúcidos. Fique onde está. Vou darlhe<br />
um comprimido. (CORRE PARA A FARMÁCIA).<br />
GERALDINE (SOLUÇANDO) - Ser declarada louca duas vezes no<br />
mesmo dia. E tinham me dito que eu ia trabalhar num ambiente alegre e<br />
saudável! (ASSOA O NARIZ).<br />
NICK - Por que é que ele está usando o meu uniforme?<br />
PRENTICE - Ele não é ele, é ela.<br />
GERALDINE - Por que é que ela está usando os meus sapatos?<br />
PRENTICE - Ela não é ela, é ele. (SERVINDO WHISKY) - Eu nunca<br />
mais tentarei uma relação sexual, nem que viva até os noventa anos.<br />
NICK - Doutor, se nós dois trocássemos de roupa, talvez pudessemos fazer<br />
as coisas voltarem ao normal.<br />
PRENTICE - Mas nesse caso nós teríamos de explicar o desaparecimento<br />
da minha secretária e do boy do hotel.<br />
GERALDINE - Mas eles não existem.<br />
PRENTICE - Quando uma pessoa que não existe desaparece, a sua partida<br />
precisa ser muito convincente.<br />
NICK (PAUSA) - O sargento pode ser conversado?<br />
PRENTICE - Não.<br />
NICK - Eu preciso do uniforme dele.<br />
PRENTICE - Para que?<br />
NICK - Para me prender.<br />
PRENTICE (PASSANDO A MÃO NA TESTA, TONTO E<br />
CANSADO). Já passei tempo demais entre <strong>louco</strong>s para ainda saber quem<br />
não é<br />
NICK - Uma vez preso, todos podem me esquecer.<br />
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