Mais louco - Cia. Atelie das Artes
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RANCE - Vejamos se consigo tentá-la. (MORDE O LÁBIO) - Vou experimentar. Ela pode ser ninfomaníaca. (A PRENTICE). Se ele começar a usar linguagem obscena, mantenha-o conversando até eu voltar. VAI PARA A FARMÁCIA SEGUIDO PELA SRA. PRENTICE. GERALDINE (CONTROLANDO-SE) - Vou sair pelo jardim, doutor. Posso tomar um táxi até em casa. PRENTICE - Impossível. Medidas severíssimas de segurança foram tomadas até que a paciente seja recapturada. GERALDINE - E quando ela for recapturada, posso ir? PRENTICE - Não. GERALDINE - Mas por que? PRENTICE - Porque você é a paciente. GERALDINE DÁ UM GRITINHO DE DESESPERO. RANCE VOLTA DA FARMÁCIA RETIRANDO AS LUVAS DE BORRACHA. RANCE - Sua secretária está em pé em cima da mesa lutando com unhas e dentes contra qualquer tentativa de ser despida. Ela me parece completamente incapaz de qualquer comportamento normal e correto. PRENTICE - A mim ela nunca deu qualquer motivo de queixa. RANCE - Mas todos esperam que uma secretária tenha moral duvidosa. É parte do contrato de trabalho. (ENCARA PRENTICE COM VIOLÊNCIA)- O senhor já reparou que ela usa gilete? PRENTICE - Nada de mais. A sra. Prentice ocasionalmente também remove pelos endesejáveis. RANCE - No queixo? (ATIRA LONGE AS LUVAS DE BORRACHA) - Há dois sexos. Essa verdade desagradável tem de ser enfrentada. Suas tentativas para obter estágios intermediários só lhe trarão sofrimento. DA FARMÁCIA ENTRA A SRA. PRENTICE E UM NICK MAIS OBEDIENTES. SRA. PRENTICE - A sta. Barclay está mais calma agora, doutor. Eu lhe dei um sedativo. RANCE (VOLTANDO-SE PARA NICK E SACUDINDO A CABEÇA) - Que quadro fascinante de uma mente em decomposição. PRENTICE - A sta. Barclay não está nem um pouco mais doente do que eu. RANCE - O seu caso ainda é pior do que o dela. PRENTICE - Isso eu não admito. RANCE - Não há louco que admita sua loucura. Só os sãos é que o fazem. (A NICK BRUSCO) - Por que não permito que a sra. Prentice a dispa? 42
SRA. PRENTICE - As objeções dela parecem ser de natureza religiosa. Afirma que se uniu a Deus. RANCE (A NICK) - A que momento a senhorita tomou consciência desse relacionamento especial com o Todo Poderoso? NICK - Quando me presentearam com uma edição da Bíblia encadernada em pelica. RANCE - Cópia autografada? NICK - Não creio que tenha sido assinada por Deus pessoalmente. RANCE - Claro que não. Que distração. Havia alguma inscrição? NICK - Havia. RANCE - Qual? NICK - O nome da editora. RANCE - Ah, são os representantes de Deus. Fica claro que a senhorita viveu uma experiência religiosa de natureza mística. (APONTA PARA GERALDINE) - A senhorita estava presente quando o Dr. Prentice usou esse rapaz para fins anti-naturais? NICK - O que é anti-natural. RANCE (À SRA PRENTICE) - Pergunta de louco é sempre indiscreta. (A NICK)- Suponhamos que eu lhe fizesse uma proposta indecorosa... Se a senhorita concordasse poderia ocorrer alguma coisa que, via de regra, seria considerada como natural. Se, por outro lado (ELE SORRI PARA GERALDINE), eu fizesse o mesmo com esta criança, minha ação resultaria numa grave violação da ordem geral das coisas. SRA. PRENTICE (INDICANDO GERALDINE) - Meu marido andou se desmunhecando com esse rapaz? RANCE - Impossível responder com um mínimo de precisão. Ele se recusa a passar pelo exame médico. SRA. PRENTICE (A PRENTICE) - O que é que aconteceu com ele? PRENTICE - Ele quem? SRA. PRENTICE - O rapaz que você despiu. RANCE - É esse o rapaz que ele despiu. SRA. PRENTICE - Não. Ele despiu o rapaz que se engraçou comigo. RANCE (PAUSA) - E não é este? SRA. PRENTICE - Não. RANCE (OLHOS ESBUGALHADOS, PERPLEXO) - Hú um outro rapaz? SRA. PRENTICE - Ele estava sendo entrevistado para o posto de secretário. Meu marido mandou que ele se despisse. 43
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RANCE - Vejamos se consigo tentá-la. (MORDE O LÁBIO) - Vou<br />
experimentar. Ela pode ser ninfomaníaca. (A PRENTICE). Se ele começar<br />
a usar linguagem obscena, mantenha-o conversando até eu voltar.<br />
VAI PARA A FARMÁCIA SEGUIDO PELA SRA. PRENTICE.<br />
GERALDINE (CONTROLANDO-SE) - Vou sair pelo jardim, doutor.<br />
Posso tomar um táxi até em casa.<br />
PRENTICE - Impossível. Medi<strong>das</strong> severíssimas de segurança foram<br />
toma<strong>das</strong> até que a paciente seja recapturada.<br />
GERALDINE - E quando ela for recapturada, posso ir?<br />
PRENTICE - Não.<br />
GERALDINE - Mas por que?<br />
PRENTICE - Porque você é a paciente.<br />
GERALDINE DÁ UM GRITINHO DE DESESPERO. RANCE<br />
VOLTA DA FARMÁCIA RETIRANDO AS LUVAS DE BORRACHA.<br />
RANCE - Sua secretária está em pé em cima da mesa lutando com unhas e<br />
dentes contra qualquer tentativa de ser despida. Ela me parece<br />
completamente incapaz de qualquer comportamento normal e correto.<br />
PRENTICE - A mim ela nunca deu qualquer motivo de queixa.<br />
RANCE - Mas todos esperam que uma secretária tenha moral duvidosa. É<br />
parte do contrato de trabalho. (ENCARA PRENTICE COM<br />
VIOLÊNCIA)- O senhor já reparou que ela usa gilete?<br />
PRENTICE - Nada de mais. A sra. Prentice ocasionalmente também<br />
remove pelos endesejáveis.<br />
RANCE - No queixo? (ATIRA LONGE AS LUVAS DE BORRACHA) -<br />
Há dois sexos. Essa verdade desagradável tem de ser enfrentada. Suas<br />
tentativas para obter estágios intermediários só lhe trarão sofrimento.<br />
DA FARMÁCIA ENTRA A SRA. PRENTICE E UM NICK MAIS<br />
OBEDIENTES.<br />
SRA. PRENTICE - A sta. Barclay está mais calma agora, doutor. Eu lhe<br />
dei um sedativo.<br />
RANCE (VOLTANDO-SE PARA NICK E SACUDINDO A CABEÇA)<br />
- Que quadro fascinante de uma mente em decomposição.<br />
PRENTICE - A sta. Barclay não está nem um pouco mais doente do que<br />
eu.<br />
RANCE - O seu caso ainda é pior do que o dela.<br />
PRENTICE - Isso eu não admito.<br />
RANCE - Não há <strong>louco</strong> que admita sua loucura. Só os sãos é que o fazem.<br />
(A NICK BRUSCO) - Por que não permito que a sra. Prentice a dispa?<br />
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