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Capítulo 13<br />
NAQUELA HORRÍVEL MADRUGADA, passado o pavor inicial <strong>da</strong> aparente<br />
per<strong>da</strong> do irmão, Gregório voltou à fazen<strong>da</strong> para <strong>da</strong>r notícias e buscar Vera. A<br />
mulher estava no alpendre, ansiosa, com o rosto marcado por lágrimas. Mal<br />
encostou, Gregório foi abor<strong>da</strong>do pela turma, querendo saber do patrão.<br />
— Ele está melhor agora. — disse, acalmando os homens. — Dirigiu-se a<br />
Vera, conversando baixinho. — Acho melhor ir comigo para o hospital. Ele já<br />
foi medicado, mas está esquisito, não sei, parece traumatizado com o<br />
incidente.<br />
Vera concordou; a bem <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, iria de qualquer jeito. Sentia urgência<br />
em estar com o marido. Instruiu os homens para prosseguirem com os reparos<br />
no celeiro, apanhou algumas coisas e deu de comer a Gregório e, às pressas,<br />
rumaram para o hospital.<br />
Samuel estava em seu leito, com o braço preso na lateral <strong>da</strong> cama,<br />
perfurado por agulhas, recebendo soro e remédios a todo instante, além de<br />
sangue. Apresentava algumas manchas na pele e parecia inconsciente,<br />
mantendo os olhos cerrados. Vera, emociona<strong>da</strong>, parou ao lado <strong>da</strong> cama,<br />
deixando lágrimas escorrer pela face. Nunca havia visto o marido<br />
hospitalizado ou debilitado <strong>da</strong>quela forma. Não lembrava ele ter pego uma<br />
gripe mais forte. Passava a mão pelo rosto frio de Samuel, acariciando com<br />
ternura.<br />
—Preciso de um copo d’água; onde encontro um? — perguntou a<br />
mulher.<br />
—No corredor, antes dos elevadores, tem um bebedouro. Acho<br />
que você consegue um copo com a enfermeira. — sugeriu Gregório.<br />
A mulher saiu do quarto, deixando os dois a sós. Gregório olhava para o<br />
irmão, sentindo-se responsável pelo ocorrido. O que queriam os demônios?<br />
Por que estavam atrás dele? perguntava-se. O que teria feito para chamar a<br />
atenção de horren<strong>da</strong>s criaturas?<br />
— Eu conheci alguém que te odeia.<br />
Gregório arrepiou-se, atônito, tentando decifrar a frase que o irmão<br />
proferira.<br />
—Como... ?<br />
—Conheci alguém que te odeia, esta noite... conheci alguém que te<br />
odeia. — repetiu, sem abrir os olhos.<br />
Gregório permaneceu estático, sem responder. Samuel parecia dormir.