Mais louco - Cia. Atelie das Artes
Mais louco - Cia. Atelie das Artes
Mais louco - Cia. Atelie das Artes
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
MATCH - Isso me parece um pouco desapropriado.<br />
RANCE (COM UM RELINCHE DE RISO) - O senhor está num<br />
hospício. Os comportamentos despropositados aqui são a norma.<br />
MATCH - Só para os pacientes.<br />
RANCE - Nós aqui não temos classes privilegia<strong>das</strong>. A nossa loucura é<br />
inteiramente democrática. (O SARGENTO VAI PAR O HALL,<br />
PERPLEXO. RANCE VAI A PIA, DOBRA AS MANGAS, LAVA AS<br />
MÃOS. )- Tire a roupa, meu filho. Deite-se ali na cama. (VOLTA À PIA).<br />
GERALDINE (AGARRANDO O BRAÇO DE PRENTICE,<br />
SUSSURRO FRENÉTICO) -E agora? Eu não posso tirar a roupa. Ele ia<br />
perceber o engano.<br />
PRENTICE - Calma! A situação, embora desesperadora, não está perdida<br />
de modo algum.<br />
RANCE PEGA UMA TOALHA E ENXUGA AS MÃOS<br />
GERALDINE - Eu não devia ter dito nada, doutor. Ninguém me fez mal.<br />
RANCE - Você gostou da experiência? ( POUSA A TOALHA E<br />
COMEÇA A COLOCAR AS LUVAS DE BORRACHA) - Você gostaria<br />
de ter uma relação normal?<br />
GERALDINE - Não. Podia ficar grávida... (NOTA SEU ERRO E<br />
TENTA ENCOBRI-LO)... Ou seria causa da gravidez em outra pessoa.<br />
RANCE, RÁPIDO EM PERCEBER O ERRO, VOLTA-SE PARA<br />
PRENTICE.<br />
RANCE - Ela acaba de fazer uma revelação vital. (AVANÇA PARA<br />
GERALDINE) - Você pensa em você mesma como sendo uma moça?<br />
GERALDINE - Não.<br />
RANCE - Por que não?<br />
GERALDINE - Porque sou rapaz.<br />
RANCE (BONDOSO) - Pode prová-lo pessoalmente?<br />
GERALDINE (SEUS OLHOS MANDA MENSAGEM DE APELO A<br />
PRENTICE) - Eu devo ser rapaz. Eu gosto de moças.<br />
RANCE PÁRA E FRANZE A TESTA ATÔNITO.<br />
RANCE (À PARTE PARA PRENTICE) - Não consigo perceber a lógica<br />
desse raciocínio.<br />
PRENTICE - Há muitos homens que julgam que uma preferência por<br />
mulheres constitui ipso facto prova de virilidade.<br />
RANCE (ACENANDO A CABEÇA SABIAMENTE) - Alguém devia<br />
escrever um livro desmistificando essas crendices populares. (A<br />
PRENDICE) - Abaixe as calças. Eu lhe direi a que sexo pertence.<br />
GERALDINE (RECUANDO) - Eu prefiro não saber!<br />
40