12.04.2013 Views

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 14<br />

POR VOLTA DAS QUINZE HORAS, Gregório acordou. Ficou deitado, com os<br />

braços cruzados atrás <strong>da</strong> cabeça, os dedos entrelaçados. Sentia-se muito triste.<br />

Não entendia o que estava acontecendo. Atribuía o fenômeno passado com o<br />

irmão ao extremo cansaço <strong>da</strong>quele dia. Lembrou-se <strong>da</strong>s criaturas que<br />

confrontara. Sentou-se na beira <strong>da</strong> cama invadido por estranha solidão, como<br />

se estivesse prestes a lutar contra um exército inteiro. Ajoelhou-se e começou<br />

a orar. Estava falando com Deus.<br />

Samuel havia recuperado os sentidos, sentia-se bem e provavelmente<br />

passaria apenas mais uma noite no quarto.<br />

Vera estava melhor, alivia<strong>da</strong> do horrendo susto. Devido ao bem-estar do<br />

marido, decidiu que voltaria para a fazen<strong>da</strong> a fim de adiantar o trabalho de<br />

reparos. Foi ao telefone público na intenção de chamar Gregório para buscá-la.<br />

Meia hora depois, o jipe estacionava em frente ao hospital, mas Celeste é que<br />

viera. Ele explicou que o rapaz parecia um pouco indisposto para dirigir e se<br />

propôs a fazê-lo. Ao chegarem, os trabalhadores vieram saber do patrão. Vera<br />

contou sobre a melhora de Samuel e delegou as tarefas do resto do dia.<br />

Gregório estava em cima <strong>da</strong> casa, consertando as calhas e desobstruindo as<br />

passagens de água <strong>da</strong> chuva.<br />

—Celeste me disse que você não estava muito bem... — gritou a mulher,<br />

pondo a mão em concha na testa para proteger os olhos do sol.<br />

—Não esquenta, agora eu estou bem melhor. — respondeu, passando a<br />

mão na testa para enxugar o suor. — Inclusive já estou terminando de<br />

consertar esta joça aqui, ô negócio chato!<br />

Vera deixou um sorriso escapar enquanto caminhava para dentro de<br />

casa. Sentia muita simpatia pelo cunhado, mas percebia que ele era bastante<br />

estranho. Além disso, coisas estranhas não paravam de acontecer desde que ele<br />

havia chegado a Belo Verde. O pensamento fez o tímido sorriso se dissipar.<br />

Apesar <strong>da</strong>s esquisitices, Gregório parecia possuir algo dentro de si, calmo,<br />

tranqüilizador... doce, que transparecia no sorriso, nos olhos. Não sabia como<br />

expressar, mas era bom estar com ele em casa; era confortável sua presença.<br />

Ele está diferente — dissera Samuel. — Ele não tem mais aquele ar sacana,<br />

parece estar limpo. Realmente, acredito que está com a memória afeta<strong>da</strong>. —<br />

ratificara.<br />

Vera foi preparar um café. Pediu ao filho de Celeste que ordenhas-se e<br />

trouxesse leite fresco. A bem <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, Vera estava muito feliz por seu<br />

marido ter se recuperado depressa <strong>da</strong> triste experiência com os dálmatas,<br />

aparentemente sem grandes prejuízos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!